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Caracterização do século XVIII: Nível político, económico e social

No século XVIII, o Império Português era assim:


Ø Ásia / Oceânia – Goa, Damão, Diu, Macau, Timor;
Ø África – Arquipélagos de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, Guiné,
Angola, Moçambique;
Ø América – Brasil.
Com a concorrência dos franceses, ingleses e holandeses, o comércio
Oriental dos portugueses diminuiu e foi necessário procurar outras fontes de riqueza. O
Brasil tornou-se cada vez mais importante para Portugal (à cultura açucareira juntou-se
o tabaco e o algodão).

A sociedade
Ø A Nobreza
Durante o século XVIII, o prestígio de Portugal estava ao nível
das principais potências Europeias, devido às riquezas que nos chegavam,
principalmente do Brasil.
Os nobres estavam rodeados de luxo e conforto, e tinham belos
palácios (solares) com jardins decorados com estátuas e painéis de azulejo. No interior,
colocavam móveis de madeira trabalhados, objectos de prata e porcelanas da Índia.
Eram frequentes as touradas, banquetes, bailes, saraus e
espectáculos teatrais.

Ø Burguesia
A burguesia continuou a enriquecer com o comércio brasileiro e as suas
casas procuravam imitar os solares dos nobres.

Ø Povo
O Povo mantinha uma vida difícil. Eram vendedores ambulantes,
leiteiros, lavadeiras, artesãos, pequenos comerciantes, etc. No campo, os trabalhadores
rurais viviam com grandes dificuldades e muitos deles abandonavam as suas terras para
tentar a sua sorte nas cidades ou no Brasil, onde esperavam enriquecer.

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As festas religiosas e populares reuniam todos os grupos sociais. Havia
ainda cerimónias públicas como cortejos, desfiles de barcos no Tejo, corridas de touros
muito ao gosto do Rei em que o povo também participava.

Exploração económica
Neste século, as culturas do açúcar, tabaco, café, cacau e algodão atraiam
muitos colonos para o Brasil. Grupos de exploradores tentavam encontrar ouro, pedras
preciosas e escravos índios.
Em Portugal foi introduzida a cultura do milho e da batata. A produção
de azeite e vinho aumentou e desenvolveu-se a indústria de curtumes.

A Monarquia Absoluta
No século XVIII, a forma mais comum de governo na Europa era a
monarquia absoluta. Os reis reforçavam o seu poder tomando decisões importantes sem
consultar a corte, tal como fizeram D. João V e os seus sucessores, D. José e D. Maria I.

Construções
D. João V utilizou uma boa parte do ouro do Brasil na construção de
monumentos como:
Ø Aqueduto das Águas livres, em Lisboa;
Ø Santuário de Nossa Senhora dos remédios, em Lamego;
Ø Torre dos Clérigos, no Porto;
Ø Biblioteca da Universidade de Coimbra;
Ø Convento de Mafra.

A Reforma Pombalina
Poucos meses depois de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro
Marquês de Pombal, assumir o cargo de ministro, Lisboa foi devastada pelo terrível
terramoto de 1755, que destruiu a parte ribeirinha da cidade. Os jesuítas consideravam
aquela calamidade como um castigo de Deus e o Marquês de Pombal viu então um
pretexto para uma campanha contra os jesuítas que iniciou com o confiscar dos bens até
à expulsão destes do império Português (em 1759). Como a companhia de Jesus
controlava grande parte do ensino em Portugal, o Governante viu-se na obrigação de
criar aulas gratuitas de gramática Latina, em cada um dos bairros de Lisboa. Criou 4
escolas em Lisboa, 2 em Coimbra, Évora e Porto.
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A necessidade de mudança na política educativa tornou-se evidente no
século XVIII, com críticas públicas ao ensino dos jesuítas por vários autores. É neste
contexto que se dá a reforma dos estudos, que acaba por abranger todos os sectores no
ensino (primeiras letras, ensino secundário técnico e de humanidades, ensino
universitário) e define os contornos de um sistema educativo moderno, dirigido pelo
Estado.
Em 1772, Pombal concretizou a reforma da Universidade de Coimbra.
Esta passava agora a orientar-se pela nova ciência – a filosofia natural – baseada na
observação onde predominavam os estudos de botânica, física, matemática e medicina.
Com estas medidas Portugal foi pioneiro na Europa na Organização de
um sistema de ensino de primeiras letras, distribuído por todo o reino, pago e
administrado pelo Estado (1772). No entanto não havia noção ainda que o ensino das
crianças deveria ser feito em locais próprios adaptados à sua idade, pois, geralmente, a
escola era a casa do professor ou salas em antigos conventos. A lei de 1772 que instituiu
as escolas régias foi omissa quanto à educação feminina. No mandato da Rainha Maria I
esta decidiu que deveriam existir 18 mestras em Lisboa e definiu um currículo básico
composto por ler, escrever, doutrina cristã, coser, bordar e cortar. Porém, a nomeação
destas mestras régias só se efectuou em 1816, em Lisboa e a maior parte da população
permaneceu analfabeta.

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Evolução da História do Cuidar

A vacinação

A vacinação no século XVIII está mais associada à varíola devido a esta doença
ser o primeiro caso um problema grave, o que exigia uma prevenção segura.
A varíola produzia grandes pústulas por todo o corpo e os doentes morriam à
febre. Mas quem sobrevivia ficava com cicatrizes profundas e com a imunidade à
doença. Em 1720, chegou a notícia a Inglaterra de que na Turquia se inoculava em
indivíduos saudáveis o pus das chagas daqueles que tinham contraído formas ligeiras de
varíola.
Edward Jenner (1749-1823) observou que pessoas que mantinham contacto com
bovinos não adoeciam de varíola, nem mesmo durante as grandes epidemias.
Principalmente, as mulheres encarregadas da ordenha contraíam das vacas uma doença
semelhante à varíola, designada varíola bovina.
Jenner apercebeu-se que quem tinha adoecido de varíola bovina também estava
protegido contra a varíola e assim levou a cabo uma experiência extremamente
arrisacada. A 4 de Maio de 1796 encontrou uma ordenhadora com varíola bovina,
extraiu-lhe um pouco de líquido de uma das bolhas a rapariga e injectou-a numa criança
saudável que naturalmente adoeceu de varíola bovina. Dois meses depois, Jenner
inoculou-lhe a varíola e a criança permaneceu saudável, ou seja, a inoculação da varíola
bovina protegia efectivamente da varíola.
Jenner repetiu a experiência noutras pessoas e revelou-se eficaz. A vacinação deu-
se por volta de 1798 na qual toda a Europa acedeu.

A Anestesia

Antes dos finais do Século XVIII, muitas operações cirúrgicas eram impossíveis
ou muito difíceis de se realizar devido às dores sentidas pelo paciente. Muitas pessoas
preferiam morrer a submeter-se aos ferros dos cirurgião e suportar dores horríveis.
Assim a necessidade de eliminar, total ou parcialmente, a sensibilidade do paciente ao
ser operado tornava-se agora muito importante.
Começaram a conhecer então os efeitos do protóxido de azoto que provoca um
“sono artificial” a quem o inalava, mas durante muito tempo não foi utilizado. No início

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do século XIX, descobriu-se também que o éter tinha propriedades analgésicas,
começando por ser utilizado nos Estados Unidos da América por vezes por dentistas
para adormecer os nervos dos dentes dos pacientes na hora da extracção.
O clorofórmio começou a ser utilizado por vários profissionais, entre eles James
Y. Simpson, obstreta inglês, que utilizava para diminuir as dores das parturientes. Já nos
finais do século XIX, a cocaína, era utlizada como anestésico o que no início deu
resultados particularmente bons na cirurgia.

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A Sociedade, A Saúde e a Doença

A enfermagem é uma profissão que surgiu ao longo dos séculos e com


estreitas relações com a história da civilização.
Houve épocas em que esta profissão era uma actividade regida pelo
espírito de serviço e obediência, associado às ciências e às suas superstições sem
nenhuma conotação científica. A actividade do Homem é estudada em favor do
Homem, sendo uma ocupação em que o sujeito dá mais do que recebe. Podemos dizer
que é um auxílio ao seu semelhante e um combate aos maiores males que afligem a
Humanidade e por isso, deve ser exercida em espírito de dedicação ao próximo,
exigindo do profissional uma grande dose de disponibilidade e amor.
No passado eram os sacerdotes e os seus colaboradores quem se
dedicavam a cuidar dos enfermos nos templos e, ainda hoje, os motivos religiosos
inspiram muitas pessoas no desejo de valer ao próximo e na cura das suas enfermidades.
De facto, não há nada como o ideal religioso para inspirar a coragem e a dedicação de
quem se dispõe a viver para o bem estar dos que sofrem.
Até aos finais do século XIV, o Homem considerava a vida espiritual e os
problemas religiosos como centro de todos os seus interesses. Foi nos séculos XIV e
XV, que alguns membros da burguesia e associações cooperativas implantaram pelas
cidades numerosos hospícios. Estes hospícios eram regidos pela igreja e destinavam-se
a acolher não só doentes, como também miseráveis. Mais tarde, estes hospitais
passaram a albergar um pouco de tudo, desde peregrinos, mulheres em ocasião de parto,
crianças e até doentes crónicos e inválidos. Construíram-se também refúgios (junto a
santuários) para cegos, para regeneração de raparigas extraviadas, crianças abandonadas
e peregrinos.
Contudo, nos tempos da Idade Média surgiu uma nova mentalidade ideal
de vida: o Renascimento.
O Renascimento é um vasto movimento de renovação intelectual e
artística, marcado por valores que decorreram entre os séculos XVI e XVIII.
Este movimento contribuiu para o desenvolvimento científico e atingiu
áreas de conhecimento humano e em várias vertentes como o ensino e a prática da
ciência médica, com aceitação de muitos e rejeição de alguns, incluindo a igreja. Com o
Renascimento, estabeleceu-se uma ruptura entre as ideias pois foram colocados de parte
o pensamento, o ensino e a prática de medicina empírica, teórica e erudita, tendo estas

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sido substituídos pela ciência médica fundamentada na experimentação, na fisiologia e
na comprovação.
A revolução filosófica, científica e técnica iniciada com o Renascimento
dá os seus frutos práticos em grande escala no século XVIII, com o aparecimento do
Iluminismo. Este movimento procurava trazer o esclarecimento à sociedade através da
renovação filosófica baseado no racionalismo e no experimentalismo. Com isto,
desenvolveu-se o espírito de pesquisa e de investigação que deram, consequentemente
origem a novas formas de pensamento e de visão sobre o mundo e as coisas. Os
pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria
ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que segundo eles,
bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar
respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. Assim, o
“teocentrismo” (onde Deus se encontra como o centro de tudo) cai, dando lugar ao
“antropocentrismo”, onde o ser humano passa a ocupar o centro. Deste modo, a arte, a
ciência e a filosofia desvinculam-se cada vez mais da teologia cristã, conduzindo com
isso a uma instabilidade e descentralização do poder da igreja.
Como forma de reconquistar o centro das atenções e o poder perdido, a
Igreja Católica instaurou os Tribunais da Inquisição, iniciando a “caça as bruxas”. Ao
analisarmos o contexto histórico, vemos que as bruxas eram as parteiras, as enfermeiras
e as assistentes. Isto, porque elas conheciam e entendiam sobre o emprego de plantas
medicinais para curar epidemias, feridas e doenças nas comunidades em que viviam.
Estas mulheres eram, muitas vezes, a única possibilidade de atendimento médico para
pessoas pobres. A caça às bruxas terminou com o Iluminismo, terminado portanto com
a associação de bruxaria e poderes sobrenaturais das enfermeiras e das assistentes.
No entanto, a prática de enfermagem continuou sob exploração
deliberada, sendo considerada um serviço doméstico, acabando por se tornar indigna e
sem atractivos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que
significou uma grave crise para a enfermagem, permaneceu por muito tempo, e apenas
no limiar da revolução industrial é que alguns movimentos reformadores, que partiram,
principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentaram melhorar as condições do
pessoal ao serviço dos hospitais.

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Prestação de cuidados e respectiva representação social
Segundo Colliére, “desde que surge a vida que existem cuidados porque é preciso
“tomar conta” da vida para que ela possa permanecer” e, como tal, pressupõe-se que o
ser humano sempre cuidou de modo a garantir a continuidade da vida e, assim, a
sobrevivência da espécie, uma vez que, “cuidar é e sempre será indispensável á vida
dos indivíduos e de todo o grupo social”. 1
É em torno da fecundidade que surgem os cuidados, pelo que esta se torna o
símbolo representativo da continuidade da vida. Cuidar é “um acto de vida, que tem
2
primeiro e antes de tudo, como fim, permitir à vida continuar e desenvolver-se.” A
Mulher seria, assim, socialmente responsável por prestar esses mesmos cuidados.
Para cuidar, é necessário que alguém desempenhe esse mesmo papel. O papel de
prestador de cuidados sofreu grandes alterações ao longo do tempo, a que
corresponderam diferentes denominações, nomeadamente, Mulher (termo utilizado até à
Idade Média), [Mulher] Consagrada (termo utilizado desde a Idade Média até ao final
do século XIX e [Mulher] Enfermeira – auxiliar do médico (termo utilizado até ao final
dos anos 60, com início no princípio do século XX).
No século XVIII, a prática de cuidados identificava-se com a [Mulher]
Consagrada. Como a própria denominação sugere, este papel de prestador de cuidados
baseava-se directamente nas crenças e regras religiosas da época. Desta forma,
defendia-se que “o corpo dissociado do espírito é impuro. Só o corpo sofredor,
deserdado pode ser alvo das práticas de cuidados. O papel da [Mulher] Consagrada
3
está regido pelas regras conventuais que ditam a conduta das mesmas”. A Igreja
determinava, assim, todo o comportamento da [Mulher] Consagrada fazendo com que a
prestação de cuidados não constituísse um ofício, uma vez que não eram remuneradas,
mas um modo de vida. Ser uma Consagrada era, logo à partida, optar por uma vida
religiosa e de submissão – uma vida de regras, deveres, preceitos e oração. A vocação
de servir era, por essa razão, imprescindível.
O papel individual de cada [Mulher] Consagrada era constituído em função do
modelo social da prática de cuidados, a que tinham de se moldar.

_________________________
1
Collière, M. (1998), Promover a Vida
2
Collière, M. (1998), Promover a Vida
3
Collière, M. (1998), Promover a Vida

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Este papel consistia na dedicação da vida a Deus, aos pobres e aos infelizes. Como as
[Mulheres] Consagradas actuavam à volta da população, o seu trabalho era socialmente
reconhecido e valorizado. A escolha da virgindade pelo voto da castidade, tornava-as
nas “Virgens Consagradas” o que enaltecia ainda mais o seu papel: “Como a sua glória
é maior, maior deve ser a vigilância a seu respeito.” 4 Segundo o Bispo, o perfil ideal
da Virgem Consagrada seria “ (…) um coração humilde, uma face pálida e magra, uma
pele ressequida pelo silício e não cuidada por banhos frequentes, é ser reservada no
momento de falar, obediente no momento de escutar; é a frugalidade no comer, a
sobriedade no beber, a gravidade na atitude, o traje grosseiro (…) a alma faz
progressos no desprezo de si própria. Quanto mais alguém é vil aos seus próprios
olhos, tanto mais se eleva aos olhos do criador.” 5
Da prestação de cuidados, fazia ainda parte os cuidados básicos, nomeadamente,
“a separação dos doentes por sexo, receber os doentes, fazer serviço de vela, mudar as
camas, manter o local limpo, assistir às sangrias, amortalhar os cadáveres, entre
outros”.6 Estes cuidados eram prestados nas instituições hospitalares, nas Congregações
e nos campos como é o exemplo das Filhas da Caridade.
As Filhas da Caridade é uma ordem religiosa constituída pelas [Mulheres]
Consagradas, cuja função principal é cuidar e representam o modelo de uma vida
religiosa secularizada. Constituem em 1715, as “Filles de la Sagesse” que asseguravam,
nos bairros pobres, actividades polivalentes de professoras, eram prestadoras de
cuidados e “animadoras culturais”. Figuras lendárias que perduraram como grandes
prestadoras de cuidados. No entanto, em 1950, surgem as primeiras enfermeiras liberais.
Mesmo assim, as Filhas da Caridade desenvolveram, nos anos 50, o serviço de cuidados
ao domicílio, para qualquer classe social e, nos anos 70, deram o primeiro impulso aos
centros de cuidados. Será a [Mulher] Consagrada, pelos seus feitos que, mais tarde, dá
origem à [Mulher] Enfermeira – auxiliar do médico: “o aparecimento da medicalização
e a promulgação das leis anticlericais que prenunciam o recuo da identificação da
prática de cuidados com a [Mulher] Consagrada, contribuindo esta para construir e
alimentar uma outra imagem: a da [Mulher] Enfermeira – auxiliar do médico.” 7

_________________________
4
Collière, M. (1998), Promover a Vida
5
Collière, M. (1998), Promover a Vida
6
Costa (1996), pp. 171-172
7
Collière, M. (1998), Promover a Vida

Obras e personalidades que marcaram esta época


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“Postilla religiosa e arte de enfermeiros” do Padre !!!...

Esta obra publicada em 1741 é o primeiro manual de formação em


cuidados de enfermagem de que há notícia em Portugal.
A obra destinava-se explicitamente à formação dos noviços
do Convento de Elvas, "para perfeição da vida religiosa e voto da
hospitalidade", sendo apresentada como resultado da experiência do autor
em “quarenta anos de Religião” (Do prólogo ao leitor. In: Santiago, 1741.
IV-VII).
 O livro de 300 páginas, está dividido em três partes ou neste
caso chamados tratados, que por sua vez estão divididos capítulos:

I Tratado - "postilla religiosa” – é constituído pelas


"advertências para a perfeição religiosa do estado de noviço até ao de
prelado superior" (5 capítulos, da página 1 a 71).

II Tratado - "arte de enfermeiros" - e como subtítulo "para assistir aos


enfermos, com as advertências precisas para a aplicação dos remédios": é o tratado que
possui o maior número de capítulos, são cinquenta e nove, e o maior número de páginas,
cerca de cem (da 72 à 172).

III Tratado - "advertências para bem morrer" – está dividido em sete


capítulos  com um total de pouco mais de oitenta páginas, e incluem os anexos (da
página 173 a 256). Esta parte tem a ver com  o "modo para o enfermo examinar a sua
consciência, exortações para a sua salvação, forma de fazer testamento, e para ajudar a
bem morrer".

No final (da página 257 a 300), pode-se encontrar um índice de A a Z


com as "coisas mais notáveis deste livro", que ajuda o leitor a recapitular e a memorizar
a matéria.

Ignaz Phillip Semmelweis (1818-1865)

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Foi um médico húngaro que ficou famoso porque descobriu em 1847 que
a lavagem das mãos poderia reduzir drasticamente a incidência da febre puerperal, e
assim reduzir a taxa de mortalidade provocada por esta doença.

Trabalhava numa clínica onde a taxa de mortalidade para esta


doença era muito elevada comparativamente com outras clínicas. Foram
criadas várias comissões com o intuito de descobrir a causa de tantas mortes,
mas acabaram todas por atingir o fracasso. Certo dia, regressado de férias,
Semmelweis foi surpreendido com a morte de um amigo que durante uma
autópsia havia sido cortado pelo bisturi de um estudante. Então ao analisar os
dados das autópsias reparou que eram iguais aos das parturientes, e conclui
que a causa poderia ser mesma, eram os médicos que nas suas mãos
transportavam as partículas até às parturientes. A análise do histórico permitiu
tornar ainda mais segura esta hipótese e estavam assim explicadas as diferenças da taxa
de mortalidade entre as clínicas.

Uma vez que já tinha uma hipótese para o sucedido, elaborou medidas de
controlo e de monitorização da sua eficácia. Estas propostas centraram-se em três
pontos principais: isolamento de casos, lavagem das mãos e ferver os instrumentos e
utensílios. Assim sendo e por iniciativa própria decidiu afixar na porta da unidade o
seguinte cartaz: "A partir de hoje, 15 de Maio de 1847, todo estudante ou médico, é
obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, a lavar as mãos, com uma
solução de ácido clórico, na bacia colocada na entrada. Esta disposição vigorará para
todos, sem excepção".

Assim sabão, escovas e ácido clórico tiveram entrada na unidade de


obstetrícia. A mortalidade, que chegou aos 18,27%% em Abril de 1847, caiu a partir de
Junho desse mesmo ano para uma média de 3,04%.

Louis Pasteur (1822-1895)

Foi um cientista francês cujas descobertas tiveram enorme


importância na história da química e da medicina, nomeadamente a vacina.
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A primeira grande descoberta de Pasteur foi o processo
denominado de pasteurização, através de estudos que efectuou em meios de
cultura que haviam sido solicitados por agricultores devido às doenças que
afectavam as suas culturas.

Outra grande descoberta foi a vacina. Ele descobriu que se


utiliza-se micróbios enfraquecidos, estes serviriam de agentes imunizantes
contra uma forma mais perigosa desse micróbio, o que resultou na
descoberta da vacinação como forma de prevenir as doenças. Uma nova
descoberta foi a do agente transmissor da raiva, e assim em Março de 1886
apresentou os resultados para a vacina anti-rábica na academia de ciências
francesas. A partir daqui foi criado o instituto Pasteur idealizado para ser um centro de
tratamento de doenças infecciosas, raiva e educação.

Pasteur era tido em conta como um benfeitor, devido ao seu carácter


humanista, pois todo o seu trabalho foi desenvolvido com o intuito de melhorar a
condição de vida humana.

Tendo em conta todos estes factos, este homem é um dos mais


reconhecidos cientistas da história.

Joseph Lister (1827-1912)

Foi um cirurgião e pesquisador inglês que iniciou uma nova era


no campo da cirurgia quando demonstrou, em 1865, que o fenol era um agente

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anti-séptico efectivo, o que reduziu o número de mortes por infecções pós-
operatórias.

Quando, em 1865, Louis Pasteur sugeriu que a cárie era causada


por organismos vivos do ar, Lister fez a relação com a sepsia da ferida.

Como pesquisador meticuloso e cirurgião, Lister reconheceu a


relação entre a sua pesquisa e a de Pasteur Pasteir. He considered that microbes
in the air were likely causing the putrefaction and had to be destroyed before they
entered the wound. Ele considerou que os micróbios no ar foram provavelmente
causando a putrefacção e tinham que ser destruídos antes que entrassem na ferida.

In the previous year Lister had heard that 'carbolic acid' was being used to
treat sewage in Carlise, and that fields treated with the affluent were freed of a parasite
causing disease in cattle. No ano anterior Lister tinha ouvido dizer que o fenol estava a
ser utilizado no tratamento de esgotos e que os campos que foram tratados foram
libertos de um parasita que causa a doenças em bovinos.

Assim Lister começou a limpar feridas com uma solução de fenol. E


assim em 1867 numa reunião da associação britânica de medicina, anunciou que a sua
ala ficara livre de sepsia durante nove meses.

Inicialmente os seus métodos foram vistos com indiferença e hostilidade


mas gradualmente foram começando a ser adoptados pelos médicos.

Edward Jenner (1748-1823)


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Médico britânico que ficou conhecido pela invenção da vacina da varíola,
a primeira deste género na história.

Jenner tinha um particular interesse pelos casos de varíola bovina


em pessoas, e após analisar uma série de casos publicou em 1796 os seus
resultados. Nas primeiras etapas da sua investigação, deparou-se com o facto de
que as pessoas que tinham contraído a varíola bovina mesmo que expostas à
estirpe humana da doença não eram afectadas pela mesma.

A partir destes dados, decidiu dar início a uma série de


experiências. Em primeiro lugar injectou, em pessoas que já tinham tido a
varíola bovina, a varíola humana mas estas mantiveram-se intransigentes.

De seguida Jenner embarcou numa experiência um pouco mais perigosa,


injectou a varíola bovina numa criança de 8 anos provocando a doença mas de uma
forma branda. Depois injectou a varíola humana no mesmo menino e num adulto que
não havia sofrido de nenhuma das duas. Por fim verificou que a varíola humana apenas
afectou o adulto e que o jovem havia ficado imune à doença.

Quando tornou publica a sua descoberta foi criado uma enorme confusão
pelos mais diversos motivos, muitos diziam que se estava a interferir com a natureza e
que em vez de proteger os humanos, estariam sim a matá-los. Passando algum tempo,
Edward Jenner teve possibilidade de demonstrar a eficácia do seu método e aí sim, foi
devidamente reconhecido. Recebeu muitos presentes e agradecimentos de vários países.

Teve uma enorme coragem por ter infectado humanos com uma doença
branda como forma de os proteger de uma estirpe perigosa e muito contagiosa.

Christian Friedrish Samuel Hahneman (1755-1843)

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Médico alemão de formação tradicional que se encontrava descontente
com a forma de actuação da medicina de seu tempo, onde os tratamentos utilizados
nesta época tinham uma conotação um tanto radical. Desistiu, então, daquela
medicina que não o convencia e se dedicou à tradução de livros, mas ainda da
área médica.

Um dia quando traduzia um artigo de um médico escocês de seu


nome Cullen, despertou-lhe interesse a influencia que a casca de quinino, erva
utilizada naqueles tempos, era usada para tratar malária. A sua curiosidade
levou-o a testar os efeitos deste tratamento, e foi então que percebeu que ao
tomar a tal substancia, em determinadas doses e com determinada frequência,,
passava a apresentar as mesmas manifestações de febre periódica, e que
quando suspendia o tratamento, passados alguns dias regressava à sua
condição normal.

Tendo em contas os resultados desta experiencia, e conciliando-os com os


seus conhecimentos sobre medicina, entre outras razoes, formulou quatro princípios, os
princípios da homeopatia:

Ø Experimentação na pessoa sã - todas as substâncias ou drogas utilizadas como


remédio homeopático tem de ser testadas num homem são.

Ø Doses infinitesimais - as substâncias utilizadas como tratamento devem ser


administradas em doses diminutas, diluídas e dinamizadas (técnica específica
para o preparo de medicamentos homeopáticos).

Ø Lei dos semelhantes - os medicamentos homeopáticos devem ser seleccionados


em concordância com a lei farmacológica de similitude, onde se observa que tais
remédios causam, em indivíduos sadios, os mesmos sintomas que a enfermidade
causaria. Similia similibus curanter ou seja “os semelhantes curam-se pelos
semelhantes”. A ideia principal deste principio é que o médico tente igualar os
sintomas que uma droga é capaz de provocar numa pessoa saudável aos
sintomas do paciente, e assim a droga pode ser usada para curar a doença.

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Ø Medicamento único - as drogas homeopáticas sugeridas aos pacientes devem ser
o único remédio, não se deve misturar com outras para não correr o risco de o
remédio não actuar como seria desejado.

Depois desta descoberta Samuel Hahnemann escreveu alguns livros e


artigos sobre o assunto.

Durante este período a homeopatia foi muito utilizada já que a medicina


deste tempo, como já foi referido, servia-se de soluções muito drásticas. Assim os
tratamentos passaram a ser menos agressivos e com resultados eficazes que diminuíam
os riscos de vida dos pacientes. Com isto iniciou-se uma nova onda de pesquisas neste
novo ramo da medicina.

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