You are on page 1of 2

Estudar com método

Uma pessoa que estuda, procura desenvolver suas capacidades intelectuais, volitivas e
afetivas.
É preciso fazer uma pausa e meditar seriamente nas consequências transcendentais da
nossa natureza intelectual, promovidas principalmente pela leitura, pelo estudo e pela
pesquisa.

Esta proposta de qualidade no ser está manifestada de mil maneiras por pessoas
preocupadas no saber pessoal e dos outros, como uma comunicação natural da
sabedoria. Hoje chega às nossas mãos esta obra de Africano Nzinga, Introdução à
Pesquisa Científica: para alunos(as) da 7ª à 13ª classes e 1º ano do ensino superior.

Neste sentido, nesta direção bem clara, caminha a orientação explícita do autor.

É urgente saber utilizar de um bom método para ler, para estudar e para pesquisar. Daí
que as páginas deste livro são a bússola para não perder o rumo nas nossas tarefas de
crescimento humano, intelectual e espiritualmente falando. Devemos mergulhar nelas
para encontrar as razões e motivos sólidos do nosso conhecimento e o ânimo necessário
para saber praticar e exercitar a pesquisa científica que abre a mente aos horizontes
desconhecidos.

Estudar é uma tarefa muito séria apoiada na leitura e na pesquisa.

Na minha tarefa de Professor de Filosofia, fiz uma aula introdutória sobre «Estudar uma
disciplina», que agora transcrevo para reforçar a ideia sobre o estudo.

É uma reflexão feita logo da leitura de um artigo de José Ortega y Gasset - Sobre el estudiar y el estudiante
(Primera lección de un curso) - La Nación, de Buenos Aires, 23 de abril de 1933.

Não fiquemos admirados pela data do artigo. As coisas perenes são válidas para sempre.

Uma disciplina existe porque alguém a criou com muito esforço. Ele e eles precisavam dessa disciplina. Uma
disciplina é uma verdade achada com esforço. Pensada e repensada. Achada porque procurada.
Procuramos algo por um motivo, por uma necessidade concreta. Aqui não joga a fantasia. Encontramos uma
verdade quando temos achado um certo pensamento que satisfaz uma necessidade intelectual previamente
sentida por nós.
Vejamos, por exemplo, o conteúdo de uma disciplina. Vamos para o índice da disciplina Metafísica.
Constatemos a importância da verdade.

Se não sentimos a necessidade desse pensamento, este não será para nós uma verdade.
Verdade é aquilo que «acalma» uma inquietação de nossa inteligência. Mas, se não estamos inquietos
(irrequietos, com muito interesse) isto não serve de nada. É como procurar uma chave para a fechadura dum
armário. A busca acaba quando achamos a chave certa. Acontece que há pessoas que não estão
interessadas nem pela fechadura nem pela chave. As vezes eu fico olhando para os meus alunos e penso:
qual é o interesse de estes jovens?

Falando de nós, aqui e agora, neste tempo presente, a Metafísica é tal para quem a necessita.
Porém, tu, de quê precisas? O quê necessitas? Ou pensas que já sabes tudo? Que já estás arrumado para o
futuro? Que já estás completo?
Por isso hoje precisamos de «precisar», de «necessitar», de «ter interesse». Temos que ser pobres,
necessitados e mendigos. Temos que sentir isto e não esperar que alguém me obrigue a gostar da Metafísica.
Tem que ser uma necessidade «minha». Isso é liberdade. É a auto-pertença. Tem que nascer em mim esta
necessidade.

Pensemos agora no estudo. Não temos que ser tão ingênuos em dizer que estudando se entende uma
disciplina. É preciso sentir autenticamente a necessidade de saber essa ciência, que fico preocupado
espontânea e verdadeiramente pelas suas questões. Só assim entenderei as soluções que ela dá ou
pretende dar a essas questões. Mal pode alguém entender uma resposta quando não há sentido a pergunta a
que ela responde.

Para estudar não tens que fazer um acto de fé, nem uma declaração de princípios intelectuais, nem uma
adesão volitiva. Para estudar só tens que fazer um acto de sinceridade e dizer: «isto me interessa». Senão
fazemos isto, sempre será obrigatório estudar ou pior ainda, estudaremos só por obrigação!

As consequências de encaminhar nossa reflexão por estas veredas nos levam ao amor e à paixão pela vida.
Sem este sentido preciso, não avançamos. Lutamos verdadeiramente pelos valores quando abandonamos as
boas ideias («essências ideais», segundo Max Scheler) para transformar o nosso agir com sentido: é o
sentido da vida na vida, é o valor encarnado. Não pensamos somente na paz. Pensamos e encarnamos ao
homem pacífico. Que para nada é egoísta.

Boa leitura.

Bom estudo.

Boa pesquisa.

Aproveitem o texto de Africano Nzinga!

Irmão José Enrique Sobrero Bosch SDB


Palanca, 3 de Setembro de 20018

You might also like