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Rogerinha Moreira

Mulheres
curadas
transformando a dor em vitória
Sumario
Apresentação ...................................................................7
Introdução ......................................................................11
Capítulo I........................................................................17
Capítulo II ......................................................................31
Capítulo III .....................................................................39
Capítulo IV .....................................................................49
Capítulo V ......................................................................55
Capítulo VI .....................................................................64
Capítulo VII....................................................................72
Capítulo VIII ..................................................................80
Capítulo IX .....................................................................88
Capítulo X ......................................................................96
Capítulo XI .....................................................................111
Capítulo XII....................................................................117
Capítulo XIII ..................................................................128
Capítulo XIV ..................................................................133
Capítulo XV....................................................................139
Capítulo XVI ..................................................................144
Capítulo XVII .................................................................148
Capítulo XVIII................................................................152
Capítulo IXX ..................................................................156
Capítulo XX ....................................................................161
Referências Bibliográficas ...............................................172
Apresentacao
Quando uma pessoa faz a sua experiência pessoal com Jesus
Cristo, ela se encontra consigo mesma como filha de Deus e
descobre o sentido de sua vida. São Paulo afirma: “Portanto,
se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo
passou, agora tudo é novo” (2 Cor 5,17).
Eu gosto de dizer que não fui eu que encontrei Jesus, mas
foi Ele que me encontrou, e foi em um momento crucial de
minha juventude! Passados os anos, contemplo minha vida e
concluo: eu nunca seria quem sou se não fosse a presença de
Cristo em minha história. O mesmo percebo na Rogerinha,
desde que a conheci quando veio de um grupo de jovens de
Lorena (SP). E ainda posso dizer o mesmo sobre milhares de
mulheres, antes e depois de nós, que tiveram a graça do seu
encontro pessoal com Jesus, pois deixaram-se banhar por Sua
divina misericórdia e tornaram-se testemunhas vivas da Sua
ressurreição.
Nas páginas deste livro, a leitora é provocada a fazer a mesma
experiência das mulheres que tiveram seu encontro com o
Senhor. Cada uma delas, na situação em que se encontravam,
viveram a experiência com Jesus de Nazaré e nunca mais foram
as mesmas. Ele as curou, perdoou, libertou de demônios e,
consequentemente, muitas passaram a segui-Lo e servi-Lo, até
mesmo com seus bens. Todas tiveram suas vidas transformadas
Rogerinha Moreira

no poder de Deus, tomaram posse da força salvadora de Jesus,


foram curadas, consoladas e resgatadas na sua condição de
mulher e recuperaram sua dignidade feminina, sua saúde e a
vida de seus entes queridos.
Jesus, no seu amor e misericórdia mostra o quanto Deus Pai
ama a todos, mas este livro “Mulheres Curadas”, em especial,
mostra-nos como Ele desfaz toda forma de preconceito contra
a pessoa da mulher. Jesus nos recorda, com seus gestos, atos e
palavras que Deus não faz acepção de pessoas e tanto homens
como mulheres foram criados à Sua imagem e semelhança,
como aponta o livro de Gênesis: “Deus criou o homem,
criou-o à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; ele os criou
homem e mulher” (Gn 1, 27).
São João Paulo II, ao escrever uma carta às mulheres, em 29 de
junho de 1995, durante seu pontificado, afirmou: “A mulher é
o complemento do homem, como o homem é complemento
da mulher: mulher e homem são em entre si complementares.
A feminilidade realiza o ‘humano’ tanto como a masculinidade,
mas com uma modulação distinta e complementar. (...) Só
mediante a duplicidade do ‘masculino’ e do ‘feminino’, é
que o ser ‘humano’ se realiza plenamente”. Ou seja, Deus
confia aos dois a terra como tarefa, comprometendo-os a
administrar os seus recursos com responsabilidade para que o
seu plano original aconteça na vida de cada pessoa e em toda a
humanidade, para transformar a face da terra.
Em cada relato bíblico descrito neste livro, a autora Rogerinha
faz uma oração para as mulheres de hoje e pelos desafios
próprios do coração feminino que só Jesus conhece. E porque
Deus ama, Ele quer entrar em cada história para curar, libertar

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Mulheres curadas

e salvar no poder do seu Espírito.


Jesus chega e diz a cada mulher: “Mulher por que choras?” (Jo
20, 13); “Mulher, ninguém te condenou?” (Jo 8,11); “Alguém
me tocou” (Lc 8,45); “Filha, tua fé te salvou!” (Mc 5,34); “Eis
a tua mãe!” (Jo 20,27).
Ao tomar esse livro nas mãos, lanço a você o convite: mais do
que ler “Mulheres Curadas”, deixe-se ser encontrar por Jesus
Cristo que lhe diz: “Eis que estou à porta e bato: se alguém
ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei
com ele, e ele comigo” (Ap 3,20).
Peço a Virgem Maria que acompanhe a sua leitura, pois ela nos
foi dada como mãe pelo próprio Cristo que disse: “Mulher, eis
aí o teu filho!” (Jo 20, 27).
O Senhor está perto daqueles que se deixam encontrar! Deixe-
se encontrar!

Luzia Santiago
Cofundadora da Comunidade Canção Nova

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Introducao
Percorreu caminhos, anunciou a salvação, curou doentes,
consolou os aflitos. Jesus cumpriu o que as Escrituras já
haviam anunciado:

O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me


consagrou pela unção; enviou-me a levar a boa nova aos humildes,
curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, e aos
prisioneiros a liberdade; proclamar um ano de graças da parte do
Senhor, e um dia de vingança de nosso Deus; consolar todos os aflitos,
dar-lhes um diadema em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de
vestidos de luto, cânticos de glória em lugar de desespero.
(Isaías 61,1-3)

Em sua passagem por esse mundo, Jesus se encontrou com


diferentes histórias de vida, pessoas das mais diversas classes
sociais, algumas oprimidas e outras enfermas, homens e
mulheres marcados pelo sofrimento e pela dor. Ele veio trazer
a libertação àqueles que eram cativos do pecado e que sofriam
de algum mal. Em sua missão, veio derramar o óleo da alegria
no lugar do luto no coração daqueles que já não nutriam mais
esperança.
As narrativas dos Evangelhos mostram toda missão de Jesus
na vida de muitos. Vamos percorrer, de forma especial, a vida
de muitas mulheres, algumas bem conhecidas nas narrativas
dos Evangelhos e outras que quase passaram despercebidas no
Rogerinha Moreira

contexto bíblico. Vamos conhecê-las e rezar com a história de


cada uma delas. Em uma época marcada pela exclusão social
da mulher, Jesus fez questão de incluí-las em seu itinerário
salvífico. Conforme apontou São João Paulo II:

Diversas mulheres aparecem no itinerário da missão de Jesus de


Nazaré, e o encontro com cada uma delas é uma confirmação da
“novidade de vida” evangélica, de que já se falou. Às vezes, isso
provocava estupor, surpresa, muitas vezes raiando o escândalo:
“ficaram admirados por estar ele a conversar com uma mulher” (Jo
4, 27), porque este comportamento se distinguia daquele dos seus
contemporâneos. o. (,sobre a dignidade e a vocação da São João Paulo
II, Carta Apostólica Mulieris Dignitatem mulher por ocasião do Ano
Mariano - 1988)

Jesus trouxe um novo olhar sobre a ordem patriarcal da época,


uma nova visão a respeito da dignidade e valor de cada mulher.
Particularmente com cada uma delas, Ele proporcionou um
encontro libertador.
Em uma sociedade extremamente conhecida pelo desprezo
e a rejeição à mulher, encontramos nos Evangelhos várias
mulheres que foram marcadas por perdas e feridas profundas
provenientes de várias situações e relacionamentos que
deixaram, em cada uma delas, traumas familiares, afetivos,
sexuais ou morais.
Nesse percurso de oração, vamos refletir e rezar com a vida de
mulheres que experimentaram esse encontro com o Senhor
e, por isso, suas vidas foram totalmente transformadas. Ao
rezarmos e nos depararmos com suas trajetórias, vamos
reconhecer em nós semelhanças e nos encontrarmos em
suas histórias, sofrimentos e vitórias e, assim, em oração e

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Mulheres curadas

acompanhadas pelos exemplos dessas mulheres, percorreremos


com Jesus um itinerário de profunda cura interior.
Se no mundo atual as mulheres ainda se veem colocadas à
margem, menosprezadas e inferiorizadas diante de culturas
e governos que as excluem, como então imaginar a situação
vivida por elas naquela época em que a vida de uma mulher
era ainda mais sofrida?
Para nos contextualizarmos, imaginemos uma época em que
a família era sempre patriarcal, ou seja, todas as decisões eram
tomadas pelos homens. Na sociedade em que viviam, as
mulheres não tinham muitos direitos, aliás, a mulher não era
nem contada entre o número de habitantes. Na narrativa dos
Evangelhos, verificamos alguns exemplos: “Os que comeram
foram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e
crianças” (Mt 14,21).
A mulher era considerada propriedade do marido e, por isso,
não tinha autonomia para nenhuma decisão. Sua vida era
totalmente dependente da figura masculina. Se acontecesse,
por exemplo, de ser estéril, poderia até ser substituída pela
escrava como narram alguns episódios da Bíblia. Recordamos
aqui Sara, que trazia na época a “maldição” por ser estéril: “Eis
que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a
minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz
de Sarai”(Gn16, 2). A mulher que não gerava filhos naquele
tempo não era vista com bons olhos, mas tratada com desprezo
e o marido tinha todo direito de substituí-la.
Nos escritos do povo judeu, verifica-se o costume da
recitação de uma oração que diz: “Obrigada porque não me
fizeste mulher”. Dizem que isso não tem nada a ver com a

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Rogerinha Moreira

discriminação ou diminuição da pessoa da mulher, porém,


infelizmente, no decorrer dos anos, essa oração recebeu uma
conotação negativa, interpretada de forma a depreciar a figura
feminina.

Naquele tempo, a mulher não participava, em nenhum


sentido, da atividade pública: era malvisto conversar em público
com uma mulher. No que se referem aos direitos, como também na
legislação sobre heranças e compras e vendas, ela era equiparada a
uma criança. No templo e na sinagoga, tinha reservado um lugar
secundário. Religiosa e juridicamente discriminada, a mulher era um
ser marginalizado no pleno sentido da palavra. (LARRAÑAGA,1989,
p.170)1

Nos tempos de Jesus, essa realidade não era ainda muito


diferente. Ele caminhou por nossas terras e se deparou com
essa situação. Entretanto, “em todo o ensinamento de Jesus,
como também no seu comportamento, não se encontra nada
que denote a discriminação, própria do seu tempo, da mulher.
Ao contrário, as suas palavras e as suas obras exprimem sempre
o respeito e a honra devidos à mulher” (São João Paulo II,
Carta Apostólica Mulieris Dignitatem).Jesus, em sua vida
pública, fez questão de mostrar que pensava de forma diferente
e deixou nítido que veio trazer um novo valor à mulher. Em
seu contato com a vida de muitas delas, fez questão de deixar
registrado o grande amor que trazia por cada uma. Em vários
episódios de sua vida pública, Cristo deixou a certeza de que
sua entrega na Cruz seria também por elas:

Depois disso, Jesus percorria cidades e povoados proclamando e


1 LARRAÑAGA, Ignacio. “O Pobre de Nazaré”. 3ª edição. São Paulo: Edições
Loyola, 1989, p. 170.

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Mulheres curadas

anunciando a Boa Nova do Reino de Deus. Os doze iam com ele,


e também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos
maus e de doenças: Maria, chamada Madalena de quem saíram
sete demônios, Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes,
Susana, e muitas outras mulheres, que os ajudavam com seus bens. (Lc
8,1-3)

Jesus curou muitas mulheres. Algumas citadas e relembradas


nos Evangelhos e outras que a própria tradição da Igreja atesta.
Verdadeiramente o Senhor passou por suas vidas sofridas e as
transformou em grandes mulheres evangelizadoras.

Folheando as páginas do Evangelho, passa diante de nossos


olhos um grande número de mulheres, de idade e condições diversas.
Encontramos mulheres atingidas pela doença ou por sofrimentos
físicos, como a mulher que tinha ”um espírito que a mantinha
enferma, andava recurvada e não podia de forma alguma endireitar-
se” (cf. Lc 13,11); ou como a sogra de Simão que estava “de cama
com febre” (Mc 1,30); ou como a mulher que “sofria de um fluxo de
sangue” (cf. Mc 5,25-34), que não podia tocar ninguém, porque se
pensava que o seu toque tornasse o homem “impuro”. Cada uma delas
foi curada e a última, a hemorroíssa, que tocou o manto de Jesus ”no
meio da multidão” (Mc 5,27), foi por ele louvada pela sua grande
fé: “a tua fé te salvou” (Mc 5,34). Há, depois, a filha de Jairo, que
Jesus faz voltar à vida, dirigindo-se a ela com ternura: “Menina, eu
te mando, levanta-te!” (Mc 5,41). E há ainda a viúva de Naim, para
quem Jesus faz voltar à vida o filho único, fazendo acompanhar o seu
gesto de uma expressão de terna piedade: “compadeceu-se dela e disse-
lhe: “Não chores” (Lc 7,13). E há, enfim, a cananeia, uma mulher
que merece da parte de Cristo palavras de especial estima pela sua fé,
sua humildade e pela grandeza de espírito, de que só um coração de
mãe é capaz: “ó Mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas” (Mt
15,28). A mulher cananeia pedia a cura de sua filha. (São João Paulo

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Rogerinha Moreira

II, Carta Apostólica Mulieris Dignitatem)


Não tenho o objetivo de montar um estudo sobre a situação
da mulher na sociedade em que Jesus viveu e muito menos
levantar bandeiras feministas de nosso tempo. Quero levá-las a
perceber a ação do próprio Senhor, a profunda cura e libertação
realizadas em suas histórias. Partindo de cada relato bíblico,
podemos rezar pela cura das mulheres de hoje que, embora
estejam em outro contexto de tempo e cultura, sofrem muitas
vezes as mesmas dores e desilusões das mulheres daquela época.
Vamos perceber que as feridas que as sufocavam são as nossas
também e o caminho para cura é o mesmo: um encontro com
o Senhor.

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Capitulo I
Isabel: uma mulher de idade avançada
A visita a Isabel

Quem era Isabel? O próprio Evangelho e estudiosos relatam


quem ela foi:

Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome


Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão,
chamava-se Isabel. Ambos eram justos diante de Deus e observavam
irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas
não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada.
(Lc 1 5-7)

Isabel era uma mulher de fé, sua vida sempre caminhou diante de
Deus, submissa ao seu esposo, dedicada a Deus e fiel aos princípios
e costumes de seu povo. Já de idade avançada, não havia ainda
concebido, era estéril. Aos olhos do povo, uma mulher infeliz, pois
naquela época uma esposa infértil não era vista com bons olhos, era
considerada ’amaldiçoada’. O ter filhos, especialmente filhos homens,
assumia grande importância para a mulher. A falta de filhos era
tida como desonra, até mesmo como castigo divino. Sendo mãe, a
mulher via-se valorizada; dera ao marido o mais precioso presente.
(JEREMIAS, J., 1993, p.488)1

Gerar um filho naquele tempo era, na vida de uma mulher,


1 JEREMIAS, J. “Jerusalém no tempo de Jesus - Pesquisas de história social no período
neotestamentário”. São Paulo: Paulinas, 1993, p.488.
Rogerinha Moreira

um sinal de grande benção, sobretudo se o primeiro filho fosse


um menino. A mulher era considerada abençoada quando
trazia um varão para a família.

Quando a mulher não podia ter filhos, isso era considerado uma
maldição de Deus, porque significava praticamente a extinção da
família. Raquel disse a Jacó que se não tivesse filhos morreria (Gn
30.1). Ana acreditava que sua esterilidade era um castigo de Deus
(1Sm 1,16), e Isabel sabia que os olhares de censura que recebia das
pessoas era por pensarem que havia feito algo para desgostar a Deus.
Quando João nasceu, ela sabia que o Senhor fizera isso “para destruir
o meu opróbrio entre os homens” (Lc 1,25). Isabel passara anos de
sua vida à espera de um filho, não havia perdido a esperança, porém
a vergonha pela sua infertilidade era com certeza um grande pesar
em sua vida. Mas o Senhor a agraciou. Deus a visitou e concedeu-lhe
uma grande graça: um filho. Um filho da promessa que traria sobre si
uma grande missão, pois seria aquele que prepararia os caminhos do
Senhor: João Batista. (COWER, Ralph, 2002, p.61)2

Imaginemos o drama de Isabel: uma mulher de idade avançada


repleta de sentimentos de inferioridade e de incapacidade,
sendo vista como amaldiçoada. Essa palavra de conotação
pesada deveria estar em seus pensamentos e talvez até na boca
de pessoas que eram fortemente impregnadas pela cultura
da época. Porém, no coração daquela mulher ainda havia
esperança. Deus a visitou e realizou as suas promessas. Nem
mesmo seu esposo havia acreditado, pois grande era a graça
que ambos receberam: “Vais ficar mudo, sem poder falar, até
ao dia em que tudo isto acontecer, por não teres acreditado

2 COWER, Ralph. “Novo Manual dos usos e costumes dos tempos bíblicos”. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2002, p.61.

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