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ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA - 13 DE MAIO - ESCRAVIDÃO NO BRASIL - NAVIOS

NEGREIROS - SENZALAS - CAMPANHA ABOLICIONISTA - LEI DO VENTRE LIVRE - LEI


DOS SEXAGENÁRIOS - QUILOMBOS - LEI ÁUREA - ZUMBI DOS PALMARES -
CONSEQUÊNCIAS

Após a Independência do Brasil, as discussões a este respeito estenderam-se por todo o período do Império,
tendo adquirido relevância a partir de 1850 e caráter verdadeiramente popular, a partir de 1870, culminando com
a assinatura da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão negra no Brasil.A história do
abolicionismo no Brasil remonta à primeira tentativa de abolição da escravidão indígena, em 1611, e a sua
abolição definitiva, pelo Marquês de Pombal, durante o reinado de D. José I, e aos movimentos
emancipacionistas no período colonial, particularmente a Conjuração Baiana de 1798, em cujos planos
encontrava-se o da erradicação da escravidão.

O trabalho escravo no mundo


Quando se fala em escravidão, é difícil não pensar nos portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os
porões de seus navios com negros africanos, colocando-os à venda por toda a região da América.

É difícil não nos lembrar dos capitães-do-mato, que eram os homens que perseguiam os negros que haviam
fugido das fazendas, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e ideias defendidas
pelos abolicionistas e de muitos outros fatos ligados a este assunto.

A escravidão é bem mais antiga do que o tráfico dos africanos. Ela vem desde os primórdios da história humana,
quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Exemplo são os hebreus, que
foram vendidos como escravos desde o começo de sua história.

Algumas civilizações antigas usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas
e rudimentares. Grécia e Roma foram duas delas, detendo um grande número de escravos, contudo, muitos de
seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade.

O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto
de número 81.234.
A escravidão no Brasil
Quando os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de
trabalhos manuais. Por isso, iniciou-se a exploração da mão-de-obra indígena; Mas os jesuítas, por considerarem
os índios puros e sem malícia, os defenderam da escravidão. Assim, os portugueses foram à busca de negros na
África para submetê-los ao trabalho escravo.

No Brasil, a escravidão começou na primeira metade do século XVI, com a produção de açúcar . Os portugueses
traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de
açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como mercadorias no Brasil.
Os mais saudáveis, chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. Também era mais valorizados os
negros vindos de Angola e Moçambique, chamados Bantos, para o trabalho na lavoura, e os negros vindos do
porto de Mina, hoje Elmina na atual Gana, eram mais valorizados na mineração de ouro em Minas Gerais. Os
negros "Minas", muito comuns na Bahia (por esta ficar mais próxima de Gana do que de Angola), já trabalhavam
na mineração de ouro na África Ocidental.

Em São Paulo, na época chamada Capitania de São Vicente, dada a extrema pobreza dos seus moradores, não era
possível a aquisição de escravos africanos por serem estes muito caros, por isso, os bandeirantes recorriam à mão
de obra indígena.

O transporte dos escravos era feito, da África para o Brasil, nos porões do navios negreiros. Amontoados, em
condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

Nos engenhos de cana-de-açúcar ou nas minas de ouro, a partir do século XVIII, os escravos eram tratados da
pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de
péssima qualidade. Em Minas Gerais, no início da mineração, o preço do escravo, assim como de demais
mercadorias, era extremamente elevado, devido a enorme carestia de vida que ali havia, sendo muito elevados os
preços de todos os gêneros como relata André João Antonil no livro "Cultura e Opulência do Brasil por suas
Drogas e Minas".

Passavam as noites nas senzalas, que eram galpões escuros, úmidos e com pouca higiene, acorrentados para
evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no
Brasil-Colônia. O pena de açoite só seria abolida, por lei imperial em 1885, e esta abolição da pena de açoite
estimulou os escravos a fugirem, pois não tinham que temerem mais esse tipo de punição caso fosse
recapturados, o que fez aumentarem em muito a fuga de escravos nos últimos anos da escravidão no Brasil.

Eram proibidos de praticarem suas religiões de origem africana e de realizarem suas festas e rituais africanos.
Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, sob a alegação de que cumpriam o
mandamento cristão de batizar todas as criaturas, razão pela qual muitos negros se tornaram cristãos,
especialmente os "Bantos", sendo que, ao contrário, a maioria dos "Minas", que eram mais numerosos na Bahia,
permaneceu na religiosidade africana. Assim, explicou a importância da religião cristã, na visão dos proprietários
de escravos, o deputado geral José de Alencar, na seção da Câmara Geral, atual Câmara dos Deputados, em 13 de
julho de 1871:

A grande virtude e a excelência do cristianismo está justamente em que ele se amolda a todas as condições
sociais. Consola todas as misérias, todas as dores deste mundo. Se é um esplendor para os reis, é um refúgio para
os cativos. A todos grandes e pequenos, ilustres e obscuros, ricos e pobres, a todos a religião aponta uma
esperança inefável: a esperança de uma vida melhor. ( José de Alencar)

Os escravos tinham que adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e
restrições, muitos não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam
suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta
mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite
foram comuns naqueles tempos do Brasil-Colônia. Muitas mulheres escravas tinham que fazer sexo com seus
senhores, o que deu origem a uma grande população mulata no Brasil.
Navio negreiro - Tráfico de escravos

No Século do Ouro, século XVIII, alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de
alforria. Muitos senhores alforriavam seus escravos em seus testamentos. Ou então, juntando alguns "trocados"
durante toda a vida, conseguiam a sua liberdade. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade
acabavam fechando as portas para estas pessoas.

A escravatura foi abolida em Portugal, no Reinado de D. José I, a 12 de Fevereiro de 1761, pelo Marquês de
Pombal, no Reino/Metrópole e na Índia, contudo no Brasil (à época colônia portuguesa) ela permaneceu em
atividade.

O negro também reagiu à escravidão: foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam,
formando, nas florestas, os famosos quilombos, comunidades onde os integrantes viviam em uma organização
comunitária onde podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi
o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi. Em Minas Gerais, o quilombo mais famoso foi o Quilombo do
Ambrósio. Diversos destes quilombos, paradoxalmente, se utilizam com frequência de trabalho escravo.

Quanto a violência praticada pelos quilombos e quilombolas, Luiz Gonzaga da Fonseca, no seu livro "História de
Oliveira", na página 37, descreve o caos provocado no Caminho de Goiás, a Picada de Goiás, pelo quilombolas
do Quilombo do Ambrósio, o principal quilombo de Minas Gerais:

"Não há dúvida que esta invasão negra fora provocada por aquele escandalosa transitar pela picada, e que pegou
a dar na vista demais. Goiás era uma Canaã. Voltavam ricos os que tinham ido pobres. Iam e viam mares de
aventureiros. Passavam boiadas e tropas. Seguiam comboios de escravos. Cargueiros intérminos, carregados de
mercadorias, bugigangas, miçangas, tapeçarias e sal. Diante disso, negros foragidos de senzalas e de comboios
em marcha, unidos a prófugos da justiça e mesmo a remanescentes dos extintos cataguás, foram se homiziando
em certos pontos da estrada ("Caminho de Goiás" ou "Picada de Goiás").

Essas perigosas quadrilhas, sucursais dos quilombolas do rio das mortes, assaltavam transeuntes e os deixavam
mortos no fundo dos boqueirões e perambeiras, depois de pilhar o que conduziam. Roubavam tudo. Boidadas.
Tropas. Dinheiro. Cargueiros de mercadorias vindos da Corte (Rio de Janeiro). E até os próprios comboios de
escravos, mantando os comboeiros e libertando os negros trelados. E com isto, era mais uma súcia de bandidos a
engrossar a quadrilha. Em terras oliveirenses açoitava-se grande parte dessa nação de “caiambolas organizados”
nas matas do Rio Grande e Rio das Mortes, de que já falamos. E do combate a essa praga é que vai surgir a
colonização do território (de Oliveira (Minas Gerais) e região). Entre os mais perigosos bandos do Campo
Grande, figuravam o quilombo do negro Ambrósio e o negro Canalho.

A abolição após a independência


José Bonifácio de Andrada e Silva, em sua famosa representação à Assembleia Constituinte de 1823, já havia
chamado a escravidão de "cancro mortal que ameaçava os fundamentos da nação".

No Período Regencial, desde 7 de novembro de 1831, a Câmara dos Deputados havia aprovado e a Regência
promulgado um lei que proibia o tráfico de escravos africanos para o país, porém esta lei não foi aplicada.

Em Março de 1845 esgotou-se o prazo do último tratado assinado entre o Brasil e a Grã-Bretanha e o Governo
britânico decretou, em agosto, o Bill Aberdeen. Com o nome de Lord Aberdeen, do Foreign Office (o Ministério
britânico das Relações Exteriores), o Ato dava ao Almirantado britânico o direito de aprisionar navios negreiros,
mesmo em águas territoriais brasileiras, e julgar seus comandantes. Os capitães ingleses receberam poderes de
atracar navios brasileiros em alto mar e verificar se transportava escravos — deveriam se desfazer da carga,
devolvendo os escravos à África, ou transferi-la para os navios ingleses.

Criticado até na Inglaterra, por pretender se tornar "guardiã moral do mundo", no Brasil o Bill Aberdeen
provocou pânico em traficantes e proprietários de escravos e de terras. A consequência imediata do Bill
Aberdeen foi o significativo, e paradoxal, aumento no comércio de escravos, pois foram antecipadas as compras
antes da proibição em definitivo, e, especialmente na grande elevação do preço dos escravos. Caio Prado Júnior
diz que, em 1846, entraram 50.324 escravos e, em 1848, 60 mil. Calcula-se que, até 1850, o país recebeu 3,5
milhões de africanos cativos.

Os navios ingleses perseguiam embarcações suspeitas, a Marinha britânica invadia águas territoriais, ameaçava
bloquear portos. Houve incidentes, troca de tiros no Paraná. Alguns capitães, antes de serem abordados, jogavam
no oceano a carga humana. Os infratores eram fazendeiros ou proprietários rurais, todos escravagistas. As
províncias protestavam, pois na época, no Brasil, a escravidão era coisa natural, integrada à rotina e aos
costumes, vista como instituição necessária e legítima. Uma sociedade intensamente desigual dependia do
escravo para manter-se.

Os conservadores (chamados de saquaremas, no poder desde 1848) culpavam os liberais (chamados de luzias) de
terem se submetido à coação inglesa. Sabiam perfeitamente que o tráfico negreiro deveria ter fim, que a
escravidão estava condenada mas alegavam que tal decisão deveria caber ao Governo, para preservar a soberania
nacional e garantir a segurança interna – na verdade, sua intenção era estender a escravidão o máximo possível.
Mas D. Pedro II, com problemas no Rio da Prata, necessitava da Inglaterra. Em março de 1850, o primeiro-
ministro inglês Gladstone ameaçara fazer cumprir os tratados à "ponta da espada, pela guerra até o extermínio."

Cedendo às pressões, D. Pedro II deu passo importante: seu Gabinete elaborou um projeto de lei, apresentado ao
Parlamento pelo Ministro da Justiça Eusébio de Queirós, que adotava medidas eficazes para a extinção do tráfico.
Convertido em lei nº 581, de 4 de setembro de 1850, determinava seu artigo 3:

"São autores do crime de importação, ou de tentativa dessa importação, o dono, o capitão ou mestre, o piloto e o
contramestre da embarcação, e o sobrecarga. São cúmplices a equipagem, e os que coadjuvarem o desembarque
de escravos no território brasileiro de que concorrerem para ocultar ao conhecimento da autoridade, ou para os
subtrair à apreensão no mar, ou em ato de desembarque sendo perseguida". Um dos seus artigos determinava o
julgamento dos infratores pelo Almirantado, passando assim ao Governo imperial o poder de julgar, poder antes
conferido a juízes locais.

Os conservadores continuavam empenhados em manter o sistema escravista e a estrutura colonial de produção.


Para racionalizar o uso da mão de obra escrava, agora muito mais cara, incentivaram, então, o tráfico interno,
realizado pelos antigos traficantes, tirando o escravo das áreas onde a agricultura decaía, como os engenhos de
açúcar do litoral nordestino, para as exaustivas funções da grande lavoura nas novas regiões cafeeiras em
expansão no Centro-Sul, deixando para o trabalhador imigrante as demais atividades.

Bóris Fausto, que tanto escreveu sobre a imigração no Brasil, estima que o tráfico interprovincial, de 1850 a
1888, deslocou de 100 a 200 mil escravos. Mas o esvaziamento descontentará os senhores de escravos e de terras
nordestinas, que viraram abolicionistas. Estes abolicionistas esperavam que, cessando o fornecimento de
escravos, a escravidão desaparecesse aos poucos – o que não aconteceu.

Tantos foram os protestos que Eusébio de Queirós teve que comparecer à Câmara dos Deputados, em julho de
1852, apelar para a mudança da opinião pública. Lembrou que muitos fazendeiros do Norte enfrentavam
dificuldades financeiras, sem poder pagar suas dívidas com os traficantes. Muitos haviam hipotecado suas
propriedades para especuladores e grandes traficantes - entre os quais numerosos portugueses - para obter
recursos destinados à compra de mais cativos.

Lembrou ainda que se continuasse a entrar no Império tão grande quantidade de escravos africanos, haveria um
desequilíbrio entre as categorias da população - livres e escravos - ameaçando os primeiros. A chamada «boa
sociedade» ficaria exposta a «perigos gravíssimos», pois o desequilíbrio já provocara numerosas rebeliões (devia
lembrar a dos Malês, em Salvador, em 1835).

No ano de 1854 era aprovada a Lei Nabuco de Araújo, Ministro da Justiça de 1853 a 1857, que previa sanções
para as autoridades que encobrissem o contrabando de escravos. Os últimos desembarques de que se tem notícia
aconteceram em 1856.

A imigração até 1850 vinha sendo um fenômeno espontâneo. Entre 1850 e 1870, passou a ser promovida pelos
latifundiários. Vindos primeiramente da Alemanha, sem êxito, e depois da Itália, os imigrantes, muitas vezes
enganados e com contratos que os faziam trabalhar em regime quase escravo, ocuparam-se do trabalho rural na
economia cafeeira. Tantos retornaram a seus países que houve necessidade de intervenção de consulados e das
entidades que os protegiam, como algumas sociedades promotoras de imigração. Foram muitas as regiões em que
os escravos foram substituídos pelos imigrantes. Algumas cidades em 1874 tinham 80% dos trabalhadores rurais
negros, e, em 1899, 7% de trabalhadores negros e 93% brancos.

A escravidão começou a declinar com o fim do tráfico de escravos, em 1850 (Após a aprovação de lei de autoria
de Eusébio de Queirós). Progressivamente, os imigrantes europeus assalariados substituíram os escravos no
mercado de trabalho. Mas foi só a partir da Guerra do Paraguai que o movimento abolicionista ganhou impulso.
Milhares de ex-escravos que retornaram da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, correram o risco de voltar
à condição anterior por pressão dos seus antigos donos. O problema social tornou-se uma questão política para a
elite dirigente do Segundo Reinado.

A abolição do tráfico de escravos, as várias epidemias de malária, a constante fugas de escravos, seu baixo índice
de reprodução, e a alforria de muitos escravos, inclusive daqueles que lutaram na Guerra do Paraguai,
contribuíram sensivelmente para a diminuição da quantidade de escravos, no Brasil, quando da época da
abolição.

A campanha abolicionista
Em 1880, políticos importantes, como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, criam, no Rio de Janeiro, a
Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, que estimula a formação de dezenas de agremiações
semelhantes pelo Brasil. Da mesma forma, o jornal O Abolicionista, de Nabuco, e a Revista Ilustrada, de
Ângelo Agostini, servem de modelo a outras publicações antiescravistas. Advogados, artistas, intelectuais,
jornalistas e políticos engajam-se no movimento e arrecadam fundos para pagar cartas de alforria.
Embora não se divulgue muito, a Igreja Positivista do Brasil, de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira
Mendes, teve uma atuação destacada na campanha abolicionista, inclusive ao deslegitimar a escravidão,
vista, a partir de então, como uma forma bárbara e atrasada de organizar o trabalho e tratar os seres
humanos.

Teve participação destacada na campanha abolicionista, a maçonaria brasileira, sendo que quase todos os
principais líderes da abolição foram maçons. José Bonifácio, pioneiro da abolição, Eusébio de Queirós que
aboliu o tráfico de escravos, o Visconde do Rio Branco responsável pela Lei do Ventre Livre e os
abolicionistas Luís Gama, Antônio Bento, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Silva Jardim e Rui
Barbosa eram maçons. Em 1839, os maçons David Canabarro e Bento Gonçalves emancipam escravos
durante a Guerra dos Farrapos.

No Recife, os alunos da Faculdade de Direito mobilizam-se, sendo fundada uma associação abolicionista
por alunos como Plínio de Lima, Castro Alves, Rui Barbosa, Aristides Spínola, Regueira Costa, dentre
outros.

Em São Paulo, destaca-se o trabalho do ex-escravo, um dos maiores heróis da causa abolicionista, o
advogado Luís Gama, responsável diretamente pela libertação de mais de 1.000 cativos. Criou-se também
na capital paulista a Sociedade Emancipadora de São Paulo com a participação de líderes políticos,
fazendeiros, lentes da Faculdade, jornalistas e, principalmente de estudantes.

O país foi tomado pela causa abolicionista, e, em 1884, o Ceará e o Amazonas aboliram a escravidão em
seus territórios. Nos últimos anos da escravidão no Brasil, a campanha abolicionista se radicalizou com a
tese "Abolição sem indenização" lançada por jornalistas, profissionais liberais e políticos que não
possuíam propriedades rurais.

A lei do ventre livre


O Partido Liberal comprometeu-se publicamente com a causa do nascimento de crianças a partir daquela
data , mas foi o gabinete do Visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulgou a primeira
lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. Em defesa da lei, o Visconde do Rio
Branco apresenta a escravidão como uma "instituição injuriosa", menos para os escravos e mais para o
país, sobretudo para sua imagem externa.

Depois de 21 anos sem qualquer medida governamental em relação ao fim da escravidão, foi votada a "Lei
Rio Branco", mais conhecida como "Lei do Ventre Livre", que considerava livres todos os filhos de
escravos nascidos a partir da sua data, e pretendia estabelecer um estágio evolutivo entre o trabalho
escravo e o regime de trabalho livre, sem, contudo, causar mudanças abruptas na economia ou na
sociedade. Na Câmara dos Deputados, o projeto de lei obteve 65 votos favoráveis e 45 contrários. Destes,
30 eram de deputados das três províncias cafeeiras: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. No Senado
do Império, foram 33 votos a favor e 7 contra. Entre os votos contrários, 5 foram de senadores das
províncias cafeeiras.

Segundo o disposto na lei, os filhos dos escravos - chamados de ingênuos - tinham duas opções: ou ficavam
com os senhores de suas mães até a maioridade (21 anos) ou poderiam ser entregues ao governo. Na
prática, os escravocratas mantiveram os ingênuos nas suas propriedades, tratando-os como se fossem
escravos. Em 1885, dos 400.000 ingênuos, somente 118 ingênuos foram entregues ao governo - os
proprietários optavam por libertar escravos doentes, cegos e deficientes físicos. Por outro lado, a Lei Rio
Branco teve o mérito de expor as mazelas da escravidão na imprensa e em atos públicos. Na década de
1890, cerca de meio milhão de crianças foram libertadas quando estariam entrando em idade produtiva.

A Lei do Ventre Livre declarava de condição livre os filhos de mulher escrava nascidos desde a data da lei.
O índice de mortalidade infantil entre os escravos aumentou, pois além das péssimas condições de vida,
cresceu o descaso pelos recém-nascidos. A ajuda financeira prevista pela Lei do Ventre Livre, aos
fazendeiros, para estes, arcarem com as despesas da criação dos ingênuos jamais foi fornecida aos
fazendeiros:

* § 1.º da lei 2040:- Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães,
os quais terão a obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da
escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de
utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Governo receberá
o menor e lhe dará destino, em conformidade da presente lei.

A lei dos sexagenários


A partir de 1887, os abolicionistas passaram a atuar no campo, muitas vezes ajudando fugas em massa, fazendo
com que por vezes os fazendeiros fossem obrigados a contratar seus antigos escravos em regime assalariado. Em
1887, diversas cidades libertam os escravos; a alforria era normalmente condicionada à prestação de serviços
(que, em alguns casos, implicava na servidão a outros membros da família).

Ceará e Amazônia libertaram seus escravos em 1885. A decisão do Ceará aumentou a pressão da opinião pública
sobre as autoridades imperiais. Em 1885, o governo cedeu mais um pouco e promulgou a Lei Saraiva-Cotegipe,
que regulava a "extinção gradual do elemento servil".

A Lei Saraiva-Cotegipe ficou conhecida como a Lei dos Sexagenários. Nascida de um projeto do deputado
baiano Rui Barbosa, esta lei libertou todos os escravos com mais de 60 anos, mediante compensações financeiras
aos seus proprietários mais pobres para que ajudassem esses ex-escravos. Porém, esta parte da lei jamais foi
cumprida e os proprietários de escravos jamais foram indenizados. Os escravos que estavam com idade entre 60 e
65 anos deveriam "prestar serviços por 3 anos aos seus senhores e após os 65 anos de idade seriam libertos".
Poucos escravos chegavam a esta idade e já sem condições de garantir seu sustento, ainda mais que agora
precisavam competir com os imigrantes europeus. Acresce ainda que, no recenseamento de 1872, que fez a
primeira matrícula geral de escravos, muitos fazendeiros tinham aumentado a idade de seus escravos para
burlarem a matrícula de 1872, escondendo os ingênuos introduzidos por contrabando após a Lei Eusébio de
Queirós.

Numerosos negros robustos e ainda jovens eram, legalmente, sexagenários, sendo libertos, neste caso, pela Lei
dos Sexagenários, ainda em condições de trabalho. Os proprietários ainda tentariam anular a libertação, alegando
terem sido enganados porque não foram indenizados como prometia a lei. As zonas recentemente desbravadas do
oeste paulista se revelavam mais dispostas à emancipação total dos escravos: ricas e prósperas, já exerciam
grande atração sobre os imigrantes, mais bem preparadas para o regime de trabalho assalariado.

Os quilombos
Também os negros e mulatos escravizados passaram a participar mais ativamente da luta, fugindo das fazendas e
buscando a liberdade nas cidades, especialmente, depois de 1885, quando foram proibidos os castigos corporais
aos escravos fugidos quando fossem recapturados. A lei nº 3.310, de 15 de outubro de 1886, revogou o artigo nº
60 do Código Criminal de 1830 e a lei nº 4, de 10 de Junho de 1835, na parte em que impõem a pena de açoites, e
determinou que “ao réu escravo serão impostas as mesmas penas decretadas pelo Código Criminal e mais
legislação em vigor para outros quaisquer delinquentes”.

Quilombos - escravos fugitivos

No interior de São Paulo, liderados pelo mulato Antônio Bento e seus caifazes, milhares deles escaparam das
fazendas e instalaram-se no Quilombo do Jabaquara, em Santos. A essa altura, a campanha abolicionista
misturou-se à campanha republicana e ganhou um reforço importante: O Exército Brasileiro pediu publicamente
para não mais ser utilizado na captura dos fugitivos. Nos últimos anos da escravidão no Brasil, a campanha
abolicionista adotou o lema "Abolição sem indenização". Do exterior, sobretudo da Europa, chegavam apelos e
manifestos favoráveis ao fim da escravidão.

Essas fugas em massa de escravos para a cidade de Santos, geraram violência, que foi denunciada, nos debates
sobre a Lei Áurea, em 9 de novembro de 1888, na Câmara Geral, pelo deputado geral Andrade Figueira que
acusou a polícia paulista (Força Pública) e políticos de serem coniventes com estas fugas, o que levou os
proprietários de escravos paulistas a libertarem seus escravos para evitar mais violência.

A lei áurea e suas consequências


Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rendeu-se às pressões e a princesa Isabel de Bragança assinou a lei
Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A decisão desagradou aos fazendeiros, que exigiam indenizações
pela perda de "seus bens". Como não as conseguiram, aderiram ao movimento republicano. Ao abandonar o
regime escravista, o Império perdeu uma coluna de sustentação política. O fim da escravatura, porém, não
melhorou a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem formação escolar ou uma profissão definida, para
a maioria deles a simples emancipação jurídica não mudou sua condição subalterna nem ajudou a promover sua
cidadania ou ascensão social.
Sobre as consequências negativas da abolição sem amparo aos escravos, no livro "Centenário de Antônio Prado",
editado em 1942, Everardo Valim Pereira de Souza fez esta análise:
Cquote1.svg Segundo a previsão do Conselheiro Antônio Prado, decretada de afogadilho a “Lei 13 de maio”,
seus efeitos foram os mais desastrosos. Os ex-escravos, habituados à tutela e curatela de seus ex-senhores,
debandaram em grande parte das fazendas e foram "tentar a vida" nas cidades; tentame aquele que consistia em:
aguardente aos litros, miséria, crimes, enfermidades e morte prematura.

Dois anos depois do decreto da lei, talvez metade do novo elemento livre havia já desaparecido! Os fazendeiros
dificilmente encontravam "meieiros" que das lavouras quisessem cuidar. Todos os serviços desorganizaram-se;
tão grande foi o descalabro social. A parte única de São Paulo que menos sofreu foi a que, antecipadamente,
havia já recebido alguma imigração estrangeira; O geral da Província perdeu quase toda a safra de café por falta
de colhedores!

A lei Áurea foi o coroamento da primeira mobilização nacional da opinião pública, na qual participaram políticos
e poetas, escravos, libertos, estudantes, jornalistas, advogados, intelectuais e operários.
Original do Diário Oficial de 14 de maio de 1888, com a lei 3353, abolindo a escravidão no Brasil.

Esse 13 de maio, (que já foi feriado nacional durante a República Velha), da princesa Isabel de
Bragança (filha do Imperador Dom Pedro II), que estudamos na escola primária é o 13 de maio
da doação da liberdade, e ressalta o apoio dado por muitos brancos da época à abolição da
escravatura.

Os militantes do atual movimento negro no Brasil evocam um outro 13 de maio, que vê a


abolição, em 13 de maio de 1888, como sendo um "golpe branco" visando frear o avanço da
população negra, na época, um minoria oprimida.

Num terceiro enfoque, o 13 de maio é visto como conquista popular. Nesse enfoque se devem
centrar os debates modernos, que encarem o problema negro como problema nacional. Todo o
processo da abolição no Brasil foi lento e ambíguo, pois, como afirma José Murilo de Carvalho:
"A sociedade estava marcada por valores de hierarquia, de desigualdade; marcada pela ausência
dos valores de liberdade e de participação; marcada pela ausência da cidadania", e mostra ainda
José Murilo que não eram apenas grandes fazendeiros que possuíam escravos. Diz ainda o
mesmo historiador:

Era uma sociedade em que a escravidão como prática, senão como valor, era amplamente aceita.
Possuíam escravos não só os barões do açúcar e do café. Possuíam-nos também os pequenos
fazendeiros de Minas Gerais, os pequenos comerciantes e burocratas das cidades, os padres
seculares e as ordens religiosas. Mais ainda: possuíam-nos os libertos. Negros e mulatos que
escapavam da escravidão compravam seu próprio escravo se para tal dispusessem de recursos. A
penetração do escravismo ia ainda mais a fundo: há casos registrados de escravos que possuíam
escravos. O escravismo penetrava na própria cabeça escrava. Se, é certo que ninguém no Brasil
queria ser escravo, é também certo que muitos aceitavam a ideia de possuir escravo.

Escreve ainda o mesmo autor, ao comentar a "carga de preconceitos que estruturam nossa
sociedade, bloqueiam a mobilidade, impedem a construção de uma nação democrática":
A batalha da abolição, como perceberam alguns abolicionistas, era uma batalha nacional. Esta
batalha continua hoje e é tarefa da nação. A luta dos negros, as vítimas mais diretas da
escravidão, pela plenitude da cidadania, deve ser vista como parte desta luta maior. Hoje, como
no século XIX, não há possibilidade de fugir para fora do sistema. Não há quilombo possível,
nem mesmo cultural. A luta é de todos e é dentro do monstro.
Zumbi dos Palmares

Zumbi dos Palmares

Zumbi dos Palmares (1655/1695) foi o líder do mais importante dos quilombos, o Quilombo dos
Palmares.
Era sobrinho do rei Ganga Zumba, foi alfabetizado pelo padre Antônio Melo, com quem
aprendeu latim, mas nunca aceitou a condição de escravo. Tinha seu mocambo na Serra da
Barriga, atual município de União dos Palmares (AL).

Resistiu à invasão da praça-forte do quilombo, tomada pelo bandeirante e capitão-do-mato


Domingos Jorge Velho em 1694 e retirou-se, para empreender ações de guerrilha. Traído, teve o
esconderijo descoberto e foi morto na atual Serra dos Dois Irmãos, em Viçosa (AL) em 1695.

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