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Sumário
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Sobre o acentuar da periferização portuguesa, no contexto europeu e ibérico, ver:
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/06/centro-e-periferias-na-europa-2.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/06/centro-e-periferias-3-portugal-uma.html
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Um bloqueio à entrada na Ponte 25 de Abril, no verão de 1994, que faz cair a
popularidade do governo de Cavaco; e que, por ironia, resultou de uma iniciativa de
militantes do PSD
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frágil – Fernando Nogueira3. O PS, dirigido por Guterres, ganha as
eleições desse ano, assegurando a sós, a posse do governo e essa
reminiscência monárquica chamada presidência da República.
3
Nogueira era um apagado controleiro do aparelho partidário. Como licenciado em
direito e ministro da Justiça mostrou-se tão apto nas suas funções que era
conhecido por… “senhor engenheiro”
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Entendemos apresentar uma reflexão sobre os deficits, nomeadamente,
atendendo à sua continuidade, à sua banalização, ao seu caráter estrutural que
tanto interessa às classes políticas e aos banqueiros. Os deficits correntes resultam
de um excesso de despesa sobre a receita e, têm como contrapartida um
endividamento. Ora, em capitalismo, quando se contrai um empréstimo, os
mutuantes exigem um juro e, portanto, a aplicação pelo mutuário, do capital
emprestado, terá de ser suficiente, não somente para garantir o reembolso do
capital emprestado como para pagar os juros correspondentes acordados.
Isso significa que é insano e estúpido o endividamento aplicado em algo que não
gera um rendimento, no mínimo, equivalente aos juros contratados; que é o habitual
em quem recorre a um empréstimo para comprar bens de consumo ou serviços,
como um automóvel para passear a família ou uma estadia em Cancun. O mesmo
não acontece num crédito para habitação própria que, em qualquer momento pode
ser vendida; não é um gasto corrente, é um investimento e o reembolso desse
empréstimo bem como o pagamento dos juros efetua-se num determinado lapso de
tempo. A comparação que se fará é feita face ao pagamento de um serviço de
arrendamento de um espaço; o que não é, obviamente, um investimento.
O deficit corrente não resulta de uma aplicação de capital mas da aquisição de bens
ou serviços, de um excedente da despesa sobre a receita que poderá ser
equiparado a um crédito para consumo. A dívida pública - ao contrário da dívida
privada, cujo titular é escrutinado com grande minúcia – é genérica, não tem uma
afetação específica, como deveria ter por respeito para com quem paga impostos; o
que revela que vivemos em regimes políticos não democráticos, mesmo que
regularmente organizem romarias eleitorais.
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cavaquista (1995), o PIB apresenta um crescimento nominal de 4.7
vezes e a dívida pública aumenta 5.9 vezes, com um concomitante
aumento do peso desta no total do PIB. Em 1995, a dívida pública
correspondia a 58.3% do PIB, muito próximo, portanto do máximo de
60% que viria a ser imposto pelo Pacto de Estabilidade e
Convergência (PEC), de 1997, para a entrada na moeda única da UE.
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Cerca de 20 anos depois, o nível de instrução em Portugal é o segundo mais baixo
da Europa, somente acima da Turquia
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/03/a-instrucao-e-o-modelo-economico-para-o.html
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No contexto europeu essa criatividade valia pouco, comparando com o evidente
incumprimento da Itália e da Bélgica, cujas enormes dívidas públicas superaram
largamente as obrigações contidas no PEC
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na construção do Parque das Nações, na Expo-98 e a demente deriva
de crédito para consumo.
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http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/07/portugal-deve-sair-do-euro-sim-ou-nao-1.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/08/portugal-deve-sair-do-euro-sim-ou-nao-2.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/09/a-nao-solucao-com-um-novo-escudo-1.html
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O deficit passa de 6.1% em 2004 para 2.9% em 2008 para se alçar a
cerca de 8% do PIB em 2009/10; a intervenção da troika provoca uma
redução para 4% logo em 2011 e, nos três anos seguintes, não
consegue melhorar esse resultado. Por seu turno, o PIB real cresce
no período 2005/8 e não mais voltou a atingir o valor de 2008; seja
com Sócrates, com Passos, dentro ou fora do programa da troika ou,
com Costa e a sua geringonça. Por sua vez, a dívida que era de €
101758 M em 2005, chega aos € 118463 M (2008) e já vai em €
174891 M no final do primeiro ano da intervenção da troika (2011). . .
e vem-se fixando em torno de € 245000 M nos últimos meses, até
julho do ano em curso.
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O custo da transferência do buraco negro BPN para a esfera estatal tem custado vários
milhares de milhões de euros. Em 2014, no seguimento da falência do BES, numa
concentração de protesto baseada na recusa do envolvimento de dinheiro público no apoio
ao gang BES/PT… um conhecido membro da constelação trotsko-estalinista apontou como
solução para o BES… a nacionalização! E, pior que isso, foi aclamado por muitos dos
presentes, evidenciando-se assim o caráter fóssil da dita “esquerda” portuguesa
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aumentou a idade da reforma, observou-se um decréscimo de 18%
das exportações em 2009, os PIN – Projetos de Interesse Nacional
incluem desastres como os da La Seda ou Pescanova e “não é difícil
que se vá manter a recessão bem para além de 2013, data a partir da
qual o PEC 4 (Programa de Estabilidade e Crescimento 2011-2014) -
é estritamente omisso” como referimos na ocasião.
Milhões de euros
2008 425.7 2012 387.9
2009 507.7 2013 315.1
2010 519.9 2014 294.4
2011 414.4
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representantes (?) dos trabalhadores, nem pelos chamados “partidos
de esquerda” que revelam assim, a sua aceitação deste roubo9.
Gráfico 1
Em 2010 era claro que havia fortes razões para Portugal se tornar
uma decadente periferia, num processo continuado de
empobrecimento. Dissemos então:
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Nos últimos anos, várias vezes colocámos esta questão, sempre silenciada pelo regime
pós-fascista:
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/07/a-divida-seguranca-social-o-longo.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/03/seguranca-social-os-rabos-de-fora-dos.html
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Custos do trabalho na Europa – espelho da exploração e das desigualdades
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/07/custos-do-trabalho-na-europa-espelho-da.html
Para uma breve história de uma soberania fictícia – 1 e 2
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/04/para-uma-breve-historia-de-uma.html
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A intervenção da troika, efetivou-se em Portugal, Grécia, Chipre e
Irlanda mas, não em Espanha e Itália; o que é revelador das
desigualdades políticas na UE e de que as suas instituições são
marcadamente oligárquicas (Comissão, BCE, Eurogrupo) ou
cosméticas (Parlamento Europeu). E que não acrescentam
democracia às estruturas políticas nacionais, antes pelo contrário,
incentivam, suportam e condicionam as classes políticas
nacionais no seu tradicional papel de garantir a boa ordem do
capital;
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/04/para-uma-breve-historia-de-uma.html
Dívida pública – Cancro não se trata com paracetamol
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/05/divida-publica-divida-publica-cancro.html
O projeto UE. Desvalorização interna, o euro e os novos Viriatos
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/08/o-projeto-ue-desvalorizacao-interna-o.html
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Onde também brilhou um gang criminoso cujo capo era um ministro de Passos Coelho,
Miguel Macedo
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eleições que se seguiram o BE teve uma enorme derrota (metade
dos votos de dois anos antes). Posteriormente, em 2013, a
mesma ala esquerda do regime, tudo fez para jugular toda e
qualquer contestação popular, mormente através de um diretório
denominado “Que Se Lixe a Troika”, controlado pelo BE/PCP.
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Citação de “Jogos de Poder”, Paulo Pena
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Pese embora a estupidez dessa segunda travessia do Tejo não contemplar
caminho-de-ferro, esse desprezado meio de transporte, face à rodovia, mais
adequada aos interesses das empresas de obras públicas e às burlas das parcerias
público-privadas
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a partir de 2011 quando Passos, como funcionário da troika aplica
com zelo as ordens recebidas. A relação entre os rendimentos do
trabalho e os das empresas e da propriedade estabiliza numa
proporção muito próxima de 2:1 no período 1997/2011, regredindo
depois para 1,8:1 até 2015 e melhorando depois, atingindo 1,92:1 em
2017.
Gráfico 2
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Remun. trabalho 3,2 -0,2 1,4 -3,9 -7,7 1,3 0,4 2,9 4,1 4,6
Rend. capital 5,2 -4,2 2,8 -3,9 1,2 2,5 1,0 2,8 2,2 0,2
Pib 1,9 -1,9 2,6 -2,1 -4,4 1,1 1,7 3,9 3,2 4,1
Inflação 2,6 -0,8 1,4 3,7 2,8 0,3 -0,3 0,5 0,6 1,4
Chave de interpretação
Remun. do trabalho Remun. do Rend. do capital Remun. do trabalho
> Rend. do capital trabalho > PIB > PIB > Inflação
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Em todo o consulado de Guterres o crescimento dos rendimentos
do trabalho supera o dos proventos do capital. Isso só voltará a
acontecer em apenas um dos anos de Sócrates como chefe do
governo (2009), quando a crise começa a revelar-se, bem como
no último ano de Passos (2015) e nos dois últimos anos, com
Costa;
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Alargando a análise ao conjunto dos 40 anos decorridos até 2017 -
gráfico 4 – observa-se a grande deterioração da parcela de
rendimento afeto ao mundo do trabalho, desde tempos próximos do
período de mudança de regime (1977) até à grande crise de 1983/85.
O período que se seguiu, de vigência do cavaquismo é marcado pelo
início da chegada dos fundos comunitários e isso permite que a
relação entre os rendimentos do trabalho e do capital se desenvolva,
de modo favorável aos primeiros, ainda que com alguns solavancos
até 1993/95, quando uma nova crise deixa o indicador ao nível do
observado em 1983. A euforia do governo Guterres é bem clara
durante a sua vigência (1995/2001); no entanto, o ratio entre os
rendimentos do trabalho e os do capital, situam-no ao nível registado
em 1980/81 e… nunca mais foram atingidos até hoje.
Gráfico 4
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Viu-se atrás que o grande decréscimo do indicador rendimentos do
trabalho/rendimentos do capital (Gráfico 4) termina em 1984 com
alguma posterior recuperação do peso dos rendimentos do trabalho
até 1991. Porém, nesse período, a população empregada cresce mais
de 27% (cerca de um milhão de pessoas, Gráfico 5) e esse grande
aumento não tem um reflexo equiparado na relação entre os dois
tipos de rendimentos. A evolução apontada pode ser explicada pelos
enormes crescimentos dos rendimentos do capital em 1977/84, um
tempo de recuperação do modelo de acumulação, perturbado pela
contestação social que se seguiu ao 25 de Abril, conforme
explicitámos na segunda parte deste trabalho. E, também se explica
pelo facto de tão grande aumento de trabalhadores ter tido um
impacto menos do que proporcional no volume de rendimentos afetos
aos trabalhadores, cuja evolução se situou muito aquém das taxas de
inflação, em 1977/84.
Gráfico 5
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Em 1994/2002 a população empregada cresce cerca de 700000
pessoas atingindo o mais elevado nível dos últimos 40 anos; e isso
traduz-se num aumento das remunerações do trabalho acima do
observado para os rendimentos do capital (gráfico 4). Posteriormente,
observa-se uma tendência para a redução do ratio, isto é para uma
redução da importância dos rendimentos do trabalho face aos da
empresa e da propriedade, com um interregno em 2008/11, a que se
segue uma nova perda que coloca o indicador ao nível do observado
vinte anos atrás. Nos dois últimos anos o indicador melhora um pouco
mas mantêm-se ainda a um nível semelhante ao dos finais dos anos
noventa.
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3 – Um empobrecimento quase contínuo no plano europeu
Tabela 1
2004 - Média UE-28 – 10 620.5
Bulgária Roménia Letónia Polónia Lituânia Eslováquia Estónia
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2004 - 3.3 vezes 2011 – 2.2 vezes 2017 – 1.5 vezes
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http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/09/uniao-dos-povos-da-europa-ou-o.html
(português)
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/08/union-of-european-peoples-or.html (inglês)
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embora a penetração dos capitais alemães já fosse significativa na
Checoslováquia, por exemplo. E, poucos anos depois, o
desmantelamento da Jugoslávia acrescenta mais uns quantos países
aos anteriores, ainda que através de guerras brutais animadas por um
curioso triunvirato – EUA (Clinton), Alemanha e Vaticano – com a
NATO a estrear-se, como efetiva máquina de guerra e a mostrar que
afinal tinha préstimo no pós-guerra fria.
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liberalização do comércio e do acentuar do papel da Ásia Oriental na
produção têxtil.
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https://grazia-tanta.blogspot.pt/2018/02/os-dez-anos-de-crise-ganhadores-e.html (português)
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2018/04/the-ten-years-of-crisis-winners-and.html (inglês)
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Os capítulos anteriores deste texto encontram-se aqui:
https://grazia-tanta.blogspot.com/2018/07/a-longa-marcha-das-desigualdades-1-o.html
https://grazia-tanta.blogspot.com/2018/08/a-longa-marcha-das-desigualdades-2-da.html
http://grazia-tanta.blogspot.com/
https://pt.scribd.com/uploads
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