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Novas demandas para as empresas de

projeto de edifícios
New demands for building design firms

Nathália de Paula
Mônica Emiko Uechi
Silvio Burrattino Melhado
Resumo
esempenho, sustentabilidade ambiental de edifícios e BIM (Building

D Information Modeling) são assuntos em evidência no subsetor


Edificações. A proposta deste artigo é analisar as características e o
posicionamento de um grupo de sete empresas de projeto de edifícios
da cidade de São Paulo, participantes de um programa dedicado ao
desenvolvimento gerencial de empresas de projeto, diante das novas demandas de
desempenho, sustentabilidade ambiental e BIM, em sua interação com o mercado
e clientes. O trabalho de pesquisa foi realizado em duas fases. A Fase 1 teve como
objetivo verificar se as demandas estavam sendo consideradas pelas empresas, e
intervir para evidenciar a importância de considerá-las estrategicamente, na busca
de sua preparação para atender ao mercado. O método de pesquisa utilizado nessa
fase foi a pesquisa-ação. A Fase 2 de pesquisa consistiu na aplicação de um
questionário, via correio eletrônico, para realizar uma verificação pós-intervenção
dos pesquisadores sobre o posicionamento das empresas em relação a essas
demandas. Apesar de reconhecer os pontos a trabalhar referentes às demandas,
parte das empresas insiste em uma postura passiva diante delas. Recomenda-se que
todas as empresas trabalhem seu planejamento estratégico e definam sua atuação,
considerando seus pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades. Recomenda-se
ainda que as empresas analisem se estão preparadas para atender às demandas e
verifiquem a necessidade de alteração de seus processos, capacitação, treinamento
interno e equipamentos, além de parcerias com os clientes.
Palavras-chave: Normas de desempenho. Sustentabilidade ambiental. Modelagem da
informação da construção. Gestão. Empresas de projeto.

Abstract
Performance, environmental sustainability of buildings and BIM (Building
Information Modeling) are topics in evidence in the Buildings subsector. Our aim
is to analyze the characteristics and positioning of a group of seven building
design firms in São Paulo city, participating in a management development
program for design firms, regarding the new demands for performance,
environmental sustainability and BIM, in their interaction with the market and
clients. The research was conducted in two phases. Phase 1 aimed to verify if the
demands were being considered by firms and to act in order to highlight the
Nathália de Paula
Universidade de São Paulo
importance of considering them strategically in their preparation to meet the
São Paulo – SP – Brasil market. The research method used in this phase was the action research. Phase 2
consisted in the application of a questionnaire via webmail to carry out a post
Mônica Emiko Uechi
intervention analysis by researchers about the firms positioning in relation to these
Universidade de São Paulo demands. Despite the recognizing the work points related to the demands, some
São Paulo – SP - Brasil firms persist in a passive behavior regarding them. We recommended that firms
work their strategic planning and define their core business, considering their
Silvio Burrattino Melhado
strengths and weaknesses, threats and opportunities. Also, it is recommended that
Universidade de São Paulo firms assess whether they are prepared to meet the demands and verify the need of
São Paulo – SP - Brasil change in their processes, staff qualification, internal training and equipment, as
well as partnership with clients.
Recebido em 15/04/13 Keywords: Performance standards. Environmental sustainability. Building information
Aceito em 17/09/13 modelling. Management. Design firms.

DE PAULA, N.; UECHI, M. E.; MELHADO, S. B. Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios. Ambiente 137
Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.
ISSN 1678-8621 Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Introdução
Desempenho, sustentabilidade ambiental de Segundo o CBIC (CÂMARA..., 2013), os
edifícios e BIM (Building Information Modeling) projetistas devem estabelecer e indicar nos
são assuntos em evidência no subsetor Edificações. respectivos memoriais e desenhos a vida útil de
A norma NBR 15575 Edificações Habitacionais – projeto (VUP) de cada sistema que compõe a obra,
Desempenho (ABNT, 2013) entrou em vigor especificando materiais, produtos e processos que
recentemente no Brasil; edifícios com exigências isoladamente ou em conjunto venham a atender ao
sustentáveis são cada vez mais frequentes no desempenho requerido. Para que a VUP possa ser
mercado; e o BIM tem sido apontado como a atingida, o projetista deve recorrer às boas práticas
grande solução aos agentes, que permite o trabalho de projeto, às disposições de normas técnicas
integrado, a fácil identificação de prescritivas, ao desempenho demonstrado pelos
incompatibilidades entre as disciplinas de projeto, fabricantes dos produtos contemplados no projeto
a simulação ambiental do edifício, a extração de e a outros recursos do estado da arte mais atual
quantitativos, etc. (CÂMARA..., 2013).
As entidades de classe estão reconhecendo a Conforme o CBIC (CÂMARA..., 2013), quando as
importância desses assuntos. Recentemente, os normas específicas de produtos não caracterizarem
Manuais de Escopo para Contratação de Projetos e desempenho, quando não existirem normas
Serviços para a Indústria Imobiliária (SECOVI, específicas ou quando o fabricante não tiver
2013) foram revisados e passaram a mencionar publicado o desempenho de seu produto, compete
esses aspectos. O RIBA (Royal Institute of British ao projetista solicitar informações ao fabricante
Architects) realizou revisões em seu Plan of Work para balizar as decisões de especificação. Quando
de 2007, incorporando sustentabilidade em 2011 e valores de VUP maiores que os mínimos
BIM em 2012. Em 2013, o Instituto reformulou o estabelecidos na norma forem considerados, esses
plano e reviu seus estágios de trabalho. O Plan of valores deverão constar dos projetos e/ou
Work é um documento de referência para os memorial de cálculo (CÂMARA..., 2013).
agentes envolvidos nos processos de concepção,
Neste artigo, entende-se que a gestão das empresas
projeto, construção do edifício e pós-ocupação
de projeto pode auxiliar em sua preparação para
(ROYAL..., 2013).
atender à norma de desempenho, pois essa
A tendência atual é a de que os projetos de preparação envolve seus diversos processos:
edifícios sejam concebidos com enfoque em
(a) planejamento estratégico, considerando que a
desempenho, o que significa considerar os
discussão da norma não é nova e deveria estar
requisitos de desempenho desde a fase de
inserida no planejamento;
concepção, nas definições das exigências do
programa de necessidades. Cada vez mais a prática (b) gestão de pessoas, pela necessidade de
de projetar com enfoque em desempenho deve ser capacitação; e
incorporada ao processo de projeto, principalmente (c) gestão financeira, pelo investimento em
em razão das crescentes preocupações com capacitação, softwares e equipamentos, entre
durabilidade e sustentabilidade (OLIVEIRA; outros.
MITIDIERI FILHO, 2012).
Assim como desempenho, a sustentabilidade
No que se refere ao desenvolvimento de projetos, ambiental de edifícios também se configura em
os agentes – projetistas, consultores, construtores e uma demanda de mercado. Como resultado
fornecedores – terão de modificar suas práticas principalmente de processos de certificação
atuais (OLIVEIRA; MITIDIERI FILHO, 2012). ambiental, novos requisitos passam a compor os
De acordo com Trinius e Sjöström (2005), os parâmetros técnicos exigíveis de cada disciplina de
projetistas deverão garantir que o projeto, projeto, inclusive pela presença de novos agentes
considerando os produtos e os componentes no processo de projeto, tais como os consultores
escolhidos, atenda aos requisitos de desempenho, ambientais e os especialistas em diversas áreas
diferentemente de quando se trabalha com (MELHADO, 2012; DE PAULA; MELHADO,
requisitos prescritivos. 2012).
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção A produção de edifícios sustentáveis requer:
lançou um guia orientativo para atendimento à
norma de desempenho (ABNT, 2013), que contém (a) a introdução de novos métodos e ferramentas
um resumo das incumbências dos projetistas, para a avaliação de edifícios, com abordagem do
referentes às ações que visam atingir e manter os edifício como um todo e melhor entendimento
níveis de desempenho dos edifícios pretendidos. sobre a interação de componentes e seu
desempenho geral;

138 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


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(b) o uso de novos materiais e novas soluções trabalhados para que a evolução ocorra de um
técnicas; estágio para o outro. O volume e a complexidade
das mudanças identificadas nos estágios BIM,
(c) a integração de novos agentes;
tanto organizacionais como industriais, são
(d) melhor arranjo e interação de incorporadores, transformacionais e não podem ser implementadas
projetistas e construtoras; sem uma evolução incremental (SUCCAR, 2009).
(e) novas competências e entendimento sobre Analisando os pontos a serem trabalhados,
construção sustentável por agentes envolvidos; e apresentados pelo autor, observa-se que muitos
deles possuem relação com a gestão das empresas,
(f) novos procedimentos, tais como caminhos envolvem seus diversos processos: gestão
para a certificação ambiental e controle da financeira, pelo investimento em software e
qualidade (REKOLA; MÄKELÄINEN; hardware; gestão de pessoas, pela capacitação;
HÄKKINEN, 2012). gestão do processo de projeto, pelas mudanças nas
Para Salgado, Chatelet e Fernandez (2012), práticas de projeto; planejamento estratégico, pela
mudanças na organização e gestão do processo de necessidade de acompanhamento da evolução do
projeto são necessárias a fim de atender aos BIM, entre outros.
requisitos de desempenho ambiental do edifício, e Muitos autores (OLATUNJI, 2011;
sua melhoria depende do estabelecimento de um KHOSROWSHAHI; ARAYICI, 2012; GU;
sistema de gestão que auxilie os profissionais a LONDON, 2010; ARAYICI et al., 2011)
lidar com esses requisitos. Segundo os mesmos discorrem sobre os aspectos não técnicos e
autores, as condicionantes da produção de edifícios técnicos relacionados à implementação do BIM:
que considerem os princípios da qualidade definição de objetivos, custos, cultura
ambiental podem ser divididas em técnicas e organizacional, gestão da informação, processo de
organizacionais. As técnicas se relacionam à projeto, práticas de trabalho, software, hardware,
qualidade ambiental do produto edifício em todo treinamentos, projeto piloto, gestão do
seu ciclo de vida, traduzida pelas soluções de conhecimento, entre outros. Entretanto, esses
projeto. Já as organizacionais se relacionam às autores não fazem uma clara relação desses
práticas adotadas no dia a dia das empresas, que aspectos com a gestão das empresas.
precisam ser analisadas e adaptadas, para que os
profissionais possam atender positivamente às O potencial do relacionamento entre BIM e
demandas do projeto integrado – fundamental para sustentabilidade ambiental deve ser destacado
a construção sustentável. (PARK et al. 2012; AZHAR et al., 2011).
Conforme Bynum, Issa e Olbina (2013), devido ao
Somando-se ao desempenho e à sustentabilidade aumento anual da demanda pela adoção do
ambiental de edifícios, o conceito BIM é conceito BIM e incorporação dos requisitos de
considerado uma demanda de mercado. Segundo sustentabilidade, o desenvolvimento de
Eastman et al. (2008, p. 13), BIM é “[...] uma plataformas mais sofisticadas e robustas se mostra
tecnologia de modelagem e um grupo associado de necessário. Medidas sustentáveis devem ser
processos para produção, comunicação e análise aprimoradas a fim de melhorar os resultados dos
do modelo de construção [...]”. edifícios em relação a suas metas ambientais. O
O compartilhamento de informações de projeto por BIM deve evoluir para integrar as análises
meio de um modelo digital traz restrições ambientais e melhorar a interoperabilidade. O
adicionais para cada agente participante da equipe avanço da tecnologia auxiliará a sustentabilidade e
de projeto. Para isso, os projetistas devem rever o BIM no estabelecimento de padrões de
sua organização interna para trabalhar sobre uma excelência no futuro. No entanto, o setor e os
mesma estrutura de dados do projeto, de uma empreendedores devem estar dispostos a
forma transversal, utilizando a mesma metodologia implementar essas ferramentas de desempenho em
e trabalhando com elementos compartilhados: suas práticas. Além disso, as partes interessadas
elementos topográficos, de arquitetura, devem estar dispostas a cooperar uma com a outra,
especificações de materiais, dados de custos, de modo a empregar um esforço colaborativo na
elementos estruturais, projeto do canteiro de obras, produção de edifícios sustentáveis.
etc. (FERRIES, 2009). A modelagem do projeto é Segundo Melhado (2012, p. 105),
desenvolvida progressivamente, permitindo
visualizar o avanço ou alterações de projeto
(FERRIES, 2009).
Succar (2009) define os estágios de evolução da
implementação do BIM e os pontos a serem

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em seu ‘mundo único’, os projetistas muitas investigação do ambiente interno resulta em uma
vezes se mostram fortemente reativos às visão geral de seus pontos fortes e fracos
necessidades de melhoria da gestão. Até (HOUBE; LENIE; VANHOOF, 1999). As técnicas
certo ponto, mas não abertamente, esses utilizadas se mostram interessantes para trabalhar
profissionais questionam a real demandas de mercado, porém os referidos autores
necessidade de se fazer gestão, mesmo se citam a estrutura das empresas, mas não fazem a
essa necessidade for perceptível em sua relação clara entre gestão e demandas.
própria prática diária. Outro perfil típico É nesse contexto que o presente trabalho se insere:
do profissional de projeto pode ser
considerando a estrutura gerencial das empresas de
denominado gestor ‘autodidata’,
projeto de edifícios, questiona como elas estão se
representado pela adoção de métodos por
posicionando diante das novas demandas de
vezes ineficientes e controles muito mercado. As contribuições do artigo são:
burocráticos.
(a) a descrição do posicionamento e a percepção
As empresas de projeto possuem uma série de
de um grupo de empresas em relação às demandas;
deficiências em suas práticas de gestão. Souza
(2009) aponta as seguintes: (b) a identificação de fatores que influenciam o
posicionamento dessas empresas; e
(a) inexistência de visão e planejamento
estratégico; (c) a análise de sua influência.
(b) produtos e serviços não formalizados e Desse modo, a proposta deste artigo é analisar as
divulgados, dentro e fora da empresa; características e o posicionamento de um grupo de
sete empresas de projeto de edifícios da cidade de
(c) centralização de decisões e de
São Paulo, participantes de um programa dedicado
responsabilidades; ao desenvolvimento gerencial de empresas de
(d) inexistência de um fluxo de trabalho projeto, ante as novas demandas de desempenho,
organizado e ferramentas para controle, análise sustentabilidade ambiental de edifícios e BIM, em
crítica e retroalimentação do processo de projeto; sua interação com o mercado e clientes.
(e) inexistência de um fluxo de informações, O foco deste trabalho não é a implementação de
ferramentas para controle e retroalimentação dos modelos de gestão. Porém, considerações gerais
processos gerenciais; sobre esse assunto e a estrutura de gestão das
empresas de projeto são realizadas no âmbito do
(f) desorganização das finanças (controle de
despesas e receitas por projeto, de despesas gerais programa de desenvolvimento gerencial, devido à
da empresa, planos de investimento, etc.); relação entre a gestão e as demandas. As empresas
estudadas atuam em um contexto específico, que é
(g) inexistência de planos de ação e controles o da cidade de São Paulo. Entretanto, esse artigo se
voltados para a gestão de pessoas; e configura como uma referência para a investigação
(h) desorganização do processo comercial. de como as empresas de outras regiões estão se
posicionando diante dessas demandas.
Internacionalmente, o trabalho de Zhao et al.
(2012) – que apresenta exemplos de estratégias
para as empresas de projeto estrangeiras Metodologia de pesquisa
melhorarem sua competitividade na China – deve O trabalho de pesquisa foi realizado em duas fases,
ser mencionado. Esses autores utilizaram o conforme apresenta a Figura 1, as quais são
Modelo Diamante de Porter e a análise SWOT 1 detalhadas a seguir. A Fase 1 teve como objetivo
(Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) verificar se as demandas de desempenho,
para definir as estratégias. O Modelo Diamante de sustentabilidade ambiental e modelagem da
Porter é uma técnica para identificar os fatores que informação da construção estavam sendo
a empresa deve considerar na operação do negócio consideradas pelas empresas, e intervir para
e as interações entre esses fatores com sua evidenciar a importância de considerá-las
estrutura organizacional, a concorrência externa e estrategicamente, na busca de sua preparação para
as decisões estratégias (ZHAO et al., 2012). A atender ao mercado. O objetivo da Fase 2 de
análise SWOT contempla as análises ambiental, ou pesquisa foi realizar uma verificação pós-
externa, e interna à empresa. A investigação do intervenção dos pesquisadores sobre o
ambiente externo resulta em uma visão geral das posicionamento das empresas em relação a essas
oportunidades e ameaças para a empresa, e a demandas.

1
Sobre a aplicação da análise SWOT em uma empresa de projeto
brasileira, consultar Novaski et al. (2012).

140 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


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Fase 1 da pesquisa - trabalho referente as empresas de projeto do setor da construção


às demandas de mercado com as civil.
empresas de projeto O modelo trabalhado no PDGEP é o modelo de
gestão para pequenas empresas de projeto de
A Fase 1 da pesquisa ocorreu no contexto da edifícios proposto por Oliveira (2005), composto
quinta edição do Programa de Desenvolvimento dos seguintes módulos: estrutura organizacional,
Gerencial para Empresas de Projeto (PDGEP), planejamento estratégico, planejamento e controle
conforme a Figura 1. do processo de projeto, gestão financeira, gestão
comercial e marketing, sistema de informação,
Programa de desenvolvimento gerencial gestão de pessoas e serviços agregados ao projeto e
para empresas de projeto avaliação de desempenho (Figura 2).
O PDGEP, também conhecido como Soluções para Cada um dos módulos de gestão é descrito no
Empresas de Projeto, é uma iniciativa da Linha de Quadro 1, por meio do detalhamento de seus
Pesquisa em Gestão de Projetos, do Departamento objetivos no contexto da implementação do
de Engenharia de Construção Civil da Escola modelo em empresas de projeto.
Politécnica da USP. O programa surgiu da
constatação de que os egressos das faculdades de Sistemática de trabalho empregada no
engenharia e arquitetura que criam empresas ou PDGEP 5
mesmo empresários com anos de atuação têm
dificuldades para administrá-las. O método de pesquisa utilizado no PDGEP foi a
pesquisa-ação. Thiollent (2004, p. 14) define
Iniciou-se esse programa em 2006, com o objetivo pesquisa-ação como
de promover o desenvolvimento gerencial das
empresas de projeto, por meio da implementação [...] um tipo de pesquisa social com base
de um modelo de gestão. Foram realizadas cinco empírica que é concebida e realizada em
edições, em 2006, 2007, 2008, 2010 e 2011. O estreita associação com uma ação ou com a
fechamento de cada grupo de trabalho ocorreu por resolução de um problema coletivo e no
meio de um evento, cujos objetivos foram qual os pesquisadores e os participantes
apresentar os resultados de desenvolvimento representativos da situação ou do problema
gerencial das empresas participantes e possibilitar estão envolvidos de modo cooperativo ou
a discussão de assuntos de interesse comum para participativo [...].

Figura 1 - Metodologia de pesquisa

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Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Figura 2 - Modelo de gestão para pequenas empresas de projeto

Fonte: adaptada de Oliveira (2005).

Quadro 1 - Descrição dos módulos de gestão


Módulo de
Objetivos no contexto da implementação do modelo
Gestão
Deve-se analisar como a estrutura da empresa permite a execução de suas estratégias e a
Estrutura
realização de seu trabalho. Além disso, deve-se considerar como a estrutura se harmoniza
organizacional
com os indivíduos que ali trabalham e qual é o impacto sobre suas atividades.
Permite conhecer e melhor utilizar os pontos fortes da empresa; conhecer, eliminar ou
Planejamento
adequar seus pontos fracos; conhecer e aproveitar as oportunidades externas, assim como
estratégico
evitar as ameaças; criar uma agenda para objetivos e metas da empresa.
A elaboração de instrumentos para planejamento e controle do processo de projeto traz
Planejamento e
consideráveis benefícios ao processo de avaliação final do projeto, tanto em relação aos
controle do
aspectos técnicos quanto com relação aos aspectos de gestão. Os dados advindos desses
processo de
instrumentos possibilitam o estabelecimento de diretrizes para o aprimoramento dos novos
projeto
projetos, por meio da comparação entre as atividades previstas e as realmente realizadas.
Gestão Instrumentos simplificados para organização e controle das receitas, dos custos fixos e dos
financeira custos diretos da pequena empresa de projetos de edifícios devem ser desenvolvidos.
Estratégias e ferramentas de marketing devem ser definidas com o objetivo de fazer com
Gestão que o cliente perceba que o serviço “projeto” é parte indissociável do produto edifício, de
comercial e modo a criar a sensação de necessidade desse serviço. Além disso, um método para
marketing precificação dos projetos deve ser estabelecido, e as propostas técnico-comerciais devem
ser elaboradas.
Mecanismos simples e consistentes para emissão, recebimento e armazenagem das
Sistema de informações necessárias para o processo de projeto e para a gestão da empresa de projeto
informação devem ser criados, de modo a facilitar a disponibilidade e a quantidade da informação no
momento certo.
Procedimentos simples e básicos para a contratação de colaboradores, educação
continuada e treinamento devem ser propostos, bem como para a organização das
Gestão de
terceirizações, com enfoque para o aperfeiçoamento tecnológico dos profissionais,
pessoas
melhoria do clima organizacional e garantia de melhor qualidade dos projetos realizados
pela empresa.
Serviços Práticas devem ser estabelecidas com o objetivo de criar uma linha direta de comunicação
agregados ao com o cliente e usuários do projeto (contratante, obra e usuário da edificação), de modo a
projeto aperfeiçoar continuamente o processo de projeto.
Avaliação de Uma sistemática para avaliação do desempenho dos projetos desenvolvidos pela empresa e
desempenho avaliação do desempenho de seu sistema de gestão devem ser propostas.

142 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


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O método foi escolhido em função das (d) solicitados diagnósticos para verificar o
peculiaridades do programa no qual a pesquisa estágio dos módulos de gestão nas empresas e a
estava inserida, que proporcionava uma ampla consideração das demandas de mercado. A partir
interação entre os pesquisadores e as empresas desses diagnósticos, as necessidades gerenciais
envolvidas voluntariamente – os pesquisadores foram levantadas (item iii da Figura 3);
tiveram a oportunidade de se aproximar da
(e) solicitadas tarefas, baseadas em Souza (2009),
realidade dos pesquisados. Outro aspecto relevante para promover a aplicação dos conceitos de gestão
na escolha do método relaciona-se ao fato de que o e o trabalho com as demandas, ambos discutidos
objeto de investigação não é constituído somente
nas reuniões (item iv da Figura 3); e
pelas empresas, mas pelo contexto em que estão
inseridas e pelos problemas de diferentes naturezas (f) apresentadas as lições aprendidas pelas
encontrados. empresas, possibilitando a compreensão de suas
dificuldades e benefícios referentes aos módulos
Como já mencionado, a Fase 1 da pesquisa ocorreu
de gestão (item v da Figura 3).
no contexto da quinta edição do PDGEP, ou
“Soluções 5”, a qual teve início em maio de 2011 e Os diagnósticos e as tarefas foram desenvolvidos
finalização em novembro de 2012, com o evento no dia a dia de cada empresa, resultando em
“V Seminário sobre Soluções de Gestão para alterações e desenvolvimento de sua estrutura de
Empresas de Projeto: A Gestão de Empresas em gestão – as tarefas foram apresentadas pelas
Tempos de Crescimento”. A Figura 3 apresenta a empresas nas reuniões mensais. As empresas
sistemática de trabalho utilizada no programa. contaram com o auxílio de um colaborador
dedicado à implementação do modelo de gestão.
A rotina do “Soluções 5” foi composta de reuniões Esse colaborador atuava tanto na empresa como no
mensais com as empresas de projeto. Durante as
grupo de pesquisa de gestão e era responsável por
reuniões, foram:
elaborar relatórios sobre o andamento do trabalho.
(a) realizadas apresentações referentes aos Adicionalmente, foram realizadas visitas às
módulos de gestão, promovendo a discussão sobre empresas (item vi da Figura 3) pela coordenadora
os conceitos implícitos no modelo de Oliveira
do PDGEP, coautora deste artigo, e uma aluna de
(2005) (item i da Figura 3);
Iniciação Científica. Tais visitas consistiram em
(b) realizadas dinâmicas em grupo a fim de reuniões com o objetivo de analisar a evolução das
estimular a troca de experiências entre as empresas empresas em relação aos módulos trabalhados,
nas reuniões (item i da Figura 3); além de constatar problemas de gestão, de modo a
buscar maneiras de resolvê-los, resultando em um
(c) realizadas palestras com especialistas do
plano de ação para cada empresa.
mercado sobre as demandas atuais – desempenho
de edifícios, sustentabilidade ambiental de
edifícios e BIM (item ii da Figura 3);

Figura 3 - Sistemática de trabalho do PDGEP 5

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Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Dois dos autores deste artigo atuaram como longo período que possibilitou conhecer e observar
coordenadores do programa. Um, com participação as empresas profundamente. Por estarem
geral, realizou as apresentações dos módulos de acostumados com os questionários do PDGEP,
gestão e orientou as empresas durante as reuniões, terem simpatia pelo programa e conhecerem os
contribuindo com sua experiência; outro, com pesquisadores, os titulares e diretores responderam
participação em todos os assuntos do programa, ao questionário, Fase 2 da pesquisa, com afinco e
desde a organização das reuniões, comunicação rapidez, o que permitiu uma boa coleta de dados.
com as empresas, preparação de todo o material A análise das características e do posicionamento
utilizado, orientação dos colaboradores, visita às
das empresas ante as demandas de mercado foi
empresas até a gestão dos arquivos em um
realizada com base em múltiplas evidências,
ambiente colaborativo. Um dos autores atuou
considerando: o comportamento das empresas
como colaborador em uma das empresas e no durante o PDGEP 5; as similaridades e as
grupo de pesquisa, auxiliando os coordenadores e diferenças entre as empresas, percebidas pelos
os outros colaboradores.
pesquisadores; os tipos de clientes atendidos pelas
O método de pesquisa se mostrou consistente, já empresas, os quais demandam ou não
que está construído em um ciclo que inclui desempenho, sustentabilidade ambiental e BIM
diagnóstico (o que existe na empresa), trabalho do (Figura 1). Essa análise permitiu identificar os
módulo ou demanda e lições aprendidas. Diversas fatores influentes no posicionamento adotado pelas
são as fontes de dados: empresas:
(a) diagnósticos, um por módulo, total de 12; (a) tipo de cliente atendido, se ele demanda
(b) tarefas, uma por módulo, total de 12; desempenho, sustentabilidade ambiental e/ou BIM
ou não;
(c) visitas, duas por empresa, realizadas no meio e
(b) características, se a empresa é inovadora e
no final do programa, total de 14;
dinâmica (promove mudanças e procura se
(d) relatórios dos colaboradores de gestão, um por atualizar por observação do mercado e/ou
módulo, total de 12; e motivação própria), ou conversadora e lenta (evita
(e) lições aprendidas, apresentadas no meio e no mudanças e atualizações, esperando forças
final do programa, total de 14 apresentações. externas para verificar a possibilidade de
ocorrerem) diante das demandas;
Entre reuniões com as empresas e os
colaboradores, visitas e preparação de material, (c) percepção e/ou entendimento sobre as
150 h de trabalho foram investidas. demandas, se a empresa observa o mercado,
percebe tendências e as entende;
Fase 2 da pesquisa – Posicionamento das (d) posicionamento em face das demandas, se a
empresas de projeto em relação às empresa traça estratégias e/ou promove ações para
considerar as demandas em seus projetos;
demandas de mercado
(e) especialidade de projeto desenvolvida, se a
A Fase 2 de pesquisa consistiu em aplicação de um empresa tem um trabalho abrangente (arquitetura)
questionário, via correio eletrônico, para realizar ou focado (esquadrias, ar condicionado, etc.); e
uma verificação pós-intervenção dos pesquisadores
sobre o posicionamento das empresas em relação (f) estrutura de gestão, se permite que a empresa
às demandas de mercado (Figura 1). trabalhe as demandas atuais.
Para compor o questionário aplicado após a O Quadro 8 apresenta a análise da influência
pesquisa-ação, em março de 2013, questões abertas desses fatores no posicionamento das empresas.
sobre as demandas, contidas no material da Fase 1,
foram selecionadas em alinhamento com o Novas demandas para as
objetivo do artigo, ou seja, buscando entender a
postura das empresas diante das demandas. As
empresas de projeto de
questões podem ser verificadas nos Quadros 4, 5, 6 edifícios
e 7; foi aplicado um questionário por empresa, que
foi respondido por seu titular ou diretor. Características das empresas
Sete empresas de projeto da cidade de São Paulo
Análise de dados foram estudadas, as quais estão caracterizadas no
Quadro 2. Três das empresas (empresas A, B e C)
A pesquisa-ação, Fase 1 da pesquisa, teve duração
apresentam uma posição relevante no mercado de
de um ano e meio, ou seja, foi um trabalho de
projetos, o que se comprova pelo grande número

144 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

de projetos realizados, características dos clientes, o de gestor da empresa. Esses papéis não estavam
que incluem grandes empresas, e também pelos muito claros para alguns participantes. Destacou-se
aspectos inovadores dos projetos das edificações a importância de gerir o escritório como uma
em que estão envolvidos. As empresas trabalham empresa que possui diversos processos, muitas
com diferentes especialidades de projeto, o que vezes com relação direta pouco perceptível à
não impediu a realização de análises e atividade principal do projetista, que é desenvolver
comparações, uma vez que o foco do artigo está projetos.
em suas estruturas de gestão e em como lidam com O segundo módulo, gestão de pessoas, foi aquele
as demandas de desempenho, sustentabilidade e
em que um maior número de ferramentas de gestão
BIM.
foi criado pelas empresas, manifestando a
dificuldade nesse módulo e sua importância para
Participação das empresas no PDGEP 5 os participantes. As ferramentas criadas se referem
Considerações gerais sobre a à seleção de pessoas, pesquisa de clima
implementação do modelo de Oliveira organizacional, avaliação de colaboradores, etc.
(2005) No que se refere ao módulo de gestão comercial e
marketing, algumas empresas se mostraram
O grupo de empresas do PDGEP 5 apresentou
satisfeitas com seu modo de divulgação, seja por
diversidade em relação a seus nichos de mercado,
meio de websites, portfólio ou revistas; e também
especialidades técnicas e tempo de atuação no
com suas propostas técnico-comerciais, estudadas
mercado (Quadro 2). Entretanto, apesar dessas
e remodeladas. Outras empresas estão trabalhando
diferenças, os problemas de gestão eram, em
de forma a evoluir no que diz respeito a sua gestão
grande parte, os mesmos.
comercial, com a criação de ferramentas e
Ao início do programa, foram apresentados os processos que as ajudarão a atrair mais clientes e
módulos de planejamento estratégico e estrutura atendê-los melhor em suas necessidades.
organizacional. Verificou-se que nenhuma das
Em relação ao módulo de gestão financeira,
empresas possuía um planejamento estratégico
percebeu-se grande preocupação com controle das
formalizado e colocado em prática, então elas
horas despendidas ao desenvolvimento projeto, ou
foram estimuladas a criá-lo. Do mesmo modo, foi
seja, com seu custo e a produtividade de seus
ressaltada a importância de se formalizar a
colaboradores. A maioria das empresas não tem
estrutura organizacional de cada empresa,
controle financeiro adequado, pois os orçamentos
atribuindo funções a seus respectivos cargos e
de seus projetos são feitos apenas com base no
explicitando os papéis de todos os colaboradores.
preço do mercado. As poucas que apresentam uma
Todas as empresas apresentaram dificuldades em boa gestão financeira utilizam softwares
implementar melhorias de gestão em suas rotinas. específicos para essa finalidade.
Os titulares possuem dois papéis: o de projetista e

Quadro 2 - Características das empresas


Empresa e
A B C D E F G
Informação
Instalações
Esquadrias Ar Arquitetura,
prediais Arquitetura Arquitetura,
Especialidade e fachadas condicionado, Arquitetura e coordenação e
(elétrica, (ênfase em design, jogos
de projeto em ventilação e compatibilização compatibili-
hidráulica e interiores) e sinalização
alumínio refrigeração zação
automação)
Tempo de
8 48 41 4 5 meses 5 25
Atuação (anos)
Segmento de
ReC C ReC ReC ReC ReC ReC
Atuação
Número de
7 33 43 6 6 12 10
Colaboradores
Máximo de
projetos 12 90 36 10 15 16 15
simultâneos
Nota: Legenda:
R = Residencial; e
C = Comercial.

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 145


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Assim como gestão de pessoas, processo de empreendedora. As dificuldades mencionadas por


projeto também foi um dos módulos com maior ele são:
quantidade de ferramentas de gestão
(a) inclusão da gestão na rotina da empresa;
desenvolvidas, tais como manual e check-list de
projeto. Isso indica maior atenção das empresas (b) compatibilização do cronograma de
nesse módulo, principalmente pelo fato de ser o treinamento com a rotina de projetos do
que mais influencia o cotidiano dos colaboradores colaborador;
e dos titulares das empresas. (c) levantamento dos custos reais de projetos;
O sistema de informações se mostrou um módulo (d) especialização de um colaborador em
crítico, pois, nas empresas de projeto, predomina a determinado assunto, sem haver outro com a
comunicação informal. Nesse módulo, muitas mesma capacitação;
soluções simples, como um mural de recados,
foram implementadas. Além disso, foi trabalhada a (e) demanda do mercado por novo modelo de
relação entre os módulos de gestão, reunindo as processo de projeto (antecipação dos
ferramentas criadas. detalhamentos para levantamento de custos);
O último módulo trabalhado no programa foi (f) comunicação e conferência das informações
gestão da qualidade. As empresas tomaram que surgem no decorrer do projeto; e
conhecimento sobre o Programa Setorial da (g) dificuldade no atendimento aos requisitos de
Qualidade e Referencial Normativo para projeto, devido à deficiência no fluxo e no
Qualificação de Empresas de Projeto tratamento das informações.
(MELHADO; CAMBIAGHI, 2006).
A empresa D possui entendimento sobre a
A partir das dificuldades encontradas pelas importância da gestão, porém há dificuldade por
empresas na implementação do modelo de gestão, parte dos titulares em conciliar seus papéis de
é possível realizar considerações sobre suas gestores e projetistas. Algumas dificuldades
estruturas gerenciais. levantadas por eles são:
A empresa A é a mais evoluída em termos de (a) inclusão da gestão na rotina da empresa;
gestão, isso devido ao trabalho de alguns anos em
busca da melhoria de seus processos. A partir da (b) falta de experiência na área de gestão;
identificação de suas necessidades, a empresa (c) falta de motivação para a realização de
desenvolveu um sistema de informações gerenciais atividades de gestão;
(SIG) – o processo de desenvolvimento lhe
(d) conscientização dos gerentes de projeto de que
proporcionou amadurecimento organizacional. A
devem cadastrar seus gastos e custos;
empresa possui algumas dificuldades, tais como
aliar a capacidade produtiva com a demanda do (e) definição de responsável em cada etapa da
mercado; treinamento de pessoal; valorizar o produção do projeto;
conceito do projeto de esquadrias; e disponibilizar (f) informações dispersas, apesar de possuir um
tempo para cuidar da gestão da empresa. padrão de estrutura de pastas, manual de
A empresa B possui muitos anos de atuação no nomenclatura.
mercado, e sua estrutura é bastante conservadora. A empresa E é bastante jovem e concentrada em
Há dificuldade para: seu titular. Algumas das dificuldades da empresa
(a) abandonar a visão predominantemente técnica são:
ao conduzir seu negócio, de modo a desenvolver (a) concentração de atividades na figura do
uma visão mais empreendedora e abrangente; titular;
(b) identificar as estratégias e as ferramentas mais (b) estabelecimento de objetivos, metas, ações e
adequadas para a empresa em cada processo; indicadores;
(c) identificar a melhor abordagem quanto ao (c) seleção, motivação e avaliação do
treinamento, acompanhamento e à motivação das desempenho dos colaboradores;
pessoas; e
(d) definição do investimento em marketing;
(d) lidar com a alta rotatividade na empresa. precificação do projeto;
Apesar de, há muitos anos, atuar no mercado, (e) definição do cronograma dos projetos; e
tendendo ao conservadorismo, um dos diretores da
empresa C entende a importância da estruturação e (f) falta de tempo para definir os fluxos do
melhoria da gestão e possui uma visão processo de projeto.

146 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

A empresa F presta diversos tipos de serviços, Trabalho referente às demandas de


possui quatro sócios, muitas vezes com opiniões mercado com as empresas de projeto
bastante divergentes. Assim como na empresa D,
As demandas de mercado foram inseridas como
há dificuldade em conciliar os papéis de gestores e
módulos na sistemática de trabalho do PDGEP 5
projetistas. A empresa tende a ser inovadora,
(Figura 3), ou seja, se juntaram aos módulos do
principalmente por seu alto interesse pelo BIM.
modelo de gestão. Entre o total de reuniões
Porém, como não realiza um planejamento
realizadas no programa (14 reuniões), dez foram
estratégico, há falta de foco e, consequentemente,
destinadas aos módulos, alguns foram tratados em
perda de oportunidades no mercado. Algumas de
conjunto, e as demandas tiveram uma reunião para
suas dificuldades são:
cada uma. Desempenho de edifícios foi o terceiro
(a) definição da matriz de responsabilidades da tema trabalhado, sustentabilidade ambiental foi o
empresa; oitavo, e o BIM foi o décimo e último.
(b) dificuldade na definição das áreas de atuação e Como já mencionado, três palestras foram
falta de tempo para discuti-las; realizadas com especialistas do mercado para
(c) monitoramento de dados em tempo real promover a discussão sobre os temas. Foram
(controle de horas técnicas versus lucratividade); e realizados diagnósticos para verificar se as
demandas estavam sendo consideradas pelas
(d) processos de projeto diferentes para os empresas anteriormente ao programa, ou seja, se
diversos serviços prestados. estavam promovendo alguma ação, seja de
Apesar de entender a importância da gestão e da preparação para atendê-las, de capacitação ou de
tentativa de trabalhá-la, a empresa G não trabalho de projeto. As tarefas solicitadas às
apresentou evolução significativa. A empresa empresas são apresentadas a seguir.
possui dependência de um único grande cliente, Sobre desempenho de edifícios: Escolha um
por isso tem empregado esforço na captação de requisito de desempenho e, para determinado
novos clientes. Algumas de suas dificuldades são: projeto da empresa, analise se o requisito foi
(a) realização do planejamento estratégico; atendido nesse projeto.
(b) entendimento do escritório como uma Sobre sustentabilidade ambiental de edifícios:
empresa; Considere uma das categorias do Processo AQUA
e, para determinado projeto da empresa, analise se
(c) definição de perfis, avaliação de desempenho o certificado seria obtido nesse projeto.
e rotatividade dos colaboradores;
Sobre BIM: Elabore um plano para a
(d) criação de um plano de negócios factível; implementação do BIM na empresa de projeto.
(e) captação de novos clientes; Faça a relação do plano com os módulos do
Soluções. Qual a relação da implementação do
(f) estruturação de um novo processo de projeto e
BIM com o módulo de planejamento estratégico,
de uma nova equipe de trabalho, responsável por
gestão de pessoas, etc.?
esses clientes, com capacidade de se sustentar
financeiramente; O Quadro 3 é um retrato do trabalho realizado em
relação às demandas no contexto do PDGEP 5, ou
(g) gerenciamento dessa equipe por um dos
seja, da implementação do modelo de gestão,
sócios, desvinculando-o da rotina do resto da
considerando as diferentes fontes de dados.
empresa; e
Os dados apresentados no Quadro 3 são discutidos
(h) dados e informações dispersos no servidor.
na seção Análise de Dados e Discussão.

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 147


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 3 - Trabalho referente às demandas de mercado com as empresas de projeto no contexto do


PDGEP 5 (continua)
Demanda
Empresa

Lições
Relatório do Visita às
Diagnóstico Tarefa aprendidas pela
colaborador empresas
empresa
Falta de
Demanda Apontou a
Os requisitos documentação e
considerada na necessidade de
importantes à ensaio de
Desempenho

empresa. Trabalhou atualização dos


empresa foram produtos
Acompanhamento desempenho colaboradores e a
os trabalhados brasileiros.
de ensaios técnicos térmico e acústico conscientização dos
na tarefa – Falta de
feitos pelos de uma esquadria. clientes sobre a
relação com especificação no
fabricantes de importância do
esquadrias. projeto de
esquadrias. conceito.
arquitetura.
Falta de
informação
técnica e
A empresa
Apresentou o caso produtos
Demanda Apontou que a trabalhou com
Sustentabilidade

de um edifício que testados.


considerada na empresa não tem requisitos
obteve certificação O quanto o
A empresa. grandes dificuldades. ambientais
LEED, dando projeto de
Participou de Entende que o BIM anteriormente
ênfase em sua esquadrias
empreendimentos poderá contribuir com ao programa,
atuação – deveria ser
com requisitos a sustentabilidade do mas realizou a
esquadrias e alterado para que
ambientais. edifício. discussão sobre
fachadas. o edifício
a demanda.
alcançasse níveis
de eficiência
satisfatórios.
Demanda Realizou um plano
considerada na para Apontou a
empresa. implementação, implementação do Enfoque nos
Realização do
BIM

Interesse na considerando prazo, BIM com o objetivo módulos de


plano.
implementação investimento, de aumentar a gestão.
após a mudança consultoria BIM e eficiência interna.
física da empresa. software.
Demanda não Apontou que não Necessidade de
considerada na foram encontradas levantamento de Necessidade de
Desempenho

empresa. formas diretas de softwares de estudo da


No aguardo das aplicação da norma simulação aplicação de
Não realizada.
definições do nos projetos da energética, softwares de
mercado sobre sua empresa, o que envolvendo a medição de
atuação em relação inviabilizou a equipe de desempenho.
à norma. realização da tarefa. projeto.
Demanda
Sustentabilidade

considerada na Apontou a ênfase da


empresa. Participou empresa no controle Enfoque nos Importância da
B
de Não realizada. de horas despendidas módulos de gestão para a
empreendimentos no projeto e descrição gestão. empresa.
com requisitos de cargos.
ambientais.
Demanda
considerada na Apontou a ênfase da
empresa. empresa no controle Enfoque nos Importância da
BIM

Perspectiva de o Não realizada. de horas despendidas módulos de gestão para a


BIM ser adotado no projeto e descrição gestão. empresa.
em um projeto de cargos.
contratado.

148 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 3 - Trabalho referente às demandas de mercado com as empresas de projeto no contexto do


PDGEP 5 (continuação)
Demanda
Empresa

Lições
Relatório do Visita às
Diagnóstico Tarefa aprendidas pela
colaborador empresas
empresa
Realizou a Necessidade de
discussão da tirar as dúvidas
Desempenho

Demanda Importância da
norma, encontrou sobre a norma,
considerada na Apontou conflitos entre atualização da
disparidades entre contatando
empresa. normas. empresa em
ela e outras especialista que
Estudo da norma. relação à norma.
normas que ministrou a
utilizam. palestra.
Conhecimento
do Processo
Demanda
Sustentabilidade

AQUA,
considerada na
Trabalhou a permitindo a
empresa. Apontou a experiência Enfoque nos
categoria gestão apresentação de
Participou de da empresa com o módulos de
da água do estudos de
empreendimentos LEED. gestão.
Processo AQUA. viabilidade da
C com requisitos
certificação para
ambientais.
um edifício (caso
real).
Elaborou um
mapa mental
sobre a
Demanda Entendimento
implementação
considerada na dos vários
ideal, Enfoque nos
empresa. aspectos que
BIM

Enfoque nos módulos


considerando módulos de
Realização de de gestão. implicam a
custos, software, gestão.
trabalhos em implementação
hardware,
BIM. do BIM.
pessoas, processo
de projeto e
projeto piloto.
Apontou o pouco
interesse da empresa em
Importância da
Demanda não relação ao tema. Isso se Necessidade de
atualização da
Desempenho

considerada na deve ao fato de a norma elaboração de


empresa em
empresa. só entrar em vigor em um cronograma
Não realizada. relação à norma.
Desconhecimento 2012 e de haver pouca para se preparar
Importância da
da existência da ou nenhuma procura em relação à
gestão para a
norma. pelos requisitos da norma.
empresa.
norma por parte dos
clientes atuais.
Apontou que a empresa
possui pouca
experiência com
projetos que buscam
Sustentabilidade

Demanda não
D Realizou apenas certificação ambiental, e
considerada na
leitura do nas poucas vezes em Enfoque nos Importância da
empresa.
Processo AQUA e que tiveram contato, o módulos de gestão para a
Possui
apresentação de projeto não seguiu em gestão. empresa.
conhecimento da
um resumo. frente devido ao custo
existência apenas.
elevado que a
certificação agregou.
Enfoque nos módulos
de gestão.
Demanda não
considerada na
Enfoque nos Importância da
empresa. Enfoque nos módulos
BIM

Não realizada. módulos de gestão para a


Nenhuma ação de gestão.
gestão. empresa.
em relação ao
BIM.

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 149


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 3 - Trabalho referente às demandas de mercado com as empresas de projeto no contexto do


PDGEP 5 (continuação)
Demanda
Empresa

Relatório do Lições aprendidas


Diagnóstico Tarefa Visita às empresas
colaborador pela empresa

Demanda não Necessidade de


Desempenho

Necessidade de
considerada na Enfoque nos elaboração de um
treinamentos
empresa. Não realizada. módulos de cronograma para
relacionados à
Nenhuma ação em gestão. se preparar em
norma.
relação à norma. relação à norma.
Necessidades:
busca de
fornecedores
certificados e com
produtos
especificados;
Sustentabilidade

Demanda não
Trabalhou as categorias conhecimento
considerada na
escolha de produtos, Enfoque nos Enfoque nos técnico de
empresa.
gestão da água e módulos de módulos de requisitos
Nenhuma ação em
conforto visual do gestão. gestão. específicos como
E relação à
Processo AQUA. iluminância, normas
sustentabilidade.
de acessibilidade;
conhecimento dos
processos
produtivos dos
materiais para
orientar escolhas.
Definiu estratégias para Definição de
a implementação do estratégias.
Demanda não BIM, considerando Obrigou a pensar no
considerada na análise de softwares, Enfoque nos Enfoque nos futuro, de modo a
BIM

empresa. uso do BIM de acordo módulos de módulos de definir objetivos e


Nenhuma ação em com a atuação da gestão. gestão. metas.
relação ao BIM. empresa, planejamento Importância da
financeiro e gestão para a
treinamentos. empresa.
Demanda não
Necessidade de
Desempenho

considerada na Trabalhou o requisito


Enfoque nos elaboração de um Necessidade de
empresa. saúde, higiene e
módulos de cronograma para preparar-se para
Nenhuma ação qualidade do ar da
gestão. se preparar em atender ao mercado.
relacionada à norma.
relação à norma.
norma.
Sustentabilidade

Demanda não
considerada na A empresa está
Enfoque nos Enfoque nos
empresa. afastada do tema,
Não realizada. módulos de módulos de
Nenhuma ação necessidade de
gestão. gestão.
relacionada à reflexão.
F sustentabilidade.
Demanda não
Há dificuldade no
considerada na
aproveitamento das
empresa.
oportunidades do
Utiliza um software
mercado por parte
BIM, trata-se de Apresentou como Enfoque nos Enfoque nos
da empresa, ou seja,
BIM

uma motivação iniciou a utilização do módulos de módulos de


em aproveitar a
interna, não percebe software BIM. gestão. gestão.
demanda existente.
a demanda e não
Obteve informação
considera o BIM
sobre o mercado no
como processo,
PDGEP.
conceito.

150 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 3 - Trabalho referente às demandas de mercado com as empresas de projeto no contexto do


PDGEP 5 (continuação)
Demanda
Empresa

Relatório do Lições aprendidas


Diagnóstico Tarefa Visita às empresas
colaborador pela empresa

Realizar
Demanda não
projetos que Necessidade de
Desempenho

considerada na Apresentou um plano Importância da


contemplem a elaboração de um
empresa. de ação para se atualização da
nova norma é cronograma para se
Nenhuma ação preparar em relação à empresa em relação
algo nebuloso preparar em relação
em relação à norma. à norma.
para a à norma.
norma.
empresa.
Realizou
considerações
Sustentabilidade

Demanda não sobre a


Apresentou uma
considerada na ferramenta
ferramenta para Necessidade de
empresa. criada. Trata- Enfoque nos
G auxiliar no conhecimento sobre
Nenhuma ação se de um módulos de gestão.
desenvolvimento de o tema.
em relação à check-list de
projetos sustentáveis.
sustentabilidade. possíveis
soluções
sustentáveis.
Necessidade de
Demanda não Apresentou algumas
entrar em contato
considerada na ações em relação ao
Enfoque nos com os softwares
empresa. BIM, como entrar em Enfoque nos
BIM

módulos de BIM.
Nenhuma ação contato com os módulos de gestão.
gestão. Importância da
em relação ao softwares.
gestão para a
BIM.
empresa.

Posicionamento das empresas de aplicada nos projetos de edifícios. As empresas D,


projeto em relação às demandas de E e F não têm feito preparação para atender à
norma – segundo a empresa E, sua dificuldade se
mercado refere à falta de tempo.
Os resultados da Fase 2 de pesquisa são Segundo o arquiteto titular da empresa D,
apresentados nos Quadros 4, 5, 6 e 7. O Quadro 4
apresenta os resultados referentes à consideração [...] acredito que não haja dificuldades [na
da demanda de desempenho de edifícios pelas aplicação da norma de desempenho], e sim
empresas de projeto. algumas adaptações em alguns pontos que
hoje pensamos de uma maneira e que será
A empresa A tem acompanhado as normas de de outra [...].
esquadrias que estão sendo revisadas em
conformidade com a norma de desempenho; uma Segundo um dos sócios da empresa F,
de suas grandes preocupações é quanto aos dados [...] o primeiro passo será exigir de todos
oficiais dos produtos (janela, porta, etc.) que não os parceiros informações sobre o atual
existem nos catálogos; acredita que haverá uma estado de implementação da norma dentro
melhoria nos projetos, já que a norma passará a da própria estrutura, e, em paralelo,
exigir os requisitos de desempenho dos edifícios. estabelecer um plano para consolidação no
A empresa B não sabe exatamente como a norma processo dentro do escritório[...].
irá influenciar seu trabalho, pois considera que ela
não trata diretamente de sua especialidade. A O Quadro 5 apresenta os resultados sobre a
empresa C entende que a norma será aplicada pela consideração da demanda de sustentabilidade
exigência legal, nem tanto pelo mercado, e está ambiental de edifícios pelas empresas de projeto.
realizando discussão internas sobre ela. A empresa A empresa A considera as exigências de
G também está realizando discussões internas; desempenho e sustentabilidade em seus projetos há
segundo a empresa, os arquitetos sempre buscaram pelo menos 4 anos; participou recentemente de um
produtos de boa qualidade, que atendam às seminário sobre a certificação pela entidade alemã
exigências dos usuários, assim a norma veio para DGNB (em inglês, German Sustainable Building
estruturar e parametrizar uma conduta que já é Council). A empresa B participa de projetos que

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 151


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

almejam a certificação LEED; acredita que o atual dois órgãos; os projetos apresentados deveriam
interesse dos empreendedores por sustentabilidade conter sete princípios: mobilidade, eficiência
é mais no aspecto mercadológico do que energética, gestão de água, paisagem, materiais e
filosófico; como a manutenção das instalações é resíduos, evolução e inovação, e responsabilidade
usualmente precária, é difícil saber se a edificação social; ela teve algumas dificuldades devido à falta
e suas instalações manterão suas características de conhecimento aprofundado em itens
originais durante sua vida útil. específicos. Para a empresa E, o interesse por
A empresa C participa de empreendimentos que sustentabilidade ambiental é crescente, entende
que precisa se preparar para essa demanda.
visam à certificação ambiental; segundo um de
seus diretores, Apesar de não ter participado de empreendimentos
[...] no início, há alguns anos, havia a com exigências ambientais, para a empresa F,
haverá cada vez mais modificações no produto
dificuldade de viabilizar os requisitos de
final, que passará a incorporar os requisitos
sustentabilidade por um problema de
ambientais; apesar desse discurso, a empresa citou
timing. Por vezes os consultores eram
dificuldades, como a falta de tempo para se
contratados no final do projeto,
inviabilizando a implementação de vários capacitar e a necessidade de investimentos para
requisitos. Atualmente, o consultor de trabalhar a demanda. Para a empresa G, “todos
estão se familiarizando com esses termos e estão
sustentabilidade já participa desde o início
tomando consciência da sua real importância”.
do projeto, delineando antecipadamente os
requisitos e facilitando todo o processo O Quadro 6 apresenta os resultados referentes à
[...]. consideração do BIM pelas empresas de projeto.
Em 2012, a empresa D venceu um concurso
nacional para os estudos preliminares da sede de

Quadro 4 - Demanda de desempenho de edifícios


Empresa

Possui exemplar da norma


Tem conhecimento sobre a Tem feito alguma preparação
de desempenho (NBR
norma? para atender à norma?
15575)?

A Sim Sim Sim


B Sim, Parte 1 Superficial Não
C Sim Sim Sim
D Sim Não Não
E Sim Superficial Não
F Sim Superficial Não
G Sim Sim Sim

Quadro 5 - Demanda de sustentabilidade ambiental de edifícios


Participou de Conhece algum
Empresa

empreendimentos processo de Quais competências acredita ser necessárias


com exigências certificação para trabalhar os requisitos ambientais?
ambientais? ambiental?
LEED, AQUA e Ser arquiteto, engenheiro, ciências ambientais,
A Sim
DGNB tecnólogo e afins, experiência profissional.
Conhecimento e atendimento às normas e
B Sim LEED
regulamentos pertinentes.
C Sim LEED e AQUA Resposta não obtida.
D Sim LEED Amplo conhecimento sobre o assunto.
E Não AQUA Informação.
Conhecimento de tecnologia adequada, sobre o
F Não LEED comportamento de materiais e do clima, e sobre
certificação.
G Não LEED e AQUA Não requerem competências especiais.

152 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 6 – Demanda de BIM

Possui práticas O que levou a empresa a iniciar


Empresa

relacionadas ao BIM? as práticas? Quais estratégias foram adotadas


Há quanto tempo Qual software foi escolhido e por para a implementação do BIM?
iniciou as práticas? quê?
Plataforma do futuro; facilitar
Primeiro verificou-se a qualidade
visualização do projeto; participar
da rede, servidor e máquinas.
em projetos com maior valor
Contrataram um arquiteto que
agregado; extrair informações;
Sim ministrou o curso de Revit na
A fazer a interface do projeto da
1 ano empresa; posteriormente,
empresa com o de fabricação.
contrataram uma consultoria para
Revit; melhor resposta para o
documentar e auxiliar na
negócio e a maioria dos arquitetos
montagem das famílias.
utiliza.
Há uma equipe trabalhando com o
Parceria com cliente. DDS nos projetos do cliente
DDS; inicialmente por acordo parceiro (irá disseminar o
Sim
B com o cliente e posteriormente aprendizado às demais); outra
2 anos
por custo mais vantajoso e equipe está avaliando o Revit
disponibilidade de treinamento. devido à predominância no
mercado.
Iniciaram com um projeto piloto
Percepção de mercado e
simples, quase todos os
posicionamento estratégico.
colaboradores foram treinados e
Sim Revit MEP; opção adotada pela
C contrataram um profissional
4 anos maioria dos arquitetos parceiros e
dedicado à implementação,
pela confiança na empresa de
desenvolvimento e suporte aos
software.
demais colaboradores.
D Não Não se aplica Não se aplica
E Não Não se aplica Não se aplica
Acredita no processo de projeto
Desenvolvimento de biblioteca e
Sim BIM.
F construção de template;
7 Anos Revit; mais adequado para suas
treinamento dos colaboradores.
preocupações de projeto.
G Não Não se aplica Não se aplica

As empresas A e B recebem solicitações de (f) à decisão sobre a utilização de BIM ou CAD,


trabalho em BIM, assim como a empresa C, que dependendo das condições do projeto.
citou algumas dificuldades em relação ao conceito:
Um cliente da empresa D expôs que irá exigir
adaptação aos novos processos de projetos, todos os trabalhos em BIM em breve. De um modo
treinamento de colaboradores, preço de software e geral, os clientes das empresas A, B, C e D
hardware, baixa produtividade inicial, etc. Para a
apresentam exigências em relação ao BIM e à
empresa F, que adotou o BIM por motivação
sustentabilidade ambiental; já os clientes das
própria, o custo do software é o maior obstáculo
empresas E, F e G não apresentam. A empresa G
hoje. Outras dificuldades se referem:
demonstra ciência de que não pode ficar à margem
(a) ao aproveitamento das oportunidades ligadas desses assuntos (demandas), apesar de não ser
ao BIM; demandada.
(b) à concentração do conhecimento em poucos Dados referentes à estrutura de gestão das
membros da equipe; empresas de projeto, com foco em concorrentes,
tomada de decisão e planejamento estratégico
(c) ao tempo de capacitação da equipe;
também foram coletados na Fase 2 de pesquisa, os
(d) à retenção da equipe; quais são apresentados no Quadro 7. Entende-se
(e) à não utilização do BIM por parte dos demais que a estrutura de gestão tem influência em como
projetistas; as empresas se posicionam diante das demandas de
mercado.

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 153


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 7 - Estrutura de gestão das empresas de projeto


Empresa

Conhece o desempenho de seus Como são tomadas as decisões Formaliza seu planejamento
concorrentes no mercado? sobre o futuro da empresa? estratégico?

Tem um sistema de gestão do


Realizado anualmente; no final de
Parcialmente; utiliza qual extrai relatórios do
cada ano é realizada uma reunião
informações de contratantes e de desempenho de cada projeto;
A com apresentação do desempenho
escritórios de arquitetura participa de associações e eventos
da empresa e dos objetivos e
parceiros. que fornecem um panorama do
metas para o próximo período.
mercado de projetos.
Precariamente; por contatos
B com instaladores, clientes e Em reuniões de diretoria. Não
concorrentes.
Participa de entidade que reúne
C Em reuniões entre diretores. Não
as empresas concorrentes.
Parcialmente; por conversas Em reuniões entre sócios e São planejamentos trimestrais,
D
com os colaboradores ou sócios. colaboradores. semestrais e anuais.
Parcialmente; por contato Conforme as oportunidades
E Não
pessoal, sites e notícias. aparecem.
Parcialmente; quando são
Realizado anualmente, com
F amigos ou conhecidos costuma Em reuniões entre sócios.
reavaliação semestral.
trocar experiências.
Em 2012, chegou a formalizar o
O financeiro é restrito aos sócios;
planejamento estratégico, mas
quanto aos objetivos, serviços
Parcialmente; realiza contato em não retomou, nem avaliou os
G oferecidos, mercado e
eventos, como seminários, etc. resultados; há resistência da
investimento de recursos, discute
equipe e dos sócios em trabalhar
com a equipe.
com indicadores, avaliações, etc.

Como mencionado anteriormente, verificou-se que projetista, sobretudo porque os arquitetos estão
nenhuma das empresas possuía um planejamento muito ligados ao processo criativo do edifício,
estratégico formalizado e colocado em prática; deixando de lado a gestão – Melhado (2012)
então, elas foram estimuladas a criá-lo. As destaca essa dificuldade; inclusão da gestão na
empresas tiveram muita dificuldade em rotina da empresa; entendimento ou aplicação dos
compreender esse módulo de gestão. Observou-se conceitos implícitos no modelo; planejamento e
por meio das tarefas e das visitas que, apesar de o acompanhamento adequado das ações, etc. As
discurso das empresas ser o de que realizam empresas apresentaram um comportamento
planejamento estratégico, elas não o fazem passivo em relação às questões de gestão,
apropriadamente, ou seja, não definem objetivos, postergando as ações necessárias; o programa
não os desdobram em metas, ações e indicadores. exige dedicação, e há muitos conceitos envolvidos;
Apenas a empresa D chegou a estruturar um pela morosidade, as empresas acumulavam as
quadro com esses componentes. atividades; os colaboradores de gestão apoiaram os
participantes, mas não tinham todas as respostas,
Análise de dados e discussão então todos tinham de colaborar na solução dos
problemas gerenciais.
As deficiências nas práticas gerenciais encontradas
O trabalho referente às demandas de mercado foi
nas empresas de projeto corroboram as
parcialmente comprometido pelas dificuldades
deficiências mencionadas por Souza (2009), tais
citadas, já que, muitas vezes, as empresas estavam
como inexistência de planejamento estratégico; um
resolvendo questões estruturais de gestão e
fluxo de trabalho organizado e ferramentas para
entendendo sua importância. Por essa razão,
controle, análise crítica e retroalimentação do
algumas tarefas do programa não foram realizadas
processo de projeto; planos de ação e controles
ou foram alteradas, e muitas visitas dos
voltados para a gestão de pessoas, etc.
pesquisadores tiveram enfoque nos módulos de
As empresas de projeto tiveram dificuldades ao gestão, como pode ser notado no Quadro 3. Apesar
implementar o modelo de gestão, tais como: disso, as empresas apresentaram algumas lições
conciliação dos papéis do titular como gestor e aprendidas.

154 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Deve-se ressaltar que o momento do mercado no Sobre a percepção e o entendimento das demandas,
qual o PDGEP 5 ocorreu foi diferente em as empresas A e C as percebem, as entendem e
comparação com as outras edições; estava bastante procuram trabalhá-las; são demandadas pelos
aquecido, as empresas estavam com um volume clientes, isso faz com que não exista dúvida se
muito grande de trabalho. Ao longo de sua devem considerar as demandas ou não; como são
trajetória, o programa possui casos de sucesso que inovadoras e dinâmicas, elas se preparam de algum
estão descritos nos artigos publicados. A relação modo para atender às demandas por conta própria
de parte deles pode ser encontrada em Souza et al. e, por isso, com certa variação, se posicionam
(2011). diante delas. A empresa B é fortemente “puxada”
pelo cliente, por isso sente as demandas, mas não
Quanto ao diagnóstico apresentado no Quadro 3
há um entendimento com profundidade; B não se
(Fase 1 da pesquisa), as empresas A, B e C
apresentaram algumas ações relacionadas à posiciona diante das demandas, apenas é “levada”
consideração das demandas. É importante destacar pelo cliente; D e F não se importam com as
demandas; como possuem um comportamento
que elas foram demandadas por seus clientes, ao
intermediário, há dificuldade em entender as
contrário das empresas D, E, F e G. Na Fase 2 da
demandas do cliente “de ponta” e estabelecer
pesquisa, observa-se que a empresa D foi induzida
estratégias, ou seja, decidir efetivamente se querem
a considerar sustentabilidade ambiental e BIM por
exigência de um concurso e de um cliente trabalhar as demandas ou não, por isso as empresas
respectivamente. não se posicionam diante delas; E e G possuem
alguma ciência sobre as demandas, mas não as
O Quadro 8 apresenta o resultado da análise da trabalham, nem se posicionam diante delas; as
influência dos fatores que implicam o empresas E e G poderiam trabalhar melhor seus
posicionamento adotado pelas empresas de projeto clientes, propondo a inserção das demandas, de
ante as novas demandas de desempenho, modo a agregar valor para o serviço prestado.
sustentabilidade ambiental de edifícios e BIM, em
As empresas A, B e C são especialistas, o que
sua interação com o mercado e clientes. As
significa que os trabalhos dessas empresas são
empresas que possuem semelhanças foram
focados. Isso facilita, por exemplo, considerar
agrupadas por cor.
requisitos de desempenho e de sustentabilidade
Conforme o Quadro 8, as empresas A, B e C ambiental em suas especialidades 4 ; como são
prestam serviço para clientes que demandam inovadoras e dinâmicas (com certa variação), A e
desempenho, sustentabilidade e/ou BIM; porém, C veem como as empresas parceiras (clientes
A 2 e C podem ser consideradas, com certa internos, empresa de arquitetura, por exemplo) se
variação, empresas inovadoras e dinâmicas, e B comportam e, assim, se preparam para atender às
pode ser considerada conservadora e lenta 3 . A demandas destes e dos clientes “de ponta”; como é
empresa D foi induzida a considerar “puxada pelo cliente” e especialista, B acaba por
sustentabilidade ambiental e BIM recentemente, e considerar as demandas, mesmo sem haver
a F não é demandada por seus clientes, porém entendimento sobre elas. Já D e F são empresas de
possui potencial para atender aqueles que expõem arquitetura, trabalham com criação, o que dificulta,
exigências relacionadas às demandas (uma lição por exemplo, considerar os requisitos, transformar
aprendida por F foi a de que possui dificuldade em conceitos em ações; por terem um comportamento
aproveitar as oportunidades do mercado); possuem intermediário e grande parte de clientes “comuns”,
um comportamento intermediário, com alguma não há consideração das demandas, nem estratégia,
tendência para inovar e o dinamismo. Já E e G apesar do potencial em trabalhar “clientes de
atendem clientes que não demandam e possuem ponta”. As empresas E e G também trabalham com
um comportamento intermediário. criação, mas devido a sua ciência com relação às
demandas, poderiam trabalhar seus clientes atuais.
2
Segundo tarefa do PDGEP, visita e relatório do colaborador, a
empresa A estava passando por uma reformulação, prevendo
novo espaço físico; nova comunicação visual com atualização de
toda papelaria, sites, formulários, etc.; criação de fôlder com
portfólio simplificado para a divulgação da empresa em
congressos, cursos e palestras; prestação de novo serviço –
fiscalização da produção da matéria-prima e da instalação das
esquadrias na obra.
3
O relatório do colaborador de B apontou que, por se tratar de
uma empresa com muitos anos, com uma posição firmada no
mercado, composta de muitos colaboradores antigos e formada
em princípios de gestão também antigos, tende a ter uma
posição mais conservadora. Tanto os titulares como parte dos
colaboradores não estão habituados com tecnologias recentes,
4
trabalhando por vezes “à mão”. Isso foi verificado na realização das tarefas do PDGEP.

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 155


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

Quadro 8 - Análise da influência dos fatores que implicam o posicionamento adotado pelas empresas de
projeto ante as novas demandas, em sua interação com o mercado e clientes

Mercado Clientes que Clientes que não


Empresa demandam demandam
A
Inovadora e dinâmica
C
D, F
Conservadora e lenta E, G
B

Percebem e/ou entendem as A, C


demandas
Não percebem as demandas e/ou B E, G
não entendem D, F

A
Posiciona-se ante as demandas
C
Não se posiciona ante as demandas
B D, F E, G
B
Especialista
A, C

Arquitetura
D, F E, G

Boa estrutura de gestão A

G
Estrutura de gestão precisa evoluir
C B D, F E

Estrutura de gestão compreende as


demandas A
Estrutura de gestão não
compreende as demandas C D, F E, G
B

Sobre a estrutura de gestão, a empresa A possui demandas não são consideradas em sua gestão;
um SIG, porém não há uma conexão entre o SIG como B atua no mercado há muitos anos e se
sistema e as demandas; poderia utilizar melhor, destaca tecnicamente, os clientes a “puxam” para
consciente e estrategicamente, sua estrutura de atender a suas necessidades no que se refere às
gestão, por meio de poucas ações gerenciais. Já a demandas5. D e F possuem uma estrutura de gestão
empresa C possui uma estrutura frágil, que não relativamente jovem, procuram implementar
compreende as demandas; necessita evoluir por mudanças, mas, por não agir estrategicamente,
meio de muitas ações. Como B é uma empresa acabam perdendo oportunidades; possuem
conservadora e lenta, qualquer mudança em gestão potencial para atender outros tipos de cliente; as
é bastante difícil, pois há o pensamento “se até
aqui deu certo, vamos continuar fazendo assim”; as 5
Isso foi o que aconteceu em relação ao BIM: a empresa B
somente iniciou suas práticas devido à parceria com um cliente.

156 Paula, N. de; Uechi, M.; Melhado, S.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

demandas não são consideradas em sua gestão. Em - projetos pouco especificados;


relação às demais empresas estudadas, E possui a (b) à sustentabilidade ambiental de edifícios:
estrutura mais jovem, precisa evoluir muito; não
considera as demandas em sua gestão. A empresa - há necessidade de reflexão sobre a demanda;
G necessita evoluir por meio de algumas ações - necessidade de conhecer as diferentes
gerenciais estratégicas; as demandas são não certificações ambientais;
consideradas em sua gestão.
- necessidade de conhecimento técnico sobre os
Muitas vezes os projetistas fazem um discurso que requisitos ambientais;
não condiz com a realidade. Como exemplos,
podemos citar: o discurso da empresa G é o de que - necessidade de conhecimento sobre o clima, as
os arquitetos sempre consideraram desempenho, tecnologias existentes, a origem e o
quando, na realidade, a empresa tem grande comportamento de materiais e componentes;
dificuldade em transformar conceitos como esse - necessidade de buscar fornecedores certificados e
em ações efetivas; o discurso da empresa D é o de com produtos especificados;
que, no que se refere à norma de desempenho,
algumas adaptações são necessários, quando, na - falta de informação técnica e produtos testados; e
realidade, a empresa não tem conhecimento sobre (c) ao BIM:
os requisitos e critérios da norma. Desse modo,
- há necessidade de realização de um plano para
percebe-se que os discursos são carregados de
sua implementação;
desculpas para evitar o trabalho em gestão, a fim
de preparar as empresas para atender às demandas. - necessidade de entender os vários aspectos que
implicam sua implementação (SUCCAR, 2009;
Considerações finais OLATUNJI, 2011; KHOSROWSHAHI;
ARAYICI, 2012; GU; LONDON, 2010;
As demandas de desempenho, sustentabilidade ARAYICI et al., 2011);
ambiental de edifícios e BIM estão em evidência - necessidade de definir estratégias;
no mercado. Há diferentes tipos de cliente e
empresas de projeto nesse mercado, e a relação - necessidade de definir objetivos e metas;
entre esses agentes ocorre de modo também necessidade de entrar em contato com os softwares
diferente. As empresas podem ser demandadas ou BIM;
não, ou ser fortemente induzidas por seus clientes, - há dificuldade no aproveitamento das
dependendo de suas características, de sua oportunidades do mercado por parte das empresas,
percepção e posicionamento diante do mercado, e ou seja, em aproveitar a demanda existente;
de sua especialidade de projeto.
- relação da implementação do BIM com a gestão
No que se refere às demandas e às empresas de da empresa (gestão de pessoas, financeira, do
projeto, há fatores de influência externos – processo de projeto, etc.).
mercado, tipo de cliente – e fatores de influência
internos às empresas – identidade, estratégia de Apesar desse reconhecimento, parte das empresas
atuação e gestão. A gestão das empresas auxilia na insiste em uma postura passiva diante das
definição de sua identidade e estratégia de atuação. demandas de mercado, tomando decisões de
No entanto, as empresas possuem uma série de acordo com o momento. Esse comportamento é
deficiências em suas práticas gerenciais e de bastante prejudicial, uma vez que elas estão
dificuldades na estruturação de sua gestão, o que inseridas em um ambiente de incertezas.
compromete a consideração das demandas de Recomenda-se que todas as empresas trabalhem
mercado. seu planejamento estratégico, tendo o cuidado de
definir seus objetivos e desdobrá-los em metas,
As empresas reconhecem que, em relação: ações e indicadores, permitindo a tomada de
(a) ao desempenho de edifícios: decisão fundamentada. Esse planejamento deve
contemplar os módulos de gestão e as necessidades
- há necessidade de atualização em relação à da empresa. Recomenda-se que as empresas
norma; definam sua atuação, considerando seus pontos
- necessidade de capacitação; fortes e fracos, ameaças e oportunidades (ZHAO et
al., 2012; HOUBEN; LENIE; VANHOOF, 1999).
- necessidade de estudo da aplicação de softwares
Quanto às demandas de mercado especificamente,
de medição de desempenho;
recomenda-se que as empresas analisem se estão
- há falta de documentação e ensaio de produtos preparadas para atender ao mercado – diagnóstico
brasileiros; e sobre sua situação atual – e verifiquem a

Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 157


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 137-159, jul./set. 2013.

necessidade de alteração de seus processos, de GU, N.; LONDON, K. Understanding and


capacitação, treinamento interno e equipamentos, a Facilitating BIM Adoption in the AEC Industry.
possibilidade de parcerias com os clientes e de Automation in Construction, v. 19, n. 8, p. 988-
participação de entidades de classe ou grupos de 999, dec. 2010.
empresas para discuti-las.
HOUBEN, G.; LENIE, K.; VANHOOF, K. A
Como trabalhos futuros, sugere-se a proposição de Knowledge-Based SWOT-Analysis System as an
diretrizes para a inserção de requisitos de Instrument for Strategic Planning in Small and
desempenho no processo de projeto de edificações, Medium Sized Enterprises. Decision Support
assim como requisitos ambientais e BIM. Desse Systems, v. 26, n. 2, p. 125-135, ago. 1999.
modo, propostas para a reformulação do processo
KHOSROWSHAHI, F.; ARAYICI, Y. Roadmap
de projeto são necessárias para permitir o For Implementation of BIM in the UK
atendimento aos requisitos e o trabalho com BIM.
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SOUZA, F. R. Implementação de Modelo de Os autores agradecem às empresas participantes do
Gestão para Empresas de Projeto. 202 f. São trabalho de pesquisa e à Capes, pela bolsa de
Paulo, 2009. Dissertação (Mestrado em pesquisa concedida a uma das autoras.
Engenharia de Construção Civil) – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2009.

Nathália de Paula
Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica | Universidade de São Paulo | Av. Prof. Almeida Prado, Trav. 2, n.
83, Cidade Universitária | São Paulo – SP – Brasil | CEP 05.508-900 | Tel. (11) 3091-5234 | E-mail: nathaliapaula@yahoo.com.br

Mônica Emiko Uechi


Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica | Universidade de São Paulo | E-mail: monicaemiko@yahoo.com.br

Silvio Burrattino Melhado


Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica | Universidade de São Paulo | E-mail: silvio.melhado@poli.usp.br

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Novas demandas para as empresas de projeto de edifícios 159

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