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Tribunal Regional Federal da 5ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico


Consulta Processual

09/09/2018

Número: 0809311-23.2018.4.05.8100
Classe: JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
Partes
Tipo Nome
REQUERIDO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
REQUERENTE JERONIMO ALVES BEZERRA
REQUERENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira
REQUERENTE IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO ANTONIO EDUARDO DE LIMA MACHADO FERRI
REQUERENTE GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058100.3847182 25/06/2018 Ação de Justificação Criminal - Inicial Petição Inicial
18:11
4058100.3847196 25/06/2018 1 - Deusmar - Ação de Justificação simplificada Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847199 25/06/2018 2 - Procurações Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847201 25/06/2018 3 - Denúncia Garimpagem Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847208 25/06/2018 4 - Sentença Garimpagem reduzido Parte1 Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847210 25/06/2018 4 - Sentença Garimpagem reduzido Parte2 Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847253 25/06/2018 4 - Sentença Garimpagem reduzido Parte3 Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847256 25/06/2018 4 - Sentença Garimpagem reduzido Parte4 Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847264 25/06/2018 5 - Acórdão, Relatório e Voto da Apelação Documento de Comprovação
18:11 Parte1
4058100.3847266 25/06/2018 5 - Acórdão, Relatório e Voto da Apelação Documento de Comprovação
18:11 Parte2
4058100.3847268 25/06/2018 6 - Andamento REsp 1.449.193 Documento de Comprovação
18:11
4058100.3847295 25/06/2018 Certidão de Distribuição Certidão
18:17
4058100.3871033 29/06/2018 Petição - remessa imediata Petição
16:49
4058100.3871037 29/06/2018 Deusmar - justificação criminal remessa Documento de Comprovação
16:49 imediata
4058100.3871207 29/06/2018 Certidão de Redistribuição Certidão
17:03
4058100.3875936 03/07/2018 Despacho Despacho
14:50
4058100.3879128 03/07/2018 Intimação Expediente
14:50
4058100.3885001 04/07/2018 Intimação Expediente
14:15
4058100.3887372 04/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
18:17
4058100.3895297 06/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
08:43
4058100.3897672 06/07/2018 Substabelecimento Petição
13:15
4058100.3897673 06/07/2018 Substabelecimento Ferri Documento de Comprovação
13:15
4058100.3899739 09/07/2018 Certidão de Retificação de Autuação Certidão de retificação de autuação
00:00
4058100.3909080 10/07/2018 PAR 12660 justificacao criminal 0809311-23.pdf Petição
15:28
4058100.3909071 10/07/2018 PAR 12660 justificacao criminal 0809311-23.pdf Petição
15:28
4058100.3909069 10/07/2018 PAR 12660 justificacao criminal 0809311-23.pdf Petição
15:28
4058100.3909061 10/07/2018 Manifestação do MPF Petição
15:28
4058100.3934662 18/07/2018 Despacho Despacho
14:24
4058100.3946325 18/07/2018 Intimação Expediente
14:24
4058100.3946326 18/07/2018 Intimação Expediente
14:24
4058100.3946327 18/07/2018 Intimação Expediente
14:24
4058100.3946328 18/07/2018 Intimação Expediente
14:24
4058100.3950955 19/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
13:43
4058100.3951144 19/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
13:57
4058100.3990410 27/07/2018 Manifestação rol de testemunhas Petição
15:13
4058100.3990430 27/07/2018 Deusmar - Ação de Justificação Criminal Documento de Comprovação
15:13 manifestação rol de testemunhas.pdf 01
4058100.3992182 28/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:01
4058100.3992183 28/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:01
4058100.4008596 01/08/2018 Decisão Decisão
14:29
4058100.4010620 01/08/2018 Intimação Expediente
15:51
4058100.4014603 02/08/2018 Ciência do MPF - MANIFESTACAO- Petição
11:52 14336_2018.pdf
4058100.4059768 11/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:04
4058100.4059769 11/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:04
4058100.4059771 11/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:04
4058100.4059772 11/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:04
4058100.4059773 11/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:04
4058100.4090691 17/08/2018 Apelação Apelação
17:47
4058100.4090698 17/08/2018 Deusmar Apelação Indeferimento Justificação Documento de Comprovação
17:47 Criminal Corrigido
4058100.4093554 20/08/2018 Despacho Despacho
17:02
4058100.4098125 20/08/2018 Intimação Expediente
17:02
4058100.4098126 20/08/2018 Intimação Expediente
17:03
4058100.4098127 20/08/2018 Intimação Expediente
17:03
4058100.4098130 20/08/2018 Intimação Expediente
17:03
4058100.4098132 20/08/2018 Intimação Expediente
17:03
4058100.4113853 22/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
17:34
4058100.4143061 28/08/2018 Contrarrazões do MPF Contrarrazões
14:05
4058100.4152650 29/08/2018 Certidão de retificação de processo remetido Certidão
16:52
4058100.4154303 30/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:02
4058100.4154304 30/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:02
4058100.4154383 30/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:03
4058100.4154384 30/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:03
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

Ação de Justificação Criminal

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , brasileiro, casado, empresário, portador da Carteira de


Identidade RG nº 207.206 SSP/CE, residente e domiciliado na Avenida Beira Mar, 2270, apto. 1300,
Fortaleza - CE, GERALDO GADELHA FILHO , brasileiro, casado, advogado, portador do RG nº
950.021.727-86 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Joaquim Nabuco, nº 1400, apt. 602, Fortaleza/CE,
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA , brasileiro, separado judicialmente, economista, portador do RG
nº 10.781-82 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Silva Jatahy, nº 220, apt. 1600, Fortaleza/CE e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA , brasileiro, solteiro, inscrito no CPF/MF sob o nº 232.814.993-68,
residente e domiciliado à Rua Paula Ney, nº 827, apt. 1301, Aldeota, Fortaleza/CE, vêm, por seus
advogados ao final assinados, propor, com fulcro nos artigos 381, §5º do Código de Processo Civil, a
presente

AÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

destinada à produção de prova testemunhal, sob o crivo do contraditório, a ser utilizada em posterior ação
de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir condenação criminal, proferida nos autos da ação penal nº
0012628.43.2010.4.05.8100, e, posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, o que faz pelos seguintes motivos:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1.
1/9
1. 1. Os Autores foram denunciados e condenados inicialmente pela suposta
prática dos crimes descritos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo
a conduta imputada, a de "garimpagem" de ações.

1. 2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da 5ª Região
dado parcial provimento ao recurso para absolver os Requerentes em relação ao crime previsto no
artigo 27-C da Lei nº 6.385/76, restando a condenação pela suposta prática do crime previsto no art.
7º, IV, da Lei 7.492/86, às penas de 9 anos e 2 meses de reclusão, para o FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS e 5 anos de reclusão para os demais.

1. 3. Apenas após a condenação por crime absolutamente diverso ao descrito, em


que se considerou que houve lesão ao bem jurídico "sistema financeiro nacional" única e
exclusivamente pelo suposto "volume" de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de
arrolar testemunhas relevantes para a defesa, porém tarde demais.

1. 4. A inadequação típica foi aventada perante as instâncias superiores, porém, o


Superior Tribunal de Justiça negou-se a fazer a análise da matéria por considerar que seria
necessário dilação probatória ou revolvimento de provas, o que é obstado por força da Súmula nº 7
daquela Corte.

1. 5. Foi fundamento da decisão que negou provimento ao Recurso Especial o


fato de que a sentença, bem assim o acórdão que a confirmou, consideraram que o volume das
operações caracterizariam uma lesão ao sistema financeiro nacional e que este fato específico,
conduziria à subsunção à norma da Lei de Crimes contra o Sistema Nacional.

1. 6. Sendo assim, não restou à defesa outro caminho senão servir-se do presente
expediente, de jurisdição voluntária, para realizar a prova testemunhal que servirá a futura Revisão
Criminal, de molde a comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não
importava em lesão ao sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar
diretamente na Bolsa, ou sendo a empresa corretora, vendendo-as em lote,
independentemente do volume das transações, resultariam em um mesmo preço .

1. 7. Neste caso, apenas ocorreria em lesão, se existente, ao cliente (consumidor)


da empresa, que, para obter liquidez e rapidez no recebimento do valor, concordava em repassá-la
imediatamente por preço menor do que alcançaria caso aguardasse o tempo necessário - e o próprio
risco do mercado de ações - para negociá-las ele próprio.

1. 8. Tais depoimentos constituem, portanto, novidade , que se apresentará com o


futuro pedido de Revisão Criminal.

1.
2/9
1. 9. Como já se disse, além destes depoimentos serem inéditos , não poderiam
ter sido produzidos na ação originária.

1. 10. O Superior Tribunal de Justiça, por decisão de sua Quinta Turma, já fixou o
entendimento de que a conveniência da produção da prova cabe ao interessado, sendo até mesmo
dispensável declinar, em sede de ação de justificação criminal, a sua novidade ou necessidade para
fins de revisão criminal. Neste sentido:

"HOMICÍDIO QUALIFICADO, JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. INDEFERIMENTO. VIOLAÇÃO A


LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO DO ACUSADO. JUIZO ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA
PARA FINS DE REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE, DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DA
NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA DA PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.

1.Embora o indeferimento de justificação judicial não viole, imediatamente, a liberdade de locomoção do


acusado, o certo é que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir a revisão criminal;
ameaçando o seu direito ambulatorial, ainda que de modo reflexo, já que está sendo impedido de
questionar a condenação que reputa ser injusta ou nula. Precedente.

2.No procedimento de justificação judicial não se exige que a defesa explicite a novidade, a importância
ou a finalidade da prova que pretende produzir, exame que será realizado quando da sua utilização em
eventual ação revisional a ser ajuizada. Precedentes.

3.Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para determinar o processamento da
cautelar de justificação ajuizada pela defesa. (HC 324634, Rel. Min LEOPOLDO DE ARRUDA
RAPOSO, DJ de 04/11/2015)."

1. 11. Considerando a impossibilidade de dilação probatória no curso do


procedimento da revisão criminal, é de rigor a utilização desta ação.

II - DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU PARA PROCESSAR AÇÃO DE


JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

1. 12. A competência para o processamento e julgamento da ação de justificação


criminal é do juízo de primeiro grau, mais precisamente, perante o juízo de primeiro grau.

1. 13. Ainda que a futura Revisão Criminal seja de competência de Tribunal


Regional Federal da 5ª Região, já é segura e firme a jurisprudência de que a ação de justificação
criminal deve correr perante o juízo de primeiro grau em que se deu a instrução e condenação do
Acusado.

1.
3/9
1. 14. Nesse sentido:

"CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PROCESSAMENTO


PERANTE O JUÍZO DA CONDENAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I - O pedido de
justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória de pedido revisional, deve ser
processado perante o juízo da condenação. II - Deram pela competência do Juízo suscitado (TJMG nº
Acórdão 1.0000.09.506968- 8/000. Relator Eduardo Brum. Data de Publicação 22/02/2010. Data de
Julgamento 22/02/2010)"

"CONFLITO DE JURISDIÇÃO, JUIZADO ESPECIAL E DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR


CONTRA MULHER VERSUS VARA CRIMINAL COMUM DE SOBRADINHO. ESTUPRO CONTRA
FILHA NO AMBITO FAMILIAR DOMÉSTICO. FATO ANTERIOR À LEI MARIA DA PENHA.
JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA CAUTELAR PARA INSTRUIR REVISÃO CRIMINAL. COMPETÊNCIA DO
JUÍZO DA CONDENAÇÃO. PRINCÍPIOS DO JUIZ NATURAL E IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. 1.
Réu condenado por infringir o artigo 214 combinado com 225, § 1º, inciso II, e 226, inciso II, do código
penal, na redação anterior à lei 12.015/2009, por abusos sexuais praticados contra a própria filha,
configurando estupro e atentado ao pudor. a defesa requereu justificação prévia tendente para instruir
revisão criminal, mas o juízo criminal comum declinou da competência para o juizado de violência
doméstica da mesma circunscrição, por se tratar de crime praticado no âmbito familiar doméstico. 2.
Conforme precedente da egrégia câmara criminal, a lei 11.340/2006 é norma jurídica de natureza mista
que contém regras de direito material mais gravosas. Assim, a competência para julgar fatos que
classificados como violência doméstica e familiar contra mulher ocorridos antes de sua vigência é da
vara criminal, sob pena de ofender o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. 3. não se
tratando de apurar fato novo, mas de reapreciar crime já transitado em julgado, verifica-se a prevenção
da competência do juízo da condenação para o procedimento de justificação judicial. 4. conflito de
competência conhecido e provido para declarar competente o juízo suscitado. (TJ-DF - CCR:
31552520128070000 DF 0003155-25.2012.807.0000, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Data de
Julgamento: 12/03/2012, Câmara Criminal, Data de Publicação: 11/04/2012, DJ-e Pág. 121)"

"APELAÇÃO CRIMINAL EM OUTROS PROCESSOS - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PRETENSÃO DE


PRODUÇÃO PROBATÓRIA PARA REVISÃO CRIMINAL - APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC -
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DO MÉRITO DA PROVA PELO PODER JUDICIÁRIO - ART. 866,
CPC. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA CONDENAÇÃO - RECURSO PROVIDO (TJ-MS - ACR: 29116
MS 2008.029116-2, Relator: Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, Data de Julgamento: 24/11/2008, 2ª
Turma Criminal, Data de Publicação: 13/01/2009)."

1. 15. Isto porque a ação de justificação criminal consiste, única e exclusivamente,


na oitiva de testemunhas, procedimento que é facilitado em razão da proximidade local com as
próprias pessoas a serem ouvidas, todas residentes e domiciliadas nesta jurisdição, evitando gastos
inúteis com a expedição de carta de ordem, dificuldades com o próprio acompanhamento do seu
cumprimento, etc.

1. 16. Com efeito, esta é a lição de MIRABETE:

4/9
"Para a revisão é inclusive necessário que seja a prova produzida judicialmente, no juízo de 1º grau,
obedecendo-se o princípio do contraditório, com a exigência, portanto, da participação do Ministério
Público. Tal justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória, deve ser processada
perante o juízo da condenação."

1. 17. No mesmo sentido, NUCCI:

"Busca da prova nova: pode ser ela introduzida diretamente nos autos da revisão criminal - quando se
tratar de documento novo, por exemplo - como pode ser alcançada por meio do procedimento próprio,
denominado justificação, que é uma medida cautelar voltada à preparação de futura ação penal ou de
julgamento, Desenvolve-se a justificação perante o juiz da condenação, como preceituado pelo art. 861 e
seguintes do Código de Processo Civil"

III - DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO PARA O CONHECIMENTO DA


AÇAO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL E DA SUA

NECESSIDADE CAUTELAR JUSTAMENTE EM RAZÃO DA PREMENTE

PRISÃO DOS REQUERENTES

1. 18. Está-se utilizando da via da ação da justificação criminal neste momento, em


que já existe condenação com trânsito em julgado para o Ministério Público e o acórdão que
julgou o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial
oposto pela defesa já foi publicado.

1. 19. A irreversibilidade da condenação, portanto, já se mostra iminente sendo


certa a necessidade da revisão criminal para que haja a pretendida rescisão do édito condenatório.

1. 20. Não há qualquer óbice, portanto, ao conhecimento da presente ação de


justificação criminal, que, como é sabido, possui natureza cautelar e não se submete aos mesmos
requisitos exigidos para a ação principal que visa acautelar.

5/9
1. 21. Não é demais lembrar que a ação de justificação judicial é independente e
autônoma, de jurisdição voluntária , sendo que ao Magistrado não caberá fazer análise de mérito
que pudesse vir a interferir no juízo penal.

1. 22. Ao autor caberá fazer a avaliação, a depender do conteúdo que ali restar
produzido, se de fato usará o material probatório, seja para guardar como documento, seja para, no
futuro, embasar ação própria, como é sua intenção.

1. 23. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ao comentar o antigo artigo 861 do


Código de Processo Civil, cuja redação foi reproduzida no novel artigo 381, ensina que a
justificação tem o fim de documentar fatos, podendo servir a dois objetivos diversos: simplesmente
de documento para o proponente, sem caráter contencioso, exaurindo em si mesma sua finalidade
[1]
processual, e servir de prova em processo regular .

[2]
1. 24. Com entendimento idêntico, pode-se citar ARI FERREIRA DE QUEIROZ
.

1. 25. Ademais, é premente o risco de prisão dos Requerentes, que se avizinha


perigosamente, lembrando que a condenação foi pesada e o regime de cumprimento de pena fixado
foi o semiaberto para JERÔNIMO, GERALDO e IELTON, e fechado para FRANCISCO
DEUSMAR.

1. 26. É o que a doutrina, de modo muito lúcido, ensina, valendo citar artigo de
[3]
autoria de ALEXANDRE CLAUDINO SIMAS SANTOS , por sua pontual exposição:

"No entanto, a controvérsia surge quando a Justificação Criminal é proposta em momento anterior ao
trânsito em julgado da sentença que se pretende ver rescindida, caso em que pode vir a ser questionado o
cabimento da cautelar, porquanto a Revisão Criminal somente é admitida em face de sentença transitada
em julgado ($ 1º do art. 625 do Código de Processo Penal).

É importante ressaltar que a legislação vigente não estabelece exigências específicas para o ajuizamento
de Justificação Criminal, não havendo que se falar em óbice legal à sua propositora anterior ao trânsito
em julgado. Em que pese esteja ela relacionada à Revisão Criminal (que inegavelmente só é cabível após
o trânsito em julgado da sentença condenatória), não se pode perder de vista a natureza cautelar de
Ação de Justificação, cuja urgência é intrínseca. Também não é demais lembrar que a prova produzida
em seu âmbito pode conduzir à reparação de um erro judicial dos mais graves, qual seja, a injusta
condenação criminal.

Dessa forma, entende-se que o indeferimento da Justificação Criminal, ainda em casos em que a
condenação não tenha passado em julgado, pode vir a malferir os princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, mormente nos casos em que o autor foi sentenciado a cumprimento de
pena em regime semiaberto ou fechado. Nesta hipótese, o óbice à obtenção da prova obtida por meio da

6/9
cautelar pode resultar na prisão do acusado, tendo em vista que, uma vez transitada em julgado a
sentença condenatória, proceder-se-ia à expedição de mandado de prisão para cumprimento da pena,
desfecho possível de ser evitado com o sucesso da futura Revisão Criminal.

(...)

Conclui-se, pois, que não há base legal para que seja indeferida a Ação de Justificação Criminal sob
argumento de que não houve transito em julgado da sentença a ser impugnada, e que a questão deve ser
solucionada em favor das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art. 5º LV, da
Constituição da República)."

1. 27. Neste sentido, a ausência de trânsito em julgado, que se avizinha, aliás, não
constitui qualquer óbice à ação de justificação criminal, que é autônoma, e possui natureza cautelar
de produção antecipada de prova.

IV - DOS PEDIDOS

1. 28. Assim, sendo, requer:

a) seja recebida a presente inicial, intimando-se o membro do Ministério Público;

b) seja deferida a oitiva das testemunhas arroladas abaixo, intimando-as nos endereços ali expressos,
todas elas residentes nesta Seção Judiciária.

1. RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA SAMPAIO

Economista

Ex- Presidente da Bolsa de Valores Regional

Rua Tomaz Pompeu, 111 - ap. 400 - Fortaleza(CE).

2. FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS

Operador de Bolsa

Av. Dom Manuel, 1020 - Centro - Fortaleza(CE).

3.ANA MARIA HOLANDA BARRETO

Analista Administrativa

Av. Dom Manuel, 1020. Fortaleza (CE)

4.JOSUÉ UBIRANILSON ALVES

7/9
Empresário

Rua Senador Pompeu, 1520 - Centro - Fortaleza(CE).

5.MÁRIO HENRIQUE ALVES DE QUEIRÓS

Administrador

Rua Senador Pompeu, 1520 - 3º andar- Centro - CEP 60025-902 - Fortaleza (CE)

6. ARMANDO LIMA CAMINHA FILHO

Empresário

Av. Rui Barbosa, 255, apto. 1700, torre VM.

Bairro Meirelles

Fortaleza (CE)

c) sejam os autos, após cumpridas as formalidades legais, entregues aos Advogados subscritores, nos
termos do artigo 866 do Código de Processo Civil.

Atribui-se à causa o valor de R$500,00, para efeitos meramente fiscais.

P. deferimento.

Fortaleza, 25 de junho de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Thaís Aroca Datcho Lacava

OAB-DF 21.932 OAB-SP 234.563

[1] THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo Cautelar, 18. Ed. Ver e atual. São Paulo: Livraria e
Editora Universitária de Direito, 1999, p. 323

[2] QUEIROZ, Ari Ferreira de. Direito processual civil: processo de execução e do processo cautelar. 3.
Ed. Ver., ampl. e atual até junho de 1997. Goiânia: Editora Jurídica. 1997. P. 315

8/9
[3] Disponível em:
<http://emporiododireito.com.br/leitura/sobre-o-ajuizamento-de-justificacao-criminal-antes-do-transi
to-em-julgado-analise-acerca-do-cabimento>. Acesso em: 21 fev. 2017.

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EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
CEARÁ

Ação de Justificação Criminal

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado, empresário,


portador da Carteira de Identidade RG nº 207.206 SSP/CE, residente e domiciliado na
Avenida Beira Mar, 2270, apto. 1300, Fortaleza - CE, GERALDO GADELHA FILHO,
brasileiro, casado, advogado, portador do RG nº 950.021.727-86 SSP/CE, residente e
domiciliado à Rua Joaquim Nabuco, nº 1400, apt. 602, Fortaleza/CE, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, brasileiro, separado judicialmente, economista, portador do
RG nº 10.781-82 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Silva Jatahy, nº 220, apt.
1600, Fortaleza/CE e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, brasileiro, solteiro, inscrito no
CPF/MF sob o nº 232.814.993-68, residente e domiciliado à Rua Paula Ney, nº 827,
apt. 1301, Aldeota, Fortaleza/CE, vêm, por seus advogados ao final assinados, propor,
com fulcro nos artigos 381, §5º do Código de Processo Civil, a presente

AÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

destinada à produção de prova testemunhal, sob o crivo do contraditório, a ser utilizada


em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir condenação criminal,
proferida nos autos da ação penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e, posteriormente,
confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, o que
faz pelos seguintes motivos:

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I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. Os Autores foram denunciados e condenados inicialmente pela suposta


prática dos crimes descritos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº
6.385/76, sendo a conduta imputada, a de “garimpagem” de ações.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da
5ª Região dado parcial provimento ao recurso para absolver os Requerentes em
relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76, restando a condenação
pela suposta prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86, às penas de 9
anos e 2 meses de reclusão, para o FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e 5 anos
de reclusão para os demais.

3. Apenas após a condenação por crime absolutamente diverso ao


descrito, em que se considerou que houve lesão ao bem jurídico “sistema financeiro
nacional” única e exclusivamente pelo suposto “volume” de transações é que surgiu
para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes para a defesa, porém
tarde demais.

4. A inadequação típica foi aventada perante as instâncias superiores,


porém, o Superior Tribunal de Justiça negou-se a fazer a análise da matéria por
considerar que seria necessário dilação probatória ou revolvimento de provas, o que é
obstado por força da Súmula nº 7 daquela Corte.

5. Foi fundamento da decisão que negou provimento ao Recurso Especial


o fato de que a sentença, bem assim o acórdão que a confirmou, consideraram que o
volume das operações caracterizariam uma lesão ao sistema financeiro nacional e que
este fato específico, conduziria à subsunção à norma da Lei de Crimes contra o
Sistema Nacional.

6. Sendo assim, não restou à defesa outro caminho senão servir-se do


presente expediente, de jurisdição voluntária, para realizar a prova testemunhal que
servirá a futura Revisão Criminal, de molde a comprovar que a ação de negociação
pelo sistema realizado não importava em lesão ao sistema financeiro nacional,

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pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo a empresa
corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações,
resultariam em um mesmo preço.

7. Neste caso, apenas ocorreria em lesão, se existente, ao cliente


(consumidor) da empresa, que, para obter liquidez e rapidez no recebimento do valor,
concordava em repassá-la imediatamente por preço menor do que alcançaria caso
aguardasse o tempo necessário – e o próprio risco do mercado de ações – para
negociá-las ele próprio.

8. Tais depoimentos constituem, portanto, novidade, que se apresentará


com o futuro pedido de Revisão Criminal.

9. Como já se disse, além destes depoimentos serem inéditos, não


poderiam ter sido produzidos na ação originária.

10. O Superior Tribunal de Justiça, por decisão de sua Quinta Turma, já


fixou o entendimento de que a conveniência da produção da prova cabe ao
interessado, sendo até mesmo dispensável declinar, em sede de ação de justificação
criminal, a sua novidade ou necessidade para fins de revisão criminal. Neste sentido:

“HOMICÍDIO QUALIFICADO, JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL.


INDEFERIMENTO. VIOLAÇÃO A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO DO
ACUSADO. JUIZO ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA PARA
FINS DE REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE, DESNECESSIDADE
DE INDICAÇÃO DA NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA DA
PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CARACTERIZADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1.Embora o indeferimento de justificação judicial não viole,
imediatamente, a liberdade de locomoção do acusado, o certo é que
inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir a revisão
criminal; ameaçando o seu direito ambulatorial, ainda que de modo
reflexo, já que está sendo impedido de questionar a condenação que
reputa ser injusta ou nula. Precedente.
2.No procedimento de justificação judicial não se exige que a defesa
explicite a novidade, a importância ou a finalidade da prova que
pretende produzir, exame que será realizado quando da sua utilização
em eventual ação revisional a ser ajuizada. Precedentes.
3.Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para
determinar o processamento da cautelar de justificação ajuizada pela

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defesa. (HC 324634, Rel. Min LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO, DJ
de 04/11/2015).”

11. Considerando a impossibilidade de dilação probatória no curso do


procedimento da revisão criminal, é de rigor a utilização desta ação.

II – DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU PARA PROCESSAR AÇÃO


DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

12. A competência para o processamento e julgamento da ação de


justificação criminal é do juízo de primeiro grau, mais precisamente, perante o juízo de
primeiro grau.

13. Ainda que a futura Revisão Criminal seja de competência de Tribunal


Regional Federal da 5ª Região, já é segura e firme a jurisprudência de que a ação de
justificação criminal deve correr perante o juízo de primeiro grau em que se deu a
instrução e condenação do Acusado.

14. Nesse sentido:

“CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO – JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL – PROCESSAMENTO PERANTE O JUÍZO DA
CONDENAÇÃO – COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I – O
pedido de justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar
preparatória de pedido revisional, deve ser processado perante o juízo
da condenação. II – Deram pela competência do Juízo suscitado
(TJMG nº Acórdão 1.0000.09.506968- 8/000. Relator Eduardo Brum.
Data de Publicação 22/02/2010. Data de Julgamento 22/02/2010)”

“CONFLITO DE JURISDIÇÃO, JUIZADO ESPECIAL E DE VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA MULHER VERSUS VARA
CRIMINAL COMUM DE SOBRADINHO. ESTUPRO CONTRA FILHA
NO AMBITO FAMILIAR DOMÉSTICO. FATO ANTERIOR À LEI MARIA
DA PENHA. JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA CAUTELAR PARA INSTRUIR
REVISÃO CRIMINAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA CONDENAÇÃO.
PRINCÍPIOS DO JUIZ NATURAL E IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. 1.
Réu condenado por infringir o artigo 214 combinado com 225, § 1º,
inciso II, e 226, inciso II, do código penal, na redação anterior à lei
12.015/2009, por abusos sexuais praticados contra a própria filha,
configurando estupro e atentado ao pudor. a defesa requereu

4/9
justificação prévia tendente para instruir revisão criminal, mas o juízo
criminal comum declinou da competência para o juizado de violência
doméstica da mesma circunscrição, por se tratar de crime praticado no
âmbito familiar doméstico. 2. Conforme precedente da egrégia câmara
criminal, a lei 11.340/2006 é norma jurídica de natureza mista que
contém regras de direito material mais gravosas. Assim, a competência
para julgar fatos que classificados como violência doméstica e familiar
contra mulher ocorridos antes de sua vigência é da vara criminal, sob
pena de ofender o princípio da irretroatividade da lei penal mais
gravosa. 3. não se tratando de apurar fato novo, mas de reapreciar
crime já transitado em julgado, verifica-se a prevenção da competência
do juízo da condenação para o procedimento de justificação judicial. 4.
conflito de competência conhecido e provido para declarar competente
o juízo suscitado. (TJ-DF – CCR: 31552520128070000 DF 0003155-
25.2012.807.0000, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Data de
Julgamento: 12/03/2012, Câmara Criminal, Data de Publicação:
11/04/2012, DJ-e Pág. 121)”

“APELAÇÃO CRIMINAL EM OUTROS PROCESSOS - JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL - PRETENSÃO DE PRODUÇÃO PROBATÓRIA PARA
REVISÃO CRIMINAL – APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC -
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DO MÉRITO DA PROVA PELO
PODER JUDICIÁRIO – ART. 866, CPC. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DA CONDENAÇÃO – RECURSO PROVIDO (TJ-MS – ACR: 29116 MS
2008.029116-2, Relator: Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, Data de
Julgamento: 24/11/2008, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação:
13/01/2009).”

15. Isto porque a ação de justificação criminal consiste, única e


exclusivamente, na oitiva de testemunhas, procedimento que é facilitado em razão da
proximidade local com as próprias pessoas a serem ouvidas, todas residentes e
domiciliadas nesta jurisdição, evitando gastos inúteis com a expedição de carta de
ordem, dificuldades com o próprio acompanhamento do seu cumprimento, etc.

16. Com efeito, esta é a lição de MIRABETE:

“Para a revisão é inclusive necessário que seja a prova produzida


judicialmente, no juízo de 1º grau, obedecendo-se o princípio do
contraditório, com a exigência, portanto, da participação do Ministério
Público. Tal justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar
preparatória, deve ser processada perante o juízo da condenação.”

5/9
17. No mesmo sentido, NUCCI:

“Busca da prova nova: pode ser ela introduzida diretamente nos autos
da revisão criminal - quando se tratar de documento novo, por exemplo
- como pode ser alcançada por meio do procedimento próprio,
denominado justificação, que é uma medida cautelar voltada à
preparação de futura ação penal ou de julgamento, Desenvolve-se a
justificação perante o juiz da condenação, como preceituado pelo art.
861 e seguintes do Código de Processo Civil”

III - DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO PARA O CONHECIMENTO


DA AÇAO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL E DA SUA
NECESSIDADE CAUTELAR JUSTAMENTE EM RAZÃO DA PREMENTE
PRISÃO DOS REQUERENTES

18. Está-se utilizando da via da ação da justificação criminal neste


momento, em que já existe condenação com trânsito em julgado para o Ministério
Público e o acórdão que julgou o segundo recurso de embargos de declaração no
agravo regimental no recurso especial oposto pela defesa já foi publicado.

19. A irreversibilidade da condenação, portanto, já se mostra iminente


sendo certa a necessidade da revisão criminal para que haja a pretendida rescisão do
édito condenatório.

20. Não há qualquer óbice, portanto, ao conhecimento da presente ação de


justificação criminal, que, como é sabido, possui natureza cautelar e não se submete
aos mesmos requisitos exigidos para a ação principal que visa acautelar.

21. Não é demais lembrar que a ação de justificação judicial é


independente e autônoma, de jurisdição voluntária, sendo que ao Magistrado não
caberá fazer análise de mérito que pudesse vir a interferir no juízo penal.

22. Ao autor caberá fazer a avaliação, a depender do conteúdo que ali


restar produzido, se de fato usará o material probatório, seja para guardar como
documento, seja para, no futuro, embasar ação própria, como é sua intenção.

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23. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ao comentar o antigo artigo 861 do
Código de Processo Civil, cuja redação foi reproduzida no novel artigo 381, ensina que
a justificação tem o fim de documentar fatos, podendo servir a dois objetivos diversos:
simplesmente de documento para o proponente, sem caráter contencioso, exaurindo
em si mesma sua finalidade processual, e servir de prova em processo regular 1.

24. Com entendimento idêntico, pode-se citar ARI FERREIRA DE


QUEIROZ2.

25. Ademais, é premente o risco de prisão dos Requerentes, que se


avizinha perigosamente, lembrando que a condenação foi pesada e o regime de
cumprimento de pena fixado foi o semiaberto para JERÔNIMO, GERALDO e IELTON,
e fechado para FRANCISCO DEUSMAR.

26. É o que a doutrina, de modo muito lúcido, ensina, valendo citar artigo
de autoria de ALEXANDRE CLAUDINO SIMAS SANTOS3, por sua pontual exposição:

“No entanto, a controvérsia surge quando a Justificação Criminal é


proposta em momento anterior ao trânsito em julgado da sentença que
se pretende ver rescindida, caso em que pode vir a ser questionado o
cabimento da cautelar, porquanto a Revisão Criminal somente é
admitida em face de sentença transitada em julgado ($ 1º do art. 625
do Código de Processo Penal).
É importante ressaltar que a legislação vigente não estabelece
exigências específicas para o ajuizamento de Justificação Criminal, não
havendo que se falar em óbice legal à sua propositora anterior ao
trânsito em julgado. Em que pese esteja ela relacionada à Revisão
Criminal (que inegavelmente só é cabível após o trânsito em julgado da
sentença condenatória), não se pode perder de vista a natureza
cautelar de Ação de Justificação, cuja urgência é intrínseca. Também
não é demais lembrar que a prova produzida em seu âmbito pode
conduzir à reparação de um erro judicial dos mais graves, qual seja, a
injusta condenação criminal.
Dessa forma, entende-se que o indeferimento da Justificação Criminal,
ainda em casos em que a condenação não tenha passado em julgado,
pode vir a malferir os princípios constitucionais do contraditório e da

1 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo Cautelar, 18. Ed. Ver e atual. São Paulo: Livraria e Editora
Universitária de Direito, 1999, p. 323
2 QUEIROZ, Ari Ferreira de. Direito processual civil: processo de execução e do processo cautelar. 3.

Ed. Ver., ampl. e atual até junho de 1997. Goiânia: Editora Jurídica. 1997. P. 315
3 Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/leitura/sobre-o-ajuizamento-de-justificacao-criminal-
antes-do-transito-em-julgado-analise-acerca-do-cabimento>. Acesso em: 21 fev. 2017.

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ampla defesa, mormente nos casos em que o autor foi sentenciado a
cumprimento de pena em regime semiaberto ou fechado. Nesta
hipótese, o óbice à obtenção da prova obtida por meio da cautelar pode
resultar na prisão do acusado, tendo em vista que, uma vez transitada
em julgado a sentença condenatória, proceder-se-ia à expedição de
mandado de prisão para cumprimento da pena, desfecho possível de
ser evitado com o sucesso da futura Revisão Criminal.
(...)
Conclui-se, pois, que não há base legal para que seja indeferida a
Ação de Justificação Criminal sob argumento de que não houve
transito em julgado da sentença a ser impugnada, e que a questão
deve ser solucionada em favor das garantias constitucionais da ampla
defesa e do contraditório (art. 5º LV, da Constituição da República).”

27. Neste sentido, a ausência de trânsito em julgado, que se avizinha,


aliás, não constitui qualquer óbice à ação de justificação criminal, que é autônoma, e
possui natureza cautelar de produção antecipada de prova.

IV – DOS PEDIDOS

28. Assim, sendo, requer:

a) seja recebida a presente inicial, intimando-se o membro do


Ministério Público;

b) seja deferida a oitiva das testemunhas arroladas abaixo, intimando-


as nos endereços ali expressos, todas elas residentes nesta Seção Judiciária.

1. RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA SAMPAIO


Economista
Ex- Presidente da Bolsa de Valores Regional
Rua Tomaz Pompeu, 111 – ap. 400 – Fortaleza(CE).

2. FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS


Operador de Bolsa
Av. Dom Manuel, 1020 – Centro – Fortaleza(CE).

8/9
3.ANA MARIA HOLANDA BARRETO
Analista Administrativa
Av. Dom Manuel, 1020. Fortaleza (CE)

4.JOSUÉ UBIRANILSON ALVES


Empresário
Rua Senador Pompeu, 1520 – Centro – Fortaleza(CE).

5.MÁRIO HENRIQUE ALVES DE QUEIRÓS


Administrador
Rua Senador Pompeu, 1520 – 3º andar- Centro – CEP 60025-902 – Fortaleza (CE)

6. ARMANDO LIMA CAMINHA FILHO


Empresário
Av. Rui Barbosa, 255, apto. 1700, torre VM.
Bairro Meirelles
Fortaleza (CE)

c) sejam os autos, após cumpridas as formalidades legais, entregues


aos Advogados subscritores, nos termos do artigo 866 do Código de Processo Civil.

Atribui-se à causa o valor de R$500,00, para efeitos meramente fiscais.

P. deferimento.
Fortaleza, 25 de junho de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Thaís Aroca Datcho Lacava


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Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
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(e-STJ Fl.598)

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(e-STJ Fl.599)

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(e-STJ Fl.600)

3/5
(e-STJ Fl.601)

4/5
(e-STJ Fl.602)

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18062518031226600000003852613
Data e hora da assinatura: 25/06/2018 18:11:24
Identificador: 4058100.3847266
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 5/5
1/6
2/6
3/6
4/6
5/6
Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18062518031226700000003852615
Data e hora da assinatura: 25/06/2018 18:11:24
Identificador: 4058100.3847268
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 6/6
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
32ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100
CLASSE: JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
REQUERENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 32ª VARA FEDERAL, 11ª VARA FEDERAL, 12ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 32ª VARA FEDERAL.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 25/06/2018 18:17:17
Identificador: 4058100.3847295

1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 32ª VARA FEDERAL DE FORTALEZA/CE

Referência: Autos de Processo nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO


DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA , já qualificados nos autos, vem, por seu advogado,
à presença de Vossa Excelência, expor e requerer o que segue.

1. 1. Os Autores da ação em tela, em face da decisão deste Juízo, que declinou a


competência para a 11ª Vara Federal de Fortaleza/CE, vêm informar que concordam com o
decisium , dando-se por intimados neste ato.

1. 2. Vêm, também, requerer o envio dos autos com a máxima urgência para
a 11ª Vara Federal de Fortaleza/CE para que se possa dar seguimento ao feito.

Termos em que pede deferimento.

De Brasília para Fortaleza, 29 de junho de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932
Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18062916473365900000003876499
Data e hora da assinatura: 29/06/2018 16:49:53
Identificador: 4058100.3871033
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 32ª VARA FEDERAL DE
FORTALEZA/CE

Referência: Autos de Processo nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO


GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, já qualificados nos autos, vem, por seu advogado, à presença de
Vossa Excelência, expor e requerer o que segue.

1. Os Autores da ação em tela, em face da decisão deste Juízo,


que declinou a competência para a 11ª Vara Federal de Fortaleza/CE, vêm
informar que concordam com o decisium, dando-se por intimados neste
ato.

2. Vêm, também, requerer o envio dos autos com a máxima


urgência para a 11ª Vara Federal de Fortaleza/CE para que se possa dar
seguimento ao feito.

Termos em que pede deferimento.


De Brasília para Fortaleza, 29 de junho de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18062916490021800000003876503
Data e hora da assinatura: 29/06/2018 16:49:53
Identificador: 4058100.3871037
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100
CLASSE: JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
REQUERENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Certidão de Redistribuição

Tipo da Redistribuição: Dependência.


Motivo de Redistribuição: Dependência.
Concorreu(ram): 11ª VARA FEDERAL
Impedido(s): -
Redistribuído para: 11ª VARA FEDERAL.
Processo Relacionado: 0012628-43.2010.4.05.8100.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 29/06/2018 17:03:39
Identificador: 4058100.3871207

1/1
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

1. Trata-se de Ação de Justificação Criminal interposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a finalidade de produzir
prova testemunhal sob o regime do contraditório, a fim de servir de prova para embasar eventual Ação de Revisão Criminal em
face do trânsito em julgado da Sentença Penal condenatória prolatada no âmbito da Ação Penal n. 0012628-73.2010.4.05.8100.

2. Os presentes autos foram redistribuídos ao Juízo da 11ª Vara após o reconhecimento da incompetência proferido pelo Juízo da
32ª Vara conforme a decisão de ID n. 4058100.3861171.

3. Antes de me manifestar acerca da competência deste Juízo para o processamento do feito, manifeste-se o Ministério Público
Federal.

4. Expedientes necessários.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18070309104034100000003881409
Data e hora da assinatura: 03/07/2018 14:50:05
Identificador: 4058100.3875936
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

1. Trata-se de Ação de Justificação Criminal interposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a finalidade de produzir
prova testemunhal sob o regime do contraditório, a fim de servir de prova para embasar eventual Ação de Revisão Criminal em
face do trânsito em julgado da Sentença Penal condenatória prolatada no âmbito da Ação Penal n. 0012628-73.2010.4.05.8100.

2. Os presentes autos foram redistribuídos ao Juízo da 11ª Vara após o reconhecimento da incompetência proferido pelo Juízo da
32ª Vara conforme a decisão de ID n. 4058100.3861171.

3. Antes de me manifestar acerca da competência deste Juízo para o processamento do feito, manifeste-se o Ministério Público
Federal.

4. Expedientes necessários.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18070314500652200000003884600
Data e hora da assinatura: 03/07/2018 14:50:07
Identificador: 4058100.3879128
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

1. Trata-se de Ação de Justificação Criminal interposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a finalidade de produzir
prova testemunhal sob o regime do contraditório, a fim de servir de prova para embasar eventual Ação de Revisão Criminal em
face do trânsito em julgado da Sentença Penal condenatória prolatada no âmbito da Ação Penal n. 0012628-73.2010.4.05.8100.

2. Os presentes autos foram redistribuídos ao Juízo da 11ª Vara após o reconhecimento da incompetência proferido pelo Juízo da
32ª Vara conforme a decisão de ID n. 4058100.3861171.

3. Antes de me manifestar acerca da competência deste Juízo para o processamento do feito, manifeste-se o Ministério Público
Federal.

4. Expedientes necessários.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
AGNOR DA SILVA CARMO JUNIOR - Diretor de Secretaria
18070414150835000000003890481
Data e hora da assinatura: 04/07/2018 14:15:49
Identificador: 4058100.3885001
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 04/07/2018 18:17, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 03/07/2018 14:50 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18070414150835000000003890481 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 04/07/2018 18:17 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 04/07/2018 18:17:51
Identificador: 4058100.3887372

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 06/07/2018 08:43, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 03/07/2018 14:50 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18070314500652200000003884600 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 06/07/2018 08:43 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 06/07/2018 08:43:24
Identificador: 4058100.3895297

1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA FEDERAL DE FORTALEZA/CE

Referência: Autos de Processo nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO,


IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA , já qualificados nos autos
do processo epigrafado, por seu advogado, vem, à presença de Vossa Excelência, requerer a juntada do
substabelecimento anexo

P. Deferimento.

Brasília/DF, 06 de julho de 2018

1/2
Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18070613114498800000003903167
Data e hora da assinatura: 06/07/2018 13:15:47
Identificador: 4058100.3897672
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA FEDERAL DE
FORTALEZA/CE

Referência: Autos de Processo nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO


GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, já qualificados nos autos do processo epigrafado, por seu
advogado, vem, à presença de Vossa Excelência, requerer a juntada do
substabelecimento anexo

P. Deferimento.
Brasília/DF, 06 de julho de 2018

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

1/2
Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18070613142190100000003903168
Data e hora da assinatura: 06/07/2018 13:15:47
Identificador: 4058100.3897673
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11° VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO DE RETIFICAÇÃO

Certifico que, em 08/07/2018, procedi à retificação de autuação deste processo para fazer constar:
Data de Operação Usuário
Item Situação anterior Situação atual
alteração realizada responsável

1/2
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
JERONIMO IELTON
ALVES BARRETO DE
BEZERRA, OLIVEIRA,
IELTON Marcelo Leal de
BARRETO DE Lima Oliveira,
OLIVEIRA, Marcelo Leal de MARIANNE
08/07/2018 Marcelo Leal de Lima Oliveira, SAUNDERS
Parte - Polo Ativo Inclusão
08:58 Lima Oliveira, FRANCISCO GUIMARAES
FRANCISCO DEUSMAR DE UCHOA
DEUSMAR DE QUEIROS,
QUEIROS, GERALDO DE
GERALDO DE LIMA GADELHA
LIMA GADELHA FILHO,
FILHO ANTONIO
EDUARDO DE
LIMA
MACHADO
FERRI
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
JERONIMO
IELTON
ALVES
BARRETO DE
BEZERRA,
OLIVEIRA,
IELTON
Marcelo Leal de
BARRETO DE
Lima Oliveira,
OLIVEIRA, MARIANNE
FRANCISCO
08/07/2018 Marcelo Leal de SAUNDERS
Parte - Polo Ativo Inclusão DEUSMAR DE
08:56 Lima Oliveira, GUIMARAES
QUEIROS,
FRANCISCO UCHOA
GERALDO DE
DEUSMAR DE
LIMA GADELHA
QUEIROS,
FILHO,
GERALDO DE
ANTONIO
LIMA GADELHA
EDUARDO DE
FILHO
LIMA
MACHADO
FERRI

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 09/07/2018 00:00:00
Identificador: 4058100.3899739

2/2
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO CEARÁ

EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO
CEARÁ

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 10/07/2018 15:28. Para verificar a assinatura acesse
PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PARECER N° 12.660/2018

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 82CAFF73.E515A80C.83100673.7020012F


O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no uso de uma de suas atribuições legais,
vem, perante Vossa Excelência, por seu procurador da República adiante assinado, em atenção ao
despacho desse juízo (4058100.3875936), vem tempestivamente se manifestar nos seguintes
termos:

Trata-se de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA com o objetivo de produção de prova testemunhal, a ser
utilizada em posterior Ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir a condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal de nº 0012628-43.2010.4.05.8100, posteriormente confirmada
em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Segundo os autores, foram denunciados e condenados inicialmente pela prática dos


crimes descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e 27-C da Lei nº 6.385/1976. Inconformados,
apelaram da sentença, tendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da 5ª Região dado parcial provimento
ao recurso para absolvê-los em relação ao crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/1976,
subsistindo a condenação pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986, às
penas de 09 anos e 02 meses de reclusão para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e 05 anos
de reclusão para os demais.

1/10
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO CEARÁ

O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESp 1449193/CE, em que foi relator o


Min. Felix Fischer, manteve a condenação tal qual decidido pelo TRF da 5ª Região, negando
provimento ao recurso e aos embargos de declaração interpostos. Ainda não houve, no entanto, o

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 10/07/2018 15:28. Para verificar a assinatura acesse
trânsito em julgado da referida decisão.

Para fundamentar a presente justificação, os autores alegam que somente agora


surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, motivo pelo qual pretendem
produzir prova testemunhal a ser utilizada em futura Revisão Criminal.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 82CAFF73.E515A80C.83100673.7020012F


DA COMPETÊNCIA

A presente Justificação Criminal tem a finalidade de produzir provas testemunhais


visando ajuizamento futuro de Revisão Criminal com o intuito de rescindir condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 e, posteriormente, confirmada em
grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A Ação Penal em referência (nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante a 11ª


Vara Federal desta Seção Judiciária. Nesse juízo foram produzidas as provas que resultaram na
condenação que se pretende rescindir. Ali foi produzida a sentença condenatória e praticados os
demais atos processuais tendentes ao resultado do processo. Surge, com o pedido de justificação,
uma relação de dependência entre as provas já produzidas e as que se deseja produzir, sob a
alegação de “novidade”, cujo conhecimento pelo juízo da condenação resulta em melhor alcance da
verdade real. Nesse sentido os seguintes julgados:
Justificação Criminal - Entendimento. É da competência do Juízo da condenação, em
1a instância, o processamento de justificação de fato relevante, destinado a instruir
pedido de revisão criminal. (TJ-SP - APR: 993080045399 SP, Relator: Wilson
Barreira, Data de Julgamento: 17/07/2008, 14ª Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 07/08/2008)

CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALSIFICAÇÃO DE ATESTADOS


MÉDICOS PARA JUSTIFICAÇÃO DE FALTAS JUNTO A EMPREGADORES
PRIVADOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça
Estadual o processo e julgamento de feito que visa à apuração de possível delito de

2/10
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO CEARÁ

falsificação de atestados médicos, provenientes do INAMPS, visando ao abono de


faltas junto a empregadores privados. Precedente. II. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Niterói/RJ, o
Suscitante.(STJ - CC: 25368 RJ 1999/0015966-7, Relator: Ministro GILSON DIPP,
Data de Julgamento: 13/09/2000, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 10/07/2018 15:28. Para verificar a assinatura acesse
30.10.2000 p. 122 JBC vol. 39 p. 177)

JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A


justificação judicial, para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no
mesmo juízo da condenação. CONFLITO PROCEDENTE. (Conflito de Jurisdição Nº
70061992921, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan
Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

Ainda, com razão o Juízo da 32ª Vara quanto ao fato da ação penal já ter sido julgada

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não afastar a prevenção do juízo da condenação, não se aplicando aqui o contido na Súmula 235 do
STJ: "a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado". É que,
consoante dispõe o art. 83, do CPP, a competência por prevenção se verifica toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes, igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa. Desse
modo, como a ação de justificação deve ser processada no juízo de 1º grau, a competência é do
juízo da condenação, em razão de sua prevenção, não se tratando no caso de “reunião de
processos”.

Assim, requer o MPF seja confirmada a competência da 11ª Vara da Seção Judiciária
do Ceará para conhecer e processar a presente justificação criminal.

DO CABIMENTO E ADMISSIBILIDADE

A justificação judicial, espécie de ação cautelar de produção antecipada de provas,


após a revogação do CPC de 1973, encontra fundamento no Código de Processo Civil, artigos 381,
§5º, sendo aplicada de forma subsidiária ao processo-crime, como permite o art. 3º do Código de
Processo Penal:
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
……………………..

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§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência


de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.

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Desse modo, em linha de princípio cabe o ajuizamento de pedido de antecipação de
prova para fins de futuro ajuizamento de revisão criminal, agora não mais sob o pálio de mera
justificação, procedimento não contencioso previsto no art. 861 do CPC revogado.

Como noticiado nos autos, objetivam produzir prova testemunhal para futuro uso em
revisão criminal a ser proposta perante o TRF da 5ª Região, sustentando que apenas após a
condenação em que se considerou que houve lesão ao bem os autores jurídico "sistema financeiro
nacional" surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, com o intuito de

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comprovar que não houve lesão ao sistema financeiro nacional.

Alegam que tais depoimentos seriam prova nova e inédita, e não poderiam ter sido
produzidos na ação originária.

Com efeito, como medida preparatória, a justificação criminal guarda inteira


dependência à futura revisão criminal que visa instruir. No caso sob análise, presta-se à hipótese do
art. 621, III, do CPP:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
………………………………...
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena.

Para a admissibilidade da revisão, é necessária a concorrência dos seguintes


pressupostos: o trânsito em julgado da sentença condenatória e a descoberta de provas novas
aptas ao alcance de uma decisão absolutória.

Em primeiro lugar, a sentença condenatória ainda não transitou em julgado, estando o


caso ainda pendente de possíveis embargos de embargos do Superior Tribunal de Justiça ou até
mesmo de recurso de cunho constitucional, perante o Supremo Tribunal Federal.

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Essa indefinição processual impede que se tenha o caso como definitivamente


julgado, afastando a possibilidade de revisão criminal e, consequentemente, da pretendida produção
antecipada de provas.

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A par disso, provas novas de inocência somente podem ser as descobertas após a
decisão final da causa e que guardam liame direto com a causa, no sentido do afastamento da
condenação. Ainda há de se exigir que no curso da ação penal não poderiam ser produzidas,
porque delas o acusado não poderia dispor no momento processual oportuno.

Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas


testemunhas, esquecidas pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com

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apoio em precedentes da própria Corte e do STF:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS
TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se
destina à obtenção de prova nova com a finalidade de subsidiar eventual
ajuizamento de revisão criminal, " 'não é a Justificação, para fins de Revisão
Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no
processo da condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC
76.664, 1.ª Turma, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998) (RHC
36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2013,
DJe 25/10/2013)." (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal
de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento
dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016)

Mais precisa ainda é a decisão do Superior Tribunal de Justiça no RHC 69.390/SP,


em que foi Relatora a Min. Maria Thereza de Assis Moura, que a um só tempo impede a justificação
como meio de reabertura, pura e simples, da instrução processual e, ainda, entende pela
inadmissibilidade quanto ainda não transitada em julgado a condenação:

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PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL. INDEFERIMENTO. PROVAS NOVAS. INEXISTÊNCIA. ILEGALIDADE.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Dada ampla oportunidade à defesa para a realização da prova oral no curso do
processo penal de conhecimento, momento adequado para a cognição exauriente do

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thema probandum, inviável em sede de justificação a reabertura da instrução
criminal, máxime quando não demonstrada claramente que a prova que se pretende
produzir seja dotada da característica da novidade.
2. Além disso, o processo não havia alcançado termo quando do pedido de
justificação, ou seja, ainda não havia trânsito em julgado, o que mostra
desarrazoada a pretensão de produzir concomitantemente prova relativa à mesma
ação penal com vistas a futura revisão criminal.
3. Recurso a que se nega provimento.
(RHC 69.390/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 16/05/2016)

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A argumentação levada a efeito pelos autores não elide a compreensão de que os
depoimentos que pretende produzir não podem ser considerados “prova nova”, uma vez que nada
impediria que, no curso da ação penal, tivessem arrolado as testemunhas que agora pretendem
inquirir, para forçar o reexame da condenação, ou que tais depoimentos tenham o efeito pretendido
de afastar a justa causa para a condenação.

Segundo a inicial, foram os autores condenados pelo crime do art. 7º, IV, da Lei
7492/86, em que se considerou lesão ao bem jurídico sistema financeiro, sendo que pretendem
comprovar que a negociação de ações pelo sistema de garimpagem não importa em lesão àquele
bem jurídico. Para tanto, arrolam como testemunhas RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA
SAMPAIO, ex-Presidente da Bolsa de Valores Regional, FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS,
operador de bolsa, ANA MARIA HOLANDA BARRETO, analista administrativa, JOSUÉ
UBIRANILSON ALVES, empresário, MÁRIO HENRIQUE ALVES DE QUEIROS, administrador
e ARMANDO LIMA CAMINHA FILHO, empresário.

Não explicitam em que medida tais depoimentos podem efetivamente contribuir para
o novo deslinde da ação penal.

E nem têm como. O crime do art. 7º, IV, da Lei 7492/86, pelo qual foram
condenados, é assim tipificado:

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Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:


IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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Tal crime é de natureza nitidamente formal ou de mera conduta, bastando para a sua
configuração a negociação, ou seja, o ajuste de compra e venda de valores mobiliários, sem a
autorização da autoridade competente, no caso a Comissão de Valores Mobiliários.

O TRF da 3ª Região vem decidindo que, em relação aos crimes que afetam o
funcionamento do mercado mobiliário, não se faz necessária a demonstração de efetivo prejuízo:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. NULIDADE. SENTENÇA. FALTA DE

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FUNDAMENTAÇÃO. PREJUÍZO. EXIGIBILIDADE. MANIPULAÇÃO DO
MERCADO DE CAPITAIS. ART. 27-C DA LEI N. 6.385/76. CRIME FORMAL.
CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS.
...
2. O delito de manipulação do mercado de capitais é de natureza formal, não
exigindo, para sua consumação, resultado naturalístico. A consumação dá-se com
a realização das operações simuladas ou a execução de outras manobras
fraudulentas, independentemente do efetivo alcance da finalidade de alteração do
funcionamento do mercado de capitais, ou, ainda, da obtenção de vantagem ou
lucro ou da causação de prejuízo a outrem.
(ACR 00061937820094036181, DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ
NEKATSCHALOW, TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1
DATA:10/02/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. EMISSÃO,


OFERTA OU NEGOCIAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS SEM PRÉVIO
REGISTRO DE EMISSÃO NA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. LEI N.º
7.492/1986, ARTIGO 7º, INCISO II. UTILIZAÇÃO DE BOLETINS DE
SUBSCRIÇÃO. CONFIGURAÇÃO DE EMISSÃO. LEI N.º 6.385/1976, ARTIGO
19, § 3º, INCISO I. CONTRATOS DE INVESTIMENTO COLETIVO. MEDIDA
PROVISÓRIA N.º 1.637/1998. DOSIMETRIA DA PENA. CONSEQUÊNCIAS DO
DELITO. CONTINUIDADE DELITIVA. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
1. O artigo 7º, inciso II, da Lei n.º 7.492/1986 incrimina as condutas de emitir,
oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários sem registro
prévio de emissão junto à autoridade competente (Comissão de Valores
Mobiliários).
2. Na conformidade do artigo 19, caput, da Lei n.º 6.385/1976, nenhuma
emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem prévio
registro na Comissão de Valores Mobiliários; e, de acordo com o inciso I do § 3º
do mesmo artigo de lei, caracteriza a emissão pública a utilização de listas ou
boletins de venda ou subscrição.

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4. O crime tipificado no inciso II do artigo 7º da Lei n.º 7.492/1986 não


pressupõe a produção de prejuízo; havendo, porém, resultado danoso, é dado ao
juiz exasperar a pena-base para além do mínimo legal, uma vez que as
conseqüências do delito compõem o rol de circunstâncias previsto no artigo 59
do Código Penal. (TRF da 3ª Região, 2ª Turma, Rel. Des. Nelton dos Santos,

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PELAÇÃO CRIMINAL Nº 0001450-69.2002.4.03.6181/SP)

Especificamente quanto ao crime do inciso IV, o TRF da 2 Região decidiu que o


delito consuma-se “com a simples ação de emitir, oferecer, ou negociar de qualquer modo, títulos e
valores mobiliários sem autorização prévia da autoridade competente quando legalmente exigida,
independentemente do resultado” (TRF2, AC 1.918, 2ª Turma, DJ de 21.10.99). O TRF da 5ª
Região, em recente julgado relatado pelo Des. Rubens Canuto, apontou para o mesmo entendimento

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quanto ao crime do art. 19 da Lei 7492/86, tipo muito semelhante ao do estelionato, que cuida de
fraude na obtenção de financiamento perante instituição financeira e em tese, reclamaria resultado
finalístico:

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. ART. 19, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 7.492/86. FRAUDE PARA
OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OFICIAL.
TIPICIDADE DA CONDUTA. CONFIGURAÇÃO. "BAGATELA IMPRÓPRIA".
NÃO OCORRÊNCIA. DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. REDUÇÃO.
…………….
O tipo penal do artigo 19 da Lei 7.492/86 se consuma independente do prejuízo
financeiro que possa ser causado, pois se trata de crime formal, já que o
dispositivo legal tem por finalidade proteger as instituições financeiras e sua
credibilidade. - O bem jurídico tutelado pelo artigo 19 da Lei nº 7.492/86 não se
traduz em determinado valor econômico, mas, sim, em um perigo abstrato que
coloca em risco a credibilidade das instituições financeiras, ferindo o principio da
boa-fé. Dessa forma, existe necessidade da aplicação da pena com o escopo de
dissuadir práticas delitivas semelhantes.
(ACR 00050832320134058000, Desembargador Federal Rubens de Mendonça
Canuto, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::18/12/2017 - Página::164.)

Nessas condições, salta aos olhos que a prova pretendida é imprestável para alcançar
o resultado revisional, uma vez que a prova testemunhal a destempo indicada, mesmo que
produzida, é insusceptível de alterar a conclusão a que se chegou com a ação penal quase finda,
dada a prescindibilidade de demonstração de resultado lesivo ao Sistema Financeiro para a
concreção do tipo do art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86.

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E, ao contrário do que sustentam os autores, a recente orientação do Superior


Tribunal de Justiça é no sentido da sindicabilidade do pedido de justificação, consoante aresto a

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seguir transcrito:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 535, II, 861 E 866, § 2º, TODOS DO CPC. NÃO
OCORRÊNCIA. JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. REQUISITOS. ANÁLISE DO
MÉRITO. AUSÊNCIA. PRECEDENTES. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO.
…………..
2. Não há falar em violação dos arts. 861 e 866, § 2º, ambos do CPC, na hipótese

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em que o Tribunal mantém a sentença que indeferiu pedido de justificação
criminal em face da inexistência de fato novo, não se confundindo tal proceder
com a análise do mérito do pedido.

3. É indispensável que a parte requerente demonstre a destinação específica da


prova, de forma objetiva, e que, em se tratando de testemunha, haja indicação
clara do que esta trará de novo, não bastando apenas que não tenha sido ouvida
nos autos principais (HC 174.906/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 10/4/2012, DJe 17/4/2012).

(AgRg no REsp 1189155/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,


julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)

Por outro lado, se admitida for a presente justificação, já não se submete à disciplina
do antigo CPC, onde funcionava como jurisdição voluntária, tendo assumido nova feição com o
CPC de 2015, como verdadeira ação cautelar de antecipação de prova.

A ser assim, admite a aplicação do disposto no art. 382, § 5º, do novo CPC:
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a
necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os
quais a prova há de recair.

§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de


interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso.

§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem


sobre as respectivas consequências jurídicas.

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§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo


procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção
conjunta acarretar excessiva demora.

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Não se duvida que a revisão criminal, na dicção do art. 626, parágrafo único, do CPP,
jamais poderá acarretar reformatio in pejus, bem como que é remédio processual exclusivo da
defesa. No entanto, tal não obsta a que o Ministério Público, na cautelar de produção de provas
preparatória da revisão participe ativamente de tal fase pré-processual, inclusive arrolando
testemunhas que possam esclarecer o tema probatório, como consequência lógica do contraditório e
do dispositivo processual acima referido.

Assim, requer o MPF não seja admitida a pretendida coleta de prova testemunhal, em

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razão de não se encaixar no estreito conceito do art. 621, III do CPP, à míngua de constituírem
provas novas, bem como pelo fato de, imediatamente, ser visualizada a sua imprestabilidade para o
fim pretendido na futura ação revisional, sendo que, no caso de deferimento, em nome do
contraditório, requer o MPF seja autorizada a oitiva da testemunha adiante arrolada.

Fortaleza, 10 de JULHO de 2018

MÁRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

ROL DE TESTEMUNHAS

1) JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA, acionista do Banco do Estado do Ceará que


deflagrou reclamação perante a CVM, dando azo ao PROCESSO ADMINISTRATIVO
SANCIONADOR CVM Nº SP2008/040, com endereço na Rua 222, 2ª Etapa, casa 52, Conjunto
Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18071015305363000000003914579
Data e hora da assinatura: 10/07/2018 15:28:50
Identificador: 4058100.3909080
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO
CEARÁ

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PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PARECER N° 12.660/2018

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O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no uso de uma de suas atribuições legais,
vem, perante Vossa Excelência, por seu procurador da República adiante assinado, em atenção ao
despacho desse juízo (4058100.3875936), vem tempestivamente se manifestar nos seguintes
termos:

Trata-se de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA com o objetivo de produção de prova testemunhal, a ser
utilizada em posterior Ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir a condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal de nº 0012628-43.2010.4.05.8100, posteriormente confirmada
em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Segundo os autores, foram denunciados e condenados inicialmente pela prática dos


crimes descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e 27-C da Lei nº 6.385/1976. Inconformados,
apelaram da sentença, tendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da 5ª Região dado parcial provimento
ao recurso para absolvê-los em relação ao crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/1976,
subsistindo a condenação pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986, às
penas de 09 anos e 02 meses de reclusão para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e 05 anos
de reclusão para os demais.

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O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESp 1449193/CE, em que foi relator o


Min. Felix Fischer, manteve a condenação tal qual decidido pelo TRF da 5ª Região, negando
provimento ao recurso e aos embargos de declaração interpostos. Ainda não houve, no entanto, o

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trânsito em julgado da referida decisão.

Para fundamentar a presente justificação, os autores alegam que somente agora


surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, motivo pelo qual pretendem
produzir prova testemunhal a ser utilizada em futura Revisão Criminal.

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DA COMPETÊNCIA

A presente Justificação Criminal tem a finalidade de produzir provas testemunhais


visando ajuizamento futuro de Revisão Criminal com o intuito de rescindir condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 e, posteriormente, confirmada em
grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A Ação Penal em referência (nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante a 11ª


Vara Federal desta Seção Judiciária. Nesse juízo foram produzidas as provas que resultaram na
condenação que se pretende rescindir. Ali foi produzida a sentença condenatória e praticados os
demais atos processuais tendentes ao resultado do processo. Surge, com o pedido de justificação,
uma relação de dependência entre as provas já produzidas e as que se deseja produzir, sob a
alegação de “novidade”, cujo conhecimento pelo juízo da condenação resulta em melhor alcance da
verdade real. Nesse sentido os seguintes julgados:
Justificação Criminal - Entendimento. É da competência do Juízo da condenação, em
1a instância, o processamento de justificação de fato relevante, destinado a instruir
pedido de revisão criminal. (TJ-SP - APR: 993080045399 SP, Relator: Wilson
Barreira, Data de Julgamento: 17/07/2008, 14ª Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 07/08/2008)

CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALSIFICAÇÃO DE ATESTADOS


MÉDICOS PARA JUSTIFICAÇÃO DE FALTAS JUNTO A EMPREGADORES
PRIVADOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça
Estadual o processo e julgamento de feito que visa à apuração de possível delito de

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falsificação de atestados médicos, provenientes do INAMPS, visando ao abono de


faltas junto a empregadores privados. Precedente. II. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Niterói/RJ, o
Suscitante.(STJ - CC: 25368 RJ 1999/0015966-7, Relator: Ministro GILSON DIPP,
Data de Julgamento: 13/09/2000, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ

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30.10.2000 p. 122 JBC vol. 39 p. 177)

JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A


justificação judicial, para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no
mesmo juízo da condenação. CONFLITO PROCEDENTE. (Conflito de Jurisdição Nº
70061992921, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan
Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

Ainda, com razão o Juízo da 32ª Vara quanto ao fato da ação penal já ter sido julgada

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não afastar a prevenção do juízo da condenação, não se aplicando aqui o contido na Súmula 235 do
STJ: "a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado". É que,
consoante dispõe o art. 83, do CPP, a competência por prevenção se verifica toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes, igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa. Desse
modo, como a ação de justificação deve ser processada no juízo de 1º grau, a competência é do
juízo da condenação, em razão de sua prevenção, não se tratando no caso de “reunião de
processos”.

Assim, requer o MPF seja confirmada a competência da 11ª Vara da Seção Judiciária
do Ceará para conhecer e processar a presente justificação criminal.

DO CABIMENTO E ADMISSIBILIDADE

A justificação judicial, espécie de ação cautelar de produção antecipada de provas,


após a revogação do CPC de 1973, encontra fundamento no Código de Processo Civil, artigos 381,
§5º, sendo aplicada de forma subsidiária ao processo-crime, como permite o art. 3º do Código de
Processo Penal:
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
……………………..

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§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência


de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.

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Desse modo, em linha de princípio cabe o ajuizamento de pedido de antecipação de
prova para fins de futuro ajuizamento de revisão criminal, agora não mais sob o pálio de mera
justificação, procedimento não contencioso previsto no art. 861 do CPC revogado.

Como noticiado nos autos, objetivam produzir prova testemunhal para futuro uso em
revisão criminal a ser proposta perante o TRF da 5ª Região, sustentando que apenas após a
condenação em que se considerou que houve lesão ao bem os autores jurídico "sistema financeiro
nacional" surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, com o intuito de

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comprovar que não houve lesão ao sistema financeiro nacional.

Alegam que tais depoimentos seriam prova nova e inédita, e não poderiam ter sido
produzidos na ação originária.

Com efeito, como medida preparatória, a justificação criminal guarda inteira


dependência à futura revisão criminal que visa instruir. No caso sob análise, presta-se à hipótese do
art. 621, III, do CPP:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
………………………………...
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena.

Para a admissibilidade da revisão, é necessária a concorrência dos seguintes


pressupostos: o trânsito em julgado da sentença condenatória e a descoberta de provas novas
aptas ao alcance de uma decisão absolutória.

Em primeiro lugar, a sentença condenatória ainda não transitou em julgado, estando o


caso ainda pendente de possíveis embargos de embargos do Superior Tribunal de Justiça ou até
mesmo de recurso de cunho constitucional, perante o Supremo Tribunal Federal.

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Essa indefinição processual impede que se tenha o caso como definitivamente


julgado, afastando a possibilidade de revisão criminal e, consequentemente, da pretendida produção
antecipada de provas.

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A par disso, provas novas de inocência somente podem ser as descobertas após a
decisão final da causa e que guardam liame direto com a causa, no sentido do afastamento da
condenação. Ainda há de se exigir que no curso da ação penal não poderiam ser produzidas,
porque delas o acusado não poderia dispor no momento processual oportuno.

Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas


testemunhas, esquecidas pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com

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apoio em precedentes da própria Corte e do STF:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS
TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se
destina à obtenção de prova nova com a finalidade de subsidiar eventual
ajuizamento de revisão criminal, " 'não é a Justificação, para fins de Revisão
Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no
processo da condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC
76.664, 1.ª Turma, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998) (RHC
36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2013,
DJe 25/10/2013)." (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal
de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento
dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016)

Mais precisa ainda é a decisão do Superior Tribunal de Justiça no RHC 69.390/SP,


em que foi Relatora a Min. Maria Thereza de Assis Moura, que a um só tempo impede a justificação
como meio de reabertura, pura e simples, da instrução processual e, ainda, entende pela
inadmissibilidade quanto ainda não transitada em julgado a condenação:

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PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL. INDEFERIMENTO. PROVAS NOVAS. INEXISTÊNCIA. ILEGALIDADE.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Dada ampla oportunidade à defesa para a realização da prova oral no curso do
processo penal de conhecimento, momento adequado para a cognição exauriente do

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thema probandum, inviável em sede de justificação a reabertura da instrução
criminal, máxime quando não demonstrada claramente que a prova que se pretende
produzir seja dotada da característica da novidade.
2. Além disso, o processo não havia alcançado termo quando do pedido de
justificação, ou seja, ainda não havia trânsito em julgado, o que mostra
desarrazoada a pretensão de produzir concomitantemente prova relativa à mesma
ação penal com vistas a futura revisão criminal.
3. Recurso a que se nega provimento.
(RHC 69.390/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 16/05/2016)

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A argumentação levada a efeito pelos autores não elide a compreensão de que os
depoimentos que pretende produzir não podem ser considerados “prova nova”, uma vez que nada
impediria que, no curso da ação penal, tivessem arrolado as testemunhas que agora pretendem
inquirir, para forçar o reexame da condenação, ou que tais depoimentos tenham o efeito pretendido
de afastar a justa causa para a condenação.

Segundo a inicial, foram os autores condenados pelo crime do art. 7º, IV, da Lei
7492/86, em que se considerou lesão ao bem jurídico sistema financeiro, sendo que pretendem
comprovar que a negociação de ações pelo sistema de garimpagem não importa em lesão àquele
bem jurídico. Para tanto, arrolam como testemunhas RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA
SAMPAIO, ex-Presidente da Bolsa de Valores Regional, FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS,
operador de bolsa, ANA MARIA HOLANDA BARRETO, analista administrativa, JOSUÉ
UBIRANILSON ALVES, empresário, MÁRIO HENRIQUE ALVES DE QUEIROS, administrador
e ARMANDO LIMA CAMINHA FILHO, empresário.

Não explicitam em que medida tais depoimentos podem efetivamente contribuir para
o novo deslinde da ação penal.

E nem têm como. O crime do art. 7º, IV, da Lei 7492/86, pelo qual foram
condenados, é assim tipificado:

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Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:


IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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Tal crime é de natureza nitidamente formal ou de mera conduta, bastando para a sua
configuração a negociação, ou seja, o ajuste de compra e venda de valores mobiliários, sem a
autorização da autoridade competente, no caso a Comissão de Valores Mobiliários.

O TRF da 3ª Região vem decidindo que, em relação aos crimes que afetam o
funcionamento do mercado mobiliário, não se faz necessária a demonstração de efetivo prejuízo:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. NULIDADE. SENTENÇA. FALTA DE

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FUNDAMENTAÇÃO. PREJUÍZO. EXIGIBILIDADE. MANIPULAÇÃO DO
MERCADO DE CAPITAIS. ART. 27-C DA LEI N. 6.385/76. CRIME FORMAL.
CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS.
...
2. O delito de manipulação do mercado de capitais é de natureza formal, não
exigindo, para sua consumação, resultado naturalístico. A consumação dá-se com
a realização das operações simuladas ou a execução de outras manobras
fraudulentas, independentemente do efetivo alcance da finalidade de alteração do
funcionamento do mercado de capitais, ou, ainda, da obtenção de vantagem ou
lucro ou da causação de prejuízo a outrem.
(ACR 00061937820094036181, DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ
NEKATSCHALOW, TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1
DATA:10/02/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. EMISSÃO,


OFERTA OU NEGOCIAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS SEM PRÉVIO
REGISTRO DE EMISSÃO NA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. LEI N.º
7.492/1986, ARTIGO 7º, INCISO II. UTILIZAÇÃO DE BOLETINS DE
SUBSCRIÇÃO. CONFIGURAÇÃO DE EMISSÃO. LEI N.º 6.385/1976, ARTIGO
19, § 3º, INCISO I. CONTRATOS DE INVESTIMENTO COLETIVO. MEDIDA
PROVISÓRIA N.º 1.637/1998. DOSIMETRIA DA PENA. CONSEQUÊNCIAS DO
DELITO. CONTINUIDADE DELITIVA. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
1. O artigo 7º, inciso II, da Lei n.º 7.492/1986 incrimina as condutas de emitir,
oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários sem registro
prévio de emissão junto à autoridade competente (Comissão de Valores
Mobiliários).
2. Na conformidade do artigo 19, caput, da Lei n.º 6.385/1976, nenhuma
emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem prévio
registro na Comissão de Valores Mobiliários; e, de acordo com o inciso I do § 3º
do mesmo artigo de lei, caracteriza a emissão pública a utilização de listas ou
boletins de venda ou subscrição.

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4. O crime tipificado no inciso II do artigo 7º da Lei n.º 7.492/1986 não


pressupõe a produção de prejuízo; havendo, porém, resultado danoso, é dado ao
juiz exasperar a pena-base para além do mínimo legal, uma vez que as
conseqüências do delito compõem o rol de circunstâncias previsto no artigo 59
do Código Penal. (TRF da 3ª Região, 2ª Turma, Rel. Des. Nelton dos Santos,

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PELAÇÃO CRIMINAL Nº 0001450-69.2002.4.03.6181/SP)

Especificamente quanto ao crime do inciso IV, o TRF da 2 Região decidiu que o


delito consuma-se “com a simples ação de emitir, oferecer, ou negociar de qualquer modo, títulos e
valores mobiliários sem autorização prévia da autoridade competente quando legalmente exigida,
independentemente do resultado” (TRF2, AC 1.918, 2ª Turma, DJ de 21.10.99). O TRF da 5ª
Região, em recente julgado relatado pelo Des. Rubens Canuto, apontou para o mesmo entendimento

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quanto ao crime do art. 19 da Lei 7492/86, tipo muito semelhante ao do estelionato, que cuida de
fraude na obtenção de financiamento perante instituição financeira e em tese, reclamaria resultado
finalístico:

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. ART. 19, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 7.492/86. FRAUDE PARA
OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OFICIAL.
TIPICIDADE DA CONDUTA. CONFIGURAÇÃO. "BAGATELA IMPRÓPRIA".
NÃO OCORRÊNCIA. DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. REDUÇÃO.
…………….
O tipo penal do artigo 19 da Lei 7.492/86 se consuma independente do prejuízo
financeiro que possa ser causado, pois se trata de crime formal, já que o
dispositivo legal tem por finalidade proteger as instituições financeiras e sua
credibilidade. - O bem jurídico tutelado pelo artigo 19 da Lei nº 7.492/86 não se
traduz em determinado valor econômico, mas, sim, em um perigo abstrato que
coloca em risco a credibilidade das instituições financeiras, ferindo o principio da
boa-fé. Dessa forma, existe necessidade da aplicação da pena com o escopo de
dissuadir práticas delitivas semelhantes.
(ACR 00050832320134058000, Desembargador Federal Rubens de Mendonça
Canuto, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::18/12/2017 - Página::164.)

Nessas condições, salta aos olhos que a prova pretendida é imprestável para alcançar
o resultado revisional, uma vez que a prova testemunhal a destempo indicada, mesmo que
produzida, é insusceptível de alterar a conclusão a que se chegou com a ação penal quase finda,
dada a prescindibilidade de demonstração de resultado lesivo ao Sistema Financeiro para a
concreção do tipo do art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86.

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E, ao contrário do que sustentam os autores, a recente orientação do Superior


Tribunal de Justiça é no sentido da sindicabilidade do pedido de justificação, consoante aresto a

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seguir transcrito:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 535, II, 861 E 866, § 2º, TODOS DO CPC. NÃO
OCORRÊNCIA. JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. REQUISITOS. ANÁLISE DO
MÉRITO. AUSÊNCIA. PRECEDENTES. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO.
…………..
2. Não há falar em violação dos arts. 861 e 866, § 2º, ambos do CPC, na hipótese

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em que o Tribunal mantém a sentença que indeferiu pedido de justificação
criminal em face da inexistência de fato novo, não se confundindo tal proceder
com a análise do mérito do pedido.

3. É indispensável que a parte requerente demonstre a destinação específica da


prova, de forma objetiva, e que, em se tratando de testemunha, haja indicação
clara do que esta trará de novo, não bastando apenas que não tenha sido ouvida
nos autos principais (HC 174.906/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 10/4/2012, DJe 17/4/2012).

(AgRg no REsp 1189155/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,


julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)

Por outro lado, se admitida for a presente justificação, já não se submete à disciplina
do antigo CPC, onde funcionava como jurisdição voluntária, tendo assumido nova feição com o
CPC de 2015, como verdadeira ação cautelar de antecipação de prova.

A ser assim, admite a aplicação do disposto no art. 382, § 5º, do novo CPC:
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a
necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os
quais a prova há de recair.

§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de


interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso.

§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem


sobre as respectivas consequências jurídicas.

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§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo


procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção
conjunta acarretar excessiva demora.

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Não se duvida que a revisão criminal, na dicção do art. 626, parágrafo único, do CPP,
jamais poderá acarretar reformatio in pejus, bem como que é remédio processual exclusivo da
defesa. No entanto, tal não obsta a que o Ministério Público, na cautelar de produção de provas
preparatória da revisão participe ativamente de tal fase pré-processual, inclusive arrolando
testemunhas que possam esclarecer o tema probatório, como consequência lógica do contraditório e
do dispositivo processual acima referido.

Assim, requer o MPF não seja admitida a pretendida coleta de prova testemunhal, em

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razão de não se encaixar no estreito conceito do art. 621, III do CPP, à míngua de constituírem
provas novas, bem como pelo fato de, imediatamente, ser visualizada a sua imprestabilidade para o
fim pretendido na futura ação revisional, sendo que, no caso de deferimento, em nome do
contraditório, requer o MPF seja autorizada a oitiva da testemunha adiante arrolada.

Fortaleza, 10 de JULHO de 2018

MÁRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

ROL DE TESTEMUNHAS

1) JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA, acionista do Banco do Estado do Ceará que


deflagrou reclamação perante a CVM, dando azo ao PROCESSO ADMINISTRATIVO
SANCIONADOR CVM Nº SP2008/040, com endereço na Rua 222, 2ª Etapa, casa 52, Conjunto
Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18071015302098500000003914570
Data e hora da assinatura: 10/07/2018 15:28:50
Identificador: 4058100.3909071
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO
CEARÁ

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PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PARECER N° 12.660/2018

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O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no uso de uma de suas atribuições legais,
vem, perante Vossa Excelência, por seu procurador da República adiante assinado, em atenção ao
despacho desse juízo (4058100.3875936), vem tempestivamente se manifestar nos seguintes
termos:

Trata-se de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA com o objetivo de produção de prova testemunhal, a ser
utilizada em posterior Ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir a condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal de nº 0012628-43.2010.4.05.8100, posteriormente confirmada
em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Segundo os autores, foram denunciados e condenados inicialmente pela prática dos


crimes descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e 27-C da Lei nº 6.385/1976. Inconformados,
apelaram da sentença, tendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da 5ª Região dado parcial provimento
ao recurso para absolvê-los em relação ao crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/1976,
subsistindo a condenação pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986, às
penas de 09 anos e 02 meses de reclusão para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e 05 anos
de reclusão para os demais.

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O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESp 1449193/CE, em que foi relator o


Min. Felix Fischer, manteve a condenação tal qual decidido pelo TRF da 5ª Região, negando
provimento ao recurso e aos embargos de declaração interpostos. Ainda não houve, no entanto, o

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trânsito em julgado da referida decisão.

Para fundamentar a presente justificação, os autores alegam que somente agora


surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, motivo pelo qual pretendem
produzir prova testemunhal a ser utilizada em futura Revisão Criminal.

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DA COMPETÊNCIA

A presente Justificação Criminal tem a finalidade de produzir provas testemunhais


visando ajuizamento futuro de Revisão Criminal com o intuito de rescindir condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 e, posteriormente, confirmada em
grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A Ação Penal em referência (nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante a 11ª


Vara Federal desta Seção Judiciária. Nesse juízo foram produzidas as provas que resultaram na
condenação que se pretende rescindir. Ali foi produzida a sentença condenatória e praticados os
demais atos processuais tendentes ao resultado do processo. Surge, com o pedido de justificação,
uma relação de dependência entre as provas já produzidas e as que se deseja produzir, sob a
alegação de “novidade”, cujo conhecimento pelo juízo da condenação resulta em melhor alcance da
verdade real. Nesse sentido os seguintes julgados:
Justificação Criminal - Entendimento. É da competência do Juízo da condenação, em
1a instância, o processamento de justificação de fato relevante, destinado a instruir
pedido de revisão criminal. (TJ-SP - APR: 993080045399 SP, Relator: Wilson
Barreira, Data de Julgamento: 17/07/2008, 14ª Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 07/08/2008)

CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALSIFICAÇÃO DE ATESTADOS


MÉDICOS PARA JUSTIFICAÇÃO DE FALTAS JUNTO A EMPREGADORES
PRIVADOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça
Estadual o processo e julgamento de feito que visa à apuração de possível delito de

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falsificação de atestados médicos, provenientes do INAMPS, visando ao abono de


faltas junto a empregadores privados. Precedente. II. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Niterói/RJ, o
Suscitante.(STJ - CC: 25368 RJ 1999/0015966-7, Relator: Ministro GILSON DIPP,
Data de Julgamento: 13/09/2000, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ

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30.10.2000 p. 122 JBC vol. 39 p. 177)

JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A


justificação judicial, para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no
mesmo juízo da condenação. CONFLITO PROCEDENTE. (Conflito de Jurisdição Nº
70061992921, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan
Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

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não afastar a prevenção do juízo da condenação, não se aplicando aqui o contido na Súmula 235 do
STJ: "a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado". É que,
consoante dispõe o art. 83, do CPP, a competência por prevenção se verifica toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes, igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa. Desse
modo, como a ação de justificação deve ser processada no juízo de 1º grau, a competência é do
juízo da condenação, em razão de sua prevenção, não se tratando no caso de “reunião de
processos”.

Assim, requer o MPF seja confirmada a competência da 11ª Vara da Seção Judiciária
do Ceará para conhecer e processar a presente justificação criminal.

DO CABIMENTO E ADMISSIBILIDADE

A justificação judicial, espécie de ação cautelar de produção antecipada de provas,


após a revogação do CPC de 1973, encontra fundamento no Código de Processo Civil, artigos 381,
§5º, sendo aplicada de forma subsidiária ao processo-crime, como permite o art. 3º do Código de
Processo Penal:
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
……………………..

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§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência


de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.

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Desse modo, em linha de princípio cabe o ajuizamento de pedido de antecipação de
prova para fins de futuro ajuizamento de revisão criminal, agora não mais sob o pálio de mera
justificação, procedimento não contencioso previsto no art. 861 do CPC revogado.

Como noticiado nos autos, objetivam produzir prova testemunhal para futuro uso em
revisão criminal a ser proposta perante o TRF da 5ª Região, sustentando que apenas após a
condenação em que se considerou que houve lesão ao bem os autores jurídico "sistema financeiro
nacional" surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, com o intuito de

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comprovar que não houve lesão ao sistema financeiro nacional.

Alegam que tais depoimentos seriam prova nova e inédita, e não poderiam ter sido
produzidos na ação originária.

Com efeito, como medida preparatória, a justificação criminal guarda inteira


dependência à futura revisão criminal que visa instruir. No caso sob análise, presta-se à hipótese do
art. 621, III, do CPP:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
………………………………...
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena.

Para a admissibilidade da revisão, é necessária a concorrência dos seguintes


pressupostos: o trânsito em julgado da sentença condenatória e a descoberta de provas novas
aptas ao alcance de uma decisão absolutória.

Em primeiro lugar, a sentença condenatória ainda não transitou em julgado, estando o


caso ainda pendente de possíveis embargos de embargos do Superior Tribunal de Justiça ou até
mesmo de recurso de cunho constitucional, perante o Supremo Tribunal Federal.

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Essa indefinição processual impede que se tenha o caso como definitivamente


julgado, afastando a possibilidade de revisão criminal e, consequentemente, da pretendida produção
antecipada de provas.

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A par disso, provas novas de inocência somente podem ser as descobertas após a
decisão final da causa e que guardam liame direto com a causa, no sentido do afastamento da
condenação. Ainda há de se exigir que no curso da ação penal não poderiam ser produzidas,
porque delas o acusado não poderia dispor no momento processual oportuno.

Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas


testemunhas, esquecidas pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com

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apoio em precedentes da própria Corte e do STF:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS
TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se
destina à obtenção de prova nova com a finalidade de subsidiar eventual
ajuizamento de revisão criminal, " 'não é a Justificação, para fins de Revisão
Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no
processo da condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC
76.664, 1.ª Turma, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998) (RHC
36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2013,
DJe 25/10/2013)." (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal
de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento
dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016)

Mais precisa ainda é a decisão do Superior Tribunal de Justiça no RHC 69.390/SP,


em que foi Relatora a Min. Maria Thereza de Assis Moura, que a um só tempo impede a justificação
como meio de reabertura, pura e simples, da instrução processual e, ainda, entende pela
inadmissibilidade quanto ainda não transitada em julgado a condenação:

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PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL. INDEFERIMENTO. PROVAS NOVAS. INEXISTÊNCIA. ILEGALIDADE.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Dada ampla oportunidade à defesa para a realização da prova oral no curso do
processo penal de conhecimento, momento adequado para a cognição exauriente do

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thema probandum, inviável em sede de justificação a reabertura da instrução
criminal, máxime quando não demonstrada claramente que a prova que se pretende
produzir seja dotada da característica da novidade.
2. Além disso, o processo não havia alcançado termo quando do pedido de
justificação, ou seja, ainda não havia trânsito em julgado, o que mostra
desarrazoada a pretensão de produzir concomitantemente prova relativa à mesma
ação penal com vistas a futura revisão criminal.
3. Recurso a que se nega provimento.
(RHC 69.390/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 16/05/2016)

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A argumentação levada a efeito pelos autores não elide a compreensão de que os
depoimentos que pretende produzir não podem ser considerados “prova nova”, uma vez que nada
impediria que, no curso da ação penal, tivessem arrolado as testemunhas que agora pretendem
inquirir, para forçar o reexame da condenação, ou que tais depoimentos tenham o efeito pretendido
de afastar a justa causa para a condenação.

Segundo a inicial, foram os autores condenados pelo crime do art. 7º, IV, da Lei
7492/86, em que se considerou lesão ao bem jurídico sistema financeiro, sendo que pretendem
comprovar que a negociação de ações pelo sistema de garimpagem não importa em lesão àquele
bem jurídico. Para tanto, arrolam como testemunhas RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA
SAMPAIO, ex-Presidente da Bolsa de Valores Regional, FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS,
operador de bolsa, ANA MARIA HOLANDA BARRETO, analista administrativa, JOSUÉ
UBIRANILSON ALVES, empresário, MÁRIO HENRIQUE ALVES DE QUEIROS, administrador
e ARMANDO LIMA CAMINHA FILHO, empresário.

Não explicitam em que medida tais depoimentos podem efetivamente contribuir para
o novo deslinde da ação penal.

E nem têm como. O crime do art. 7º, IV, da Lei 7492/86, pelo qual foram
condenados, é assim tipificado:

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Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:


IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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Tal crime é de natureza nitidamente formal ou de mera conduta, bastando para a sua
configuração a negociação, ou seja, o ajuste de compra e venda de valores mobiliários, sem a
autorização da autoridade competente, no caso a Comissão de Valores Mobiliários.

O TRF da 3ª Região vem decidindo que, em relação aos crimes que afetam o
funcionamento do mercado mobiliário, não se faz necessária a demonstração de efetivo prejuízo:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. NULIDADE. SENTENÇA. FALTA DE

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FUNDAMENTAÇÃO. PREJUÍZO. EXIGIBILIDADE. MANIPULAÇÃO DO
MERCADO DE CAPITAIS. ART. 27-C DA LEI N. 6.385/76. CRIME FORMAL.
CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS.
...
2. O delito de manipulação do mercado de capitais é de natureza formal, não
exigindo, para sua consumação, resultado naturalístico. A consumação dá-se com
a realização das operações simuladas ou a execução de outras manobras
fraudulentas, independentemente do efetivo alcance da finalidade de alteração do
funcionamento do mercado de capitais, ou, ainda, da obtenção de vantagem ou
lucro ou da causação de prejuízo a outrem.
(ACR 00061937820094036181, DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ
NEKATSCHALOW, TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1
DATA:10/02/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. EMISSÃO,


OFERTA OU NEGOCIAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS SEM PRÉVIO
REGISTRO DE EMISSÃO NA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. LEI N.º
7.492/1986, ARTIGO 7º, INCISO II. UTILIZAÇÃO DE BOLETINS DE
SUBSCRIÇÃO. CONFIGURAÇÃO DE EMISSÃO. LEI N.º 6.385/1976, ARTIGO
19, § 3º, INCISO I. CONTRATOS DE INVESTIMENTO COLETIVO. MEDIDA
PROVISÓRIA N.º 1.637/1998. DOSIMETRIA DA PENA. CONSEQUÊNCIAS DO
DELITO. CONTINUIDADE DELITIVA. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
1. O artigo 7º, inciso II, da Lei n.º 7.492/1986 incrimina as condutas de emitir,
oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários sem registro
prévio de emissão junto à autoridade competente (Comissão de Valores
Mobiliários).
2. Na conformidade do artigo 19, caput, da Lei n.º 6.385/1976, nenhuma
emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem prévio
registro na Comissão de Valores Mobiliários; e, de acordo com o inciso I do § 3º
do mesmo artigo de lei, caracteriza a emissão pública a utilização de listas ou
boletins de venda ou subscrição.

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4. O crime tipificado no inciso II do artigo 7º da Lei n.º 7.492/1986 não


pressupõe a produção de prejuízo; havendo, porém, resultado danoso, é dado ao
juiz exasperar a pena-base para além do mínimo legal, uma vez que as
conseqüências do delito compõem o rol de circunstâncias previsto no artigo 59
do Código Penal. (TRF da 3ª Região, 2ª Turma, Rel. Des. Nelton dos Santos,

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PELAÇÃO CRIMINAL Nº 0001450-69.2002.4.03.6181/SP)

Especificamente quanto ao crime do inciso IV, o TRF da 2 Região decidiu que o


delito consuma-se “com a simples ação de emitir, oferecer, ou negociar de qualquer modo, títulos e
valores mobiliários sem autorização prévia da autoridade competente quando legalmente exigida,
independentemente do resultado” (TRF2, AC 1.918, 2ª Turma, DJ de 21.10.99). O TRF da 5ª
Região, em recente julgado relatado pelo Des. Rubens Canuto, apontou para o mesmo entendimento

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quanto ao crime do art. 19 da Lei 7492/86, tipo muito semelhante ao do estelionato, que cuida de
fraude na obtenção de financiamento perante instituição financeira e em tese, reclamaria resultado
finalístico:

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. ART. 19, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 7.492/86. FRAUDE PARA
OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OFICIAL.
TIPICIDADE DA CONDUTA. CONFIGURAÇÃO. "BAGATELA IMPRÓPRIA".
NÃO OCORRÊNCIA. DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. REDUÇÃO.
…………….
O tipo penal do artigo 19 da Lei 7.492/86 se consuma independente do prejuízo
financeiro que possa ser causado, pois se trata de crime formal, já que o
dispositivo legal tem por finalidade proteger as instituições financeiras e sua
credibilidade. - O bem jurídico tutelado pelo artigo 19 da Lei nº 7.492/86 não se
traduz em determinado valor econômico, mas, sim, em um perigo abstrato que
coloca em risco a credibilidade das instituições financeiras, ferindo o principio da
boa-fé. Dessa forma, existe necessidade da aplicação da pena com o escopo de
dissuadir práticas delitivas semelhantes.
(ACR 00050832320134058000, Desembargador Federal Rubens de Mendonça
Canuto, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::18/12/2017 - Página::164.)

Nessas condições, salta aos olhos que a prova pretendida é imprestável para alcançar
o resultado revisional, uma vez que a prova testemunhal a destempo indicada, mesmo que
produzida, é insusceptível de alterar a conclusão a que se chegou com a ação penal quase finda,
dada a prescindibilidade de demonstração de resultado lesivo ao Sistema Financeiro para a
concreção do tipo do art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86.

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E, ao contrário do que sustentam os autores, a recente orientação do Superior


Tribunal de Justiça é no sentido da sindicabilidade do pedido de justificação, consoante aresto a

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seguir transcrito:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 535, II, 861 E 866, § 2º, TODOS DO CPC. NÃO
OCORRÊNCIA. JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. REQUISITOS. ANÁLISE DO
MÉRITO. AUSÊNCIA. PRECEDENTES. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO.
…………..
2. Não há falar em violação dos arts. 861 e 866, § 2º, ambos do CPC, na hipótese

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em que o Tribunal mantém a sentença que indeferiu pedido de justificação
criminal em face da inexistência de fato novo, não se confundindo tal proceder
com a análise do mérito do pedido.

3. É indispensável que a parte requerente demonstre a destinação específica da


prova, de forma objetiva, e que, em se tratando de testemunha, haja indicação
clara do que esta trará de novo, não bastando apenas que não tenha sido ouvida
nos autos principais (HC 174.906/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 10/4/2012, DJe 17/4/2012).

(AgRg no REsp 1189155/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,


julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)

Por outro lado, se admitida for a presente justificação, já não se submete à disciplina
do antigo CPC, onde funcionava como jurisdição voluntária, tendo assumido nova feição com o
CPC de 2015, como verdadeira ação cautelar de antecipação de prova.

A ser assim, admite a aplicação do disposto no art. 382, § 5º, do novo CPC:
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a
necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os
quais a prova há de recair.

§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de


interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso.

§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem


sobre as respectivas consequências jurídicas.

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§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo


procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção
conjunta acarretar excessiva demora.

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Não se duvida que a revisão criminal, na dicção do art. 626, parágrafo único, do CPP,
jamais poderá acarretar reformatio in pejus, bem como que é remédio processual exclusivo da
defesa. No entanto, tal não obsta a que o Ministério Público, na cautelar de produção de provas
preparatória da revisão participe ativamente de tal fase pré-processual, inclusive arrolando
testemunhas que possam esclarecer o tema probatório, como consequência lógica do contraditório e
do dispositivo processual acima referido.

Assim, requer o MPF não seja admitida a pretendida coleta de prova testemunhal, em

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razão de não se encaixar no estreito conceito do art. 621, III do CPP, à míngua de constituírem
provas novas, bem como pelo fato de, imediatamente, ser visualizada a sua imprestabilidade para o
fim pretendido na futura ação revisional, sendo que, no caso de deferimento, em nome do
contraditório, requer o MPF seja autorizada a oitiva da testemunha adiante arrolada.

Fortaleza, 10 de JULHO de 2018

MÁRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

ROL DE TESTEMUNHAS

1) JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA, acionista do Banco do Estado do Ceará que


deflagrou reclamação perante a CVM, dando azo ao PROCESSO ADMINISTRATIVO
SANCIONADOR CVM Nº SP2008/040, com endereço na Rua 222, 2ª Etapa, casa 52, Conjunto
Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18071015294750000000003914568
Data e hora da assinatura: 10/07/2018 15:28:50
Identificador: 4058100.3909069
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO
CEARÁ

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PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PARECER N° 12.660/2018

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O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no uso de uma de suas atribuições legais,
vem, perante Vossa Excelência, por seu procurador da República adiante assinado, em atenção ao
despacho desse juízo (4058100.3875936), vem tempestivamente se manifestar nos seguintes
termos:

Trata-se de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA com o objetivo de produção de prova testemunhal, a ser
utilizada em posterior Ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir a condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal de nº 0012628-43.2010.4.05.8100, posteriormente confirmada
em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Segundo os autores, foram denunciados e condenados inicialmente pela prática dos


crimes descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e 27-C da Lei nº 6.385/1976. Inconformados,
apelaram da sentença, tendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da 5ª Região dado parcial provimento
ao recurso para absolvê-los em relação ao crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/1976,
subsistindo a condenação pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986, às
penas de 09 anos e 02 meses de reclusão para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e 05 anos
de reclusão para os demais.

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O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESp 1449193/CE, em que foi relator o


Min. Felix Fischer, manteve a condenação tal qual decidido pelo TRF da 5ª Região, negando
provimento ao recurso e aos embargos de declaração interpostos. Ainda não houve, no entanto, o

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trânsito em julgado da referida decisão.

Para fundamentar a presente justificação, os autores alegam que somente agora


surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, motivo pelo qual pretendem
produzir prova testemunhal a ser utilizada em futura Revisão Criminal.

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DA COMPETÊNCIA

A presente Justificação Criminal tem a finalidade de produzir provas testemunhais


visando ajuizamento futuro de Revisão Criminal com o intuito de rescindir condenação criminal
proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 e, posteriormente, confirmada em
grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A Ação Penal em referência (nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante a 11ª


Vara Federal desta Seção Judiciária. Nesse juízo foram produzidas as provas que resultaram na
condenação que se pretende rescindir. Ali foi produzida a sentença condenatória e praticados os
demais atos processuais tendentes ao resultado do processo. Surge, com o pedido de justificação,
uma relação de dependência entre as provas já produzidas e as que se deseja produzir, sob a
alegação de “novidade”, cujo conhecimento pelo juízo da condenação resulta em melhor alcance da
verdade real. Nesse sentido os seguintes julgados:
Justificação Criminal - Entendimento. É da competência do Juízo da condenação, em
1a instância, o processamento de justificação de fato relevante, destinado a instruir
pedido de revisão criminal. (TJ-SP - APR: 993080045399 SP, Relator: Wilson
Barreira, Data de Julgamento: 17/07/2008, 14ª Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 07/08/2008)

CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALSIFICAÇÃO DE ATESTADOS


MÉDICOS PARA JUSTIFICAÇÃO DE FALTAS JUNTO A EMPREGADORES
PRIVADOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça
Estadual o processo e julgamento de feito que visa à apuração de possível delito de

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falsificação de atestados médicos, provenientes do INAMPS, visando ao abono de


faltas junto a empregadores privados. Precedente. II. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Niterói/RJ, o
Suscitante.(STJ - CC: 25368 RJ 1999/0015966-7, Relator: Ministro GILSON DIPP,
Data de Julgamento: 13/09/2000, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ

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30.10.2000 p. 122 JBC vol. 39 p. 177)

JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A


justificação judicial, para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no
mesmo juízo da condenação. CONFLITO PROCEDENTE. (Conflito de Jurisdição Nº
70061992921, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan
Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

Ainda, com razão o Juízo da 32ª Vara quanto ao fato da ação penal já ter sido julgada

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não afastar a prevenção do juízo da condenação, não se aplicando aqui o contido na Súmula 235 do
STJ: "a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado". É que,
consoante dispõe o art. 83, do CPP, a competência por prevenção se verifica toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes, igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa. Desse
modo, como a ação de justificação deve ser processada no juízo de 1º grau, a competência é do
juízo da condenação, em razão de sua prevenção, não se tratando no caso de “reunião de
processos”.

Assim, requer o MPF seja confirmada a competência da 11ª Vara da Seção Judiciária
do Ceará para conhecer e processar a presente justificação criminal.

DO CABIMENTO E ADMISSIBILIDADE

A justificação judicial, espécie de ação cautelar de produção antecipada de provas,


após a revogação do CPC de 1973, encontra fundamento no Código de Processo Civil, artigos 381,
§5º, sendo aplicada de forma subsidiária ao processo-crime, como permite o art. 3º do Código de
Processo Penal:
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
……………………..

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§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência


de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.

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Desse modo, em linha de princípio cabe o ajuizamento de pedido de antecipação de
prova para fins de futuro ajuizamento de revisão criminal, agora não mais sob o pálio de mera
justificação, procedimento não contencioso previsto no art. 861 do CPC revogado.

Como noticiado nos autos, objetivam produzir prova testemunhal para futuro uso em
revisão criminal a ser proposta perante o TRF da 5ª Região, sustentando que apenas após a
condenação em que se considerou que houve lesão ao bem os autores jurídico "sistema financeiro
nacional" surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, com o intuito de

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comprovar que não houve lesão ao sistema financeiro nacional.

Alegam que tais depoimentos seriam prova nova e inédita, e não poderiam ter sido
produzidos na ação originária.

Com efeito, como medida preparatória, a justificação criminal guarda inteira


dependência à futura revisão criminal que visa instruir. No caso sob análise, presta-se à hipótese do
art. 621, III, do CPP:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
………………………………...
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena.

Para a admissibilidade da revisão, é necessária a concorrência dos seguintes


pressupostos: o trânsito em julgado da sentença condenatória e a descoberta de provas novas
aptas ao alcance de uma decisão absolutória.

Em primeiro lugar, a sentença condenatória ainda não transitou em julgado, estando o


caso ainda pendente de possíveis embargos de embargos do Superior Tribunal de Justiça ou até
mesmo de recurso de cunho constitucional, perante o Supremo Tribunal Federal.

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Essa indefinição processual impede que se tenha o caso como definitivamente


julgado, afastando a possibilidade de revisão criminal e, consequentemente, da pretendida produção
antecipada de provas.

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A par disso, provas novas de inocência somente podem ser as descobertas após a
decisão final da causa e que guardam liame direto com a causa, no sentido do afastamento da
condenação. Ainda há de se exigir que no curso da ação penal não poderiam ser produzidas,
porque delas o acusado não poderia dispor no momento processual oportuno.

Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas


testemunhas, esquecidas pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com

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apoio em precedentes da própria Corte e do STF:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS
TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se
destina à obtenção de prova nova com a finalidade de subsidiar eventual
ajuizamento de revisão criminal, " 'não é a Justificação, para fins de Revisão
Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no
processo da condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC
76.664, 1.ª Turma, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998) (RHC
36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2013,
DJe 25/10/2013)." (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal
de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento
dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016)

Mais precisa ainda é a decisão do Superior Tribunal de Justiça no RHC 69.390/SP,


em que foi Relatora a Min. Maria Thereza de Assis Moura, que a um só tempo impede a justificação
como meio de reabertura, pura e simples, da instrução processual e, ainda, entende pela
inadmissibilidade quanto ainda não transitada em julgado a condenação:

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PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL. INDEFERIMENTO. PROVAS NOVAS. INEXISTÊNCIA. ILEGALIDADE.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Dada ampla oportunidade à defesa para a realização da prova oral no curso do
processo penal de conhecimento, momento adequado para a cognição exauriente do

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thema probandum, inviável em sede de justificação a reabertura da instrução
criminal, máxime quando não demonstrada claramente que a prova que se pretende
produzir seja dotada da característica da novidade.
2. Além disso, o processo não havia alcançado termo quando do pedido de
justificação, ou seja, ainda não havia trânsito em julgado, o que mostra
desarrazoada a pretensão de produzir concomitantemente prova relativa à mesma
ação penal com vistas a futura revisão criminal.
3. Recurso a que se nega provimento.
(RHC 69.390/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 16/05/2016)

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A argumentação levada a efeito pelos autores não elide a compreensão de que os
depoimentos que pretende produzir não podem ser considerados “prova nova”, uma vez que nada
impediria que, no curso da ação penal, tivessem arrolado as testemunhas que agora pretendem
inquirir, para forçar o reexame da condenação, ou que tais depoimentos tenham o efeito pretendido
de afastar a justa causa para a condenação.

Segundo a inicial, foram os autores condenados pelo crime do art. 7º, IV, da Lei
7492/86, em que se considerou lesão ao bem jurídico sistema financeiro, sendo que pretendem
comprovar que a negociação de ações pelo sistema de garimpagem não importa em lesão àquele
bem jurídico. Para tanto, arrolam como testemunhas RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA
SAMPAIO, ex-Presidente da Bolsa de Valores Regional, FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS,
operador de bolsa, ANA MARIA HOLANDA BARRETO, analista administrativa, JOSUÉ
UBIRANILSON ALVES, empresário, MÁRIO HENRIQUE ALVES DE QUEIROS, administrador
e ARMANDO LIMA CAMINHA FILHO, empresário.

Não explicitam em que medida tais depoimentos podem efetivamente contribuir para
o novo deslinde da ação penal.

E nem têm como. O crime do art. 7º, IV, da Lei 7492/86, pelo qual foram
condenados, é assim tipificado:

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Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:


IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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Tal crime é de natureza nitidamente formal ou de mera conduta, bastando para a sua
configuração a negociação, ou seja, o ajuste de compra e venda de valores mobiliários, sem a
autorização da autoridade competente, no caso a Comissão de Valores Mobiliários.

O TRF da 3ª Região vem decidindo que, em relação aos crimes que afetam o
funcionamento do mercado mobiliário, não se faz necessária a demonstração de efetivo prejuízo:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. NULIDADE. SENTENÇA. FALTA DE

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FUNDAMENTAÇÃO. PREJUÍZO. EXIGIBILIDADE. MANIPULAÇÃO DO
MERCADO DE CAPITAIS. ART. 27-C DA LEI N. 6.385/76. CRIME FORMAL.
CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS.
...
2. O delito de manipulação do mercado de capitais é de natureza formal, não
exigindo, para sua consumação, resultado naturalístico. A consumação dá-se com
a realização das operações simuladas ou a execução de outras manobras
fraudulentas, independentemente do efetivo alcance da finalidade de alteração do
funcionamento do mercado de capitais, ou, ainda, da obtenção de vantagem ou
lucro ou da causação de prejuízo a outrem.
(ACR 00061937820094036181, DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ
NEKATSCHALOW, TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1
DATA:10/02/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. EMISSÃO,


OFERTA OU NEGOCIAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS SEM PRÉVIO
REGISTRO DE EMISSÃO NA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. LEI N.º
7.492/1986, ARTIGO 7º, INCISO II. UTILIZAÇÃO DE BOLETINS DE
SUBSCRIÇÃO. CONFIGURAÇÃO DE EMISSÃO. LEI N.º 6.385/1976, ARTIGO
19, § 3º, INCISO I. CONTRATOS DE INVESTIMENTO COLETIVO. MEDIDA
PROVISÓRIA N.º 1.637/1998. DOSIMETRIA DA PENA. CONSEQUÊNCIAS DO
DELITO. CONTINUIDADE DELITIVA. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
1. O artigo 7º, inciso II, da Lei n.º 7.492/1986 incrimina as condutas de emitir,
oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários sem registro
prévio de emissão junto à autoridade competente (Comissão de Valores
Mobiliários).
2. Na conformidade do artigo 19, caput, da Lei n.º 6.385/1976, nenhuma
emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem prévio
registro na Comissão de Valores Mobiliários; e, de acordo com o inciso I do § 3º
do mesmo artigo de lei, caracteriza a emissão pública a utilização de listas ou
boletins de venda ou subscrição.

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4. O crime tipificado no inciso II do artigo 7º da Lei n.º 7.492/1986 não


pressupõe a produção de prejuízo; havendo, porém, resultado danoso, é dado ao
juiz exasperar a pena-base para além do mínimo legal, uma vez que as
conseqüências do delito compõem o rol de circunstâncias previsto no artigo 59
do Código Penal. (TRF da 3ª Região, 2ª Turma, Rel. Des. Nelton dos Santos,

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PELAÇÃO CRIMINAL Nº 0001450-69.2002.4.03.6181/SP)

Especificamente quanto ao crime do inciso IV, o TRF da 2 Região decidiu que o


delito consuma-se “com a simples ação de emitir, oferecer, ou negociar de qualquer modo, títulos e
valores mobiliários sem autorização prévia da autoridade competente quando legalmente exigida,
independentemente do resultado” (TRF2, AC 1.918, 2ª Turma, DJ de 21.10.99). O TRF da 5ª
Região, em recente julgado relatado pelo Des. Rubens Canuto, apontou para o mesmo entendimento

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quanto ao crime do art. 19 da Lei 7492/86, tipo muito semelhante ao do estelionato, que cuida de
fraude na obtenção de financiamento perante instituição financeira e em tese, reclamaria resultado
finalístico:

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. ART. 19, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 7.492/86. FRAUDE PARA
OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OFICIAL.
TIPICIDADE DA CONDUTA. CONFIGURAÇÃO. "BAGATELA IMPRÓPRIA".
NÃO OCORRÊNCIA. DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. REDUÇÃO.
…………….
O tipo penal do artigo 19 da Lei 7.492/86 se consuma independente do prejuízo
financeiro que possa ser causado, pois se trata de crime formal, já que o
dispositivo legal tem por finalidade proteger as instituições financeiras e sua
credibilidade. - O bem jurídico tutelado pelo artigo 19 da Lei nº 7.492/86 não se
traduz em determinado valor econômico, mas, sim, em um perigo abstrato que
coloca em risco a credibilidade das instituições financeiras, ferindo o principio da
boa-fé. Dessa forma, existe necessidade da aplicação da pena com o escopo de
dissuadir práticas delitivas semelhantes.
(ACR 00050832320134058000, Desembargador Federal Rubens de Mendonça
Canuto, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::18/12/2017 - Página::164.)

Nessas condições, salta aos olhos que a prova pretendida é imprestável para alcançar
o resultado revisional, uma vez que a prova testemunhal a destempo indicada, mesmo que
produzida, é insusceptível de alterar a conclusão a que se chegou com a ação penal quase finda,
dada a prescindibilidade de demonstração de resultado lesivo ao Sistema Financeiro para a
concreção do tipo do art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86.

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E, ao contrário do que sustentam os autores, a recente orientação do Superior


Tribunal de Justiça é no sentido da sindicabilidade do pedido de justificação, consoante aresto a

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seguir transcrito:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 535, II, 861 E 866, § 2º, TODOS DO CPC. NÃO
OCORRÊNCIA. JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. REQUISITOS. ANÁLISE DO
MÉRITO. AUSÊNCIA. PRECEDENTES. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO.
…………..
2. Não há falar em violação dos arts. 861 e 866, § 2º, ambos do CPC, na hipótese

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em que o Tribunal mantém a sentença que indeferiu pedido de justificação
criminal em face da inexistência de fato novo, não se confundindo tal proceder
com a análise do mérito do pedido.

3. É indispensável que a parte requerente demonstre a destinação específica da


prova, de forma objetiva, e que, em se tratando de testemunha, haja indicação
clara do que esta trará de novo, não bastando apenas que não tenha sido ouvida
nos autos principais (HC 174.906/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 10/4/2012, DJe 17/4/2012).

(AgRg no REsp 1189155/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,


julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)

Por outro lado, se admitida for a presente justificação, já não se submete à disciplina
do antigo CPC, onde funcionava como jurisdição voluntária, tendo assumido nova feição com o
CPC de 2015, como verdadeira ação cautelar de antecipação de prova.

A ser assim, admite a aplicação do disposto no art. 382, § 5º, do novo CPC:
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a
necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os
quais a prova há de recair.

§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de


interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso.

§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem


sobre as respectivas consequências jurídicas.

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§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo


procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção
conjunta acarretar excessiva demora.

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Não se duvida que a revisão criminal, na dicção do art. 626, parágrafo único, do CPP,
jamais poderá acarretar reformatio in pejus, bem como que é remédio processual exclusivo da
defesa. No entanto, tal não obsta a que o Ministério Público, na cautelar de produção de provas
preparatória da revisão participe ativamente de tal fase pré-processual, inclusive arrolando
testemunhas que possam esclarecer o tema probatório, como consequência lógica do contraditório e
do dispositivo processual acima referido.

Assim, requer o MPF não seja admitida a pretendida coleta de prova testemunhal, em

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razão de não se encaixar no estreito conceito do art. 621, III do CPP, à míngua de constituírem
provas novas, bem como pelo fato de, imediatamente, ser visualizada a sua imprestabilidade para o
fim pretendido na futura ação revisional, sendo que, no caso de deferimento, em nome do
contraditório, requer o MPF seja autorizada a oitiva da testemunha adiante arrolada.

Fortaleza, 10 de JULHO de 2018

MÁRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

ROL DE TESTEMUNHAS

1) JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA, acionista do Banco do Estado do Ceará que


deflagrou reclamação perante a CVM, dando azo ao PROCESSO ADMINISTRATIVO
SANCIONADOR CVM Nº SP2008/040, com endereço na Rua 222, 2ª Etapa, casa 52, Conjunto
Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18071015291488300000003914560
Data e hora da assinatura: 10/07/2018 15:28:50
Identificador: 4058100.3909061
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

I. RELATÓRIO

1. Cuida-se de Ação de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,


GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , com demais qualificações nos autos, destinada à produção de prova testemunhal, sob o
crivo do contraditório, a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (id.
4058100.3847182).

2. Inicialmente, esclarecem os autores que foram denunciados e condenados em primeiro grau pela
prática dos delitos descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo a
conduta imputada de "garimpagem" de ações. Por sua vez, o Tribunal Regional Federal deu parcial
provimento ao recurso para absolvê-los do crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76, remanescendo
a condenação pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, às penas de 09 anos e 02 meses de reclusão
para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 05 anos de reclusão para os demais.

3. Argumenta que, somente após a condenação [1] dos autores por delito diverso do descrito, em que se
considerou a existência de lesão ao bem jurídico 'sistema financeiro nacional' única e exclusivamente pelo
suposto volume de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes
para a defesa, de molde a comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em
lesão ao sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo
a empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço .

4. Tais depoimentos, segundo os requerentes, constituem-se em novidade que servirá de base para futuro
pedido de Revisão Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório, ressaltando, ainda, que a
irreversibilidade da condenação se mostra iminente, havendo o risco premente de suas prisões em razão
do regime de cumprimento de pena fixado em razão das penas corporais aplicadas. Pede, ao final, seja
deferida a oitiva das testemunhas arroladas na inicial

1/3
5. Instruem a inicial os documentos vistos nos id's 4058100.3847199, 4058100.3847201,
4058100.3847256, 4058100.3847264, 4058100.3847266, 4058100.3847268.

6. Decisão proferida pelo juízo da 32ª Vara Federal declarando sua incompetência para processar e julgar
o presente feito, ao tempo em que determinou sua redistribuição para esta 11ª Vara Federal (id.
4058100.3861171).

7. Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal pugnou pela não admissão da pretendida coleta
testemunhal, à míngua de constituírem provas novas, não se enquadrando no estreito conceito do art. 621,
III, do Código de Processo Penal (id. 4058100.3909080).

8. É o que havia a relatar. Passo a decidir.

II. FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO .

9. Pretendem os requerentes mediante o ajuizamento da presente ação de justificação criminal a produção


de prova testemunhal a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Tais
depoimentos, segundo alegam, constituir-se-iam em novidade a embasar futuro pedido de Revisão
Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório.

10. Inicialmente, firmo a competência deste juízo para o processamento e julgamento do feito. Com
efeito, a ação penal (Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante esta 11ª Vara Federal,
sendo naqueles autos produzidas as provas e realizados todos os atos processuais que resultaram na
condenação dos ora requerentes. Além disso, a justificação deve ser realizada no juízo de primeiro grau,
uma vez que o juízo de revisão não admite fase instrutória e em razão da necessidade de ser observado o
princípio do contraditório, sob pena de insegurança jurídica (TJRS. Revisão Criminal nº 70053817391.
Rel. Des. Isabel de Borba Lucas. Quarto Grupo de Câmaras Criminais. Julgado em 24 de maio de 2013).

11. A propósito, vejamos os seguintes julgados:

"JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A justificação judicial,


para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no mesmo juízo da condenação.
CONFLITO PROCEDENTE." (Conflito de Jurisdição Nº 70061992921, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

"CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PROCESSAMENTO


PERANTE O JUÍZO DA CONDENAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I - O pedido
de justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória de pedido revisional, deve ser
processado perante o juízo da condenação. II - Deram pela competência do Juízo suscitado." (TJMG
- Conflito de Jurisdição 1.0000.09.506968-8/000, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA
CRIMINAL, julgamento em 25/11/2009, publicação da súmula em 22/02/2010)

12. Antes, porém, de examinar o pedido de que cuida a inicial, determino a intimação da parte autora para
que demonstre seu interesse processual, uma vez que, como bem salientou o órgão ministerial, a sentença
condenatória ainda não transitou em julgado, estando o caso ainda pendente junto ao Superior Tribunal de
Justiça (como destacado na própria inicial) ou mesmo de eventual recurso de cunho constitucional perante
o Supremo Tribunal Federal.

13. Além disso, deverá a parte autora demonstrar em que os pretendidos depoimentos podem
efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal em questão, uma vez que a ação de
justificação criminal não se revela uma nova e simples ocasião para tomada de depoimentos de
testemunhas não arroladas pela defesa no curso do processo penal.

2/3
14. Após, voltem-me os autos conclusos.

15. Expedientes necessários.

[1] Com trânsito em julgado para o Ministério Público Federal e com a publicação do acórdão que julgou
o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial oposto pela
defesa.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18071615114003400000003940173
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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

I. RELATÓRIO

1. Cuida-se de Ação de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,


GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , com demais qualificações nos autos, destinada à produção de prova testemunhal, sob o
crivo do contraditório, a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (id.
4058100.3847182).

2. Inicialmente, esclarecem os autores que foram denunciados e condenados em primeiro grau pela
prática dos delitos descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo a
conduta imputada de "garimpagem" de ações. Por sua vez, o Tribunal Regional Federal deu parcial
provimento ao recurso para absolvê-los do crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76, remanescendo
a condenação pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, às penas de 09 anos e 02 meses de reclusão
para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 05 anos de reclusão para os demais.

3. Argumenta que, somente após a condenação [1] dos autores por delito diverso do descrito, em que se
considerou a existência de lesão ao bem jurídico 'sistema financeiro nacional' única e exclusivamente pelo
suposto volume de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes
para a defesa, de molde a comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em
lesão ao sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo
a empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço .

4. Tais depoimentos, segundo os requerentes, constituem-se em novidade que servirá de base para futuro
pedido de Revisão Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório, ressaltando, ainda, que a
irreversibilidade da condenação se mostra iminente, havendo o risco premente de suas prisões em razão
do regime de cumprimento de pena fixado em razão das penas corporais aplicadas. Pede, ao final, seja
deferida a oitiva das testemunhas arroladas na inicial

1/3
5. Instruem a inicial os documentos vistos nos id's 4058100.3847199, 4058100.3847201,
4058100.3847256, 4058100.3847264, 4058100.3847266, 4058100.3847268.

6. Decisão proferida pelo juízo da 32ª Vara Federal declarando sua incompetência para processar e julgar
o presente feito, ao tempo em que determinou sua redistribuição para esta 11ª Vara Federal (id.
4058100.3861171).

7. Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal pugnou pela não admissão da pretendida coleta
testemunhal, à míngua de constituírem provas novas, não se enquadrando no estreito conceito do art. 621,
III, do Código de Processo Penal (id. 4058100.3909080).

8. É o que havia a relatar. Passo a decidir.

II. FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO .

9. Pretendem os requerentes mediante o ajuizamento da presente ação de justificação criminal a produção


de prova testemunhal a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Tais
depoimentos, segundo alegam, constituir-se-iam em novidade a embasar futuro pedido de Revisão
Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório.

10. Inicialmente, firmo a competência deste juízo para o processamento e julgamento do feito. Com
efeito, a ação penal (Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante esta 11ª Vara Federal,
sendo naqueles autos produzidas as provas e realizados todos os atos processuais que resultaram na
condenação dos ora requerentes. Além disso, a justificação deve ser realizada no juízo de primeiro grau,
uma vez que o juízo de revisão não admite fase instrutória e em razão da necessidade de ser observado o
princípio do contraditório, sob pena de insegurança jurídica (TJRS. Revisão Criminal nº 70053817391.
Rel. Des. Isabel de Borba Lucas. Quarto Grupo de Câmaras Criminais. Julgado em 24 de maio de 2013).

11. A propósito, vejamos os seguintes julgados:

"JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A justificação judicial,


para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no mesmo juízo da condenação.
CONFLITO PROCEDENTE." (Conflito de Jurisdição Nº 70061992921, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

"CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PROCESSAMENTO


PERANTE O JUÍZO DA CONDENAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I - O pedido
de justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória de pedido revisional, deve ser
processado perante o juízo da condenação. II - Deram pela competência do Juízo suscitado." (TJMG
- Conflito de Jurisdição 1.0000.09.506968-8/000, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA
CRIMINAL, julgamento em 25/11/2009, publicação da súmula em 22/02/2010)

12. Antes, porém, de examinar o pedido de que cuida a inicial, determino a intimação da parte autora para
que demonstre seu interesse processual, uma vez que, como bem salientou o órgão ministerial, a sentença
condenatória ainda não transitou em julgado, estando o caso ainda pendente junto ao Superior Tribunal de
Justiça (como destacado na própria inicial) ou mesmo de eventual recurso de cunho constitucional perante
o Supremo Tribunal Federal.

13. Além disso, deverá a parte autora demonstrar em que os pretendidos depoimentos podem
efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal em questão, uma vez que a ação de
justificação criminal não se revela uma nova e simples ocasião para tomada de depoimentos de
testemunhas não arroladas pela defesa no curso do processo penal.

2/3
14. Após, voltem-me os autos conclusos.

15. Expedientes necessários.

[1] Com trânsito em julgado para o Ministério Público Federal e com a publicação do acórdão que julgou
o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial oposto pela
defesa.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18071814242272700000003951861
Data e hora da assinatura: 18/07/2018 14:24:23
Identificador: 4058100.3946325
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

I. RELATÓRIO

1. Cuida-se de Ação de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,


GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , com demais qualificações nos autos, destinada à produção de prova testemunhal, sob o
crivo do contraditório, a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (id.
4058100.3847182).

2. Inicialmente, esclarecem os autores que foram denunciados e condenados em primeiro grau pela
prática dos delitos descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo a
conduta imputada de "garimpagem" de ações. Por sua vez, o Tribunal Regional Federal deu parcial
provimento ao recurso para absolvê-los do crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76, remanescendo
a condenação pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, às penas de 09 anos e 02 meses de reclusão
para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 05 anos de reclusão para os demais.

3. Argumenta que, somente após a condenação [1] dos autores por delito diverso do descrito, em que se
considerou a existência de lesão ao bem jurídico 'sistema financeiro nacional' única e exclusivamente pelo
suposto volume de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes
para a defesa, de molde a comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em
lesão ao sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo
a empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço .

4. Tais depoimentos, segundo os requerentes, constituem-se em novidade que servirá de base para futuro
pedido de Revisão Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório, ressaltando, ainda, que a
irreversibilidade da condenação se mostra iminente, havendo o risco premente de suas prisões em razão
do regime de cumprimento de pena fixado em razão das penas corporais aplicadas. Pede, ao final, seja
deferida a oitiva das testemunhas arroladas na inicial

1/3
5. Instruem a inicial os documentos vistos nos id's 4058100.3847199, 4058100.3847201,
4058100.3847256, 4058100.3847264, 4058100.3847266, 4058100.3847268.

6. Decisão proferida pelo juízo da 32ª Vara Federal declarando sua incompetência para processar e julgar
o presente feito, ao tempo em que determinou sua redistribuição para esta 11ª Vara Federal (id.
4058100.3861171).

7. Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal pugnou pela não admissão da pretendida coleta
testemunhal, à míngua de constituírem provas novas, não se enquadrando no estreito conceito do art. 621,
III, do Código de Processo Penal (id. 4058100.3909080).

8. É o que havia a relatar. Passo a decidir.

II. FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO .

9. Pretendem os requerentes mediante o ajuizamento da presente ação de justificação criminal a produção


de prova testemunhal a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Tais
depoimentos, segundo alegam, constituir-se-iam em novidade a embasar futuro pedido de Revisão
Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório.

10. Inicialmente, firmo a competência deste juízo para o processamento e julgamento do feito. Com
efeito, a ação penal (Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante esta 11ª Vara Federal,
sendo naqueles autos produzidas as provas e realizados todos os atos processuais que resultaram na
condenação dos ora requerentes. Além disso, a justificação deve ser realizada no juízo de primeiro grau,
uma vez que o juízo de revisão não admite fase instrutória e em razão da necessidade de ser observado o
princípio do contraditório, sob pena de insegurança jurídica (TJRS. Revisão Criminal nº 70053817391.
Rel. Des. Isabel de Borba Lucas. Quarto Grupo de Câmaras Criminais. Julgado em 24 de maio de 2013).

11. A propósito, vejamos os seguintes julgados:

"JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A justificação judicial,


para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no mesmo juízo da condenação.
CONFLITO PROCEDENTE." (Conflito de Jurisdição Nº 70061992921, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

"CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PROCESSAMENTO


PERANTE O JUÍZO DA CONDENAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I - O pedido
de justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória de pedido revisional, deve ser
processado perante o juízo da condenação. II - Deram pela competência do Juízo suscitado." (TJMG
- Conflito de Jurisdição 1.0000.09.506968-8/000, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA
CRIMINAL, julgamento em 25/11/2009, publicação da súmula em 22/02/2010)

12. Antes, porém, de examinar o pedido de que cuida a inicial, determino a intimação da parte autora para
que demonstre seu interesse processual, uma vez que, como bem salientou o órgão ministerial, a sentença
condenatória ainda não transitou em julgado, estando o caso ainda pendente junto ao Superior Tribunal de
Justiça (como destacado na própria inicial) ou mesmo de eventual recurso de cunho constitucional perante
o Supremo Tribunal Federal.

13. Além disso, deverá a parte autora demonstrar em que os pretendidos depoimentos podem
efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal em questão, uma vez que a ação de
justificação criminal não se revela uma nova e simples ocasião para tomada de depoimentos de
testemunhas não arroladas pela defesa no curso do processo penal.

2/3
14. Após, voltem-me os autos conclusos.

15. Expedientes necessários.

[1] Com trânsito em julgado para o Ministério Público Federal e com a publicação do acórdão que julgou
o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial oposto pela
defesa.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18071814242340000000003951862
Data e hora da assinatura: 18/07/2018 14:24:23
Identificador: 4058100.3946326
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

I. RELATÓRIO

1. Cuida-se de Ação de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,


GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , com demais qualificações nos autos, destinada à produção de prova testemunhal, sob o
crivo do contraditório, a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (id.
4058100.3847182).

2. Inicialmente, esclarecem os autores que foram denunciados e condenados em primeiro grau pela
prática dos delitos descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo a
conduta imputada de "garimpagem" de ações. Por sua vez, o Tribunal Regional Federal deu parcial
provimento ao recurso para absolvê-los do crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76, remanescendo
a condenação pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, às penas de 09 anos e 02 meses de reclusão
para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 05 anos de reclusão para os demais.

3. Argumenta que, somente após a condenação [1] dos autores por delito diverso do descrito, em que se
considerou a existência de lesão ao bem jurídico 'sistema financeiro nacional' única e exclusivamente pelo
suposto volume de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes
para a defesa, de molde a comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em
lesão ao sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo
a empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço .

4. Tais depoimentos, segundo os requerentes, constituem-se em novidade que servirá de base para futuro
pedido de Revisão Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório, ressaltando, ainda, que a
irreversibilidade da condenação se mostra iminente, havendo o risco premente de suas prisões em razão
do regime de cumprimento de pena fixado em razão das penas corporais aplicadas. Pede, ao final, seja
deferida a oitiva das testemunhas arroladas na inicial

1/3
5. Instruem a inicial os documentos vistos nos id's 4058100.3847199, 4058100.3847201,
4058100.3847256, 4058100.3847264, 4058100.3847266, 4058100.3847268.

6. Decisão proferida pelo juízo da 32ª Vara Federal declarando sua incompetência para processar e julgar
o presente feito, ao tempo em que determinou sua redistribuição para esta 11ª Vara Federal (id.
4058100.3861171).

7. Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal pugnou pela não admissão da pretendida coleta
testemunhal, à míngua de constituírem provas novas, não se enquadrando no estreito conceito do art. 621,
III, do Código de Processo Penal (id. 4058100.3909080).

8. É o que havia a relatar. Passo a decidir.

II. FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO .

9. Pretendem os requerentes mediante o ajuizamento da presente ação de justificação criminal a produção


de prova testemunhal a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Tais
depoimentos, segundo alegam, constituir-se-iam em novidade a embasar futuro pedido de Revisão
Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório.

10. Inicialmente, firmo a competência deste juízo para o processamento e julgamento do feito. Com
efeito, a ação penal (Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante esta 11ª Vara Federal,
sendo naqueles autos produzidas as provas e realizados todos os atos processuais que resultaram na
condenação dos ora requerentes. Além disso, a justificação deve ser realizada no juízo de primeiro grau,
uma vez que o juízo de revisão não admite fase instrutória e em razão da necessidade de ser observado o
princípio do contraditório, sob pena de insegurança jurídica (TJRS. Revisão Criminal nº 70053817391.
Rel. Des. Isabel de Borba Lucas. Quarto Grupo de Câmaras Criminais. Julgado em 24 de maio de 2013).

11. A propósito, vejamos os seguintes julgados:

"JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A justificação judicial,


para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no mesmo juízo da condenação.
CONFLITO PROCEDENTE." (Conflito de Jurisdição Nº 70061992921, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

"CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PROCESSAMENTO


PERANTE O JUÍZO DA CONDENAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I - O pedido
de justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória de pedido revisional, deve ser
processado perante o juízo da condenação. II - Deram pela competência do Juízo suscitado." (TJMG
- Conflito de Jurisdição 1.0000.09.506968-8/000, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA
CRIMINAL, julgamento em 25/11/2009, publicação da súmula em 22/02/2010)

12. Antes, porém, de examinar o pedido de que cuida a inicial, determino a intimação da parte autora para
que demonstre seu interesse processual, uma vez que, como bem salientou o órgão ministerial, a sentença
condenatória ainda não transitou em julgado, estando o caso ainda pendente junto ao Superior Tribunal de
Justiça (como destacado na própria inicial) ou mesmo de eventual recurso de cunho constitucional perante
o Supremo Tribunal Federal.

13. Além disso, deverá a parte autora demonstrar em que os pretendidos depoimentos podem
efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal em questão, uma vez que a ação de
justificação criminal não se revela uma nova e simples ocasião para tomada de depoimentos de
testemunhas não arroladas pela defesa no curso do processo penal.

2/3
14. Após, voltem-me os autos conclusos.

15. Expedientes necessários.

[1] Com trânsito em julgado para o Ministério Público Federal e com a publicação do acórdão que julgou
o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial oposto pela
defesa.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18071814242423800000003951863
Data e hora da assinatura: 18/07/2018 14:24:24
Identificador: 4058100.3946327
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL


REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

I. RELATÓRIO

1. Cuida-se de Ação de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,


GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , com demais qualificações nos autos, destinada à produção de prova testemunhal, sob o
crivo do contraditório, a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (id.
4058100.3847182).

2. Inicialmente, esclarecem os autores que foram denunciados e condenados em primeiro grau pela
prática dos delitos descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo a
conduta imputada de "garimpagem" de ações. Por sua vez, o Tribunal Regional Federal deu parcial
provimento ao recurso para absolvê-los do crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76, remanescendo
a condenação pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, às penas de 09 anos e 02 meses de reclusão
para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 05 anos de reclusão para os demais.

3. Argumenta que, somente após a condenação [1] dos autores por delito diverso do descrito, em que se
considerou a existência de lesão ao bem jurídico 'sistema financeiro nacional' única e exclusivamente pelo
suposto volume de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes
para a defesa, de molde a comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em
lesão ao sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo
a empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço .

4. Tais depoimentos, segundo os requerentes, constituem-se em novidade que servirá de base para futuro
pedido de Revisão Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório, ressaltando, ainda, que a
irreversibilidade da condenação se mostra iminente, havendo o risco premente de suas prisões em razão
do regime de cumprimento de pena fixado em razão das penas corporais aplicadas. Pede, ao final, seja
deferida a oitiva das testemunhas arroladas na inicial

1/3
5. Instruem a inicial os documentos vistos nos id's 4058100.3847199, 4058100.3847201,
4058100.3847256, 4058100.3847264, 4058100.3847266, 4058100.3847268.

6. Decisão proferida pelo juízo da 32ª Vara Federal declarando sua incompetência para processar e julgar
o presente feito, ao tempo em que determinou sua redistribuição para esta 11ª Vara Federal (id.
4058100.3861171).

7. Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal pugnou pela não admissão da pretendida coleta
testemunhal, à míngua de constituírem provas novas, não se enquadrando no estreito conceito do art. 621,
III, do Código de Processo Penal (id. 4058100.3909080).

8. É o que havia a relatar. Passo a decidir.

II. FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO .

9. Pretendem os requerentes mediante o ajuizamento da presente ação de justificação criminal a produção


de prova testemunhal a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Tais
depoimentos, segundo alegam, constituir-se-iam em novidade a embasar futuro pedido de Revisão
Criminal em que se pretende a rescisão do édito condenatório.

10. Inicialmente, firmo a competência deste juízo para o processamento e julgamento do feito. Com
efeito, a ação penal (Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100) tramitou perante esta 11ª Vara Federal,
sendo naqueles autos produzidas as provas e realizados todos os atos processuais que resultaram na
condenação dos ora requerentes. Além disso, a justificação deve ser realizada no juízo de primeiro grau,
uma vez que o juízo de revisão não admite fase instrutória e em razão da necessidade de ser observado o
princípio do contraditório, sob pena de insegurança jurídica (TJRS. Revisão Criminal nº 70053817391.
Rel. Des. Isabel de Borba Lucas. Quarto Grupo de Câmaras Criminais. Julgado em 24 de maio de 2013).

11. A propósito, vejamos os seguintes julgados:

"JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. PREVENÇÃO. A justificação judicial,


para fins de instruir revisão criminal, deve ser processada no mesmo juízo da condenação.
CONFLITO PROCEDENTE." (Conflito de Jurisdição Nº 70061992921, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 10/12/2014.)

"CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL - PROCESSAMENTO


PERANTE O JUÍZO DA CONDENAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. I - O pedido
de justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória de pedido revisional, deve ser
processado perante o juízo da condenação. II - Deram pela competência do Juízo suscitado." (TJMG
- Conflito de Jurisdição 1.0000.09.506968-8/000, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA
CRIMINAL, julgamento em 25/11/2009, publicação da súmula em 22/02/2010)

12. Antes, porém, de examinar o pedido de que cuida a inicial, determino a intimação da parte autora para
que demonstre seu interesse processual, uma vez que, como bem salientou o órgão ministerial, a sentença
condenatória ainda não transitou em julgado, estando o caso ainda pendente junto ao Superior Tribunal de
Justiça (como destacado na própria inicial) ou mesmo de eventual recurso de cunho constitucional perante
o Supremo Tribunal Federal.

13. Além disso, deverá a parte autora demonstrar em que os pretendidos depoimentos podem
efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal em questão, uma vez que a ação de
justificação criminal não se revela uma nova e simples ocasião para tomada de depoimentos de
testemunhas não arroladas pela defesa no curso do processo penal.

2/3
14. Após, voltem-me os autos conclusos.

15. Expedientes necessários.

[1] Com trânsito em julgado para o Ministério Público Federal e com a publicação do acórdão que julgou
o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso especial oposto pela
defesa.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18071814242505200000003951864
Data e hora da assinatura: 18/07/2018 14:24:25
Identificador: 4058100.3946328
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 19/07/2018 13:43, o(a) Sr(a) JERONIMO ALVES BEZERRA foi intimado(a)
acerca de Despacho registrado em 18/07/2018 14:24 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071814242272700000003951861 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 19/07/2018 13:43 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 19/07/2018 13:43:08
Identificador: 4058100.3950955

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 19/07/2018 13:57, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
acerca de Despacho registrado em 18/07/2018 14:24 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071814242505200000003951864 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 19/07/2018 13:57 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 19/07/2018 13:57:33
Identificador: 4058100.3951144

2/2
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

Autos nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO


DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA , já qualificados, vêm, por seus advogados ao final
assinados, em atendimento ao despacho de fls., expor e requerer o que segue:

1. 1. Os Autores foram denunciados e condenados inicialmente pela suposta


prática dos crimes descritos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, sendo
a conduta imputada, a de "garimpagem" de ações.

1. 2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região dado parcial provimento ao recurso para absolver os Requerentes em relação ao crime
previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76, restando a condenação pela suposta prática do crime
previsto no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86, às penas de 9 anos e 2 meses de reclusão, para
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 5 anos de reclusão para os demais.

1. 3. Certos da atipicidade da conduta imputada, a instrução foi realizada sem


que fosse produzida qualquer prova defensiva , já que não foram arroladas quaisquer
testemunhas ou mesmo sem que tenha ocorrido sequer o interrogatório dos Acusados, que optaram
por permanecer em silêncio.

1. 4. Toda a defesa orbitou em torno de procurar demonstrar que a ação realizada


não configurava o tipo descrito na denúncia, mas aquele constante do artigo 27-E da Lei 6.385/76
[1] , pois a denúncia imputou aos Requerentes a conduta de garimpar ações, isto é, de, por sua
empresa " desenvolver atividade diversa da que tinha por objeto, praticando mediação ou
corretagem de ações fora da bolsa de valores, sem contar com a devida autorização da CVM para
tanto ".

1. 5. No tocante a este crime, a defesa reputava que a prova documental, bem


como o processo administrativo sancionador da CVM, eram mais do que suficientes para fazer a
prova necessária.

1/10
1. 6. Entretanto, sem que houvesse sido efetuada a mutatio libelli , com
aditamento da denúncia, e oportunização de arrolamento de novas testemunhas, a sentença aplicou
aos Autores a pena do crime descrito no artigo 7º, IV, da Lei 7.492/86.

1. 7. O fundamento central utilizado para considerar a incidência da Lei 7.492/86


foi que, no caso, o volume de operações teria sido muito grande, apto a causar lesão ao bem
jurídico tutelado pela referida lei , ou seja, o sistema financeiro nacional.

1. 8. Confira-se o seguinte trecho da sentença:

"43. Ademais, cabe lembrar que, no caso dos autos, somente no ano de 2001, foram realizadas cerca de
4000 (quatro mil) transferências de ações a crédito da RENDA, a grande maioria delas oriundas de
contas cujos titulares eram pessoas físicas. Além disso, conforme destacado no item 16 do citado Termo
de Acusação n2 CVM SP-2008-40: "Houve também cerca da 350 (trezentas e cinquenta) transferências a
débito da RENDA e a crédito da PAX, isto é, aquelas correspondentes às vendas em bolsa. Como é típico
da "garimpagem", a RENDA era sempre (e somente) vendedora de ações nos mercados organizados:
todas as 187 (cento e oitenta e sete) notas de corretagem da RENDA do ano 2000 a meados de 2006,
sumarizadas nas planilhas das fis. .., apresentam saldo credor. Nesse período, houve uma única compra
de ações em bolsa, em que a RENDA adquiriu ações de companhias telefônicas no valor de R$4 mil (fi..).
Por sua vez, as vendas em mercados organizados superaram a cifra de R$ 4,3 milhões."(grifamos), donde
se infere que a intensa atividade de mediação/corretagem de valores mobiliários atingiu não só o
mercado de capitais como também abalou a própria credibilidade do sistema financeiro, não havendo,
pois, que falar em atipicidade tampouco em incidência do tipo penal previsto no art. 27-E da Lei nç?
6.385/769, afastando-se, ainda, por via de conseqüência, a ocorrência do evento prescricional
possivelmente decorrente em caso de aplicação deste último dispositivo legal."

1. 9. Assim, apenas após a condenação por crime absolutamente diverso ao


descrito, em que se considerou que houve lesão ao bem jurídico "sistema financeiro nacional" única
e exclusivamente pelo suposto "volume" de transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de
arrolar testemunhas relevantes para a defesa, porém tarde demais.

1. 10. A matéria da inadequação típica foi aventada perante as instâncias


superiores, porém, o Superior Tribunal de Justiça negou-se a fazer a análise da matéria por
considerar que seria necessário dilação probatória ou revolvimento de provas, o que é obstado por
força da Súmula nº 7 daquela Corte. Confira-se:

"estando a opção pelo enquadramento do delito praticado pela recorrente na previsão do art. 7º, inciso
IV, da Lei n.º 7.492/1986 escudada em farta remissão ao arcabouço fático-probatório dos autos, que
aponta para um especial abalo à credibilidade do sistema financeiro nacional , a desclassificação dessa
imputação para a de prática do crime previsto no art. 27-E da Lei n.º 6.385/76 esbarra, inevitavelmente,
no óbice da Súmula 07/STJ."

1.
2/10
1. 11. Foi fundamento da decisão que negou provimento ao Recurso Especial o fato
de que a sentença, bem assim o acórdão que a confirmou, consideraram que o volume das
operações caracterizaria lesão ao sistema financeiro nacional e que este fato específico, conduziria à
subsunção à norma da Lei de Crimes contra o Sistema Nacional.

1. 12. Quanto ao ponto, portanto, não há mais recurso pendente.

1. 13. Sendo assim, não restou à defesa outro caminho senão servir-se do presente
expediente, de jurisdição voluntária, para realizar a prova testemunhal que servirá a futura Revisão
Criminal, de molde a comprovar que a negociação das ações, da forma como realizada, não
importava em lesão ao sistema financeiro nacional , pois, sendo o particular a negociar
diretamente na Bolsa, ou sendo a empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do
volume das transações, resultariam em um mesmo preço .

1. 14. Neste caso, apenas ocorreria em lesão, se existente, ao cliente (consumidor)


da empresa, que, para obter liquidez e rapidez no recebimento do valor, concordava em repassá-la
imediatamente por preço menor do que alcançaria caso aguardasse o tempo necessário - e o próprio
risco do mercado de ações - para negociá-las ele próprio.

1. 15. Esta prova será obtida mediante a oitiva do ex-Presidente da Bolsa de


Valores Regional, o economista RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA SAMPAIO, que poderá
esclarecer que havia uma vulgarização da oferta de compra das ações da Telebrás no mercado
informal, e que, até mesmo para os técnicos da CVM, havia controvérsias a respeito da ilicitude da
prática da garimpagem.

1. 16. Tal prova é indispensável para demonstrar que os Requerentes agiram em um


contexto no qual supunham a licitude da conduta, e, ainda, que não vislumbravam qualquer lesão
aos clientes atendidos, e, muito menos, ao sistema financeiro nacional, demonstrando, portanto, o
erro de proibição presente no caso.

1. 17. A mesma testemunha poderá, além disso, explicar a forma como se opera na
Bolsa de Valores e as razões pelas quais a prática da garimpagem não ofende, nem em tese, o bem
jurídico tutelado pelo tipo penal no qual restaram incursos os Requerentes, qual seja, o sistema
financeiro nacional.

1. 18. A testemunha FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS, operador de Bolsa,


além de confirmar os mesmos fatos acima especificados, será indispensável, ainda, para demonstrar
que não havia participação do Requerente JERÔNIMO nas decisões da empresa RENDA,
demonstrando a sua condição subalterna, além da sua formação limitada ao segundo grau.

1. 19. Em conjunto com a carteira de trabalho assinada, a afirmar o vínculo

3/10
1.
celetista, a defesa pretenderá provar, na Revisão Criminal, que o Requerente JERÔNIMO não
figurava como gerente da empresa, fator este que foi considerado tanto para determinar a sua
condenação, quanto para aumentar a sua pena base no momento da dosimetria e principalmente
para aplicar a pena de multa muito acima do patamar mínimo.

1. 20. Na mesma toada, pretende ouvir a testemunha ANA MARIA HOLANDA


BARRETO, analista administrativa, que poderá provar que não havia o encaminhamento de cliente
da empresa PAX para a empresa RENDA, mas apenas o inverso, o que altera fundamento usado
pela sentença, segundo o qual o indivíduo era desestimulado a tentar vender sozinho as suas ações
quando procurava diretamente a PAX.

1. 21. Requer, ainda, a oitiva de JOSUÉ UBIRANILSON ALVES, empresário da


rede de farmácias PAGUE MENOS que poderá descrever a situação absolutamente distinta do
Requerente GERALDO GADELHA, atestando que este jamais trabalhou para a empresa RENDA,
colaborando apenas com a empresa PAX, que nenhum ilícito cometia.

1. 22. Provará, ainda, que, em concomitância com seu trabalho na PAX trabalhava
ainda na rede de farmácias PAGUE MENOS como advogado, participando de todas as reuniões de
Diretoria e empregando a maior porcentagem de seu tempo na rede de farmácias, não na PAX.

1. 23. Tal fato será de fundamental importância na futura Revisão Criminal, pois o
Requerente GERALDO GADELHA trabalhou com carteira assinada na empresa PAX, única e
exclusivamente na área meio, não realizando operações, até mesmo porque não tinha formação
qualquer na área de mercado de capitais, e, ainda, não tinha dedicação de tempo suficiente na
empresa para cometer os ilícitos que lhe foram imputados.

1. 24. A mesma testemunha poderá demonstrar que a procuração conferida ao


Acusado GERALDO GADELHA teve validade por interregno muito curto, e foi realizada em
termos gerais, justamente em função de sua profissão de advogado, sendo que não atuou na
RENDA em qualquer negociação, muito menos naquelas reputadas ilícitas pela sentença.

1. 25. O mesmo poderá ser confirmado pela testemunha MÁRIO HENRIQUE


ALVES DE QUEIRÓS, administrador.

1. 26. Tais depoimentos constituem, portanto, novidade , que se apresentará com o


futuro pedido de Revisão Criminal.

1. 27. Como já se disse, além destes depoimentos serem inéditos , não poderiam
ter sido produzidos na ação originária, no qual se imputava a prática de crime diverso.

4/10
1. 28. Deste modo, está demonstrado, efetivamente, que os depoimentos
pretendidos podem efetivamente contribuir para um novo desfecho da ação penal em questão, não
pretendendo os Autores servirem-se de mera ocasião para a tomada de depoimentos de testemunhas
não arroladas pela defesa no curso da ação penal.

1. 29. Aliás, mesmo se assim fosse, estar-se-ia diante de caso em que, não tendo
sido arrolada absolutamente nenhuma testemunha de defesa, e não tendo se feito presente a defesa
constituída às audiências em que foi ouvida a maior parte das testemunhas de acusação, para que
fossem feitas reperguntas, teria ocorrido uma verdadeira renúncia ao direito de defesa, mesmo
sendo este irrenunciável e garantia inafastável, o que geraria, por si só, nulidade, hipótese que
também é passível de ser analisada em sede de revisão criminal.

1. 30. De mais a mais, apenas após a efetivação da oitiva das testemunhas arroladas
é que caberá ao órgão competente para apreciar a ação de revisão criminal verificar se a prova
produzida mostrou-se, de fato, inédita, ou se se revelou mera repetição.

1. 31. Esta análise, obviamente, somente poderá ser feita quando da análise dos
requisitos processuais da ação principal em si, quando já posta com todos os seus fundamentos.

1. 32. Em se tratando de instrumento cautelar, basta que, em tese, o pedido e a


causa de pedir trazidos pelos Autores se amolde aos requisitos processuais da ação principal, sob
pena de impedir-se, pura e simplesmente, de plano e categoricamente, que os réus tenham a chance
de se utilizar do único instrumento processual possível para afastar casos de injustiça ou erro
judiciário, o que não se coaduna nem com o sistema democrático, nem com a legitimidade da
própria pena.

1. 33. Não é demais lembrar que a ação de justificação judicial é independente e


autônoma, de jurisdição voluntária .

1. 34. Ao contrário do que considerou o Ministério Público em sua manifestação,


ainda que a ação de justificação tenha sido enquadrada como ação cautelar pelo novo Código de
Processo Civil, o fato é que a sua natureza permanece voluntária. Isto porque não se estabelece uma
lide, já que o Ministério Público nela atua apenas e tão somente na condição de fiscal da lei, pois
não tem nem uma tese a provar, nem ônus probatório de qualquer espécie, já que sua tese acusatória
já está estabelecida e definida.

1. 35. Ao Autor caberá fazer a avaliação, a depender do conteúdo que ali restar
produzido, se de fato usará o material probatório, seja para guardar como documento, seja para, no
futuro, embasar ação própria, como é sua intenção.

1.
5/10
1. 36. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ao comentar o antigo artigo 861 do
Código de Processo Civil, cuja redação foi reproduzida no novel artigo 381, ensina que a
justificação tem o fim de documentar fatos, podendo servir a dois objetivos diversos: simplesmente
de documento para o proponente, sem caráter contencioso, exaurindo em si mesma sua finalidade
[2]
processual, e servir de prova em processo regular .

[3]
1. 37. Com entendimento idêntico, pode-se citar ARI FERREIRA DE QUEIROZ
.

1. 38. O Superior Tribunal de Justiça, por decisão de sua Quinta Turma, já fixou o
entendimento de que a conveniência da produção da prova cabe exclusivamente ao interessado,
sendo até mesmo dispensável declinar, em sede de ação de justificação criminal, a sua novidade ou
necessidade para fins de revisão criminal. Neste sentido:

"HOMICÍDIO QUALIFICADO, JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. INDEFERIMENTO. VIOLAÇÃO A


LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO DO ACUSADO. JUIZO ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA
PARA FINS DE REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE, DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DA
NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA DA PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.

1. 1. Embora o indeferimento de justificação judicial não viole, imediatamente, a liberdade de


locomoção do acusado, o certo é que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir
a revisão criminal; ameaçando o seu direito ambulatorial, ainda que de modo reflexo, já que está
sendo impedido de questionar a condenação que reputa ser injusta ou nula. Precedente.
2. 2. No procedimento de justificação judicial não se exige que a defesa explicite a novidade, a
importância ou a finalidade da prova que pretende produzir, exame que será realizado quando da
sua utilização em eventual ação revisional a ser ajuizada. Precedentes.
3. 3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para determinar o processamento
da cautelar de justificação ajuizada pela defesa. (HC 324634, Rel. Min LEOPOLDO DE ARRUDA
RAPOSO, DJ de 04/11/2015)."
4. 39. Considerando a impossibilidade de dilação probatória no curso do
procedimento da revisão criminal, é de rigor a utilização desta ação.

II - DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO PARA O CONHECIMENTO DA


AÇAO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL E DA SUA

NECESSIDADE CAUTELAR JUSTAMENTE EM RAZÃO DA PREMENTE

PRISÃO DOS REQUERENTES

1. 40. Está-se utilizando da via da ação de justificação criminal neste momento em


que já existe condenação com trânsito em julgado para o Ministério Público e o acórdão que

6/10
1.

julgou o segundo recurso de embargos de declaração no agravo regimental no recurso


especial oposto pela defesa já foi publicado .

1. 41. A irreversibilidade da condenação , portanto, já se mostra iminente sendo


certa a necessidade da revisão criminal para que haja a pretendida rescisão do édito condenatório.

1. 42. Não há qualquer óbice, portanto, ao conhecimento da presente ação de


justificação criminal, que, como é sabido, possui natureza cautelar e não se submete aos mesmos
requisitos exigidos para a ação principal que visa acautelar.

1. 43. Ademais, é premente o risco de prisão dos Requerentes, que se avizinha


perigosamente, lembrando que a condenação foi pesada e o regime de cumprimento de pena fixado
foi o semiaberto para JERÔNIMO, GERALDO e IELTON, e fechado para FRANCISCO
DEUSMAR.

1. 44. É o que a doutrina, de modo muito lúcido, ensina, valendo citar artigo de
[4]
autoria de ALEXANDRE CLAUDINO SIMAS SANTOS , por sua pontual exposição:

"No entanto, a controvérsia surge quando a Justificação Criminal é proposta em momento anterior ao
trânsito em julgado da sentença que se pretende ver rescindida, caso em que pode vir a ser questionado o
cabimento da cautelar, porquanto a Revisão Criminal somente é admitida em face de sentença transitada
em julgado (§ 1º do art. 625 do Código de Processo Penal).

É importante ressaltar que a legislação vigente não estabelece exigências específicas para o ajuizamento
de Justificação Criminal, não havendo que se falar em óbice legal à sua propositora anterior ao trânsito
em julgado. Em que pese esteja ela relacionada à Revisão Criminal (que inegavelmente só é cabível após
o trânsito em julgado da sentença condenatória), não se pode perder de vista a natureza cautelar de
Ação de Justificação, cuja urgência é intrínseca. Também não é demais lembrar que a prova produzida
em seu âmbito pode conduzir à reparação de um erro judicial dos mais graves, qual seja, a injusta
condenação criminal.

Dessa forma, entende-se que o indeferimento da Justificação Criminal, ainda em casos em que a
condenação não tenha passado em julgado, pode vir a malferir os princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, mormente nos casos em que o autor foi sentenciado a cumprimento de
pena em regime semiaberto ou fechado. Nesta hipótese, o óbice à obtenção da prova obtida por meio da
cautelar pode resultar na prisão do acusado, tendo em vista que, uma vez transitada em julgado a
sentença condenatória, proceder-se-ia à expedição de mandado de prisão para cumprimento da pena,
desfecho possível de ser evitado com o sucesso da futura Revisão Criminal.

(...)

Conclui-se, pois, que não há base legal para que seja indeferida a Ação de Justificação Criminal sob
argumento de que não houve transito em julgado da sentença a ser impugnada, e que a questão deve ser
solucionada em favor das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art. 5º LV, da
Constituição da República)."

1.
7/10
1. 45. Neste sentido, a ausência de trânsito em julgado, que se avizinha, aliás, não
constitui qualquer óbice à ação de justificação criminal, que é autônoma, e possui natureza cautelar
de produção antecipada de prova.

III - DA ABSOLUTA FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL PARA A OITIVA DE


TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO EM SEDE DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

1. 46. Além de tudo quanto foi exposto, resta impugnar, por dever de ofício, o
inusitado pedido do Ministério Público de oitiva de testemunhas de acusação, em sede de ação de
justificação criminal (!)

1. 47. Na primeira leitura, julgou-se que o Ministério Público afirmava ter direito a
"arrolar testemunhas" em caráter meramente dialético.

1. 48. Qual não foi a surpresa dos Autores quando, ao final, o Ministério Público,
de fato, requereu a oitiva de uma testemunha por ele arrolada!

1. 49. Ora, como decorrência de tudo quanto foi exposto até o momento, fica claro
que falta completamente ao Ministério Público o interesse processual em arrolar testemunhas em
sede de justificação processual.

1. 50. Não há, da parte acusatória, nada a ser provado, pois o título condenatório já
está posto.

1. 51. O Ministério Público sequer sabe o que as testemunhas, de fato, falarão, e se


a Revisão Criminal efetivamente colocará em risco a condenação...

1. 52. Tal fato apenas mostra como o Parquet confunde sua atuação, deixando de
atuar como fiscal da lei para perseguir a qualquer custo o encarceramento das pessoas.

1. 53. Mostra, ainda, que antevê a fragilidade da própria prova produzida na ação
penal, pois julga necessário ouvir outras testemunhas adicionais, além daquelas que já foram
ouvidas!

1. 54. Ora, como é notório e sabido, o papel do Ministério Público em ação de


justificação criminal é restrito ao contraditório em audiência, limitado única e exclusivamente em
formular reperguntas se julgar necessário.

8/10
1. 55. Como ele próprio reconhece, a revisão criminal jamais poderá acarretar
reformatio in pejus , sendo remédio exclusivo da defesa.

1. 56. Mais do que isso, o nome da testemunha por ele arrolada, esta sim, não
apresenta qualquer ineditismo, pois seu nome consta dos autos da ação penal desde sempre, sendo
JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA justamente o deflagrador da reclamação perante a CVM.

1. 57. Aliás, o nome dele consta da própria denúncia, e, ainda, foi mencionado por
seis vezes na sentença condenatória!

1. 58. Mais ainda, o depoimento deste cidadão foi expressamente considerado para
a condenação dos Autores, ainda que não tenha sido ouvido em juízo, sob o crivo do contraditório,
pois à defesa não foi dado confrontar as suas palavras.

1. 59. Esta sim, foi uma violação ao contraditório, corolário da ampla defesa...

1. 60. Ou seja, além de inusitado e obtuso, o pedido formulado é notoriamente


improcedente, pois lhe falta a mínima viabilidade jurídica, sob qualquer ângulo que se visualize a
questão.

IV - DOS PEDIDOS

1. 61. Assim, sendo, requer seja deferida a oitiva das testemunhas arroladas na
inicial, intimando-as nos endereços ali expressos, todas elas residentes nesta Seção Judiciária.

1. 62. Em contrapartida, requer seja exemplarmente indeferido o pedido de oitiva


de testemunha ministerial, por ser manifestamente incabível neste procedimento.

P. deferimento.

Fortaleza, 23 de julho de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Thaís Aroca Datcho Lacava

9/10
OAB-DF 21.932 OAB-SP 234.563

[1] Art. 27-E. Exercer, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, a atividade de
administrador de carteira, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores
mobiliários, agente fiduciário ou qualquer outro cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para
esse fim, autorizado ou registrado na autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou
regulamento.

[2] THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo Cautelar, 18. Ed. Ver e atual. São Paulo: Livraria e
Editora Universitária de Direito, 1999, p. 323

[3] QUEIROZ, Ari Ferreira de. Direito processual civil: processo de execução e do processo cautelar. 3.
Ed. Ver., ampl. e atual até junho de 1997. Goiânia: Editora Jurídica. 1997. P. 315

[4] Disponível em:


<http://emporiododireito.com.br/leitura/sobre-o-ajuizamento-de-justificacao-criminal-antes-do-transi
to-em-julgado-analise-acerca-do-cabimento>. Acesso em: 21 fev. 2017.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18072715090922800000003996012
Data e hora da assinatura: 27/07/2018 15:13:08
Identificador: 4058100.3990410
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
CEARÁ

Autos nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA


FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, já
qualificados, vêm, por seus advogados ao final assinados, em atendimento ao
despacho de fls., expor e requerer o que segue:

1. Os Autores foram denunciados e condenados inicialmente pela


suposta prática dos crimes descritos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C
da Lei nº 6.385/76, sendo a conduta imputada, a de “garimpagem” de ações.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos


da sentença, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso para absolver
os Requerentes em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76,
restando a condenação pela suposta prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei
7.492/86, às penas de 9 anos e 2 meses de reclusão, para FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 5 anos de reclusão para os demais.

3. Certos da atipicidade da conduta imputada, a instrução foi


realizada sem que fosse produzida qualquer prova defensiva, já que não foram
arroladas quaisquer testemunhas ou mesmo sem que tenha ocorrido sequer o
interrogatório dos Acusados, que optaram por permanecer em silêncio.

1/12
4. Toda a defesa orbitou em torno de procurar demonstrar que a ação
realizada não configurava o tipo descrito na denúncia, mas aquele constante do
artigo 27-E da Lei 6.385/761, pois a denúncia imputou aos Requerentes a conduta
de garimpar ações, isto é, de, por sua empresa “desenvolver atividade diversa da
que tinha por objeto, praticando mediação ou corretagem de ações fora da bolsa
de valores, sem contar com a devida autorização da CVM para tanto”.

5. No tocante a este crime, a defesa reputava que a prova


documental, bem como o processo administrativo sancionador da CVM, eram mais
do que suficientes para fazer a prova necessária.

6. Entretanto, sem que houvesse sido efetuada a mutatio libelli, com


aditamento da denúncia, e oportunização de arrolamento de novas testemunhas, a
sentença aplicou aos Autores a pena do crime descrito no artigo 7º, IV, da Lei
7.492/86.

7. O fundamento central utilizado para considerar a incidência da Lei


7.492/86 foi que, no caso, o volume de operações teria sido muito grande, apto
a causar lesão ao bem jurídico tutelado pela referida lei, ou seja, o sistema
financeiro nacional.

8. Confira-se o seguinte trecho da sentença:

“43. Ademais, cabe lembrar que, no caso dos autos, somente no


ano de 2001, foram realizadas cerca de 4000 (quatro mil)
transferências de ações a crédito da RENDA, a grande maioria
delas oriundas de contas cujos titulares eram pessoas físicas. Além
disso, conforme destacado no item 16 do citado Termo de
Acusação n2 CVM SP-2008-40: "Houve também cerca da 350
(trezentas e cinquenta) transferências a débito da RENDA e a
crédito da PAX, isto é, aquelas correspondentes às vendas em
bolsa. Como é típico da "garimpagem", a RENDA era sempre (e
somente) vendedora de ações nos mercados organizados: todas

1Art. 27-E. Exercer, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, a atividade de
administrador de carteira, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de
valores mobiliários, agente fiduciário ou qualquer outro cargo, profissão, atividade ou função, sem
estar, para esse fim, autorizado ou registrado na autoridade administrativa competente, quando
exigido por lei ou regulamento.

2/12
as 187 (cento e oitenta e sete) notas de corretagem da RENDA do
ano 2000 a meados de 2006, sumarizadas nas planilhas das fis. ..,
apresentam saldo credor. Nesse período, houve uma única compra
de ações em bolsa, em que a RENDA adquiriu ações de
companhias telefônicas no valor de R$4 mil (fi..). Por sua vez, as
vendas em mercados organizados superaram a cifra de R$ 4,3
milhões."(grifamos), donde se infere que a intensa atividade de
mediação/corretagem de valores mobiliários atingiu não só o
mercado de capitais como também abalou a própria credibilidade
do sistema financeiro, não havendo, pois, que falar em atipicidade
tampouco em incidência do tipo penal previsto no art. 27-E da Lei
nç? 6.385/769, afastando-se, ainda, por via de conseqüência, a
ocorrência do evento prescricional possivelmente decorrente em
caso de aplicação deste último dispositivo legal.”

9. Assim, apenas após a condenação por crime absolutamente


diverso ao descrito, em que se considerou que houve lesão ao bem jurídico
“sistema financeiro nacional” única e exclusivamente pelo suposto “volume” de
transações é que surgiu para a defesa a oportunidade de arrolar testemunhas
relevantes para a defesa, porém tarde demais.

10. A matéria da inadequação típica foi aventada perante as instâncias


superiores, porém, o Superior Tribunal de Justiça negou-se a fazer a análise da
matéria por considerar que seria necessário dilação probatória ou revolvimento de
provas, o que é obstado por força da Súmula nº 7 daquela Corte. Confira-se:

“estando a opção pelo enquadramento do delito praticado pela


recorrente na previsão do art. 7º, inciso IV, da Lei n.º 7.492/1986
escudada em farta remissão ao arcabouço fático-probatório dos
autos, que aponta para um especial abalo à credibilidade do
sistema financeiro nacional, a desclassificação dessa imputação
para a de prática do crime previsto no art. 27-E da Lei n.º 6.385/76
esbarra, inevitavelmente, no óbice da Súmula 07/STJ.”

11. Foi fundamento da decisão que negou provimento ao Recurso


Especial o fato de que a sentença, bem assim o acórdão que a confirmou,
consideraram que o volume das operações caracterizaria lesão ao sistema
financeiro nacional e que este fato específico, conduziria à subsunção à norma da
Lei de Crimes contra o Sistema Nacional.

12. Quanto ao ponto, portanto, não há mais recurso pendente.

3/12
13. Sendo assim, não restou à defesa outro caminho senão servir-se
do presente expediente, de jurisdição voluntária, para realizar a prova testemunhal
que servirá a futura Revisão Criminal, de molde a comprovar que a negociação das
ações, da forma como realizada, não importava em lesão ao sistema financeiro
nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo a
empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das
transações, resultariam em um mesmo preço.

14. Neste caso, apenas ocorreria em lesão, se existente, ao cliente


(consumidor) da empresa, que, para obter liquidez e rapidez no recebimento do
valor, concordava em repassá-la imediatamente por preço menor do que alcançaria
caso aguardasse o tempo necessário – e o próprio risco do mercado de ações –
para negociá-las ele próprio.

15. Esta prova será obtida mediante a oitiva do ex-Presidente da Bolsa


de Valores Regional, o economista RAIMUNDO FRANCISCO PADILHA SAMPAIO,
que poderá esclarecer que havia uma vulgarização da oferta de compra das ações
da Telebrás no mercado informal, e que, até mesmo para os técnicos da CVM,
havia controvérsias a respeito da ilicitude da prática da garimpagem.

16. Tal prova é indispensável para demonstrar que os Requerentes


agiram em um contexto no qual supunham a licitude da conduta, e, ainda, que não
vislumbravam qualquer lesão aos clientes atendidos, e, muito menos, ao sistema
financeiro nacional, demonstrando, portanto, o erro de proibição presente no caso.

17. A mesma testemunha poderá, além disso, explicar a forma como


se opera na Bolsa de Valores e as razões pelas quais a prática da garimpagem não
ofende, nem em tese, o bem jurídico tutelado pelo tipo penal no qual restaram
incursos os Requerentes, qual seja, o sistema financeiro nacional.

18. A testemunha FRANCISCO DIMAS DOS SANTOS, operador de


Bolsa, além de confirmar os mesmos fatos acima especificados, será
indispensável, ainda, para demonstrar que não havia participação do Requerente
JERÔNIMO nas decisões da empresa RENDA, demonstrando a sua condição
subalterna, além da sua formação limitada ao segundo grau.

4/12
19. Em conjunto com a carteira de trabalho assinada, a afirmar o
vínculo celetista, a defesa pretenderá provar, na Revisão Criminal, que o
Requerente JERÔNIMO não figurava como gerente da empresa, fator este que foi
considerado tanto para determinar a sua condenação, quanto para aumentar a sua
pena base no momento da dosimetria e principalmente para aplicar a pena de multa
muito acima do patamar mínimo.

20. Na mesma toada, pretende ouvir a testemunha ANA MARIA


HOLANDA BARRETO, analista administrativa, que poderá provar que não havia o
encaminhamento de cliente da empresa PAX para a empresa RENDA, mas apenas
o inverso, o que altera fundamento usado pela sentença, segundo o qual o indivíduo
era desestimulado a tentar vender sozinho as suas ações quando procurava
diretamente a PAX.

21. Requer, ainda, a oitiva de JOSUÉ UBIRANILSON ALVES,


empresário da rede de farmácias PAGUE MENOS que poderá descrever a situação
absolutamente distinta do Requerente GERALDO GADELHA, atestando que este
jamais trabalhou para a empresa RENDA, colaborando apenas com a empresa
PAX, que nenhum ilícito cometia.

22. Provará, ainda, que, em concomitância com seu trabalho na PAX


trabalhava ainda na rede de farmácias PAGUE MENOS como advogado,
participando de todas as reuniões de Diretoria e empregando a maior porcentagem
de seu tempo na rede de farmácias, não na PAX.

23. Tal fato será de fundamental importância na futura Revisão


Criminal, pois o Requerente GERALDO GADELHA trabalhou com carteira assinada
na empresa PAX, única e exclusivamente na área meio, não realizando operações,
até mesmo porque não tinha formação qualquer na área de mercado de capitais,
e, ainda, não tinha dedicação de tempo suficiente na empresa para cometer os
ilícitos que lhe foram imputados.

24. A mesma testemunha poderá demonstrar que a procuração


conferida ao Acusado GERALDO GADELHA teve validade por interregno muito

5/12
curto, e foi realizada em termos gerais, justamente em função de sua profissão de
advogado, sendo que não atuou na RENDA em qualquer negociação, muito menos
naquelas reputadas ilícitas pela sentença.

25. O mesmo poderá ser confirmado pela testemunha MÁRIO


HENRIQUE ALVES DE QUEIRÓS, administrador.

26. Tais depoimentos constituem, portanto, novidade, que se


apresentará com o futuro pedido de Revisão Criminal.

27. Como já se disse, além destes depoimentos serem inéditos, não


poderiam ter sido produzidos na ação originária, no qual se imputava a prática de
crime diverso.

28. Deste modo, está demonstrado, efetivamente, que os depoimentos


pretendidos podem efetivamente contribuir para um novo desfecho da ação penal
em questão, não pretendendo os Autores servirem-se de mera ocasião para a
tomada de depoimentos de testemunhas não arroladas pela defesa no curso da
ação penal.

29. Aliás, mesmo se assim fosse, estar-se-ia diante de caso em que,


não tendo sido arrolada absolutamente nenhuma testemunha de defesa, e não
tendo se feito presente a defesa constituída às audiências em que foi ouvida a
maior parte das testemunhas de acusação, para que fossem feitas reperguntas,
teria ocorrido uma verdadeira renúncia ao direito de defesa, mesmo sendo este
irrenunciável e garantia inafastável, o que geraria, por si só, nulidade, hipótese que
também é passível de ser analisada em sede de revisão criminal.

30. De mais a mais, apenas após a efetivação da oitiva das


testemunhas arroladas é que caberá ao órgão competente para apreciar a ação de
revisão criminal verificar se a prova produzida mostrou-se, de fato, inédita, ou se
se revelou mera repetição.

31. Esta análise, obviamente, somente poderá ser feita quando da


análise dos requisitos processuais da ação principal em si, quando já posta com
todos os seus fundamentos.

6/12
32. Em se tratando de instrumento cautelar, basta que, em tese, o
pedido e a causa de pedir trazidos pelos Autores se amolde aos requisitos
processuais da ação principal, sob pena de impedir-se, pura e simplesmente, de
plano e categoricamente, que os réus tenham a chance de se utilizar do único
instrumento processual possível para afastar casos de injustiça ou erro judiciário, o
que não se coaduna nem com o sistema democrático, nem com a legitimidade da
própria pena.

33. Não é demais lembrar que a ação de justificação judicial é


independente e autônoma, de jurisdição voluntária.

34. Ao contrário do que considerou o Ministério Público em sua


manifestação, ainda que a ação de justificação tenha sido enquadrada como ação
cautelar pelo novo Código de Processo Civil, o fato é que a sua natureza
permanece voluntária. Isto porque não se estabelece uma lide, já que o Ministério
Público nela atua apenas e tão somente na condição de fiscal da lei, pois não tem
nem uma tese a provar, nem ônus probatório de qualquer espécie, já que sua tese
acusatória já está estabelecida e definida.

35. Ao Autor caberá fazer a avaliação, a depender do conteúdo que ali


restar produzido, se de fato usará o material probatório, seja para guardar como
documento, seja para, no futuro, embasar ação própria, como é sua intenção.

36. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ao comentar o antigo artigo


861 do Código de Processo Civil, cuja redação foi reproduzida no novel artigo 381,
ensina que a justificação tem o fim de documentar fatos, podendo servir a dois
objetivos diversos: simplesmente de documento para o proponente, sem caráter
contencioso, exaurindo em si mesma sua finalidade processual, e servir de prova
em processo regular2.

2THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo Cautelar, 18. Ed. Ver e atual. São Paulo: Livraria e
Editora Universitária de Direito, 1999, p. 323

7/12
37. Com entendimento idêntico, pode-se citar ARI FERREIRA DE
QUEIROZ3.

38. O Superior Tribunal de Justiça, por decisão de sua Quinta Turma,


já fixou o entendimento de que a conveniência da produção da prova cabe
exclusivamente ao interessado, sendo até mesmo dispensável declinar, em sede
de ação de justificação criminal, a sua novidade ou necessidade para fins de
revisão criminal. Neste sentido:

“HOMICÍDIO QUALIFICADO, JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL.


INDEFERIMENTO. VIOLAÇÃO A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
DO ACUSADO. JUIZO ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA
PARA FINS DE REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE,
DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DA NOVIDADE,
FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA DA PROVA QUE SE
PRETENDE PRODUZIR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CARACTERIZADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1. Embora o indeferimento de justificação judicial não viole,
imediatamente, a liberdade de locomoção do acusado, o certo é
que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir a
revisão criminal; ameaçando o seu direito ambulatorial, ainda que
de modo reflexo, já que está sendo impedido de questionar a
condenação que reputa ser injusta ou nula. Precedente.
2. No procedimento de justificação judicial não se exige que a
defesa explicite a novidade, a importância ou a finalidade da prova
que pretende produzir, exame que será realizado quando da sua
utilização em eventual ação revisional a ser ajuizada. Precedentes.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para
determinar o processamento da cautelar de justificação ajuizada
pela defesa. (HC 324634, Rel. Min LEOPOLDO DE ARRUDA
RAPOSO, DJ de 04/11/2015).”

39. Considerando a impossibilidade de dilação probatória no curso do


procedimento da revisão criminal, é de rigor a utilização desta ação.

3QUEIROZ, Ari Ferreira de. Direito processual civil: processo de execução e do processo cautelar.
3. Ed. Ver., ampl. e atual até junho de 1997. Goiânia: Editora Jurídica. 1997. P. 315

8/12
II - DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO PARA O
CONHECIMENTO DA AÇAO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL E DA SUA
NECESSIDADE CAUTELAR JUSTAMENTE EM RAZÃO DA PREMENTE
PRISÃO DOS REQUERENTES

40. Está-se utilizando da via da ação de justificação criminal neste


momento em que já existe condenação com trânsito em julgado para o
Ministério Público e o acórdão que julgou o segundo recurso de embargos de
declaração no agravo regimental no recurso especial oposto pela defesa já
foi publicado.

41. A irreversibilidade da condenação, portanto, já se mostra


iminente sendo certa a necessidade da revisão criminal para que haja a pretendida
rescisão do édito condenatório.

42. Não há qualquer óbice, portanto, ao conhecimento da presente


ação de justificação criminal, que, como é sabido, possui natureza cautelar e não
se submete aos mesmos requisitos exigidos para a ação principal que visa
acautelar.

43. Ademais, é premente o risco de prisão dos Requerentes, que se


avizinha perigosamente, lembrando que a condenação foi pesada e o regime de
cumprimento de pena fixado foi o semiaberto para JERÔNIMO, GERALDO e
IELTON, e fechado para FRANCISCO DEUSMAR.

44. É o que a doutrina, de modo muito lúcido, ensina, valendo citar


artigo de autoria de ALEXANDRE CLAUDINO SIMAS SANTOS4, por sua pontual
exposição:

“No entanto, a controvérsia surge quando a Justificação Criminal é


proposta em momento anterior ao trânsito em julgado da sentença
que se pretende ver rescindida, caso em que pode vir a ser
questionado o cabimento da cautelar, porquanto a Revisão

4 Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/leitura/sobre-o-ajuizamento-de-justificacao-


criminal-antes-do-transito-em-julgado-analise-acerca-do-cabimento>. Acesso em: 21 fev. 2017.

9/12
Criminal somente é admitida em face de sentença transitada em
julgado (§ 1º do art. 625 do Código de Processo Penal).
É importante ressaltar que a legislação vigente não estabelece
exigências específicas para o ajuizamento de Justificação Criminal,
não havendo que se falar em óbice legal à sua propositora anterior
ao trânsito em julgado. Em que pese esteja ela relacionada à
Revisão Criminal (que inegavelmente só é cabível após o trânsito
em julgado da sentença condenatória), não se pode perder de vista
a natureza cautelar de Ação de Justificação, cuja urgência é
intrínseca. Também não é demais lembrar que a prova produzida
em seu âmbito pode conduzir à reparação de um erro judicial dos
mais graves, qual seja, a injusta condenação criminal.
Dessa forma, entende-se que o indeferimento da Justificação
Criminal, ainda em casos em que a condenação não tenha passado
em julgado, pode vir a malferir os princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, mormente nos casos em que o
autor foi sentenciado a cumprimento de pena em regime
semiaberto ou fechado. Nesta hipótese, o óbice à obtenção da
prova obtida por meio da cautelar pode resultar na prisão do
acusado, tendo em vista que, uma vez transitada em julgado a
sentença condenatória, proceder-se-ia à expedição de mandado
de prisão para cumprimento da pena, desfecho possível de ser
evitado com o sucesso da futura Revisão Criminal.
(...)
Conclui-se, pois, que não há base legal para que seja indeferida a
Ação de Justificação Criminal sob argumento de que não houve
transito em julgado da sentença a ser impugnada, e que a questão
deve ser solucionada em favor das garantias constitucionais da
ampla defesa e do contraditório (art. 5º LV, da Constituição da
República).”

45. Neste sentido, a ausência de trânsito em julgado, que se avizinha,


aliás, não constitui qualquer óbice à ação de justificação criminal, que é autônoma,
e possui natureza cautelar de produção antecipada de prova.

III – DA ABSOLUTA FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL PARA A OITIVA


DE TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO EM SEDE DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

46. Além de tudo quanto foi exposto, resta impugnar, por dever de
ofício, o inusitado pedido do Ministério Público de oitiva de testemunhas de
acusação, em sede de ação de justificação criminal (!)

10/12
47. Na primeira leitura, julgou-se que o Ministério Público afirmava ter
direito a “arrolar testemunhas” em caráter meramente dialético.

48. Qual não foi a surpresa dos Autores quando, ao final, o Ministério
Público, de fato, requereu a oitiva de uma testemunha por ele arrolada!

49. Ora, como decorrência de tudo quanto foi exposto até o momento,
fica claro que falta completamente ao Ministério Público o interesse processual em
arrolar testemunhas em sede de justificação processual.

50. Não há, da parte acusatória, nada a ser provado, pois o título
condenatório já está posto.

51. O Ministério Público sequer sabe o que as testemunhas, de fato,


falarão, e se a Revisão Criminal efetivamente colocará em risco a condenação...

52. Tal fato apenas mostra como o Parquet confunde sua atuação,
deixando de atuar como fiscal da lei para perseguir a qualquer custo o
encarceramento das pessoas.

53. Mostra, ainda, que antevê a fragilidade da própria prova produzida


na ação penal, pois julga necessário ouvir outras testemunhas adicionais, além
daquelas que já foram ouvidas!

54. Ora, como é notório e sabido, o papel do Ministério Público em


ação de justificação criminal é restrito ao contraditório em audiência, limitado única
e exclusivamente em formular reperguntas se julgar necessário.

55. Como ele próprio reconhece, a revisão criminal jamais poderá


acarretar reformatio in pejus, sendo remédio exclusivo da defesa.

56. Mais do que isso, o nome da testemunha por ele arrolada, esta sim,
não apresenta qualquer ineditismo, pois seu nome consta dos autos da ação penal
desde sempre, sendo JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA justamente o
deflagrador da reclamação perante a CVM.

11/12
57. Aliás, o nome dele consta da própria denúncia, e, ainda, foi
mencionado por seis vezes na sentença condenatória!

58. Mais ainda, o depoimento deste cidadão foi expressamente


considerado para a condenação dos Autores, ainda que não tenha sido ouvido em
juízo, sob o crivo do contraditório, pois à defesa não foi dado confrontar as suas
palavras.

59. Esta sim, foi uma violação ao contraditório, corolário da ampla


defesa...

60. Ou seja, além de inusitado e obtuso, o pedido formulado é


notoriamente improcedente, pois lhe falta a mínima viabilidade jurídica, sob
qualquer ângulo que se visualize a questão.

IV – DOS PEDIDOS

61. Assim, sendo, requer seja deferida a oitiva das testemunhas


arroladas na inicial, intimando-as nos endereços ali expressos, todas elas
residentes nesta Seção Judiciária.

62. Em contrapartida, requer seja exemplarmente indeferido o pedido


de oitiva de testemunha ministerial, por ser manifestamente incabível neste
procedimento.

P. deferimento.
Fortaleza, 23 de julho de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Thaís Aroca Datcho Lacava


OAB-DF 21.932 OAB-SP 234.563

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18072715122131700000003996034
Data e hora da assinatura: 27/07/2018 15:13:08
Identificador: 4058100.3990430
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 12/12
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/07/2018 23:59, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Despacho registrado em 18/07/2018 14:24 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071814242340000000003951862 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/07/2018 00:01 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 28/07/2018 00:01:36
Identificador: 4058100.3992182

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/07/2018 23:59, o(a) Sr(a) GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO foi
intimado(a) acerca de Despacho registrado em 18/07/2018 14:24 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071814242423800000003951863 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/07/2018 00:01 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 28/07/2018 00:01:37
Identificador: 4058100.3992183

2/2
PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DECISÃO

I- RELATÓRIO.

1- Pretendem FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , brasileiro, portador da carteira de identidade


RG nº 207.206, expedida pela SSP-CE; GERALDO GADELHA FILHO , brasileiro, advogado, inscrito
no CPF sob o nº 950.021.727-8, expedida pela SSP-CE; IELTON BERRETO DE OLIVEIRA ,
brasileiro, economista, portador da carteira de identidade RG nº 10.781-82, expedida pela SSP-CE, e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA , brasileiro, inscrito no CPF sob o nº 232.814.993-68, neste
procedimento de Justificação Criminal, invocando o art. 381, §5º, do Código de Processo Civil - de
aplicação subsidiária, como autoriza o art. 3º do Código de Processo Penal -, produzir prova
testemunhal " a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da ação penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região "
(identificadores 4058100.3847182 e 4058100.3847196).

2- Arrolam como testemunhas Raimundo Francisco Padilha Sampaio (ex-presidente da Bolsa de Valores
Regional), Francisco Dimas dos Santos (operador de bolsa), Ana Maria Holanda Barreto (analista
administrativa), Josué Ubiranilson Alves (empresário), Mário Henrique Alves de Queirós (administrador)
e Armando Lima Caminha Filho (empresário), asseverando que a colheita dos seus depoimentos
objetiva " comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em lesão ao
sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo a
empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço".

3- Manifestou-se o Ministério Público Federal contrariamente ao pleito dos postulantes, como se vê no


identificador 4058100.3909080, requerendo, ao final de sua cota, que " não seja admitida a pretendida
coleta de prova testemunhal, em razão de não se encaixar no estreito conceito do art. 621, III do CPP, à
míngua de constituírem provas novas, bem como pelo fato de, imediatamente, ser visualizada a sua
imprestabilidade para o fim pretendido na futura ação revisional ". Pede, mais, que, no caso de
deferimento, seja ouvida também a testemunha que arrola.

4- Determinado à parte autora que demonstrasse o seu interesse processual, e em que os pretendidos
depoimentos podem efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100 (identificador 4058100.3934662), veio ela aos autos, no identificador
4058100.3990410, aduzindo, em suma, que:

a) "Certos da atipicidade da conduta imputada, a instrução foi realizada sem que fosse produzida
qualquer prova defensiva, já que não foram arroladas quais testemunhas ou mesmo sem que tenha
ocorrido sequer o interrogatório dos Acusados, que optaram por permanecer em silêncio ";

b) basearam a sua defesa " em torno de procurar demonstrar que a ação realizada não configurava o

1/4
tipo descrito na denúncia, mas aquele constante do artigo 27-E da Lei 6.835/76 ", reputando que a
prova documental seria mais suficiente, ocorrendo que, " sem que houvesse sido efetuada a mutatio
libelli, com aditamento da denúncia, e oportunização de arrolamento de novas testemunhas, a sentença
aplicou aos Autores a pena do crime descrito no artigo 7º, IV, da Lei 7.492/86 ", e somente " após a
condenação por crime absolutamente diverso ao descrito" foi que surgiu a oportunidade de a defesa
arrolar testemunhas relevantes;

c)é incabível a oitiva de testemunha da acusação, faltando-lhe interesse processual, pedindo o


indeferimento do requerimento ministerial nesse sentido.

II- FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO.

5- Na ação penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 os réus se defenderam dos fatos narrados na denúncia


que a iniciou (denúncia nº 276/2010, cópia no identificador 4058100.3847201), sendo a eles
oportunizados e garantidos plenamente o contraditório e a ampla defesa.

6- A tente-se que na mencionada denúncia foi atribuída aos ali acusados o cometimento do crime
descrito no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 , o que evidencia o primeiro equívoco da argumentação ora
analisada, vez não ser a hipótese de mutatio libelli.

7- Cabe observar que, ainda que na primeira instância tenha ocorrido condenação de FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e de JERÔNIMO ALVES BEZERRA nas penas do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 c/c o art.
27-C da Lei nº 6.385 c/c o art. 71 do Código Penal (crime continuado), conforme a sentença
SEN.0011.000172-0/2012 (cuja cópia é vista nos identificadores 4058100.3847208, 4058100.3847210,
4058100.3847253 e 4058100.3847256), na segunda instância foi aquele julgamento parcialmente
reformado, com a condenação dos apontados réus nas penas do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 , em
continuidade delitiva (cf. Apelação Criminal ACR nº 9363-CE, identificadores 4058100.3847264 e
4058100.3847266), ou seja, na mesma figura típica constante da denúncia , tendo sido mantida essa
condenação pelo Superior Tribunal de Justiça , ao negar provimento ao Recurso Especial REsp nº
1.449.193-CE e aos Embargos de Declaração interpostos pela defesa (cf. identificador 4058100.3847268).

8- Tal constatação afasta o argumento dos ora postulantes de que teriam sido condenados, na ação penal
nº 0012628-43.2010.4.05.8100, por crime diverso do constante na denúncia e, obviamente, de que apenas
" após a condenação por crime absolutamente diverso ao descrito" surgiu a oportunidade de arrolar as
testemunhas relevantes para a defesa.

9 - Deve ser registrado claramente que, no processo original, foi dada aos réus a oportunidade de alegar e
provar o que interessasse às suas defesas, não somente na fase do art. 396-A do CPP, mas também durante
toda a instrução daquele processo , preferindo suas Defesas não arrolarem testemunhas e os orientar
a permanecerem em silêncio durante os interrogatórios.

10 - Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita como procedimento preparatório de futura
Revisão Criminal que, se for o caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na primeira, segunda e
terceira instância, apenas se ocorrerem qualquer das hipóteses previstas no art. 621 do CPP . Assim,
a via eleita não é prevista para a correção de opções livremente eleitas pelos réus e seus defensores,
não suportando o papel de retificação de estratégias que eventualmente resultaram imprecisas .

11- Assim, como prevê o art. 621 da lei adjetiva penal, são as seguintes as hipóteses de admissão da
revisão criminal:

"Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos

2/4
comprovadamente falsos;

III- quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de


circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. "

12- Nesse contexto e de acordo com a inicial, tem-se que a produção de prova oral na justificação
criminal somente se admite nos casos de os depoimentos já colhidos serem falsos ou os novos
depoimentos representarem uma novidade não existente, disponível ou acessível à época do processo, não
sendo, qualquer dessas hipóteses, o caso dos autos .

13- Na realidade, os requerentes , como se depreende de sua exposição na peça exordial e na


manifestação no identificador 4058100.3990410, objetivam, de fato , refazer a instrução processual da
ação penal 0012628-43.2010.4.05.8100, uma vez que naquela fase processual, há muito encerrada ,
repise-se, apesar de terem tido todas as oportunidades de alegarem e provarem tudo o que fosse
atinente às suas defesas , nos termos do art. 396-A do CPP e no decorrer da instrução criminal, inclusive
o afirmado objetivo das oitivas requeridas nestes autos, seja na oportunidade da produção de prova oral
(ocasião em que já poderiam ter requerido o depoimento em juízo das mesmas pessoas que somente agora
elencam como testemunhas), seja com a oportuna apresentação de prova documental, quedarem-se
inertes, sendo também essa a opção da Defesa dos réus ao os orientar a permanecerem calados e
não responderem perguntas que lhe são formuladas (cf. identificadores 4058100.3847182 e
4058100.3990410).

14- O ra, como bem ponderado pelo douto órgão ministerial (identificador 4058100.3909080):

"(...) Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas testemunhas, esquecidas
pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com apoio em precedentes da
própria Corte e do STF:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA
CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.

1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se destina à obtenção de
prova nova com a finalidade de subsidiar eventual ajuizamento de revisão criminal, 'não é a Justificação,
para fins de Revisão Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no
processo da condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC 76.664, 1.ª Turma, Rel.
Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998) (RHC 36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 25/10/2013).' (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel. Ministra LARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá
dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.

(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016."

15- Diante do exposto, e não tendo os postulantes logrado demonstrar que o desejado na
presente Justificação está inserido em qualquer das hipóteses de cabimento da medida pleiteada
(mormente depoimentos anteriormente colhidos eivados de falsidade ou a aduzida necessidade da oitiva
das testemunhas não existentes, disponíveis ou acessíveis, o que constituiria novidade), não podendo este
procedimento ser usado para a reabertura da instrução criminal, nem para retificar eventuais
opções ou estratégias da defesa , INDEFIRO a Justificação criminal de que se cuida.

16- Intimem-se.

3/4
17- Expedientes necessários.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18080112495060500000004014220
Data e hora da assinatura: 01/08/2018 14:29:25
Identificador: 4058100.4008596
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 4/4
PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DECISÃO

I- RELATÓRIO.

1- Pretendem FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , brasileiro, portador da carteira de identidade


RG nº 207.206, expedida pela SSP-CE; GERALDO GADELHA FILHO , brasileiro, advogado, inscrito
no CPF sob o nº 950.021.727-8, expedida pela SSP-CE; IELTON BERRETO DE OLIVEIRA ,
brasileiro, economista, portador da carteira de identidade RG nº 10.781-82, expedida pela SSP-CE, e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA , brasileiro, inscrito no CPF sob o nº 232.814.993-68, neste
procedimento de Justificação Criminal, invocando o art. 381, §5º, do Código de Processo Civil - de
aplicação subsidiária, como autoriza o art. 3º do Código de Processo Penal -, produzir prova
testemunhal " a ser utilizada em posterior ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir
condenação criminal, proferida nos autos da ação penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100, e,
posteriormente, confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região "
(identificadores 4058100.3847182 e 4058100.3847196).

2- Arrolam como testemunhas Raimundo Francisco Padilha Sampaio (ex-presidente da Bolsa de Valores
Regional), Francisco Dimas dos Santos (operador de bolsa), Ana Maria Holanda Barreto (analista
administrativa), Josué Ubiranilson Alves (empresário), Mário Henrique Alves de Queirós (administrador)
e Armando Lima Caminha Filho (empresário), asseverando que a colheita dos seus depoimentos
objetiva " comprovar que a ação de negociação pelo sistema realizado não importava em lesão ao
sistema financeiro nacional, pois, sendo o particular a negociar diretamente na Bolsa, ou sendo a
empresa corretora, vendendo-as em lote, independentemente do volume das transações, resultariam em
um mesmo preço".

3- Manifestou-se o Ministério Público Federal contrariamente ao pleito dos postulantes, como se vê no


identificador 4058100.3909080, requerendo, ao final de sua cota, que " não seja admitida a pretendida
coleta de prova testemunhal, em razão de não se encaixar no estreito conceito do art. 621, III do CPP, à
míngua de constituírem provas novas, bem como pelo fato de, imediatamente, ser visualizada a sua
imprestabilidade para o fim pretendido na futura ação revisional ". Pede, mais, que, no caso de
deferimento, seja ouvida também a testemunha que arrola.

4- Determinado à parte autora que demonstrasse o seu interesse processual, e em que os pretendidos
depoimentos podem efetivamente contribuir para eventual novo desfecho da ação penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100 (identificador 4058100.3934662), veio ela aos autos, no identificador
4058100.3990410, aduzindo, em suma, que:

a) "Certos da atipicidade da conduta imputada, a instrução foi realizada sem que fosse produzida
qualquer prova defensiva, já que não foram arroladas quais testemunhas ou mesmo sem que tenha
ocorrido sequer o interrogatório dos Acusados, que optaram por permanecer em silêncio ";

b) basearam a sua defesa " em torno de procurar demonstrar que a ação realizada não configurava o

1/4
tipo descrito na denúncia, mas aquele constante do artigo 27-E da Lei 6.835/76 ", reputando que a
prova documental seria mais suficiente, ocorrendo que, " sem que houvesse sido efetuada a mutatio
libelli, com aditamento da denúncia, e oportunização de arrolamento de novas testemunhas, a sentença
aplicou aos Autores a pena do crime descrito no artigo 7º, IV, da Lei 7.492/86 ", e somente " após a
condenação por crime absolutamente diverso ao descrito" foi que surgiu a oportunidade de a defesa
arrolar testemunhas relevantes;

c)é incabível a oitiva de testemunha da acusação, faltando-lhe interesse processual, pedindo o


indeferimento do requerimento ministerial nesse sentido.

II- FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO.

5- Na ação penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 os réus se defenderam dos fatos narrados na denúncia


que a iniciou (denúncia nº 276/2010, cópia no identificador 4058100.3847201), sendo a eles
oportunizados e garantidos plenamente o contraditório e a ampla defesa.

6- A tente-se que na mencionada denúncia foi atribuída aos ali acusados o cometimento do crime
descrito no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 , o que evidencia o primeiro equívoco da argumentação ora
analisada, vez não ser a hipótese de mutatio libelli.

7- Cabe observar que, ainda que na primeira instância tenha ocorrido condenação de FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e de JERÔNIMO ALVES BEZERRA nas penas do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 c/c o art.
27-C da Lei nº 6.385 c/c o art. 71 do Código Penal (crime continuado), conforme a sentença
SEN.0011.000172-0/2012 (cuja cópia é vista nos identificadores 4058100.3847208, 4058100.3847210,
4058100.3847253 e 4058100.3847256), na segunda instância foi aquele julgamento parcialmente
reformado, com a condenação dos apontados réus nas penas do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 , em
continuidade delitiva (cf. Apelação Criminal ACR nº 9363-CE, identificadores 4058100.3847264 e
4058100.3847266), ou seja, na mesma figura típica constante da denúncia , tendo sido mantida essa
condenação pelo Superior Tribunal de Justiça , ao negar provimento ao Recurso Especial REsp nº
1.449.193-CE e aos Embargos de Declaração interpostos pela defesa (cf. identificador 4058100.3847268).

8- Tal constatação afasta o argumento dos ora postulantes de que teriam sido condenados, na ação penal
nº 0012628-43.2010.4.05.8100, por crime diverso do constante na denúncia e, obviamente, de que apenas
" após a condenação por crime absolutamente diverso ao descrito" surgiu a oportunidade de arrolar as
testemunhas relevantes para a defesa.

9 - Deve ser registrado claramente que, no processo original, foi dada aos réus a oportunidade de alegar e
provar o que interessasse às suas defesas, não somente na fase do art. 396-A do CPP, mas também durante
toda a instrução daquele processo , preferindo suas Defesas não arrolarem testemunhas e os orientar
a permanecerem em silêncio durante os interrogatórios.

10 - Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita como procedimento preparatório de futura
Revisão Criminal que, se for o caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na primeira, segunda e
terceira instância, apenas se ocorrerem qualquer das hipóteses previstas no art. 621 do CPP . Assim,
a via eleita não é prevista para a correção de opções livremente eleitas pelos réus e seus defensores,
não suportando o papel de retificação de estratégias que eventualmente resultaram imprecisas .

11- Assim, como prevê o art. 621 da lei adjetiva penal, são as seguintes as hipóteses de admissão da
revisão criminal:

"Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos

2/4
comprovadamente falsos;

III- quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de


circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. "

12- Nesse contexto e de acordo com a inicial, tem-se que a produção de prova oral na justificação
criminal somente se admite nos casos de os depoimentos já colhidos serem falsos ou os novos
depoimentos representarem uma novidade não existente, disponível ou acessível à época do processo, não
sendo, qualquer dessas hipóteses, o caso dos autos .

13- Na realidade, os requerentes , como se depreende de sua exposição na peça exordial e na


manifestação no identificador 4058100.3990410, objetivam, de fato , refazer a instrução processual da
ação penal 0012628-43.2010.4.05.8100, uma vez que naquela fase processual, há muito encerrada ,
repise-se, apesar de terem tido todas as oportunidades de alegarem e provarem tudo o que fosse
atinente às suas defesas , nos termos do art. 396-A do CPP e no decorrer da instrução criminal, inclusive
o afirmado objetivo das oitivas requeridas nestes autos, seja na oportunidade da produção de prova oral
(ocasião em que já poderiam ter requerido o depoimento em juízo das mesmas pessoas que somente agora
elencam como testemunhas), seja com a oportuna apresentação de prova documental, quedarem-se
inertes, sendo também essa a opção da Defesa dos réus ao os orientar a permanecerem calados e
não responderem perguntas que lhe são formuladas (cf. identificadores 4058100.3847182 e
4058100.3990410).

14- O ra, como bem ponderado pelo douto órgão ministerial (identificador 4058100.3909080):

"(...) Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas testemunhas, esquecidas
pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com apoio em precedentes da
própria Corte e do STF:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO


CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA
CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.

1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se destina à obtenção de
prova nova com a finalidade de subsidiar eventual ajuizamento de revisão criminal, 'não é a Justificação,
para fins de Revisão Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no
processo da condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC 76.664, 1.ª Turma, Rel.
Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998) (RHC 36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 25/10/2013).' (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel. Ministra LARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá
dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.

(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016."

15- Diante do exposto, e não tendo os postulantes logrado demonstrar que o desejado na
presente Justificação está inserido em qualquer das hipóteses de cabimento da medida pleiteada
(mormente depoimentos anteriormente colhidos eivados de falsidade ou a aduzida necessidade da oitiva
das testemunhas não existentes, disponíveis ou acessíveis, o que constituiria novidade), não podendo este
procedimento ser usado para a reabertura da instrução criminal, nem para retificar eventuais
opções ou estratégias da defesa , INDEFIRO a Justificação criminal de que se cuida.

16- Intimem-se.

3/4
17- Expedientes necessários.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARIANNE SAUNDERS GUIMARAES UCHOA - Diretor de Secretaria
18080115510016500000004016246
Data e hora da assinatura: 01/08/2018 15:51:37
Identificador: 4058100.4010620
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA DA REPÚBLICA - CEARÁ/MARACANAÚ
GABINETE DE PROCURADOR DA REPUBLICA
GABINETE DE PROCURADOR DA REPUBLICA

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PR-CE-MANIFESTAÇÃO-14336/2018

MM Juiz,

Ciente o MPF da d. decisão que indeferiu o pedido de justificação criminal, em


consonância com o entendimento deste órgão do Ministério Público Federal.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave E66A46FD.B76F24A6.8D43B635.121690E2


Fortaleza, 2 de agosto de 2018

MARCIO ANDRADE TORRES


PROCURADOR DA REPUBLICA

PROCURADORIA DA Rua João Brígido, Nº 1260 5º Andar Salas 504 E 505, Joaquim
REPÚBLICA - Távora - Cep 60135080 - Fortaleza-CE
CEARÁ/MARACANAÚ Tel. (85)32667300 - Fax: - Email:Prce-sac@mpf.mp.br

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CERTIFICO que, em 10/08/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 01/08/2018 14:29 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

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https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
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CERTIFICO que, em 10/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 01/08/2018 14:29 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

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Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 11/08/2018 00:04:26
Identificador: 4058100.4059772

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LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
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CERTIFICO que, em 10/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
acerca de Decisão registrado em 01/08/2018 14:29 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
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https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18080115510016500000004016246 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 11/08/2018 00:04 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 11/08/2018 00:04:27
Identificador: 4058100.4059773

2/2
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICÁRIA DO
CEARÁ

Justificação Criminal nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , GERALDO GADELHA FILHO e IELTON BARRETO


DE OLIVEIRA , já qualificados nos autos do processo em epígrafe, por seus advogados, comparecem à
presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 382, §4º, do CPC, para interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

em face da decisão terminativa proferida por este Juízo, que indeferiu a Justificação Criminal, requerendo
a juntada das razões que seguem anexas e a remessa dos autos para o Tribunal Regional Federal da 5ª
Região

P. deferimento

Brasília, 17 de agosto de 2018

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

1/14
Caio César Vieira Rocha

OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha

OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho

OAB/CE 8.502

ORIGEM: JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL Nº 0809311-23.2018.4.05.8100

APELANTES:

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

GERALDO GADELHA FILHO

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

RAZÕES DE APELAÇÃO

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1.
2/14
1. 1. Os Recorrentes aviaram Justificação Criminal perante a 11ª Vara Federal do
Ceará no intuito de produzir prova testemunhal para instruir posterior Revisão Criminal contra
sentença condenatória contra eles proferida.

1. 2. Entretanto, aquele Juízo Singular indeferiu referida ação sob o seguinte


fundamento:

" 10 - Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita como procedimento preparatório de
futura Revisão Criminal que, se for o caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na primeira,
segunda e terceira instância, apenas se ocorrerem qualquer das hipóteses previstas no art. 621 do CPP.
Assim, a via eleita não é prevista para a correção de opções livremente eleitas pelos réus e seus
defensores, não suportando o papel de retificação de estratégias que eventualmente resultaram
imprecisas.

(...)

12- Nesse contexto e de acordo com a inicial, tem-se que a produção de prova oral na justificação
criminal somente se admite nos casos de os depoimentos já colhidos serem falsos ou os novos
depoimentos representarem uma novidade não existente, disponível ou acessível à época do processo,
não sendo, qualquer dessas hipóteses, o caso dos autos.

13- Na realidade, os requerentes , como se depreende de sua exposição na peça exordial e na


manifestação no identificador 4058100.3990410, objetivam, de fato, refazer a instrução processual da
ação penal 0012628-43.2010.4.05.8100, uma vez que naquela fazer processual há muito encerrada ,
repise-se, apesar de terem tido todas as oportunidades de alegarem e proverem tudo o que fosse
atinente às suas defesas, nos termos do art. 396-A do CPP e no decorrer da instrução criminal, inclusive
o afirmado objetivo das oitivas requeridas nestes autos, seja na oportunidade da produção de prova oral
(ocasião em que já poderiam ter requerido o depoimento em juízo das mesmas pessoas que somente
agora elencam como testemunhas), seja com a oportuna apresentação de prova documental,
quedaram-se inertes, sendo também essa a opção da Defesa dos réus ao os orientar a permanecerem
calados e não responderem perguntas eu lhe são formuladas (cf. identificadores 4058100.3847182 e
4058100.3990410).

(...)

15- Diante do exposto, e não tendo os postulantes logrado demonstrar que o desejado na presente
Justificação está inserido em qualquer das hipóteses de cabimento da medida pleiteada (mormente
depoimentos anteriormente colhidos eivados de falsidade ou a aduzida necessidade da oitiva das
testemunhas não existente, disponíveis ou acessíveis, o que constituiria novidade), não podendo este
procedimento ser usado para a reabertura da instrução criminal, nem para retificar eventuais opções
ou estratégias da defesa, INDEFIRO a Justificação criminal de que se cuida. (grifos no original)

1. 3. Tal decisão, todavia, merece reforma, como se passará a demonstrar.

3/14
II - PRELIMINARMENTE: DA USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DESTE TRF-5 PELO
JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU PARA ADENTRAR NA ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS
PROCESSUAIS DE REVISÃO CRIMINAL

1. 4. A decisão que indeferiu a Justificação Criminal adentrou largamente no


mérito de futura e ainda inexistente Revisão Criminal, elencando os requisitos desta Ação e, ainda,
questionando a sua motivação.

1. 5. Obstou-se, pura e simplesmente, a produção de provas que podem ou não vir


a compor o corpo de Revisão Criminal, sob o seguinte fundamento, verbis :

1. 6. A competência, no entanto, para julgar o mérito da ação revisional é desta


Corte!!!

1. 7. A decisão que indeferiu Justificação Criminal com base no mérito de


Revisão Criminal ainda inexistente usurpou a competência deste Tribunal Regional Federal da 5ª
Região devendo, por isso, ser reformada.

1. 8. A definição de competência para processar e julgar a ação revisional advém


do próprio CPP, na forma de seu artigo 624:

Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas;

II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos.

1. 9. Daí se conclui que a Revisão Criminal exige órgão colegiado para seu
processamento. E o Juízo de Primeiro Grau não o é.

1. 10. Ao indeferir o pedido aposto na inicial, o decisium imiscuiu-se


indevidamente na análise dos requisitos do art. 621, do CPP, que trata das hipóteses de Revisão
Criminal , adentrando no próprio mérito daquela Ação, o que cabe, evidentemente, ao Juízo
Revisional, que o fará em sede preliminar.

4/14
1. 11. Ora, o processo em curso não é nem nunca foi uma Revisão Criminal.
Trata-se apenas de Justificação Criminal, um procedimento de natureza totalmente diversa da
Revisão.

1. 12. O objetivo da Ação de Justificação Criminal é apenas o de produzir prova


perante um juiz e sob o crivo do contraditório. Para isto, basta que se exponha o objetivo e sejam
arroladas as testemunhas.

1. 13. Isto porque a ação de Justificação Criminal consiste, única e


exclusivamente, na oitiva de testemunhas , procedimento que é facilitado em razão da
proximidade local com as próprias pessoas a serem ouvidas, todas residentes e domiciliadas nesta
jurisdição, evitando-se gastos inúteis com a expedição de carta de ordem, dificuldades com o
próprio acompanhamento do seu cumprimento, etc.

1. 14. Não se requer, ao final dela, a reversão de um título condenatório. O pedido é


para que se intime e ouça 6 (seis) testemunhas.

1. 15. Nada mais.

1. 16. O que se avalia no bojo da Ação de Justificação não é o mérito de eventual


Revisão Criminal que possa vir na sequência, mas uma análise estritamente formal dos requisitos
do art. 381 do Código de Processo Civil, a saber:

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:

I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos
fatos na pendência da ação;

(...)

§ 2 o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida
ou do foro de domicílio do réu.

§ 3 o A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser
proposta.

§ 4 o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União,
de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal.

1. 17. Ora, a própria natureza da Revisão Criminal impede que haja, em seu corpo,
dilação probatória. Evidente que qualquer prova testemunhal a ser produzida de forma a instruir tal
ação deve se originar em Justificação Criminal, diante da impossibilidade de sua produção na

5/14
1.

própria Revisão.

1. 18. Aliás, a impossibilidade de produção de prova sempre será "impossível ou


muito difícil" de ser verificada na ação revisional, podendo-se mesmo dizer que a impossibilidade é
presumida , porque é vedada pela própria lei.

1. 19. É o que exsurge da leitura do artigo 625 do Código de Processo Penal:

Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar como relator
um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo.

(...)

§ 3 o Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao interesse da justiça que


se apensem os autos originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as câmaras reunidas ou para o
tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo único).

1. 20. A Justificação Criminal, é, ademais, instituto já presente em nossa prática


forense de forma muito arraigada, não se justificando que sejam criados óbices modernos e
injustificados àquilo que sempre se enxergou com naturalidade, mesmo porque, mesmo com o novo
Código de Processo Civil, a tradicionalíssima redação do artigo 861 do antigo Códex foi mantida
com a mesma redação na nova disciplina pelo artigo 381, §5º:

CPC 1973 CPC 2015

Art. 861. Quem pretender justificar a Art. 381 (...)


existência de algum fato ou relação jurídica,
seja para simples documento e sem caráter § 5 o Aplica-se o disposto nesta Seção
contencioso, seja para servir de prova em àquele que pretender justificar a existência
processo regular, exporá, em petição de algum fato ou relação jurídica para
circunstanciada, a sua intenção. simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição
circunstanciada, a sua intenção.

1. 21. Não é demais lembrar que a ação de justificação judicial é independente e

6/14
1.
autônoma, de jurisdição voluntária, se socorrendo do Poder Judiciário apenas para atribuir à
produção desta prova o necessário caráter contraditório, por isso ao Magistrado não caberá fazer
análise de mérito que pudesse vir a interferir no juízo penal.

1. 22. Ao autor caberá fazer a avaliação, a depender do conteúdo que ali restar
produzido, se de fato usará o material probatório, seja para guardar como documento, seja para, no
futuro, embasar ação própria, como é sua intenção.

1. 23. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ao comentar o antigo artigo 861 do


Código de Processo Civil, cuja redação foi reproduzida no novel artigo 381, ensina que a
justificação tem o fim de documentar fatos, podendo servir a dois objetivos diversos: simplesmente
de documento para o proponente, sem caráter contencioso, exaurindo em si mesma sua finalidade
processual, e servir de prova em processo regular [1] .

1. 24. Com entendimento idêntico, pode-se citar ARI FERREIRA DE QUEIROZ


[2] .

1. 25. O uso que fará desta prova dependerá de muitos fatores, sendo que até
mesmo a pertinência e relevância dependerão, em muito, do que estas testemunhas de fato vierem a
falar em juízo.

1. 26. Aliás, nem sequer na própria revisão criminal seria dado rejeitar
liminarmente a ação sob o fundamento de que a prova não é nova ou que deveria ter sido produzida
antes, bastando, no momento da análise preliminar, a mera afirmação do autor, valendo, aqui, a
teoria da afirmação.

1. 27. Nesse sentido, é o que ensinam ADA PELLEGRINI GRINOVER,


ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO e ANTONIO SCARANCE FERNADES [3] :

"O requerente deve pelo menos afirmar que a sentença ou o processo contém um dos vícios elencados
nos incisos do art. 621, o que será aferido em cognição sumária e provisória. Ou seja, a afirmação do
autor, (in statu assertionis ), deve referir-se a uma (ou mais), das hipóteses legais, tornando possível o
exercício da ação com vista à causa de pedir invocada.

Adota-se, nesse passo, a denominada teoria da afirmação (em italiano, prospettazione ), pela qual a
existência das condições da ação se afere, em cognição sumária e provisória, no momento do
ajuizamento da demanda, de acordo com a alegação do autor, e não perante sua existência concreta. A
inexistência efetiva, apurada em cognição profunda e exauriente, levará à rejeição da demanda, pelo
mérito ."

1. 28. Portanto, ao fazer julgamento do mérito de eventual revisão criminal no bojo

7/14
1.
de Ação de Justificação Criminal, a decisão atacada foi além da competência do Juízo que a
proferiu.

1. 29. Mais do que isso, incorreu em indevido exercício de futurologia, pois


conseguiu "adivinhar" não só o teor dos depoimentos como a sua imprestabilidade para alterar a
condenação!

III - DO MÉRITO: DA ILEGALIDADE DECORRENTE DO INDEFERIMENTO DA OITIVA DE


TESTEMUNHAS SOB O FUNDAMENTO DE QUE "REVISÃO NÃO SE PRESTA A CORRIGIR
FALHAS DE ESTRATÉGIA DA DEFESA"

1. 30. Ainda que assim não fosse, e autorizado estivesse ao juiz adentrar na análise
dos pressupostos processuais da própria ação revisional, fato é que o indeferimento das testemunhas
arroladas em ação de justificação criminal, sob o fundamento de que " a revisão criminal não se
presta a corrigir falhas de estratégia ", representa constrangimento ilegal mais do que evidente.

1. 31. Isto porque a ação revisional tem por fundamento histórico e político
exatamente esse: o de corrigir falhas no exercício da defesa.

1. 32. É que, em se tratando de matéria criminal, o Poder Judiciário coloca-se


diante de valores fundantes do Estado Democrático de Direito, muito caros à democracia, tanto que
erigidos dentre as cláusulas de direitos fundamentais, com caráter pétreo e imutável, em nossa Carta
Constitucional, tais como a liberdade, o direito de petição, o acesso ao Poder Judiciário, e o direito
à ampla defesa.

1. 33. Com efeito, dispõe o inciso XXXV, do artigo 5º de nossa Constituição, com
clareza solar que " a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão
a direito ".

1. 34. Tanto é sagradíssimo que o direito de tentar produzir prova de inocência que
aparece como única exceção à cláusula do "trânsito em julgado", de igual natureza pétrea.

1. 35. Diferentemente do que se verifica em matéria cível, a ação revisional, que


tem caráter rescisório, não se submete a limites preclusivos, exatamente porque a defesa não é
um direito renunciável, assim como, as deficiências e vicissitudes processuais ocorridas
quando da ação penal não podem retirar do condenado a chance que possa ter de fazer a
prova de sua inocência a qualquer momento . Tanto que se permite a revisão criminal mesmo
quando cumprida a pena e mesmo após a morte!

8/14
1. 36. Nesse sentido, vale relembrar a clássica lição de ADA PELLEGRINI
GRINOVER, ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHI e ANTONIO SCARANCE FERNADES
[4] , a respeito do tema:

"A atividade jurisdicional, por melhor que seja, está sujeita a equívocos, pois o juízo humano, por mais
precauções que se tomem, é inseparável do erro.

Dois valores, que podem ser antagônicos, são levados em consideração para resolver situação críticas:
de um lado, o valor segurança, representado pela coisa julgada; de outro, o valor justiça, defendido pelo
sistema recursal. Mas, às vezes, o sistema recursal pode não ser eficiente para estabelecer a justiça
material, e é por isso que surgem remédios como a revisão criminal e a rescisória cível.

No entanto, há diferenças entre as duas ações de impugnação: no campo civil, a rescisória é sujeita a um
prazo preclusivo e pode ser ajuizada por qualquer das partes e até por terceiros juridicamente
prejudicados. No campo penal, onde está em jogo o valor liberdade, a revisão não se sujeita a prazos
preclusivos, podendo ser ajuizada a qualquer tempo (mesmo após a morte do condenado), mas é, em
grande parte dos sistemas processuais, privativa da defesa ."

1. 37. Ora, sendo assim, é evidente que o fundamento da decisão aqui atacada não
subsiste de forma alguma.

1. 38. Ainda que se estivesse diante de uma hipótese de deficiência na produção da


prova, não poderia o Judiciário fechar os olhos à tentativa de produzi-la, porque, em nosso
ordenamento jurídico e, à luz de nossa Constituição, nunca é tarde para reparar uma injustiça penal.

1. 39. Especialmente numa hipótese como a presente, em que ainda há tempo hábil
para reparar a injustiça antes que venham os Requerentes a iniciar, de fato, o cumprimento da pena
privativa de liberdade, suportando em seus próprios corpos, as agruras do cárcere, mesmo se
tratando de pessoas de excelente índole, muito bem ajustada socialmente, bem estabelecidas, com
família constituída, e que apenas boas obras trazem ao seu contexto social na atualidade.

1. 40. Que a prova não seja considerada procedente e suficiente, ao fim e ao cabo,
para cancelar essa nefasta condenação, o futuro dirá, mas o que não se pode é tolher dos
Requerentes a sua própria esperança, retirando deles a singela possibilidade de colher prova.

1. 41. Tal fato seria muito natural em ordenamentos jurídicos em que a prova é
colhida diretamente pelas partes, como ocorre nos Estados Unidos. Mas, no nosso, em que as partes
dependem do paternalismo judicial para ouvir uma testemunha, é preciso que esse direito seja
resguardado, ainda para que mostrem o seu resultado para seus filhos e netos quando estes
perguntarem porque o seu avô foi preso.

9/14
IV - DA EFETIVA PRESENÇA DAS HIPÓTESES DE CABIMENTO DA REVISÃO CRIMINAL

1. 42. Ainda que pudesse o Juízo Singular decidir sobre o mérito da Revisão
Criminal, o indeferimento ora atacado mereceria revisão.

1. 43. A decisão que indeferiu a inicial considerou que a Revisão Criminal


almejada seria utilizada para a correção de "opções" da defesa durante a instrução:

" 10 - Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita como procedimento preparatório de
futura Revisão Criminal que, se for o caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na primeira,
segunda e terceira instância, apenas se ocorrerem qualquer das hipóteses previstas no art. 621 do CPP.
Assim, a via eleita não é prevista para a correção de opções livremente eleitas pelos réus e seus
defensores, não suportando o papel de retificação de estratégias que eventualmente resultaram
imprecisas.

1. 44. Nada mais equivocado.

1. 45. Não se trata, em absoluto, de "refazer" a instrução, o que ocorreria acaso se


buscasse ouvir as mesmas testemunhas ali arroladas com o intuito de reinquiri-las com o objetivo
de alcançar alguma contradição ou alguma retratação até então sequer sinalizada.

1. 46. No entanto, não é o que se requer.

1. 47. Busca-se apenas garantir aos Apelantes a ampla defesa que inocorreu na ação
penal originária!

1. 48. Como a própria decisão pontuou, não foram arroladas quaisquer testemunhas
pela defesa, e, ainda, os Acusados foram orientados a permanecer em silêncio.

1. 49. Mesmo que fosse o caso de efetiva inação, o decisium atacado não poderia
sobrepor a garantia do trânsito em julgado à do direito de defesa, quando, na verdade, o direito de
provar a própria inocência é sagrado a ponto de aparecer como exceção à primeira.

1. 50. Mas, ainda, assim, não foi esse o caso.

10/14
1. 51. Não se trata de arrolar agora testemunhas "esquecidas" pela defesa quando da
instrução, vez que, como já explicado, apenas a condenação considerou que os supostos atos ilícitos
atacaram o bem jurídico "sistema financeiro nacional" por conta do volume de transações, inovando
em relação ao quanto descrito e delimitado pela denúncia.

1. 52. A necessidade de esclarecimento quanto a isto só surgiu, evidentemente,


após a sentença, ou seja, após o término da instrução, que é quando se produz prova testemunhal.

1. 53. Eis como a doutrina sempre delineou o conceito de "prova nova", de molde a
incluir toda e qualquer prova que não tenha integrado o conjunto probatório que integrou a ação
penal:

"No processo penal, presta-se à revisão qualquer prova nova, atinente ou não a fato alegado no
processo, incluindo a relativa a fato novo, não suscitado no primeiro processo , fato que pode até ter
sido descoberto depois .

Uma interpretação ainda mais aberta do texto processual penal pode levar ao entendimento de que a
prova, conhecida e apresentada no primeiro processo, e que chegou a ser apreciada pelo juiz, pode ser
reexaminada como prova nova, com argumentação diversa da desenvolvida pela sentença: é o que pode
ocorrer, por exemplo, com a reapreciação da prova em virtude de novos conhecimentos científicos."

1. 54. Esse entendimento tradicionalíssimo em nossa doutrina mais balizada,


concentra-se na própria noção de que o que se obtém em um processo é a "verdade processual", e é
esta que deve ser considerada para a aferição do que deve ser tido como "novo", processualmente
falando.

1. 55. Novo deve ser entendido no sentido de inédito . Isto, é dado até então não
analisado, não levado ao conhecimento dos julgadores, não integrante do conjunto probatório que
embasou a condenação e que levou os destinatários da prova a considerarem-na suficientes para
afastar o primado da presunção de inocência.

1. 56. O Superior Tribunal de Justiça, por decisão de sua Quinta Turma, já fixou o
entendimento de que a conveniência da produção da prova cabe ao interessado , sendo até
mesmo dispensável declinar, em sede de ação de justificação criminal, a sua novidade ou
necessidade para fins de revisão criminal. Neste sentido:

"HOMICÍDIO QUALIFICADO. JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. INDEFERIMENTO. VIOLAÇÃO À


LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO DO ACUSADO. JUÍZO ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA
PARA FINS DE REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DA

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NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA DA PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.

1. Embora o indeferimento de justificação judicial não viole, imediatamente, a liberdade de locomoção


do acusado, o certo é que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir a revisão
criminal, ameaçando o seu direito ambulatorial, ainda que de modo reflexo, já que está sendo impedido
de questionar a condenação que reputa ser injusta ou nula. Precedente.

2. No procedimento de justificação judicial não se exige que a

defesa explicite a novidade, a importância ou a finalidade da prova que pretende produzir, exame que
será realizado quando da sua utilização em eventual ação revisional a ser ajuizada. Precedentes.

3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para determinar o processamento da
cautelar de justificação ajuizada pela defesa. (HC 324634, Rel. Min LEOPOLDO DE ARRUDA
RAPOSO, DJ de 04/11/2015).

1. 57. Nesse mesmo sentido, ainda do Superior Tribunal de Justiça:

"RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.


JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. PRETENSÃO DE NOVA OITIVA DA MÃE DA VÍTIMA.
INDEFERIMENTO PELO MAGISTRADO DE ORIGEM. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELA CORTE
ESTADUAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT SOB O ARGUMENTO DE QUE NÃO HAVERIA
VIOLAÇÃO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO DO ACUSADO. EXISTÊNCIA DE AMEAÇA AO
DIREITO AMBULATORIAL. CABIMENTO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL.

1. A aventada ilegalidade do indeferimento da justificação judicial não foi analisada pela Corte
Estadual, que não conheceu do writ ali impetrado sob o argumento de que tal decisão não teria o condão
de violar a liberdade ambulatorial do paciente, circunstância que impediria a manifestação deste
Sodalício sobre o tópico, sob pena de incorrer em indevida supressão de instância.

2. Todavia, estando-se diante de flagrante constrangimento ilegal, é possível a concessão de habeas


corpus de ofício por este Superior Tribunal de Justiça, nos termos do artigo 654, § 2º, do Código de
Processo Penal.

3. Embora o indeferimento de justificação judicial não viole, imediatamente, a liberdade de locomoção


do acusado, o certo é que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir a revisão
criminal, o que, por certo, tem o condão de ameaçar o seu direito ambulatorial, ainda que de modo
reflexo, já que está sendo impedido de questionar a condenação que reputa ser injusta ou nula.
Precedente.

JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. INDEFERIMENTO. JUÍZO ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA


PARA FINS DE REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DA
NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA DA PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. CONCESSÃO

DA ORDEM DE OFÍCIO.

1. No procedimento de justificação judicial não se exige que a defesa explicite a novidade, a

12/14
importância ou a finalidade da prova que pretende produzir, exame que será realizado quando da sua
utilização em eventual ação revisional a ser ajuizada . Precedentes.

2. Recurso ordinário não conhecido. Ordem concedida de ofício para determinar o processamento da
cautelar de justificação ajuizada pela defesa.

(STJ, Quinta Turma, RHC 40832, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJ de 10/04/2014)

1. 58. Flagrante, portanto, a improcedência da decisão apelada.

IV - DO PEDIDO

1. 59. Ante o exposto, requer seja a presente Apelação julgada inteiramente


procedente para reformar a decisão de primeiro grau que indeferiu a Justificação Criminal, de modo
a serem intimadas e ouvidas as 6 testemunhas listadas na inicial daquela Ação.

1. 60. Caso não se entenda ser a Apelação o recurso cabível contra o decisium
atacado, requer a presente peça seja recebida como Habeas Corpus , de modo a corrigir o ato coator
- decisão terminativa da Revisão Criminal, concedendo-se, de ofício, a ordem para determinar o
processamento da justificação criminal objeto da presente medida.

P. deferimento.

Brasília, 17 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

13/14
Caio César Vieira Rocha

OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha

OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho

OAB/CE 8.502

[1] THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo cautelar. 18. ed. rev. e atual. São Paulo: Livraria e
Editora Universitária de Direito, 1999, p. 323.

[2] QUEIROZ, Ari Ferreira de. Direito processual civil: processo de execução e do processo cautelar. 3.
ed. rev., ampl. e atual. até junho de 1997. Goiânia: Editora Jurídica, 1997. p. 315

[3] Recursos no Processo Penal, 3ª ed., Revista dos Tribunais, 2001, p. 313.

[4] Recursos no Processo Penal, 3ª ed., Revista dos Tribunais, 2001, p. 306.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18081717442195400000004096389
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 17:47:41
Identificador: 4058100.4090691
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 14/14
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO
JUDICÁRIA DO CEARÁ

Justificação Criminal nº 0809311-23.2018.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA


FILHO e IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, já qualificados nos autos do
processo em epígrafe, por seus advogados, comparecem à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no art. 382, §4º, do CPC, para interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

em face da decisão terminativa proferida por este Juízo, que indeferiu a


Justificação Criminal, requerendo a juntada das razões que seguem anexas e a
remessa dos autos para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região

P. deferimento
Brasília, 17 de agosto de 2018

Marcelo Leal de Lima Oliveira Francisco César Asfor Rocha


OAB/DF 21.932 OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima


Caio César Vieira Rocha OAB/CE 16.386
OAB/CE 15.095

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho


OAB/CE 8.502

1/16
ORIGEM: JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL Nº 0809311-23.2018.4.05.8100

APELANTES:
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
GERALDO GADELHA FILHO
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

RAZÕES DE APELAÇÃO

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. Os Recorrentes aviaram Justificação Criminal perante a 11ª


Vara Federal do Ceará no intuito de produzir prova testemunhal para instruir
posterior Revisão Criminal contra sentença condenatória contra eles proferida.

2. Entretanto, aquele Juízo Singular indeferiu referida ação sob o


seguinte fundamento:

“10- Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita


como procedimento preparatório de futura Revisão Criminal que,
se for o caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na
primeira, segunda e terceira instância, apenas se ocorrerem
qualquer das hipóteses previstas no art. 621 do CPP. Assim,
a via eleita não é prevista para a correção de opções
livremente eleitas pelos réus e seus defensores, não
suportando o papel de retificação de estratégias que
eventualmente resultaram imprecisas.
(...)
12- Nesse contexto e de acordo com a inicial, tem-se que a
produção de prova oral na justificação criminal somente se
admite nos casos de os depoimentos já colhidos serem falsos
ou os novos depoimentos representarem uma novidade não
existente, disponível ou acessível à época do processo, não
sendo, qualquer dessas hipóteses, o caso dos autos.
13- Na realidade, os requerentes, como se depreende de sua
exposição na peça exordial e na manifestação no identificador
4058100.3990410, objetivam, de fato, refazer a instrução

2/16
processual da ação penal 0012628-43.2010.4.05.8100, uma
vez que naquela fazer processual há muito encerrada, repise-
se, apesar de terem tido todas as oportunidades de
alegarem e proverem tudo o que fosse atinente às suas
defesas, nos termos do art. 396-A do CPP e no decorrer da
instrução criminal, inclusive o afirmado objetivo das oitivas
requeridas nestes autos, seja na oportunidade da produção de
prova oral (ocasião em que já poderiam ter requerido o
depoimento em juízo das mesmas pessoas que somente agora
elencam como testemunhas), seja com a oportuna apresentação
de prova documental, quedaram-se inertes, sendo também
essa a opção da Defesa dos réus ao os orientar a
permanecerem calados e não responderem perguntas eu
lhe são formuladas (cf. identificadores 4058100.3847182 e
4058100.3990410).
(...)
15- Diante do exposto, e não tendo os postulantes logrado
demonstrar que o desejado na presente Justificação está
inserido em qualquer das hipóteses de cabimento da
medida pleiteada (mormente depoimentos anteriormente
colhidos eivados de falsidade ou a aduzida necessidade da oitiva
das testemunhas não existente, disponíveis ou acessíveis, o que
constituiria novidade), não podendo este procedimento ser
usado para a reabertura da instrução criminal, nem para
retificar eventuais opções ou estratégias da defesa,
INDEFIRO a Justificação criminal de que se cuida. (grifos no
original)

3. Tal decisão, todavia, merece reforma, como se passará a


demonstrar.

II – PRELIMINARMENTE: DA USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DESTE


TRF-5 PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU PARA ADENTRAR NA ANÁLISE
DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE REVISÃO CRIMINAL

4. A decisão que indeferiu a Justificação Criminal adentrou


largamente no mérito de futura e ainda inexistente Revisão Criminal, elencando
os requisitos desta Ação e, ainda, questionando a sua motivação.

3/16
5. Obstou-se, pura e simplesmente, a produção de provas que
podem ou não vir a compor o corpo de Revisão Criminal, sob o seguinte
fundamento, verbis:

6. A competência, no entanto, para julgar o mérito da ação


revisional é desta Corte!!!

7. A decisão que indeferiu Justificação Criminal com base no mérito


de Revisão Criminal ainda inexistente usurpou a competência deste Tribunal
Regional Federal da 5ª Região devendo, por isso, ser reformada.

8. A definição de competência para processar e julgar a ação


revisional advém do próprio CPP, na forma de seu artigo 624:

Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas:


I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por
ele proferidas;

4/16
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou
de Alçada, nos demais casos.

9. Daí se conclui que a Revisão Criminal exige órgão colegiado


para seu processamento. E o Juízo de Primeiro Grau não o é.

10. Ao indeferir o pedido aposto na inicial, o decisium imiscuiu-se


indevidamente na análise dos requisitos do art. 621, do CPP, que trata das
hipóteses de Revisão Criminal, adentrando no próprio mérito daquela Ação, o
que cabe, evidentemente, ao Juízo Revisional, que o fará em sede preliminar.

11. Ora, o processo em curso não é nem nunca foi uma Revisão
Criminal. Trata-se apenas de Justificação Criminal, um procedimento de
natureza totalmente diversa da Revisão.

12. O objetivo da Ação de Justificação Criminal é apenas o de


produzir prova perante um juiz e sob o crivo do contraditório. Para isto, basta que
se exponha o objetivo e sejam arroladas as testemunhas.

13. Isto porque a ação de Justificação Criminal consiste, única e


exclusivamente, na oitiva de testemunhas, procedimento que é facilitado em
razão da proximidade local com as próprias pessoas a serem ouvidas, todas
residentes e domiciliadas nesta jurisdição, evitando-se gastos inúteis com a
expedição de carta de ordem, dificuldades com o próprio acompanhamento do
seu cumprimento, etc.

14. Não se requer, ao final dela, a reversão de um título


condenatório. O pedido é para que se intime e ouça 6 (seis) testemunhas.

15. Nada mais.

16. O que se avalia no bojo da Ação de Justificação não é o mérito


de eventual Revisão Criminal que possa vir na sequência, mas uma análise
estritamente formal dos requisitos do art. 381 do Código de Processo Civil, a
saber:

5/16
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos
casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível
ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência
da ação;
(...)
§ 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo
do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do
réu.
§ 3o A produção antecipada da prova não previne a competência
do juízo para a ação que venha a ser proposta.
§ 4o O juízo estadual tem competência para produção
antecipada de prova requerida em face da União, de entidade
autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não
houver vara federal.

17. Ora, a própria natureza da Revisão Criminal impede que haja,


em seu corpo, dilação probatória. Evidente que qualquer prova testemunhal a
ser produzida de forma a instruir tal ação deve se originar em Justificação
Criminal, diante da impossibilidade de sua produção na própria Revisão.

18. Aliás, a impossibilidade de produção de prova sempre será


“impossível ou muito difícil” de ser verificada na ação revisional, podendo-se
mesmo dizer que a impossibilidade é presumida, porque é vedada pela própria
lei.

19. É o que exsurge da leitura do artigo 625 do Código de Processo


Penal:

Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um


revisor, devendo funcionar como relator um desembargador que
não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo.
(...)
§ 3o Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e
inconveniente ao interesse da justiça que se apensem os autos
originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as câmaras
reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo
único).

20. A Justificação Criminal, é, ademais, instituto já presente em


nossa prática forense de forma muito arraigada, não se justificando que sejam
criados óbices modernos e injustificados àquilo que sempre se enxergou com

6/16
naturalidade, mesmo porque, mesmo com o novo Código de Processo Civil, a
tradicionalíssima redação do artigo 861 do antigo Códex foi mantida com a
mesma redação na nova disciplina pelo artigo 381, §5º:

CPC 1973 CPC 2015


Art. 861. Quem pretender justificar a Art. 381 (...)
existência de algum fato ou relação § 5o Aplica-se o disposto nesta Seção
jurídica, seja para simples documento e àquele que pretender justificar a
sem caráter contencioso, seja para existência de algum fato ou relação
servir de prova em processo regular, jurídica para simples documento e sem
exporá, em petição circunstanciada, a caráter contencioso, que exporá, em
sua intenção. petição circunstanciada, a sua
intenção.

21. Não é demais lembrar que a ação de justificação judicial é


independente e autônoma, de jurisdição voluntária, se socorrendo do Poder
Judiciário apenas para atribuir à produção desta prova o necessário caráter
contraditório, por isso ao Magistrado não caberá fazer análise de mérito que
pudesse vir a interferir no juízo penal.

22. Ao autor caberá fazer a avaliação, a depender do conteúdo que


ali restar produzido, se de fato usará o material probatório, seja para guardar
como documento, seja para, no futuro, embasar ação própria, como é sua
intenção.

23. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ao comentar o antigo artigo


861 do Código de Processo Civil, cuja redação foi reproduzida no novel artigo
381, ensina que a justificação tem o fim de documentar fatos, podendo servir a
dois objetivos diversos: simplesmente de documento para o proponente, sem
caráter contencioso, exaurindo em si mesma sua finalidade processual, e servir
de prova em processo regular1.

1THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo cautelar. 18. ed. rev. e atual. São Paulo: Livraria e
Editora Universitária de Direito, 1999, p. 323.

7/16
24. Com entendimento idêntico, pode-se citar ARI FERREIRA DE
QUEIROZ2.

25. O uso que fará desta prova dependerá de muitos fatores, sendo
que até mesmo a pertinência e relevância dependerão, em muito, do que estas
testemunhas de fato vierem a falar em juízo.

26. Aliás, nem sequer na própria revisão criminal seria dado rejeitar
liminarmente a ação sob o fundamento de que a prova não é nova ou que deveria
ter sido produzida antes, bastando, no momento da análise preliminar, a mera
afirmação do autor, valendo, aqui, a teoria da afirmação.

27. Nesse sentido, é o que ensinam ADA PELLEGRINI GRINOVER,


ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO e ANTONIO SCARANCE
FERNADES3:

“O requerente deve pelo menos afirmar que a sentença ou o


processo contém um dos vícios elencados nos incisos do art.
621, o que será aferido em cognição sumária e provisória. Ou
seja, a afirmação do autor, (in statu assertionis), deve referir-se
a uma (ou mais), das hipóteses legais, tornando possível o
exercício da ação com vista à causa de pedir invocada.
Adota-se, nesse passo, a denominada teoria da afirmação
(em italiano, prospettazione), pela qual a existência das
condições da ação se afere, em cognição sumária e
provisória, no momento do ajuizamento da demanda, de
acordo com a alegação do autor, e não perante sua
existência concreta. A inexistência efetiva, apurada em
cognição profunda e exauriente, levará à rejeição da
demanda, pelo mérito.”

28. Portanto, ao fazer julgamento do mérito de eventual revisão


criminal no bojo de Ação de Justificação Criminal, a decisão atacada foi além da
competência do Juízo que a proferiu.

2 QUEIROZ, Ari Ferreira de. Direito processual civil: processo de execução e do processo
cautelar. 3. ed. rev., ampl. e atual. até junho de 1997. Goiânia: Editora Jurídica, 1997. p. 315
3 Recursos no Processo Penal, 3ª ed., Revista dos Tribunais, 2001, p. 313.

8/16
29. Mais do que isso, incorreu em indevido exercício de futurologia,
pois conseguiu “adivinhar” não só o teor dos depoimentos como a sua
imprestabilidade para alterar a condenação!

III – DO MÉRITO: DA ILEGALIDADE DECORRENTE DO INDEFERIMENTO


DA OITIVA DE TESTEMUNHAS SOB O FUNDAMENTO DE QUE “REVISÃO
NÃO SE PRESTA A CORRIGIR FALHAS DE ESTRATÉGIA DA DEFESA”

30. Ainda que assim não fosse, e autorizado estivesse ao juiz


adentrar na análise dos pressupostos processuais da própria ação revisional,
fato é que o indeferimento das testemunhas arroladas em ação de justificação
criminal, sob o fundamento de que “a revisão criminal não se presta a corrigir
falhas de estratégia”, representa constrangimento ilegal mais do que evidente.

31. Isto porque a ação revisional tem por fundamento histórico e


político exatamente esse: o de corrigir falhas no exercício da defesa.

32. É que, em se tratando de matéria criminal, o Poder Judiciário


coloca-se diante de valores fundantes do Estado Democrático de Direito, muito
caros à democracia, tanto que erigidos dentre as cláusulas de direitos
fundamentais, com caráter pétreo e imutável, em nossa Carta Constitucional, tais
como a liberdade, o direito de petição, o acesso ao Poder Judiciário, e o direito
à ampla defesa.

33. Com efeito, dispõe o inciso XXXV, do artigo 5º de nossa


Constituição, com clareza solar que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito”.

34. Tanto é sagradíssimo que o direito de tentar produzir prova de


inocência que aparece como única exceção à cláusula do “trânsito em julgado”,
de igual natureza pétrea.

35. Diferentemente do que se verifica em matéria cível, a ação


revisional, que tem caráter rescisório, não se submete a limites

9/16
preclusivos, exatamente porque a defesa não é um direito renunciável,
assim como, as deficiências e vicissitudes processuais ocorridas quando
da ação penal não podem retirar do condenado a chance que possa ter de
fazer a prova de sua inocência a qualquer momento. Tanto que se permite a
revisão criminal mesmo quando cumprida a pena e mesmo após a morte!

36. Nesse sentido, vale relembrar a clássica lição de ADA


PELLEGRINI GRINOVER, ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHI e ANTONIO
SCARANCE FERNADES4, a respeito do tema:

“A atividade jurisdicional, por melhor que seja, está sujeita a


equívocos, pois o juízo humano, por mais precauções que se
tomem, é inseparável do erro.
Dois valores, que podem ser antagônicos, são levados em
consideração para resolver situação críticas: de um lado, o valor
segurança, representado pela coisa julgada; de outro, o valor
justiça, defendido pelo sistema recursal. Mas, às vezes, o
sistema recursal pode não ser eficiente para estabelecer a
justiça material, e é por isso que surgem remédios como a
revisão criminal e a rescisória cível.
No entanto, há diferenças entre as duas ações de impugnação:
no campo civil, a rescisória é sujeita a um prazo preclusivo e
pode ser ajuizada por qualquer das partes e até por terceiros
juridicamente prejudicados. No campo penal, onde está em
jogo o valor liberdade, a revisão não se sujeita a prazos
preclusivos, podendo ser ajuizada a qualquer tempo
(mesmo após a morte do condenado), mas é, em grande
parte dos sistemas processuais, privativa da defesa.”

37. Ora, sendo assim, é evidente que o fundamento da decisão aqui


atacada não subsiste de forma alguma.

38. Ainda que se estivesse diante de uma hipótese de deficiência na


produção da prova, não poderia o Judiciário fechar os olhos à tentativa de
produzi-la, porque, em nosso ordenamento jurídico e, à luz de nossa
Constituição, nunca é tarde para reparar uma injustiça penal.

39. Especialmente numa hipótese como a presente, em que ainda


há tempo hábil para reparar a injustiça antes que venham os Requerentes a

4 Recursos no Processo Penal, 3ª ed., Revista dos Tribunais, 2001, p. 306.

10/16
iniciar, de fato, o cumprimento da pena privativa de liberdade, suportando em
seus próprios corpos, as agruras do cárcere, mesmo se tratando de pessoas de
excelente índole, muito bem ajustada socialmente, bem estabelecidas, com
família constituída, e que apenas boas obras trazem ao seu contexto social na
atualidade.

40. Que a prova não seja considerada procedente e suficiente, ao


fim e ao cabo, para cancelar essa nefasta condenação, o futuro dirá, mas o que
não se pode é tolher dos Requerentes a sua própria esperança, retirando deles
a singela possibilidade de colher prova.

41. Tal fato seria muito natural em ordenamentos jurídicos em que a


prova é colhida diretamente pelas partes, como ocorre nos Estados Unidos. Mas,
no nosso, em que as partes dependem do paternalismo judicial para ouvir uma
testemunha, é preciso que esse direito seja resguardado, ainda para que
mostrem o seu resultado para seus filhos e netos quando estes perguntarem
porque o seu avô foi preso.

IV – DA EFETIVA PRESENÇA DAS HIPÓTESES DE CABIMENTO DA


REVISÃO CRIMINAL

42. Ainda que pudesse o Juízo Singular decidir sobre o mérito da


Revisão Criminal, o indeferimento ora atacado mereceria revisão.

43. A decisão que indeferiu a inicial considerou que a Revisão


Criminal almejada seria utilizada para a correção de “opções” da defesa durante
a instrução:

“10- Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita


como procedimento preparatório de futura Revisão Criminal que,
se for o caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na
primeira, segunda e terceira instância, apenas se ocorrerem
qualquer das hipóteses previstas no art. 621 do CPP. Assim, a
via eleita não é prevista para a correção de opções
livremente eleitas pelos réus e seus defensores, não

11/16
suportando o papel de retificação de estratégias que
eventualmente resultaram imprecisas.

44. Nada mais equivocado.

45. Não se trata, em absoluto, de “refazer” a instrução, o que


ocorreria acaso se buscasse ouvir as mesmas testemunhas ali arroladas com o
intuito de reinquiri-las com o objetivo de alcançar alguma contradição ou alguma
retratação até então sequer sinalizada.

46. No entanto, não é o que se requer.

47. Busca-se apenas garantir aos Apelantes a ampla defesa que


inocorreu na ação penal originária!

48. Como a própria decisão pontuou, não foram arroladas quaisquer


testemunhas pela defesa, e, ainda, os Acusados foram orientados a permanecer
em silêncio.

49. Mesmo que fosse o caso de efetiva inação, o decisium atacado


não poderia sobrepor a garantia do trânsito em julgado à do direito de defesa,
quando, na verdade, o direito de provar a própria inocência é sagrado a ponto
de aparecer como exceção à primeira.

50. Mas, ainda, assim, não foi esse o caso.

51. Não se trata de arrolar agora testemunhas “esquecidas” pela


defesa quando da instrução, vez que, como já explicado, apenas a condenação
considerou que os supostos atos ilícitos atacaram o bem jurídico “sistema
financeiro nacional” por conta do volume de transações, inovando em relação ao
quanto descrito e delimitado pela denúncia.

52. A necessidade de esclarecimento quanto a isto só surgiu,


evidentemente, após a sentença, ou seja, após o término da instrução, que é
quando se produz prova testemunhal.

12/16
53. Eis como a doutrina sempre delineou o conceito de “prova nova”,
de molde a incluir toda e qualquer prova que não tenha integrado o conjunto
probatório que integrou a ação penal:

“No processo penal, presta-se à revisão qualquer prova nova,


atinente ou não a fato alegado no processo, incluindo a relativa
a fato novo, não suscitado no primeiro processo, fato que
pode até ter sido descoberto depois.
Uma interpretação ainda mais aberta do texto processual penal
pode levar ao entendimento de que a prova, conhecida e
apresentada no primeiro processo, e que chegou a ser apreciada
pelo juiz, pode ser reexaminada como prova nova, com
argumentação diversa da desenvolvida pela sentença: é o que
pode ocorrer, por exemplo, com a reapreciação da prova em
virtude de novos conhecimentos científicos.”

54. Esse entendimento tradicionalíssimo em nossa doutrina mais


balizada, concentra-se na própria noção de que o que se obtém em um processo
é a “verdade processual”, e é esta que deve ser considerada para a aferição do
que deve ser tido como “novo”, processualmente falando.

55. Novo deve ser entendido no sentido de inédito. Isto, é dado até
então não analisado, não levado ao conhecimento dos julgadores, não integrante
do conjunto probatório que embasou a condenação e que levou os destinatários
da prova a considerarem-na suficientes para afastar o primado da presunção de
inocência.

56. O Superior Tribunal de Justiça, por decisão de sua Quinta


Turma, já fixou o entendimento de que a conveniência da produção da prova
cabe ao interessado, sendo até mesmo dispensável declinar, em sede de ação
de justificação criminal, a sua novidade ou necessidade para fins de revisão
criminal. Neste sentido:

“HOMICÍDIO QUALIFICADO. JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL.


INDEFERIMENTO. VIOLAÇÃO À LIBERDADE DE
LOCOMOÇÃO DO ACUSADO. JUÍZO ACERCA DA
IDONEIDADE DA PROVA PARA FINS DE REVISÃO
CRIMINAL. ILEGALIDADE. DESNECESSIDADE DE
INDICAÇÃO DA NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA

13/16
DA PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.
CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1. Embora o indeferimento de justificação judicial não viole,
imediatamente, a liberdade de locomoção do acusado, o certo é
que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir
a revisão criminal, ameaçando o seu direito ambulatorial, ainda
que de modo reflexo, já que está sendo impedido de questionar
a condenação que reputa ser injusta ou nula. Precedente.
2. No procedimento de justificação judicial não se exige que a
defesa explicite a novidade, a importância ou a finalidade da
prova que pretende produzir, exame que será realizado quando
da sua utilização em eventual ação revisional a ser ajuizada.
Precedentes.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício
para determinar o processamento da cautelar de justificação
ajuizada pela defesa. (HC 324634, Rel. Min LEOPOLDO DE
ARRUDA RAPOSO, DJ de 04/11/2015).

57. Nesse mesmo sentido, ainda do Superior Tribunal de Justiça:

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ATENTADO


VIOLENTO AO PUDOR. JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL.
PRETENSÃO DE NOVA OITIVA DA MÃE DA VÍTIMA.
INDEFERIMENTO PELO MAGISTRADO DE ORIGEM.
MATÉRIA NÃO APRECIADA PELA CORTE ESTADUAL. NÃO
CONHECIMENTO DO WRIT SOB O ARGUMENTO DE QUE
NÃO HAVERIA VIOLAÇÃO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
DO ACUSADO. EXISTÊNCIA DE AMEAÇA AO DIREITO
AMBULATORIAL. CABIMENTO DO REMÉDIO
CONSTITUCIONAL.
1. A aventada ilegalidade do indeferimento da justificação
judicial não foi analisada pela Corte Estadual, que não conheceu
do writ ali impetrado sob o argumento de que tal decisão não
teria o condão de violar a liberdade ambulatorial do paciente,
circunstância que impediria a manifestação deste Sodalício
sobre o tópico, sob pena de incorrer em indevida supressão de
instância.
2. Todavia, estando-se diante de flagrante constrangimento
ilegal, é possível a concessão de habeas corpus de ofício por
este Superior Tribunal de Justiça, nos termos do artigo 654, § 2º,
do Código de Processo Penal.
3. Embora o indeferimento de justificação judicial não viole,
imediatamente, a liberdade de locomoção do acusado, o certo é
que inviabiliza a produção da prova com a qual pretende instruir
a revisão criminal, o que, por certo, tem o condão de ameaçar o

14/16
seu direito ambulatorial, ainda que de modo reflexo, já que está
sendo impedido de questionar a condenação que reputa ser
injusta ou nula. Precedente.
JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. INDEFERIMENTO. JUÍZO
ACERCA DA IDONEIDADE DA PROVA PARA FINS DE
REVISÃO CRIMINAL. ILEGALIDADE. DESNECESSIDADE DE
INDICAÇÃO DA NOVIDADE, FINALIDADE OU IMPORTÂNCIA
DA PROVA QUE SE PRETENDE PRODUZIR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.
CONCESSÃO
DA ORDEM DE OFÍCIO.
1. No procedimento de justificação judicial não se exige que
a defesa explicite a novidade, a importância ou a finalidade
da prova que pretende produzir, exame que será realizado
quando da sua utilização em eventual ação revisional a ser
ajuizada. Precedentes.
2. Recurso ordinário não conhecido. Ordem concedida de ofício
para determinar o processamento da cautelar de justificação
ajuizada pela defesa.
(STJ, Quinta Turma, RHC 40832, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJ
de 10/04/2014)

58. Flagrante, portanto, a improcedência da decisão apelada.

IV – DO PEDIDO

59. Ante o exposto, requer seja a presente Apelação julgada


inteiramente procedente para reformar a decisão de primeiro grau que indeferiu
a Justificação Criminal, de modo a serem intimadas e ouvidas as 6 testemunhas
listadas na inicial daquela Ação.

60. Caso não se entenda ser a Apelação o recurso cabível contra o


decisium atacado, requer a presente peça seja recebida como Habeas Corpus,
de modo a corrigir o ato coator – decisão terminativa da Revisão Criminal,

15/16
concedendo-se, de ofício, a ordem para determinar o processamento da
justificação criminal objeto da presente medida.

P. deferimento.
Brasília, 17 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Francisco César Asfor Rocha


OAB/DF 21.932 OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima


Caio César Vieira Rocha OAB/CE 16.386
OAB/CE 15.095

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho


OAB/CE 8.502

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
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PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

Recebo a apelação de identificador 4058100.4090691 nos seus efeitos legais.

Vista ao Ministério Público Federal para contrarrazões.

Oportunamente, subam os autos ao egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Expediente de praxe.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
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PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

Recebo a apelação de identificador 4058100.4090691 nos seus efeitos legais.

Vista ao Ministério Público Federal para contrarrazões.

Oportunamente, subam os autos ao egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Expediente de praxe.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
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REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

Recebo a apelação de identificador 4058100.4090691 nos seus efeitos legais.

Vista ao Ministério Público Federal para contrarrazões.

Oportunamente, subam os autos ao egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Expediente de praxe.

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ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
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Recebo a apelação de identificador 4058100.4090691 nos seus efeitos legais.

Vista ao Ministério Público Federal para contrarrazões.

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Expediente de praxe.

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Recebo a apelação de identificador 4058100.4090691 nos seus efeitos legais.

Vista ao Ministério Público Federal para contrarrazões.

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Expediente de praxe.

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Identificador: 4058100.4098130
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PROCESSO Nº: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL
REQUERENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e outros
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outros
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

Recebo a apelação de identificador 4058100.4090691 nos seus efeitos legais.

Vista ao Ministério Público Federal para contrarrazões.

Oportunamente, subam os autos ao egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Expediente de praxe.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
18082017030333000000004103914
Data e hora da assinatura: 20/08/2018 17:03:03
Identificador: 4058100.4098132
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 22/08/2018 17:34, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Despacho registrado em 20/08/2018 17:02 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082017030072800000004103909 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 22/08/2018 17:34 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 22/08/2018 17:34:35
Identificador: 4058100.4113853

2/2
Ministério Público Federal
Procuradoria da República no Estado do Ceará

EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


ESTADO DO CEARÁ

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 28/08/2018 14:05. Para verificar a assinatura acesse
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100
APELANTES: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
GERALDO GADELHA FILHO
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 058C77CF.035D2B94.AE824B73.D13F622C


CONTRARRAZÕES
(MANIFESTAÇÃO 16322/2018)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por seu representante legal infra-


assinado, vem, tempestivamente, oferecer CONTRARRAZÕES ao recurso interposto por
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, contra a decisão terminativa proferida pelo Juízo da 11ª Vara, que indeferiu a Justificação
Criminal.

Cumpridas as formalidades legais, requer a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal


Regional Federal da 5ª Região.

Fortaleza, 24 de agosto de 2018.

MÁRCIO ANDRADE TORRES

Procurador da República

20180824-GAB-MAT-LRDC

1/10
Ministério Público Federal
Procuradoria da República no Estado do Ceará

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100
APELANTES: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 28/08/2018 14:05. Para verificar a assinatura acesse
GERALDO GADELHA FILHO
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

COLENDA TURMA,

EXCELENTÍSSIMOS SENHOR DOUTOR RELATOR,

E PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 058C77CF.035D2B94.AE824B73.D13F622C


O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República signatário,
com fundamento no artigo 600 do Código de Processo Penal, apresenta CONTRARRAZÕES DE
APELAÇÃO nos seguintes termos:

1. SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de Justificação Criminal proposta por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO
ALVES BEZERRA, com o objetivo de produção de prova testemunhal, a ser utilizada em posterior
Ação de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir a condenação criminal proferida nos autos da
Ação Penal de nº 0012628-43.2010.4.05.8100, posteriormente confirmada em grau de apelação pelo
Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Segundo os autores, foram denunciados e condenados inicialmente pela prática dos


crimes descritos nos arts. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e 27-C da Lei nº 6.385/1976. Inconformados,
apelaram da sentença, tendo a 3ª Turma do Tribunal Regional da 5ª Região dado parcial provimento ao
recurso para absolvê-los em relação ao crime previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/1976, subsistindo a
condenação pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986, às penas de 09 anos e 02
meses de reclusão para FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e 05 anos de reclusão para os
demais.

20180824-GAB-MAT-LRDC

2/10
Ministério Público Federal
Procuradoria da República no Estado do Ceará

O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESp 1449193/CE, em que foi relator o


Min. Felix Fischer, manteve a condenação tal qual decidido pelo TRF da 5ª Região, negando
provimento ao recurso e aos embargos de declaração interpostos. Ainda não houve, no entanto, o

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 28/08/2018 14:05. Para verificar a assinatura acesse
trânsito em julgado da referida decisão.

Para fundamentar a justificação, os autores alegaram que somente agora surgiu para a
defesa a oportunidade de arrolar testemunhas relevantes, motivo pelo qual requereram produzir prova
testemunhal a ser utilizada em futura Revisão Criminal.

No entanto, acompanhando parecer deste Ministério Público Federal (fls. 57-66), o


MM. Juiz da 11ª Vara Federal indeferiu o pedido, nos seguintes termos:

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 058C77CF.035D2B94.AE824B73.D13F622C


10. Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita como
procedimento preparatório de futura Revisão Criminal que, se for o caso,
corrigirá eventuais equívocos não percebidos na primeira, segunda e
terceira instância, apenas se ocorrerem qualquer das hipóteses previstas
no art. 621 do CPP. Assim, a via eleita não é prevista para a correção de
opções livremente eleitas pelos réus e seus defensores, não suportando o
papel de retificação de estratégias que eventualmente resultaram
imprecisas.
[…]
12- Nesse contexto e de acordo com a inicial, tem-se que a produção de
prova oral na justificação criminal somente se admite nos casos de os
depoimentos já colhidos serem falsos ou os novos depoimentos
representarem uma novidade não existente, disponível ou acessível à
época do processo, não sendo, qualquer dessas hipóteses, o caso dos
autos.
13- Na realidade, os requerentes, como se depreende de sua exposição na
peça exordial e na manifestação no identificador 4058100.3990410,
objetivam, de fato , refazer a instrução processual da ação penal
0012628-43.2010.4.05.8100, uma vez que naquela fase processual, há
muito encerrada, repise-se, apesar de terem tido todas as oportunidades
de alegarem e provarem tudo o que fosse atinente às suas defesas, nos
termos do art. 396-A do CPP e no decorrer da instrução criminal,
inclusive o afirmado objetivo das oitivas requeridas nestes autos, seja na
oportunidade da produção de prova oral (ocasião em que já poderiam ter
requerido o depoimento em juízo das mesmas pessoas que somente agora
elencam como testemunhas), seja com a oportuna apresentação de prova
documental, quedarem-se inertes, sendo também essa a opção da Defesa
dos réus ao os orientar a permanecerem calados e não responderem
perguntas que lhe são formuladas (cf. identificadores 4058100.3847182 e
4058100.3990410).
[…]

15- Diante do exposto, e não tendo os postulantes logrado demonstrar


que o desejado na presente Justificação está inserido em qualquer das
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hipóteses de cabimento da medida pleiteada (mormente depoimentos


anteriormente colhidos eivados de falsidade ou a aduzida necessidade da
oitiva das testemunhas não existentes, disponíveis ou acessíveis, o que
constituiria novidade), não podendo este procedimento ser usado para a

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reabertura da instrução criminal, nem para retificar eventuais opções ou
estratégias da defesa, INDEFIRO a Justificação criminal de que se
cuida.
(grifos nossos)

Irresignados com o decisum, os apelantes interpuseram recurso de apelação, conforme


fls. 162-191.

É o breve relato.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 058C77CF.035D2B94.AE824B73.D13F622C


Conforme restará demonstrado, as razões apresentadas pela defesa não trazem
elementos suficientes a ensejar a reforma da sentença impugnada.

2. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

Todos os pressupostos objetivos e subjetivos do apelo foram observados. O recurso é


tempestivo, bem como há adequação, motivação e regularidade procedimental (pressupostos objetivos).
Há, outrossim, interesse em recorrer e resta configurada a legitimidade (pressupostos subjetivos). Logo,
impõe-se o conhecimento do recurso.

3. DAS RAZÕES RECURSAIS

Argumentam os recorrentes, preliminarmente, a suposta usurpação de competência do


Tribunal Regional Federal da 5ª Região, pelo magistrado sentenciante, por adentrar nos pressupostos
processuais da revisão criminal. No mérito, aduzem ilegalidade decorrente do indeferimento da oitiva
de testemunhas sob o fundamento de que “revisão não se presta a corrigir falhas de estratégia da
defesa”, pois, no seu entender, “a ação revisional, que tem caráter rescisório, não se submete a limites
preclusivos, exatamente porque a defesa não é um direito renunciável, assim como as deficiências e

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vicissitudes processuais ocorridas quando da ação penal não podem retirar do condenado a chance
que possa ter de fazer a prova de sua inocência a qualquer momento”.

Contudo, tais argumentos não merecem acolhida.

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É bem verdade que a análise dos pressupostos para a Revisão Criminal é de
competência originária dos Tribunais de 2º grau (art. 624, inc. II, do CPP), descabendo ao magistrado a
quo avaliar o cumprimento dos requisitos legais (art. 621 do CPP) e das provas, ou ainda, adentrar
propriamente na apreciação de qualquer nulidade processual que possa ser aventada pela parte
interessada no Pedido Revisional.

Em primeiro lugar, a sentença condenatória ainda não transitou em julgado,

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estando o caso ainda pendente de possíveis embargos de embargos do Superior Tribunal de
Justiça ou até mesmo de recurso de cunho constitucional, perante o Supremo Tribunal Federal.

Em segundo lugar, cumpre lembrar que a revisão criminal é meio de impugnação da


sentença condenatória transitada em julgado de cunho excepcionalíssimo, apenas cabível nas seguintes
hipóteses:

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:


I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal
ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial
da pena.

Os apelados sustentam o cabimento da justificação criminal como ato processual


preparatório de futura revisão criminal a ser fundada em provas novas, quais sejam depoimentos dos
quais supostamente não puderam dispor no curso da ação penal.

Mas não é verdade!

Provas novas de inocência somente podem ser as descobertas ou disponíveis apenas


após a decisão final da causa e que guardam liame direto com a causa, no sentido do afastamento da
condenação. Ainda há de se exigir que no curso da ação penal não poderiam ser produzidas, porque
delas o acusado não poderia dispor no momento processual oportuno.

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Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento de novas testemunhas,


esquecidas pela defesa no momento processual oportuno, como já decidiu o STJ com apoio em
precedentes da própria Corte e do STF:

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE NOVAS
TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. SUMULA 568/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação criminal se
destina à obtenção de prova nova com a finalidade de subsidiar eventual
ajuizamento de revisão criminal, " 'não é a Justificação, para fins de Revisão
Criminal uma nova e simples ocasião para reinquirição de testemunhas
ouvidas no processo da condenação, ou para arrolamento de novas
testemunhas' (STF, HC 76.664, 1.ª Turma, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, DJ de

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11/09/1998) (RHC 36.511/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 15/10/2013, DJe 25/10/2013)." (AgRg no AREsp 753.137/SP, Rel.
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe
23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no Superior
Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver
entendimento dominante acerca do tema.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe 16/05/2016)

Mais precisa ainda é a decisão do Superior Tribunal de Justiça no RHC


69.390/SP, em que foi Relatora a Min. Maria Thereza de Assis Moura, que a um só tempo
impede a justificação como meio de reabertura, pura e simples, da instrução processual e,
ainda, entende pela inadmissibilidade quanto ainda não transitada em julgado a condenação:

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS.


JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO. PROVAS NOVAS.
INEXISTÊNCIA. ILEGALIDADE.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Dada ampla oportunidade à defesa para a realização da prova oral no curso
do processo penal de conhecimento, momento adequado para a cognição
exauriente do thema probandum, inviável em sede de justificação a reabertura
da instrução criminal, máxime quando não demonstrada claramente que a
prova que se pretende produzir seja dotada da característica da novidade.
2. Além disso, o processo não havia alcançado termo quando do pedido de
justificação, ou seja, ainda não havia trânsito em julgado, o que mostra
desarrazoada a pretensão de produzir concomitantemente prova relativa à
mesma ação penal com vistas a futura revisão criminal.
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3. Recurso a que se nega provimento.


(RHC 69.390/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 16/05/2016)

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A argumentação levada a efeito pelos autores não elide a compreensão de que os
depoimentos que pretende produzir não podem ser considerados “prova nova”, uma vez que nada
impediria que, no curso da ação penal, tivessem arrolado as testemunhas que agora pretendem inquirir,
para forçar o reexame da condenação, ou que tais depoimentos tenham o efeito pretendido de afastar a
justa causa para a condenação.

Na realidade, como bem reconhecido na irretocável sentença, os requerentes, no


decorrer da instrução criminal da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, deixaram de arrolar

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testemunhas e optaram pelo silêncio quando convocados a falar em juízo. Referida instrução foi
acompanhada por defensor constituído regularmente, não havendo que se falar em ausência ou
insuficiência de defesa técnica.

Agora insistem em ouvir seis testemunhas, sob pretensa e dissociada alegação de que
elas não teriam sido arroladas porque a denúncia da ação penal originária trazia acusação diversa
daquela utilizada para condená-los.

Sobre o assunto, esclareço que na ação penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, na


denúncia foi atribuído aos acusados o cometimento do crime descrito no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86.
Embora na primeira instância tenha ocorrido condenação de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e de JERÔNIMO
ALVES BEZERRA nas penas do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 c/c o art. 27-C da Lei nº 6.385 c/c o art.
71 do Código Penal (crime continuado), conforme a sentença SEN.0011.000172-0/2012 (cuja cópia é
vista nos identificadores 4058100.3847208, 4058100.3847210, 4058100.3847253 e 4058100.3847256),
na segunda instância foi aquele julgamento parcialmente reformado, com a condenação dos apontados
réus nas penas do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, em continuidade delitiva (cf. Apelação Criminal ACR
nº 9363-CE, identificadores 4058100.3847264 e 4058100.3847266), ou seja, na mesma figura típica
constante da denúncia, tendo sido mantida essa condenação pelo Superior Tribunal de Justiça, ao negar
provimento ao Recurso Especial REsp nº 1.449.193-CE e aos Embargos de Declaração interpostos pela
defesa (cf. identificador 4058100.3847268).

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Assim, a mera insatisfação dos recorrentes com o resultado do processo não autoriza o
pedido cautelar de refazimento de prova que entenderam não efetivada da forma devida, no processo de
conhecimento!

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Como bem assentou o MM. Juiz, “a via eleita não é prevista para a correção de
opções livremente eleitas pelos réus e seus defensores, não suportando o papel de retificação de
estratégias que eventualmente resultaram imprecisas”. E ainda: “não pode este procedimento ser
usado para a reabertura da instrução criminal, nem para retificar eventuais opções ou estratégias da
defesa”.

Afirmam ainda os apelantes que “não se pode tolher dos Requerentes a sua própria

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esperança, retirando deles a singela possibilidade de colher prova”, pois, no ordenamento jurídico
brasileiro, “em que as partes dependem do paternalismo judicial para ouvir uma testemunha, é preciso
que esse direito seja resguardado, ainda para que mostrem o seu resultado para seus filhos e netos
quando estes perguntarem porque o seu avô foi preso”.

Ocorre que o direito à defesa no processo penal (assim como qualquer outro direito) não
é absoluto, não obstante tratar-se de direito constitucionalmente previsto. Ao referir-se à ampla defesa,
pretende a Constituição consagrar a garantia da defesa pertinente, necessária e adequada, já que o
abuso de direito é vedado pelo sistema jurídico.

É inaceitável que os réus, após praticamente esgotar todas as instâncias em que


poderiam ter debatido as acusações utilizando-se de diversos tipos de provas, venham, tão somente
porque finalmente sujeitos a possível encarceramento, rediscutir todos os fatos já exaustivamente
apurados.

Ademais, do ponto de vista finalistico, ainda que admitida a produção de prova


testemunhal pleiteada na justificação, de nada valeria para desconstituir o crime pelo qual foram
condenados, pois o delito do art. 7º, inc. IV, da Lei nº 7.492/86 é nitidamente formal ou de mera
conduta, bastando para a sua configuração a negociação, ou seja, o ajuste de compra e venda de valores
mobiliários, sem a autorização da autoridade competente, no caso a Comissão de Valores Mobiliários.

Outro não é o entendimento do TRF da 3ª Região – em relação aos crimes que afetam o
funcionamento do mercado mobiliário, não se faz necessária a demonstração de efetivo prejuízo:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. NULIDADE. SENTENÇA. FALTA DE


FUNDAMENTAÇÃO. PREJUÍZO. EXIGIBILIDADE. MANIPULAÇÃO DO
MERCADO DE CAPITAIS. ART. 27-C DA LEI N. 6.385/76. CRIME
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FORMAL. CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA. APELAÇÕES


PARCIALMENTE PROVIDAS.
...
2. O delito de manipulação do mercado de capitais é de natureza formal, não

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exigindo, para sua consumação, resultado naturalístico. A consumação dá-se
com a realização das operações simuladas ou a execução de outras
manobras fraudulentas, independentemente do efetivo alcance da finalidade
de alteração do funcionamento do mercado de capitais, ou, ainda, da
obtenção de vantagem ou lucro ou da causação de prejuízo a outrem.
(ACR 00061937820094036181, DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ
NEKATSCHALOW, TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1
DATA:10/02/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

Especificamente quanto ao crime do inciso IV, o TRF da 2ª Região decidiu que o

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delito consuma-se “com a simples ação de emitir, oferecer, ou negociar de qualquer modo, títulos e
valores mobiliários sem autorização prévia da autoridade competente quando legalmente exigida,
independentemente do resultado” (TRF2, AC 1.918, 2ª Turma, DJ de 21.10.99). O TRF da 5ª Região,
em recente julgado relatado pelo Des. Rubens Canuto, apontou para o mesmo entendimento quanto ao
crime do art. 19 da Lei 7492/86, tipo muito semelhante ao do estelionato, que cuida de fraude na
obtenção de financiamento perante instituição financeira e em tese, reclamaria resultado finalístico:

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O SISTEMA


FINANCEIRO NACIONAL. ART. 19, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI
7.492/86. FRAUDE PARA OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OFICIAL. TIPICIDADE DA CONDUTA.
CONFIGURAÇÃO. "BAGATELA IMPRÓPRIA". NÃO OCORRÊNCIA.
DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. REDUÇÃO.
…………….
O tipo penal do artigo 19 da Lei 7.492/86 se consuma independente do
prejuízo financeiro que possa ser causado, pois se trata de crime formal, já
que o dispositivo legal tem por finalidade proteger as instituições financeiras
e sua credibilidade. - O bem jurídico tutelado pelo artigo 19 da Lei nº
7.492/86 não se traduz em determinado valor econômico, mas, sim, em um
perigo abstrato que coloca em risco a credibilidade das instituições
financeiras, ferindo o principio da boa-fé. Dessa forma, existe necessidade da
aplicação da pena com o escopo de dissuadir práticas delitivas semelhantes.
(ACR 00050832320134058000, Desembargador Federal Rubens de
Mendonça Canuto, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::18/12/2017 -
Página::164.)

Nessas condições, salta aos olhos que a prova pretendida é imprestável para
alcançar o resultado revisional, pois insusceptível de alterar a conclusão a que se chegou com a
20180824-GAB-MAT-LRDC

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ação penal quase finda, dada a prescindibilidade de demonstração de resultado lesivo ao


Sistema Financeiro para a concreção do tipo do art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86.

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4. CONCLUSÃO

Assim, requer o MPF o NÃO PROVIMENTO DA APELAÇÃO, a fim de negar


processamento à justificação criminal, em razão dos seguintes fundamentos: a) não ter havido ainda o
trânsito em julgado da sentença condenatória; b) não constituirem os depoimentos pretendidos em
prova nova; c) ser visualizada a imprestabilidade da prova pretendida para o fim almejado na futura

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ação revisional, já que a condenação se deu por crime formal.

Fortaleza, 24 de agosto de 2018.

MÁRCIO ANDRADE TORRES

Procurador da República

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Assinado20180824-GAB-MAT-LRDC
eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18082814054918500000004148903
Data e hora da assinatura: 28/08/2018 14:05:29
Identificador: 4058100.4143061
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11° VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

CERTIDÃO

Certifico que, em 29/08/2018, o processo supracitado foi remetido ao TRF da 5ª Região com as seguintes
informações de autuação:

Classe Judicial
APELAÇÃO

Assuntos
DIREITO PENAL|Crimes Previstos na Legislação Extravagante|Crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional|

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES BEZERRA APELANTE MINISTÉRIO PÚBLICO
APELADO
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL
APELANTE
QUEIROS
GERALDO DE LIMA
APELANTE
GADELHA FILHO
IELTON BARRETO DE
APELANTE
OLIVEIRA

Outros participantes
Marcelo Leal de Lima Oliveira ADVOGADO
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima Oliveira ADVOGADO

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 29/08/2018 16:52:35
Identificador: 4058100.4152650

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 29/08/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 20/08/2018 17:02 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo

1/2
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082017025808900000004103907 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 30/08/2018 00:02 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 30/08/2018 00:02:21
Identificador: 4058100.4154303

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 29/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) JERONIMO ALVES BEZERRA foi intimado(a)
acerca de Despacho registrado em 20/08/2018 17:02 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082017025936500000004103908 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 30/08/2018 00:02 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 30/08/2018 00:02:22
Identificador: 4058100.4154304

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 29/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
acerca de Despacho registrado em 20/08/2018 17:02 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1/2
1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082017030333000000004103914 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 30/08/2018 00:03 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 30/08/2018 00:03:02
Identificador: 4058100.4154383

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
11º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0809311-23.2018.4.05.8100 - JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL

Polo ativo Polo passivo


JERONIMO ALVES MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERENTE REQUERIDO
BEZERRA FEDERAL
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
REQUERENTE
QUEIROS
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
IELTON BARRETO DE
REQUERENTE
OLIVEIRA
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
GERALDO DE LIMA
REQUERENTE
GADELHA FILHO
ANTONIO EDUARDO DE
ADVOGADO
LIMA MACHADO FERRI
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 29/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO foi
intimado(a) acerca de Despacho registrado em 20/08/2018 17:02 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

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1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082017030192800000004103911 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 30/08/2018 00:03 - Seção Judiciária do Ceará.

Processo: 0809311-23.2018.4.05.8100
Data e hora da inclusão: 30/08/2018 00:03:03
Identificador: 4058100.4154384

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