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ietn%C3%A3

Guerra do Vietnã
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Guerra do Vietnã

Parte da Guerras na Indochina e da Guerra Fria

Da esquerda para a direita e de cima para


baixo: Ofensiva do Tet; Fuzileiros embarcam nos helicópteros Huey na frente
de combate; Massacre de civis em My Lai; Soldados
incendeiam vilarejo vietnamita.

Data 1 de novembro de 1955 – 30 de abril de 1975

Local Vietnã do Sul, Vietnã do


Norte, Camboja, Laos, Mar da China
Meridional e Golfo da Tailândia

Desfecho Vitória do Vietnã do Norte

 Retirada das forças lideradas


pelos Estados Unidos da Indochina
 Dissolução do Vietnã do Sul, com a
reunificação do país sob o
regime comunista
 Ascensão do comunismo no Cambojae
no Laos
Beligerantes
Vietnã do Sul Vietnã do Norte
Estados Unidos Viet Cong
República Khmer Khmer Vermelho
Reino do Laos Pathet Lao
Coreia do Sul China
Austrália Coreia do Norte
Nova Zelândia
Filipinas
Tailândia
Apoio:
Apoio: União Soviética
Taiwan Cuba
Espanha[1][2] Tchecoslovaquia
Alemanha Ocidental Polônia
Canadá Hungria
Japão Alemanha Oriental
Irã Bulgária
Malásia

Comandantes
Nguyen Van Thieu Le Duc Tho
Ngo Dinh Diem Ho Chi Minh
Nguyen Cao Ky Vo Nguyen Giap
Ngo Quang Truong Lê Duẩn
Lam Quang Thi Tran Van Tra
John Kennedy Hoang Van Thai
Lyndon Johnson Nguyen Van Linh
Richard Nixon Nguyen Huu Tho
Gerald Ford Leonid Brejnev
Robert McNamara Mao Tse-Tung
William
Westmoreland
Creighton Abrams
Park Chung-hee
Chae Myung-shin
Thanom Kittikachorn

Forças
~ 1 420 000 (1968) ~ 860 000 (1967)
Vietnã do Sul: 850 000 Vietnã do Norte: 690 000
Estados Unidos: 536 100 (janeiro de 1967, incluindo
(1969) exército e Viet congs)
Coreia do Sul: 50 000 China: 170 000 (1969)
Nova Zelândia: 552 União Soviética: 3 000
Tailândia e Filipinas: Coreia do Norte: 300 - 600
10 450
Austrália: 7 672

Baixas
Militares: Militares:
220 357 - 316 000 1 176 000 mortos
mortos e 1 170 000 feridos ou desaparecidos e
58 220 mortos, 1 687 600 000+ feridos
desaparecidos e 303 635 1 446 mortos e 4 200
feridos feridos
5 099 mortos, 4 16 mortos
desaparecidos e 10 962 Civis:
feridos 627 000 –
521 mortos e 3 000 2 000 000 milhões (Civis
feridos mortos no Vietnã tem fontes diversas e
díspares)
37 mortos e 187
feridos 200 000 - 300 000*
20 000 - 200 000*
*=nºaproximado

A Guerra do Vietnã (português brasileiro) ou Guerra do Vietname (português europeu),


(em Vietnamita: Chiến tranh Việt Nam; em inglês: Vietnam War), também conhecido
como Segunda Guerra da Indochina,[3] chamada no Vietnã de Guerra de Resistência
contra a América (em vietnamita: Kháng chiến chống Mỹ) ou simplesmente Guerra
Americana, foi um grande conflito armado que aconteceu no Vietnã, Laos e Camboja de 1
de novembro de 1955 até a queda de Saigon em 30 de abril de 1975. Foi a segunda
das Guerras da Indochina e foi oficialmente travada entre o Vietnã do Norte e o governo
do Vietnã do Sul. O exército norte-vietnamita era apoiado pela União Soviética, China e
outros aliados comunistas, enquanto os sul-vietnamitas eram apoiados pelos Estados
Unidos, Coreia do Sul, Austrália, Tailândia, e outras nações anti-
comunistas pelo Mundo.[4] Neste cenário, o conflito no Vietnã é descrito como uma guerra
por procuração no auge da Guerra Fria.[5]
Os Viet Cong (também conhecidos como Frente Nacional de Libertação, ou FNL), uma
organização comunista apoiada pelo Norte, travavam uma guerrilha contra o governo
do Sul e outras forças anti-comunistas da região, enquanto o exército norte-vietnamita
(conhecido também pela sigla em inglês NVA) travava uma luta mais convencional,
ocasionalmente travando grandes batalhas tradicionais. Conforme a guerra progredia, as
ações militares dos guerrilheiros Viet Congs foram perdendo força, enquanto as tropas do
NVA se engajavam mais. Os exércitos dos Estados Unidos e do Vietnã do Sul tinham,
notavelmente, maior poder de fogo, apoiados principalmente por sua supremacia aérea e
tecnológica, contando com operações de procurar e destruir (search and destroy),
envolvendo maciças unidades terrestres, de artilharia e avassaladores ataques aéreos. No
curso da guerra, os Estados Unidos conduziram sistemáticas campanhas de bombardeio
estratégico contra cidades do Vietnã do Norte, causando enorme devastação.
O governo do Vietnã do Norte e os Viet Congs estavam lutando para unificar o país. Eles
viam o conflito como parte de uma guerra colonial e uma continuação direta da Primeira
Guerra da Indochina, contra as forças da França e depois dos Estados Unidos. Já
o governo americano lutava para evitar que o Vietnã do Sul se tornasse mais uma nação
comunista. Isso fazia parte da chamada teoria do dominó e da mais abrangente política de
contenção, com o objetivo final de deter o comunismo pelo mundo.[6]
No começo da década de 1950, conselheiros militares americanos foram enviados para a
então Indochina Francesa.[7] O envolvimento dos Estados Unidos nos conflitos da região
aumentou nos anos 60, com o número de tropas estacionadas no Vietnã triplicando de
tamanho em 1961 e de novo em 1962.[8] Após o Incidente do Golfo de Tonkin, em 1964,
onde um contratorpedeiro americano foi supostamente atacado por embarcações norte-
vietnamitas, o Congresso dos Estados Unidosaprovou uma resolução que deu autorização
ao presidente americano para aumentar a presença militar do país no Vietnã e escalar o
conflito. Unidades de combate americanas começaram a chegar em peso no país em
1965. A guerra rapidamente se expandiu, atingindo o Laos e o Camboja, que passaram a
ser intensamente bombardeados pela força aérea dos Estados Unidos a partir de 1968, o
mesmo ano que os comunistas lançaram a grande Ofensiva do Tet. Esta ofensiva falhou
no seu objetivo de derrubar o governo sul-vietnamita e iniciar uma revolução socialista por
lá, mas é considerado o ponto de virada da guerra, já que a população americana passou
a questionar se uma vitória militar seria possível, com o inimigo capaz de lançar grandes
ataques mesmo após anos de derramamento de sangue. Havia uma grande disparidade
entre o que a imprensa americana e o governo falavam, com os dados apresentados por
ambos geralmente contrastando. Nos Estados Unidos e no Ocidente, a partir do final dos
anos 60, começou um forte sentimento de oposição a guerra como parte de um grande
movimento de contracultura. A guerra mudou a dinâmica das relações entre os
blocos Leste e Oeste, também alterando as divisões norte-sul do mundo.[9]
A partir de 1969, os Estados Unidos começaram o processo de "Vietnamização", que
visava melhorar a capacidade militar do Vietnã do Sul de lutar a guerra por si só, sem
apoio externo. Os americanos esperavam assim poder reduzir sua participação no conflito
sem ter que comprometer o objetivo estratégico máximo de impedir a expansão do
comunismo na região, transferindo a responsabilidade de lutar para os próprios sul-
vietnamitas. Assim, no começo dos anos 70, os Estados Unidos começaram a retirar suas
tropas do Vietnã. O que se seguiu, em janeiro de 1973, foi assinatura do Acordos de Paz
de Paris, porém isso não significou o fim das hostilidades.
Envolvimento militar americano direto na Guerra do Vietnã foi encerrado formalmente em
15 de agosto de 1973. Não demorou muito tempo e na primavera de 1975, os norte-
vietnamitas iniciaram uma grande ofensiva para anexar o Sul de uma vez por todas. Em
abril de 1975, Saigon foi conquistada pelos comunistas, marcando o fim da guerra, com o
Norte e o Sul do Vietnã sendo formalmente unificados no ano seguinte. O custo em vidas
da guerra foi extremamente alto. O total de vietnamitas mortos, civis ou militares, varia de
966 000[10] a 3,8 milhões. Entre 240 000 e 300 000 cambojanos,[11][12] e 20 000 a 62
000 laocianos perderam a vida também. Já os americanos estimam suas perdas em 58
000 soldados mortos, mais de 300 mil feridos e 1 626 ainda desaparecidos em 1975. Para
os Estados Unidos, a Guerra do Vietnã resultou numa das maiores confrontações armadas
em que o país já se viu envolvido, e a derrota provocou a "Síndrome do Vietnã" em
seus cidadãos e sua sociedade, causando profundos reflexos na sua cultura, na indústria
cinematográfica e grande mudança na sua política exterior, até a eleição de Ronald
Reagan, em 1980.[13]

Índice

 1Nomes para a guerra


 2Antecedentes de 1949
 3Saída francesa (1950-54)
 4Período de transição
 5Era de Diệm (1955-1963)
o 5.1Insurgência no Sul (1956-1960)
o 5.2Envolvimento do Vietnã do Norte
o 5.3Viet Cong
 6Escalada de Kennedy (1961-1963)
o 6.1Golpes de estado e assassinatos
 7Escalada de Johnson (1963-1969)
o 7.1Incidente do Golfo de Tonkin
o 7.2Escalada e guerra no solo
o 7.3A Ofensiva de 1964
o 7.4Ofensiva do Tet
 8Doutrina Nixon e Vietnamização (1969–1972)
o 8.1Ameaças nucleares e diplomacia
 9Retirada das tropas e do auxílio material dos Estados Unidos (1973–1975)
 10A Queda de Saigon
 11Legado
o 11.1Efeitos no Sudeste Asiático
o 11.2Efeitos nos Estados Unidos
o 11.3Efeitos na China
 12A reação contra a guerra e a contra-cultura
 13Equipamentos
 14Vítimas
 15Forças envolvidas
 16Armas químicas
 17Memoriais
 18Notas
 19Referências
 20Bibliografia
o 20.1Fontes secundárias
o 20.2Fontes Primárias
o 20.3Histografia

Nomes para a guerra[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Terminologia da Guerra do Vietnã
Vários nomes foram aplicados ao conflito. Guerra do Vietnã é o nome mais comumente
usado. Também tem sido chamado de Segunda Guerra da Indochina[14] e Conflito do
Vietnã.
Como houve vários conflitos na Indochina, este conflito particular é conhecido pelos nomes
de seus principais protagonistas para distingui-lo dos outros.[15] Em vietnamita, a guerra é
geralmente conhecida como Kháng chiến chống Mỹ (Guerra de Resistência Contra a
América), mas menos formalmente como 'Cuộc chiến tranh Mỹ' (A Guerra Americana). É
também chamado de Chiến tranh Việt Nam (A Guerra do Vietnã).[16]
As principais organizações militares envolvidas na guerra foram, de um lado, o Exército da
República do Vietnã (ARVN) e as Forças Armadas dos EUA, e, por outro lado, o Exército
Popular do Vietnã (PAVN) (mais comumente chamado de Exército do Vietnã do Norte), e a
Frente Nacional para a Libertação do Vietnã do Sul (FNL mais conhecido como Viet
Cong em fontes da língua inglesa), uma força de guerrilha comunista do Vietnã do Sul.[17]

Antecedentes de 1949[editar | editar código-fonte]


Ver artigos principais: História do Vietnã, Guerra da Cochinchina, Việt Nam Quốc Dân
Đảng, Primeira Guerra da Indochina e Operação Passagem para a Liberdade
França começou sua conquista da Indochina no final da década de 1850, e completou a
pacificação em 1893.[18][19][20] O Tratado de Huế de 1884 constituiu a base para o domínio
colonial francês no Vietnã durante as próximas sete décadas. Apesar da resistência militar,
a mais notável pelo Cần Vương de Phan Đình Phùng, em 1888 a área das nações atuais
do Cambodja e do Vietnam foi feita na colônia da Indochina francesa (Laos foi adicionado
mais tarde à colônia).[21] Vários movimentos de oposição vietnamita à dominação francesa
existiram durante este período, tais como o Việt Nam Quốc Dân Đảng que organizou o
fracassado motim Yên Bái em 1930, mas nenhum foi finalmente tão bem sucedido quanto
a frente comum Viet Minh, que foi fundada em 1941, controlada pelo Partido Comunista
Indochino, e financiado pelos EUA e pelo Partido Nacionalista Chinês na sua luta contra a
ocupação imperial japonesa.[22]
Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, os franceses foram derrotados pelos
alemães. O Estado francês (vulgarmente conhecido como França de Vichy) foi
estabelecido como um estado fantoche da Alemanha nazista. As autoridades coloniais
francesas, na Indochina Francesa, se aliaram ao regime de Vichy. Em setembro de 1940,
o Japão invadiu a Indochina. Após a cessação dos combates e o início da ocupação
imperial japonesa, as autoridades coloniais francesas colaboraram com os japoneses. Os
franceses continuavam a dirigir negócios na Indochina, mas o poder supremo residia nas
mãos dos japoneses imperiais.[22]
O Viet Minh foi fundado como uma liga para independência da França, mas também se
opôs à ocupação japonesa em 1945 pela mesma razão. Os Estados Unidos e o Partido
Nacionalista Chinês apoiaram-nos na luta contra os japoneses imperiais.[23] No entanto,
eles não tinham poder suficiente para lutar verdadeiras batalhas no início. O líder Viet
Minh Ho Chi Minh foi suspeito de ser comunista e preso por um ano pelo Partido
Nacionalista Chinês.[24]
Ocupação dupla pela França e pelo Japão continuou até que as forças alemãs foram
expulsas da França e as autoridades coloniais da Indochina francesa começaram a manter
conversas secretas com a França Livre. Temendo que não pudessem mais confiar nas
autoridades francesas, o exército imperial japonês expulsou as autoridades e tropas
francesas em 9 de março de 1945.[25] e criou o estado fantoche do império do Vietnam,
sob Bảo Đại como alternativa.
Durante 1944–1945, uma profunda fome atingiu o norte do Vietnã devido a uma
combinação de mau tempo e exploração Francesa/Japonesa (a Indochina Francesa teve
de fornecer grãos para o Japão).[26] Entre 400.000 e 2 milhões de pessoas morreram de
fome (de uma população de 10 milhões na área afetada).[27] Explorando a lacuna
administrativa[28] que o internamento dos franceses havia criado, o Viet Minh em março de
1945 exortou a população a saquear armazéns de arroz e se recusarem a pagar seus
impostos.[29] Entre 75 e 100 armazéns foram atacados.[30] Esta rebelião contra os efeitos
da fome e as autoridades que foram parcialmente responsáveis por ele reforçou a
popularidade do Viet Minh e eles recrutaram muitos membros durante este período.[28]
Em 22 de agosto de 1945, após a rendição imperial japonesa, os agentes da OSS
Arquimedes Patti e Carleton B. Swift Jr. chegaram a Hanói em uma missão de misericórdia
para libertar aliados que estão como prisioneiros de guerra e foram acompanhados por
Jean Sainteny, um funcionário do governo francês.[31] As forças japonesas renderam-se
informalmente (a rendição oficial ocorreu em 2 de setembro de 1945 na Baía de Tóquio),
mas sendo a única força capaz de manter a lei e ordem os militares imperiais japoneses
permaneceram no poder enquanto mantinham as tropas francesas e Sainteny detidos.[32]
Durante o mês de agosto, as forças imperiais japonesas permaneceram inativas quando o
Viet Minh e outros grupos nacionalistas assumiram os edifícios públicos e as armas, ao
qual iniciaram a Revolução de Agosto. Oficiais do OSS reuniram-se repetidamente com Ho
Chi Minh e outros oficiais Viet Minh durante este período[33] e em 2 de setembro de 1945
Ho Chi Minh declarou a independência da República Democrática do Vietnã diante de uma
multidão de 500.000 em Hanói.[30] Em uma abertura aos americanos, ele começou seu
discurso parafraseando a Declaração de Independência dos Estados Unidos: "Todos os
homens são criados iguais, o Criador nos deu certos Direitos invioláveis: o direito à Vida, o
direito de ser Livre e o direito para alcançar a Felicidade".[30]
Um oficial naval imperial japonês entrega sua espada a um tenente britânico em Saigon
em 13 setembro 1945.

O Viet Minh assumiu o poder no Vietnã na Revolução de Agosto.[30] O Viet Minh,


minimizando sua agenda comunista e enfatizando o nacionalismo, gozava de grande apoio
popular (a independência vietnamita era popular na época),[34] O Viet Minh, minimizando
sua agenda comunista e enfatizando o nacionalismo, gozava de grande apoio popular
(Independência vietnamita era popular na época),[34] embora Arthur J. Dommen advogue
contra uma "visão romantizada" de seu sucesso: "O uso do terror pelo Viet Minh foi
sistemático... o partido tinha elaborado uma lista dos que devem ser liquidados sem
demora".[35] Depois da derrota na guerra, o Exército Imperial Japonês (em inglês; IJA) deu
armas aos vietnamitas, e manteve os oficiais e oficiais militares franceses de Vichy presos
por um mês após a rendição. O Viet Minh recrutou mais de 600 soldados imperiais
japoneses e lhes deu funções para treinar ou comandar soldados vietnamitas.[36][37]
No entanto, os principais vencedores aliados da Segunda Guerra Mundial, Reino Unido,
Estados Unidos e União Soviética concordaram que a área pertencia aos
franceses.[30] Como os franceses não tinham meios para retomar imediatamente o Vietnã,
as grandes potências chegaram a um acordo de que as tropas britânicas ocupariam o sul
enquanto as forças nacionalistas chinesas se deslocariam para o norte.[30] As forças
nacionalistas chinesas entraram no país para desarmar as tropas imperiais japonesas ao
norte do paralelo 16 em 14 de setembro de 1945.[38] Quando os britânicos desembarcaram
no sul, eles rearmaram as forças internas francesas, bem como partes das forças
japonesas para ajudá-los a retomar o sul do Vietnã, já que não tinham tropas suficientes
para fazer isso sozinhas.[30]
Por insistência da União Soviética, Ho Chi Minh tentou inicialmente negociar com os
franceses, que estavam lentamente restabelecendo seu controle através da área.[39] Em
janeiro de 1946, o Viet Minh ganhou eleições no centro e norte do Vietnã.[40] Em 6 de
março de 1946, Ho assinou um acordo que permitia às forças francesas substituir as
forças nacionalistas chinesas, em troca do reconhecimento francês da República
Democrática do Vietnã como uma república "livre" dentro da União francesa, com as
especificidades de tal reconhecimento a ser determinado por negociação futura.[41][42][43] Os
franceses desembarcaram em Hanói em março de 1946 e em novembro daquele ano
expulsaram o Viet Minh da cidade.[39] Forças britânicas partiram em 26 de março de 1946,
deixando o Vietnã nas mãos dos franceses.[44] Pouco tempo depois, o Viet Minh iniciou
uma guerra de guerrilha contra as forças da União Francesa, iniciando a Primeira Guerra
da Indochina.
A guerra se espalhou para Laos e Camboja, onde os comunistas organizaram o Pathet
Lao e o Khmer Serei, ambos os quais foram inspirados no Viet Minh.[45] Globalmente, a
Guerra Fria começou seriamente, o que significou que a aproximação que existiu entre as
potências ocidentais e a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial se
desintegrou. A luta Viet Minh foi dificultada pela falta de armas; Esta situação mudou em
1949 quando os comunistas chineses ganharam em grande parte a Guerra Civil Chinesa e
estavam livres para fornecer armas a seus aliados vietnamitas.[45]

Saída francesa (1950-54)[editar | editar código-fonte]


Ver também: Primeira Guerra da Indochina
Em janeiro de 1950, a República Popular da China e a União Soviética reconheceram
a República Democrática do Vietnam, com sede em Hanói, como o governo legítimo do
Vietnã. No mês seguinte, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha reconheceram o Estado do
Vietnã apoiado pelos franceses em Saigon, liderado pelo ex-Imperador Bảo Đại, como o
legítimo governo vietnamita.[46][47] O surto da Guerra da Coreia, em junho de 1950,
convenceu muitos políticos de Washington de que a guerra na Indochina era um exemplo
de expansionismo comunista dirigido pela União Soviética.[48] Washington, parecendo
desconhecer a longa antipatia histórica entre o Vietnam e a China, temia que Hanói fosse
um peão chinês e, por extensão, da União Soviética, o que era considerado impensável
por analistas conhecedores da história da Indochina e seus vizinhos asiáticos. De qualquer
maneira, o apoio chinês era muito importante para o sucesso do Viet Minh e os chineses
deram grande apoio material e logístico aos comunistas vietnamitas durante a guerra.

Soldados franceses combatem uma emboscada Viet Minh em 1952.

Os assessores militares da República Popular da China (RPC) começaram a ajudar o Viet


Minh em julho de 1950.[49] Armas da RPC, especialização, e trabalhadores transformaram
o Viet Minh de uma força de guerrilha em um exército regular.[50] Em setembro de 1950, os
Estados Unidos criaram um Grupo de Assistência e Assessoria Militar (MAAG) para
examinar os pedidos de ajuda dos franceses, aconselhar sobre estratégia e treinar
soldados vietnamitas.[51] Em 1954, os Estados Unidos forneceram 300 mil armas pequenas
e gastaram US$ 1 bilhão em apoio ao esforço militar francês, suportando 80% do custo da
guerra.[52] Por outro lado, o Viet Minh recebia apoio crucial de soviéticos e chineses, estes
enviando equipamentos pela fronteira dos dois países, graças a um acordo entre os dois
governos.
Houve também conversas entre os franceses e os norte-americanos em que se considerou
o possível uso de três armas nucleares táticas, embora relatos de quão seriamente este
assunto era considerado e quão ainda são vagos e contraditórios.[53][54] Uma versão do
plano para a Operação Abutre previu o envio de bases americanas 60 B-29 na região,
apoiado por até 150 combatentes lançados dos Estados Unidos da Sétima Frota, para
bombardear as posições do comandante para bombardear posições do comandante Võ
Nguyên Giáp do Viet Minh. O plano incluía uma opção para usar até três armas atômicas
nas posições do Viet Minh. Almirante Arthur W. Radford, Presidente do Estado-Maior
Conjunto dos Chefes de Estado-Maior dos Estados Unidos, deu a esta opção nuclear seu
apoio. Os B-29, B-36 e B-47 dos Estados Unidos poderiam ter executado um ataque
nuclear, assim como as aeronaves da Sétima Frota.[55]
Estados Unidos transportaram para o Golfo de Tonkin, e voos de reconhecimento
sobre Điện Biên Phủ foram conduzidos durante as negociações. De acordo com o vice-
presidente norte-americano Richard Nixon, o plano envolveu os Chefes de Estado Maior
Conjunto que elaboram planos para usar três pequenas armas nucleares táticas em apoio
aos franceses.[56] Nixon, chamado de "falcão" no Vietnã, sugeriu que os Estados Unidos
poderiam ter que "colocar garotos americanos".[57] O presidente dos EUA Dwight D.
Eisenhower tornou a participação americana dependente do apoio britânico, mas eles se
opuseram a tal empreendimento. No final, convencido de que os riscos políticos
ultrapassavam os possíveis benefícios, Eisenhower decidiu contra a intervenção.
Eisenhower era um general de cinco estrelas. Ele estava preocupado em envolver os
Estados Unidos numa guerra terrestre na Ásia.[58]
O Viet Minh recebeu apoio crucial da União Soviética e da RPC. O apoio da RPC na
Campanha da Fronteira de 1950 permitiu que os fornecimentos viessem da RPC para o
Vietnã. Durante todo o conflito, as estimativas de inteligência dos EUA permaneceram
céticas em relação às chances francesas de sucesso.[59]
A Batalha de Dien Bien Phu, marcou o fim do envolvimento francês na Indochina. O Viet
Minh e seu comandante, Vo Nguyen Giap, impuseram aos franceses uma grande derrota
militar, e em 7 de maio de 1954, com a guarnição da União Francesa se rendeu.
Em Genebra, a França negociou um acordo de cessar fogo com os vietnamitas e a
independência foi garantida ao Laos, ao Camboja e ao Vietnã. Mais de 400 mil soldados e
civis morreram durante o conflito de nove anos.

Período de transição[editar | editar código-fonte]


Ver artigos principais: Conferência de Genebra (1954), Operação Passagem para a
Liberdade, Batalha de Saigon (1955) e Ba Cụt

A Conferência de Genebra, 1954

Na conferência de paz de Genebra em 1954, o Vietnã foi temporariamente


dividido no paralelo 17. Ho Chi Minh desejava continuar a guerra no sul, mas foi contido
por seus aliados chineses que o convenceram de que ele poderia ganhar o controle por
meios eleitorais.[60][61] Nos termos dos Acordos de Genebra, os civis teriam a oportunidade
de circular livremente entre os dois estados provisórios por um período de 300 dias.
Eleições em todo o país deveriam ser realizadas em 1956 para estabelecer um governo
unificado.[62] Cerca de um milhão de habitantes do norte, principalmente católicos
minoritários, fugiram para o sul, temendo perseguições pelos comunistas[63] depois de uma
campanha de propaganda americana usando slogans como "A Virgem Maria está indo
para o sul",[64] e ajudado por um fundo de US$ 93 milhões de um programa de relocação,
que incluiu o uso da Sétima Frota para transportar refugiados.[65] Até dois milhões a mais
teriam sido deixados se não tivesse sido interrompido pelo Viet Minh.[66] Os refugiados do
norte, principalmente católicos, destinavam-se a dar ao regime de Ngô Đình Diệm um forte
eleitorado anticomunista.[67] Diệm mais tarde passou a empregar os cargos-chave de sua
administração principalmente com católicos do norte e do centro.
Além dos católicos que fluem para o sul, até 130.000 "Revolucionários reagrupados" foram
para o norte para "reagrupamento", esperando retornar ao sul dentro de dois anos[68] O
Viet Minh deixou cerca de 5.000 a 10.000 quadros no sul como uma "subestrutura político-
militar dentro do objeto de seu irredentismo".[69] Os últimos soldados franceses partiriam do
Vietnã em abril de 1956.[70] A RPC concluiu sua retirada do Vietnã do Norte em torno da
mesma época.[71] Cerca de 52 mil civis vietnamitas se mudaram do sul para o norte.[72]
Entre 1953 e 1956, o governo norte-vietnamita instituiu várias reformas agrárias, incluindo
"redução de aluguel" e "reforma agrária", o que resultou em significativa opressão política.
Durante a reforma agrária, o testemunho de testemunhas norte vietnamitas sugeriu uma
proporção de uma (1) execução para cada 160 moradores da aldeia, que extrapolada em
todo o país indicaria cerca de 100.000 execuções. Porque a campanha concentrou-se
principalmente na área do Delta do Rio Vermelho.[73][74][75][76] No entanto, documentos
desclassificados dos arquivos vietnamitas e húngaros indicam que o número de execuções
foi muito menor do que o relatado na época, embora provavelmente maior do que
13.500.[77] Em 1956, os líderes em Hanói admitiram "excessos" na implementação deste
programa e restauraram uma grande quantidade de terra para os proprietários originais.[78]

Ba Cụt na Corte Militar de Can Tho, em 1956. Ele era o comandante de um movimento
religioso, o Hòa Hảo, que havia lutado contra o movimento Việt Minh, do Exército Nacional
Vietnamitae Cao Dai durante a primeira guerra

O sul, entretanto, constituiu o Estado de Vietnam, com Bảo Đại como o imperador e Ngô
Đình Diệm (nomeado em julho 1954) como seu primeiro-ministro. Nem o governo dos
Estados Unidos nem o Estado do Vietnã de Ngô Đình Diệm assinaram qualquer coisa
na Conferência de Genebra de 1954. No que se refere à questão da reunificação, a
delegação vietnamita não-comunista opôs-se veementemente a qualquer divisão do
Vietnã, mas perdeu-se quando os franceses aceitaram a proposta do delegado
vietnamita Phạm Văn Đồng,[79] que propôs que o Vietnã fosse eventualmente unido por
eleições sob a supervisão de "comissões locais".[80] Os Estados Unidos reagiram com o
que ficou conhecido como o "Plano Americano", com o apoio do Vietnã do Sul e do Reino
Unido.[81] Ele previa as eleições de unificação sob a supervisão das Nações Unidas, mas
foi rejeitado pela delegação soviética.[81] Os Estados Unidos disseram: "Com relação à
declaração feita pelo representante do Estado do Vietnã, os Estados Unidos reiteram sua
posição tradicional de que os povos têm o direito de determinar seu próprio futuro e que
não se associará a qualquer acordo que dificulte isso".[82] O presidente dos Estados
Unidos, Dwight D. Eisenhower, escreveu em 1954:
Nunca falei ou correspondi com uma pessoa conhecedora dos assuntos indochineses que
não concordasse que se tivessem sido realizadas eleições na época dos combates,
possivelmente oitenta por cento da população teria votado para o comunista Ho Chi
Minh como seu líder, em vez do Chefe de Estado Bảo Đại. Na verdade, a falta de liderança
e unidade por parte de Bảo Đại foi um fator no sentimento prevalente entre os vietnamitas
que não tinham nada para lutar."[83]
Originalmente como um grupo de bandidos, o Bình Xuyên foi um sindicato do crime
brevemente alinhado com o Việt Minh antes de se aliar aos franceses em troca do controle
de grandes partes de Saigon. Encabeçada por Bảy Viễn, foi derrotada durante a Batalha
de Saigonem 1955.

Contudo, de acordo com os Papéis do Pentágono, entretanto, de 1954 a 1956 "Ngô Đình
Diệm realmente conseguiu realizar milagres" no Vietnã do Sul:[84] "É quase certo que em
1956 a proporção que poderia ter votado por Ho - em uma eleição livre contra Diệm - teria
sido muito menor do que oitenta por cento".[85] Em 1957, observadores independentes da
Índia, da Polônia e do Canadá que representavam a Comissão de Controle Internacional
(ICC) declararam que não eram possíveis eleições justas e imparciais, com o ICC
informando que nem o Sul nem o Vietnã do Norte haviam honrado o acordo de
armistício[86]
De abril a junho de 1955, Diệm eliminou toda a oposição política no sul lançando
operações militares de encontro a dois grupos religiosos: Cao Đài e Hòa Hảo do Ba Cụt. A
campanha também se concentrou no grupo de crime organizado Bình Xuyên, que estava
aliado com membros da polícia secreta do partido comunista e tinha alguns elementos
militares. À medida que a oposição de ampla base à sua táctica severa aumentava, Diệm
procurava cada vez mais culpar os comunistas.[87]
Em um referendo sobre o futuro do Estado do Vietnã em 23 de outubro de 1955,
Diệm fraudou a enquete supervisionada por seu irmão Ngô Đình Nhu e foi creditado com
98,2% dos votos, incluindo 133% em Saigon. Seus conselheiros americanos
recomendaram uma margem de lucro mais modesta de "60 a 70%". Diệm, contudo, via a
eleição como um teste de autoridade.[88] Três dias depois, ele declarou o Vietnã do Sul
como um estado independente sob o nome de República do Vietnã (ROV), com ele
mesmo como presidente.[89] Do mesmo modo, Ho Chi Minh e outros funcionários
comunistas sempre ganham pelo menos 99% dos votos nas "eleições" norte-
vietnamitas.[90]
A teoria do dominó, que argumentava que se um país caísse no comunismo, então todos
os países vizinhos iriam seguir, foi proposto pela primeira vez como política pela
administração Eisenhower.[91] John F. Kennedy, então um senador dos EUA, disse em um
discurso aos amigos americanos do Vietnã: "Birmânia, Tailândia, Índia, Japão, Filipinas e,
obviamente, Laos e Camboja estão entre aqueles cuja segurança seria ameaçada se a
maré vermelha do comunismo transbordasse para o Vietnã."[92]

Era de Diệm (1955-1963)[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Ngô Đình Diệm
O presidente americano Dwight D. Eisenhower e o secretário de Estado John Foster
Dulles comprimentam o presidente Ngô Đình Diệm do Vietnã do Sul em Washington, 8
maio de 1957.

Um devoto católico, Diệm era fervorosamente anticomunista, nacionalista e socialmente


conservador. O historiador Luu Doan Huynh observa que "Diệm representava o
nacionalismo estreito e extremista aliado à autocracia e ao nepotismo."[93] A maioria dos
vietnamitas eram budistas, e ficaram alarmados com ações como a dedicação do Diệm ao
país para a Virgem Maria.[94]
A partir do verão de 1955, Diệm lançou a campanha "Denuncie os comunistas", durante a
qual os comunistas e outros elementos antigoverno foram presos, aprisionados, torturados
ou executados. Ele instituiu na pena de morte contra qualquer atividade considerada
comunista em agosto de 1956.[95] De acordo com o Gabriel Kolko cerca de 12.000
suspeitos de oposição a Diệm foram mortos entre 1955 e 1957 e, no final de 1958, cerca
de 40.000 presos políticos tinham sido encarcerados.[96] Entretanto, Guenter
Lewy argumenta que tais números eram exagerados e que nunca havia mais de 35.000
prisioneiros de todo tipo em todo o país.[97]
Em maio de 1957, Diệm realizou uma visita de Estado de dez dias aos Estados Unidos. O
presidente Eisenhower prometeu seu apoio contínuo, e um desfile foi realizado na honra
de Diệm na cidade de Nova York. Embora Diệm fosse publicamente elogiado, em
particular, o Secretário de Estado John Foster Dulles admitiu que Diệm tinha sido
selecionado porque não havia alternativas melhores.[98]
Antigo secretário de Defesa Robert McNamara escreveu em Argument Without End (1999)
que os novos patronos americanos da República do Vietnã (ROV) eram quase
completamente ignorantes da cultura vietnamita. Eles sabiam pouco da língua ou da longa
história do país.[99]Havia uma tendência para atribuir motivos americanos às ações
vietnamitas, embora Diệm avisasse que era uma ilusão acreditar que copiar cegamente
métodos ocidentais resolveria problemas vietnamitas.[99]
Insurgência no Sul (1956-1960)[editar | editar código-fonte]
A trilha Ho Chi Minh foi utilizada para abastecer os Viet Congs.

Um dos líderes comunistas do sul, Le Duan, retornou a Hanói para incentivar a liderança
comunista no norte a tomar uma posição firme para a reunificação do país sob regime
comunista, mas Hanói (então passando por uma severa crise econômica) hesitou em
lançar um confronto militar em larga escala. Os comunistas nortistas temiam a intervenção
dos EUA e acreditavam que as condições no Vietnã do Sul ainda não estavam prontas
para uma ‘revolução do povo’. Entretanto, em dezembro de 1956, Ho autorizou que as
células do Viet Minh ainda no sul começassem uma insurgência de nível moderado,
chamada de propaganda armada, constando principalmente de sequestros e atentados.
Quatrocentos funcionários do governo sulista foram assassinados apenas em 1957 e a
violência cresceu gradualmente; começando contra autoridades dos governos locais, os
atentados rapidamente se espalharam a outros símbolos do status quo sul-vietnamita,
como professores, funcionários da área de saúde e proprietários agrícolas. Segundo
estimativas, 20% dos prefeitos ou líderes de pequenas vilas rurais do Vietnã do Sul foram
assassinados em 1958. A insurgência tentava destruir completamente o controle do
governo nas áreas rurais do país e substituí-lo por um governo-provisório.
Finalmente, em 1959, sob a pressão das células sulistas que estavam se tornando alvos
da polícia secreta de Diem, o comitê central do norte publicou uma autorização secreta
autorizando uma sublevação armada. Isto autorizou o sulista Viet Minh a começar
operações em larga escala contra o exército do Vietnã do Sul e provocou a decretação
de leis anticomunistas mais duras pelo presidente Diem. Entretanto, o Vietnã do Norte
enviou tropas e suprimentos para corroborar sua decisão, e homens e armas começaram
a entrar no Vietnã do Sul pela Trilha Ho Chi Minh. Notando a crescente impopularidade no
sul do corrupto e violento governo de Diem, em 12 de dezembro de 1960 Hanói autorizou
a criação da Frente Nacional de Libertação, o grupo de frente do exército comunista no
sul, também chamado de Vietcong.
Sucessivos governos norte-americanos superestimaram o controle e a influência do Vietnã
do Norte sobre o vietcong, como observou Robert McNamara, secretário de defesa dos
governos de John F. Kennedy e Lyndon Johnson. A paranoia de Diem, a repressão,
violência e corrupção que marcavam seu governo, influíram mais nos sentimentos de
revolta da população do sul contra o regime, do que a influência direta de Hanói
Em dezembro de 1960, a Frente de Libertação Nacional (FNL, a.k.a. o Viet Cong) foi
formalmente criada com a intenção de unir todos os ativistas anti-GVN, incluindo os não-
comunistas. De acordo com os documentos do Pentágono, o Viet Cong "colocou grande
ênfase na retirada de conselheiros e influências norte-americanos, na reforma agrária e na
liberalização do GVN, no governo de coalizão e na neutralização do Vietnã". Muitas vezes,
os líderes da organização foram mantidos em segredo.[100]
O motivo da contínua sobrevivência do FNL foi a relação de classe na zona rural. A grande
maioria da população vivia em aldeias na zona rural onde a questão fundamental era a
reforma agrária. O Viet Minh reduziu as rendas e as dívidas; E havia alugado terras
comunais, principalmente para camponeses mais pobres. Diem trouxe os proprietários de
volta às aldeias. As pessoas que cultivavam terras que detinham durante anos agora
tinham que devolvê-lo aos proprietários e pagar anos de renda. Esta coleção de aluguel foi
aplicada pelo exército vietnamita do sul. As divisões dentro das aldeias reproduziram os
que existiam contra os franceses: "75 por cento de apoio para a FNL, 20 por cento
tentando permanecer neutro e 5 por cento firmemente pró-governo".[101]
Envolvimento do Vietnã do Norte[editar | editar código-fonte]
Fontes discordam sobre se o Vietnã do Norte desempenhou um papel direto na ajuda e
organização dos rebeldes sul-vietnamitas antes de 1960. Kahin e Lewis afirmam:
Contrariamente aos pressupostos da política dos Estados Unidos, todas as evidências
disponíveis mostram que a revolução da guerra civil no Sul em 1958 foi empreendida pelos
sulistas por iniciativa própria - e não por Hanói... A atividade insurgente contra o governo
de Saigon começou no sul sob liderança do sul não como consequência de qualquer ditado
de Hanói, mas ao contrário das injunções de Hanói.[100]

Em contrapartida, o autor de 'War Comes to Long An' Jeffrey Race entrevistou desertores
comunistas em 1967 e 1968 que consideravam essas recusas "muito divertidas" e que
"comentavam humoristicamente que o Partido tinha aparentemente sido mais bem-
sucedido do que se esperava em esconder seu papel."[102] James Olson e Randy Roberts
afirmam que o Vietnã do Norte autorizou uma insurgência de baixo nível em dezembro de
1956.[103] Para contrariar a acusação de que o Vietnã do Norte estava violando o Acordo
de Genebra, a independência do Viet Cong foi enfatizada na propaganda comunista.[104]
Em março de 1956, o líder comunista do sul Lê Duẩn apresentou um plano para reviver a
insurgência intitulada "O Caminho do Sul" aos outros membros do Politburo em Hanói,
mas como a China e os soviéticos se opuseram ao confronto neste momento, o plano de
Lê Duẩn foi rejeitado.[104] Entretanto a liderança norte-vietnamita aprovou medidas
provisórias para reanimar a insurgência do sul em dezembro de 1956.[105] As forças
comunistas estavam sob uma única estrutura de comando criada em 1958.[106] O Partido
Comunista Norte-Vietnamita aprovou uma "guerra popular" no Sul em uma sessão em
janeiro de 1959[107] e em maio, o grupo 559 foi criado para manter e melhorar a trilha Ho
Chi Minh, neste tempo uma caminhada de montanha de seis meses através de Laos.
Cerca de 500 dos "reagrupados" de 1954 foram enviados para o sul na trilha durante seu
primeiro ano de operação.[108] A primeira entrega de armas através da trilha foi concluída
em agosto de 1959.[109]
Vietnã do Norte invadiu o Laos em 1959, e usou 30.000 homens para construir rotas de
invasão pelo Laos e Camboja em 1961.[110] Cerca de 40.000 soldados comunistas se
infiltraram no sul de 1961-63.[104] Vietnã do Norte enviou 10.000 soldados do Exército
Norte-Vietnamita para atacar o sul em 1964, e esse número aumentou para 100.000 em
1965.[111]
Viet Cong[editar | editar código-fonte]
Os membros da FNL passaram a ser chamados de "Vietcongs", pelos norte-americanos e
seus aliados. Este termo, abreviado para "VC", deu origem ao termo (utilizando a fonética
militar) "Victor-Charlie" de onde surgiu o nome "Charlie" também como apelido dos
membros da FNL.
O termo "Vietcong" tinha o propósito de desacreditar os guerrilheiros, aplicando-lhes a
pecha de "vietnamitas comunistas". Seus criadores basearam-se no cenário vigente nos
Estados Unidos, onde o termo "comunista" alarma a opinião pública e conduz, não raro, a
reações histéricas. Mas naquela região da Ásia, o efeito não era o mesmo, até porque, em
muitos casos, os comunistas se identificavam com movimentos nacionalistas que lutavam
pela independência de povos submetidos ao domínio estrangeiro.
Ao se dar conta de seu engano, Washington tentou retificar a situação, promovendo um
concurso público, nos Estados Unidos, para escolha de outro nome. Oferecia-se prêmio
em dinheiro por um "termo camponês coloquial, que implicasse em algo de repulsivo ou
ridículo", porém o concurso não produziu o resultado desejado, e o termo "Vietcong"
continuou a ser usado.[112]
Os membros da FNL nunca assumiram esse "apelido" que lhes foi conferido.

Escalada de Kennedy (1961-1963)[editar | editar código-fonte]


Ver artigos principais: Programa Estratégico Hamlet e Phạm Ngọc Thảo
Quando John F. Kennedy venceu as eleições presidenciais americanas de 1960, um dos
principais pontos de preocupação levantados por ele, era se a União Soviética havia
ultrapassado os Estados Unidos em seus programas balístico e espacial. Apesar dos
avisos de Dwight Eisenhower, seu antecessor no cargo, sobre o Vietnã e o Laos, para
Kennedy a Europa e a América Latina deveriam ser os focos principais de atenção de sua
administração. Seu governo permaneceria comprometido com a política da Guerra Fria,
herdada dos governos anteriores de Eisenhower e Truman.
Em 1961, ele enfrentou uma crise em três partes: o fracasso na Invasão da Baía dos
Porcos, para depor o governo de Fidel Castro em Cuba, a construção do Muro de
Berlim pelos soviéticos e alemães orientais e o acordo negociado entre o governo pró-
ocidental do Laos e o movimento comunista Pathet Laos no país. Estes fatos lhe fizeram
crer que uma outra falha dos Estados Unidos em deter a expansão comunista que
acontecia no mundo iria fatalmente afetar a credibilidade do país como líder do mundo
ocidental perante seus aliados e sua própria reputação como dirigente da nação. Kennedy
estava determinado a ‘riscar uma linha na areia’ e impedir uma vitória comunista no Vietnã.

O presidente John F. Kennedy e seu secretário de defesa Robert McNamara, em 1962

Sua política para o Vietnã do Sul recaía na crença de que Diem e suas forças
conseguiriam derrotar as guerrilhas comunistas sozinhos. Ele era contra o envio de tropas
norte-americanas e observou que ‘introduzir forças militares americanas em grande
número hoje no Vietnã, apesar de produzir um grande impacto militar inicial, iria
certamente levar a uma política adversa e, a longo prazo, em consequências militares
adversas’.
A qualidade das forças armadas do Vietnã do Sul, entretanto, permanecia de baixo nível.
Liderança deficiente, corrupção e interferência política, faziam a sua parte na
contaminação do exército. À medida que a insurgência se solidificava, aumentava a
frequência dos ataques dos guerrilheiros. O apoio logístico do Vietnã do Norte à Frente de
Libertação Nacional tinha um papel significativo, mas o ponto central da crise era a
incompetência do governo sul-vietnamita. Conselheiros da Casa Branca recomendaram ao
presidente que os EUA enviassem soldados ao país disfarçados de funcionários da defesa
civil, para ajuda e resgate nas enchentes que aconteciam no país. Kennedy rejeitou a
ideia, mas aumentou a assistência militar. Na metade de 1962, o número de conselheiros
militares norte-americanos no Vietnã do Sul havia aumentado de 700 para 12 mil.
No ano anterior, havia sido iniciado um programa estratégico conjunto dos dois governos,
o Strategic Hamlet Program, que consistia em proteger a população rural do país,
eminentemente rural, em campos fortificados. O objetivo era isolar estas populações da
insurgência comunista, prover educação e assistência médica e aumentar o controle do
governo no interior do país. O programa, entretanto, foi rapidamente infiltrado pela
guerrilha. Os camponeses se ressentiam de serem desalojados das vilas de
seus ancestrais. O governo se recusava a fazer uma reforma agrária, o que fazia com que
os pequenos e médios fazendeiros fossem obrigados a continuar pagando altas taxas de
ocupação a grandes senhores de terras. A corrupção minava o programa e intensificava a
oposição a ele, enquanto funcionários públicos enviados para supervisioná-lo viravam
alvos de assassinato, o que levou a iniciativa ao fracasso, dois anos depois de
implementada.
Em 23 de julho de 1962, quatorze nações, incluindo a China, URSS, Vietnã do Sul, Vietnã
do Norte e os Estados Unidos, assinaram um acordo se comprometendo a respeitar a
neutralidade do Laos.
Golpes de estado e assassinatos[editar | editar código-fonte]
Analistas políticos em Washington concluíram que o presidente Ngo Dinh Diem era
incapaz de derrotar os comunistas e até em conseguir algum acordo com Ho Chi Minh. Ele
parecia preocupado apenas em evitar um golpe de estado contra si e seu governo.
Durante o verão de 1963, autoridades norte-americanas começaram a discutir a
possibilidade de uma mudança no regime. O Departamento de Estado dos Estados
Unidos era a favor do encorajamento de um golpe. O Pentágono e a CIA eram mais
receosos das consequências desestabilizadoras que tal ato pudesse provocar e preferiam
continuar aplicando pressão pelas reformas políticas no sul.
A maior das mudanças propostas pela política norte-americana era a remoção do poder do
irmão mais novo do presidente, Ngo Dinh Nhu, chefe da polícia secreta do país e o homem
por trás da repressão contra os monges budistas do Vietnã. Como conselheiro mais
poderoso de Diem, Nhu se tornou uma figura odiada no Vietnã do Sul e sua influência
contínua era inaceitável para o governo Kennedy, que acabou eventualmente concluindo
que o presidente não o substituiria. Assim, a CIA entrou em contato com os comandantes
militares sul-vietnamitas que planejavam depor o presidente e lhes fez saber que os
Estados Unidos não se oporiam à ação. Em 1 de novembro de 1963, Diem foi deposto e
executado no dia seguinte junto com seu irmão, dentro de um blindado nas ruas
de Saigon, a caminho do quartel-general do exército. O embaixador norte-
americano Henry Cabot Lodge, que havia sido proibido por Kennedy de qualquer encontro
pessoal com os militares nas semanas antecedentes, convidou os golpistas à embaixada e
os congratulou, enviando a Kennedy – chocado com um assassinato com o qual não tinha
concordado – a mensagem de que agora ‘as possibilidades são de uma guerra curta no
Vietnã.’.
Em seguida ao golpe, o caos se instalou no país. O Vietnã do Sul entrou num período de
grande instabilidade política, com governos militares sendo substituídos uns pelos outros
em rápida sucessão e disso se aproveitou o governo de Hanói, que aumentou seu apoio
aos guerrilheiros do vietcong. Kennedy aumentou mais ainda o número de militares no
país, oficialmente conselheiros militares para as forças armadas do Vietnã do Sul, para
lidar com o aumento da atividade guerrilheira. Seus militares eram infiltrados em todos os
níveis das forças armadas sulistas. Porém, eles eram totalmente ignorantes da natureza
política da insurgência, que era um movimento de destabilização política no qual
confrontos militares não eram o principal objetivo. O governo Kennedy colocou todos os
seus esforços na pacificação do país e em ‘conquistar os corações e mentes’ da
população.
A liderança militar em Washington, entretanto, era contra qualquer papel por parte de seus
militares no Vietnã que fosse diferente de ajudar no treinamento de tropas e o comandante
destes homens no Vietnã do Sul, general Paul D. Harkins, confidencialmente previu uma
vitória sobre a guerrilha ‘na época do Natal de 1963’. A CIA, entretanto, era menos otimista
e produzia relatórios avisando que ‘o vietcong tem o controle de fato de largas porções
do território sul-vietnamita e tem aumentado consideravelmente a intensidade de suas
atividades armadas contra o governo’. Kennedy introduziu os helicópteros militares na
guerra, criou uma força aérea conjunta EUA-Vietnã do Sul, basicamente formada por
pilotos norte-americanos e enviou os Boinas Verdes ao país.
Numa conversa com o primeiro-ministro do Canadá e Nobel da Paz Lester Pearson, o
presidente pediu seu conselho sobre a situação e ouviu de volta: ‘Caia fora de lá’. Ao que
respondeu: ‘Esta é uma resposta estúpida, todos sabemos disso, a questão é: como cair
fora de lá?”.
John Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963, três semanas após Ngo Dinh
Diem. Foi substituído pelo vice-presidente Lyndon Johnson, que reafirmou o apoio norte-
americano ao Vietnã do Sul e aumentou a ajuda militar ao país para U$500 milhões no fim
do ano.

Escalada de Johnson (1963-1969)[editar | editar código-fonte]

O presidente americano Lyndon B. Johnson na assinatura da Resolução do Golfo de


Tonkin, que dava autoridade para a Casa Branca levar a nação a guerra no sudoeste da
Ásia

No momento em que Lyndon B. Johnson assumiu a presidência após a morte de


Kennedy, ele não estava fortemente envolvido com a política em relação ao Vietnã,
lembrou o assessor presidencial Jack Valenti : "O Vietnã na época não era maior do que o
punhado de um homem no horizonte. Nós quase não discutimos porque não valia a pena
discutir."[113],[114] mais preocupado com a criação do que chamava de ‘Grande Sociedade’ e
de programas sociais progressivos.
Ao se tornar presidente, no entanto, Johnson imediatamente teve que se concentrar no
Vietnã: em 24 de novembro de 1963, ele disse: "A batalha contra o comunismo ... deve se
juntar ... com força e determinação".[115] Ele reuniu um grupo de conselheiros em torno do
embaixador Lodge, retornado à pressa de Saigon, para ouvirem as notícias trazidas pelo
embaixador e conhecer mais profundamente a situação do que ocorria no Vietnã e
prometeu se empenhar em ajudar os vietnamitas do sul a vencerem a guerra contra os
comunistas. Mas esta decisão veio numa ocasião em que a situação no país estava já
deteriorada, especialmente em locais como o delta do Mekong, graças ao recente golpe
contra Diem.
O conselho militar revolucionário, na falta de um grande líder sul-vietnamita, era composto
de doze membros, chefiados pelo general Minh – considerado por correspondentes
da imprensa estrangeira em Saigon como ‘um modelo de letargia’. Seu regime foi deposto
em janeiro de 1964 pelo general Nguyen Khanh.
Incidente do Golfo de Tonkin[editar | editar código-fonte]
Foto tirada do USS Maddox em 2 de agosto de 1964, mostra barcos de patrulha norte-
vietnamitas no Golfo de Tonkin

Em agosto de 1964, o destróier norte-americano USS Maddox, numa missão


de espionagem ao largo da costa do Vietnã do Norte, disparou e danificou diversos barcos
torpedeiros que se aproximavam dele no Golfo de Tonkin. Um segundo ataque de lanchas
torpedeiras foi noticiado dois dias depois envolvendo o USS Turner Joy e o Maddox na
mesma área. As circunstâncias destes ataques são obscuras. O segundo ataque levou a
uma retaliação aérea dos americanos, apressou o Congresso a aprovar a Resolução do
Golfo de Tonkin e deu ao presidente poderes para conduzir operações militares no
Sudeste Asiático sem uma declaração de guerra formal.
Em 2005, entretanto, documentos secretos liberados pela Agência Nacional de Segurança,
revelaram que não houve nenhum ataque a barcos americanos no dia 4 de agosto de
1964, mas, muito antes disso, este fato já vinha sendo contestado. ‘O Incidente do Golfo
de Tonkin’, escreveu Louise Gerdes, ‘é um exemplo sempre citado de como Lyndon
Johnson enganou o povo americano para conseguir apoio para a sua política no Vietnã’.
George C. Herrings afirma, ‘que o Pentágono e McNamara não reconhecidamente
mentiram sobre os alegados ataques, mas eles estavam obviamente com um espírito
beligerante com relação aos vietnamitas e provavelmente selecionaram as evidências e
relatos chegados a eles, aquilo que lhes interessava acreditar e difundir à opinião
pública’.[116]
O Conselho Nacional de Segurança recomendou uma escalada em três estágios do
bombardeio aéreo ao Vietnã do Norte. Em 2 de março de 1965, seguindo-se a um ataque
vietnamita ao acampamento dos marines em Pleiku, as operações começaram. A
campanha de bombardeios, que duraria três anos, tinha o objetivo de obrigar o governo de
Hanói a suspender seu apoio à Frente Nacional para a Libertação do Vietnã do Sul (o
Vietcong sulista) ameaçando destruir suas defesas aéreas e sua estrutura industrial e ao
mesmo tempo dar uma injeção de moral no povo sul-vietnamita. Entre março de 1965 e
novembro de 1968, a operação ‘Rolling Thunder’, como foi chamada, contemplou o norte
do país com um milhão de toneladas de mísseis, foguetes e bombas.
O bombardeio não se limitou ao norte do Vietnã, atingindo também áreas do sul onde
havia alvos militares do vietcong ou de sua infra-estrutura, além da trilha Ho Chi Minh, que
em diversas partes de sua extensão penetrava no Laos e no Camboja. O objetivo, porém,
nunca foi alcançado. Como observou um oficial, ‘esta é uma guerra política e ela pede por
mortes seletivas. A melhor arma pode ser uma faca..... a pior, um avião’. Entretanto, o
chefe do estado-maior da força aérea Curtis LeMay, que há tempos pregava que o Vietnã
do Norte fosse saturado de bombas, escrevia ‘vamos bombardeá-los até fazê-los regredir
à Idade da Pedra’.
Escalada e guerra no solo[editar | editar código-fonte]
General William Westmoreland, comandante das forças norte-americanas no Vietnã entre
1964 e 1968

Filme da Universal Newsreel sobre um ataque às bases aéreas dos EUA e a resposta dos
EUA, 1965

Camponeses suspeitos de serem Viet Cong sob detenção do exército dos EUA, 1966

A escalada da Guerra do Vietnã começou oficialmente na manhã de 31 de janeiro de


1965, quando foram dadas ordens a um esquadrão de caças F-105, baseado em Okinawa,
no Japão, para que se transferisse para a base aérea de Da Nang, no Vietnã do Sul. A
missão da operação (Operation Flaming Dart), era cruzar o Paralelo 17, e havia sido
planejada antes do ataque vietcong aos marines em Pleiku em 6 de fevereiro. No dia
seguinte, 49 destes caças levantaram voo de Danang para atacar alvos do Vietnã do
Norte. A partir deste dia, a guerra não ficou mais restrita ao território sul-vietnamita.
Depois do ataque em Pleiku, o comando da força aérea decidiu que suas bases
precisavam de mais proteção, já que o exército sul-vietnamita era incapaz de fazer a
segurança; 3 500 fuzileiros americanos foram então enviados ao Vietnã do Sul e esta ação
marcou o início da guerra terrestre. A opinião pública norte-americana apoiou o envio de
tropas; se baseando na premissa de que o Vietnã era parte de um esforço global para
combater o comunismo. Numa declaração similar a que havia feito aos franceses anos
antes, Ho Chi Minh declarou que "se os americanos querem fazer a guerra por vinte anos,
então nós a faremos por vinte anos; se eles querem fazer a paz, nós faremos a paz e os
convidaremos para um chá à tarde".

Um helicóptero americano UH-1Ddesembarcando homens para a luta

Militares americanos lutando contra os norte-vietnamitas em 1966

O primeiro desembarque de 3 500 soldados em março, havia se transformado em 200 mil


em dezembro. A missão dos marines, entretanto, era defensiva. As forças armadas
americanas eram treinadas e instruídas para guerras ofensivas e seus comandantes
eram psicológica e institucionalmente pouco qualificados a ações defensivas. Em maio e
junho, as forças sul-vietnamitas sofreram derrotas com pesadas baixas em duas batalhas,
fazendo a moral cair e as deserções aumentarem entre as tropas.
O general William Westmoreland, comandante das forças norte-americanas no país,
informou ao comando das forças dos EUA no Pacífico que a situação era crítica: "estou
convencido que as nossas tropas, com sua energia, mobilidade e poder de fogo, podem
assumir a luta contra a FNL com sucesso". Com esta recomendação, ele advogava uma
mudança agressiva na postura defensiva dos Estados Unidos na guerra e sua entrada em
combate ao lado dos sul-vietnamitas. Um plano seu de três fases, destinado a ganhar a
guerra até 1967, foi enviado a Lyndon Johnson e, aprovado pelo presidente, provocou uma
profunda mudança na postura americana na guerra e na visão da Casa Branca de que o
governo do Vietnã do Sul deveria ser o responsável por derrotar as guerrilhas comunistas.
Porém, Johnson não comunicou esta mudança de estratégia militar à mídia e continuou a
enfatizar a continuidade da guerra de prevenção.
Em breve, os guerrilheiros do vietcong começaram a se engajar em pequenas unidades
guerrilheiras, o que os permitia controlar tempo e andamento dos combates. Ao contrário
dos soldados da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia, as tropas americanas
eram vulneráveis a ataques de surpresa onde quer que se encontrassem, sem conseguir
relaxar mesmo na retaguarda.
Seguindo a política de 'conquistar corações e mentes' da população sul-vietnamita,
imaginada por Kennedy anos antes, o Vietnã do Sul foi inundado por bens manufaturados
norte-americanos. A injeção de produtos e de dinheiro americano no país, transformou
a economia e causou profunda impressão na sociedade sul-vietnamita, causando também
uma grande onda de corrupção local. O país foi invadido por civis especialistas em quase
toda e qualquer área de conhecimento, para aconselhar o governo local e melhorar
sua performance econômica.
Washington encorajou seus aliados da SEATO (Organização do Tratado do Sudeste
Asiático) a contribuir com tropas para o esforço de guerra. Austrália, Nova Zelândia, Coreia
do Sul, Tailândia e Filipinas, todos concordaram em enviar tropas ao Vietnã. Entretanto, os
grandes aliados da OTAN, e principalmente o Canadá e a Grã-Bretanha, declinaram o
pedido. Também foi pedido o enviou de tropas do Brasil, mas o pedido não foi
atendido.[117] Os Estados Unidos e seus aliados montaram complexas operações de
combate terrestres contra os guerrilheiros vietcongs, mas a guerrilha continuava iludindo
seus inimigos e demonstrando grande flexibilidade tática na selva. Pesadas campanhas de
bombardeios aéreos (como a Operação Rolling Thunder) devastaram a infra-estrutura
do Vietnã do Norte e infligiram grandes perdas aos militantes comunistas do sul, mas
falharam no seu objetivo de submete-los a rendição.

Soldados americanos inspecionando vilas vietnamitas.

Enquanto isso, a situação política no Vietnã do Sul começava a sofrer alguma


estabilização, com a chegada ao poder em 1967 do vice-presidente e depois primeiro-
ministro Nguyen Cao Ky e do presidente Nguyen Van Thieu. Este governo encerrava uma
longa linha governamental de juntas militares que haviam começado com o assassinato de
Ngo Dinh Diem. A calma relativa permitiu ao exército sul-vietnamita a colaborar de maneira
mais efetiva com seus aliados e a se aprimorar como força de combate.
A administração Johnson tinha uma 'política de sinceridade mínima' em seus encontros
com a imprensa. As autoridades militares procuravam dirigir a cobertura de mídia
enfatizando histórias que mostravam o progresso na guerra. Com o tempo, esta política
começou a provocar a desconfiança do público nos pronunciamentos oficiais e a medida
em que a cobertura da guerra feita pelos correspondentes e as notícias do Pentágono
começaram a divergir, a falta de credibilidade com o cidadão comum começou a aumentar.
Notícias de que apesar de todo o esforço, de todas as vidas perdidas e de todo o dinheiro
gasto, o resultado do conflito não parecia bom e uma vitória no curto e médio prazo
parecia distante contra um inimigo obstinado e fanático que, apesar das pesadas baixas
que sofria, não queria ceder. Em outubro de 1967, uma grande manifestação antiguerra
aconteceu nas escadas do Pentágono, em Washington, e alguns manifestantes entoaram
o canto que se tornaria comum nos protestos vindouros: "Hey, Hey, LBJ! How many kids
did you kill today?" ("Ei, Ei, LBJ! — as iniciais de Lyndon Baynes Johnson — quantas
crianças você matou hoje?").
A Ofensiva de 1964[editar | editar código-fonte]
Forças da ARVN e um assessor dos EUA inspecionam um helicóptero abatido. Batalha de
Dong Xoai

Seguindo a Resolução do Golfo de Tonkin, Hanói havia antecipado a chegada de tropas


dos EUA e começado a expandir o Viet Cong, além de enviar um número crescente de
pessoal do Vietnã do Norte para o sul, e nessa fase equipando e padronizando o
equipamento das forças vietcongues com fuzis AK 47 e outros suprimentos, além de
formar a 9ª Divisão.[118] "De uma força de aproximadamente 5.000 no início de 1959, o
número de vietcongues cresceu para cerca de 100.000 no final de 1964 ... Entre 1961 e
1964, a força do Exército aumentou de aproximadamente 850.000 para quase um milhão
de homens."[119] Os números de tropas dos EUA destacadas para o Vietnã durante o
mesmo período eram bem diferentes; 2.000 em 1961, subindo rapidamente para 16.500
em 1964.[120] Durante esta fase, o uso de equipamentos capturados diminuiu, enquanto um
maior número de munições e suprimentos foram necessários para manter as unidades
regulares, e o Grupo 559 foi encarregado de expandir a Trilha Ho Chi Minh, à luz do
bombardeio quase constante por aviões americanos. A guerra começara a se transformar
na fase final, fase de guerra convencional do modelo de guerra prolongado de três
estágios de Hanói, em que eles foram encarregados de destruir o ARVN e capturar e
manter áreas, no entanto, os Viet Congs ainda não eram fortes o suficiente para atacar
grandes vilas e cidades.
Em dezembro de 1964, as forças da ARVN sofreram pesadas perdas na Batalha de Bình
Giã,[121] em uma batalha que ambos os lados viram como um divisor de águas.
Anteriormente, as forças comunistas utilizavam táticas de guerrilha de atropelamento e
fuga. No entanto, em Binh Gia, eles derrotaram uma forte força ARVN em uma batalha
convencional e permaneceram no campo por quatro dias.[122] As forças sul-vietnamitas
foram novamente derrotadas em junho de 1965 na Batalha de Đồng Xoài.[123]
Ofensiva do Tet[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Ofensiva do Tet
Mapa assinalando os principais ataques realizados durante a Ofensiva do Tet

Em fins de 1967, o general Giap concebeu um plano extremamente audacioso, cuja


concretização viria a tornar-se o marco decisivo da guerra. Depois de atrair as forças de
Westmoreland para o interior do país, e cercá-las em Khe Sahn, na província de Quang
Tri, ele desfechou um ataque surpresa contra mais de cem cidades no Vietnã do Sul,
inclusive Saigon, onde os guerrilheiros chegaram a ocupar, por algumas horas, o quartel-
general do general Westmoreland e a embaixada dos Estados Unidos, cujos ocupantes
tiveram que fugir, apressadamente.[nota 1] A ofensiva ocorreu em 30 de janeiro de 1968, no
feriado do ano novo lunar chinês (Tet), e embora pagando um pesado preço em vidas [nota
2], provou-se ter sido um enorme sucesso propagandistico, principalmente de ordem moral,

na medida em que:

 Mostrou aos militares e ao público americano que, apesar de todo o esforço e todo o
sangue derramado, a guerra não ia bem (contrastando com o que o governo falava até
então);
 Também deixou claro que os Estados Unidos, embora sendo a maior potência militar
do planeta, não conseguiriam vencer a guerra contra os vietnamitas nem no curto ou
médio prazo;
Na antiga capital imperial de Hué, as tropas combinadas de norte-vietnamitas e
guerrilheiros da FNL, capturaram a cidadela imperial e maior parte da cidade, o que deu
início à Batalha de Hué. Neste ínterim entre a captura da cidade e sua retomada pelas
forças americanas, os ocupantes insurgentes massacraram milhares de civis sul-
vietnamitas nela residentes, num número estimado de seis mil.
Mas a Ofensiva do Tet haveria de produzir outros efeitos significativos: as quedas do
general Westmoreland e do presidente Johnson.
Combatentes vietnamitas durante uma ofensiva, em 1967

Westmoreland havia se tornado a face pública da guerra. A revista TIME o havia escolhido
O Homem do Ano de 1965, descrevendo-o como a vigorosa personificação do guerreiro
americano. Em novembro de 1967, ele comandou uma campanha de relações
públicas para o governo, de modo a conseguir um apoio embandeirado do público
americano à guerra. Num discurso a jornalistas em Washington, ele afirmou que 'a guerra
havia atingido um ponto em que o fim estava próximo.' Então, com a Ofensiva do Tet, o
público ficou confuso e chocado com as errôneas previsões do general. A imprensa do
país, que até então havia em sua maioria apoiado os esforços de guerra americanos,
promoveu um cerco ao governo em busca das razões para tal falha nas informações
otimistas transmitidas até então sobre a guerra. Diante disso, Westmoreland foi removido
do comando no Vietnã. Quanto ao presidente Johnson, seu índice de popularidade
despencou de 48% para 36%, levando-o a desistir de concorrer à reeleição no fim de
1968.

Vietcong morto a tiros na embaixada em Saigon

O Tet causou profundas implicações domésticas no apoio ao conflito, sendo considerada


uma falha da inteligência comparável a Pearl Harbor. Numa das mais polêmicas e célebres
frases da guerra, um major, na frente de combate, declarou ao jornalista Peter Arnett,
então correspondente da AP e que anos depois transmitiria ao vivo pela CNN o ataque
americano a Bagdá no início da Guerra do Golfo, que a cidade de Ben Tre precisou ser
destruída para poder ser salva, eufemismo que passou a fazer parte da 'lógica' de guerra,
de que era melhor destruir algo completamente, do que deixá-lo ser útil ao inimigo.
Westmoreland foi empossado como chefe do estado-maior do exército em março, o que
tecnicamente era uma promoção, quando a resistência vietnamita havia sido subjugada.
Sua posição entretanto, tinha ficado insustentável, por causa da ofensiva e porque seu
pedido secreto de reforço de mais 200 mil homens para o Vietnã havia vazado para a
mídia. Foi substituído por seu segundo em comando, general Creighton Abrams, um militar
menos afeito a declarações à imprensa.
A 10 de maio de 1968, a despeito da baixa expectativa de algum resultado, conversações
de paz começaram a acontecer entre os EUA e a República Democrática do Vietnam. As
negociações ficaram estagnadas por cinco meses até que Johnson desse ordens para que
o bombardeio aéreo do Vietnã do Norte fosse suspenso. O candidato democrata à
presidência, vice-presidente Hubert Humphrey, estava disputando a eleição com o ex-vice-
presidente republicano Richard Nixon. Através de intermediários, Nixon avisou ao governo
do sul que se recusasse a participar das negociações com o norte até depois das eleições,
dizendo que daria a eles um melhor acordo se fosse eleito.
O historiador Robert Dallek escreveu: "a escalada da guerra no Vietnã promovida por
Lyndon Johnson dividiu os americanos em campos opostos, produziu 30 mil mortos até
sua saída da Casa Branca e destruiu sua presidência. Sua recusa em enviar mais tropas
ao Vietnã após o pedido de Westmoreland, foi uma admissão de que a guerra estava
perdida". Como o Secretário de Defesa Robert McNamara observou mais tarde, a perigosa
ilusão de uma vitória por parte dos Estados Unidos estava, dali em diante, morta.

Doutrina Nixon e Vietnamização (1969–1972)[editar | editar


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Ameaças nucleares e diplomacia[editar | editar código-fonte]

Um bombardeiro B-66 e quatro F-105 Thunderchiefs lançando suas bombas em uma


cidade no Vietnã do Norte

Durante a eleição presidencial de 1968 nos Estados Unidos, o presidente Richard Nixon,
então o candidato republicano, havia feito uma campanha baseada no lema ‘paz com
honra’ no Vietnã. Seu plano era reforçar as forças armadas sul-vietnamitas de maneira que
eles pudessem levar adiante sozinhos a defesa do país. Esta política foi chamada de
vietnamização e tinha muito em comum com a política de John Kennedy. Entretanto, havia
uma importante diferença. Enquanto Kennedy pregava que os sul-vietnamitas deveriam
lutar a guerra por si sós, ele também tentava limitar o tamanho do conflito. Nixon, ao
contrário, em busca de uma retirada com honra, tinha a intenção de empregar táticas
variadas para isso, inclusive aumentando o alcance geográfico da guerra.
Nixon também tentou estabelecer negociações, procurando uma 'détente' com a União
Soviética, que levou a uma redução de armas nucleares pelas superpotências, e uma
reaproximação com a China, numa política que ajudou a diminuir as tensões
internacionais. Entretanto, os dois países continuaram a enviar ajuda aos norte-
vietnamitas. Em setembro de 1969, Ho Chi Minh morreu em Hanói, aos 79 anos.
Neste meio tempo, o movimento antiguerra crescia nos Estados Unidos com
manifestações constantes. Nixon apelou para a maioria silenciosa de americanos em
apoio à guerra. Porém, as revelações do massacre de civis, mulheres e crianças
principalmente, na aldeia de My Lai, provocou uma revolta nacional e internacional,
aumentando a pressão pela paz.
O príncipe Norodom Sihanouk havia proclamado a neutralidade do Camboja no conflito da
Indochina desde 1955. Entretanto, tolerava a presença de forças do vietcong e do exército
norte-vietnamita em seu território porque desejava evitar que seu país fosse arrastado a
um grande conflito regional. Sob pressão de Washington, porém, ele mudou esta política
em 1969 e o Exército Popular do Vietnam e o vietcong deixaram de ser bem-vindos.
Nixon, então, aproveitou-se da oportunidade para lançar um bombardeio maciço e secreto
contra os santuários comunistas na fronteira dos dois países, o que violava uma longa
sucessão de discursos anteriores apoiando a neutralidade cambojana. Ele havia escrito a
Sihanouk em abril de 1969, assegurando-lhe que ‘os Estados Unidos respeitarão a
soberania, a neutralidade e a integridade territorial do Reino do Camboja’. Mas sem o
conhecimento da opinião pública americana, durante quatorze meses mais de 2.700
mil toneladas de bombas foram lançadas na área. Em 1970, devido à sua tibieza no trato
com as questões internacionais, Sihanouk foi deposto por seu primeiro-ministro Lon Nol,
favorável aos Estados Unidos, e a fronteira cambojana fechada. Os EUA e o exército sul-
vietnamita lançaram então incursões militares ao Camboja, para atacar diretamente as
bases comunistas ali instaladas e ganhar tempo para o Vietnã.

Panfletos de propaganda norte-americana convocando os Viet Congs e soldados norte-


vietnamitas a desertar para o sul

O exército sul-vietnamita lançou uma grande ofensiva na fronteira, apoiados pelos


americanos, determinado a cortar e interromper o fluxo de soldados e armas do Norte na
Trilha Ho Chi Minh, o que era uma clara violação à neutralidade laosiana, desrespeitada
pelos dois lados nos combates. Depois de encontrarem forte resistência, as forças sul-
vietnamitas se retiraram em confusão, fugindo através de estradas cobertas por seus
próprios mortos. Quando seus caminhões e blindados ficaram sem combustível, os
soldados abandonavam os veículos e seguiam se arrastando e cambaleando por
quilômetros até o helicópteros Huey americanos enviados para evacuar os feridos. Muitos
deles se agarravam nas sapatas de pouso dos helicópteros levantando voo, na tentativa
de se salvarem. Aviões americanos tiveram que destruir tanques e caminhões
abandonados na rota de fuga para impedir que caíssem em mãos dos inimigos e metade
das tropas sulistas foram mortas ou aprisionadas. A operação foi um fiasco e representou
uma clara falha na vietnamização da guerra levada a cabo por Nixon. O estrago foi
monumental. Os oficiais de alto escalão do Vietnã do Sul tinham sido tutorados pelos
americanos por mais de dez anos, muitos deles cursando escolas de treinamento militar
nos EUA, mas aprenderam muito pouco e fracassaram quando tiveram que fazê-lo
sozinhos.
A invasão do Camboja provocou protestos em todos os Estados Unidos. Durante uma
manifestação estudantil em Ohio, quatro estudantes da Universidade de Kent foram
mortos pela Guarda Nacional, enraivecendo a opinião pública americana contra o governo.
A reação que Nixon teve sobre este episódio em Kent foi considerada indiferente,
aumentando ainda mais o ímpeto dos protestos antiguerra. Em 1971, documentos
secretos do Departamento de Defesa foram vazados para o jornal The New York Times.
Chamados de ‘Pentagon Papers’ (Papéis do Pentágono), a história ultra-secreta do
envolvimento dos Estados Unidos no Vietnã, promovida pelo Departamento de Defesa, foi
trazida a público mostrando a deliberada fabricação de razões que levaram os EUA a
entrarem na guerra, e provocou uma longa série de decepções entre a opinião pública.
Em 1971, a Austrália e a Nova Zelândia retiraram suas forças do Vietnã e as tropas dos
Estados Unidos foram reduzidas a um total de 196 mil homens, com uma data limite de
fevereiro de 1972 para a retirada de mais 45 mil soldados. A medida que os protestos
contra a guerra cruzavam os EUA, a desilusão crescia e a moral caía entre a tropa, com o
aumento do uso de drogas, conflitos raciais e desobediência aos oficiais.
Uma nova ofensiva no início de 1972 pelas tropas norte-vietnamitas, partindo do Camboja
e do interior do Vietnã do Norte tentando cortar o sul em dois, foi salva apenas pela
intervenção aérea dos Estados Unidos, deixando claro que, com a retirada contínua das
tropas americanas, só o poder de fogo aéreo de seu aliado poderia salvar o Vietnã do Sul.
As últimas tropas americanas foram retiradas em agosto de 1972, deixando apenas
conselheiros militares e funcionários civis do Estados Unidos no país.
A guerra foi o tema central das eleições de 1972. O oponente de Nixon, George
McGovern, tinha uma plataforma de retirada do Vietnã. O conselheiro de segurança
nacional de Nixon, Henry Kissinger, continuava porém em negociações secretas com o
representante do Vietnã do Norte, Le Duc Tho, e em outubro eles chegaram a um acordo.
Entretanto, o presidente sul-vietnamita Nguyen Van Thieu exigiu mudanças significativas
no acordo. Quando o Norte tornou públicos os detalhes do acordo, a Casa Branca afirmou
que os norte-vietnamitas tentavam embaraçar o presidente e as negociações estancaram,
com os comunistas desejando novas mudanças.
Para mostrar seu apoio aos sulistas e forçar Hanói a voltar à mesa de negociações, Nixon
deu ordens para um bombardeio maciço da capital inimiga e do porto de Haiphong. A
ofensiva destruiu a maior parte da capacidade industrial e econômica remanescente dos
nortistas. Simultaneamente, Nixon pressionava Thieu ameaçando concluir um tratado
bilateral de paz com os norte-vietnamitas e retirando qualquer auxílio ao sul.
Em 15 de janeiro de 1973, o presidente Nixon anunciou ao mundo a suspensão das
operações ofensivas norte-americanas no Vietnã. Os Acordos de Paz de Paris foram
assinados em 27 de janeiro, encerrando oficialmente o envolvimento dos Estados Unidos
na Guerra do Vietnã. Um cessar-fogo entrou em vigor entre os países do norte e do sul e
os prisioneiros de guerra foram libertados, com a integridade territorial do Vietnã sendo
garantida. Como depois da Convenção de Genebra em 1954, eleições foram marcadas
para os próximos seis meses nos dois países. O acordo também previa a retirada
completa das forças dos EUA em sessenta dias e este artigo acabou sendo o único
integralmente cumprido.

Retirada das tropas e do auxílio material dos Estados


Unidos (1973–1975)[editar | editar código-fonte]
Sob as condições do Acordo de Paris, os norte-americanos retiraram suas tropas do
Vietnã e prisioneiros de guerra foram trocados. O Vietnã do Norte teve permissão para
continuar suprindo as tropas comunistas no sul, mas apenas para fazer a reposição do que
estava sendo consumido. No fim do ano, Henry Kissinger e Le Duc Tho dividiram o Prêmio
Nobel da Paz, mas o negociador norte-vietnamita o recusou, dizendo que uma paz
verdadeira ainda não tinha sido conseguida.
Os líderes comunistas esperavam usar o cessar-fogo em proveito próprio, mas Saigon,
escorada por um grande aporte de armas e equipamentos feito pelos EUA pouco antes da
trégua entrar em vigor, começou a empurrar os vietcongs para o norte. Os comunistas
responderam com uma nova estratégia, estabelecida em uma série de encontros da
liderança norte-vietnamita realizados em Hanói, em março de 1973. Com a suspensão dos
bombardeios americanos, os trabalhos na Trilha Ho Chi Minh e em outras estruturas
logísticas deveriam continuar ininterruptamente, até que o norte estivesse em condições
de lançar uma ofensiva em massa contra o sul, projetada para a estação seca de 1975-76.
O comando militar acreditava ser esta a última oportunidade de decidir o conflito, antes
que o exército sul-vietnamita estivesse completamente treinado. Um oleoduto de
3 000 milhasde extensão deveria ser construído entre o interior do Vietnã do Norte e o
quartel-general da FNL em Loc Ninh, cerca de 120 km a noroeste de Saigon.

Um bombardeiro norte-americano B-52 bombardeando cidades no Vietnã do Norte durante


a Operação Linebacker II, em dezembro de 1972. Esta foi a última grande ofensiva
americana na guerra, antes que o Acordos de Paz de Paris fosse assinado.

Apesar do democrata George McGovern não ter sido eleito em 1972, as eleições
presidenciais estabeleceram grande maioria democrata nas duas casas do Congresso
americano, sob o lema da campanha de McGovern, 'Come Home America', o que
dificultava qualquer ação ofensiva do governo que dependesse da aprovação
congressional. Em 15 de março de 1973, Nixon declarou que os EUA voltariam a intervir
militarmente caso os nortistas violassem o cessar-fogo, mas recebeu críticas tanto do
Congresso quanto da opinião pública pela declaração e em abril a Casa Branca
indicou Graham Martin como novo embaixador em Saigon. Como Martin era
um diplomata de segundo escalão, comparado aos embaixadores anteriores, sua
indicação pareceu um sinal claro de que os Estados Unidos estavam desistindo do Vietnã.
Durante a audiência ao Senado de sua confirmação como novo secretário de
defesa, James Schlesinger afirmou que ele recomendaria a volta dos bombardeios sobre o
Vietnã do Norte, caso os comunistas lançassem alguma ofensiva sobre o sul. Em 4 de
junho, o Senado dos Estados Unidos aprovou uma lei proibindo tal ato.
A crise do preço do petróleo de outubro de 1973 provocou graves danos à economia do
Vietnã do Sul. O Vietcong reiniciou suas operações ofensivas quando a estação das secas
começou e em janeiro de 1974 havia recapturado todo o território perdido no ano anterior.
Após dois confrontos onde 55 soldados sul-vietnamitas morreram, o presidente Thieu
anunciou que a guerra havia recomeçado e que os Acordos de Paris não tinham mais
efeito. Durante o cessar-fogo, os sul-vietnamitas sofreram mais de 25 mil baixas.
Em 9 de agosto de 1974, Gerald Ford assumiu a presidência dos Estados Unidos, após a
renúncia de Nixon causada pelo escândalo do Caso Watergate. Nesta época, o Congresso
havia cortado a ajuda financeira ao Vietnã em 300 milhões de dólares e, com as eleições
secundárias de metade de mandato em 1974 aumentando a maioria democrata, ele
tornou-se mais determinado a confrontar as políticas de guerra da Casa Branca.
Embalados pelo sucesso da ofensiva na estação das secas, em dezembro de 1974 os
norte-vietnamitas e o vietcong atacaram a província de Phuoc Long, e a capital
provinciana Binh Phuoc caiu em 6 de janeiro de 1975. Ford pediu desesperadamente ao
Congresso que autorizasse os fundos necessários para reequipar o sul, mas teve seu
pedido negado. A queda de Phouc Binh e a falta de assistência americana deixaram a elite
sul-vietnamita desmoralizada e a corrupção e o desespero campearam.
A velocidade de seu sucesso fez o comando norte-vietnamita repensar suas estratégias.
Foi decidido que as operações militares contra as terras altas centrais ficariam a cargo do
general Văn Tiến Dũng e que a cidade de Pleiku - onde anos antes havia sido iniciada a
guerra terrestre no Vietnam - deveria ser cercada e tomada se possível. Antes de partir
para o sul, Dung foi aconselhado por Le Duan: "Nunca tivemos a vantagem estratégica
que temos agora, nem houve condições políticas e militares tão perfeitas como no
momento, para vencermos a guerra".
Em 10 de março de 1975, as forças norte-vietnamitas iniciaram uma ofensiva através do
interior do Vietnã, que os levou a capturar Hué e Danang em 31 de março, provocando a
rendição de 100 mil soldados do Vietnã do Sul e o controle de metade do país.
Com a metade do sul em suas mãos, as tropas receberam ordens de lançar a ofensiva
final contra Saigon. Em 7 de abril, três divisões do EPV atacaram Xuan Loc, 64 kms a leste
da capital, onde enfrentaram uma resistência desesperada durante duas semanas, na
última tentativa dos sulistas barrarem o avanço norte-vietnamita. Em 21 de abril, com a
rendição dos esgotados defensores, o presidente Thieu renunciou ao cargo, acusando os
norte-americanos de tê-los traído, fugindo para Taiwan e deixando o controle do governo
nas mãos do general Duong Van Minh.
No fim de abril, o Exército da República do Vietnã do Sul entrou em colapso completo em
todas as frentes de guerra. Milhares de civis fugiam pelas estradas em direção a parte sul
do país, à frente das tropas comunistas que se aproximavam. Em 27 de abril, 100 mil
soldados nortistas cercaram Saigon, defendida por 30 mil soldados do sul. Para apressar o
colapso e aumentar o pânico, o vietcong começou a bombardear o aeroporto e forçou seu
fechamento. Com a fuga por ar fechada, milhares de civis em desespero se viram sem
saída do Vietnã.

Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Vietn%C3%A3

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