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Barros, Ana Paula Bento
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Itaúna - Rodovia MG 431 – Trevo Itaúna/Pará de
Minas, Campus Verde – Itaúna MG- anabentobarros@hotmail.com
Resumo: Devido aos impactos ambientais causados pela queima de combustíveis fósseis
tornou-se necessária a criação de um modelo de aproveitamento de biomassa. O Brasil,
com sua enorme extensão territorial abrange centenas de espécies de plantas oleaginosas
com grande potencial para a produção de biodiesel. Uma das plantas mais discutidas é o
pinhão manso (Jatropha curcas L.). Esta oleaginosa parece reunir várias particularidades
que a tornam uma ótima opção para ser adotada como uma das alternativas de produção de
biodiesel. Ainda que sejam muito poucos os estudos na área de cultivo de pinhão manso,
neste trabalho fez-se um levantamento das possíveis vias de propagação da espécie, as
quais podemos dividir em: propagação via seminal e propagação via clonal. A via de
propagação clonal pode ser feita por métodos de estaquia, enxertia ou ainda por
micropropagação (cultura de tecidos vegetais). Na propagação via sementes foram
encontrados bons resultados, entretanto um grande índice de polinização cruzada.
Considerando as vias clonais apresentadas, a que se mostrou superior foi a
micropropagação, sendo uma ótima alternativa para a seleção de genótipos superiores,
oferecendo assim, possíveis soluções para os programas de melhoramento vegetal.
1 Introdução
O uso de combustíveis fósseis tem causado um grande impacto na qualidade do meio
ambiente. As mudanças climáticas são resultados do uso desses combustíveis, que com
sua queima, aumentam a concentração de CO2 na atmosfera, causando o que chamamos
de efeito estufa. Com isso, a temperatura média da Terra aumenta, trazendo conseqüências
graves, não só para os seres humanos, como para todos os seres vivos (LIMA, 2005).
O Protocolo de Quioto, firmado em dezembro de 1997 em Quioto, no Japão,
estabeleceu obrigações de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa a
serem cumpridas por países desenvolvidos. O Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas – LADETEL da USP realizou algumas análises e foi comprovado que a
substituição do óleo diesel mineral pelo biodiesel resulta em reduções de emissões de 20%
de enxofre, 9,8% de anidrido carbônico, 14,2% de hidrocarbonetos não queimados, 26,8%
de material particulado e 4,6% de óxido de nitrogênio (LIMA, 2005).
Devido à grande extensão territorial do Brasil e diversidade de solo e clima, estima-se
que existam aqui centenas de espécies de plantas oleaginosas com grande potencial para
produzir óleo como fonte de matéria-prima para biodiesel. Um dos destaques é o pinhão
manso (Jatropha curcas L.), uma planta da família das Euphorbiaceas e pouco conhecida
(BELTRÃO, 2006).
A origem desta oleaginosa é bastante discutida, podendo ser originária da América do
Sul. Outros afirmam ser proveniente da América Latina. Mas no geral a planta é considerada
originária da América Tropical. Segundo Peixoto (1973), o pinhão manso se adapta bem a
variadas condições climáticas, desde o Nordeste até São Paulo e Paraná.
Esta planta vem recebendo destaque por ser perene, rústica e principalmente pelo seu
alto teor de óleo em relação à semente. Com a possibilidade da utilização do óleo de pinhão
manso na produção de biodiesel, faz-se necessário uma domesticação da espécie, para
assim ter uma produtividade satisfatória (SATURNINO et al., 2005).
Para a concretização da produção em grande escala de biodiesel, é preciso também
grandes produções de oleaginosas com grande potencial de produção de óleo por hectare,
e principalmente com baixos custos. Assim, o pinhão manso reúne várias características
que a tornam uma ótima opção para ser adotada como uma das alternativas de produção de
biodiesel (NUNES, 2007).
Diante o exposto, este trabalho tem o objetivo de mostrar, baseando-se em outros
trabalhos já realizados, as vias de propagação do pinhão manso e a importância de estudos
nesta área.
2.1 Estaquia
Estaquia é o processo de enraizamento de estacas obtidas de material selecionado.
Esta é a metodologia mais utilizada nas grandes empresas florestais. Podem existir nesse
processo, algumas características inadequadas para o enraizamento das estacas, como o
material genético e a idade, já que o material adulto apresenta maior dificuldade de
enraizamento (SILVA, 2005).
O pinhão manso possui facilidade no enraizamento e é uma arvoreta muito ramificada,
com isso a estaquia tem sido uma das maneiras mais práticas e comuns de propagação. As
estaquias utilizadas devem ser advindas de plantas sem pragas e doenças. Devem ter
origem de galhos lenhosos com até dois anos de idade. Os ramos próximos da base do
tronco são os melhores para as estacas (PEIXOTO, 1973).
Cortesão (1956), afirma que as plantas provenientes de estacas são de vida mais
curta e sistema radicular mais fraco, porém começam a produzir já no segundo ano.
A desvantagem encontrada neste método de propagação de pinhão manso é o grande
volume de material necessário para produção em escala comercial (SATURNINO et al.,
2005).
2.2 Enxertia
Segundo Silva (2005), enxertia é o processo de inserção da parte superior de uma
planta em outra, através da implantação do ramo, gema ou borbulha da planta a ser
multiplicada sobre o porta-enxerto. Nesse procedimento pode ocorrer a rejeição do material,
sendo que a melhor maneira de evitá-lo é utilizar plantas jovens. A maior dificuldade da
propagação vegetativa de plantas adultas é o enraizamento, sendo necessário trabalhar
com material fisiologicamente juvenil ou rejuvenescido.
Para se fazer a enxertia do pinhão manso deve-se seguir as mesmas normas para as
outras plantas. O látex deve ser retirado para que não ocorra oxidação. O melhor tipo de
enxerto para o pinhão manso é o de fenda ou pirâmide esvaziada (PEIXOTO, 1973).
Alguns fatores como a nebulização, o estado nutricional, a utilização de hormônios e
condições adequadas de desenvolvimento, são imprescindíveis na utilização desta técnica.
4 Referências bibliográficas
BELTRÃO, N.E.M. Considerações gerais sobre o Pinhão manso (Jatropha curcas L.) e a
necessidade urgente de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológicas para esta
planta nas condições brasileiras. Paraíba, 2006.
LIMA, P.C.R. Biodiesel: um novo combustível para o Brasil. Câmara dos Deputados.
Brasília, 2005.
SATURNINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.P.
Cultura do Pinhão manso ( Jatropha curcas L.). Produção de oleaginosas para biodiesel.
Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, n. 229, p. 44-74, 2005.