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1) TENTATIVA DE HOMICÍDIO
Tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante
dissimulação (art. 121, I e IV, c/c art. 14, II, do CP):
Art. 121 (...)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
(...)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Motivo torpe ocorre quando o agente pratica o crime por uma razão
repugnante, moralmente reprovável. No caso, segundo as notícias divulgadas,
o agressor confessou o crime e disse que agiu por “motivações religiosas” e “de
cunho político”.
Assim, tudo leva a crer que a motivação seria realmente política, ou seja, o
agressor teria praticado o crime por não concordar com as ideias políticas e
ideológicas defendidas pelo Deputado, o que representa motivo moralmente
reprovável.
Nesse sentido:
(...) O Supremo Tribunal Federal, a partir de interpretação sistemática da Lei nº
7.170/83, assentou que, para a tipificação de crime contra a segurança
nacional, não basta a mera adequação típica da conduta, objetivamente
considerada, à figura descrita no art. 12 do referido diploma legal.
2. Da conjugação dos arts. 1º e 2º da Lei nº 7.170/83, extraem-se dois
requisitos, de ordem subjetiva e objetiva: i) motivação e objetivos políticos do
agente, e ii) lesão real ou potencial à integridade territorial, à soberania
nacional, ao regime representativo e democrático, à Federação ou ao Estado de
Direito. (...)
STF. Plenário. RC 1472, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/05/2016.
Vale ressaltar que o art. 20, no que tange ao terrorismo, foi derrogado pela Lei
nº 13.260/2016 (Lei do Terrorismo). No entanto, naquilo que não se refira a
atos terroristas, penso que o dispositivo continua válido.
Aliás, mesmo antes da Lei nº 13.260/2016, a doutrina majoritária já afirmava
que o referido art. 20 não servia para tipificar validamente o terrorismo porque
não conceituou de forma precisa e taxativa os atos de terrorismo.
Princípio da especialidade
Sendo a conduta prevista tanto no Código Penal como na Lei nº 7.170/83, por
que deverá prevalecer a tipificação como crime político?
Porque se trata de previsão específica. Assim, cumpridos os requisitos subjetivo
e objetivo e encontrando tipificação em um dos dispositivos da Lei nº 7.170/83,
a conduta deverá ser considerada crime político, conforme dispõe o seu art. 2º:
Art. 2º Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no
Código Penal Militar ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a
aplicação desta Lei:
I - a motivação e os objetivos do agente;
II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior.
Decreto nº 6.381/2008:
Art. 10. Os candidatos à Presidência da República terão direito a segurança
pessoal, exercida por agentes da Polícia Federal, a partir da homologação da
respectiva candidatura em convenção partidária.
Posição pessoal
Até agora, com os elementos informativos que foram colhidos, penso correta a
tipificação da conduta no art. 20 da Lei de Segurança Nacional, sendo a
competência da Justiça Federal.
Faço, contudo, mais uma vez, a advertência de que o objetivo do post não é o
de defender a adoção desta solução jurídica ao caso. A finalidade é unicamente
discutir juridicamente as hipóteses penais e processuais possíveis, com
objetivos meramente acadêmicos.