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Querer fazer a vontade de Deus em tudo, aceitá-la com paz e alegria, amá-
la, ainda que humanamente pareça difícil e dura, não “é a capitulação do mais
débil perante o mais forte, mas a confiança do filho no Pai, cuja bondade nos
ensina a ser plenamente homens: e isto implica a alegre descoberta da
condição da nossa grandeza”4, a filiação divina.
A nossa vontade tem assim uma meta: fazer sempre, também nas coisas
pequenas, nas tarefas ordinárias, o que Deus quer que façamos. Assim,
decidimo-nos em cada circunstância não por aquilo que nos parece mais útil ou
agradável, mas por aquilo que o Senhor deseja naquela situação concreta. E
como Deus quer o melhor, ainda que de modo imediato não o experimentemos,
estamos exercitando a liberdade no bem, que é onde verdadeiramente ela se
realiza11. Por isso, quando exercemos a nossa liberdade tornando próprio o
querer divino, convertemos a nossa vida num contínuo ato de amor.
III. PAI, SEJA FEITA a vossa vontade assim na terra como no Céu... E
preparamos a alma não só para realizar o querer divino, mas também para
amar o que Deus faz ou permite. Quando os acontecimentos ou as
circunstâncias não permitem que escolhamos, é Deus quem escolhe por nós. É
nessas situações, às vezes humanamente difíceis, que devemos dizer com
paz: “Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero!”12 Podem ser ocasiões
extraordinárias para confiarmos mais e mais em Deus.
“E fica tranquilo”15.
Além disso, o Senhor quer que, com a amorosa aceitação do querer divino,
lancemos mão também de todos os meios humanos ao nosso alcance para
sairmos dessa má situação, se for possível. E se não o for, ou se demorar a
resolver-se, abraçaremos com força o nosso Pai-Deus e poderemos dizer com
São Paulo: Estou inundado de alegria no meio de todas as nossas
tribulações16. Nada poderá tirar-nos a alegria.
A nossa Mãe Santa Maria é o modelo que devemos imitar, dizendo com
Ela: Faça-se em mim segundo a tua palavra. Que se faça, Senhor, o que Tu
queres e como o queres.
(1) Ti 4, 3; (2) cfr. Rom 8, 20; (3) cfr. Santo Agostinho, Sermão da Montanha, 2, 6, 21; (4)
Georges Chevrot, Em segredo; (5) Is 55, 8; (6) Jo 6, 32; (7) Jo 5, 30; (8) Lc 22, 42; (9) Mt 6, 10;
(10) São Cipriano, Tratado sobre a oração, 21; (11) cfr. Carlos Cardona, Metafisica del bien y
del mal, pág. 185; (12) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 762; (13) Santa
Teresa, Poesias, 5; (14) Hebr 5, 7; (15) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, VIIª est., n. 3; (16) 2
Cor 7, 4.