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PROCESSO DO TRABALHO II

Aula 01 – 14.08.2018
João Vicente Rothfuchs
01 - REVISÃO INICIAL
A organização da Justiça do Trabalho é da seguinte forma: A Justiça do
Trabalho é a justiça especializada para julgar processos trabalhistas. Na primeira
instância é formada pelos juízes do trabalho (Varas). O segundo grau é formada pelos
Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’s). Cada TRT tem uma competência territorial para
exercer jurisdição sobre determinada região, sendo em Porto Alegre a quarta região
(somente abrange Porto Alegre). Para o TRT que vai os recursos ordinários, mas além
dessa competência recursal tem competência originária para algumas demandas (ação
de dissidio coletivo, mandado de segurança, ação rescisória de decisões de primeira
instância). Se terá recurso ordinário para o TST como primeira instância, nestas
hipóteses. O TST pretende que a jurisprudência trabalhista seja nacionalmente
unificada. O Recurso de Revista é um recurso extraordinário (divergência jurisprudencial
em diferentes TRT’s). No TRT termina a ótica de seara ordinária. O TST pretende ter
uma jurisprudência pacifica. Essa jurisprudência pacifica deve ser uma jurisprudência
pacifica no Brasil inteiro. Preciso ter segurança jurídica. O quinto constitucional tem no
TRT e no TST.
O art. 114, CLT institui que compete a Justiça do Trabalho processar e julgar
ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo
e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. O STF entendeu que as relações estatutárias entre um servidor público
estatutário e um órgão da administração pública não tem relação de trabalho. Não
confundir com empregado público celetista. O STJ entende que relação de consumo não
é relação de trabalho. Exemplo: Relação entre profissional liberal e seu cliente não é
trabalho, se tiver o cliente como destinatário final.
Os principais ritos na Justiça do Trabalho são: Rito ordinário e rito
sumaríssimo. Basicamente a diferença é o valor da ação. Ação de superior a 40
(quarenta) salários mínimos será rito ordinário. Junto com esses dois há, em tese, o rito
sumário, que seria para as ações de até 2 (dois) salários mínimos. A decisão de primeiro
grau, em tese, é irrecorrível, só podendo recorrer se houver uma afronta a Constituição
Federal (rito sumário). O rito sumaríssimo engloba a competência do rito sumário.
As ações de até 40 (quarenta) salários mínimos será julgada pelo rito
sumaríssimo. Estarão tratando de um valor de natureza alimentar que, de certa forma,
faz falta para aquele trabalhador. Haverá pedido por pedido, a soma dará o valor da
causa, tendo que dar até 40 (quarenta) salários mínimos. Haverá uma audiência una que
haverá tudo (apresentação de defesa, manifestação oral sobre os documentos,
sentença). Na prática a sentença é proferida alguns dias mais tarde. O rito ordinário
haverá uma audiência inicial e uma de prosseguimento.
A reforma trabalhista inovou, instituindo que: I) petição inicial deve ser
líquida; II) honorários de sucumbência; III) limitação a justiça gratuita. A reforma
trabalhista institui que preciso anexar no processo eletrônico até a audiência a
contestação. Essa notificação precisa ser apresentada com pelo menos 5 (cinco) dias
antes da audiência. É marcada uma audiência inicial (apresentação de defesa com
documentos, tentativa de de conciliação, obrigação das partes aparecerem, obrigação
de reclamante ir na audiência – extinção sem resolução de mérito – e se o reclamado
não comparecer – perde o processo). Na audiência se verifica se precisa marcar uma
pericia (nos casos de periculosidade e insalubridade), senão é uma faculdade do juiz
(pericia médica, pericia técnica, pericia contábil). Será marcado uma nova audiência
(prosseguimento) em que se tem uma prova oral. O depoimento pessoal serve para
tentar obter a confissão da parte contrária. Através do depoimento pessoal do
reclamante vou tentar fazer com que ele confesse. O depoimento pessoal das partes,
tudo que disser ao seu interesse não será mais do que alegações. O depoimento pessoal
só faço prova do que não interessa para ele. Se ele disser tudo favorável ao interesse
dele eu não perco nada, se disser algo contrário me favorece.
Terminado a prova oral, terá as razões finais oralmente no final da audiência.
Chama-se a atenção do juiz quanto ao detalhe de provas que foram produzidas. Nas
alegações finais se alega questões de fato, a não ser que seja um direito fora do direito
ordinário. Após isso terá nova tentativa de conciliação e uma sentença.

Aula 02 – 21.08.2018
Professor João Vicente Rothfucs
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
Quando tratamos dos fundamentos da Teoria Geral dos Recursos
Trabalhistas buscamos compreender o porque de o sistema precisar estabelecer essa
fase processual. Porque que dentro de um processo que é criado para aplicar um direito
material (protege o hipossuficiente). Devemos olhar para um sistema que em conjunto
pretende proteger o hipossuficiente. Um sistema que busca celeridade, buscando
resolver problemas da forma mais rápida possível, se criando toda uma esfera recursal
composta de fase ordinária e fase extraordinária. Há a previsão do chamado rito
sumário, que trabalha com um único grau de jurisdição, salvo nas hipóteses de ofensa à
Constituição Federal.
O primeiro dos fundamentos é inconformismo do vencido, independente de
quanto a sentença foi bem preparada ou do conteúdo material da sentença, pois aquele
que perde sempre estará insatisfeito. Em um processo em que temos partes adversas
com interesses contrapostos, tendo a ideia de inconformismo com a derrota, para o
processo de fato trazer uma sensação de justiça sendo feita, precisamos ter um sistema
recursal.
A falibilidade humana é o segundo fundamento da teoria geral dos
recursos. O juiz é falível, podendo errar, como qualquer pessoa, podendo ter uma
sentença inadequada, tendo que ter um mecanismo para revisar. Quando se recorre e
leva para uma segunda instancia, por uma turma composta por três desembargadores,
estarei ganhando porque estou expondo a matéria, e colocando a apreciação de mais
de uma pessoa.
O terceiro fundamento da teoria geral dos recursos é o aprimoramento das
decisões. Para que isso de fato aconteça é importante que consiga fazer com que o
processo tenha um nível de análise mais aprofundado. Os Desembargadores vão ouvir
e vão refletir sobre aquele tema. Terminados os processos com sustentação oral, os
outros são julgados muito rápidos.
O quarto dos fundamentos é o controle pelas instâncias superiores. O TST
tem entre suas funções a uniformização da jurisprudência. Só conseguirá uniformizar a
jurisprudência se o processo chegar lá. O processo chegará através de recurso. As
instâncias superiores conseguem firmar jurisprudência e conseguem estabelecer
segurança na interpretação dos dispositivos de lei através disso.

Princípios no processo do trabalho


 Principio do duplo grau de jurisdição: O rito sumário não é submetido a esse
principio. Temos dentro da lógica a submissão das decisões a um duplo grau de
jurisdição. A decisão será submetida a um duplo grau, que como regra, será melhor
qualitivamente.

 Taxatividade recursal (art. 893): A taxatividade recursal significa que os recursos


cabíveis em termos de processo do trabalho são apenas os recursos previstos na
legislação processual. Não estão todos os recursos neste artigo supracitado, tendo
embargos de declaração previsto em dispositivo próprio, sendo um recurso que veio
importado do CPC e depois entrou na CLT.

 Unirrecorribilidade: Se recorre de uma decisão uma única vez. Significa que a


regra é recorrida está recorrido, não podendo recorrer de novo. Há os embargos de
declaração que quebra essa regra. Em determinadas situações em que se tem uma
decisão irrecorrível se tem a utilização, como sucedâneo recursal, do mandado de
segurança.

 Fungibilidade: Está ligada a taxatividade recursal. Teria que ter ingressado com
o recurso “A”, mas ingressei com o recurso “B”, portanto quero que esse recurso seja
tratado como se o recurso “A” fosse. Observação: Os tribunais cada vez estão mais
resistentes, pois quando houver um erro grosseiro não se poderá utilizar isso. Deve
cumprir com os requisitos do recurso que se quer substituir. Pressupostos intrínsecos.
Observação2: O Agravo Interno ou Agravo Regimental é cabível quando apresentado
um RO, sendo julgado em tese pela turma do TRT (3 Desembargadores), tendo hipóteses
em que ao invés de o processo ser julgado pela turma, ele pode monocraticamente já
decidir, sendo cabível agravo interno ou agravo regimental. É cabível quando o relator,
monocraticamente, decide algo que deveria ser decidido pelo colegiado. Se eu
apresentar agravo interno ou agravo regimental de uma decisão colegiada é erro
grosseiro.

 Proibição da reformatio in pejus: É reformar para tornar pior a situação daquele


que recorreu. No exame do recurso não pode dizer que não tem direito a nada,
prejudicando o recorrente. O recurso é provido melhora minha condição, sendo
desprovido nada muda. Só piora a situação se tiver recurso das duas partes.

Especificidades
 Uniformidade dos prazos recursais: No processo do trabalho a CLT traz prazos
uniformes, sendo a regra geral que comporta exceções, sendo em regra de 8 (oito) dias.
Como regra, todo e qualquer recurso será apresentado no prazo de 8 (oito) dias. Nos
embargos de declaração há o prazo de 5 (cinco) dias.

 Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias: Há uma decisão


interlocutória desfavorável, não poderei recorrer imediatamente. As decisões
interlocutórias no processo do trabalho são irrecorríveis imediatamente, passiveis de
recurso em momento posterior. Há três exceções de possibilidade de recurso imediato
de uma decisão interlocutória: I) Decisão (interlocutória) de Tribunal Regional do
Trabalho contrário a Súmula ou Orientação Jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho; II) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; III) que
acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal
Regional distinto daquele a que se vincula o juiz excepcionado, consoante o disposto no
art. 799, parágrafo segundo, CLT. Como consequência dessa questão da irrecorribilidade
imediata, em audiência pode-se ter um indeferimento, por exemplo, para ouvir uma
testemunha, o advogado tem que falar que “protesta”. Poderá recorrer somente em RO
em preliminar.

 Irrecorribilidade no procedimento sumário: O procedimento sumário não está


submetido ao duplo grau de jurisdição.

 Interposição por simples petição (art. 899): Os recursos trabalhistas serão


interpostos por simples petição. O processo do trabalho nasce para ser simplificado. Não
se tem uma técnica apurada. Significa que há previsão que diz que o recurso será por
simples petição. Isso vale para os RO. A ideia era estabelecer que a parte que perdeu
entre com uma petição expondo que a decisão está equivocada, não apreciando a
questão levada a juízo, querendo que seja revisada. Não preciso impugnar
integralmente os fundamentos da sentença e enfrentar tudo aquilo que está na
sentença pois o recurso é por simples petição. Mas não se pode exagerar, não podendo
ser inteiramente dissociada. Algum enfrentamento deve-se ter. Mesmo no RO, ainda
que não haja regra tão rígida, preciso ter alguma associação. Principio da dialeticidade
(tese, recurso e síntese) tem como premissa que ainda que seja simples petição preciso
enfrentar a fundamentação da sentença.

 Efeito meramente devolutivo: Eu posso dar inicio a execução provisória de


sentença desde a sentença. A partir do momento da sentença não preciso esperar para
começar execução provisória enquanto tramita recurso ordinário, recurso de revista e
tudo mais.

 Recurso adesivo: É uma forma de pegar carona no recurso da parte contrária.


Imagine que haja uma sentença em que julgou condenando R$ 90. Não vou recorrer e
cobrar meus R$ 90. Mas a parte contrária recorre. Eu digo que já que não vou conseguir
terminar esse processo, eu faço um recurso que adere e fica vinculado e dependente
dele. Esse é um recurso que se apresenta no prazo das contrarrazões. É desnecessário
que a matéria dele esteja vinculada com o recurso da parte contrária. As matérias
podem ser independentes.

 Remessa necessária (ex officio): A regra é a mesma do CPC, tratando-se do art.


496 do CPC.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
Pressupostos recursais:
 Intrínsecos: a. Legitimidade (A legitimidade decorre da condição de parte. O
perito as vezes pode ser parte, por exemplo. Há casos em que o INSS recorre. A
legitimidade é uma questão mais doutrinária do que prática, pois via de regra se recorre
na condição de parte. b. Capacidade das partes (Pode-se ter uma perda superveniente
da capacidade, no caso em que a parte é interditada); c. Interesse (Para se ter interesse
eu preciso que o recurso tenha o potencial de me trazer um resultado útil. Há
circunstancias em que eu ganho, mas perco em uma das minhas teses. Exemplo:
Reclamatória trabalhista com pedido de adicional de insalubridade, tendo uma
contestação (argui prescrição total, mas se superada a questão da prescrição não há
insalubridade porque não tem contato com o agente). A sentença diz que não tem
prescrição total, mas também não tem insalubridade. Em razão disso, o processo é
julgado improcedente. Há interesse em apresentar o recurso adesivo questionando a
questão da prescrição. É uma hipótese menos comum, porque mesmo sendo vencedor
eu terei interesse em recorrer.

 Extrínsecos: a. Recorribilidade das decisões (Só poderei recorrer de uma decisão


que tenha recorribilidade); b. Tempestividade (se apresentar fora do prazo não será
conhecido); c. Regularidade de representatividade (O Novo CPC muda a rigidez das
regras e flexibiliza circunstâncias em que não se tem procuração, art. 104, CPC. A Súmula
395 fala que mesmo que a procuração não expressa que pode substabelecer, ainda
assim será válido. A Súmula 456. Antes do CPC de 2015, se o recurso não estivesse
assinado, não seria reconhecido. Após o CPC de 2015, há o prazo de 5 dias para sanar);
d. Preparo (A pena é de deserção. Há uma sentença, que pode ser improcedente,
parcialmente procedente e integralmente procedente. Se a sentença é improcedente,
quem tem o interesse recursal é o autor. O juiz condena o autor a pagar custas de 2%
incidente sobre o valor da causa. Se a sentença é parcialmente procedente, quem paga
as custas é a reclamada. Sentença totalmente procedente é custas de 2% sobre o valor
da condenação. Se o reclamante for beneficiário da assistência gratuita não precisa
recorrer.

Exercício: Petição inicial com 4 (quatro) pedidos e com a atribuição da causa no valor de
R$ 50.00,00. Há uma sentença de parcial procedência, no valor de R$ 5.000,00 quem
fará o preparo será o reclamado. As custas seria 2% sobre R$ 5 mil, dando R$ 100 reais.
O depósito recursal seria R$ 5.000,00. Os honorários de sucumbência são de 5% a 15%
do valor correspondente a sucumbência, sem possibilidade de compensação. Nesse
caso, honorários de sucumbência será um percentual entre 5% e 15% do valor com
relação ao qual a parte foi sucumbente (10% de R$ 45.000,00 o reclamante – e o
reclamado pagará 10% sobre R$ 5.00,00). Sai um acórdão de provimento parcial, RO do
reclamante. Valor da condenação elevado para R$ 30.000,00 reais (eleva em R$ 30 mil
será o acréscimo, ficando em R$ 35.000,00). O Recurso de Revista terá como preparo
custas e depósito recursal: I) custas de 2% sobre o valor da condenação (mas desconta
o que já pagou); II) depósito recursal será o teto do recurso de revista (como já recolheu
5 mil, terá que descontar, sobrando R$ 25 mil).
Aula 04 – 04.09.2018
Professor João Vicente Rothfucs
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
O objetivo imediato dos embargos de declaração não é buscar a reforma, e
sim sanar um vicio (falha no julgamento do juiz ou do desembargador). Durante muito
tempo os embargos de declaração não eram previstos no processo do trabalho, e
tínhamos que nos utilizar da regra do CPC. Caberão embargos de declaração da
sentença ou acórdão (qualquer decisão com conteúdo decisório), no prazo de 5 (cinco)
dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a
sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos
casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equivoco o exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.
De uma sentença, entrando embargos de declaração, com a nova sentença
começa a contar de novo prazo para RO (há a interrupção do prazo). Começa a contar o
prazo de novo. Embargos de declaração não tem preparo.

Aula 05 – 11.09.2018
Professor João Vicente Rothfucs
RECURSO ORDINÁRIO
É o equivalente a apelação no processo civil. O art. 895, CLT, ensina que cabe
recurso ordinário para instancias superiores de decisões terminativas ou definitivas
(decisões que não são interlocutórias) das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; das
decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua
competência originária (mandado de segurança, ação rescisória), no prazo de 8 (oito)
dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. No primeiro caso o
recurso é para o TRT e no segundo é para o TST.
Há no recurso ordinário preparo, depósito recursal e custas. O art. 899,
parágrafo nono, da CLT há a questão de redução do depósito recursal para
microempreendedores, empresas de pequeno porte. A interposição é perante o juízo a
quo. Terá a petição de interposição, ao juízo a quo, pedindo para que o juiz remeta as
razões anexas ao Tribunal Regional do Trabalho, que é o juízo ad quem.
Se eu não apresentar contrarrazões não há um prejuízo, não significando
que terá um acolhimento da tese recursal. No mesmo prazo das contrarrazões pode
apresentar o recurso ordinário adesivo. Não há no RO o efeito suspensivo, somente o
devolutivo. Pode dar inicio a uma execução ou liquidação provisória.

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