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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ – UNIFAP

COLEGIADO DO CURSO DE HISTÓRIA


HISTÓRIA DA AMÉRICA CONTEMPORÂNEA

ANA PAULA TEIXEIRA MIRANDA

A formação dos Estados Unidos por Nancy Priscilla Smith Naro

MACAPÁ. AP
2018
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS

NARO, Nancy Priscilla Smith. A Formação dos Estados Unidos. São Paulo:
Atual, 1994.

A passagem de um país colonial para um país independente e soberano


representa um dos passos fundamentais no processo que levou à formação do
Estado norte-americano. Ao longo do período colonial, a frágil cadeia de treze
colônias que se estendia ao longo do litoral leste dos atuais Estados Unidos,
desde Nova Hampshire até a Georgia, a partir da independência, num precário
estado independente, Americano. O processo relativamente rápido pelo qual as
treze colônias ingleses passaram a conduzir a ruptura do pacto colonial com a
Inglaterra, ganharam sua soberania durante um período marcado tanto pelas
transformações estruturais, tecnológicas e econômicas ocorridas durante a
Revolução Industrial na Inglaterra como pelo processo de revolução política em
curso na Europa, que culminaria no fim do antigo regime e que teve,
posteriormente, na Revolução Francesa, uma de suas maiores expressões.
Entendemos por Estado um conjunto de arranjos de natureza institucional
que disputam o direito de reproduzir a economia, de exercer a coerção e de
estabelecer normas ideológicas que legitimam sua existência. O processo de
formação do Estado norte-americano veio, desde cedo, acompanhado por valores
democráticos que privilegiavam a iniciativa privada sem a intervenção do Estado,
apenas admitida em casos excepcionais, como a guerra, a depressão econômica
e outras situações entendidas como ameaçadoras ao sistema de produção
capitalista.
Acompanha a formação do Estado norte-americano a própria definição
do seu território, que hoje em dia se estende desde o litoral do atlântico, incluindo
a ilha do Porto Rico, no mar das Caraíbas, até a ilha do Havaí no Pacifico.
Frederick Jacson Turner, autor de um livro chamado A Fronteira na história
americana, publicado em 1893, apresentou uma explicação geográfica
americana. Segundo Turner, as pessoas mudavam suas normas de
comportamento, seus valores e suas idéias de origem, à medida que passavam a
conviver nesse ambiente geográfico novo. O desbravador da fronteira, para
Turner, foi aquele homem branco que, junto com outros colonos, forjou as bases
comunitárias e as primeiras normas coletivas que viriam a ser respeitadas pela
comunidade. Segundo ele, a oferta de terra vazia e a experiência de colonizar
uma fronteira contribuíram muito mais para a formação do caráter americano do
que a herança européia.
Á medida que o processo de colonização se expandia, o colono carregava
um tácito compromisso com o estado que apenas começava a se definir. E a
medida que o expansionismo ia sendo questionado pelas outras nações, que
também visavam abrir canais de comunicação com as Américas, foram invocadas
as cláusulas ambíguas da Doutrina Monroe, que, como veremos adiante, serviram
no futuro como justificativa para inúmeros casos de intervenção nas Américas,
durante as diversas etapas do período imperialista norte-americano.
Os elementos políticos da cidadania começaram a se manisfestar durante
o século XIX e obtiveram um grande impulso com a democracia jacksoniana.
Caracteriza o elemento político da cidadania, segundo Marshall, o direito de
participar no exercício do poder político, como membro de um organismo,
investido de autoridade política, ou como eleitor de tais membros.A participação
política acompanhou processo de transição do capitalismo comercial para o
capitalismo industrial, processo que se verificou mais acentuadamente no
Nordeste e, em proporção menor, no Centro-Oeste. No caso do Sul, o capitalismo
comercial se manteve praticamente sem alteração até após a Guerra Civil.
A partir da Guerra Civil americana, a liberdade praticamente se tornou
universal e a cidadania perdeu a forte conotação local, que a caracterizava no
passado, em prol de uma conotação mais ampla, que passava a se entendida
como racional, com exceção do ambíguo estatuto das várias tribos indígenas que
permanecia. Mas essas proposta se limitava aos aspectos civis da cidadania, e
durante muitos anos a extensão dos aspectos políticos da cidadania ao ex-
escravo ficou restrita na prática.
Os passos para a afirmação da cidadania social acompanha o processo
de associação entre o capital industrial e o capital financeiro. Durante os anos dos
movimentos progressistas, entre 1900 e 1920, foram efetivados grandes reformas
que atestam um fortalecimento dos aspectos sociais e políticos da cidadania. O
conceito de igualdade que esteve inerente à proposta da cidadania completa
sobrevivia, a despeito das pronunciadas desigualdades que o conflito entre o
capital e trabalho gerava.
E, até nos dias de hoje, o conceito de cidadania completa persiste. Em
recentes declarações na Convenção do Partido Democrata, o governo do estado
de Nova Iorque fez questão de lembrar os princípios básicos da cidadania civil e
de reclamar que milhões de cidadãos americanos não compartilhavam ainda não
compartilhavam ainda aqueles direitos.
Com o Tratado de Paris, em 1783, terminaram oficialmente as
hostilidades entre os americanos e os ingleses. Durante a guerra, os estadistas
americanos não buscaram implantar uma nova ordem social. Não se propuseram
a fazer uma revolução total que levasse os grupos de condição social inferior, ou
sem poder, a exercer o poder político e levar a efeito uma mudança drástica no
caráter básico da sociedade. A união das treze colônias contra a Inglaterra foi
estimulada por líderes privilegiadas que visavam especialmente o controle local
americano e, certamente, a ruptura do pacto colonial com a metrópole inglesa.
Segundo Nancy, após o fim da segunda guerra mundial, em 1945, os
Estados Unidos da América emergiram como uma das duas superpotências
militares e econômica do mundo, sendo a outra a União Soviética. Após o fim
desta, em 1991, os Estados Unidos configuram-se a única superpotência militar e
econômica do mundo, com influência geopolítica em nível global. Pelos efeitos de
sua influência cultural e política, têm sido acusados de imperialismo cultural.
Após a 2ª Guerra é assinado o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca
(TIAR), durante a Conferência de Rio, em l946, e dois anos depois se completa o
arcabouço institucional com a fundação da Organização dos Estados Americanos
(OEA), com o objetivo de remodelar as relações hemisféricas nos marcos da
Guerra Fria.
Portanto, assim comparando a história de pouco mais de um século de
relações predominou o conflito entre a vocação hegemônica da grande nação do
Norte e as resistências das nações latino-americanas que, com características
diversas, expressaram sua vontade de autonomia.
Tudo começou a partir das diferenças nos processos de formação dos
Estados, considerando o movimento de expansão territorial dos Estados Unidos
após a declaração da independência como determinante dessa vocação,
enquanto na América Latina as lutas políticas teriam postergado a formação dos
Estados nacionais. Houve uma inserção internacional diferente durante o período
colonial. Os Estados Unidos teriam se beneficiado de um certo protagonismo das
colônias britânicas nos acontecimentos europeus, em especial nas mudanças
políticas e econômicas havidas no século XVIII, enquanto as colônias ibéricas se
mantiveram marginalizadas.
A expansão dos Estados Unidos no século XIX foi feita às custas de
perdas territoriais do México, o que marcou profundamente a natureza das
relações no continente. Uma segunda etapa nas relações Estados Unidos-
América Latina corresponde ao período da Guerra Fria, durante o qual se
consolidou o poderio global e a hegemonia continental norte-americana.
Este período é marcado pelo esforço dos governos norte-americanos para
implementar uma política para a América Latina que funcione como instrumento
de recomposição do seu papel hegemônico mundial, claramente comprometido
na década de 70. A decadência relativa da indústria norte-americana, se
comparada com as da Alemanha e do Japão, alarmava as empresas
multinacionais americanas que sofriam perdas bilionárias. Para evitar o colapso, a
proposta foi de imitar a agressividade exportadora daqueles países e diminuir o
enorme déficit comercial. Para implementar esta estratégia, os Estados Unidos
necessitavam da América Latina. Isto é, dos mercados da América Latina.
Exatamente como um século atrás.
Portanto, os Estados Unidos já implementavam uma política autônoma,
dando origem, no século XlX, a disputas de influências sobre a América Latina. O
histórico das relações hemisféricas deixa transparecer profundas desigualdades
nas relações entre os Estados e, ainda, dentro das fronteiras nacionais. A
integração de importantes setores da população que vivem à margem da
cidadania e dos mercados, em vários países da América Latina, deverá ocupar os
corações e as mentes dos formuladores de uma nova integração hemisférica. Em
primeiro lugar, será necessário impulsionar políticas públicas que priorizem as
necessidades e os interesses das maiorias, defendendo o aprofundamento e a
democratização dos processos sub-regionais como o Mercosul.
Referências:

NARO, Nancy Priscilla Smith. A Formação dos Estados Unidos. São Paulo:
Atual, 1994.

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