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1ª edição
Gestão da Poluição (Atmosférica, Solo e Sonora)
C
CM
MY
CY
CMY
K
GESTÃO DA POLUIÇÃO
(ATMOSFÉRICA, SOLO E
SONORA)
autor
JOSÉ GUILHERME PASCOAL DE SOUZA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial regiane burger; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
tânia maria bulhões figueira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-083-6
Prefácio 7
Objetivos 34
2.1 Emissão, dispersão e padrões de qualidade. 35
2.1.1 Estimando as emissões 37
2.1.1.1 Medição Direta 38
2.1.1.2 Enfoque do balanço de massa 38
2.1.1.3 Modelação do Processo 39
2.1.1.4 Modelação de Fatores de Emissão 40
2.2 Dispersão 41
2.2.1 Meteorologia e Dispersão de Poluentes na Atmosfera 41
2.2.2 Processo de Dispersão 43
2.3 Padrões de Qualidade do Ar 46
2.3.1 Controle das Poluições Atmosféricas 51
Atividades 57
Reflexão 58
Referências bibliográficas 59
3. Poluição do solo ou
Poluição terrestre (Parte 1) 61
Objetivos 62
3.1 Solo: Caracteristicas e Classificação 63
3.2 Conceito, Composição e Formação dos Solos 64
3.2.1 Conceito do Solo 65
3.2.2 Composição do Solo 66
3.2.3 Propriedades Gerais do Solo 67
3.2.4 Formação dos Solos 67
3.2.5 Características do Solo 68
3.2.6 Classificação do Solo 71
3.2.6.1 Tamanho das Partículas 71
3.2.6.2 Classificação pedológica dos solos 73
3.2.7 Erosão 74
3.2.8 Ocorrência 74
3.2.9 Prevenção, Controle e Correção 77
3.2.10 Gerenciamento de Áreas Contaminadas 78
Atividades 81
Reflexão 82
Referências bibliográficas 84
4. Poluição do solo ou
Poluição terrestre (Parte 2) 85
Objetivos 86
4.1 Transportes de Poluentes no Solo 87
4.1.1 Poluição do Solo Rural 87
4.1.1.1 Fertilizantes Sintéticos 88
4.1.1.2 Defensivos Agrícolas 90
4.1.1.3 Salinização 93
4.2 Poluição de Solo Urbano 94
4.2.1 Resíduos Sólidos Urbanos 96
4.2.2 Legislação Aplicada aos Resíduos Sólidos 98
4.2.3 Disposição e Tratamento de Resíduos 101
Atividades 107
Reflexão 107
Referências bibliográficas 109
Gabarito 127
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
7
buscando resultados satisfatórios na qualidade ambiental e na qualidade de vida
da população.
A identificação de problemas ambientais, o uso de recursos ambientais ina-
dequados e a gestão ambiental ineficiente podem provocar a necessidade de
adoção de novos modelos e procedimentos técnicos sociais que impactam o ser
humano, econômicos com perda de produtividade e ambientais com a degra-
dação de recursos naturais.
Os problemas de poluição atmosférica, poluição do solo e poluição sonora
têm ocorrido de diferentes formas, em escalas consideráveis e principalmente
em locais que cada vez mais estão sendo ocupados pela população, cabe a você
então a responsabilidade de colaborar para a minimização destes impactos.
Bons estudos!
1
Poluição
Atmosférica
(Parte 1)
Você sabe para onde vai toda a poluição atmosférica emitida em nosso plane-
ta? Neste capítulo iremos abordar as características e a composição da atmos-
fera, bem como o que nela normalmente ocorre.
OBJETIVOS
• Conhecer sobre a formação da atmosfera e as características das camadas de gases que
envolvem nosso planeta.
• Conhecer os gases existentes na atmosfera.
• Entender os aspectos meteorológicos da atmosfera.
• Compreender o tema da poluição do ar.
10 • capítulo 1
1.1 Atmosfera: Caracteristicas e
Composição.
capítulo 1 • 11
©© LUKAVES | DREAMSTIME.COM
12 • capítulo 1
Altura (km)
100
Termosfera
90
Estratosfera
Mesopausa
80 Ozonosfera
(Mais baixa temperatura)
70 Absorção de
Raios
Mesosfera Ultravioletas
60
50 Estratopausa
Troposfera
40
Máxima
concentração 95% do Ar
de O2 30 Estratosfera
Região
responsável
20 pelas
mudanças
Tropopausa no tempo
10
Monte Everest
Troposfera 8.848m
Figura 1.2 – Perfil da variação de temperatura com a altitude. Fonte: Material impresso
Estácio. Gestão de Poluição (Atmosférica, solo e sonora). Figura 10.1, pág. 170
GASES %
capítulo 1 • 13
O ar atmosférico, na composição apresentada na tabela 1.1, encontra-se na
sua maioria (90%) em uma camada relativamente fina. Essa camada, chama-
da de troposfera, estende-se até uma altitude variando entre 10 km e 12 km.
A troposfera varia em espessura conforme a latitude e o tempo. No Equador,
sua altitude alcança algo em torno de 16,5 km; e, em latitudes de 45 °C alcança
aproximadamente 10,5 km. (Braga, 2005)
Do ponto de vista climático, a troposfera possui importância fundamental,
pois essa camada é responsável pela ocorrência das condições climáticas da
Terra. O decréscimo da temperatura na troposfera, com a altitude, é de aproxi-
madamente 6,5 °C por quilômetro, sendo esse conhecido por gradiente vertical
normal ou padrão. Acima da troposfera encontra-se a estratosfera, cuja linha de
transição é a tropopausa, que é a caracterizada pela mudança na tendência de
variação da temperatura com a altitude (Braga,2005).
A estratosfera é uma camada muito importante do ponto de vista ambiental,
pois é nela que se encontra a camada mais espessa de ozônio, com uma concen-
tração da ordem de 200 mg.L-1 (apud Botkin; Keler, 2000). Essa camada, rica em
ozônio (O3), protege a terra das radiações ultravioletas provenientes do sol. Os
fenômenos que atualmente ocorrem nessa camada e que estão provocando sua
distribuição serão discutidos em item especifico. Acima da estratosfera encon-
tra-se a mesosfera, tendo como ponto de transição a estratopausa. A mesosfera
possui um forte decréscimo de temperatura, registrando-se nela a temperatura
mais baixa da atmosfera. A camada acima da mesosfera é chamada de termos-
fera, e entre a termosfera e a mesosfera situa-se a mesopausa. A termosfera é
muito importante para as telecomunicações, e ela também é conhecida por io-
nosfera, alcançando uma altitude próxima de 190 km (Braga,2005).
1.2.1 Estabilidade do ar
14 • capítulo 1
atmosfera. A taxa de mudança de temperatura com a altitude é denominada
gradiente térmico da atmosfera, Γ. Em geral a temperatura decresce com a alti-
tude. A média na troposfera é de –6,5 °C.km–1 (Mihelcic, 2012).
O gradiente térmico na atmosfera está sempre mudando. A hora do dia
(aquecimento solar), as características topográficas e influencias das condi-
ções do tempo em grande escala produzirão um gradiente térmico diferente da
média da troposfera. Portanto, as medições, tipicamente por meio do rotineiro
lançamento de balões atmosféricos, são usadas para revelar o estado corrente
do perfil de temperatura vertical para um dado local (Mihelcic, 2012).
O gradiente térmico medido da atmosfera é denotado por Γaa, e o gradiente
térmico adiabático padrão é denotado por Γd. A atmosfera muda sua tempera-
tura de acordo com o gradiente térmico e considera-se que bolsões de tempera-
tura que contenham emissões de poluentes mudem de temperatura de acordo
com o gradiente adiabático padrão. Para o gradiente adiabático padrão con-
sidera-se que o ar esteja seco, comporte-se adiabaticamente com a atmosfera
circundante e tenha um gradiente adiabático de –9,8°. Km–1. Comparando-se
o gradiente adiabático padrão como gradiente térmico real, podemos avaliar
a estabilidade da atmosfera, assim como o movimento vertical das emissões
através da atmosfera. A tabela 1.2 compara as três condições de estabilidade
gerais da atmosfera, estável, instável, e neutra (Mihelcic, 2012).
As inversões são uma categoria especial de ar fortemente estável. Durante
uma inversão, o perfil de temperatura (que tipicamente decresce com a altitu-
de) é invertido; então, o perfil de temperatura aumenta com a altitude. As emis-
sões de poluentes lançadas em tal condição atmosférica tem pequena possi-
bilidade de se mover para o alto, devido a força fortemente estabilizadora da
atmosfera, assim ocorre pouca diluição dos poluentes. Consequentemente, a
pior qualidade de ar ocorre quando se desenvolvem inversões (Mihelcic, 2012).
A inversão térmica por subsidência (figura 1.3a) ocorre em altitudes maior
e dura alguns dias. Esse tipo de inversão deve-se ao fenômeno da subsidência
do ar (corrente de ar descendente), formado pela diferença de pressão existen-
te entre grandes massas de ar que se deslocam na atmosfera. Observando as
direções preferenciais das massas de ar na atmosfera, tanto do Hemisfério Sul
como do Hemisfério Norte, percebemos que existem zonas propícias a forma-
ção de subsidências ou zonas de correntes verticais descendentes (Braga, 2005).
capítulo 1 • 15
Inversão de temperatura:
(a) por radiação, (b) por subsidência e (c) por combinação dos dois casos.
Noite e
Altitude
amanhecer
Perfil à tarde
N
Inversão
no solo
T
(a)
O ar desce
e se aquece
Altitude
Perfil de Perfil de
PT B
N
temperatura PT B
N
temperatura
antes da PT A após a PT A
subsidência subsidência
T T
(b)
Altitude
1.000 metros
Combinação dos
N
dois casos
150 metros
T
(c)
Figura 1.3 – Inversão de temperatura em função da altitude. Fonte: Material impresso Estácio.
Gestão de Poluição (Atmosférica, solo e sonora), figura 10.7, pág. 183.
16 • capítulo 1
noite a ponto de formar massas de temperatura mais alta em altitudes superiores
nas primeiras horas da manhã. Esse tipo de inversão desaparece no decorrer do
dia, com o aquecimento da região costeira (Braga, 2005).
CONDIÇÕES
DE DESCRIÇÃO
ESTABILIDADE
capítulo 1 • 17
1.3 Os poluentes suas fontes e escalas
Os principais elementos responsáveis pela poluição atmosférica são os poluen-
tes. Vejamos a seguir quais são estes poluentes e sua importância nos aspectos
ambientais.
18 • capítulo 1
e alguns particulados, como a poeira. Os secundários forma-se na atmosfera por
meio de reações que ocorrem em razão da presença de certas substâncias quími-
cas e de determinadas condições físicas. Por exemplo, o SO3 (formado pelo SO2 e
O2 no ar) reage com o vapor de água para produzir o ácido sulfídrico (H2SO4), que
precipita originando a chamada ‘chuva acida (Braga, 2005).
A tabela 1.3 a seguir, apresenta os principais poluentes do ar e suas fontes.
capítulo 1 • 19
POLUENTES FONTES DE GERAÇÃO
20 • capítulo 1
POLUENTES FONTES DE GERAÇÃO
capítulo 1 • 21
POLUENTES FONTES DE GERAÇÃO
Tabela 1.3 – Principais poluentes atmosféricos e suas fontes. Adaptado de Braga, 2005
22 • capítulo 1
©© WELDONBREWSTER | DREAMSTIME.COM
Figura 1.5 – Fonte estacionária de poluição.
©© SSUAPHOTO | DREAMSTIME.COM
capítulo 1 • 23
como uma cidade. Os globais envolvem toda ecosfera, exigindo, portanto, o es-
forço mundial para enfrenta-los e controla-los (Braga, 2005).
Como problemas de poluição do ar globais podemos citar o efeito estufa, a
destruição da camada de ozônio e a chuva ácida.
O efeito estufa (figura 1.7) é o responsável por manter a temperatura média
do planeta próximo dos 15 °C. A emissão dos gases do efeito estufa na atmos-
fera aumenta a quantidade de energia mantida, aumentando a temperatura da
atmosfera. Esse aumento pode causar impactos ambientais. Os principais ga-
ses de efeito estufa são o CO2, Metano, Óxido Nitroso e CFC.
©© © DAULON | DREAMSTIME.COM
24 • capítulo 1
esta camada está sendo prejudicada pela emissão de poluentes na atmosfera.
Programas de redução de emissão de poluentes são constantemente elabora-
dos, devido os efeitos adversos causados pela radiação ultravioleta.
©© DESIGNUA | DREAMSTIME.COM
capítulo 1 • 25
Programas para o congelamento do consumo e banimento definitivo das
substâncias responsáveis pela destruição da camada de ozônio foram elabora-
dos. A produção, importação e exportação dessas substâncias sofreram quedas
consideráveis, colocando em prática o cumprimento das metas propostas.
©© AKVDANIL | DREAMSTIME.COM
26 • capítulo 1
TIPO DE COMPRIMENTO
RADIAÇÃO OBSERVAÇÕES
DE ONDA (NM)
ULTRAVIOLETA
capítulo 1 • 27
O smog fotoquímico é típico de cidades ensolaradas, quentes e de clima
seco. Possui cor marrom avermelhada e tem picos de poluição em dias quentes
e com muito sol, entre 10h-12h. Os principais agentes poluidores são os veí-
culos com a emissão de óxidos nitrosos, CO e hidrocarbonetos. Normalmente
este tipo de poluição recebe o nome de “coquetel de poluição”.
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28 • capítulo 1
ATIVIDADES
01. A respeito da poluição atmosférica, são feitas as seguintes afirmações:
I. O efeito estufa é causado, principalmente, pelo aumento da concentração de gás car-
bônico na atmosfera, provocado pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o
petróleo.
II. A destruição da camada de ozônio é maior na região situada no pólo Norte do que na
Antártida, em razão das baixas temperaturas.
III. A substituição dos CFCs (clorofluorcarbonos) por outros gases como o propano e o
butano é uma medida para impedir a destruição da camada de ozônio.
IV. A destruição da camada de ozônio provoca o aumento da radiação ultravioleta, aumen-
tando a atividade fotossintética das plantas com a ampliação das colheitas.
Das afirmações acima, estão corretas, apenas:
a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) II e IV.
capítulo 1 • 29
REFLEXÃO
“A poluição num geral tem colaborado com grandes problemas ambientais, animais e de
saúde humana. A extinção de animais e plantas, o aumento de temperaturas no ambiente e
doenças diversas são consequências da poluição como um todo. Indústrias crescendo, emis-
sões aumentando, mais veículos nas ruas, crescimento populacional desordenado e a utiliza-
ção de substâncias perigosas na agricultura podem colaborar para o processo de poluição. O
ar está ficando mais pesado, o solo mais carregado e a poluição aumentando."
A SOLUÇÃO?
Colabore com a proteção do meio ambiente, pense no futuro dos seus filhos.
LEITURA
OMS: 7 Milhões de Mortes em 2012 Foram Associadas à Poluição
Cerca de 7 milhões de pessoas morreram em 2012 por exposição à poluição do ar, que
se transformou no maior fator de risco ambiental para a saúde no mundo, alerta hoje (25) a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo os novos dados divulgados nesta terça-feira, uma em cada oito mortes naquele
ano foi causada pela exposição à poluição do ar, dado que duplica números anteriores e
confirma que a poluição do ar é agora o maior fator de risco ambiental para a saúde humana.
Reduzir a poluição do ar poderia salvar milhões de vidas, destaca a OMS em comunicado.
“Os riscos da poluição do ar são agora muito maiores do que se pensava, particularmente no que
diz respeito a doenças coronárias e acidente vascular cerebral [AVC]”, disse Maria Neira, diretora
do Departamento da OMS para a Saúde Pública, Ambiente e Determinantes Sociais da Saúde.
“Poucos fatores de risco têm hoje maior impacto na saúde global do que a poluição do
ar; as evidências alertam-nos que é preciso uma ação concertada para limpar o ar que res-
piramos”, acrescentou.
Segundo as estimativas divulgadas, a poluição do ar interior esteve ligada a 4,3 milhões
de mortes em 2012 em lares com fogões a carvão, lenha ou biomassa. A poluição do ar
exterior está na origem de 3,7 milhões de mortes em todo o mundo.
Como há muitas pessoas expostas à poluição interior e exterior, a mortalidade associada
às duas fontes não pode ser simplesmente adicionada, daí a estimativa de 7 milhões de
mortes em 2012.
30 • capítulo 1
Os novos dados, adianta a agência da ONU para a saúde, revelam uma ligação mais for-
te entre exposição à poluição do ar interior e exterior e as doenças cardiovasculares, como
o AVC e a cardiopatia isquêmica, assim como a poluição do ar e o câncer. Essas ligações
juntam-se ao papel da poluição do ar no desenvolvimento de doenças respiratórias, incluindo
infecções agudas e doenças pulmonares obstrutivas crônicas.
As novas estimativas baseiam-se não só em mais conhecimento sobre as doenças causadas
pela poluição do ar, mas também em avaliações mais rigorosas da exposição humana aos po-
luentes, por meio de melhores medições e tecnologias. Essas melhorias permitiram aos cientistas
analisar detalhadamente os riscos para a saúde em uma cobertura geográfica mais ampla.
Em termos regionais, os países de baixo e médio rendimento nas regiões do Sudeste
Asiático e do Pacífico Ocidental registraram maior número de mortes associadas à poluição
do ar, com um total de 3,3 milhões de mortes ligadas à poluição do ar interior e 2,6 milhões
de mortes associadas à poluição do ar exterior.
“Limpar o ar que respiramos previne doenças não transmissíveis e reduz as doenças en-
tre as mulheres e os grupos vulneráveis, como as crianças e os idosos”, disse Flavia Bustreo,
diretora adjunta da OMS para a Saúde da Família, Mulheres e Crianças, citada no comuni-
cado da OMS.
“As mulheres e as crianças pobres pagam um preço elevado pela poluição do ar interior
porque passam mais tempo em casa, respirando fuligens de fogões a carvão e a lenha”, explicou.
Segundo os dados da OMS, 80% das mortes associadas à poluição do ar interior devem-
se a doenças cardiovasculares, como a cardiopatia isquêmica (40%) e o acidente vascular
cerebral (40%).
A doença pulmonar obstrutiva crónica (Dpoc) é responsável por 11% das mortes ligadas
à poluição interior, enquanto o câncer de pulmão (6%) e as infeções respiratórias agudas em
crianças (3%) respondem pelo restante.
No que diz respeito à poluição do ar exterior, 34% das mortes devem-se ao AVC, 26%
à cardiopatia isquêmica, 22% à Dpoc, 12% a infeções respiratórias agudas em crianças e
6% ao câncer de
Fonte: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-03/
oms-7-milhoes-de-mortes-em-2012-foram-associadas-poluicao>.
Acesso em 09/02/2015
capítulo 1 • 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento Sustentável.
2ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005;
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – www.cetesb.sp.gov.br. acessado em
21/01/2015;
CHIOSSI, Nivaldo José. Geologia de Engenharia. 3º Ed. São Paulo. Oficina de Textos, 2013;
JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J.V.M.. Política Nacional, gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos. Barueri. Manole, 2012;
MIHELCIC, James R.. ZIMMERMAN, Julie Beth. Auer, Martin T.. Engenharia ambiental:
fundamentos, sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Ltc, 2012;
32 • capítulo 1
2
Poluição
atmosférica
(Parte 2).
As alterações da atmosfera susceptíveis de causar impacto a nível ambiental
e de saúde humana, através da contaminação por gases, partículas sólidas,
liquidas em suspensão, material biológico ou energia, são fatores que levam
a poluição atmosférica. Estas ocorrências somente são possíveis mediante a
emissão da poluição. Vamos estudar um pouco mais sobre as emissões, sua
dispersão e os padrões de qualidade do ar.
OBJETIVOS
• Estudar e conhecer a emissão atmosférica.
• Entender as formas de dispersão de poluentes.
• Conhecer os padrões de qualidade do ar.
34 • capítulo 2
2.1 Emissão, dispersão e padrões de
qualidade.
As emissões são a quantidade de um poluente que uma fonte lança ao ar, ge-
ralmente para um período fixo de tempo; portanto as taxas de emissão são ex-
pressas como massa por tempo. As unidades típicas de emissão dependem da
fonte, do poluente e do problema em particular, mas as unidades mais comum
são g.s–1, kg.dia–1 e t.ano–1. Em alguns poucos lugares, toneladas inglesas.ano–1
e Ib.h–1 ainda estão em uso. As taxas de poluição podem ser altamente variáveis.
As emissões de uma mesma fonte podem mudar com o tempo e as emissões
de fontes similares podem ser muito diferentes. Também, as composições dos
poluentes no ar de emissão podem mudar dramaticamente com as condições
de operação (Mihelcic, 2012).
Podemos classificar as emissões atmosféricas em vários métodos, dentre eles:
capítulo 2 • 35
podem ser facilmente identificadas pelas chaminés das empresas, enquanto que
as difusas podem ser identificadas por um conjunto de várias fontes de emissões
similares. Como exemplo podemos citar as usinas termoelétricas à carvão para
as fontes pontuais e os postos de combustíveis para as fontes difusas (emissão de
COVs na atividade de armazenamento dos tanques (figura 2.1), pequenas quanti-
dades de difícil identificação). Ainda podemos citar como fonte difusa algum pro-
cesso que possa emitir sobre uma determinada região partículas carreadas pelo
vento, podendo ser de um canteiro de obras ou de uma área agrícola.
Para as fontes móveis, também como vimos no capítulo I, podemos classi-
ficar como sendo os veículos. Alguns autores ainda classificam como veículos
de estrada e veículos de fora de estrada. Para os veículos de estradas podemos
citar como exemplos os automóveis e os caminhões e para os veículos de fora
da estrada podemos citar como exemplos os navios, os aviões, trens e etc.
©© JEFFREY ROACH | DREAMSTIME.COM
36 • capítulo 2
pulverização de pesticidas, levantamento de poeira em estradas por outro ve-
ículo (figura 2.2), podem ser utilizados como exemplos. E por fim as emissões
acidentais são consideradas aquelas que em virtude de acidentes foram emiti-
das na atmosfera. São normalmente emissões que por falha na operação ou fal-
ta de manutenção foram lançadas de forma inadequada na atmosfera. Devido a
natureza desses tipos de lançamentos, é muito difícil a sua quantificação.
©© TRAVELLING-LIGHT | DREAMSTIME.COM
Figura 2.2 – Levantamento de poeira em estradas. Modelo de emissão fugitiva.
Segundo Mihelcic (2012), são usados quatro métodos para quantificar a magni-
tude das emissões de poluentes atmosféricos:
I. Medida direta
II. Enfoque do balanço de massas
III. Modelação do processo
IV. Modelação do fator de emissão.
capítulo 2 • 37
A figura 2.3 mostra os ganhos e as perdas ao se estimar as emissões com
esses quatro métodos. Por exemplo, enquanto a modelação do fator de emissão
tem seu lugar como ferramenta da engenharia, a confiabilidade da informação
produzida com essa técnica é a de menor qualidade quando comparada com as
outras técnicas de estimação (Mihelcic, 2012).
Medição
direta
Custo (tempo e dinheiro)
Enfoque de balanço
de massa
Modelação de processo
O balanço de massa pode ser usado para determinar diretamente a taxa de emis-
são de algumas fontes. Em sua forma mais básica essa medida indireta é uma
38 • capítulo 2
ferramenta de contabilização para acompanhar o poluente. Pode ser a forma
mais simples de identificar a existências de emissões fugidias ou acidentais.
capítulo 2 • 39
2.1.1.4 Modelação de Fatores de Emissão
40 • capítulo 2
2.2 Dispersão
A dispersão de poluentes é um dos assuntos mais importantes quando se fala
em poluição atmosférica. Devemos conhecer as formas de dispersão, bem
como são identificadas e calculadas para que possamos propor soluções téc-
nicas mais eficazes que contribuam para a minimização do impacto ambiental
gerado pela emissão de poluentes.
capítulo 2 • 41
ação, o ar é consideravelmente estável e os índices de poluição tendem a se ele-
var, dependendo também, é óbvio, da carga de poluentes. A figura 2.5 apresenta
todas essas situações aqui discutidas (Braga, 2005).
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Adiabático
Inversão
Subadiabático
Altitude
(Estável)
Superadiabático
(Instável)
Temperatura
A inversão térmica pode ocorrer de diversas formas sendo elas por radiação,
por subsidência e por combinação dos dois casos.
42 • capítulo 2
As inversões térmicas ocorrem na sua maioria por dois mecanismos: por ra-
diação e por subsidência. A inversão por radiação ocorre, na maioria das vezes,
no inverno. Em um dia frio e sem nuvens, o aquecimento solar pode resultar
em temperaturas relativamente altas ao nível do solo durante o final da manhã
e a tarde. Entretanto, a noite, quando geralmente é bem mais frio, a superfície
do solo sofre um resfriamento intenso, de tal forma que as camadas superiores
de ar permanecem mais quentes, gerando uma camada de inversão em altitu-
des da ordem de 100 metros. No decorrer do dia, esse perfil volta a ser inverter,
principalmente pelo aquecimento do solo. Esse tipo de inversão não acontece
em dias nublados; sua formação pode ser reduzida pelo vento e, em áreas de-
sérticas, ocorre em aproximadamente 90% das manhãs. A inversão térmica por
subsidência ocorre em altitudes maiores e dura alguns dias. Esse tipo de inver-
são deve-se ao fenômeno da subsidência do ar (correntes de ar descendestes),
formado pela diferença de pressão existente entre grandes massas de ar que se
deslocam na atmosfera. Observando as direções preferenciais das massas de ar
na atmosfera, tanto no Hemisfério Sul como no Hemisfério Norte, percebemos
que existem zonas propicias à formação de subsidências ou zonas de correntes
verticais descendentes. As regiões preferenciais para a formação dessas corren-
tes localizam-se nas proximidades das latitudes 30 °N e 30 °S. Nessas condi-
ções, o ar desce a taxas de 1.000m/dia. À medida que o ar desce para altitudes
mais baixas e de maiores pressões, ele sofre um processo de compressão que
aumenta sua temperatura. Esse tipo de inversão ocorre geralmente em grandes
altitudes, ou seja, em mais de mil metros. Em uma situação extremamente crí-
tica podem ocorrer simultaneamente os dois tipos de inversão (Braga, 2005).
De acordo com Braga (2005) suponha que um meio atmosférico esteja sendo po-
luído por uma chaminé. Essa fonte está lançando poluentes continuadamente,
e eles irão se dispersar no ar, resultando na formação de uma pluma. O mesmo
fenômeno ocorre em um rio quando se descarregam poluentes. Estudar o com-
portamento da pluma significa estudar como o meio atmosférico transporta
e dispersa os poluentes nele lançados. A teoria de Fenômenos de Transporte,
tratada pela Mecânica dos Fluidos, possibilita estudar esse fenômeno. A for-
ma de pluma de poluentes emitidos por uma chaminé pode ser classificada de
acordo com o perfil de temperatura da atmosfera. A figura 2.6 ilustra todas as
capítulo 2 • 43
possibilidades de desenvolvimento de plumas em função do gradiente térmico
da atmosfera, desprezando-se os seguintes efeitos:
Temperatura Looping
Altitude
Temperatura Coning
Altitude
Temperatura Fanning
Altitude
Temperatura Lofting
Altitude
Temperatura Fumigation
Altitude
Temperatura Trapping
Figura 2.6 – Principais tipos de plumas de poluentes atmosféricos. Fonte: Material impresso
Estácio. Gestão de Poluição (Atmosférica, solo e sonora) Figura 10.8, pág. 185.
44 • capítulo 2
Conforme mostrado na figura 2.6 podemos identificar 6 tipos ou formas de
plumas. São elas:
• Looping
• Coning
• Fanning
• Lofting
• Fumigation
• Trapping
capítulo 2 • 45
2.3 Padrões de Qualidade do Ar
©© SKYPIXEL | DREAMSTIME.COM
46 • capítulo 2
Dentre os poluentes listados no índice PSI estão o monóxido de carbono
(CO), dióxido de nitrogênio (NO2), ozônio (O3), chumbo, material particulado <
10 mm e < 2,5 µm e dióxido de enxofre (SO2).
No Brasil, esse índice é chamado de Índice de Qualidade do Ar – IQA e foi
desenvolvido pela Agência Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb.
A relação IQA X qualidade do ar é dada pela tabela 2.1.
IQA QUALIDADE DO AR
0,50 Boa
51-100 Aceitável
101-199 Inadequada
200-299 Má
300-399 Péssima
Tabela 2.1 – Relação do IQA com a qualidade do ar. Fonte: Cetesb, 1996.
capítulo 2 • 47
CONEXÃO
Para melhor compreensão dos padrões e índices de qualidade do ar, acesse os links da
CETESB: http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/22-Padr?es-e-?ndices e
http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/ar/decreto-59113de230413.pdf.
PADRÕES
TEMPO
POLUENTE MÉDIO
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
MP
SO2
CO
48 • capítulo 2
PADRÕES
TEMPO
POLUENTE MÉDIO
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
Fumaça
veis
(<10μm) MA anual 50 μg/m3 50 μg/m3
NO2
(*) Não pode ser excedido mais uma vez ao ano. MG – média geométrica; MA – média aritmética.
• Nível de atenção:
Descrição dos efeitos sobre a saúde, decréscimo da resistência física e signi-
ficativo agravamento dos sintomas em pessoas com enfermidades cardiorres-
piratórias; sintomas gerais na população sadia.
Precauções: pessoas idosas ou com doenças cardiorrespiratórias devem re-
duzir as atividades físicas e permanecer em casa.
capítulo 2 • 49
• Nível de alerta:
Saúde: aparecimento prematuro de certas doenças, além de significativo agra-
vamento de sintomas. Decréscimos da resistência física em pessoas saudáveis.
Precauções: Idosos e pessoas com enfermidades devem permanecer
em casa e evitar esforço físico. A população em geral deve evitar atividades
exteriores.
• Nível de emergência:
Saúde: morte prematura de idosos e pessoas doentes. Pessoas saudáveis po-
dem acusar sintomas adversos que afetam sua atividade normal.
Precauções: todas as pessoas devem permanecer em casa, mantendo as
portas e as janelas fechadas. Todas as pessoas devem minimizar as atividades
físicas e evitar o tráfego.
CONEXÃO
Para melhor compreender sobre os níveis de qualidade do ar, acesse o site do Ministério
do Meio Ambiente (CONAMA) através do link: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/
res90/res0390.html.
50 • capítulo 2
2.3.1 Controle das Poluições Atmosféricas
capítulo 2 • 51
Ambiente externo
Chaminé / Veículos Padrão de qualidade
Padrão de emissão
FÁ
BRI
CA
Ambiente de trabalho
Limite de tolerância
POLUENTES
TIPO DE PRINCIPIO DE
TECNOLOGIA USUAIS
POLUENTES OPERAÇÃO TRATADOS
Oxidação do poluen-
te por meio de com-
Oxidação térmica Gasosos VOCs, CO
bustão a alta tempe-
ratura
52 • capítulo 2
POLUENTES
TIPO DE PRINCIPIO DE
TECNOLOGIA USUAIS
POLUENTES OPERAÇÃO TRATADOS
Transferência de um
Torre de absorção Gasosos poluente para um VOCs, SO2
adsorvente sólido
Remoção do po-
luente por impacta- 10μm > MP >
Lavador de gases Particulados
ção em gotículas de 5μm
água
Atração de partícu-
Precipitador ele-
Particulados las carregadas para MP < 1 μm
trostático
as placas de coleta
capítulo 2 • 53
Os fatores determinantes na escolha da melhor tecnologia incluem:
54 • capítulo 2
Os ciclones (figura 2.10) são separadores mecânicos de grande escolha, pela
geometria e desempenho. Geralmente não atendem a padrões de emissão e
servem de pré-coletores para outros equipamentos. Utilizam a força centrífuga
para a coleta do material particulado. Podem atuar sozinhos ou em conjuntos
de ciclones em série e paralelo. Utilizado nas indústrias alimentícias de grãos,
pós, fibras, indústria de fertilizantes, cimento, operações de moagem, fornos
de incineração, etc. No seu projeto incluem além do ensaio granulométrico do
MP, dados de vazão do ar e queda de pressão.
II
©© KASPRI | DREAMSTIME.COM
Os filtros de manga (figura 2.11) são equipamentos mais utilizados para re-
moção de partículas em correntes gasosas. São excelentes para partículas finas
e possui eficiência de coleta da ordem de 99,00%. O ar utilizado para transporte
do material particulado pode ser recirculado. A corrente com o poluente pas-
sa por um meio poroso e permeável, os chamados filtros. As partículas conti-
das no aerossol se depositam nas fibras dos filtros. Os filtros são produzidos
de diferentes materiais, e são indicados para tipos de poluentes específicos.
Normalmente o fabricante do filtro disponibiliza tabelas que comparam o de-
sempenho dos mesmos mediante diferentes condições de operação. A limpeza
se dá por mecanismos simples, podendo ser jatos de ar aplicado diretamente
nos filtros ou até mesmo por mecanismos de sacudimento das mangas.
capítulo 2 • 55
©© RYSZARD PARYS | DREAMSTIME.COM
56 • capítulo 2
©© PAPRIKAA | DREAMSTIME.COM
Figura 2.12 – Poluição atmosférica pela queima de carvão.
ATIVIDADES
01. Segundo a CETESB, depois de cinco anos de melhora, a qualidade do ar na metrópole
de São Paulo voltou a piorar nos últimos dois anos. O número de vezes em que a qualidade
do ar ficou inadequada ou má foi 54% maior em 2007, se comparada à de 2006. Dentre
possíveis causas e consequências, é correto afirmar que a gravidade do problema da polui-
ção, a partir de 2006:
a) aumentou, em função do forte crescimento das taxas de industrialização na capital e no
litoral e em razão da desobediência legal das indústrias dessas áreas.
b) teve desdobramentos, como a expansão da área mais poluída, em função do aumento
da emissão de poluentes por veículos automotores e outras fontes.
c) aumentou, em virtude de um novo fenômeno, o da emissão de gás ozônio pela frota de
automóveis bicombustíveis, concentrada na região metropolitana.
d) teve desdobramentos sobre a formação das ilhas de calor, cujos efeitos de aquecimento
foram atenuados no centro da região metropolitana.
e) aumentou, em função do crescimento econômico do interior do Estado e em virtude da
ausência de legislação sobre emissão de poluentes nessa região.
capítulo 2 • 57
02. A dispersão de poluentes na atmosfera pode ser comparada a balões de ar soltos na
atmosfera. Para melhor entendimento, é necessário se atentar para o perfil térmico da at-
mosfera, o que pode ou não colaborar para a capacidade de dispersão destes poluentes.
Explique melhor a relação perfil térmico x Capacidade de dispersão de poluentes.
REFLEXÃO
“A poluição atmosférica causada pelo ser humano abrange ainda uma quantidade enorme
de compostos químicos além dos já mencionados, como: monóxido e dióxido de carbono,
aldeídos, peróxidos, chumbo, arsênio, cádmio, cromo, cobalto, mercúrio, asbesto, benzeno,
enxofre e material particulado. Os efeitos dessas substâncias sobre a saúde humana variam
de acordo com a concentração, mas podem ser resumidos como se segue: alergias, tonturas,
dor de cabeça, bronquite crônica, enfisema pulmonar, pneumoconiose, alterações no tecido
conjuntivo, danos na visão, hipoxia, lesões degenerativas no coração, nos rins, no fígado, no
sistema nervoso central e no cérebro, defeitos congênitos e câncer. Suspeita-se que só a
inalação de material particulado seja a causa da morte de cinco mil pessoas por ano em Los
Angeles e outras quatro mil em Nova York. No ano de 1952, de 4 a 9 de dezembro, entre
3.500 a 4.000 pessoas morreram de bronquite aguda em Londres, vítimas de uma densa
fumaça sobre a cidade”. (Dra. Shirley de Campos/2007).
Já imaginou como era a situação da poluição atmosférica nas indústrias na época da Revo-
lução Industrial?
LEITURA
Impactos do incêndio de tanques em Santos vão durar 5 anos.
Os impactos ambientais do incêndio que atingiu seis tanques de uma empresa de San-
tos, na semana passada, poderão durar pelo menos cinco anos, contaminando plantas e
animais. Além disso, com a emissão de poluentes na atmosfera, existe a possibilidade de
ocorrência de chuvas ácidas, o que comprometeria a vegetação da serra do Mar. O alerta é
do zoólogo Marcelo Pinheiro, do Campus Litoral Paulista da Unesp.
O incêndio no terminal da Ultracargo - o maior já registrado no Estado de São Paulo - só foi
declarado extinto pelo Corpo de Bombeiros na sexta-feira (10), nove dias após ter começado.
Segundo a Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), até agora todos os esforços ha-
viam sido concentrados no controle do incêndio e a avaliação dos danos ambientais terá
início só após o rescaldo. Mas, segundo Pinheiro, é provável que a situação da área de estu-
58 • capítulo 2
ário e dos manguezais, que já era crítica, fique ainda pior: bilhões de litros de água que foram
usados no resfriamento dos tanques voltaram para o ecossistema aquático com resíduos do
combustível e dos produtos químicos que compõem a espuma usada para debelar o fogo.
"Não podemos ainda prever com precisão quanto vai durar o impacto. Mas, dependendo da
composição química da espuma e da quantidade utilizada, vai levar de cinco a dez anos para que a
natureza se recupere e volte à situação original. Na água, esse produto poderá reagir com outros
resíduos químicos, formando compostos mais tóxicos. A contaminação pode repercutir por toda a
cadeia alimentar", disse Pinheiro. "Além disso, os poluentes lançados na atmosfera podem formar
a chuva ácida, que queima o tecido das folhas e impede a fotossíntese, matando a vegetação."
Segundo o gerente da Agência Ambiental de Santos na Cetesb, Carlos Eduardo Pado-
van Valente, ainda não foram detectadas alterações consideráveis na qualidade do ar. Mas
a quantidade de oxigênio disponível na água foi reduzida dramaticamente e a temperatura
subiu 7°C acima do tolerável para os peixes, o que causou a morte de oito toneladas deles.
"Desde domingo passado não temos mortes de peixes."
As consequências imediatas, porém, são visíveis na região do incêndio. Na Favela Chico
de Paula, no mangue ao lado do Porto de Santos, o cheiro lembra o de posto de combustível.
Nos carros, moradores apontam marcas de pingos pretos e a fuligem vinda do pátio da Ultra-
cargo, a menos de 500 metros de palafitas e barracos, onde moram cerca de 30 mil pessoas.
A fumaça preta que co briu a comunidade também agravou a situação de moradores que
sofrem de doenças respiratórias. "Estou com uma dor de cabeça que não passa. Quando bate
um vento e a fumaça vem com mais força, a gente tem até de fechar a janela", disse a dona
de casa An a Paula Palhas, de 38 anos. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
falta referencia
Fonte: <http: //estadao.com.br/noticias/geral.impactos-do-incendio-de-tanques-em-santos-
vao-durar-5-anos-.1668237>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento Sustentável. 2º
Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005;
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução do CONAMA nº 03 de 28 de Junho de 1990.
Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0390.html. Acessado em
12/02/2015;
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – www.cetesb.sp.gov.br. acessado em
21/01/2015;
capítulo 2 • 59
CHIOSSI, Nivaldo José. Geologia de Engenharia. 3º Ed. São Paulo. Oficina de Textos, 2013;
JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J.V.M.. Política Nacional, gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos. Barueri. Manole, 2012;
MIHELCIC, James R.. ZIMMERMAN, Julie Beth. Auer, Martin T.. Engenharia ambiental: fundamentos,
sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Ltc, 2012;
60 • capítulo 2
3
Poluição do solo ou
Poluição terrestre
(Parte 1)
Vamos falar de um dos principais problemas ambientais da atualidade, a
contaminação do solo. Durante séculos, o homem pouco se preocupou com
o descarte de lixo, produtos químicos e resíduos industriais trazendo assim a
contaminação e prejuízo ao meio ambiente. O solo atua frequentemente como
um "filtro", tendo a capacidade de depuração e imobilizando grande parte das
impurezas nele depositadas. Historicamente, o solo tem sido utilizado por ge-
rações como receptor de substâncias resultantes da atividade humana.
OBJETIVOS
• Conhecer as características e a classificação dos solos;
• Entender um dos mais sérios problemas ambientais quanto a utilização do solo, a erosão;
• Conhecer os métodos de prevenção e controle da qualidade do solo.
62 • capítulo 3
3.1 Solo: Caracteristicas e Classificação
O conceito de solo para os engenheiros difere um pouco do conceito geológico,
uma vez que, para eles, o termo inclui todo tipo de material orgânico ou inor-
gânico inconsolidado ou parcialmente cimentado encontrado na superfície da
terra, materiais estes classificados em geologia como rochas sedimentares ou
sedimentos (Chiossi, 2013).
Os solos residuais são bastante comuns no Brasil, principalmente na região
centro-sul, em função do próprio clima. Praticamente todos os tipos de solo
formam solo residual. A sua composição vai depender do tipo e da composição
mineralógica da rocha original que lhe deu origem. Por exemplo, a decompo-
sição de basaltos forma um solo típico, conhecido como “terra roxa”, de cor
marrom chocolate, composição argilo arenosa e elevada plasticidade. De outro
lado, a desintegração e a composição de arenitos ou quartizitos irão formar um
solo 100% arenoso, constituído de quartizo. Rochas metamórficas do tipo filito
(constituído de micas) darão origem a um solo de composição argilosa e bas-
tante plástico (Chiossi, 2013).
O solo (figura 3.1) pode ser estudado por suas características físicas, quími-
cas e biológicas, com o objetivo de conhecermos suas propriedades e utiliza-lo
no atendimento das necessidades sem degradar o ambiente. ©© DLEONIS | DREAMSTIME.COM
capítulo 3 • 63
Inicialmente, os homens nômades percebiam o solo apenas como suporte
para si, para seus deslocamentos e para a flora e fauna de que eles desfrutavam.
Com o passar do tempo, o solo passou a ser essencial para semear e obter germi-
nação e o desenvolvimento do alimento, surgindo assim, a agricultura primitiva e
itinerante. À melhoria advinda da capacidade de extrair seu sustento da terra cul-
tivada somaram-se outras vantagens para a fixação do homem em um local. O uso
do solo cultivado pelo homem sedentário foi se expandindo com o crescimento
populacional e o progressivo domínio da energia (fogo, queimada, utensílios para
manejo do solo pelo homem e por consequência, a fertilidade e a produtividade
naturais do solo foram reduzindo-se. Enquanto a alternativa de deslocamento para
outras terras foi possível, a sobrevivência foi assegurada. Entretanto, no caso de
grandes civilizações que dependiam das facilidades e características locais (abrigo,
edificações, vias, equipamentos públicos etc.) para viver e que eram de reprodução
mais difícil ou impossível, essa perda de fertilidade e produtividade foi fatal. Em
sua esteira, muitos povos e cultura sumiram sem deixar vestígios. Outros tantos
deixaram apenas memória de suas culturas e a certeza, cada vez mais evidente, de
que seu desaparecimento retardou o progresso social, tecnológico e econômico
da humanidade. Desde então, a humanidade vem se preocupando em conhecer
novas maneiras de preservar o solo como fonte de seu sustento, formando tanto
cultura oral e familiar como a que vem sendo consolidada e sistematizada de ma-
neira cientifica por toda a sociedade. Mais recentemente, a explosão demográfica
e produtiva que a Revolução Industrial deflagrou mudou a escala do problema. De
um problema local, limitado aquelas áreas de solo em rápido processo de degrada-
ção, perda de fertilidade e subsequente desertificação, transformou-se em proble-
mas de interesse de toda humanidade, à medida que a independência econômica
e social dos povos tornou a fome uma calamidade que afeta a todos, deixando claro
que o bem estar e a qualidade de vida da humanidade dependem da preservação
do equilíbrio dos ecossistemas na Terra (Braga, 2005).
64 • capítulo 3
3.2.1 Conceito do Solo
O conceito de solo pode ser diferente de acordo com o objetivo mais imediato
de sua utilização. Para o agricultor e agrônomo, esse conceito destacará suas
características de suporte da produção agrícola. Para o engenheiro civil, o solo
é importante por sua capacidade de suportar cargas ou de se transformar em
material de construção. Para o engenheiro de minas, o solo é importante como
jazida mineral ou como material solto que cobre e dificulta a explosão dessa
jazida. Para o economista, o solo é um fator de produção. Já o ecologista vê o
solo como componente da biosfera na qual se dão os processos de produção e
decomposição que reciclam a matéria, mantendo o ecossistema em equilíbrio.
De um modo geral, o solo pode ser conceituado como um manto superficial
formado por rocha desagregada e, eventualmente, cinzas vulcânicas, em mis-
tura com matéria orgânica em decomposição, contendo, ainda, água e ar em
proporções variáveis e organismos vivos (Braga, 2005).
Várias são as funções do solo, como sustentação da vida e do "habitat" para pes-
soas, animais, plantas e outros organismos, manutenção do ciclo da água e dos nu-
trientes, proteção da água subterrânea, manutenção do patrimônio histórico, na-
tural e cultural, conservação das reservas minerais e de matérias primas, produção
de alimentos e meio para manutenção da atividade sócio-econômica (figura 3.2).
capítulo 3 • 65
3.2.2 Composição do Solo
A proporção de cada um dos componentes pode variar de um solo para outro. Mes-
mo em um solo de determinado local, as proporções de água e ar variam sazonal-
mente, com de períodos de maior ou menor precipitação. Em termos médios de or-
dem de grandeza, os componentes podem ser encontrados na seguinte proporção:
66 • capítulo 3
3.2.3 Propriedades Gerais do Solo
capítulo 3 • 67
©© DZMITRY MARHUN | DREAMSTIME.COM
68 • capítulo 3
importantes, do ponto de vista ecológico, o grau de acidez, a composição e a
capacidade de trocas de íons (Braga, 2005).
A cor, como característica mais prontamente perecível, é, em muitos casos,
utilizada popularmente e mesmo em classificações científicas, como veremos
adiante, para denominar e identificar os solos, sendo ‘terra roxa’ e a ‘terra pre-
ta’ os dois exemplos mais conhecidos. Em termos técnicos, a cor é descrita por
comparação com escalas padronizadas (Braga, 2005).
Porém, mesmo sem recorrer a procedimentos padronizados, por simples
inspeção é possível associar algumas propriedades do solo à sua coloração. Os
solos escuros, tendendo a marrom, por exemplo, quase sempre podem ser as-
sociados à presença de matéria orgânica em decomposição em teor elevado; a
cor vermelha é indicativa da presença de óxidos de ferro e de solos bem drena-
dos; as tonalidades acinzentadas, mais comumente encontradas junto às bai-
xadas, são indício de solos frequentemente encharcados (Braga, 2005).
A textura ou granulometria descreve a proporção de partículas de dimensões
distintas componentes do solo. Um exame mais atento de um solo mostra que
ele é constituído de partículas de tamanhos diversos, frequentemente agrupadas
na forma de torrões ou grumos. A estrutura é o modo pelo qual as partículas do
solo se arrajam em agregados ou torrões. Produtos da decomposição de matéria
orgânica, juntamente com alguns componentes minerais, como óxido de ferro e
frações argilosas, promovem a agregação das partículas. A presença de umidade
e ressecamento, com consequente inchamento e encolhimento, acaba por dar
origem aos torrões do solo, com tamanha e forma variados e característicos, os
quais podem se granular (esféricos ou arredondados), angular (com faces planas
e dimensões aproximadamente iguais), laminar (faces planas e dimensão hori-
zontal bem maior) e prismático (faces planas e dimensão vertical bem maior). A
estrutura de um solo explica, em boa parte, seu comportamento mecânico (ca-
pacidade de suportar cargas, resistência ao cisalhamento ou escorregamento),
conferindo-lhe o que se denomina consistência, ou seja, a capacidade de resistir
a um esforço destinado a rompe-lo e que podemos avaliar a consistência pressio-
nando os torrões entre os dedos (Braga, 2005).
A composição do solo (figura 3.4), referida anteriormente em termos médios de
ordem de grandeza das porcentagens, sendo bastante variável na sua composição
mineral e extremamente variável na proporção água/ar, pode apresentar também
teores variáveis de matéria orgânica.
capítulo 3 • 69
“A argila é considerada a parcela ‘ativa” da fração mineral por sediar os fenô-
menos de trocas de íons determinantes da fertilidade do solo (existência de nu-
trientes em quantidade adequada) e da boa nutrição vegetal (capacidade de ceder
os nutrientes à planta), Por sua vez, as frações minerais mais grossas presentes
no solo são também essenciais para assegurar a drenabilidade, a permeabilidade
e a areração indispensáveis para o equilíbrio àgua_ar exigido para a realização da
fotossíntese (captação dos nutrientes em solução por meio de pressão osmótica
nas raízes) e da respiração dos organismos existentes no solo (Braga, 2005).
A porção orgânica – e particularmente sua parcela em decomposição – é
importante por dar origem ao húmus. Ao húmus cabe a função de agente gra-
nulados (formação de torrões) dos solos produtivos. A matéria orgânica tem a
elevadíssima capacidade de reter nutrientes e água, muito superior, por exem-
plo, à existente na caulinita, a argila predominante em nossos solos. Pesquisas
(Coelho e Verlengia, 1976) estimam que mais
de 70% da capacidade de retenção de nu-
trientes dos solos do Estado de São
Paulo seja devida a matéria orgâni-
ca. Além disso, a matéria orgânica
pode ter um efeito atenuador da
nocividade de alguns elementos mi-
nerais sobre as plantas, como o
alumínio e o manganês, por
vezes presentes em
teores indesejáveis
nos solos tropicais
(Braga, 2005).
©© DESIGNUA | DREAMSTIME.COM
70 • capítulo 3
3.2.6 Classificação do Solo
Sabe-se que o comportamento dos solos está, de certo modo, ligado ao tamanho
das partículas que os compõem. De acordo com a granulometria, os solos são
classificados nos seguintes tipos (em ordem decrescente de tamanho dos grãos):
a) Pedregulhos ou cascalhos;
b) Areias: grossas, médias e finas;
c) Siltes;
d) Argilas
capítulo 3 • 71
a ação desse ultimo na estruturação dos solos. Os valores de pH mais elevados
(acima de 6,5) reduzem a disponibilidade de vários nutrientes ( Zn, Cu, Fe, Mn,
B), podendo provocar sua deficiência nas plantas (Braga, 2005).
A classificação granulométrica mais conhecida e internacionalmente aceita
estabelece as frações para os componentes minerais dos solos, conforme mos-
tra a tabela 3.1.
Cascalho Entre 20 e 2
72 • capítulo 3
3.2.6.2 Classificação pedológica dos solos
capítulo 3 • 73
ORDEM SUBORDEM OU GRANDE GRUPO
• Regossolo
Azonal • Solo aluvial
• Cambissolo
3.2.7 Erosão
3.2.8 Ocorrência
São várias maneiras pelas quais pode ser classificada a erosão. Além da erosão
urbana e rural, que se diferenciam tanto pelas causas como pelos efeitos, é
comum distinguir-se a erosão geológica ou lenta da acelerada. A primeira pro-
cessa-se de modo inexorável sob a ação dos agentes naturais; a segunda ocorre
como uma consequência da ação do homem sobre o solo. As partículas do solo
são carregadas pela água à proporção da pluviosidade e da declividade do terre-
74 • capítulo 3
no e à proporção do tempo de replantio ou rebrota, assim como a rarefação do
cultivo de substituição implantado.
Além dessa perda de matéria orgânica e nutrientes, que dariam origem
a substâncias coloidais capazes de garantir certa coesão do solo, as próprias
substâncias coloidais já existentes também podem ser destruídas pelo fogo.
Em todos os casos, a consequência é a perda progressiva da fertilidade e da pro-
dutividade primária do solo, podendo-se chegar a sua total e rápida esteriliza-
ção e eventual desertificação, caso não sejam tomadas precauções adequadas
em tempo oportuno (Braga, 2005).
Ainda de acordo com Braga (2005) a história registra muitos episódios em que
a erosão tem causado verdadeiras catástrofes, destruindo povos, civilizações e im-
périos, de modo a alterar situações de domínio e gerar desequilíbrios socioeconô-
micos que perduram por sécilos ou milênios. O fato novo, decorrente do conhe-
cimento da inter-relação mundial dos mecanismos ecossistêmicos e da possível
integração socioeconômica do planeta, já referido na introdução deste capítulo,
mostra a dimensão internacional do interesse que o problema da erosão hoje des-
perta, mesmo quando os episódios agudos não estão por perto de nós.
Por outro lado, a expansão das fronteiras agrícolas veio ocorrendo a veloci-
dades crescentes, ocupando novos solos, quase sempre a partir dos mais aptos
e menos frágeis até alcançar as áreas hoje cultivadas, perfazendo uma extensão
total mais próxima da que é admitida como ideal para a produção primária in-
tensiva. Dados do Instituto Internacional para o Ambiente e o Desenvolvimento,
órgão da ONU, mostram que a área cultivada praticamente triplicou em pouco
mais de um século, com a agravante desse crescimento entre 1950 e 1980, ter
se dado, principalmente, em países em desenvolvimento, à custa do desmata-
mento de florestas tropicais. Embora não existam estatísticas globais disponí-
veis para todo território brasileiro, são conhecidos vários episódios de perdas
progressivas e graves do potencial produtivo, inclusive com desertificação já
visível em vários estados. Como exemplo, podemos citar o sul do Maranhão e
do Pará e o norte do estado de Tocantins, em áreas da Amazônia recentemente
abertas a colonização com a Belém – Brasília (início da década de 1960) e com a
Transamazônica e outras vias amazônicas (década de 1970); as áreas a sudoeste
do Estado de São Paulo e a norte e nordeste do Estado do Paraná, formadas
por solos podzólicos naturalmente férteis e bastante erodíveis, extensivamente
utilizados para muitas monoculturas de algodão, soja, amendoim etc.; e parte
dos pampas gaúchos outrora empregados na produção intensiva de gramíneas
capítulo 3 • 75
alimentícias e forrageiras. Pesquisas efetuadas no Estado de São Paulo pelo
instituto Agronômico de Campinas dão uma medida das repercussões erosivas
dos ciclos sucessivos de cultivo iniciado pelo café, com a derrubada da mata
(que originalmente cobria mais de 80% do território paulista), seguida pela pas-
tagem e diferentes cultivos (Braga, 2005).
A tabela 3.3 apresenta as perdas de solo por erosão decorrentes de várias
coberturas vegetais.
Tabela 3.3 – Perdas de solo por erosão decorrente de diferentes coberturas vegetais.
Fonte: Braga, 2005.
A= R • K • L • S • C • P (1)
Onde:
76 • capítulo 3
K – fator de erodibilidade ou capacidade de solo erodir-se em face de uma
determinada chuva
L – fator de comprimento do declive ou rampa
S – fator do grau do declive
C – fator de uso e manejo do solo
P – fator de prática conservacionista
FATOR K FATOR K
TIPO DE SOLO HORIZONTE HORIZONTE
SUPERFICIAL SUBSUPERFICIAL
Tabela 3.4 – Fator de erodibilidade K para diferentes solos do Estado de São Paulo (Braga,
2005 apud Bertoni et al., 1985).
capítulo 3 • 77
mária do solo. Nos demais casos, principalmente quando se manifesta a erosão
regressiva (‘boçorocas’ ou ‘voçorocas’), os investimentos corretivos necessários
só são financeiramente possíveis e economicamente justificáveis quando se
destinam a recuperar terras produtivas altamente valorizadas e de pequena ex-
tensão ou a proteger áreas ameaçadas de ser destruídas pela erosão.
Os episódios mais graves registrados no país têm sido objeto de programas
federais, estaduais e municipais visando a correção de boçorocas. Na região
de solos podzólicos localizada entre os estados de São Paulo e do Paraná, por
exemplo, o Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DOS) vem apli-
cando, há quase duas décadas, vultuosos investimento para implantar obras
de recuperação de solos atacados por voçorocas. O Departamento Estadual de
Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo vem desenvolvendo trabalhos
similares no estado, seja na periferia ou nas próprias áreas centrais de núcleos
urbanos ameaçados de destruição pela erosão regressiva.
As medidas preventivas, muito mais eficazes e de custo social bem mais redu-
zido, existem em maior numero. As limitações a sua aplicação decorrem não de
restrições financeiras ou de complexidade técnica, mas das dificuldades próprias
de as sociedades menos desenvolvidas política e socialmente manterem meca-
nismos legais, institucionais e administrativos capazes de ordenar a ocupação e
o uso do solo, estimular a aplicação de técnicas ambientalmente adequadas e im-
pedir aquelas que ponham em risco os recursos do patrimônio privado e público.
78 • capítulo 3
CONEXÃO
Para maior conhecimento das questões relacionadas às áreas contaminadas, como são
efetuados os levantamentos, o gerenciamento e suas tratabilidades, acessem: http://www.
cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/O-que-s%EF%BF%BDo-%EF%BF%BDreas-Conta-
minadas/1-O-que-s%EF%BF%BDo-%C3%81reas-Contaminadas.
capítulo 3 • 79
Após maio de 2002, quando a CETESB divulgou a primeira lista de áre-
as contaminadas, o número era de 255 áreas contaminadas no estado de São
Paulo. Já em novembro de 2008, após a oitava atualização, o número de áreas
contaminadas chegou a 2.514 (CETESB, 2008).
O principal motivo dessa alteração nos dados diz respeito às descobertas
constantes de áreas contaminadas por postos de combustíveis (CETESB, 2008).
Na figura 3.6 é possível observar a distribuição das áreas de contaminação de
acordo com a atividade realizada.
Posto de
combustível (1.953)
78%
Figura 3.6 – Distribuição de Áreas Contaminadas por atividades realizadas. Fonte: CETESB, 2008.
80 • capítulo 3
ATIVIDADES
01. São formas de contaminação do solo:
a) Aterros sanitários, a emissão veicular, a poluição sonora.
b) Disposição de resíduos em aterros, atividades industriais, tanques enterrados.
c) Poluição sonora, as atividades industriais, e os equipamentos lavadores de gases.
d) Equipamento lavadores de gases, as atividades industriais e os veículos.
e) Veículos pesados, atividades industriais e atividade agrícola.
02. Tendo em vista que aterro sanitário é uma forma de disposição final os resíduos sólidos gera-
dos pelas atividades humanas, e é objeto de investimentos governamentais, analise o gráfico abaixo.
2000
1800
Número de municípios
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste
capítulo 3 • 81
REFLEXÃO
“A preocupação com os processos de degradação do solo vem sendo crescente, à medida
que se verifica que, para além da clássica desertificação por secura, outros processos con-
ducentes aos mesmos resultados se têm instalado, devido a:
• Utilização de tecnologias inadequadas em culturas de sequeiro.
• Falta de práticas de conservação de água no solo.
• Destruição da cobertura vegetal.” (Ambiente Brasil, 2014)
Existe mesmo degradação do solo? Você conseguiria identificar este tipo de poluição?
LEITURA
O que fazer com as áreas contaminadas de São Paulo?
82 • capítulo 3
Os números impressionam. Apenas no Estado de São Paulo há mais de 4 mil áreas
definidas pela Cetesb como contaminadas, em suspeita de contaminação ou em processo
de descontaminação. A grande maioria dessa áreas são postos de gasolina, mas há também
atividades agrícolas envolvendo agrotóxicos e setores industriais e de resíduos. Algumas
dessas áreas podem ser recuperadas, mas em outras, simplesmente não há tecnologia o
suficiente para reparar o dano – infelizmente, ainda seguimos o padrão de primeiro sujar para
depois descobrir como limpar.
Brasil é o segundo maior poluidor da América Latina
Para tentar lidar com o problema, São Paulo aprovou no dia do meio ambiente uma nova
legislação sobre o assunto. O novo decreto regulamenta uma lei que já existia desde 2009, mas
como não estava regulamentada, ainda causava confusão com o setor produtivo. O Blog do Pla-
neta conversou com duas especialistas em direito ambiental que explicam como essas novas
regras vão funcionar, as advogadas Renata Amaral e Camila Steinhoff, do escritório Trench, Rossi
e Watanabe Advogados. “O decreto determina como vai funcionar o dia a dia do empreendedor,
quando e como ele deve comunicar às autoridades uma suspeita de contaminação”, diz Renata.
Com o decreto, todas as empresas passam a ser obrigadas a comunicar não apenas
casos de contaminação, como também indícios e suspeitas de que uma área pode estar
contaminada. Além disso, o texto aumenta o valor das multas ambientais. Pela legislação
anterior, o valor máximo da multa era de 10 mil UFESPs (Unidade Fiscal do Estado de São
Paulo). Pela cotação atual, essa multa seria de cerca de R$ 190 mil. Agora, a multa máxima
pode chegar até o máximo previsto pela legislação federal, de R$ 50 milhões.
Outra inovação do decreto é exigir que das empresas a contratação de um seguro am-
biental obrigatório. Quando o empreendedor tem uma área contaminada ou com suspeita
de contaminação, ele deve contratar um seguro no valor de 125% do valor da processo de
descontaminação. “Esse seguro foi criado para garantir recursos para a recuperação. Para
evitar que a empresa fique sem recursos para reabilitar a área”, diz Camila.
Entre as áreas poluídas de São Paulo, a Cetesb lista dez áreas contaminadas críticas.
Oito dessas áreas ficam na região metropolitana da cidade de São Paulo, entre elas o
Shopping Center Norte.
Fonte: <http://colunas.revistaepoca.globo.com/
planeta/tag/poluicao/>.
Acesso em 09/02/2015
capítulo 3 • 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento Sustentável. 2º
Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005;
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – www.cetesb.sp.gov.br. acessado em
21/01/2015;
CHIOSSI, Nivaldo José. Geologia de Engenharia. 3º Ed. São Paulo. Oficina de Textos, 2013;
JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J.V.M.. Política Nacional, gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos. Barueri. Manole, 2012;
MIHELCIC, James R.. ZIMMERMAN, Julie Beth. Auer, Martin T.. Engenharia ambiental: fundamentos,
sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Ltc, 2012;
84 • capítulo 3
4
Poluição do solo ou
Poluição terrestre
(Parte 2)
Estamos a beira de desastres ambientais irreparáveis. Assim, temos que co-
nhecer as formas de transportes dos resíduos, as fontes de poluição no solo e
principalmente praticar a prevenção da poluição.
OBJETIVOS
• Conhecer as forma de transporte de poluentes no solo;
• Compreender a importância do solo como fonte de vida;
• Conhecer as formas de poluição em solos rurais e urbanos;
• Conhecer um pouco sobre os tipos de resíduos sólidos e seu gerenciamento.
86 • capítulo 4
4.1 Transportes de Poluentes no Solo
O processo de transporte de poluentes no solo se dá por diversas maneiras, des-
de o lançamento inadequado de diversos tipos de resíduos até mesmo pela utili-
zação exagerada de substâncias que servem para colaborar com a qualidade do
solo. O contato destes resíduos e destas substâncias com o solo traduzem os im-
pactos que por eles são gerados. Vejamos a seguir as consequências da utilização
de fertilizantes e defensivos no solo e também da disposição de resíduos no solo.
capítulo 4 • 87
©© ROBERT CARNER | DREAMSTIME.COM
88 • capítulo 4
De acordo com Braga (2005) a bibliografia cita casos de pesquisas efetua-
das em vários países onde foram constatadas várias impurezas constituídas por
substancias altamente toxicas. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos desde
1970 indicam a presença de várias impurezas, algumas delas na forma de me-
tais pesados, de reconhecida toxidez, mesmo em teores bastante reduzidos.
A adição de fertilizantes (figura 4.2) ao solo visa atender à demanda de nu-
trientes das culturas. Em ordem decrescente das qualidades exigidas pela plan-
ta, são cerca de dezesseis os elementos necessários assimilados a pelo vegetal,
principalmente a partir de suas formas minerais ou mineralizadas encontradas
em solução nos solos. Os macronutrientes principais são o nitrogênio, o fos-
foro e o potássio. Em seguida, estão os macronutrientes secundários: cálcio,
magnésio, enxofre. Por fim, os micronutrientes como ferro, manganês, cobre,
zinco, boro, molibdêncio e cloro. Como em qualquer processo físico, químico
e biológico, mesmo quando o fertilizante é aplicado com a melhor técnica e de
modo que seja mais facilmente assimilável pelo vegetal, a eficiência nunca é de
100%, provocando, em consequência, um excedente que passa a incorporar-se
ao solo, fixando-se à sua porção sólida ou solubilizando-se e movimentando-se
em conjunto com sua fração liquida. A eficiência dessa aplicação, além de de-
pender da técnica utilizada (modo e local da aplicação, momento da aplicação
e ocorrência ou de agentes que carregam e lixiviam etc.), depende também das
quantidades adotadas. Essa dependência é expressa pela conhecida lei econô-
mica ‘dos rendimentos decrescentes’. Por essa lei, a medida que as aplicações
de fertilizante se intensificam a cada novo acréscimo de quantidade de fertili-
zante empregado, o acréscimo de produção primária é crescentemente menor.
Em outras palavras, a eficiência cai e quantidades crescentes incorporam-se ao
ambiente, e não a planta, mas relembrando os ciclos biogeoquímicos vistos nos
capítulos precedentes, é fácil intuir que alguns deles poderão vir a integrar-se a
corpos de agua e outros ficarão no solo, próximos a superfícies em que ocorrem
os cultivos. Os primeiros poderão elevar os teores com que naturalmente se
apresentam nas aguas, ocasionando diferentes formas de poluição. Uma delas,
denominadas contaminação ocorre quando esses teores atingem níveis tóxicos
à flora, à fauna, à fauna e o homem em particular. A outra denominada eutro-
fização corresponde à superfície das aguas, que passam a produzir enormes
quantidades de algas que, por competição, eliminam muitas espécies aquáti-
cas e restringem severamente os benefícios que podem ser extraídos da agua.
capítulo 4 • 89
A parcela que se fiou ao solo tente a acumular-se em concentrações crescentes
que poderão torna-lo impróprio à agricultura (Braga, 2005).
©© AMNARJ2006 | DREAMSTIME.COM
90 • capítulo 4
Os defensivos que inauguram o ciclo que ainda hoje caracteriza a tecnologia
predominante de combate às pragas agrícolas têm cerca de 50 anos. Eles foram
sintetizados na busca de um efeito mais duradouro de sua aplicação. Surgiu,
então, o DDT, em 1979, como o primeiro inseticida organoclorado de elevada
resistência à decomposição no ambiente (meia vida da ordem de decênios).
Desde então, um grande numero deles vem sendo sintetizados, partindo-se do
mesmo objetivo inicial, mas com a preocupação crescente de torna-los mais
específicos quando aos organismos afetados e menos duradouros. É forçoso
reconhecer que esses dois ultimo objetivos ou não tem sido alcançados com
sucesso ou o sucesso da sua concretização tem esbarrado em uma consequente
perda de eficiência. O atributo que foi o grande motor da expansão dos defen-
sivos – seu efeito residual – transforma-se cada vez mais na pior de suas carac-
terísticas. A resistência em decompor-se no ambiente, de modo a impedir o
desenvolvimento de organismos indesejados, justificou o sucesso do DDT em
programas de saúde publica (pelo combate a malária, tifo exantemático e varias
outras doenças transmitidas por insetos) e na contribuição para o aumento da
produtividade agrícola. Entretanto, essa permanência no ambiente ampliava a
oportunidade de sua disseminação pela biosfera, seja por meio de fenômenos
físicos (como a movimentação das aguas e a circulação atmosférica), seja pe-
las cadeias alimentares dos ecossistemas presentes no local de sua aplicação
original. De repente, os resultados de pesquisas e expedições cientificas come-
çaram a registrar a presença de defensivos como DDT nas calotas polares e em
tecido celular de animais e aves com habitat bastante afastados dos locais de
sua aplicação costumeira, e, oque é pior, em teores elevadíssimos. Enquanto
a circulação das aguas e da atmosfera juntamente com os deslocamentos dos
organismos integrados a cadeias alimentares explicavam a disseminação dos
defensivos em escala mundial, as concentrações elevadas são consequência do
que se denomina biomagnificação ou amplificação biológica. A biomagnifica-
ção ocorre quando substancias persistente ou cumulativa, como os compostos
organoclorados, migram do mecanismo da nutrição de um organismo para se-
guintes da cadeia alimentar. Essa migração pode ser iniciada pela concentra-
ção da substancia no organismo fotossintetizante e chegar até os últimos elos
da cadeia alimentar (Braga, 2005)
Outros estudos mostram que os defensivos presentes no solo transferem-
se, parcialmente, para o tecido celular da planta, com relações de concentra-
ções que dependem, entre outros fatores, da concentração existente no solo e
capítulo 4 • 91
do tipo de planta. Ramade (1974) apresentou os efeitos da contaminação do
solo por heptacloro em vários cultivos.
Os efeitos ambientais ou indiretos podem ser resumidos em:
Muitas pragas, hoje em dia, podem ser controladas por meios biológicos lu-
garde pesticidas. Nesse caso, as espécies nocivas são mantidas em níveis aceitá-
veis pela introdução de um predador natural ou microorganismo que lhe cause
doença. Por exemplo, os insetos que infestam a cana-de-açúcar podem ser con-
trolados por uma espécie de joaninha. O manejo integrado de pragas visa contro-
lar as pragas de modo a minimizar as perdas econômicas por meio de sua redu-
ção populacional sem que seja preciso eliminá-las por completo. A abrangência
e a complexidade elevada dos efeitos dos defensivos na biosfera não permitem
que, até agora, pudessem ser vislumbradas medidas corretivas. Por outro lado,
persistem várias incógnitas sobre a natureza e a extensão de algumas das con-
sequências em longo prazo. Considerando-se, ainda, a atual existência de solu-
ções alternativas em escala compatível com a necessária, concluir-se esse um dos
maiores desafios ambientais desde o inicio do século. A seguir, relacionamos os
principais grupos de defensivos agrícolas sintéticos de acordo com Braga (2005).
Inseticidas:
92 • capítulo 4
• Organofosforados: Parathion, Malathion, Phosdrin, etc. Apresentam uma
certa seletividade em sua toxidez para os insetos. Em sua maioria, degradam-se
bem mais rapidamente que os organoclorados.
Fungicidas:
Herbicidas:
4.1.1.3 Salinização
capítulo 4 • 93
lençol freático. Quando ele é naturalmente, pouco profundo, a franja capilar
imposto pelo novo nível pode atingir a superfície do terreno, acumulando sais.
A prevenção desse problema deve ser feita na fase do projeto de engenharia,
mediante a previsão de um sistema de drenos que rebaixe a superfície do len-
çol freático. Uma outra medida, que pode ser utilizada em paralelo, consiste
em sobreirrigar, aplicando quantidade de agua superiores às requeridas pela
planta, para obter o efeito de lixiviação normalmente resultante das chuvas. As
duas medidas encarecem os custos de investimento e de operação. Outras ve-
zes nem sequer é detectada previamente sua necessidade. O resultado que tem
sido frequente em grandes programas de irrigação é a salinização e a perda de
enormes extensões de solos agricultáveis, a exemplo do que ocorreu muitas ve-
zes na Antiguidade, contemporaneamente na Califórnia e, mais recentemente,
no semi-árido brasileiro (Braga, 2005)
94 • capítulo 4
de menor significado o efeito poluidor direto dos resíduos gasosos sobre o solo.
Indiretamente, porém, a parte que precipita nas áreas urbanas pode chegar ao solo
na forma de poluentes em solução, trazidos pelas chuvas conhecidas como ‘chuvas
acidas’, por exemplo. Além desses, há os resíduos líquidos que atingem o solo ur-
bano e que são provenientes dos efluentes líquidos de processos industriais e, dos
esgotos sanitários que não são lançados nas redes publicas de esgotos. Tanto uns
como outros podem chegar ao solo como parte de um procedimento técnico de
tratamento de resíduos líquidos por aplicação ao solo ou, como consequências de
descuido e descaso, serem aí simplesmente lançados (Braga, 2005).
Vários são os tipos de resíduos sólidos existentes e que hoje são gerenciados
mediante legislações específicas, como por exemplo:
©© FRANSEN | DREAMSTIME.COM
CONEXÃO
Para maiores informações da geração de resíduos no Brasil, acessem a página da Associa-
ção Brasileira das Empresas de Limpeza Pública, a ABRELPE, através do link: http://www.
abrelpe.org.br/
capítulo 4 • 95
4.2.1 Resíduos Sólidos Urbanos
De acordo com a ABRELPE (2013) a geração total de RSU no Brasil em 2013 foi de
76.387.200 toneladas, o que representa um aumento de 4,1%, índice que é supe-
rior à taxa de crescimento populacional no país no período, que foi de 3,7%.
Os resíduos sólidos de uma área urbana são constituídos por desde aquilo que
vulgarmente se denomina “lixo” (mistura de resíduos produzidos nas residências,
comércio e serviços e nas atividades públicas na preparação de alimentos, no de-
sempenho de funções profissionais e na variação de logradouros) até resíduos es-
peciais, e quase sempre mais problemáticos e perigoso, provenientes de processos
industriais e de atividades médico-hospitalares (figura 4.5) (Braga, 2005).
©© ANGELLODECO | DREAMSTIME.COM
96 • capítulo 4
fonte de conhecimentos dos costumes e da civilização de povos mais antigos.
Por exemplo, as proporções de papel, de substancias inertes, de matéria orgâni-
ca mais prontamente biodegradável, como resto de alimentos, variam bastan-
te conforme a predominância da ocupação urbana mais típica da área da qual
eles provém. Entretanto, no conjunto dos resíduos coletados nos aglomerados
urbanos maiores, com atividades diversificadas, há certo grau de similaridade
em sua composição (Braga, 2005).
A tabela 4.1 a seguir apresenta a composição do lixo no município de São Paulo
de acordo com a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana - AMLURB. Observa-se
como essa composição se altera no tempo em razão de uma serie de fatores, como
crise econômica, avanços tecnológicos e reciclagem de materiais, entre outros.
Da composição e, principalmente, do maior ou menor teor de matéria orgâ-
nica biodegradável depende a maior ou menor eficiência na utilização de pro-
cessos biológicos naturais ou intensificados para o tratamento do lixo - os mais
empregados habitualmente, por serem os mais simples e viáveis. A quantidade
de lixo gerada decorre da população servida. Em termos médios, cada pessoa pro-
duz diariamente cerca de 0,4 kg a 0,7 kg, valor que pode ultrapassar 1,0 kg em
países desenvolvidos. Lançado em qualquer lugar ou inadequadamente tratado e
disposto, o lixo é uma fonte dificilmente igualável de proliferação de insetos e ro-
edores, com os consequentes riscos para a saúde publica que dai, derivam, além
de ser causa também de incômodos estéticos e de mau cheiro. As soluções indi-
viduais de disposição e tratamento do lixo mais empregados nas áreas rurais até
por sua utilidade (adubação do solo ou alimentação de animais) são dificilmente
viáveis em áreas urbanas, em decorrência da escassez de área e pela proximidade
de pessoas. Nas cidades é indispensável um sistema publico ou comunitário que
incumba da limpeza de logradouros, da coleta, disposição e tratamento do lixo
que extinga os riscos de saúde publica e elimine ou reduza a níveis aceitáveis os
demais impactos sobre o ambiente associado ao lixo (Braga, 2005).
capítulo 4 • 97
MATERIAL 1927 1957 1969 1976 1991 1996 1998 2000 2003
Matéria
82,5 76,0 52,2 62,7 60,6 55,7 49,5 48,2 57,5
orgânica
Papel, pape-
13,4 16,7 29,2 21,4 13,9 16,6 18,8 16,4 11,1
lão e jornal
Embalagem
-- -- -- -- -- -- -- 0,9 1,3
longa vida
Plásticos -- -- 1,9 5,0 11,5 14,3 22,9 16,8 16,8
Metais
1,7 2,2 7,8 3,9 2,8 2,1 2,0 2,6 1,5
ferrosos
Metais
não-ferrosos -- -- -- 0,1 0,7 0,7 0,9 0,7 0,7
(alumínio)
Trapos,
panos, couro 1,5 2,7 3,8 2,9 4,4 5,7 3,0 * 4,1
e borracha
Pilhas e
-- -- -- -- -- -- -- 0,1 0,1
baterias
Vidros 0,9 1,4 2,6 1,7 1,7 2,3 1,5 1,3 1,8
Terra e
-- -- -- 0,7 0,8 -- 0,2 1,6 0,7
pedra
Madeira -- -- 2,4 1,6 0,7 -- 1,3 2,0 1,6
Diversos -- 0,1 -- - 1,7 2,6 -- 9,3 1,0
Tabela 4.1 – Composição (%) do lixo no município de São Paulo (AMLURB, 2003).
98 • capítulo 4
A classificação dos resíduos sólidos é realizada com 3 objetivos básicos:
• Inflamabilidade;
• Corrosividade;
• Reatividade;
• Toxicidade;
• Patogenicidade (excluídos os resíduos sólidos domiciliares e o de trata-
mentos de esgoto).
capítulo 4 • 99
Na impossibilidade de se enquadrar o resíduo em 1 das 5 classes cita-
das anteriormente, parte-se para os ensaios Tecnológicos para avaliação dos
extratos líquidos, através das normas NBR 10.005 (Lixiviação), NBR 10.006
(Solubilização) e NBR 10.007 (Amostragem de resíduos).
Outra importante legislação aplicada aos resíduos sólidos é a Política
Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, através da Lei nº 12.305 de 05 de Agosto
de 2010. Bastante atual e com conteúdo de instrumentos importantes que per-
mitem o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resí-
duos sólidos (MMA, 2015).
A PNRS reúne pressupostos e condições para conduzir um sistema de co-
mendo e controle através de mecanismos e instrumentos de planejamentos e
de gestão dos resíduos.
São princípios da PNRS:
• Princípio da prevenção
• Princípio da precaução
• Princípio poluidor pagador
• Princípio da responsabilidade compartilhada
• Princípio da cooperação
• Princípio do protetor-recebedor
• Princípio da visão sistêmica
• Princípio do desenvolvimento sustentável
• Princípio da ecoeficiência
• Princípio do reconhecimento do valor do resíduo sólido reutilizável e reciclável
• Princípio do respeito às diversidades locais e regionais
• Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade
• Princípio do direito da sociedade a informação
• Princípio do direito da sociedade ao controle social
100 • capítulo 4
CONEXÃO
Acesse as resoluções do CONAMA através do link: www.mma.gov.br
capítulo 4 • 101
comuns para a disposição e o tratamento do lixo são o aterro sanitário ou ener-
gético, a compostagem e a incineração (Braga, 2005).
No aterro sanitário (figura 4.6), o lixo é lançado sobre o terreno e recoberto
com solo do local, de forma a isola-lo do ambiente, formando “câmaras’”. Pela
própria movimentação das maquinas de terraplenagem na execução dessas ‘câ-
maras’, o lixo é compactado e seu volume, substancialmente reduzido. Nessas
‘câmaras’, cessada a biodegradação aeróbia com o esgotamento do pouco oxi-
gênio existente, processa-se a biodegradação araeróbia, com liberação de gás e
de uma substancia liquida escura constituída pelos resíduos orgânicos apenas
parcialmente biodegradados, denominados chorume (Braga, 2005).
Para Braga (2005) a fração gasosa é predominantemente formada por gás meta-
no e tende a se acumular nas porções superiores das câmaras, devendo ser drenada
para a queima ou beneficiamento e utilização. O chorume acumula-se no fundo e
tende a infiltrar-se no solo, podendo alcançar o lençol freático, contaminando-o, no
caso de ele não estar separado por uma camada de solo ou de um revestimento sufi-
cientemente espesso ou de baixa permeabilidade, de modo a garantir a preservação
do solo. As normas de aterro sanitário requerem captação e tratamento dos gases e
do chorume. O projeto do aterro deve seguir as normas do ABNT (NBR 8.419). Ainda,
segundo Braga (2005), aterros controlados podem em certos casos, ser constituídos
sem o tratamento do chorume, seguindo as normas especificas (NBR 8.849).
Os aterros uma vez esgotados sua capacidade de receber lixo, podem ser
uteis como elementos de recuperação de áreas de baixos degradados, incorpo-
rando-as ao tecido urbano, na forma de áreas verdes e parques. Além das vanta-
gens do aterro sanitário, de baixo custo de manutenção e de execução, o aterro
energético-sanitário ainda pode reduzir os riscos de contaminação do lençol
e promover a reciclagem do gás de lixo. Entre as desvantagens do aterro está
a exigência de extensões de terreno relativamente amplas. Além disso, exige-
se que ele seja instalado em locais em que o entorno não seja prejudicado por
inconvenientes ambientais e paisagísticos que sua operação pode trazer (mau
cheiro, tráfego de caminhões de lixo e mau aspecto etc.) (Braga, 2005).
102 • capítulo 4
Setor dreno de gás
Setor em concluído dreno de água
operação de superfície
Setor em
implantação
célula de lixo
lençol freático
selo de proteção mecânica
capítulo 4 • 103
vantagens da compostagem em relação ao aterro, que são: diminuição de áre-
as de aterros, disposição em aterros de materiais não agressivos ao meio am-
biente, reciclagem de materiais e geração de empregos formais, substituído os
catadores, que se sujeitam a condições de trabalhos insalubres, por empregos
formais com condições e regimes de trabalhos adequados.
Esteira de
carregamento Pólo
Esteira de magnético
catação
Balança rodoviária
Peneiramento
de composto curado Esteira de Bioestabilizador
carregamento
Pátio
Chorume
Comercialização
Figura 4.7 – Esquema de uma usina de compostagem. Fonte: Fonte: Material impresso
Estácio. Gestão de Poluição (Atmosférica, solo e sonora) Figura 9.10, pág. 151.
104 • capítulo 4
©© HEATHSE | DREAMSTIME.COM
Figura 4.8 – Utilização de composto orgânico.
capítulo 4 • 105
Vapor para Turbina
calefação a gerador
Caldeira
Tremonha de
alimentação
Câmara de
combustão
Filtro
Dispositivo
de alimentação
Recepção Introdução
de ar
e carga primário
Saída para
Descarte a chaminé
de escória Ventilador
Grelha
Figura 4.8 – Esquema de uma unidade de incineração de resíduos sólidos. Fonte: Material
impresso Estácio. Gestão de Poluição (Atmosférica, solo e sonora) Figura 9.11, pág. 152.
©© ELLIONE | DREAMSTIME.COM
106 • capítulo 4
ATIVIDADES
01. A área urbana é caracterizada por um município, pela edificação contínua e a existência
de equipamentos sociais destinados às funções urbanas básicas, como habitação, recreação,
trabalho e circulação. A poluição do solo urbano é provocada por resíduos sólidos, líquidos e
gasosos, mas um deles se destaca devido a sua quantidade e imobilidade. Quais são eles, dê
exemplos e mencione do por que devemos preocupar com este tipo de resíduo.
REFLEXÃO
“A reflexão a respeito da remediação de áreas urbanas degradadas por contaminação é uma
questão que desafia a gestão ambiental urbana atual. A ocupação humana de terrenos con-
taminados promove um risco ao meio ambiente e à saúde pública.
A revitalização dessas áreas pode garantir um retorno do uso residencial e comercial para
as regiões centrais, assegurando assim, a produtividade econômica e o cumprimento das
funções sociais dessas regiões, além de contribuir para uma redução da pressão sobre os
recursos naturais.” (Ekos Brasil, 2014)
capítulo 4 • 107
LEITURA
Historicamente, o solo tem sido utilizado por gerações como receptor de substân-
cias resultantes da atividade humana.
O solo atua frequentemente como um "filtro", tendo a capacidade de depuração e imobi-
lizando grande parte das impurezas nele depositadas. No entanto, essa capacidade é limita-
da, podendo ocorrer alteração da qualidade do solo, devido ao efeito cumulativo da deposição
de poluentes atmosféricos, aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e disposição de
resíduos sólidos industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos.
O tema poluição do solo vem, cada vez mais, se tornando motivo de preocupação para a
sociedade e para as autoridades, devido não só aos aspectos de proteção saúde publica e ao
meio ambiente, mas também publicidade dada aos relatos de episódios críticos de poluição
por todo o mundo.
Apesar desta realidade, a poluição do solo ainda não foi plenamente discutida e ainda
não existe um consenso entre os pesquisadores de quais seriam as melhores formas de
abordagem da questão. Além das dificuldades técnicas, a questão política se reveste de
grande importância pois, se não for adequadamente conduzida, o controle da poluição ficará
muito prejudicado e terá conseqüências irreversíveis para a ciclagem de nutrientes (ciclo do
carbono, nitrogênio, fósforo) na natureza e ciclo da água, prejudicando a produção de alimen-
tos de origem vegetal e animal.
Historicamente, o solo tem sido utilizado por gerações como receptor de substâncias
resultantes da atividade humana. Com o aparecimento dos processos de transformação em
grande escala a partir da Revolução Industrial, a liberação descontrolada de poluentes para
o ambiente e sua conseqüente acumulação no solo e nos sedimentos sofreu uma mudança
drástica de forma e de intensidade, explicada pelo uso intensivo dos recursos naturais e dos
resíduos gerados pelo aumento das atividades urbanas, industriais e agrícolas.
Essa utilização do solo como receptor de poluentes pode se dar localmente por um
depósito de resíduos; por uma área de estocagem ou processamento de produtos químicos;
por disposição de resíduos e efluentes, por algum vazamento ou derramamento; ou ainda
regionalmente através de deposição pela atmosfera, por inundação ou mesmo por práticas
agrícolas indiscriminadas. Desta forma, uma constante migração descendente de poluentes
do solo para a água subterrâne ocorrerá, o que pode se tornar um grande problema para
aquelas populações que fazem uso deste recurso hídrico.
Fonte: <http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/Informa%C3%A7%C3%B5es-B%C3%A-
1sicas/5-Polui%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em 09/02/2015
108 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRELPE, 2013. Panorama dos Resíduos sólidos no Brasil. Associação Brasileira das Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004 - Resíduos sólidos: classificação.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005: Procedimento para obtenção de
extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006: Procedimento para obtenção de
extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007: Amostragem de Resíduos sólidos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004;
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento Sustentável. 2º
Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005;
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato-2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso: 28 Jan. 2015.
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – www.cetesb.sp.gov.br. acessado em
21/01/2015;
CHIOSSI, Nivaldo José. Geologia de Engenharia. 3º Ed. São Paulo. Oficina de Textos, 2013;
JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J.V.M.. Política Nacional, gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos. Barueri. Manole, 2012;
MIHELCIC, James R.. ZIMMERMAN, Julie Beth. Auer, Martin T.. Engenharia ambiental: fundamentos,
sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Ltc, 2012;
capítulo 4 • 109
110 • capítulo 4
5
Poluição Sonora
Pouco discutida e mencionada nos meios comunicativos, a poluição sonora
pode trazer danos irreparáveis não especificamente ao meio ambiente, mas à
aqueles que nele estão, os seres humanos. A poluição sonora pode trazer sé-
rios danos a saúde humana, chegando a ser a perda da audição. O som, quan-
do da sua intensidade e frequência, torna-se um ruído, o impacto ambiental
causado deve ser reparado.
OBJETIVOS
• Conhecer os conceitos de som e ruído;
• Aprender a calcular os níveis de intensidade sonora e os níveis de pressão sonora.
• Aprender sobre os problemas à saúde humana causada pela exposição a este tipo de poluição.
112 • capítulo 5
5.1 Conceito de Som
O conceito de som (ou ruído) vem da física acústica: é o resultado da vibração acús-
tica capaz de produzir sensação auditiva. O som, como poluição, está associado ao
‘ruído estridente’ ou ao ‘som não desejado’. Podemos então concluir que, embora
o conceito de som esteja perfeitamente definido pela física, o conceito de ‘som não
desejado’ (como poluição) é muito relativo. Por exemplo, para muitos, um show
de rock não passa de uma fonte extraordinária de poluição auditiva; para outros, é
pura expressão da arte musical contemporânea (Braga, 2005).
Para fins práticos, o som é a medido pela pressão que ele exerce no sistema
auditivo humano. Na medida em que a pressão provoca danos a saúde humana,
comportamentais ou físicos, ela deve ser tratada como poluição (figura 5.2).
©© MAXIMINO GOMES | DREAMSTIME.COM
capítulo 5 • 113
A medida da intensidade do som é feita em decibéis (dB) (figura 5.3), unidade pro-
posta por Grahan Bell. Embora o Comitê internacional de Pesos e Medidas - BIPM
aceite a sua utilização com Sistema Internacional, o decibel não é uma unidade do
SI. Apesar disso, seguem-se as convenções do SI, e a letra d é grafada em minúscula
por corresponder ao prefixo deci- do SI, e B é grafado em maiúsculo pois é uma abre-
viatura (e não abreviação) da unidade bel que é derivada de nome Alexander Graham
Bell. Como o bel é uma medida muito grande para uso diário, o decibel (dB), que cor-
responde a um décimo de bel (B), acabou se tornando a medida de uso mais comum.
Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de pressão no ar é considerado
uma fonte sonora. Pode ser um corpo sólido em vibração, uma explosão ou um
vazamento de gás a alta pressão, etc. O som pode ser mais ou menos perigos
dependendo da sua intensidade e frequência.
De acordo com Braga (2005) é interessante recordar alguns dos principais
elementos da física relativos ao som:
114 • capítulo 5
A intensidade depende da amplitude do movimento vibratório, da superfí-
cie da fonte sonora, da distância entre o ouvido e a fonte da natureza do meio
entre a fonte e o receptor. Tudo isso condiciona dizer se o som é forte ou fraco.
A altura, ou frequência do som, é a qualidade que corresponde à sensação de
som mais ou menos ‘agudo’ ou ‘grave’. Finalmente, dois sons da mesma inten-
sidade e mesma altura podem proporcionar sensações diferentes, ou seja, eles
se distinguem pelo timbre. É o que se sente quando se ouve um violino e um
piano, por exemplo.
O som possui ainda as seguintes propriedades:
5.2 Ruído
O ruído é uma mistura de sons cujas frequências não seguem lei precisa, que
diferem entre si por valores imperceptíveis ao ouvido humano, ou seja, qual-
quer sensação sonora indesejável.
O ruído pode ser classificado em:
capítulo 5 • 115
por uma série de elementos, principalmente pelos tipos de microfones. Porém,
a norma exige que os medidores forneçam idêntica leitura quando expostos a
uma pressão sonora. Existem quatro tipos de medidores; tipo 1, medidor de
precisão; tipo 2, medidor de uso geral; e tipo 3, medidor para amostragem.
A medição sonora depende das características do ruído e da informação
desejada. Os ruídos contínuos são mais fáceis de serem medidos. Esse tipo de
medição requer um medidor de nível sonoro e um filtro de oitava para levanta-
mento do espectro. Os ruídos impulsivos ou de impactos requerem medidores
com resposta para impulsos, registradores e osciloscópios.
A medição exige uma série de preparos para que fatores externos não mas-
carem os resultados, como, por exemplo, a influencia do ambiente (umidade,
alta temperatura, etc.) no equipamento de medida e a interferência de outros
fatores físicos, como vento, vibrações, campos eletromagnéticos, poeiras, vapo-
res, etc. Para assegurar a obtenção de dados confiáveis, o instrumento deve ser
calibrado no local.
O decibel é definido como sendo igual a 10 vezes o logaritmo decimal da
razão entre a pressão sonora e uma pressão de referência.
©© GEARGODZ | DREAMSTIME.COM
116 • capítulo 5
O ruído é um som prejudicial à saúde humana, causador de sensações de-
sagradáveis e irritantes, o grau de risco depende de vários fatores e um deles é
calculado pelo tempo de exposição ao risco e mediante isso tem que ser tratado
ou eliminado (figura 5.5). O simples fato de um vizinho produzir sons de altas in-
tensidades e por um longo período de tempo, pode ser caracterizado como ruído.
©© KIOSEA39 | DREAMSTIME.COM
Figura 5.5 – Ruído, irritante e desagradável.
I
NIS = 10 log
I ( dB )
0
onde:
capítulo 5 • 117
5.4 Nível de Pressão Sonora - NPS
O NPS é uma expressão similar ao NIS, só que baseada na expressão da pressão
do som.
2
P
NPS = 10 log ef
P ( dB )
0
onde:
Estúdio de gravação 20
Biblioteca forrada 30
118 • capítulo 5
ATIVIDADE NÍVEL (dB)
Sala de descanso 40
Escritório 50
Conservação 60 Faixa de
conversação
Datilografia 70
Tráfego 80
Serra circular 90
Limite do
desconforto
Prensas excêntricas 100
O decibel (dB) não tem escala linear, não podendo ser somado ou subtraí-
do aritmeticamente. Ambientes com diversas fontes devem ser avaliados pelo
som total (NPStotal), veja o exemplo a seguir:
capítulo 5 • 119
Um ambiente que possui diversas fontes de som deverá ter seu som total
avaliado da seguinte forma:
FONTE A FONTE B
NPS1 NPS2
2
P
NPS1 = 10 log ef 1 ( dB )
P
0
2
Pef 2
P 2 P 2 NPS2 = 10 log P ( dB )
NPStotal = 10 log ef 12 + ef 22
P ( dB ) 0
0 P0
NPS1 NPS2
NPStotal = 10 log 10 10 + 10 10 ( dB )
120 • capítulo 5
5.5 O Ruído e a Saúde Humana
Para compreender melhor os impactos do ruído na saúde humana, é importan-
te uma pequena descrição do sistema auditivo.
O ouvido é constituído por três partes:
capítulo 5 • 121
Os principais efeitos danosos do ruído à saúde humana são:
122 • capítulo 5
Outros problemas associados ao ruído são desconforto, perturbações no
trabalho e perda de rendimento, além, é claro, do incômodo que é causado por
níveis excessivos de ruído.
TEMPO DECIBÉIS
8 horas 85
4 horas 90
2 horas 94
capítulo 5 • 123
TEMPO DECIBÉIS
1 hora 100
30 minutos 105
15 minutos 110
07 minutos 115
ATIVIDADES
01. São propriedades do som:
a) O som não é absorvido pelos materiais, mas sofrem refração quanto se transmitem por
materiais.
b) Ser de intensidade forte ou fraco.
c) O timbre é uma propriedade que pode traduzir sons de intensidades diferentes, mas com
sensações iguais.
d) Reflete-se em paredes e anteparos, é absorvido pelos materiais e pelo ar e sofre refra-
ção quando se transmite por materiais.
e) São medidos em hertz (Hz)
02. Qual o nome do equipamento que mede o nível de ruído em um ambiente? Supondo que
eu tenha mais de um ambiente e faça a medição em ambos, posso dizer que a somatória dos
níveis é a medida real de impacto sonoro? Como são calculados os níveis de ruídos em mais
de um ambiente?
124 • capítulo 5
REFLEXÃO
“A poluição sonora pode diminuir gradativamente a audição. A surdez progressiva é comum
em pessoas submetidas a sons fortes em seus trabalhos (indústria pesada, serraria, etc).
Mas além destes problemas da audição ela pode gerar muitas outras doenças. Intensidades
sonoras a partir de 120 decibéis são estressantes, estimulam aa produção de adrenalina e,
se uma pessoa for submetida durante longo tempo a tais intensidades, poderá ter distúrbios
nervosos, infarto, úlcera gástrica e outras doenças de stress. Mesmo intensidades sonoras
mais baixas como de 80 decibéis, quando originadas de fontes que não podem ser elimina-
das, podem provocar alterações nervosas se houver exposição prolongada. A intensidade do
som, o tempo de exposição e o tipo de som, são dependências fundamentais para os proble-
mas voltados à poluição sonora”. (adaptado de Souza, M.M.A., 2007)
LEITURA
O que é poluição sonora?
Especialistas definiram um limite seguro para seus ouvidos, mas situações cotidianas o
ultrapassam fácil, fácil. Quer saber quais? Os sons do metrô, dos latidos de cães, do secador
de cabelos, do liquidificador e até o de uma bronca... Conheça algumas das fontes mais no-
civas de decibéis ao seu redor
Poluição sonora é todo ruído que pode causar danos à saúdehumana ou animal. Existem
diversas situações que causam desconforto acústico, como uma pessoa falando alto ao ce-
lular e um indivíduo ouvindo música sem fones. Mas, se não tiver potencial para causar dano,
não é poluição sonora.
Embora não se acumule no meio ambiente, como outros tipos de poluição, ela é considerada
um dos principais problemas ambientais das grandes cidades e uma questão de saúde pública.
Uma pessoa exposta a ruídos muito altos pode sofrer de insônia, depressão, perda de
memória, gastrite, doenças cardíacas e, claro, surdez. Por isso, existem leis e normas para evi-
tar altos níveis de ruídos. Entre os especialistas, o consenso é que o limite seguro é de 80 dB.
Inimigos do ouvido
Conheça algumas da fonte mais nocivas de decibéis ao seu redor:
• Trânsito congestionado: 80 a 90 dB;
• Avenida em obras com britadeiras: 120 dB;
• Feira livre: 90 dB;
capítulo 5 • 125
• Trios elétricos: 110 dB;
• Latidos: 95 dB;
• Secador de cabelos: 95 dB;
• Bronca: 84 dB;
• Banda de rock: 100 dB;
• Liquidificador: 85 dB;
• Fogos de artifício: 125 dB; e
• Avião decolando: 140 dB.
Tocador de música
Os aparelhos mais populares passam de 100 dB. O recomendável é não usar fones em
volume mais alto do que a metade da capacidade do player: 15 minutos ouvindo música a
mais de 110 dB bastam para causar um trauma acústico. E as células da audição não se
regeneram, ou seja, o dano aos ouvidos é irreversível.
Curiosidade
O Congresso brasileiro estuda aprovar uma lei que obrigue os tocadores a mostrar o
volume em decibéis.
Fonte: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/o-que-e-poluicao-so-
nora-mundo-estranho-777867.shtml>. Acesso em 15/02/2015
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRELPE, 2013. Panorama dos Resíduos sólidos no Brasil. Associação Brasileira das Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
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Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
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extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006: Procedimento para obtenção de
extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007: Amostragem de Resíduos sólidos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004;
126 • capítulo 5
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BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato-2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso: 28 Jan. 2015.
BRASIL. Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária RDC no 306, de 7 de dezembro de
2004. Aprimora, atualiza e complementa os procedimentos contidos na Resolução RDC no 33, de 25
de fevereiro de 2003. Disponível em: . Acesso em: 14 Jan. 2015.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução do CONAMA nº 03 de 28 de Junho de 1990.
Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0390.html. Acessado em
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CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – www.cetesb.sp.gov.br. acessado em
21/01/2015;
CHIOSSI, Nivaldo José. Geologia de Engenharia. 3º Ed. São Paulo. Oficina de Textos, 2013;
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MIHELCIC, James R.. ZIMMERMAN, Julie Beth. Auer, Martin T.. Engenharia ambiental:
fundamentos, sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Ltc, 2012;
GABARITO
Capítulo 1
01. b
Os itens II e IV não condizem com as ocorrências da poluição atmosférica. O Efeito Estufa
é caudado pelo aumento da temperatura na atmosfera, e a destruição da camada de ozônio
não aumenta a atividade de fotossíntese.
02. c
A água destilada apresenta um pH neutro, portanto, um pH maior que o dela, poderá ser
básico, não caracterizando acidez. Portanto o item III está errado.
Capítulo 2
01. b
A facilidade de financiamentos contribuiu para o aumento dos veículos e consequentemente
a elevação da poluição atmosférica.
capítulo 5 • 127
02. A dispersão de poluentes podem oscilar ao longo do tempo e do espaço. Dependem da
intensidade da emissão, dos tipos de atividades, das condições meteorológicas e da estru-
tura térmica da atmosfera. A efetividade de uma dispersão está diretamente relacionada a
instabilidade da atmosfera. Quando na atmosfera estável, o processo é dificultado devido
as inversões térmicas próximas ao solo. Pode ser comparado a um balão de ar solto na
atmosfera, e que ele possa subir e descer. Quando o balão sobe, diminui a pressão externa
e o gás no seu interior se expande, diminuindo a sua temperatura. Conforme vai ganhando
altitude, vai diminuindo a temperatura e isso se chama gradiente de temperatura adiabático.
Quando a Temperatura da atmosfera diminui mais rápido que a adiabática, denominamos de
superadiabática, que representa a condição instável, fazendo com que o balão tenda-se a
movimentar-se na atmosfera.
Capítulo 3
01. d
Não existe um número adequado, mas as regiões brasileiras sofrem com o descarte inade-
quado do lixo. Grande parte ainda dispõe o lixo em lixões a céu aberto. Portanto apenas as
afirmativas II e III estão corretas.
Capítulo 4
01. c
As atividades descritas na questão dizem respeito a Lei nº 12305/2010, que instituiu a
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Capítulo 5
01. d
São propriedades do som:
- Reflete-se em paredes e anteparos;
- É absorvido pelos materiais e pelo ar;
- Sofre difração quando passa por fendas;
- Sofre refração quando se transmite por materiais.
02. O equipamento utilizado para medição dos níveis de ruídos é o decibelímetro. O Decibel
(dB) é a escala utilizada, e não uma unidade de medida, portanto não pode ser somada ou
subtraída aritmeticamente. Para o cálculo de níveis de ruídos em mais de um ambiente são
necessários a utilização de expressões numéricas que possam calcular o Nível de Pressão
Sonora (NPS).
128 • capítulo 5