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Seja Bem Vindo!

Curso
Azulejista
Parte 1
Carga horária: 30hs
Dicas importantes
• Nunca se esqueça de que o objetivo central é aprender o conteúdo, e não
apenas terminar o curso. Qualquer um termina, só os determinados
aprendem!

• Leia cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se deixando


dominar pela pressa.

• Explore profundamente as ilustrações explicativas disponíveis, pois


saiba que elas têm uma função bem mais importante que embelezar o texto,
são fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o
conteúdo.

• Saiba que quanto mais aprofundaste seus conhecimentos mais se


diferenciará dos demais alunos dos cursos.

Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o aproveitamento que cada
aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os “alunos
certificados” dos “alunos capacitados”.

• Busque complementar sua formação fora do ambiente virtual onde faz


o curso, buscando novas informações e leituras extras, e quando
necessário procurando executar atividades práticas que não são possíveis
de serem feitas durante o curso.

• Entenda que a aprendizagem não se faz apenas no momento em que


está realizando o curso, mas sim durante todo o dia-a-dia. Ficar atento às
coisas que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar
aquilo que foi aprendido.

• Critique o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação do


conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem sentido quando pode
efetivamente ser colocado em prática.
Conteúdo
Unidade 1
9
um olha r para o pa ssa do

Unidade 2
33
c o n he c i m e nt o s d a o c up a ç ã o e o s m e us
próprios conhecim entos

Unidade 3
45
f err am e nt a s d e t rab a lho e m at er ia is bá sic o s

Unidade 4
71
planej amento do trabalho
u nidade 1
Um olhar para o
passado
Quando olhamos para os diversos lugares nos quais vivemos,
seja na cidade ou no campo, percebemos uma infnidade de
tipos de construção que envolvem uma enorme variedade
de materiais.
Mas nem sempre foi assim.
Os seres humanos continuamente procuraram locais onde pu-
dessem se proteger do frio, da chuva, do ataque de animais, do
sol excessivo etc. E essa procura, possivelmente, foi uma de suas
primeiras motivações para que passassem a buscar lugares para
fxar sua moradia com segurança.
Mas, entre procurar abrigo e começar, de fato, a criar e a cons-
truir espaços para morar, muito tempo se passou.
De acordo com pesquisas sobre como viveram os primeiros
homens e mulheres, descobriu-se que eles se abrigavam em ca-
vernas encontradas na natureza e interferiam pouco para mo-
difcar esse ambiente.
© Geo rge Steinme tz/SPL DC/La tinstock

Arte rupestre no alto de caverna no deserto do Saara, na África.

Azu l ejist a 1 9
Trata-se de um período conhecido como Pré-história ou, como se prefere defnir
atualmente, sociedades sem Estado. Esse período vai da origem do homem, há
cerca de 5 milhões de anos, até o ano 3500 a.C. (antes de Cristo), quando surgiu a
escrita.
O ato de construir – ou, mais propriamente, de criar um espaço que servisse para
moradia, culto, comércio etc., usando técnicas diferentes, novas – tem início apenas
no fm desse período que conhecemos como Pré-história, ou sociedades sem Estado,
e no começo da chamada Idade Antiga.
© Imagebro ker/Alamy/Other Images

© Thays Tateoka /Edito ra Pini

Piso de mosaico da Casa Aion, escavação arqueológica em antigo


povoado romano na Ilha de Chipre, Grécia.

Conjunto de ladrilhos
hidráulicos.

Para marcar as diferentes etapas do desenvolvimento da humanidade e facilitar a


compreensão dos acontecimentos, os estudiosos dividiram a história em grandes
períodos de tempo. Veja a seguir essa cronologia:

10 Azulejista 1
LinHa do TemPo
IDADE CONTEMPORÂNEA
Da Revolução Francesa
até nossos dias 1789 até
os dias Revolução Industrial
Novos materiais, técnicas e
atuais
sistemas construtivos.
Tecnologia dos materiais da
construção civil.

IDADE MODERNA
Da tomada de Constantinopla
até a Revolução Francesa 1453
até Período Renascentista
Desenvolvimento da
1789
arte de construir.
Desenvolvimento do projeto e
posterior execução da obra.

IDADE MÉDIA
Da queda do Império Romano
até a tomada de Constantinopla 476 d.C. Império Romano
pelos turcos otomanos Surgimento de grandes
até
construções, como
1453 d.C. castelos e igrejas.
Projeto e obra executados
ao mesmo tempo.

IDADE ANTIGA
Do surgimento da escrita até a
queda do Império Romano 3500 a.C.
até Surgimento da escrita
Início do ato de construir,
476 d.C.
criando espaços que
servissem de moradia.
Construção mais organizada.

PRÉ-HISTÓRIA
Da origem dos seres
humanos até o ano de Origem do Sociedade sem Estado
3500 a.C. (antes de Cristo). Abrigavam-se em cavernas
homem até
encontradas na natureza.
3500 a.C.
Não havia quase nenhuma
interferência para modificar
este ambiente.

Azu l ejist a 1 11
É difícil afrmar que a ideia de construção já existisse na época pré-histórica. En-
tretanto, pinturas decorativas, nas quais os seres humanos retrataram aspectos de
suas vidas, mostram que nessas sociedades eles alteravam seus espaços de moradia,
dando-lhes características próprias e tornando-os diferentes dos demais.
Essas pinturas fcaram conhecidas como pinturas rupestres, um tipo de arte rea-
lizada nas paredes das cavernas.
© José Fuste Raga/age fotostock/Easypix

Pintura rupestre. Wadi Anshal, nos montes Tadrart Acacus, Deserto de Acacus (parte do Saara), Líbia.

12 Azulejis ta 1
Muito se evoluiu na arte e nas técnicas de construção, desde a primeira obra de que
se tem notícia: Stonehenge, no sul da Inglaterra, um monumento construído com
enormes blocos de pedra há aproximadamente 4 mil anos. Observe o contraste entre
esta edifcação e as ultramodernas edifcações dos séculos X X (20) e X XI (21), exem-
plifcados pela Filarmônica de Berlim (Alemanha) ou pelo Museu Guggenheim
em Bilbao (Espanha).

© David Nunuk/SPL/Latinstock
Stonehenge, na Inglaterra.

© Flaperval/123RF
© Adam Eastland/Easypix

Filarmônica de Berlim, na Alemanha. Museu Guggenheim, em Bilbao, Espanha.

Com a evolução dos materiais usados nas construções (desde as pedras até as arga-
massas, concreto, madeira, vidro, estruturas metálicas etc.), veio também a evolução
dos materiais de revestimento.
Vamos explorar como foi essa evolução, tratando em particular de azulejos, ladrilhos
e pastilhas, que são o tema deste curso.

Azu l ejist a 1 13
No entanto, não podemos ignorar que as pedras e as pinturas artísticas nas paredes
também tiveram lugar de destaque como materiais de revestimento, em diferentes
épocas da história da humanidade.

© Pius Lee/123RF
© Vito A rcoman o/Easypix

Pirâmides de Gizé, Egito.

© Azam/AgenceIa mges/GettyImages
Detalhe do Parque Güell, criado pelo arquiteto Antoni Gaudí, Barcelona, Espanha. Catedral Nôtre-Dame de Paris, França.

Revestimentos de pedra acompanham a história da humanidade, existindo desde a


Idade Antiga, quando as construções eram feitas quase exclusivamente com esse
material. Você pode ver outros exemplos na internet ou consultar a Unidade 1 do
Arco Ocupacional Construção Civil – Pedreiro.

Os afrescos são pinturas artísticas feitas sobre paredes de argamassa de gesso ou cal ainda molhadas
ou frescas. Sua origem é muito remota, e seu uso foi intenso entre os artistas italianos no final da Idade
Média e início da Idade Moderna – e entre os anos de 1300 e 1500. Esse período ficou conhecido como
Renascimento.
© Andre Lebrun /Easypix

Afrescos do pintor Michelangelo na Capela Sistina, Roma, Itália.

14 Azulejis ta 1
Atividade 1
H istó ri a da ar te e H istó ri a
da H u man i dad e

Muitas pessoas usam o termo Renascimento para falar


sobre o movimento artístico que aconteceu na Europa,
entre os séculos XIV (14) e XVI (16).
Capitalismo: Modo de or-
Mas esse foi também um período de mudanças muito ganização da produção em
intensas na sociedade, na política, na religião, na economia que o motor da atividade
econômica é a indústria.
e na cultura europeia, que marcou a transição da Idade Na sociedade capitalista
Média para a Idade Moderna, bem como o início do ca- existe uma divisão básica
pitalismo. entre as classes sociais: de
um lado estão os proprietá-
rios dos meios de produção
1. A classe vai se dividir em cinco grupos. Cada grupo (terras, ferramentas, máqui-
vai pesquisar um aspecto desse período e preparar nas, indústrias etc.) e, de
outro, aqueles que possuem
uma apresentação para os demais. apenas a sua própria força
de trabalho (o proletariado).
Cada pessoa da classe pode escolher em qual grupo pre-
fere fcar, de acordo com seu interesse; mas é importante
que cada grupo tenha pelo menos três pessoas.
• Grupo 1: Arte

• Grupo 2: Ciência

• Grupo 3: Política

• Grupo 4: Economia

• Grupo 5: Religião
2. A pesquisa poderá ser realizada no laboratório de in-
formática – com a ajuda do monitor. Cada grupo deve Por que dividir a apresentação
e cada pessoa falar uma parte?
buscar responder o que acontecia na Europa nesse Não seria mais fácil um único
colega falar tudo?
período em relação ao assunto escolhido. A classe Sugerimos que todos falem porque
falar em voz alta e conseguir explicar
precisa ainda combinar o dia em que serão feitas as um assunto para um grupo de
pessoas é um saber importante
apresentações dos resultados das pesquisas. para qualquer ocupação.

Azu l ejist a 1 15
3. Para compartilhar com seus colegas o que cada grupo
descobriu, planejem a divisão das tarefas entre os par-
ticipantes do grupo. Depois, façam um ou mais carta-
zes e preparem uma apresentação de cerca de 20 mi-
nutos. Vocês podem organizar algumas anotações para
não se perderem na hora da apresentação. Mãos à obra!
Você sabia? Como se deu a evolução dos azulejos
Um século equivale a cem
anos. Assim, quando fala- Para conhecer como azulejos, ladrilhos e pastilhas co-
mos de algo que aconte-
ceu no século I (1) estamos
meçaram a fazer parte das construções ao longo dos
falando de um período que séculos, vamos voltar no tempo, até a Antiguidade. As
vai do ano 1 d.C. (depois de
regiões com maior destaque no mundo não eram as mesmas
Cristo) até o ano 100 d.C.
(depois de Cristo). O sécu- que se destacam hoje. Egito (no norte da África), Mesopo-
lo II (2) vai do ano 101 d.C. tâmia (região que atualmente é parte do Iraque, no Orien-
(depois de Cristo) ao ano
200 d.C. (depois de Cristo); te Médio, onde viveram vários povos: sumérios, acádios,
o século III (3) do ano 201 babilônios, assírios, persas etc.), China, Grécia e Roma (cujo
d.C. (depois de Cristo) ao
ano 300 d.C. (depois de império se estendeu da região onde hoje é a Itália até o
Cristo) e assim por diante. Oriente) constituíam alguns dos lugares de maior expressão
Atualmente estamos no
século XXI (21).
política, econômica e cultural nessa época. Veja o mapa:
© MapsWorld

30º L 90º L

Roma GRÉCIA

CHINA
IRAQUE

EGITO
Trópico de Câncer
[AZL_C1_008]
[Deixar meia página para a inserção de um mapa]

Equador OCEANO
ÍNDICO
0 1 010 km
30º L 90º L

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar . 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 32-33, 43 (adaptado).

16 Azulejis ta 1
Os azulejos eram conhecidos no Egito e na Mesopotâmia.
No Egito, azulejos em tons azuis e verdes já eram usados há cerca de 5 mil anos a.C.
(antes de Cristo).
Na Mesopotâmia, sabe-se que os assírios e os babilônios, desde o século XIII (13)
a.C. (antes de Cristo), fabricavam azulejos e tijolos pintados. Os persas, que ocupa-
ram a mesma região vários séculos depois, usavam a mesma técnica de produção de
azulejos esmaltados.
A cidade da Babilônia era murada e a maior de suas portas era revestida por azule-
jos decorados com o desenho de dragões e touros. Uma reprodução dessa porta
pode ser vista atualmente na cidade de Berlim, na Alemanha, em um museu cha-
mado Pergamon.

© Sean Gallup/Getty Images

© Veronique Du rruty/Ga mma -Rapho /Ge tty Images


Detalhe do Portal de Ishtar.

© Gillian Price/Alamy/Glow Images

Portal de Ishtar, Museu Pergamon, em Berlim, Alemanha. Detalhe do Portal de Ishtar.

Azu l ejist a 1 17
Anos mais tarde, mas ainda na Idade Antiga, azulejos e pastilhas também estiveram
presentes na cultura romana.
Em ruínas de cidades e estradas construídas pelos romanos – que datam do perío-
do de maior expansão desse Império –, vê-se a utilização de pastilhas em pisos,
formando mosaicos bastante sofsticados.
Em certos locais, vestígios das obras dessa época estão bastante conservados ainda
hoje. Um exemplo é a cidade portuguesa Conímbriga, localizada em uma via ocu-
pada pelos romanos no ano de 139 a.C. (antes de Cristo).
A cidade ganhou importância a partir do século I (1), tendo sido urbanizada no
reinado de César Augusto.

© José Elias/age fotostock/Easypix


© Michael Short/Easypix

Mosaico nas ruínas de Curium, Ilha de Chipre, Grécia.


©Jose Elias/Lusoimages/Getty Images

Conímbriga, em Portugal, ainda apresenta vestígios romanos nos dias de hoje.

18 Azulejis ta 1
Embora os azulejos fossem conhecidos na Idade Antiga, foi com a expansão islâ-
mica para a Europa que esse tipo de material foi divulgado e passou a ser utilizado
no Ocidente. Isso ocorreu já durante a Idade Média.
Com a ocupação islâmica, a técnica de produção de azulejos foi levada do Oriente
para o sul da Espanha. Eles eram produzidos com barro coberto por um líquido
que, após o cozimento, torna o material vidrado. Seus desenhos eram sempre de
formas geométricas, porque a religião muçulmana (islamismo), seguida pelos árabes,
não permite a reprodução de fguras humanas.
Veja o exemplo abaixo:

© Travel Ink/Ge tty Images

Azulejo alicatado em El-Hedine, Marrocos.

O que foi a expansão islâmica?


Foi o processo de crescimento e domínio territorial dos árabes na Península Ibérica, iniciado por volta do
ano 700 d.C. (depois de Cristo), após as tribos árabes terem sido unificadas por Maomé. Os mouros –
como ficaram conhecidos esses povos – conseguiram isolar a Europa. Ao assumirem o controle do Mar
Mediterrâneo, eles bloquearam o comércio entre a Europa e os países do Oriente. Com isso, passaram
a fazer a ligação entre a Europa, a Ásia e a África.
A ocupação islâmica da Península Ibérica começou no século VIII (8) e terminou quase no fim do século
XV (15), quando os chamados “reis católicos”, Fernando e Isabel de Castela, os expulsaram da Espanha.
A Península Ibérica é formada por Portugal, Espanha, Gibraltar (cuja soberania pertence ao Reino Unido),
Andorra e pequena fração do território da França, no lado ocidental dos Pireneus. Para localizar essa
região no mundo, consulte o atlas disponível na sala de aula.

Azu l ejist a 1 19
O estilo desse azulejo fcou conhecido como hispano-mourisco e, até os dias de hoje,
a arquitetura mudéjar – como foi chamada a arte islâmica mesclada com traços
cristãos – prevalece em cidades do sul da Espanha, a exemplo do Palácio de Alham-
bra, em Granada, e da cidade de Sevilha, onde eram produzidos.
© Peter Ada ms/Getty Images

Palácio de Alhambra, em Granada, Espanha.


© Max Hunn/Pho toresearchers/Latinstock

Detalhe do Palácio de
Alhambra, em Granada,
Espanha.

Além da Espanha, que manteve a tradição de uso de azulejos mesmo após a expul-
são dos mouros, Portugal e Holanda também utilizaram azulejos, contribuindo para
que seu uso se tornasse comum na arquitetura europeia, como parte dos revesti-
mentos para a decoração de ambientes.

20 Azulejista 1
A chegada dos azulejos a Portugal – país que possuía
certa tradição na produção de cerâmica – deu-se no sé- Veja, a seguir, um azulejo
culo XV (15). Contam os historiadores que o rei de Por- proveniente do Palácio Na-
cional de Pena, em Sintra,
tugal da época, dom Manuel I, conheceu os azulejos de com a representação de uma
infuência islâmica, feitos na Espanha, e quis levar a téc- “esfera armilar” – instrumen-
to usado para orientação nas
nica para seu país. navegações. Essa esfera era
um dos emblemas do rei de
A residência ofcial da Corte portuguesa, nesse período Portugal, dom Manuel I.
– o Palácio Nacional de Sintra, vila que faz parte de

© Derek Gale/Alamy/Other Images


Lisboa, em Portugal –, foi construída com azulejos im-
portados de Sevilha, na mesma época em que o Brasil foi
ocupado pelos portugueses.

© Kevin O´Hara /Easypix


Azulejo produzido em Sevilha,
oficina de Fernan Martinez
Guijaro, ou de Pedro de Herrera,
por volta de 1508-1509,
proveniente do Palácio Nacional
de Pena, em Sintra, e exposto
no Museu Nacional do Azulejo,
Lisboa (Portugal).

Pátio interno do Palácio Nacional de Sintra, em Portugal.

Azu l ejist a 1 21
No século XVI (16), os azulejos passaram a ocupar espaço crescente na produção
artística e arquitetônica nacional portuguesa; começaram a fazer parte das residên -
cias, das paredes e dos tetos dos palácios, das igrejas, dos jardins, das praças e dos
prédios públicos.
© Daniel Thierry/Photonon stop /Glow Images

Grande panorama de Lisboa (detalhe), c. 1700. Faiança azul sobre branco, 115 cm x 2247 cm. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa, Portugal.

Produzidos em Portugal, os azulejos ganham feição di-


ferenciada:
• seu tamanho torna-se padronizado;
• as cores predominantes são o azul e o branco;
O que foi a expansão • e, no lugar de formas geométricas, passaram a repro-
marítima?
duzir cenas do dia a dia, símbolos religiosos, vistas das
A expansão marítima portu-
guesa começou no início dos cidades ou de conquistas de terras pelos portugueses,
anos 1400, com a conquista na chamada expansão marítima. Estes últimos fcaram
de colônias africanas, e per-
durou por cerca de cem anos.
conhecidos como “azulejos históricos”.
Nesse processo, os portugue-
ses chegaram ao território Os chamados “azulejos de repetição” não desapareceram;
brasileiro e passaram a ocu- mas os painéis e as paisagens tenderam a ganhar mais
pá-lo progressivamente.
espaço.

22 Azulejista 1
Ainda que sua posição em Portugal tenha sido muito mais destacada do que em
outros países da Europa, os azulejos também estiveram presentes na arquitetura da
Holanda (principalmente), da Itália, da Inglaterra e da França.

© Sylvain Sonnet/Co rbis (DC)/La tinstock


Interior do Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, Portugal.

Com o passar dos anos, os azulejos ganharam novas cores e padrões, acompa-
nhando as manifestações artísticas das diferentes épocas e a evolução das técnicas
de fabricação. No fnal do século XIX (19) e início do século X X (20), tem destaque
um movimento das artes e da arquitetura chamado Art Nouveau, que, em francês,
signifca Arte Nova. Seu surgimento coincide com o uso, em maior escala, de novos
materiais nas construções: o ferro e o vidro.
Nos azulejos e outras peças de cerâmica, chamam a atenção os desenhos com
formas mais arredondadas, representando a natureza: fores e folhas com cores
variadas, mas sempre com grande suavidade.
© Snappdragon/Alamy/Othe r Images

Decoração em mosaico de estilo Art Nouveau, Hotel Metropol, em Moscou, Rússia.

Azu l ejist a 1 23
24
© Rebecca Erol/Alamy/Othe r Images © Gregor Schuster/Ge tty Images

Azulejista 1
Exemplos de azulejos em estilo Art Nouveau.
© Simon Cu rtis/Ala my/Other Images © Simon Cu rtis/Ala my/Other Images
E no Brasil? Quando chegaram os azulejos?
Existem registros de que as primeiras peças de azulejo no Brasil foram trazidas de
Portugal, no começo dos anos 1600, para decorar um convento na cidade de Olin-
da, no Estado de Pernambuco.
Depois disso, os azulejos portugueses começaram a ser utilizados em igrejas e con-
ventos, principalmente da região Nordeste.

© Ricardo Azoury/Olhar Image m

Convento de São Francisco


de Assis, em Salvador,
Bahia, com painéis de
azulejos trazidos de
Portugal por volta de 1740.

© Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

Convento de São Francisco


de Assis, detalhe do painel
de azulejos.

Azu l ejist a 1 25
Mas o uso mais constante dos azulejos no Brasil ocorreu
Você sabe por que a Corte depois de 1800. Você sabe por quê? Porque em 1808 a Cor-
portuguesa mudou-se para te portuguesa mudou-se de Portugal para o Brasil, tendo
o Brasil em 1808?
vindo morar no nosso país cerca de 15 mil portugueses.
No início do século XIX (19),
por volta de 1800, a Inglater- Como eram bastante populares em Portugal, com a vin-
ra tinha grande poder na
Europa e os franceses briga- da da Corte, os azulejos passam a ser também cada vez
vam para ampliar seu pode- mais utilizados por aqui.
rio e seu território.
Com um exército forte, a A aplicação de azulejos em fachadas de prédios – ou seja,
França determinou que os como material de revestimento – parece ter se iniciado
países da Europa que nego-
ciassem com a Inglaterra na região Norte, em função do clima mais quente e das
seriam invadidos. Os portu- chuvas mais frequentes.
gueses ficaram – como diz o
ditado popular – “entre a cruz
e a espada”. Posicionar-
© Rubens Chaves/Pulsar Imagens

-se contra a França significa-


ria ter sua terra invadida pelo
exército francês. Mas, se
apoiassem o bloqueio econô-
mico francês, era a Inglaterra
que invadiria Portugal.
Para não se colocar clara-
mente de um lado ou de
outro, e contando com o
apoio da Inglaterra, a Corte
portuguesa decidiu se mudar
para o Brasil.
Por que escolheram o Brasil? Fachada decorada com azulejos portugueses em São Luís, Maranhão.
Porque o Brasil, nesse perío-
do, era colônia de Portugal,
tendo permanecido nessa si- Seu uso nesse tipo de clima é adequado por duas ra-
tuação até o ano de 1822 – zões: é impermeável, o que protege a fachada das chu-
chamado “ano da Indepen-
dência”, que se comemora no vas intensas, e refete calor, tornando o ambiente
dia 7 de setembro. interno mais “fresquinho”. Ainda hoje, muitas facha-
das de azulejos são encontradas nos Estados do Pará
e do Maranhão.
Passado um tempo, os azulejos deixaram de ter papel
predominante na decoração de igrejas e de casas e se
tornaram um produto de uso comum na construção
civil, principalmente para colocação nos “lugares frios”
das residências e de outros tipos de edifcação: cozinhas
e banheiros, paredes de hospitais etc. A facilidade de
limpeza (por serem laváveis e impermeáveis) e de aplica-
ção contribuiu para sua popularização.

26 Azulejis ta 1
A primeira fábrica de azulejos brasileira foi montada em
São Paulo, em 1912. Mas nos anos 1940 já existiam fábri-

Cândido Portinari
© Image m do acervo do Projeto Portinari/Reprodução auto rizada por João
cas no Rio de Janeiro e ofcinas em outros locais do país.
Embora o uso dos azulejos tenha se tornado popular pela
sua funcionalidade, a produção e a utilização dos azule-
jos artísticos não deixaram de acontecer.
Candido Portinari nasceu em
São famosos no Brasil e no exterior os painéis de azulejos 1903, em Brodósqui, no Es-
tado de São Paulo. Seus pais,
pintados pelos artistas brasileiros Candido Portinari, imigrantes italianos, trabalha-
localizados na Igreja de São Francisco de Assis, em Belo vam em uma fazenda de
café. De família pobre, Por-
Horizonte (Minas Gerais), e Burle Marx, que podem tinari só cursou os primeiros
ser vistos no Clube de Regatas Vasco da Gama, no Rio anos da escola formal.
de Janeiro (Rio de Janeiro). Com 15 anos, entrou na Esco-
la Nacional de Belas-Artes, no
Veja essas belas obras que mantêm a tradição dos azu- Rio de Janeiro, e dez anos
depois ganhou o Prêmio de
lejos azuis e brancos, mas em uma expressão artística Viagem ao Estrangeiro, da
moderna. Exposição Geral de Belas-
-Artes.

© André Seale/Pulsar Imagens. Reprodução autorizada por João Cândido Portinari Em 1931, fez as primeiras te-
las retratando trabalhadores
brasileiros do café. Seus pri-
meiros trabalhos em murais
foram feitos em 1936, e em
1944 iniciou suas pinturas na
Igreja de São Francisco de
Assis. Também nessa época
começou sua militância polí-
tica e fez várias obras retratan-
do cenas da história brasileira.
Morreu em 1962, no Rio de
Janeiro (RJ).
Detalhe do painel “Pássaros e peixes”, Igreja de São Francisco de Assis, Belo
Horizonte, Minas Gerais.
Cândido Portinari
© Image m do acervo do Projeto Portinari/Reprodução auto rizada por João

Candido Portinari, São Francisco de Assis, 1944. Painel de azulejos pintados, localizado na fachada da Igreja de São Francisco de
Assis, projetada por Oscar Niemeyer e integrante do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Azu l ejist a 1 27
© Arquivo/Agên cia O Globo

Roberto Burle Marx, 1959. Painel no Clube de Regatas Vasco da Gama, Rio de Janeiro (Rio de Janeiro).
© Caio Esteves/Folhapress

Roberto Burle Marx, 1944. Edifício Prudência, São Paulo (São Paulo).

Atividade 2
a ob r a d e C an d i d o P o r ti nari

Candido Portinari, como vimos, foi um grande artista plástico brasileiro, que viveu
de 1903 a 1962. Muitas de suas pinturas retratam os brasileiros.

1. Façam, coletivamente, uma pesquisa sobre essas obras e montem uma exposição
na classe com essas pinturas.

28 Azulejista 1
2. Discutam em classe:
a) Que tipo de pessoas Portinari gostava de pintar?
b) O que sua pintura nos transmite sobre a população brasileira?

3. Registre a seguir sua opinião e a da classe.

História das pastilhas


Tal como os azulejos durante um tempo, as pastilhas também tiveram seu desen-
volvimento associado predominantemente à decoração, e seu uso foi disseminado
por meio da composição de mosaicos em diferentes locais do mundo.
Menores e mais coloridas, as pastilhas permitem fazer mosaicos com grande rique-
za de detalhes.

Azu l ejist a 1 29
Veja outro artista brasileiro de destaque: Di Cavalcanti (1897-1976). Assim como
Portinari, Di Cavalcanti fcou muito conhecido por suas pinturas e obras retratan-
do o povo brasileiro.

Di Cavalcanti nasceu em 1897, na cidade do Rio de Janeiro, e começou

© Elisabeth Di Cavalcanti
a desenhar e a pintar desde muito cedo. Aos 17 anos já trabalhava como
ilustrador em uma revista.
Suas pinturas refletem suas preocupações sociais. Di Cavalcanti pin -
tou favelas, operários, pescadores, sempre retratando trabalhadores
brasileiros.
Junto com outros artistas, participou da Semana de Arte Moderna de
1922, movimento que representou uma grande mudança na forma tra-
Di Cavalcanti. Autorretrato ,
dicional de fazer arte no Brasil. 1943. Óleo sobre tela, 33,5 cm x
26 cm. Acervo particular.
Di Cavalcanti morreu em 1976, com 79 anos, no Rio de Janeiro.
© Juvenal Pereira/Pulsar Imagens

Di Cavalcanti. Imprensa , 1954. Painel de pastilhas no antigo Hotel Jaraguá, Rua Major Quedinho, São Paulo (São Paulo).
© Evelson de Freitas/AE

Di Cavalcanti. Detalhe da
fachada do Teatro Cultura
Artística, 1950. Painel de
pastilhas, São Paulo, restaurado
após incêndio em 2008.

30 Azulejista 1
No Brasil, além de serem empregadas na composição de mosaicos, as pastilhas foram
muito utilizadas em revestimentos de fachadas de prédios nos anos 1950.

© Adriano Vizoni/Folhap ress


João Artacho Jurado. Edifício Bretagne, 1959, São Paulo (São Paulo).

Após fcar um tempo em desuso, cerca de 30 anos mais tarde – nos anos 1980 –, elas
reapareceram no mercado, em diferentes versões, usadas tanto para revestimentos
externos como na composição de móveis (bancadas, mesas etc.), detalhes de decora-
ção e, até mesmo, no revestimento de paredes internas (em banheiros, por exemplo).
A variação de cores e de texturas, além das características do material – como a
impermeabilidade e a versatilidade –, faz das pastilhas um produto de revestimen-
to sempre “em alta”, bastante solicitado em projetos desenhados por arquitetos.
© Living4Media Editorial/Latinstock
© Living4Media Editorial/Latinstock

Uso de pastilhas em banheiro. Outros usos de pastilhas na construção civil.

Azu l ejist a 1 31
A fabricação desse material também evoluiu bastante: surgiram modelos novos,
mais funcionais (mais fáceis de aplicar) e produzidos com diferentes materiais.
Existem, atualmente, muitos tipos de pastilhas: pastilhas cerâmicas, pastilhas de
porcelana, pastilhas de vidro, pastilhas de vidro com resina, pastilhas de inox,
pastilhas de pedra, entre outras.

A ocupação de azulejista e pastilheiro


Não parece possível afrmar que o surgimento dessa ocupação tenha uma data exata.
A ocupação de pedreiro, por exemplo, existe desde a Idade Média, época em que,
nas ofcinas de artesãos, os construtores defniam o que era preciso saber para exer-
cer a ocupação e organizavam a produção (estabeleciam as regras de qualidade e os
preços dos serviços, por exemplo). As ofcinas dos construtores ou pedreiros, aliás,
estavam entre as ofcinas artesanais mais importantes.
Aparentemente, azulejistas e pastilheiros foram surgindo de forma gradativa, como
especialização do serviço dos pedreiros nas atividades de revestimento. É provável
que esses trabalhadores tenham optado por se desenvolver nessas ocupações, por
perceberem que tinham mais facilidade para aplicar, fazer acabamentos, ou com-
binar cores e materiais.
E você, por que escolheu este curso?

Atividade 3
re flita so b re sua s m otivaçõ es Par a a esCo lHa d o Cu rso

1. Antes de vermos ou discutirmos os saberes técnicos da ocupação de azulejista e


pastilheiro (tema das próximas Unidades), refita sobre o que você espera deste curso
e sobre o que o levou a escolher esta ocupação. Escreva um pequeno texto sobre isso.

2. Se quiser, leia seu texto para os colegas, ou guarde-o com você.

32 Azulejista 1
u nidade 2
Conhecimentos da
ocupação e os meus
próprios conhecimentos
Quando nos referimos às ocupações de azulejista e pastilheiro,
estamos falando daquelas pessoas que chegam para trabalhar
nas obras em sua fase fnal, para fazer a parte dos acabamentos.
De modo genérico, esses trabalhadores são os chamados “aplica-
dores de revestimentos”, que podem ser revestimentos cerâmicos
(azulejos, ladrilhos), de pastilhas, de pedras ou de madeira.
Com as necessidades do dia a dia e a difculdade que, por vezes,
temos de contratar um profssional para esse tipo de trabalho,
talvez você já tenha feito algo parecido em sua casa, ou ajudado
algum amigo ou parente.
Vamos iniciar esta Unidade levando em conta sua experiência.

Atividade 1
re f li ta C o m b a s e e m sua e x Pe ri ê n C ia

1. Pense em tudo o que você já fez e liste o que você acredita ter
relação com a ocupação de aplicador de revestimentos.
Não deixe nada de fora, pois muitas vezes pequenas coisas
que aprendeu sem perceber – como fazer mosaicos com lápis
de cor, por pura diversão, por exemplo – podem ter relação
com o que você fará no futuro.

Azu l ejist a 1 33
2. Troque sua lista com o colega ao lado e explique a ele
por que você pensa que cada uma das experiências
listadas poderá ajudá-lo a atuar nessa área. Depois,
ouça os argumentos dele em relação ao que ele escreveu.
Esta atividade poderá auxiliar vocês dois a descobrir
saberes e qualidades em vocês que ainda não conheciam.
Vamos ver agora o que diz o Ministério do Trabalho e
Você sabia?
Emprego (MTE) – órgão do governo federal responsável
A descrição de cada ocu-
pação da CBO é feita pe- por regulamentar as relações de trabalho no país – sobre
los próprios trabalhado- essa ocupação.
res. Dessa forma, temos
a garantia de que as in-
formações foram dadas
O MTE produz um documento chamado Classifcação
por pessoas que atuam Brasileira de Ocupações, a CBO, no qual estão descri-
no ramo e, portanto, en- tas 2 422 ocupações.
tendem bem a profissão.
Você pode conhecer es-
se documento na íntegra
Para cada uma dessas ocupações, a CBO indica: o que
acessando o site do MTE os profssionais fazem; qual a escolaridade necessária para
no laboratório de infor-
mática: <http://www.mte
exercer a ocupação; onde o profssional pode atuar etc.
cbo.gov.br>. Acesso em:
13 maio 2012. A CBO organiza as ocupações em “famílias”. A famí-
lia que nos interessa neste momento é a dos “Aplicado-
res de Revestimentos Cerâmicos, Pastilhas, Pedras e
Madeiras”. É nela que vamos encontrar a defnição
sobre o que faz e o que deve saber fazer um trabalhador
que pretende ser ladrilheiro (ou azulejista) e pastilhei-
ro nos dias de hoje.
Considerando as ocupações de azulejista e pastilheiro, a
descrição resumida (sumária), incluída na CBO, sobre o
que fazem esses trabalhadores é a seguinte:
• planejam o trabalho;
• preparam o local de trabalho;
• estabelecem os pontos de referência dos revestimentos;
• executam os revestimentos.
Cada um desses itens é detalhado, indicando o que os
ladrilheiros e pastilheiros devem saber fazer em relação
a esses aspectos, conforme veremos a seguir.

34 Azulejis ta 1
Atividade 2
o s sab e r es Pre vistos na C bo

1. O monitor ou uma das pessoas da classe vai ler, em voz alta, cada um dos itens
das tabelas a seguir e as atividades que lhes são correspondentes.
Acompanhe atentamente essa leitura.
2. Depois de ouvir, retome o texto e veja se há palavras que você desconhece. Se
houver necessidade, use o dicionário que fca na classe, ou procure ajuda do
monitor ou dos colegas para compreender o que for mais difícil para você.
3. Por último, assinale ao lado de cada uma das atividades:
• aquelas que você já sabe fazer;
• as que você sabe mais ou menos e, por isso, ainda precisa aprimorar seu conhe-
cimento;
• as que não sabe fazer ou desconhece o que signifcam.

O que O que sei fazer O que não


Planejar o trabalho
sei fazer mais ou menos sei fazer

Ler e interpretar plantas

Especificar materiais

Medir a área de serviço

Calcular a quantidade dos


materiais

Orçar os serviços

Programar as etapas do serviço

Programar materiais e
ferramentas

Identificar características dos


materiais

Providenciar os materiais
necessários à obra

Azu l ejist a 1 35
O que O que sei fazer O que não
Planejar o trabalho
sei fazer mais ou menos sei fazer
Programar Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) e
Equipamentos de Proteção
Coletivos (EPC)

Identificar defeitos das etapas


anteriores

Determinar as quantidades de
materiais para composição das
argamassas (traço)

Estudar a paginação de peças

O que O que sei fazer O que não


Preparar o local de trabalho
sei fazer mais ou menos sei fazer

Manter o local de trabalho limpo


e organizado

Paginar as peças de
revestimento

Estocar material (separando


os materiais que apresentarem
defeitos)

Proteger o local de serviço

Implementar o uso dos


equipamentos de proteção
(individual e coletiva)

Identificar pontos de nível dos


revestimentos

Conferir prumo do revestimento

Conferir esquadro do
revestimento

36 Azulejis ta 1
Estabelecer pontos de O que O que sei fazer O que não
referência dos revestimentos sei fazer mais ou menos sei fazer

Identificar o gabarito do
revestimento

Conferir a planeza do
revestimento (reguar)

Fixar as linhas mestras

Corrigir defeitos na superfície a


ser revestida

Executar chapisco e emboço

Providenciar a preparação de
argamassas (atualmente, usa-se
argamassa colante)

O que O que sei fazer O que não


Executar os revestimentos
sei fazer mais ou menos sei fazer

Assentar revestimento cerâmico/


azulejos

Assentar pastilhas

Cortar peças para arremates

Rejuntar revestimento de
pastilhas e azulejos

Aplicar juntas especiais –


de movimentação e de
dessolidarização –, que têm por
finalidade absorver eventuais
movimentações de paredes e
contrapisos

Limpar o rejuntamento

Azu l ejist a 1 37
Se você desconhece a maior parte dessas atividades ou
acha que não sabe fazê-las direito, não se sinta mal.
O principal objetivo deste curso de qualifcação é justa-
mente desenvolver esses saberes, que podemos considerar
“técnicos” e que estão relacionados de modo direto às
ocupações de azulejistas e pastilheiros.
“Estudar a paginação de peças” –
último item do planejamento – e
“paginar as peças de revestimento”
são praticamente a mesma atividade.
A diferença está em que a primeira
O que mais diz a CBO
pode ser realizada no papel,
programando-se passo a passo o que
vai acontecer na obra. Já a paginação São ainda contemplados na CBO saberes relacionados:
é realizada no local. Essa diferença
ficará mais clara nas Unidades 4 e 5.
• à escolarização formal e à formação profssional dos
trabalhadores, por meio de cursos e/ou de experiências
de trabalho;
• a atitudes pessoais que interferem no desempenho
profssional.
Vamos fazer, com relação a esses saberes, o mesmo exer-
cício que realizamos anteriormente.

Escolarização e Conhecimentos
Conhecimentos Conhecimentos
formação/experiência que preciso
que tenho que não tenho
profissional aprimorar

Ensino Fundamental
completo

Curso de qualificação
de nível básico
(até 200 horas)

Experiência de
trabalho em obras

38 Azulejista 1
Aspectos relacionados às
O que O que sei fazer O que não sei
atitudes no âmbito pessoal e
sei fazer mais ou menos fazer
no ambiente de trabalho

Utilizar equipamentos de
proteção conforme as normas

Seguir as instruções dos


fabricantes dos materiais
industrializados

Seguir as instruções dos


fabricantes de ferramentas
e equipamentos

Responsabilizar-se pela
manutenção dos equipamentos

Verificar condições de uso


dos equipamentos

Realizar serviço dentro dos


padrões da qualidade total

Comunicar-se com os clientes,


subordinados e superiores

Realizar serviços de acordo


com normas de segurança,
saúde e higiene no trabalho

Demonstrar habilidade de
trabalhar em equipe

Realizar serviços de acordo


com normas e procedimentos
técnicos

Azu l ejist a 1 39
Antes de seguir adiante, lembre-se, em relação a esses
O que é qualidade total? últimos aprendizados, de que parte deles você pode ter
A partir dos anos 1950, as obtido em trabalhos ou vivências que não têm a ver com
empresas começaram a de- ocupações associadas com a colocação de azulejos e pas-
senvolver programas que fi-
caram conhecidos por esse tilhas, ou mesmo com a construção civil. Afnal, existem
nome, porque buscavam saberes:
meios de produzir bens e
serviços com alto padrão de • de tipos diferentes – relacionados à comunicação (fala
qualidade, capazes de aten-
der às necessidades dos e escrita), aos números, aos esportes, às habilidades
clientes mais exigentes, sem manuais etc.;
elevação dos custos de pro-
dução. • que aprendemos em lugares diferentes – na escola, no
Hoje, são inúmeros os pro- trabalho, na vizinhança, na reunião da associação de
gramas e ferramentas volta-
dos para o que se chama bairro etc.;
“padrão de qualidade total”,
assim como existem vários • que aprendemos de forma diferente – olhando os outros
profissionais e empresas que fazerem (ou seja, pelo exemplo), lendo, exercitando.
se especializaram em certi-
ficar a qualidade de bens e
serviços.
Por isso, acreditamos que, lembrando as histórias de sua
vida, você poderá perceber que tem conhecimentos, ex-
periências e percepções que podem ser úteis no dia a dia
de um azulejista ou pastilheiro. Talvez você nem se re-
corde desses saberes ou não os valorize, isto é, não con-
siga perceber sua utilidade nesta hora.

Atividade 3
re f li t a s o b r e a e xP e r i ê n Ci a d e Pe d ro
e so b r e a s s ua s Pr ó Pri a s v iv ê n C ia s

1. Leia o texto a seguir, sobre o trabalho de um perso-


nagem imaginário, o Pedro.
Pedro trabalhou dois anos em uma
farmácia, como atendente. A farmácia
ficava em um bairro muito pobre da
cidade. Muitas vezes, chegavam pes-
soas com receita médica para comprar
um medicamento, mas que não con-
seguiam ler nem lembrar direito o que
o médico havia dito sobre como tomar

40
o remédio: quantidade por dia, horários,
quantos dias... No começo, era difícil
para Pedro explicar essas coisas para
as pessoas. Depois, com o tempo, ele
foi pegando o jeito: conseguia entender,
explicar e até escrever coisas na caixa
do remédio, que deixavam claro para o
cliente o que fazer quando chegasse
em sua casa.

2. Volte para o último quadro da CBO apresentado


– “Aspectos relacionados às atitudes no âmbito pes-
soal e no ambiente de trabalho” – e responda: Quais
dos saberes listados no quadro Pedro pode ter ad-
quirido na experiência como atendente de farmácia?

Se você não tem certeza se algumas de


suas experiências de vida podem ser
aproveitadas nas ocupações de
azulejista e pastilheiro, troque
informações com os colegas a seu lado.
Um ajudará o outro a reconhecer e a
extrair, das vivências de cada um,
saberes que podem ser úteis para a
profissão que estão buscando.
Saber ouvir e aprender com os outros
são grandes aprendizados para
qualquer ocupação.

3. Procure relembrar, agora, mais uma vez, tudo o que


você já fez na vida, no trabalho e fora dele, e faça
anotações no quadro a seguir. Indique – como no
exemplo – sua experiência e em que você acha que
ela pode ajudá-lo para ser um bom azulejista ou
pastilheiro.

Azu l ejist a 1 41
Tipos de saber Exemplos Saberes que tenho

Fui ajudante de balcão


Conhecimentos
em uma padaria.
relacionados a minhas
Aprendi como atender
experiências de trabalho
bem as pessoas

Sou concentrado e
Conhecimentos gosto bastante de ficar
relacionados a meu jeito sozinho, o que pode
de ser e de agir me ajudar se eu tiver
de trabalhar só

Ajudar meus filhos a


fazer trabalhos de
Outras coisas que
escola, o que me
sei/aprendi
deixou melhor em
tabuada

42 Azulejista 1
Outras formas de conhecer a ocupação
Embora a CBO, como vimos, relacione tudo o que um
azulejista e um pastilheiro precisam saber, profssionais
que trabalham nessa área podem dar algumas dicas úteis
para quem está começando na ocupação.
Por isso, vamos usar mais algumas estratégias para você
conhecer essas ocupações.

Atividade 4
e ntre vista Co m a zu lej ista s e
Pa sti lH e i ros

1. Para complementar essas informações e ter melhor


visão da ocupação, vocês vão entrevistar profssionais
dessa área.
Em grupo de quatro colegas, vocês devem escolher um
profssional para entrevistar. No dia de fazer a entrevista, lembre-
-se de levar as perguntas escritas e
anotar as respostas.
Considerando o conhecimento e as facilidades de cada
um, procurem se dividir de modo que cada grupo entre-
viste pessoas que trabalhem em lugares diferentes e façam
diversos tipos de serviço nessas áreas.
Por exemplo: um grupo entrevista alguém que faça
colocação de azulejos comuns de cozinha e banheiros;
outro grupo procurará um profssional que assente la-
drilhos hidráulicos ou que trabalhe exclusivamente com
pastilhas; o terceiro grupo poderá entrevistar um re-
vestidor que atue apenas em grandes obras. E assim
por diante.
O importante é coletar diferentes olhares e experiências
sobre a profssão, pois isso poderá ajudá-lo a identifcar
se você quer, realmente, seguir esse ou aquele caminho
e de que forma tentará trabalhar no futuro.
Em seguida, há um roteiro de entrevista, mas cada gru-
po pode acrescentar outras perguntas que considerar
importantes:

Azu l ejist a 1 43
a) Quem é o entrevistado? Homem ou mulher? Quantos anos tem? Qual é a esco-
laridade? Ainda estuda ou pretende voltar a estudar?
b) Onde trabalha? O que faz?
c) Como escolheu essa ocupação?
d) Como aprendeu a ocupação? Fez algum curso de capacitação antes ou depois de
começar a trabalhar na área para se especializar?
e) Quais os pontos positivos e negativos nesse trabalho?
f ) Como faz para cuidar da própria segurança no ambiente de trabalho?
g) Quais são seus conselhos para alguém que vai começar a trabalhar agora?
Incluam outras perguntas que vocês gostariam de fazer para esse profssional. Pro-
curem investigar também as oportunidades de trabalho existentes para quem exer-
ce essa ocupação.

2. Agora que a entrevista está feita, é hora de compartilhar o que vocês aprenderam.
Cada grupo deve organizar as principais informações coletadas para apresentar
os resultados da entrevista para a classe.
Procurem planejar como será essa exposição: um cartaz, um relato etc. Lembrem-
-se de que ela deve conter informações sobre quem vocês entrevistaram, os argu-
mentos que o profssional usou para relatar como é a ocupação e as conclusões
do grupo a respeito da entrevista.
A esta altura, todos na classe já sabem um pouco mais sobre o que é e como é ser
ladrilheiro e/ou pastilheiro. Portanto, está na hora de irmos adiante, começando
pela apresentação dos principais instrumentos com os quais você vai lidar.

44 Azulejista 1
u nidade 3
Ferramentas de
trabalho e materiais
básicos
Ferramentas de trabalho de uso mais comum
Azulejistas e pastilheiros não utilizam uma gama muito exten-
sa de ferramentas, mas elas são bastante específcas. Vamos
estudar aqui a listagem de ferramentas mais comuns, sugerida
pela CBO.
Pode ser que essa lista não esgote tudo o que você precisará
adquirir. Mesmo porque as profssões evoluem e, com elas,
evoluem também as ferramentas e os instrumentos de trabalho.
Como sempre haverá coisas novas sendo criadas, isso implica,
de tempos em tempos, você ter de se atualizar e, possivelmente,
adquirir novas ferramentas.
Aliás, no próprio ambiente de trabalho, você terá dicas de outras
ferramentas e materiais cujo uso poderá facilitar o exercício da
profssão. Quais são elas? Isso vai depender do tipo de obra e
local em que você for trabalhar.

Ferramenta Para que serve


Balde Útil para transportar materiais secos ou umedecidos, entre os quais
© Chris Leachman/123RF

argamassas e água.
© Paulo Savala

Brocha As brochas são usadas para caiar ou molhar as paredes quando da


aplicação de argamassas.

Azu l ejist a 1 45
Ferramenta Para que serve

Caixa plástica para É comum se ter nas obras recipientes específicos para preparo de
mistura da argamassa argamassas, existindo caixas de diferentes tipos e tamanhos. Para
– Masseiras – Caixotes uso em obras residenciais, esse recipiente pode ter pequenas
dimensões, o que facilita também o seu transporte.
Fotos: © Paulo Savala

Colher de pedreiro Usada para assentar tijolos, misturar pequenas quantidades de massa
e fazer pisos e revestimentos. As colheres de pedreiro são muito
utilizadas. São de metal, sendo mais comuns as de ponta redonda e
triangular.

Desempenadeira dentada As desempenadeiras podem ser de diferentes tipos, sendo, em geral,


(de aço) usadas para se retirar o excesso de massa, regularizar superfícies e
prepará-las para fazer os acabamentos.
As mais utilizadas, no caso da ocupação de azulejista e pastilheiro,
são as desempenadeiras dentadas (de aço inox), que servem
para fixação de azulejos e pisos de cerâmica. Elas devem ser de
6 mm x 6 mm x 6 mm ou 8 mm x 8 mm x 8 mm.
Desempenadeira com Além dessas (desempenadeiras dentadas), as desempenadeiras lisas,
feltro e espuma de canto, de borracha e as que são à base de feltro ou espuma serão
usadas, se houver necessidade de aplicar argamassa nas paredes,
antes de revesti-las com azulejos ou pastilhas.

Desempenadeira de
borracha (para aplicação
de rejuntes)

Desempenadeira lisa e de
canto

46 Azulejista 1
Ferramenta Para que serve

Espátula É utilizada para remover restos de tinta, massa ou argamassa e para


aplicar rejunte.

Fotos: © Paulo Savala

Esquadro É uma ferramenta simples, formada por dois pedaços de metal (ou,
mais antigamente, de madeira) que formam entre si um ângulo reto,
ou seja, de 90° (graus).
Sua utilidade é verificar se uma parede está formando um ângulo
reto em relação ao piso e à parede vizinha. Quando isso acontece,
fala-se que a construção está “no esquadro”.
O esquadro também é usado em outras ocupações e, na mão do
azulejista, serve para definir os ângulos das peças para corte. Os
ângulos de 90° e 45° são os mais comuns na área de acabamento.

Entendendo o que é ângulo


Ângulo é a figura formada entre o encontro de duas retas (ou segmentos/pedaços de reta). Os ângulos
são medidos em graus (X°).
Por exemplo: um ângulo de 60° (graus) entre duas retas significa que elas se encontram da seguinte
forma:

60° (graus)

Em uma construção, as paredes e o piso têm de se encontrar em ângulo exato de 90° (graus), também
chamado ângulo reto.

90° (graus)

Para medir ângulos em desenhos, utiliza-se um instrumento chamado transferidor. Nas construções,
para conferir se os ângulos são de 90° (graus), são usados esquadros.

Azu l ejist a 1 47
Ferramenta Para que serve

Furadeira elétrica com É utilizada para fazer furos circulares em revestimentos cerâmicos
serra copo diamantada mais resistentes, como a cerâmica grês.
acoplada
© Paulo Savala

Lápis de carpinteiro Utilizado para a marcação de todas as medidas


e níveis durante a obra.
© Paulo Savala

Linha de náilon Serve para marcar áreas, bem como para controlar o alinhamento de
azulejos e pastilhas, quando uma parede está sendo revestida.
© Paulo Savala

Lixadeira de centro/canto Essa ferramenta serve para lixar superfícies. Com ela pode-se reparar
© Paulo Savala

superfícies danificadas por acabamento indevido, remover


revestimentos deteriorados ou preparar as superfícies novas,
deixando-as lisas para aplicação dos revestimentos.

Martelo picadeira Esses instrumentos têm o mesmo tipo de formato e características


físicas: um cabo (em geral) de madeira e uma ponta de ferro ou
borracha. Todos eles são usados para bater ou fazer pressão sobre
outro objeto ou ferramenta (uma talhadeira ou um ponteiro, por
exemplo), de modo a empurrá-los contra algo mais duro, como um
pedaço de concreto. Também podem ser utilizados para fazer
pressão direta sobre alguma coisa que se quer quebrar, como uma
Martelo (ou macete) de pedra ou uma parede.
borracha A diferença entre os vários tipos de martelo é o tamanho e o tipo de
ponta. Você vai escolher o que usar dependendo do tamanho do
© Paulo Savala

objeto e da pressão ou força que terá de fazer para empurrar ou


quebrar (pedras ou paredes).
Existem muitas ferramentas desse tipo. As mais comuns no caso
dessa ocupação são: o martelo picadeira, martelo pequeno, com
ponta dos dois lados; o martelo ou macete de borracha, usado
Martelo de unha quando há necessidade de fazer pressão de forma mais delicada,
como no assentamento de cerâmicas ou azulejos; e o martelo de
© Paulo Savala

unha, martelo multifuncional, em que um dos lados é bifurcado e


serve para extrair pregos.
Aleksandar Ljcsic/123RF

48 Azulejista 1
Ferramenta Para que serve

Nível de bolha, de O nível é um instrumento para verificar se uma superfície está reta ou
mangueira e a laser nivelada, podendo ser colocado na posição horizontal ou vertical.
Quando uma parede está sendo construída, por exemplo, ele serve
para ver se os tijolos estão todos na mesma linha. Existe mais de um
tipo de nível.

© Paulo Savala © Paulo Savala


O nível de bolha pode ser de madeira ou metal, com uma abertura
onde fica um vidro com água e pelo qual se vê a bolha de ar. Se essa
bolha estiver bem centralizada, a superfície está reta ou nivelada.
O nível de mangueira é uma mangueira de plástico transparente.
Para verificar se uma superfície está reta, basta colocar água dentro
dela e observar se ela permanece em um nível constante.
Há ainda o nível a laser, ferramenta mais sofisticada utilizada, em
geral, por empresas de construção civil.

Pá Serve para carregar pequenas quantidades de material e em curtas


distâncias, como no caso da preparação de argamassa, por exemplo.
© Paulo Savala

Pedaços de pano e Utilizados na limpeza dos azulejos, ladrilhos e pastilhas, depois de


esponjas assentados.
© Paulo Savala
© Stockbyte /Ge tty Images

Prumo de face e de Existem dois tipos de prumo:


centro
O prumo de face é formado por um cilindro unido a outro sólido por
um fio ou cordão, que passa exatamente no centro deles. É usado na
© Paulo Savala

construção de paredes, para ver se elas não estão abauladas, ou seja,


se estão retas na vertical.
O prumo de centro tem o formato de um cone e sua ponta possibilita
marcar o centro exato de um local.

Azu l ejist a 1 49
Ferramenta Para que serve

Régua de alumínio – 1” x Utilizada para espalhar e regularizar argamassa.


2” x 2 m
© Ma rcelo Scanda roli/Editora Pini

Riscador ou cortador de Ferramenta usada para cortar, riscar ou esquadrejar cerâmicas e


azulejo azulejos.
© Paulo Savala

Rolo de pelo curto Utilizado para aplicação de resina em ladrilhos hidráulicos, após o
revestimento.
© Paulo Savala

Serra mármore/disco São serras elétricas especiais para cortar azulejos, cerâmicas e pedras.
diamantado
© Paulo Savala

Talhadeira É utilizada em uma obra para abrir uma fenda e também para retirar
as sobras de materiais quando se passa argamassa em uma parede
© Paulo Savala

ou para nivelar melhor um piso, por exemplo.

50 Azulejis ta 1
Ferramenta Para que serve

Torquês pequena e média Produz cortes irregulares,


deixando cantos denteados. Por

Fotos: © Paulo Savala


essa razão, deve ser usada
somente para pequenos cortes
nos cantos das placas cerâmicas a
serem assentadas em áreas
menos visíveis.

Traçador de altura É um aparelho que serve para


realizar medições de altura com
precisão, ao qual pode ser
acoplado um riscador para
marcação da altura desejada.

Tr e n a As trenas são fitas métricas


Como a descrição dos materiais das
retráteis, utilizadas para fazer ocupações elaborada pela CBO
considera as famílias de instrumentos
medidas em centímetros ou e não as áreas específicas de atuação,
metros, polegadas ou pés. Em algumas ferramentas indicadas pela
CBO não foram incluídas neste rol.
geral, são feitas de plástico ou Justifica essa opção o fato de tais
ferramentas não serem necessárias
metal e podem ter diferentes para os azulejistas e pastilheiros, e
comprimentos: 1, 2, 5, 10 ou até sim para os aplicadores de
revestimentos de madeira ou pedra.
mesmo 50 metros. Uma trena de
5 metros é adequada para as
atividades de um trabalhador em
obras pequenas, como casas e
prédios residenciais.
Há ainda a trena a laser,
ferramenta mais sofisticada,
utilizada, em geral, por empresas
de construção civil.

Trincha Espécie de pincel com cerdas


macias, usado para retirar a poeira
e facilitar a limpeza de
revestimentos mais sensíveis,
como no caso dos ladrilhos
hidráulicos.

Azu l ejist a 1 51
Atividade 1
Pr a ti q u e o u s o d e a lg u m a s
f e rr am e n ta s

A classe vai se dividir em quatro grupos para experimentar


algumas ferramentas citadas. Durante outros momentos
do curso, você terá oportunidade de praticar o uso de fer-
ramentas além dessas. Neste momento, vamos nos ater
àquelas cuja manipulação nos parece mais complexa.

1. Primeiro, cada grupo vai testar o uso de uma serra


mármore e de um riscador ou cortador de azulejos.
São duas ferramentas com as quais você deve estar
muito familiarizado, pois o corte de azulejos é uma
Não esqueça: cuidar do próprio tarefa bastante comum nessa ocupação e fará parte
material de trabalho também faz
parte dos conhecimentos que todo do dia a dia do trabalho que vai desenvolver.
profissional deve ter!

Orientados pelo monitor, cada um dos alunos deve ex-


perimentar as duas ferramentas, pelo menos uma vez.

2. Agora é preciso praticar a utilização do prumo de face.


Cada grupo vai escolher um lado da classe ou uma
parede.
a) Com o prumo de face, o grupo vai verifcar se a pa-
rede escolhida está na posição exata em relação ao
piso; se ela “está no prumo”, e não empenada.
b) Anote no caderno as conclusões da classe sobre a ver-
ticalidade e os ângulos das paredes.
3. E os níveis de bolha e de mangueira? Vamos testar
como usá-los? Eles servem para checar se as superfícies
estão niveladas.
a) Com o nível de bolha, escolham uma área da sala de
aula e verifquem o nivelamento do piso. Cada grupo
fará a medida em um lugar diferente.
b) Com o nível de mangueira, vocês vão checar o nivela-
mento da mesa do professor, dos armários e/ou do ba-
tente superior da porta.

52 Azulejista 1
Materiais básicos de uso de azulejistas e
pastilheiros
Apresentadas as ferramentas, vamos falar, neste momen-
to, dos materiais mais comuns em sua nova ocupação e
das principais características deles: os azulejos, as pastilhas
e os ladrilhos hidráulicos.
Você se lembra do sistema de
Como não poderia deixar de ser, vamos começar conhe- medidas de superfície?
1 centímetro (cm) =
cendo os azulejos: peças de cerâmica de formato, em 10 milímetros (mm)
0,8 centímetro (cm) =
geral, quadrado – ou seja, os quatro lados têm a mesma 8 milímetros (mm)

medida. Os azulejos mais comuns (usados com maior


frequência) medem 15 cm × 15 cm (centímetros) e sua
espessura é de aproximadamente 0,8 cm.
Veja em uma régua essas medidas:
15 cm
0,8 cm

Design Gráfico
© Jairo Souza
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

15 cm
© Karel Miragaya/123RF
15 cm

O formato 15 cm × 15 cm é a chamada
medida-padrão dos azulejos. Hoje em
dia, entretanto, existem azulejos
fabricados com tamanhos variados:
maiores e menores que esse.
Certifique-se do modelo de azulejo
que será utilizado em uma obra antes
de calcular o tempo e a quantidade de
material necessários.
Painel de azulejos.

Azu l ejist a 1 53
Mais do que o tamanho (que pode variar), o que melhor caracteriza um azulejo é
o fato de um de seus lados ser “vidrado”.
O vidrado é conseguido quando se adiciona um pó à cerâmica e a peça passa por
um processo de cozimento. Com isso, a peça ganha impermeabilidade – isto é, ela
pode ser lavada – e uma aparência peculiar.
O lado vidrado dos azulejos pode ter uma ou várias cores; pode ser liso ou decorado; em
relevo ou não. Essa variedade torna seu uso bastante fexível e adequado para decoração.
As peças de azulejo podem ser colocadas em paredes inteiras, meias-paredes, bar-
rados, contornos de cômodos etc.

© Jennifer Morris/Easypix
© Dou glas Hill/Beate works/Corbis (DC)/Latinstock

Acabamento azulejado em banheiro. Detalhes azulejados em escada.

Além da beleza e da versatilidade (possibilidade de serem usados de diferentes


maneiras), o fato de os azulejos serem impermeáveis e fáceis de limpar – podem ser
lavados constantemente, até mesmo com detergentes e outros produtos de limpeza
– faz deles um revestimento ideal para os locais das residências que acumulam
gorduras e/ou precisam ser lavados com frequência, como banheiros, cozinhas e
áreas de serviço: as áreas frias ou molhadas da residência.
Algumas características dos azulejos devem ser analisadas com mais atenção: absor-
ção de água e resistência do esmalte.
[...]
As placas cerâmicas para revestimentos fabricadas por prensagem (o mais comumen-
te utilizado) são classifcadas, em função da absorção de água, da seguinte maneira:
• porcelanatos: de baixa absorção e resistência mecânica alta (BIa Þ de 0 a 0,5%);
• grês: de baixa absorção e resistência mecânica alta (BIb Þ de 0,5 a 3%);
• semigrês: de média absorção e resistência mecânica média (BIIa Þ de 3 a 6%);

54 Azulejis ta 1
• semiporosos: de alta absorção e resistência mecânica baixa (BIIb Þ de 6 a 10%);
• porosos: de alta absorção e resistência mecânica baixa (BIII Þ acima de 10%).
[...]
Os revestimentos cerâmicos também são classifcados segundo a resistência do
esmalte da peça ao desgaste por abrasão (resistência à abrasão superfcial). Essa
classifcação é conhecida como Índice PEI, que classifca do menor ao maior
índice de resistência (0 a 5, respectivamente). As normas técnicas aplicáveis
ABNT NBR 13816/13817/13818 não entram no mérito da utilização. De um
modo geral, encontram-se as seguintes sugestões de uso:
• PEI 0: Somente para aplicação em paredes (resistência nula à abrasão superfcial).
• PEI 1: Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geral-
mente com chinelos ou pés descalços. Exemplo: banheiros e dormitórios residen-
ciais sem portas para o exterior.
• PEI 2: Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geral-
mente com sapatos. Exemplo: todas as dependências residenciais, com exceção
das cozinhas e entradas.
• PEI 3: Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geral-
mente com alguma quantidade de sujeira abrasiva que não seja areia ou materiais
de dureza maior que areia (todas as dependências residenciais).
• PEI 4: Produto recomendado para ambientes residenciais (todas as dependências)
e comerciais com alto tráfego. Exemplo: restaurantes, churrascarias, lojas, bancos,
entradas, caminhos preferenciais, vendas e exposições abertas ao público e outras
dependências.
• PEI 5: Produto recomendado para ambientes residenciais e comerciais com trá-
fego muito elevado. Exemplo: restaurantes, churrascarias, lanchonetes, lojas,
bancos, entradas, corredores, exposições abertas ao público, consultórios.
Informação ao Consumidor. Revestimentos Cerâmicos: pisos e azulejos. Inmetro. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp>.
Acesso em: 28 maio 2012.
Na obra, no recebimento do material, verifque se todas as caixas contêm produtos
do mesmo tamanho, tonalidade, qualidade, lote e Índice PEI (classe de abrasão
superfcial), se essas especifcações correspondem ao seu pedido e se estão discrimi-
nadas na embalagem.
[...]

Azu l ejist a 1 55
Para escolher corretamente seu material, leve em consi-
deração os seguintes requisitos:
• Procedência do produto: informações sobre o fabri-
Você sabia? cante (telefone, endereço) e indicação de estar de acor-
Os revestimentos cerâmi- do com as normas da ABNT.
cos, assim como outros
materiais, têm caracterís- • Local de aplicação (parede ou piso): área residencial,
ticas técnicas definidas
por profissionais da área, comercial ou industrial (industrial deve ser sob consulta).
que todos os fabricantes
devem seguir. Elas são • Trânsito no local: de pessoas, de veículos, de móveis
chamadas Normas Brasi- que são arrastados – para determinar o Índice PEI do
leiras Regulamentadoras
(NBR) e cada produto re- produto que será comprado.
cebe um número corres-
pondente. • Umidade no local: para determinar o grupo de absor-
As normas técnicas bra- ção de água do produto – para locais mais úmidos,
sileiras são comercializa- recomendam-se produtos com baixa absorção.
das no site da Associação
Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). Dispo-
• Metragem (área) do local (m²): para cálculo da quan-
nível em: <http://www. tidade de peças necessárias.
abntcatalogo.com.br>.
Acesso em: 13 maio 2012. Informação ao Consumidor. Revestimentos Cerâmicos: pisos
e azulejos. Inmetro . Disponível em: <http://www.inmetro.gov.
As normas técnicas rela- br/consumidor/produtos/revestimentos.asp>.
cionadas aos revestimen-
Acesso em: 28 maio 2012.
tos cerâmicos são: NBR
13816 – Placas cerâmicas Para um melhor aproveitamento do material:
para revestimento – Ter-
minologia; NBR 13817 – • armazene as embalagens em ambientes protegidos do
Placas cerâmicas para
revestimento – Classifi- sol e da chuva, sobre um estrado de madeira, com
cação; NBR 13818 – Pla- altura máxima de 1,50 m;
cas cerâmicas para reves-
timento – Especificação • evite lugares muito úmidos ou com possibilidades de
e Métodos de Ensaios.
empoçamento de água;
• mantenha as caixas em posição vertical.
© Planomotor

Nunca utilize ácido para a limpeza


dos revestimentos cerâmicos, pois ele
corrói o esmalte.
Sua conservação e limpeza podem
ser feitas com uma simples solução
de água e detergentes neutros.

56 Azulejis ta 1
Atividade 2
v am os f ab ri C ar u m a zu lej o ?

No laboratório da escola, vamos entender, na prática, o processo de fabricação de


azulejo.
Cada um de vocês receberá uma peça de cerâmica branca e escolherá como quer
que ela fque: mais brilhante ou mais opaca; com várias cores ou com uma única;
com desenho ou sem.

1. Inicie o trabalho escolhendo a imagem que você vai querer no azulejo. Pode ser
algo simples, que você desenhe ou copie de uma revista ou livro. Lembre-se de
que seu desenho deve “caber” na metragem do azulejo-padrão: 15 cm × 15 cm.
Em seguida, copie o desenho em um pedaço de papel vegetal.
2. Quando você considerar o desenho pronto, passe-o para a cerâmica, usando uma
técnica chamada “decalque”. Coloque o papel vegetal sobre a cerâmica e risque
com um lápis preto macio. A imagem será transferida para a cerâmica.
3. Prepare o vidrado do azulejo diluindo o produto adequado (pó para vidrar) em
água.
4. Para colorir, você deverá incluir nessa mistura tintas próprias para cerâmica. Elas
também são encontradas em pó e, para cada 10 partes de vidrado, você deverá
usar 1 parte de tinta. Se você quiser várias cores, faça essa mistura separadamen-
te para cada cor.

Tinta / Pigmentos para colorir

Pó para vidrar

Azu l ejist a 1 57
Observe que a proporção entre o pó para vidrar e os
pigmentos (para colorir) é de 10 para 1. Voltaremos
ao estudo das proporções mais adiante.
5. Com as cores prontas, use um pincel para fazer a
pintura na cerâmica. Se você for usar mais de uma
tinta, cuide para que todas estejam com a mesma
consistência. Caso contrário, o azulejo fcará com
Quando o azulejo vai ao forno, a cor
escurece alguns tons. Essa alteração relevos onde a tinta estiver mais grossa.
acontece por causa da temperatura
do forno, que é muito alta. Lembre-se
disso para seu trabalho ficar como 6. O último passo é a colocação das cerâmicas em
você imaginou.
um forno próprio, de alta temperatura. Esse pro-
cesso poderá ser feito na escola, se houver forno
adequado.
Caso não haja esse tipo de forno na escola, o monitor
poderá verificar as opções possíveis para fazer a quei-
ma da cerâmica na cidade e informar para a escola.

As pastilhas
Com dimensão menor do que a dos azulejos – quadra-
dinhos que, em geral, variam de 2 cm × 2 cm até 5 cm
× 5 cm –, as pastilhas também se prestam a diferentes
usos: do revestimento de fachadas aos pequenos detalhes
decorativos de ambientes.
Você sabia?
As normas técnicas rela- Existem pastilhas de diferentes cores; brilhantes ou opa-
cionadas às pastilhas são cas; lisas ou com texturas.
as mesmas utilizadas pa-
ra os azulejos: NBR 13816 As mais comuns (e mais antigas) são fabricadas com
– Placas cerâmicas para
revestimento – Termino- cerâmica. Atualmente, porém, há pastilhas de vários
logia; NBR 13817 – Placas materiais: cerâmica, vidro, inox (escovado ou polido),
cerâmicas para revesti-
m ento – Classificação;
porcelana, entre outras.
NBR 13818 – Placas cerâ-
micas para revestimento Em geral, as pastilhas são vendidas em placas, e não indi-
– Especificação e Méto- vidualmente, o que pode facilitar no momento de sua
dos de Ensaios.
aplicação.

58 Azulejis ta 1
© Olga Popova/123RF
© Olga Popova/123RF
Pastilhas coloridas.

© Luiz Alberto Jr./Lae ti Images

Pastilhas de vidro.

© Fernando Favo retto/Criar Ima gem

Composição de diferentes pastilhas. Pastilhas com textura.

Atividade 3
Co n H eç a os d i f e re ntes ti Pos d e a zu lej os

Para complementar informações sobre azulejos e pastilhas e conhecer melhor os


tipos de materiais que estão sendo procurados no mercado de trabalho, vamos fazer
uma pesquisa em lojas de materiais de construção.
Com a ajuda do monitor e da internet, a classe vai identifcar as lojas de materiais
que fcam próximas à escola ou em lugares de fácil acesso para o grupo.
Individualmente ou em grupo, planejem uma visita a uma das lojas. Lá, observem
os diferentes revestimentos cerâmicos (azulejos, pastilhas e ladrilhos hidráulicos)
expostos. Perguntem aos vendedores que tipos de produtos são mais procurados,

Azu l ejist a 1 59
vejam os preços, comparem com os demais produtos da loja. Pesquisem também a
classifcação de alguns produtos quanto à absorção de água e à resistência a abrasão
superfcial. Se possível, tirem fotos dos revestimentos.
Analisando os materiais expostos, procurem responder: qual material você escolhe-
ria para colocar na sua casa ou na de alguém que você conhece, levando em consi-
deração o tipo de cerâmica específco para cada ambiente, o seu gosto pessoal e os
preços dos produtos?
Feita a visita, cada grupo vai organizar as principais informações coletadas e apre-
sentar os resultados para a classe.
Planeje a apresentação, organizando a melhor forma de expor o que pesquisaram e
o que cada um vai falar. Bom trabalho.

Os ladrilhos hidráulicos
Esse tipo de ladrilho – recomendado principalmente para pisos – já foi muito
usado no passado. Hoje, voltou à moda, sendo sua aplicação bastante requisitada
em pisos residenciais e de estabelecimentos comerciais.
© Francesco Ridolfi/Alamy/Othe r Ima ges
© Renata Mello/Pulsar Imagens

60 Azulejista 1
Seu tamanho é maior do que o dos azulejos comuns:
20 cm × 20 cm. O mesmo ocorre com sua espessura, que
tem cerca de 2 cm a 3 cm.
No entanto, o que torna os ladrilhos hidráulicos especiais
é que eles são produzidos artesanalmente, peça por peça.
Para isso são usadas fôrmas de ferro, nas quais se colocam
camadas de tintas, cimento branco seco e argamassa de
concreto.
As cores e os desenhos que podem ser feitos são bastan-
te variados, mas costuma-se manter um padrão de duas
a cinco cores.
O nome “ladrilho hidráulico” vem do fato de que, uma
vez pronto, ele é mergulhado em água por cerca de 8
horas. Esse processo tem a função de fazer com que o
cimento endureça e ganhe resistência, evitando que ocor- Hidráulico: Relativo à movi-
mentação de líquido, especial-
ram rachaduras no ladrilho pronto. Esse procedimento mente água, conforme
é chamado na área de construção civil “fazer a cura do Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa.
c i m e n t o ”.
Depois de retirado da água, o ladrilho é colocado em
um local especial para secar.
A fase completa de fabricação demora cerca de 20 dias
e, por isso, o ladrilho hidráulico é um material de reves-
timento diferenciado e bem mais caro do que os azulejos
ou pisos cerâmicos produzidos em escala industrial.
Ele também se distingue por ser altamente durável, mas
Você sabia?
essa característica depende da colocação correta.
As normas técnicas rela-
cionadas aos ladrilhos
Enfm, trata-se de um produto delicado, cujo armaze- hidráulicos são: NBR
namento e assentamento – tanto quanto sua fabricação 9457 – Ladrilho Hidráuli-
– exigem alguns cuidados especiais para não causar co; NBR 9459 – Ladrilho
Hidráulico – Formatos e
fssuras. Saber assentá-lo corretamente pode ser um di- Dimensões; NBR 9458/
ferencial importante para o profssional dessa área, ou 86 – Assentam ento de
Ladrilho Hidráulico.
seja, um conhecimento que o destaca entre os demais
azulejistas.

Azu l ejist a 1 61
Atividade 4
d ito d e o utr a fo rm a

Talvez você já tenha percebido que existem variados tipos de texto, e que as pessoas
se expressam e escrevem de forma diversa dependendo das situações ou dos contex-
tos em que estiverem se comunicando.
A maneira como falamos com os nossos flhos, por exemplo, não é a mesma de
quando falamos com um chefe. Da mesma forma, alguém que escreve uma lei
usará um tipo de linguagem diferente de alguém que escreve uma poesia ou um
texto para um jornal.

1. Leia como informações semelhantes às que foram dadas sobre os ladrilhos hi-
dráulicos podem ser escritas de forma bastante diferente, por jornalistas ou por
profssionais que trabalham em revistas. O texto a seguir é apenas uma pequena
parte de um artigo publicado. Para conhecê-lo integralmente, consulte a fonte.
Nasce um clássico

Porções de tinta, uma camada de cimento seco e outra de argamassa


de concreto. A receita de um século ainda hoje dá origem aos ladrilhos
hidráulicos, que diferenciam ambientes

[...]

Como no passado, hoje tudo é feito artesanalmente. Nas poucas fábricas


existentes, nada de máquinas ou computadores. Apenas poucos homens
trabalhando, geralmente com mais de 40 anos, herdeiros da técnica trans-
mitida pelos antecedentes. O trabalho se inicia com a escolha de um molde
de ferro onde serão depositadas manualmente as porções de tinta, uma
camada de cimento seco e outra de argamassa de concreto. O resto lembra
o ofício de uma quituteira: desenformar, deixar repousando, imergir em água
(daí o hidráulico), dispor em um armário para curtir. São 20 dias para que as
peças estejam prontas para venda. “Dá orgulho ver tudo sendo feito como
na época do meu avô”, diz Marcelo Ruocco, 30 anos, que herdou da família
a fábrica Dalle Piagge, na Lapa, em São Paulo, especializada em ladrilhos
hidráulicos e uma das mais antigas do Brasil.
MEDEIROS, Fernanda. Ladrilhos hidráulicos: nasce um clássico. Casa e Jardim.
Editora Globo. Disponível em: <http://revistacasaejardim.globo.com/Casaejardim/0,2
5928,EJE502580-2186-1,00.htm>. Acesso em: 16 maio 2012.

62 Azulejista 1
2. Comparando o que foi dito: existem informações diferentes nos dois textos?
Identifque no quadro a seguir as principais informações de cada um deles.
Texto do Caderno Texto da revista

3. Comparando as formas de escrever: em dupla, pensem sobre as duas formas de


relato a respeito dos ladrilhos hidráulicos.
a) Quais diferenças vocês percebem?

Azu l ejist a 1 63
b) Qual delas é mais fácil de compreender, a do Caderno ou a da revista? Justifque
sua resposta.

c) Qual delas orienta mais adequadamente a sua ocupação como azulejista?

Seguindo com os materiais


Argamassas para assentamento: convencional e colante
Junto com as cerâmicas e pastilhas, a argamassa é de fundamental importância para
o trabalho de azulejistas e pastilheiros, pois é com ela que se faz o assentamento dos
revestimentos.
A escolha do tipo de argamassa a ser usado é importante para garantir a durabilida-
de do revestimento e tem relação com a técnica que será utilizada no assentamento.
1. Argamassa convencional: é preparada na própria obra, a partir da mistura de
cimento, cal e areia, na seguinte proporção: 1 medida de cimento para 2 de cal
e 8 de areia. Esse tipo de argamassa exige uma técnica específca de aplicação.
As peças cerâmicas, nesse caso, devem estar molhadas e serem assentadas sobre
a argamassa fresca. Ela pode ser aplicada sobre uma superfície de alvenaria que
tenha sido coberta com chapisco ou emboço, procedimentos que serão tratados
na Unidade 6.
2. Argamassa colante: é uma argamassa industrializada, comprada pronta.
Ela é vendida na forma de pó e, para usá-la, é só acrescentar água na quan-
tidade indicada nas embalagens. Para sua aplicação não é necessário molhar
a cerâmica.
No geral, a argamassa colante substitui com vantagens a argamassa preparada na
obra. O tempo que se leva para a realização do assentamento, por exemplo, é menor,
já que o preparo da argamassa é mais rápido e a cerâmica não tem que estar mo-
lhada. Sua aplicação também é mais fácil e possibilita uma maior aderência da ce-
râmica à superfície.
Existem argamassas colantes adequadas para diferentes tipos de situação/ambiente.
Veja no quadro a seguir:

64 Azulejista 1
Tabela de classifcação das argamassas colantes

Argamassa colante

Tipo I II III IIIE

Alta
Uso Interno Externo Especial
Resistência

© Planomotor

Rejunte
Trata-se de uma espécie de massa aplicada entre azulejos
e pastilhas, para que não fquem vãos entre as peças. Os
rejuntes também impedem a infltração de água, com-
pletando o processo de impermeabilização do revesti-
mento com azulejos. Ladrilhos hidráulicos dispensam o
uso de rejuntes.
É comum, principalmente em
banheiros ou áreas com muita
Os rejuntes podem ter diferentes cores: os mais claros umidade, os rejuntes claros ficarem
escuros, com aparência de mofados.
tendem a ressaltar a cor e o desenho dos azulejos. Em Quando algum cliente seu for
escolher a cor do rejunte, não deixe
contrapartida, escondem menos as sujeiras. de alertá-lo sobre esse aspecto.

Azu l ejist a 1 65
Existem três tipos principais de rejunte:
• Rejunte à base de cimento: mais fácil de utilizar. Se-
gundo a NBR 14992, são classifcados em: rejunta-
mento do Tipo I e rejuntamento do Tipo II.
Tipo I – Indicado para rejuntamento de placas cerâmicas
em ambientes internos com pouco trânsito de pedestres
e ambientes externos limitados a 20 m².
Tipo II – Indicado para ambientes internos e externos.
Externamente podem ser utilizados em pisos e paredes
de qualquer dimensão. Usados também em ambientes
com água confnada. Ex.: piscinas e espelhos-d’água.
• Rejunte epóxi: é mais resistente à água e difícil de
manchar. Trata-se também de produto mais caro, mas
de maior durabilidade e resistente a fungos (bolor).
• Rejunte à base de álcool: por ter maior resistência a pro-
dutos químicos, é indicado para ambientes que precisam
ser higienizados com produtos químicos fortes e/ou que
fcam sujeitos à ação desses produtos por quaisquer mo-
tivos. Em geral, é encontrado apenas na cor preta.

Resina acrílica
É um produto utilizado nos ladrilhos hidráulicos para
protegê-los de sujeiras e de água (impermeabilizando-os),
visto que, por serem porosos, absorvem água e sujam
com facilidade. Quando aplicada, a resina forma uma
Porosos: Que têm poros espécie de película (ou pele) protetora bastante resistente
(pequenas aberturas ou in-
terstícios) que permitem a pas- sobre os ladrilhos. Em geral, ela é vendida pronta para
sagem de água; permeáveis. ser aplicada, em latas de 18 litros.

Espaçadores
São pequenas peças de plástico que devem ser colocadas
entre os cantos dos azulejos no momento do assentamen-
to, de modo a garantir que o espaço entre eles fque sempre
do mesmo tamanho e que formem um ângulo de 90 graus.
Os espaçadores têm o formato de uma cruz. Veja a seguir.

66 Azulejista 1
© Ed Phillips/123RF
© Ma rcelo Scanda roli/Editora Pini
Assentamento de piso. Espaçador entre azulejos.

Outros itens essenciais em uma obra: os


Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
Já falamos das principais ferramentas e dos materiais de
que você precisará em seu dia a dia de trabalho. Porém,
não podemos nos esquecer de outro tipo de equipamen-
to, também essencial em todas as fases de uma obra: os
chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
Esta “conversa” não deve ser deixada para mais tarde,
No caso de você trabalhar como
pois são os EPI que lhe permitirão trabalhar com segu- empregado – qualquer que seja o
porte ou tamanho da obra (grande ou
rança. pequena) –, os EPI devem ser
fornecidos pelos empregadores. Os
trabalhadores autônomos devem
Muita gente acha que se preocupar com esse assunto é adquirir, eles mesmos, os
equipamentos de proteção
desperdício de tempo e dinheiro. Mas não é assim. As essenciais.

obras são locais onde muitos acidentes podem acontecer,


quando menos se espera.
Mesmo entrando na obra em seus momentos fnais, você
estará em contato com materiais e ferramentas que cor-
tam (cortantes) e/ou podem machucá-lo: pregos, farpas
de madeira, pedaços de ferro, blocos de concreto, tijolos,
martelos, pás, enxadas. Isso sem contar a possibilidade
de você sofrer quedas de pequenas ou grandes alturas.
Por isso, existem normas (NR) do Ministério do Traba-
lho que defnem os EPI indispensáveis, sem os quais uma
obra não pode funcionar.

Azu l ejist a 1 67
Atividade 5
eq u i P am e nt os d e Proteç ã o i n d iv i d ual esse n Ciais

1. Vamos listar aqui um conjunto de EPI que deve ser usado pelos ladrilheiros e
pastilheiros.
Em dupla, discutam por que vocês acham que eles são considerados essenciais
em sua futura ocupação. Anotem suas respostas no quadro.

Equipamento de Proteção
Justificativa: por que usá-los
Individual (EPI)

Botas

Capacete

Cinturões de segurança

Luvas de borracha

Óculos de segurança

Respiradores ou máscaras
para não aspirar sujeiras

2. Discutam com a classe os argumentos que vocês usaram e vejam se todos pensam
da mesma forma. O monitor pode ajudá-los a identifcar os motivos pelos quais
se devem usar tais EPI, caso a classe tenha difculdade. Anote a seguir as conclu-
sões da turma.

Se você ainda estiver com dúvidas, consulte o quadro a seguir.

68 Azulejista 1
Entre os equipamentos listados:

Precisam ser utilizados se você estiver em uma obra de grande


Capacetes e cinturões de
porte (onde podem cair materiais do alto), e/ou se você mesmo
segurança
for trabalhar em grandes alturas

Luvas e botas Devem ser usados sempre, pois a probabilidade de ocorrerem


acidentes e ferimentos nas mãos e/ou nos pés dos
trabalhadores da construção civil tende a ser muito alta

Óculos de segurança e São muito importantes, sobretudo nos momentos em que você
máscaras para não inalar estiver retirando revestimentos antigos ou usando ferramentas
poeira (ou respiradores) para o corte de azulejos, pastilhas ou ladrilhos

Além desses, há equipamentos de proteção mais específcos – para quem trabalha


em condições especiais: sob grandes temperaturas, ou com produtos químicos, por
exemplo – e equipamentos de proteção coletivos, que também devem ser providen-
ciados pelos empregadores. É o caso de prendedores de cintos de segurança para
grandes alturas, telas protetoras, andaimes seguros, roupas isolantes, capas de chu-
va, entre outros.
Conforme aponta Renata Ávila:

EPI (Equipamento de Proteção Individual) é todo dispositivo de uso


individual que protege o trabalhador de riscos a sua segurança e a
saúde no ambiente de trabalho. Alguns são usados por todos os
funcionários na obra, como o capacete e as botas. Outros são de
uso mais específico. O uso de EPI depende do risco a que o traba-
lhador está exposto. O empregador deve adquirir os EPI, exigir o seu
uso, orientar e treinar o funcionário, trocar os EPI danificados e
responsabilizar-se pela higienização e manutenção. Já o funcionário
deve utilizar o EPI corretamente, responsabilizar-se pela guarda e
conservação e falar para o empregador se o equipamento estiver
sem condições de uso. [...]
ÁVILA, Renata. Equipamentos de Proteção Individual. Equipe de Obra, n.3, out.
2005. Editora Pini. Disponível em: <http://www.equipedeobra.com.br/construcao
-reforma/3/artigo27429-1.asp>. Acesso em: 13 maio 2012.

Azu l ejist a 1 69
FIQUE LIGADO!
De acordo com a NR-18 (Norma Regulamentadora nº 18 do Ministério do Trabalho), os equipamentos de
proteção individual devem ser fornecidos de forma gratuita para os empregados de qualquer ocupação.
Esse uso apenas é dispensado se houver medidas de proteção coletiva que ofereçam completa proteção
aos operários.
Fonte: Norma Regulamentadora nº 18. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível
em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-18-1.htm>.
Acesso em: 22 maio 2012.
© Gil Tokio/Pingado

Capacete de segurança

Óculos de segurança

Abafador de ruído
Máscara filtradora

Cinto de segurança

Camisa ou camiseta

Luvas de raspa

Calça comprida

Calçado fechado

Obs.: Todos os equipamentos de segurança


devem possuir certificado de autenticidade.
Operário equipado.

70 Azulejis ta 1
u nidade 4
Planejamento do
tr ab al ho
Planejar o trabalho parece tarefa simples e sem importância,
mas não é bem assim. Muitas vezes, precisamos de um plano
mais organizado de nossas atividades para seguirmos em frente.
O planejamento é um instrumento fundamental para os go-
vernos...
Imagine, por exemplo, se não houvesse pessoas planejando como
fazer a coleta de lixo das cidades. A sujeira fcaria espalhada nas
ruas e, com ela, o mau cheiro, o aumento da quantidade de
insetos e pequenos animais que vivem ao redor dos lixos (mos-
cas, baratas, ratos etc.), a propagação de doenças que poderiam
afetar grande parte da população.
... faz parte do dia a dia das indústrias, dos comerciantes...
Pense agora se o dono do mercadinho localizado perto de sua
casa não tivesse verifcado quantas pessoas usam sabão em pó
no bairro e não tivesse comprado o produto para vender. Quan-
to prejuízo, não é?!
... e pode nos ajudar a organizar nossas vidas.
É planejando seu trabalho que você poderá saber: o que
precisará comprar; quanto tempo vai gastar para fazer de-
terminado serviço; quantas pessoas serão necessárias para
ajudá-lo a executar o trabalho; quanto deverá cobrar por
ele; qual será seu ganho líquido (descontadas as despesas)
e assim por diante.

Ganho líquido
Preço cobrado pelo serviço (ganho bruto)
menos (−) despesas (gastos com material,
ferramentas, ajudantes, transportes etc.)

Azu l ejist a 1 71
A CBO, como vimos na Unidade 2, apresenta uma lista
com as atividades que fazem parte da fase do trabalho
dos azulejistas e pastilheiros chamada “planejamento”.
Vamos ver agora, passo a passo, as principais etapas do
planejamento.

Etapa 1
Identifcar as áreas nas quais serão assentados azulejos,
pastilhas ou ladrilhos hidráulicos.
Essa identifcação pode ser feita por meio de uma con-
versa com seu cliente ou pela observação e estudo do
projeto (desenho) da obra.
Para atuar como azulejista ou pastilheiro não há ne-
Projeto da obra – representa o
desenho da construção ou reforma. cessidade de que você compreenda perfeitamente todo
Fazem parte do projeto:
Planta – desenho que mostra os o projeto (desenho) de uma casa ou outro tipo de obra.
ambientes/cômodos com suas
medidas internas e também a Mas é interessante que, olhando um projeto, você sai-
representação dos locais onde estão
as janelas, portas, pias, lavatórios, ba identifcar as áreas frias do local (banheiros, cozi-
tanques, bacias sanitárias etc.
Corte – desenho que mostra as nha, área de serviço etc.) e quais cômodos e/ou áreas
alturas de uma edificação, onde se
representam as espessuras do piso, serão revestidos com azulejos, pastilhas ou ladrilhos
pé-direito, espessura da laje, altura
das janelas e portas, altura dos hidráulicos.
azulejos nas áreas frias etc.
Fachada – vista externa da edificação.
Em geral, essa informação consta no corte do projeto,
como mostrado a seguir.
Você também poderá ver nos cortes se a obra prevê, por
exemplo, que os azulejos sigam até o teto ou parem na
metade da parede; ou se são previstas barras de azulejos
de outros tipos, padrões ou cores etc.
Quando não houver um projeto (desenho), você deverá
visitar o local com o cliente e medir as paredes dos am-
bientes que serão revestidos.
Faça você mesmo um desenho representando as paredes
com suas medidas, os locais das janelas e portas e a al-
tura do piso ao teto, chamada pé-direito.

72 Azulejista 1
Azu l ejist a 1
73
© Planomotor © Planomotor
Outra forma de identifcar as áreas frias no desenho
de um projeto é por meio dos símbolos ou gabaritos
usados nesses projetos. Veja a seguir:

© Planomotor
Simbologia
Significado
Planta Corte

Bacia sanitária

Lavatório
sanitário

Mictório

Chuveiro

Pia de cozinha
Você sabia?
Existe uma área do co- Tanque
nhecimento que estuda
os signos, os símbolos e
seus significados. Essa
© Planomotor

área é chamada semióti- Outros símbolos que você deve conhecer


ca, palavra que vem da
língua grega (semeiotiké )
e quer dizer “a arte dos Portas: além de marcar a existência de
sinais”. uma porta, esse símbolo também indica
o sentido de sua abertura. Nesse caso, ela
é aberta do lado direito para o esquerdo.

Janelas

Cotas: indicam altura (medida em


centímetros ou metros) de cada
pavimento ou cômodo em relação a um
local padrão, identificado com o número
(ou cota) zero (0).
Por exemplo, se você olhar uma planta
baixa onde o “0” (zero) é a rua e a cota da
sala de entrada é +2 (mais dois), você
saberá que a sala está 2 centímetros mais
alta do que a rua.

74 Azulejista 1
Etapa 2
Depois de saber que serviços serão executados, você po-
derá defnir quais as ferramentas e EPI necessários para a
segunda etapa do planejamento do serviço que vai realizar.
Para defnição das ferramentas você deverá levar em conta:
o tipo de revestimento realizado e as condições das pa-
redes originais.
Falaremos mais sobre as ferramentas adequadas a cada
caso nas Unidades 5 e 6, quando vamos abordar, passo
a passo, como revestir paredes e pisos com azulejos, pas-
tilhas e/ou ladrilhos hidráulicos.
Para os EPI, consulte o quadro da Unidade 3. Lembre-se
de que a retirada de azulejos ou de outros revestimentos
Não faça esse trabalho sem o uso de
antigos provoca levantamento de muita poeira. máscaras de proteção.

Etapa 3
Outra etapa do planejamento de seu trabalho é a medição
da área que será revestida e o cálculo da quantidade de
material (azulejos, pastilhas, ladrilhos, cimento-cola,
rejuntes etc.) a ser utilizada.
Para fazer isso é preciso saber como calcular a medida das
superfícies (paredes e/ou pisos), recorrendo a alguns recur-
sos da matemática, ou, mais especifcamente, da geometria.
Imagine que você deve revestir uma parede com azulejos
e precisa saber quantos azulejos terá de comprar. Você
sabe quanto medem os azulejos-padrão que serão utili-
zados nessa obra: 15 cm x 15 cm.
Porém, se não souber a medida de superfície da parede,
não conseguirá saber de quantos azulejos vai necessitar.
As medidas de superfície também são chamadas áreas.
As principais unidades de medidas de área são: quilôme- Geometria: Estudo do es-
paço e das formas ou das
tro quadrado (km 2), metro quadrado (m 2) e centímetro figuras que ocupam esses
quadrado (cm 2). espaços. As formas ou figu-
ras geométricas fazem parte
Vamos ver as principais fguras geométricas e como cal- de nossa vida. Estão presen-
tes em tudo o que vemos.
cular as medidas de suas áreas:

Azu l ejist a 1 75
• Retângulo: é uma fgura geométrica que tem quatro
lados, sendo dois de um mesmo tamanho e dois de
outro.
Sua área é calculada multiplicando-se o lado menor (altura)
pelo lado maior (base); ou, no caso de uma parede, a base
pela altura: lado menor × lado maior, ou base × altura.

Altura ou lado menor

Base ou
lado maior

• Quadrado: fgura com quatro lados iguais e quatro


ângulos retos.
Sua área é calculada multiplicando-se lado × lado.

Lado

Lado

• Triângulo: fgura com três lados, que podem ser iguais


ou diferentes.
Existem triângulos com os três lados iguais, com dois
lados iguais e um diferente, ou com três lados diferentes.
Qualquer que seja o triângulo, sua área é calculada
multiplicando-se base × altura dividido por 2.

Altura Altura Altura


Para saber a altura de um triângulo,
trace uma linha da base até o ângulo
oposto, como mostrado nas figuras
geométricas já apresentadas. Base Base Base

76 Azulejista 1
Sabendo calcular a área dessas três fguras geométricas,
você poderá utilizar esse conhecimento para descobrir a
área de muitos dos lugares nos quais vai trabalhar.
Você deverá fazer o cálculo das áreas parede por parede.
Mas não se esqueça, em qualquer situação, de retirar do
cálculo a área das portas, janelas e de outros vãos, que
não serão azulejados ou cobertos com pastilhas. No en-
As portas, em geral, medem
tanto, você deve se lembrar de incluir a área do contorno 2,10 m × 0,80 m.
As portas de banheiros são um pouco
das janelas, que também deverão ser azulejadas. menores: 2,10 m × 0,70 m.

Se for o caso de usar ladrilhos hidráulicos, será necessá-


rio calcular a área do piso onde ele será assentado.
Para fazer o cálculo das áreas e, depois, dos materiais, é
preciso trabalhar com a mesma unidade de medida:
metro. Para isso, você deverá saber converter a medida
– em centímetro – dos azulejos, pastilhas ou ladrilhos
hidráulicos em metro.
Por meio de um exemplo fca mais fácil entender como
fazer as conversões necessárias.
Imagine que você tem de azulejar uma parede de formato Você lembra como é feita a
equivalência entre as unidades de
retangular que mede 2 m por 3 m. A área a ser azulejada medida de superfície?
1 quilômetro (km) = 1 000 metros (m)
é, portanto, de 6 m 2. Porque 2 m × 3 m = 6 m 2. 1 metro (m) = 100 centímetros (cm)
1 centímetro (cm) = 10 milímetros (mm)
Você precisará dessas informações
O azulejo que você vai utilizar mede 15 cm × 15 cm. Ou para fazer conversões de medida.
Caso não se lembre, consulte o monitor.
seja, cada azulejo ocupa uma área de 225 cm2. Esses dados também podem ser
encontrados no site: <http://www.
viarapida.sp.gov.br> (acesso em: 13
Como não podemos comparar metro com centímetro, maio 2012) – Caderno do Trabalhador
3 – Conteúdos Gerais “Fazendo
vamos converter a medida dos azulejos para metro. contas”.

Você pode fazer essa conversão tendo como ponto de


partida as medidas dos lados dos azulejos (15 cm ×
15 cm), ou sua medida de área em centímetro qua-
drado (cm 2).
No primeiro caso, você vai converter centímetro em
metro e, então, calcular a área dos azulejos em metros
quadrados (m 2).

Azu l ejist a 1 77
Veja os passos a seguir:

a) Conver ta 15 cm em metro:

• 100 cm = 1 m
• 15 cm = 0,15 m

b) Calcule a área de um azulejo:

• 0,15 m × 0,15 m = 0,0225 m2

No segundo caso, você vai calcular primeiro a área do


azulejo em centímetro quadrado (cm )2 e, depois, conver-
ter centímetro quadrado (cm 2) em metro quadrado (m 2).
Veja a seguir:

a) Calcule a área de um azulejo:


15 cm × 15 cm = 225 cm 2

b) Converta 225 cm 2 em metro quadrado (m 2).


Para fazer isso, você deve lembrar que 1 metro quadrado
(m 2) é igual 10 000 centímetros quadrados (cm ).2
Veja
por quê:
Para mostrarmos esse cálculo,
fizemos uso de uma estratégia de
cálculo chamada regra de três. 1 m 2 = 1 metro × 1 metro
Se você não lembra como fazer,
consulte, mais uma vez, o site:
<http://www.viarapida.sp.gov.br> 1 m 2 = 100 cm × 100 cm = 10 000 cm
(acesso em: 13 maio 2012) – Caderno
do Trabalhador 3 – Conteúdos Gerais
“Fazendo contas”, ou peça ajuda do Ou seja: 1 m 2 = 10 000 cm 2
monitor para que ele explique como
se faz.
Agora que você já sabe a equivalência entre as medidas
(centímetro quadrado e metro quadrado), vamos voltar
à conversão dos 225 cm2 em m2:
10 000 cm2 = 1 m 2
225 cm 2 = x (?) m 2
x = (225 × 1)/10 000 = 0,0225 m 2
Qualquer que seja a sua estratégia para fazer esse cálculo,
vamos chegar ao mesmo valor: a área de um azulejo de
15 cm × 15 cm em metro quadrado é igual a 0,0225 m 2.

78 Azulejista 1
Agora, usando uma “regra de três”, calcule: Quantos
azulejos vamos precisar para cobrir toda a parede que
tem 6 m 2?

• 1 azulejo = 0,0225 m 2
• x (?) azulejos = 6 m 2
• x = (6 × 1)/0,0225 = 266,66 azulejos
Esse cálculo é aproximado, pois entre
os azulejos será colocado rejunte.

Atividade 1
P esq u isan d o áre a s

1. Exercite o cálculo de áreas, imaginando que você deverá azulejar:


a) As paredes de um banheiro de formato retangular.
• Duas paredes têm a mesma medida: a base com 4 m e a altura com 2,80 m.
• As outras duas medem 2 m por 2,80 m de altura, mas uma delas contém uma
porta (com medida-padrão) e uma janela de 0,4 m × 0,3 m.
b) Um painel quadrado de azulejos decorados em uma das paredes da cozinha. O
painel mede 1 m × 1 m.

Azu l ejist a 1 79
2. Considerando que os azulejos usados têm 15 cm × 15 cm,
calcule quantos azulejos você precisará para fazer os
dois serviços: revestimento completo do banheiro e
painel da cozinha.

3. Confra os resultados com a classe e faça mais exercí-


cios em casa, a fm de que você se familiarize com as
fórmulas de cálculo de área e com a regra de três.

Mas atenção: nem sempre há necessidade de fazer cálcu-


los para saber, antes, qual a quantidade de azulejos, pas-
tilhas ou ladrilhos hidráulicos você vai utilizar em cada
metro quadrado a ser revestido. Em geral, os próprios
Sempre que você for comprar esse
tipo de material (azulejos, pastilhas fabricantes indicam a quantidade adequada para cobrir
ou ladrilhos hidráulicos), adquira um
pouco mais do que as quantidades um metro quadrado de parede ou de piso.
calculadas – cerca de 10%. Isso
porque é comum ocorrerem quebras
durante o transporte ou o Com base nessa informação, basta fazer uma multipli-
assentamento das peças.
cação.
Por exemplo:
Se para azulejar 1 m 2 você precisa de 10 azulejos, para
azulejar 10 m 2 você precisará de 10 azulejos × 10 = 100
azulejos.
Para os demais materiais que utilizará na obra – cimen-
to-cola e rejunte –, siga também as especifcações dos
fabricantes. Com o tempo, você terá noção clara de quan-
to vai precisar dependendo do tamanho da obra, sem
necessitar dessa ajuda.

80 Azulejis ta 1
Etapa 4
A quarta etapa do planejamento é programar as fases do serviço que será realizado.
Isso terá de ser feito após a análise do local de trabalho.
No caso de reformas, é importante ver, por exemplo, se há necessidade de retirar o
revestimento antigo, se a parede está pronta para receber o novo revestimento ou se
serão necessários ajustes etc. Se for um local novo, é preciso verifcar se as paredes
estão com argamassa de revestimento ou se você terá de fazer esse serviço, entre
outros.
São detalhes que devem ser programados, já que interferem no tempo que você vai
levar para concluir seu trabalho. Somente então será possível programar exatamen-
te o que terá de ser feito e defnir uma previsão dos dias de serviço.
Para você se organizar melhor (no caso de trabalhos mais complicados ou difíceis)
ou se quiser explicar o serviço com detalhes a seu cliente, coloque as etapas em um
papel, indicando o tempo que você imagina gastar em cada uma delas.
Veja o exemplo a seguir:
Etapas Tempo de trabalho previsto

Estudo da paginação 3 horas

Retirar os azulejos antigos 2 dias

Preparar a parede para o novo revestimento 1 dia

Colocar os novos azulejos 2 dias

To t a l 5,5 dias

Etapa 5
Selecionadas as ferramentas e os EPI e calculados os materiais e as horas ou dias de
trabalho, você já tem condições de fazer o orçamento do serviço a ser realizado.
Um orçamento é uma espécie de lista, na qual você inclui o custo de todo o mate-
rial que será utilizado no serviço mais (+) o valor de seu trabalho (mão de obra).
Calcular a quantidade de material que vai usar – azulejos, pastilhas, cimento-
-cola, rejunte etc. – é a base para que você possa apresentar seu orçamento ao
cliente. Comece montando o orçamento por esses itens. Mas lembre-se: se você
repassar ao cliente apenas o custo dos materiais de que vai precisar, estará traba-
lhando de graça!

Azu l ejist a 1 81
Um item que, em geral, não é colocado nos orçamentos são as ferramentas.
Elas não são incluídas porque você já deverá tê-las comprado e não vai comprar
ferramentas novas a cada trabalho. Mas não deve se esquecer de que, conforme
vão sendo usadas, as ferramentas se desgastam e precisam ser trocadas, não é?
Ou seja, com o tempo e o uso constante, as ferramentas se danificam.
Pensando nisso, quando fzer seu orçamento, você deve incluir um valor, uma pe-
quena quantia no orçamento, que pode ser de 10% do total. Esse montante corres-
ponde ao desgaste de suas ferramentas, já que, no futuro, você precisará fazer a
reposição delas. Dessa forma, depois de realizar alguns trabalhos, a soma desses
valores deverá ser sufciente para aquisição de novas ferramentas, conforme a neces-
sidade.
Também pode acontecer de um trabalho exigir uma ferramenta especial, diferente
das que você tem. Nesse caso, você poderá conversar com seu cliente e incluir uma
parte do custo dessa ferramenta no orçamento; ou mesmo solicitar que o cliente a
adquira e que desconte o valor diretamente do pagamento pelo serviço de forma
parcelada.
Além dos materiais e das ferramentas, um orçamento deve conter os chamados
custos indiretos de seu trabalho: gastos que você terá com transporte para o local
da obra, alimentação nos dias de trabalho e ajudantes, se forem necessários. Sem
esses itens, você estará gastando para trabalhar, ou seja, terá prejuízo.
Finalmente, não se esqueça de incluir nesse orçamento o custo de seu próprio tra-
balho, que tem relação com o tempo que levará para executar o serviço. Uma parte
do valor de seu dia de trabalho será seu lucro.

Apresentação do orçamento
Quando for apresentar um orçamento ao cliente, lembre-se de que o ideal é que esse
orçamento esteja discriminado, ou seja, mostrando os itens que você incluiu. Assim,
o cliente terá uma ideia clara do que está contratando.
Há também clientes que preferem, eles mesmos, adquirir alguns produtos, pois
podem verificar o tipo e a qualidade dos materiais antes de comprá-los. Se em
seu orçamento esses itens estiverem indicados separadamente, será mais fácil
retirá-los.
Além disso, um orçamento bem-feito (se possível, apresentado em uma planilha
eletrônica elaborada em computador) causa impressão de organização, seriedade, e
gera confança em seu trabalho.

82 Azulejis ta 1
Veja a seguir um exemplo de planilha:

Custo
Custo total
Item Discriminação Unidade Quant. unitário
R$
R$

1 Azulejos brancos m² 100

2 Azulejos decorados m² 50

3 Argamassa cimento-cola sc

4 Argamassa de rejunte sc

5 Espaçadores pç

6 Panos para limpeza pç

Transporte para o local


7 vb
da obra

Alimentação nos dias


8 vb
de trabalho

9 Ajudante (diária) 3

10 Custo do dia de trabalho vb

Subtotal

Desgaste das ferramentas % 10%

To t a l

sc = saco pç = peça vb = verba

Azu l ejist a 1 83
Atividade 2
a P r e s e n t e u m o r ç am e n t o a o C l i e n t e

1. Imagine que você foi consultado e deve apresentar um


orçamento para azulejar dois banheiros de uma casa.
Um deles mede 5 m2 e o outro, 6 m 2:
a) Monte uma lista com todo o material que você vai
usar. Levante, na internet, os preços e anote-os ao lado
de cada material.
b) Lembre-se também de colocar um montante para
compensar o desgaste de suas ferramentas. Se alguma
ferramenta especial for necessária para essa obra, ve-
rifque seu preço para conversar com o cliente.
c) Verifque e inclua na planilha os custos indiretos do
trabalho.
d) Insira, no fnal, o preço de seu serviço: pode ser por
tarefa ou pelos dias de trabalho. Para isso, imagine
como será o trabalho e faça uma lista com as etapas
e o tempo que deverá usar.
e) Some tudo ao fnal.
2. No laboratório de informática, digite a lista que você
fez em uma planilha eletrônica. Aproveite para con-
ferir a soma dos valores, caso você não tenha usado
calculadora.
3. Com a planilha pronta, vamos discuti-la na classe.
Se precisar, peça ajuda do monitor
para fazer a planilha. Metade da classe apresentará os resultados de seu le-
vantamento. A outra metade fará o papel de cliente,
como se fosse um teatro.
A ideia é perceber se há diferenças entre os orçamen-
tos e as percepções dos clientes. Caberá a esses clien-
tes verificar e argumentar com os que apresentaram
a planilha se os preços dos serviços estão adequados
ou não.

84 Azulejista 1
4. Registre, a seguir, o que você aprendeu com essa discussão.

Depois de fechar o orçamento com o cliente, acerte com ele a forma de pagamento.
É interessante que você possa receber um “sinal” – uma parte do valor do trabalho
– antes de iniciá-lo, pois assim você poderá cobrir as primeiras despesas com mate-
rial e transporte. Quanto ao restante do pagamento, você pode propor que ele seja
feito em uma ou duas vezes. Quando o serviço é grande, em geral, o pagamento é
combinado em três parcelas: um sinal, uma parcela intermediária e outra no encer-
ramento do trabalho.
Feito esse acerto, peça ao cliente que confrme a aprovação do valor e da forma
de pagamento do serviço. Isso pode ser feito com a assinatura das duas partes
em uma cópia da planilha. Essa providência garantirá que vocês têm um acor-
do, um compromisso, que envolve a realização adequada do trabalho e o paga-
mento devido.

Etapa 6
Somente depois de formalmente aprovado o orçamento, você seguirá para a próxi-
ma etapa: a compra dos materiais que vai usar na obra.
Como você deve ter pesquisado preços para fazer o orçamento, agora se trata apenas
de ir aos locais e fazer as compras, usando parte do valor (o sinal) pago pelo cliente.
Mas atenção: não mude a qualidade dos materiais que você colocou no orçamento
para adquirir produtos mais baratos.
Utilizar materiais de baixa qualidade pode comprometer seu trabalho e trazer
problemas para seu cliente.

Azu l ejist a 1 85
Além disso, se você fez o orçamento com determinado tipo de material, não deve
alterá-lo, a não ser que algo excepcional ocorra. Esse procedimento não seria ético
e você poderia ser considerado desonesto por seu cliente.

Etapa 7
Finalmente, a última etapa do planejamento é fazer um estudo da paginação das
peças, ou seja, analisar – em função das características do serviço (metragem,
combinação de desenhos ou texturas, cantos etc.) – de que forma azulejos, pas-
tilhas ou ladrilhos hidráulicos serão colocados ou dispostos no local. Esta é uma
etapa fundamental do planejamento, pois interfere de modo direto na qualidade
de seu trabalho.
Estudar a paginação das peças é, basicamente, imaginar e programar como elas
fcarão nas paredes.
Você pode fazer isso de várias formas. Uma delas, bastante prática, é usar papel
quadriculado.
Considere que cada “quadradinho” corresponde à medida de uma peça de reves-
timento: azulejo (15 cm × 15 cm), ladrilho hidráulico (20 cm × 20 cm), ou pastilha.
O primeiro passo é marcar, no papel quadriculado, a metragem do ambiente.
Por exemplo: se a parede a ser revestida tiver 3 metros de altura por 2 metros de
largura e o revestimento for com azulejos de 15 cm × 15 cm, a marcação no papel
quadriculado fcaria como apresentado no desenho da página ao lado.
Esse procedimento deve ser adotado em todas as paredes. Mas, para fazer essa
marcação, inicie sempre pela parede que estará à sua frente quando entrar no local
a ser revestido.
A marcação dos azulejos no papel quadriculado – segundo passo – deve ser feita do
lado esquerdo para o direito. Se a parede a ser azulejada for interna e houver forro,
os azulejos deverão ser fxados a partir do piso. Se não houver forro, os azulejos
deverão ser fxados a partir da linha do teto. Esses critérios farão com que as peças
de revestimento mais visíveis estejam inteiras e não cortadas.
Com esse método, você terá uma noção clara de como devem ser colocados os
azulejos e quantos serão utilizados inteiros ou não.
Se os revestimentos tiverem desenhos ou se houver previsão de mesclar peças lisas
com decoradas, esse procedimento será muito útil, evitando que os desenhos fquem
desencontrados e o cliente, insatisfeito com seu trabalho.

86 Azulejis ta 1
O estudo da paginação faz parte do trabalho de um bom ladrilheiro, azulejista ou
pastilheiro.

Azu l ejist a 1 87
Atividade 3
faç a u m Pr o j e t o d e P a g i n a ç ã o

1. Escolha um dos projetos relacionados a seguir e faça um estudo de paginação


para colocação de azulejos em um banheiro. Use os papéis quadriculados dis-
postos nas páginas seguintes e lápis coloridos para os detalhes.
Considere, além dos desenhos, as seguintes informações:
a) a altura dos banheiros é de 2,50 m;
b) os azulejos são todos do mesmo tamanho e lisos, mas haverá uma barra de azu-
lejos decorados em todas as paredes. Essa barra deverá estar a 1,80 m do piso.
© Planomotor

© Planomotor

88 Azulejis ta 1
2. Depois de desenvolver seu projeto de paginação, troque-o com o do colega ao
lado e verifque se as medidas fcaram semelhantes.
3. O monitor vai observar os estudos de toda a classe e comentar as diferenças
entre eles.

Azu l ejist a 1 89
90 Azulejis ta 1
Azu l ejist a 1 91
Seja Bem Vindo!

Curso
Azulejista
Parte 2
Carga horária: 30hs
Dicas importantes
• Nunca se esqueça de que o objetivo central é aprender o conteúdo, e não
apenas terminar o curso. Qualquer um termina, só os determinados
aprendem!

• Leia cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se deixando


dominar pela pressa.

• Explore profundamente as ilustrações explicativas disponíveis, pois


saiba que elas têm uma função bem mais importante que embelezar o texto,
são fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o
conteúdo.

• Saiba que quanto mais aprofundaste seus conhecimentos mais se


diferenciará dos demais alunos dos cursos.

Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o aproveitamento que cada
aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os “alunos
certificados” dos “alunos capacitados”.

• Busque complementar sua formação fora do ambiente virtual onde faz


o curso, buscando novas informações e leituras extras, e quando
necessário procurando executar atividades práticas que não são possíveis
de serem feitas durante o curso.

• Entenda que a aprendizagem não se faz apenas no momento em que


está realizando o curso, mas sim durante todo o dia-a-dia. Ficar atento às
coisas que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar
aquilo que foi aprendido.

• Critique o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação do


conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem sentido quando pode
efetivamente ser colocado em prática.
Conteúdo
Unidade 5
9
preparação do local de trabalho

Unidade 6
13
e xe c u ç ã o d o s r e v e s t i m e n t o s : a z u l e j o s e p a s t i l h a s

Unidade 7
35
reve st im ent o com ladr ilho hidrá ulico

Unidade 8
41
atitudes e relações nos locais de trabalho

Unidade 9
47
po ssib ilid ade s de tra ba lho e ví nc ulo s

Unidade 10
57
seus novo s conhecim entos e se u c urrículo
u nidade 5
Preparação do local de
tr ab al ho
Preparar o local de trabalho, no caso de azulejistas e pastilheiros,
é uma tarefa simples.

Trata-se, basicamente, de:


• separar as ferramentas de trabalho e os Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) necessários e levá-los ao local onde
o serviço será realizado;
• estocar o material a ser utilizado;
• proteger a área de trabalho, de modo a evitar sujeiras e/ou
estragos desnecessários; e
• paginar as peças de revestimento.

Como os azulejistas e pastilheiros são praticamente os últimos


trabalhadores da construção a entrar nas obras – e, consideran-
do, também, que é comum sua contratação para reformas –, a
estocagem do material e a proteção da área de trabalho requerem
cuidados especiais.

Com relação à estocagem, busque um lugar seco, para que os


produtos (sobretudo cimento-cola e rejuntes) fquem protegidos
da umidade e do calor excessivo. O ideal é colocá-los sobre uma
base de madeira, evitando seu contato direto com o piso, pois
qualquer umidade pode estragar o material.

Azu l ejist a 2 9
Também é importante deixar os produtos em um local que não atrapalhe a circu-
lação das pessoas (profssionais ou moradores) para outras partes da obra. Além de
evitar incômodos, lembre-se de que peças de azulejo, pastilhas e ladrilhos hidráuli-
cos são frágeis e que o movimento e as batidas das pessoas podem levar a perdas
desnecessárias.

Outro cuidado essencial é com relação à proteção das áreas da obra. Tenha sempre
a preocupação de forrar os pisos com jornal ou – preferencialmente – com lona.
Dessa forma, você não corre o risco de “machucar” pisos, paredes, louças e serviços
que podem já estar prontos.

A forração dos locais nos quais fará seu trabalho também auxilia a mantê-los limpos
e organizados. Parece um detalhe, mas coloque-se na posição do cliente ou dos
profssionais que trabalharam ali antes de sua entrada.

Você não fcaria muito bravo se alguém viesse e sujasse ou estragasse o que acabou
de ser feito?

No mais, além da limpeza e da organização, a forração traz aparência de profssio-


nalismo. São qualidades muito desejadas na ocupação que você vai exercer e em
outras da área da construção civil.

Finalmente, quanto à paginação das peças de revestimento, se o estudo da pagina-


ção tiver sido realizado durante o planejamento do trabalho, trata-se, neste momen-
to, apenas de checar se o desenho colocado no papel está correto ou se será preciso
alterar algo.

Por mais que você tenha tido bastante cuidado ao desenhar no papel, não deixe de
fazer essa verifcação, pois pode acontecer de as metragens não estarem exatas e
haver necessidade de introduzir alguns ajustes ou pequenas correções nas áreas de
canto e de altura.

Lembre-se, por exemplo, de que, em geral, os pisos dos locais frios das residências
– banheiros, áreas de serviço e cozinha – costumam ter um pequeno caimento em
direção aos ralos, para escoamento de água.

Isso trará alterações na paginação imaginada, pois podem existir pequenas diferen-
ças de altura das paredes de um mesmo lugar.

10 Azulejista 2
© Planomotor
Exemplo de um ambiente em que a colocação dos azulejos não foi planejada (paginação), ocorrendo o desencontro das alturas
das faixas decorativas e das juntas horizontais. Além disso, os azulejos no encontro do teto ficaram com tamanho diferente.

A marcação de pontos de referência dos revestimentos requer cuidados, mas não se


trata de tarefa muito complexa.
Utilizar um nível de mangueira é o primeiro passo para fazer essa marcação. Tiran-
do o nível, você vai garantir o alinhamento das peças em relação ao piso (alinha-
mento horizontal).
Neste momento, o uso do prumo também se faz necessário, pois permite verifcar
o alinhamento vertical da parede.
No local exato, marcado pelo nível de mangueira, trace uma linha horizontal com
lápis e régua. Fixe pregos nas extremidades da linha traçada e estique uma linha de
náilon para que a segurança quanto ao alinhamento seja maior.
Essas serão suas linhas mestras, ou seja, elas é que servirão de guia para a colocação
dos revestimentos. Quando elas estiverem traçadas em cada parede, você poderá
iniciar a aplicação das peças.

Azu l ejist a 2 11
Atividade 1
P ar a e x e rc it ar s e u s c o n h ec i m e n tos

1. Com a classe dividida em quatro grupos, cada um será responsável por tirar o
nível, verifcar o prumo e traçar as linhas mestras em uma das paredes da ofci-
na de trabalho da escola. Vocês poderão contar com a ajuda do monitor, caso
tenham difculdade para realizar esta etapa da atividade.
2. Feitas as medições e fxadas as linhas mestras, verifquem o resultado uns dos
outros e discutam as difculdades que tiveram para fazer essa atividade.

12 Azulejis ta 2
u nidade 6
Execução dos
revestimentos: azulejos
e pastilhas
Chegamos à parte central do trabalho dos azulejistas e pasti-
lheiros. A essa altura, tudo o que você precisará para realizá-lo
– ferramentas, materiais e EPI – já deve estar separado e dis-
posto no local da obra.
Independentemente de qual for o tipo de revestimento progra-
mado, comece verifcando as condições das paredes e preparan-
do-as de forma adequada.
Isto é:
• No caso de reformas, se houver azulejos ou pastilhas antigos
nas paredes, você deverá retirá-los, utilizando martelo e ta-
lhadeira ou espátulas. Também é necessário remover a arga-
massa usada para assentá-los. Assim, após a retirada do ma-
terial antigo, você deverá corrigir as imperfeições das paredes,
aplicando argamassa de revestimento.
• S e as paredes já estiverem
© Ma rcelo Scanda roli/Editora Pini

preparadas com argamassa de


revestimento, você terá so-
mente de corrigir eventuais
defeitos na superfície.
• Por fm, se a parede não tiver
nenhum revestimento, faça
uma primeira cobertura com
chapisco e argamassa de re-
vestimento.

Azu l ejist a 2 13
Como aplicar chapisco e argamassa de revestimento
Para essas etapas, você precisará de:
Ferramentas

Balde

Brocha

Colher de pedreiro

Desempenadeiras: lisa, de canto e de espuma ou feltro

Enxada (para misturar a argamassa)

Martelo

Peneira

Prumo

Régua de alumínio

Trena ou metro

Materiais

Água

Areia

Buchas e parafusos (para as soleiras e peitoris)

Cal

Cimento

Linhas de náilon

Pequenos calços de madeira ou azulejos para marcar a aplicação


da argamassa: “taliscas”

Pregos

14 Azulejis ta 2
Aplicação de chapiscos
O chapisco é uma mistura de cimento, areia e água. Em
geral, para essa mistura usa-se uma parte de cimento para
cada três partes de areia.
Na linguagem utilizada nas obras, essa proporção entre
os materiais é chamada traço. Ou seja, uma sugestão de
traço bastante usada para fazer o chapisco é de 1:3. A Proporção: Relação entre
duas ou mais grandezas.
quantidade de água deve ser determinada durante a mis-
tura, cuja consistência não pode ser muito frme/dura.

Cimento
Dê preferência para a areia
grossa, peneirada, pois ela
adere (gruda) mais
facilmente às paredes.

Areia

Em normas técnicas, embalagens dos produtos e revistas


especializadas, há indicações sobre as quantidades de
material necessárias por metragem de parede. Mas esses
cálculos variam, pois podem estar baseados em traços/
proporções entre produtos diferentes. Por exemplo, o
cimento é comprado por quilo. Já a unidade de medida
para a compra de areia é por metro cúbico (m 3). Para
calcular quantos metros quadrados (m 2) tem uma pare-
de (isto é, sua área), multiplique a metragem do compri-
mento pela altura. Se a parede a ser “chapiscada” tem
3 metros de comprimento por 2,8 metros de altura, ela
terá: 3 metros × 2,8 metros = 8,4 m 2.
Uma referência bastante utilizada
Sempre que for comprar material, acrescente um pouco para saber a quantidade a comprar
de cada material é a Tabela de
mais de quantidade. Em todas as obras há certa perda Composição de Preços para
Orçamentos, publicada pela Editora
de material, que não se consegue evitar. Pini. Mas é preciso checar sempre,
nessa referência, se o traço da
mistura é o que o responsável pela
obra recomenda.

Azu l ejist a 2 15
Atividade 1
c ál cu l o d e m ate r i al Par a chaPisco

1. Usando os dados apresentados na página anterior – ou


seja, uma parede com 3 metros de comprimento por
2,8 metros de altura – e considerando que para cada
Faça as operações aritméticas por m 2 de parede você precisará de 2,42 quilos de cimen-
etapas: primeiro, calcule quantos
metros quadrados tem uma parede; to e 0,02 m 3 de areia (referência: Tabela de Compo-
depois, quantos metros quadrados
tem o cômodo todo; e, por último, sição de Preços para Orçamentos), calcule a
veja quanto você vai precisar comprar
de cimento e de areia. quantidade de areia e de cimento que terá de comprar
para fazer o chapisco para as quatro paredes desse
cômodo, que têm a mesma metragem. Se tiver dif-
culdade, converse com o colega ao lado e faça a ati-
vidade em dupla.
2. Agora faça um novo cálculo de material, imaginando
que você terá de preparar o chapisco em outro cômo-
do retangular, em que:
Existem no mercado (para comprar) a) duas paredes medem 4 metros de comprimento por 3
chapiscos industrializados, que
podem ser misturados com água e metros de altura;
passados nas paredes com um rolo de
pintura. Veja o que o proprietário e/ou
o construtor preferem que você use. b) duas paredes medem 2 metros de comprimento por
No caso do chapisco industrializado,
leia as instruções do fabricante antes 3 metros de altura.
de aplicá-lo e siga suas
recomendações.

16 Azulejis ta 2
Comprado o material, vamos começar a aplicação do chapisco?
Primeiro, limpe bem as paredes e umedeça-as com uma brocha.
Em seguida, o chapisco deve ser jogado nas paredes com uma colher de pedreiro.
Isso precisa ser feito com força e a certa distância, para que a mistura fique grudada
na parede.
A camada tem de ser bem fina e, antes da etapa seguinte, deve-se esperar pelo
menos 72 horas, isto é, três dias.
Nesse período, é necessário molhar levemente o chapisco, da mesma forma como
se faz a cura do concreto.

Aplicação de argamassa de revestimento


A aplicação de argamassa de revestimento é um pouco mais complicada e requer
mais cuidados, principalmente porque sua intenção é deixar a parede bem lisa para
receber os azulejos ou as pastilhas.
O primeiro passo é o preparo da argamassa. Para isso, você usará cimento, cal hi-
dratada e areia; é possível usar um “traço” – isto é, uma proporção em volume
entre os componentes – de 1:2:9.
Essa sugestão de traço é bastante usada. Mas outras proporções são possíveis, de-
pendendo das características dos materiais empregados.

Cimento

Cal

Areia

Argamassa de revestimento

Essa “receita” é mais adequada para o tipo de aplicação da chamada “massa grossa”,
isto é, com aproximadamente 2 cm (ou 20 mm) de espessura.
Para cobrir a parede apenas com “massa fina” (de 0,5 cm ou 5 mm de espessura),
você poderá comprar argamassas prontas, tornando seu trabalho mais fácil, ou usar
uma areia mais fina.

Azu l ejist a 2 17
Com a argamassa pronta, você deverá – antes de aplicá-la – marcar na parede o
local de sua colocação, usando pregos, linhas de náilon e pequenos pedaços de
madeira. Nas obras, esse trabalho é conhecido como “fazer taliscas”.
Além de marcar o local de colocação da argamassa, as taliscas servem como medi-
da para que a espessura da argamassa fque igual em toda a parede. É muito comum,
quando esse trabalho não é feito, as paredes fcarem com ondulações.
Como proceder:
1. Coloque quatro pregos na parede, sendo dois na parte de baixo (base) e dois no
topo, formando um quadrado, e amarre uma linha de náilon entre eles. Para
fazer um quadrado exato, use a trena. A distância entre os pregos alinhados
verticalmente não deve ser maior que 1,5 metro. Entre os que estão alinhados
horizontalmente, a distância não deve ultrapassar 2 metros. O prumo vai lhe
mostrar se a linha vertical está correta.
2. No local dos pregos, coloque um pouco de argamassa. Não se esqueça de ume-
decer essa parte com uma brocha, antes de aplicar a argamassa.
3. Fixe as taliscas nos lugares, deixando-as bem alinhadas – tanto na vertical como
na horizontal.
Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini

1A

1B

18 Azulejis ta 2
2C
1C

2A

2B
1D

3A

Azu l ejist a 2
1E

19
Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini
Com as taliscas prontas para servir de guias, você pode-
rá colocar a argamassa. Esse processo se dará aos poucos,
uma parte da parede de cada vez.

1. Primeiro, você fará as chamadas “guias” ou “mestras”,


que são faixas de argamassa na posição vertical, ocu-
pando toda a altura das paredes.
Inicie o processo umedecendo o local com uma brocha e
lance a argamassa de uma distância aproximada de 80 cm
entre as taliscas que estão na posição vertical. A quantidade
de argamassa deve ser sufciente para cobrir o espaço entre
as taliscas – entre 1 m e 2 m – e ela terá de ser espalhada
com uma colher de pedreiro.
Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini

1A

1B 1C

A parede não pode estar muito


molhada, pois isso faz com que a 2. Aguarde por cerca de 15 a 20 minutos – tempo suf-
argamassa escorra, impedindo que
ela se fixe na parede. ciente para a argamassa endurecer um pouco.

20 Azulejis ta 2
3. Terminado o preenchimento das guias (faixas verti-
cais), passe a régua de alumínio molhada sobre a ar-
gamassa aplicada, de modo que ela fque nivelada.
4. Em seguida, preencha os demais espaços com arga-
massa e alise a parede com as desempenadeiras. Use
primeiro a desempenadeira lisa e, depois, uma com
espuma ou feltro.
Primeiro preencha com argamassa o
espaço entre as taliscas verticais,
alinhe com a régua de alumínio e alise
1. Se as medidas da parede forem maiores do que 1,8 m × 1,8 m, a superfície com as desempenadeiras.
esse processo de colocação de taliscas e aplicação da argamassa Somente depois preencha com arga-
deve se repetir nos demais lugares, até que seu revestimento esteja massa o restante do espaço entre
as taliscas. As etapas são as
completo. Não se esqueça de utilizar o prumo para que suas medidas mesmas: aplicação da argamassa,
fiquem corretas. alinhamento com a régua de
alumínio e alisamento com as
2. Para fazer cantos, utilize uma desempenadeira própria. desempenadeiras.

Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini


3A 4A

4B 4C

Ao fnal, retire as taliscas e acerte com argamassa esse Quanto menor a rugosidade da pare-
de, menor o consumo de argamassa.
pedaço da parede. Limpe bem o local antes da aplicação
da argamassa. Os restos de pó, tinta,
óleo e outros resíduos prejudicam a
aderência da argamassa colante.
Se houver necessidade de fazer repa-
ros na parede, estes devem ser feitos
pelo menos dois dias antes da aplica-
ção da argamassa.

Azu l ejist a 2 21
Atividade 2
e xe rcite se us co n h eci m e nt os (i)

1. Em dupla, no laboratório da escola, separem as ferramentas e os materiais que


vocês usarão para aplicar chapisco e argamassa de revestimento em uma parede.
2. Para isso, fquem atentos aos seguintes passos:
a) preparem o chapisco e o apliquem na parede;
b) preparem a argamassa de revestimento;
c) façam as medidas para marcar o posicionamento das taliscas e as fxem na pa-
rede, deixando um intervalo de 0,7 cm entre elas;
d) apliquem a argamassa entre as taliscas verticais e, depois, sobre toda a superfície
interna a elas, seguindo o que vocês aprenderam nesta Unidade;
e) nivelem e alisem a argamassa, usando as ferramentas adequadas;
f ) retirem as taliscas e terminem o trabalho de acerto da argamassa.
3. Observem o trabalho realizado e vejam se há aspectos em que ele poderia ser
aprimorado.
4. Conversem com a classe sobre as difculdades que tiveram e/ou sobre dicas que
ajudem a melhorar o trabalho de todos. Anote-as a seguir, para que esse conhe-
cimento possa ser revisto quando você praticar a ocupação.

Agora, as paredes estão prontas para receber os revestimentos. Vamos ver, passo a
passo, o processo de assentamento de azulejos e de pastilhas. A colocação de ladri-
lhos hidráulicos será assunto da Unidade 7.

22 Azulejis ta 2
Assentamento de azulejos

Etapa 1
Inicie o processo preparando a argamassa própria para o
assentamento de azulejos. Como dito anteriormente,
trata-se de uma argamassa industrializada, conhecida
como cimento-cola.
A aplicação do cimento-cola deve
acontecer depois desses 15 minutos,
Para seu preparo, utilize uma caixa plástica (masseira). mas antes de ele começar a
endurecer (cerca de 1 a 2 horas
Lembre-se de que a dimensão da caixa deve ser compa- depois). Por isso, não prepare mais
argamassa do que você pode usar
tível com a abertura da porta do ambiente a ser revestido. nesse tempo, pois vai perder material.
Para evitar desperdício, a
argamassa deve ser produzida aos
Com a argamassa no recipiente apropriado, basta adicionar poucos (não se recomenda espalhar a
argamassa por mais de 1 m²) e sua
água na proporção indicada pelo fabricante. Essa mistura aplicação não pode ser muito
demorada.
pode ser feita manualmente, com o uso de uma pá. Quan-
do a mistura for feita, sua consistência deve ser a de uma
massa não muito mole.
Sobre o desperdício
Etapa 2 Você já ouviu falar de consu-
Deixe a mistura descansar por cerca de 15 m i n u t o s . mo consciente? É quando
compramos e consumimos
Etapa 3 alguma coisa de que real-
mente precisamos. Além dos
Em pequenos pedaços de parede, espalhe a argamassa recursos (por vezes, retirados
com o lado liso da desempenadeira dentada, colocando da natureza) gastos para pro-
duzir, embalar, transportar e
pressão sufciente para que a argamassa tenha aderência vender cada produto, ainda
na superfície. há a poluição que o processo
de fabricação pode causar.
3A Já para as pessoas, o consu-
mo excessivo acaba por ge-
rar constante insatisfação,
porque é impossível ter tudo
o que se quer.
Se você quiser saber mais
Fotos © Paulo Savala

3C
sobre esse assunto, consulte
no site : <http://www.viarapi
da.sp.gov.br> (acesso em: 13
maio 2012) o texto “Cidada-
3B
nia Ambiental” do Caderno
do Trabalhador 6 – Conteú-
dos Gerais; ou consulte ou-
tros sites que trabalham com
esse tema, como o da Se-
cretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo.
Disponível em: <http://www.
ambiente.sp.gov.br>. Acesso
em: 13 maio 2012.

Azu l ejist a 2 23
Etapa 4
Vire a desempenadeira e, com o lado dentado, forme os “cordões” ou “listas”, com
altura entre 2 mm e 5 mm, que dão maior aderência aos azulejos.
Fotos © Paulo Savala

4A 4B

Desempenadeiras

Dimensões dos
Áreas da superfície
dentes da
da peça Procedimento
desempenadeira
cerâmica (cm²)
(mm)
Convencional: espalhar argamassa na parede ou no
Menor que 400 piso pelo lado liso da desempenadeira
(Exemplo: placa 6x6x6 pressionando um pouco para fixar na parede,
20 x 20) depois passar a desempenadeira com o lado
dentado formando-se cordões entre 2 mm e 5 mm.

Convencional: espalhar argamassa na parede


ou no piso pelo lado liso da desempenadeira
400 a 900 pressionando um pouco para fixar na parede,
8x8x8 depois passar a desempenadeira com o lado
dentado formando-se cordões entre 2 mm e 5 mm.

8 x 8 x 8 ou
semicirculares Dupla colagem: aplicar a argamassa na superfície
Acima de 900
Raio = 10 mm do assentamento e no verso da placa cerâmica.
Espaçamento = 3 mm

5 Etapa 5
Passe uma escovinha na peça de azulejo antes de
assentá-la, para retirar eventuais sujeiras.

24 Azulejis ta 2
Etapa 6
No momento de aplicar a peça, provoque um leve escorregamento lateral, de modo
a amassar os “cordões”. Na colocação, siga a linha mestra inferior já demarcada. Use
espaçadores para que as larguras das juntas fquem uniformes.

Fotos © Paulo Savala


6A 6C

6B

Larguras mínimas de juntas de assentamento

Área da peça Juntas – Largura mínima (mm)


cerâmica (cm²) Revestimento Interno Revestimento Externo

≤ 250 1,5 4

250 a 400 2 5

400 a 600 3 6

600 a 900 5 8

≥ 900 6 10

7 Etapa 7
Uma vez assentados os azulejos, utilize um
martelo de borracha para melhor fxá-los
na argamassa. Esse tipo de martelo é es-
sencial para não se correr o risco de trincar,
quebrar ou mesmo deixar marcas nos azu-
lejos recém-assentados.

Azu l ejist a 2 25
Etapa 8
Deixe a obra parada por 72 horas (três dias e três noites)
antes de retirar os espaçadores. É o tempo que a arga-
massa ou o cimento-cola leva para secar totalmente.
Mexer na parede durante esse período – retirar os espa-
çadores, colocar rejunte, fazer pressão excessiva etc. –
pode prejudicar a qualidade de seu trabalho.
A fim de cortar os azulejos, ajustando
seu tamanho para fazer os cantos e o
encontro da parede com o teto, use
uma serra mármore, uma riscadeira Você sabe por que um dia completo tem 24 horas? Porque esse é o
ou um cortador. Esse não é um tempo que o planeta Terra leva para dar uma volta em torno do próprio
procedimento simples. Por isso,
treine bastante e considere que você eixo, como se fosse um pião.
vai perder alguns azulejos antes de
adquirir prática. © Hudson Calasans

[...] Como ela gira sempre com a mesma velocidade (não


para ou acelera), nós não percebemos esse giro, percebe-
mos apenas o céu girando no sentido contrário – movi-
mento aparente do céu –, por isso pensou-se durante
muito tempo que tudo girava ao redor da Terra. [...]
Observando o Céu. Centro de Divulgação da Astronomia. Centro de Divul-
gação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo. Disponível em:
<http://cdcc.sc.usp.br/cda/ensino-fundamental-astronomia/parte1c.html>.
Acesso em: 13 maio 2012.

Somente nos séculos XV-XVI (15-16) essa forma de pensar foi muda-
da. Quem percebeu isso foi um astrônomo e matemático chamado
Nicolau Copérnico. Ele dizia que a Terra não era o centro do Univer-
so, e, segundo sua teoria, era o Sol que estava no centro e os plane-
tas (inclusive a Terra) giravam ao redor dele. Mas optou por não di-
vulgar sua teoria.
Mais tarde, dois outros astrônomos seguiram os passos de Copérnico
e aprimoraram suas teorias: Johannes Kepler e Galileu Galilei. Este
inventou a luneta, instrumento feito com lentes de aumento e que
serve para observar os astros. Só então se pôde confirmar que era a
Terra que girava ao redor do Sol, e não o céu ou o Sol que giravam em
volta da Terra.
Mas essa constatação ia contra o que pregava a Igreja, que tinha muito
poder nessa época. Como ela não admitia que as pessoas pensassem
que a Terra não tinha a posição de centro do Universo, Galileu teve de
se desculpar por sua teoria. Se não o fizesse, seria condenado à morte.
Se você quiser saber mais sobre essa história, pesquise na internet
sobre esses três astrônomos e matemáticos.

26 Azulejis ta 2
Etapa 9
Retirados os espaçadores, chegou a hora de aplicar o
rejunte. Para isso:
1. Misture o rejunte (da cor escolhida pelo cliente) com
água, na proporção indicada pelo fabricante.
2. Molhe levemente os azulejos e as juntas com água
1. Tenha em mãos um cortador de
limpa. Os azulejos secos podem absorver demais a azulejos, as chamadas riscadeiras,
com roda diamantada, que
água dos rejuntes e, se isso acontecer, o rejunte se possibilitam um trabalho preciso.
Pode ser necessário cortá-los para
tornará uma massa seca, que esfarela, e não servirá fazer os cantos das paredes ou os
locais no encontro destas com o teto.
mais para tapar os vãos entre os azulejos. 2. Inicie o trabalho sempre pela
parede que estiver à sua frente
quando entrar no local a ser
Et apa 10 revestido, pois esse procedimento
fará com que as peças de
Para aplicar o rejunte, utilize uma desempenadeira ou revestimento mais visíveis estejam
inteiras, e não cortadas. Comece o
uma espátula de PVC pressionando o produto de forma assentamento sempre da esquerda
para a direita e de baixo para cima,
leve nos espaços entre os azulejos. seguindo as linhas mestras.
3. Não deixe de usar o prumo para
verificar se os azulejos estão
Há profssionais que, depois de aplicar o rejunte, passam alinhados verticalmente.

os dedos sobre ele, para fazer um pouco mais de pressão


e acertar pequenas ondulações. Se fzer isso, não se es-
queça de usar luvas apropriadas.
Et apa 11
Por fm, remova o excesso de rejunte com uma esponja
macia e limpa ou com um pedaço de pano úmido. Essa
limpeza deve ocorrer cerca de 15 a 30 minutos após a
aplicação do rejunte. Tenha cuidado, nessa hora, para
não colocar muita pressão sobre as peças. Sempre que a
Se houver muita necessidade de
esponja ou o pano estiverem sujos, lave-os antes de pros- alisar o rejunte, você poderá também
utilizar um frisador (instrumento
seguir o trabalho. usado para alisamento ou
uniformização de rejuntes).
Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini

10 11A 11B

Azu l ejist a 2 27
Atividade 3
e xe rcit e s e us c o n h eci m e nt os (ii)
1. Você vai exercitar, agora, o assentamento de azulejos,
seguindo cada um dos passos previstos nesse trabalho.
Pratique com um colega, de modo que vocês possam
se ajudar e, também, discutir e superar as difculdades
que forem encontrando no caminho.
Toda a classe precisa ter espaço para
exercitar este novo saber. Para isso, é
necessário dividir o espaço de 2. Feita a divisão do espaço entre os grupos, prestem
trabalho entre todos. Portanto,
aproveitem esse momento para atenção aos seguintes passos:
exercitar a capacidade de organização
e o respeito mútuo, buscando uma
situação em que todos fiquem a) Separem, no laboratório da escola, os materiais e fer-
confortáveis com o pedaço de parede
no qual vão trabalhar. ramentas de que vão precisar.
b) Preparem o cimento-cola e o apliquem na parede,
usando as desempenadeiras adequadas.
c) Assentem os azulejos, pressionando-os levemente. Não
deixem de empregar espaçadores, para garantir a uni-
formidade do trabalho.
d) Respeitados os dias de “descanso”, passem para a eta-
pa de preparação e aplicação do rejunte.
e) Terminem limpando o local e reorganizando o espa-
ço, guardando ferramentas e sobras de materiais,
desfazendo-se do lixo gerado.
3. Observe seu trabalho e o dos demais alunos. Conver-
sem sobre as difculdades e/ou descobertas que fzeram
durante a prática e anote-as a seguir.

28 Azulejis ta 2
Assentamento de pastilhas
O processo de assentamento de pastilhas é semelhante
ao dos azulejos.
As pastilhas, em geral, não são vendidas uma a uma, mas
em cartelas de variados tamanhos, que podem ter uma
única cor ou cores variadas. Ou seja, as pastilhas formam
um bloco e são vendidas coladas em uma espécie de tela
de papel, que deve ser mantida até o fnal do trabalho de
assentamento.
Esse formato tem a vantagem de economizar tempo, pois
assentar cada pastilha individualmente seria bastante
demorado. Em contrapartida, seu assentamento requer
maior cuidado para que as emendas entre as telas não
fquem diferentes das que existem entre as pastilhas.
Vamos ver passo a passo como assentá-las:
1. Considerando o tamanho da cartela de pastilhas e a
dimensão da área em que elas serão colocadas, faça
um estudo de paginação e confra com o cliente se
está adequado ao que ele imaginou.
2. Marque, na parede, a altura e a largura de uma placa
de pastilha e planeje seu trabalho, levando em conta
quantas cartelas inteiras serão utilizadas e quais as
divisões de cartelas necessárias, de modo a respeitar o
desenho programado.
Se precisar usar apenas uma parte da cartela, coloque-
-a sobre uma superfície lisa, com a frente virada para
baixo, e, com uma colher de pedreiro, corte o papel
que mantém as pastilhas unidas.
Se for o caso de cortar as pastilhas, utilize uma serra
circular.
3. Certifque-se de que a parede que receberá as pastilhas
esteja pronta e a umedeça levemente com uma brocha.
4. Prepare o cimento-cola, de acordo com as instruções
Nunca use cimento-cola após ele
do fabricante. ter começado a endurecer.

Azu l ejist a 2 29
5. Coloque uma cartela de pastilhas sobre uma superfície limpa e lisa, com a par-
te da frente virada para baixo.
6. Aplique cimento-cola em todo o verso da cartela com uma colher, desempena-
deira lisa ou ainda uma colher de pedreiro, deixando a espessura dessa camada
uniforme, com cerca de 2 cm.
7. Coloque-a no local, pressionando levemente contra a parede. Essa pressão deve
ser feita com as mãos ou com uma desempenadeira de plástico, tendo o cuidado
para não provocar nenhum deslocamento da linha do nível.
Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini

8. Bata com um martelo de borracha para assentar melhor a cartela.


9. Aplique a segunda cartela ao lado da primeira, com o cuidado de não deixar,
entre as cartelas, um espaço maior do que aquele existente entre as pastilhas de
uma mesma cartela. Ou seja, procure manter a mesma largura das juntas.
9A 9B

30 Azulejista 2
10. Após a colocação de um conjunto de cartelas – entre 3 e 5 –, faça alguns cortes
no papel que cobre as pastilhas e pressione-as para tirar o ar.
11. Apenas depois de concluir todo o assentamento, retire o papel da cartela. Para
fazer isso, molhe o papel com água e/ou aplique o produto indicado pelo fabri-
cante; em seguida, puxe-o com ajuda da colher de pedreiro ou espátula.
12. Para retirar resíduos de cola, utilize uma esponja e água limpa. Tenha cuidado
para não deslocar as pastilhas nesse momento.
13. Espere pelo menos 12 horas antes de aplicar o rejunte. O processo de rejunta-
mento é igual ao que se faz para os azulejos:
• Prepare-o, misturando o produto com água, na proporção indicada pelo fabricante.
• Passe sobre as pastilhas, com uma desempenadeira ou espátula de borracha.
• Nivele e retire eventuais ondulações com os dedos ou com um frisador.
• Limpe com água, use esponja ou pano limpos.
13A

Fotos © Marcelo Scandaroli/Edito ra Pini


13C

13B

Azu l ejist a 2 31
Atividade 4
cri e m o s a i c o s c o m P a s ti l h a s
o u c ac os d e a z u lej os

A criação de mosaicos com pastilhas ou cacos de azule-


jos – como vimos na Unidade 1 – é um trabalho artís-
tico muito valorizado.
Além de revestimentos e painéis em paredes, as pastilhas
e os cacos de azulejos podem ser usados para revestimen-
to de mesas, bancadas, caixas ou mesmo para quadros
decorativos.
Você vai, nesta atividade, criar seus próprios mosaicos.
Assim, poderá exercitar como aplicá-los e também abrir
Ouvir música enquanto faz esse tipo
de trabalho pode ajudá-lo a se espaço para que seu lado criativo e artístico se expresse.
inspirar e a criar.

1. Depois de observar o conjunto de pastilhas ou peda-


ços de azulejo que estão à sua disposição no laborató-
rio da escola, pense no que você quer fazer: um
quadro, um painel de parede, o tampo de uma mesa,
uma bandeja, uma caixa ou qualquer outra coisa por
que tenha interesse.
2. Faça um projeto, colocando em um pedaço de papel
quadriculado o que você imaginou. Nessa hora, pri-
meiro defna o formato do que vai fazer e, em seguida,
teste a combinação de cores.
3. Quando considerar que seu projeto está pronto, inicie
o trabalho e monte-o, sem pressa, com cuidado e cur-
tindo o que está fazendo.
4. Ao fnal, junte seu trabalho com os demais da classe
e programem uma exposição, que pode ser apenas
para a classe ou para a escola toda. Tomem essa deci-
são em conjunto.

32 Azulejis ta 2
© JJM S tock Pho tography/Alamy/Other Images

Azu l ejist a 2
© Nicolas Thibaut/Latinstock

33
© Fotosearch RM/Easypix
Fotos: © Inês Bonduki

Painel de mosaico (e detalhe) em edifício da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU ) do Estado de São
Paulo. Mosaico de pastilhas de vidro e pastilhas de porcelana. Projeto de Isabel Ruas, Oficina de Mosaicos. 2003.

34 Azulejis ta 2
u nidade 7
Revestimento com
ladrilho hidráulico
Como apresentado anteriormente, os ladrilhos hidráulicos são
peças especiais, feitas de forma manual, uma a uma. E estão
sempre na moda.
Por também se tratar de um produto mais delicado e poroso
– que quebra com facilidade –, não são todos os ladrilheiros que
sabem como assentá-lo.
Como as peças são desenhadas e permitem diferentes combi-
nações, os contratantes do serviço, normalmente, já têm o de-
senho da paginação que querem ver pronto. Por isso, antes de
iniciar o assentamento, certifque-se de que compreendeu bem
o que deve ser feito e como os ladrilhos serão colocados.
E se os ladrilhos a seguir fossem aplicados de modo errado? As
fores não seriam formadas, não é?

Fotos © Paulo Savala

Azu l ejist a 2 35
Estudada a paginação, providencie tudo o que vai utilizar:
• Equipamentos de segurança: luvas, óculos de proteção
e máscara.
• Ferramentas: desempenadeira lisa de aço, desempena-
deira dentada, régua de alumínio com 1 metro, colher
de pedreiro, trincha, rolo de pelo curto, pedaço de
Os ladrilhos hidráulicos pano ou esponja limpos.
têm a espessura maior do que os
azulejos e outros revestimentos
cerâmicos. Por isso, lembre-se de • Materiais: ladrilhos hidráulicos, massa e resina es-
que, para ficar no mesmo nível
do piso com outros tipos pecial (fornecida pelo fabricante).
de revestimento, o piso deve
ser rebaixado.
Vamos, agora, ao passo a passo do assentamento.
1. Certifque-se de que a superfície ou o contrapiso onde
os ladrilhos serão assentados estejam bem limpos, livres
de resíduos e de ondulações.
2. Prepare a argamassa e coloque uma camada de cerca
de 1 cm sobre o piso. Espalhe-a de modo uniforme
usando uma desempenadeira dentada.
Como são fabricados artesanalmente,
© Thays Tateoka /Edito ra Pini

os ladrilhos hidráulicos que você tem


em mãos podem apresentar
diferentes espessuras.
Se isso ocorrer, espalhe (com uma
colher de pedreiro) uma camada fina
e uniforme de argamassa em toda a
extensão dos ladrilhos mais finos, de
modo que todos fiquem com a
mesma espessura. Passe argamassa
também nos cantos, para evitar
rachaduras nas peças quando
estiverem colocadas.
Se os ladrilhos hidráulicos tiverem
cores claras (como bege ou branco),
use argamassa branca.

3. Coloque o ladrilho sobre a argamassa com os sulcos


da desempenadeira dentada, pressionando-o contra o
piso de forma leve – com as mãos. O uso de martelo
– mesmo de borracha – pode marcar o ladrilho hi-
dráulico e, até mesmo, trincá-lo.

36 Azulejis ta 2
4. Em geral, o assentamento dos ladrilhos hidráulicos
é feito sem rejunte. Uma peça é colocada ao lado da
outra, sem espaço entre elas. Se o contratante do ser-
viço quiser que haja rejunte entre os ladrilhos, utilize
um tipo de rejunte específco para ladrilhos hidráulicos.
5. Terminado o assentamento, limpe bem os ladrilhos
com água e um pano ou uma esponja limpos. Em
Os ladrilhos hidráulicos mancham
seguida, lixe levemente cada uma das peças, reti- com certa facilidade. Caso restos de
argamassa ou rejunte caiam sobre
rando a poeira com uma trincha. Para isso, utili- eles, limpe rapidamente. Faça isso
antes que a argamassa ou rejunte
ze uma lixa de folha indicada com o número sequem, pois será mais difícil retirar
os resíduos.
“100”, ideal para acabamentos finos. Lixas mais
grossas (com granulação maior) poderão arranhar
os ladrilhos.
6. Uma vez colocados, os ladrilhos hidráulicos devem
ser impermeabilizados. Para isso, você deverá usar
resina acrílica, que é aplicada nos ladrilhos com um
rolo de lã curta.
Para o trabalho fcar bom e completo, a resina deve ser
passada sempre na mesma direção, no sentido “vai e vem”,
e são necessárias três demãos, com um intervalo mínimo
de 8 horas entre cada aplicação. Se houver necessidade
de acertar o espaçamento entre os ladrilhos hidráulicos, Você também pode orientar seu
cliente sobre como fazer a limpeza
de forma a preencher pequenos vãos entre as peças, use dos ladrilhos hidráulicos, para
aumentar a durabilidade deles. O
um pouco de rejunte seco entre a primeira e a segunda recomendável é que sejam usados
apenas água e sabão neutro,
demão de resina. podendo-se também aplicar cera
líquida (incolor) a cada 15 ou 20 dias
para dar aparência brilhante ao
revestimento.

Existem diferentes tipos de lixa no mercado, e sua numeração –


que vai do número 6 ao 1 000 – corresponde ao grau de aspereza
ou granulação (tipo de grão) de cada uma. Quanto maior o núme-
ro indicado (ou o grão da lixa), mais fina a granulação e o poder
de lixamento.
Veja o que recomendam os fabricantes desse produto:

• para acabamentos mais grosseiros: números ou grãos de 6 a 30;

• para acabamentos intermediários: números ou grãos de 36 a 80;

• para acabamentos finos: números ou grãos de 100 a 180;

• para acabamentos muito sensíveis: números ou grãos de 220 a 1 000.

Azu l ejist a 2 37
7. Após a aplicação da resina, o revestimento estará pronto, mas o ambiente não
deve ser utilizado por cerca de 12 horas, até a secagem total da resina.
Caso não seja possível evitar a passagem de pessoas no local, informe a seu
contratante que o piso deve ser coberto com plástico-bolha. Outros tipos de
cobertura – como jornais ou papelão – podem manchar os ladrilhos.

Atividade 1
use ess e n ov o s ab e r Par a fa ze r u m
“taPete” d e l ad ri lh os h i d r áu li cos

Além de pisos inteiros, os ladrilhos hidráulicos são bastante utilizados para decorar
pedaços de piso, formando verdadeiros tapetes de cerâmica. Essa aplicação combi-
na particularmente bem com pisos de cimento queimado, outro tipo de revestimen-
to que volta e meia está na moda.

1. Observe as imagens a seguir.


© Sajid Shafique/Grapheast/Glow Images

38 Azulejis ta 2
© The In te rior Archive /Yiorgos Korda ki/living4media/La tinstock
© Inspirestock/Inmagine/Diomedia

2. Inspirados nelas e organizados em dupla, vocês vão criar o próprio tapete com
ladrilhos hidráulicos, usando o material existente no laboratório da escola. A
metragem-padrão de todos os trabalhos será de 1,5 m × 0,80 m.
3. Antes de iniciarem, “brinquem” com os ladrilhos disponíveis, experimentando
as diferentes combinações possíveis. Aproveite esse tempo também para trocar
ideias com os colegas, sobre o trabalho de sua dupla e o de toda a classe.
4. Escolhido o desenho, preparem a argamassa e iniciem sua colocação, de modo a
exercitar como se assentam os ladrilhos hidráulicos. O monitor indicará o local
apropriado onde fcará o trabalho no piso da escola.
5. Ao fnal, façam, em grupo, uma caminhada pela escola para ver os tapetes pro-
duzidos.

Azu l ejist a 2 39
6. Reproduza, desenhando no espaço a seguir, dois ou
três tapetes de que você tenha gostado mais. Assim,
poderá guardar os modelos e apresentá-los em seu
portfólio, quando estiver exercendo sua ocupação.

Você sabia?
O portfólio é um conjunto
de informações sobre nós
mesmos que ficam orga-
nizadas em uma pasta ou
álbum. Nele poderão ser
guardados: documentos
pessoais; certificados de
conclusão dos cursos que
fez; cartas ou declarações
que comprovam os luga-
res em que trabalhou;
registros (pode ser foto-
grafia ou desenho) dos
trabalhos que fez e/ou
que sabe fazer etc.
Por essa razão, o portfó-
lio também é chamado
“pasta da vida”. E ele de-
ve estar sempre com vo-
cê quando for se apresen-
tar a um cliente, fazer
uma entrevista de empre-
go ou algum contato pro-
fissional.

40 Azulejis ta 2
u nidade 8
Atitudes e relações nos
locais de trabalho
Além dos saberes técnicos – mais específcos da ocupação –,
se retomarmos a Unidade 2, veremos que há um conjunto de
saberes listados como necessários na CBO que dizem respei-
to ao modo de ser e de agir das pessoas em seus locais de
trabalho.
A proposta é observarmos, neste momento, algumas dessas
atitudes e saberes.
Parte delas já foi comentada ao longo do texto:
• A necessidade de seguir normas de segurança e de utilizar os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) nos locais de
trabalho. Se você tiver dúvidas sobre as normas e sobre os EPI
recomendados e considerados obrigatórios, poderá consultar,
sempre que precisar, o site do Ministério do Trabalho e Em-
prego (MTE), Normas Regulamentadoras.
• A importância de realizar serviços de acordo com normas
e procedimentos técnicos adequados e de seguir as instru-
ções dos fabricantes para o uso correto de ferramentas,
equipamentos e materiais. Além de contribuir para a qua-
lidade de seu trabalho, essas normas técnicas e instruções
dos fabricantes tendem a ser um fator fundamental para
sua segurança.
Vamos ver o exemplo de uma atividade bastante próxima do
trabalho que você vai realizar: o uso de tintas e vernizes em
revestimentos. Como alguns tipos de tinta e verniz são tóxicos,
há recomendações específcas de como devem ser armazenados
e usados com segurança. Imagine o que pode acontecer se os
trabalhadores utilizarem esses produtos sem conhecer as normas
técnicas de uso e as instruções dos fabricantes!

Azu l ejist a 2 41
Também por questão de qualidade e segurança, a CBO
indica que o trabalhador deve verifcar se as ferramentas
e os equipamentos estão em boas condições de uso e
responsabilizar-se por sua manutenção.
Essa orientação é importante; e, se você é contratado –
por uma construtora ou escritório de acabamentos, por
exemplo –, cabe ao empregador a responsabilidade por
garantir que os equipamentos e as ferramentas (que não
sejam da cota pessoal) estejam em perfeita ordem.
Já se você é autônomo e atende diretamente seus clientes,
pode providenciar seus equipamentos e a manutenção
adequada deles.
Manter limpo e organizado o local de trabalho é sempre
uma atitude que faz diferença em seu dia a dia, onde
quer que você esteja trabalhando. No caso de grandes
obras, esses cuidados são uma forma de garantir que toda
a equipe se desenvolva melhor e com mais harmonia.
Já em pequenas obras, nas casas de clientes que o contra-
tam, limpeza e organização sinalizam seu profssionalismo
e dão a eles segurança para deixar a obra sob sua respon-
sabilidade, além da possibilidade de recomendar seus
serviços para outras pessoas.
Finalmente, entre os demais aspectos indicados na CBO,
vale ressaltar que saber planejar bem um trabalho é con-
dição essencial no cotidiano de qualquer profssional. Já
falamos bastante na Unidade 4 sobre a necessidade do
bom planejamento para o trabalho de revestimento, en-
fatizando, entre outros, o aspecto referente à elaboração
de um orçamento.
Além de um orçamento bem elaborado, planejar signi-
Contratempos acontecem e são
normais: a dificuldade de achar um fca também se programar para cumprir os prazos com-
produto no mercado; uma
complicação no momento de remover binados, seja com empregadores ou com clientes, no caso
azulejos antigos; uma gripe “fora de
hora” que o impede de trabalhar em de exercer a atividade como autônomo.
determinado dia...
Contudo, é importante que você tente
comunicar a possibilidade de atraso Ninguém gosta de saber que uma obra vai atrasar, ainda
com antecedência.
mais quando envolve o próprio local de moradia.

42 Azulejis ta 2
É necessário que você sempre informe os motivos pelos quais pode adiar a entrega
prevista. Essa explicação não resolverá o problema, mas, certamente, mostrará sua
disposição de resolvê-lo da melhor forma possível, além do seu profssionalismo e
comprometimento com o trabalho.
Com esse perfl, um trabalhador gera confança de que se pode contar com ele. E
esse é um caminho que pode lhe abrir novas portas em sua área profssional.
Outras atitudes que geram confança estão relacionadas à postura ética no trabalho
e à busca de aprimoramento.
Quanto ao aprimoramento, há várias possibilidades de ação: desde a procura de
novos cursos e da leitura de revistas especializadas, até a simples observação do tra-
balho de um colega de profssão que tenha mais experiência que você. Tudo isso o
ajudará a conhecer mais sobre a atividade e a manter-se atualizado sobre novas téc-
nicas e materiais. Além disso, vai demonstrar sua iniciativa e vontade de saber mais.
E com relação a ter uma postura ética? O que é, afnal, ser ético?

Atividade 1
re f li ta so b r e éti c a n o tr ab al h o

1. Observando o quadro a seguir, marque com “Sim” as atitudes que você conside-
ra éticas; e com “Não” as que não considera.

Atitudes Sim Não


Fazer um orçamento mais alto do que o normal, porque naquele mês
você teve despesas extras para cobrir.

Ajudar um companheiro de trabalho que está atrasado em seu serviço,


embora não esteja previsto que você faça aquilo e seu empregador o
tenha orientado para fazer outra atividade.

Levar sobras de azulejos e pastilhas para utilizar em sua casa.

Comentar com o empregador ou com os encarregados em uma obra


que um colega trabalha muito devagar.

Organizar um grupo de colegas de profissão para reivindicar condições


melhores de trabalho.

Procurar o sindicato caso se sinta prejudicado no ambiente de trabalho,


independentemente das relações pessoais.

Azu l ejist a 2 43
2. Discuta suas respostas com a classe e tentem chegar
a um consenso sobre as atitudes que todos devem ter
no cotidiano (não apenas no ambiente de trabalho).
Registre a conclusão a que chegou.

Nessa discussão, vocês devem ter percebido como a co-


operação é fundamental. Principalmente em uma obra
de porte médio ou grande, na qual várias pessoas traba-
lham juntas e, em geral, os serviços e as atividades de um
funcionário dependem e interferem no trabalho dos demais.
Referir-se a colegas, clientes e empregadores de forma
respeitosa ajuda a preservar o clima de cooperação, além
de tornar o ambiente de trabalho melhor e mais praze-
roso para todos.
Quantas vezes você já ouviu falar de pessoas grosseiras,
que se sentem superiores aos demais, ou teve de conviver
com elas? É horrível, não é mesmo?
Pois é! Assim como não temos de conviver com alguém
que não nos reconhece e não nos respeita, também não
podemos agir desse modo com as outras pessoas.
Mais do que ajudar a criar e a manter
o ambiente de trabalho equilibrado,
respeitar as diferenças e reconhecer Pessoas são diferentes umas das outras: são diferenças
todos como sujeitos com os mesmos
direitos, independentemente de suas físicas, no modo de pensar, no modo de agir, na idade,
diferenças, é uma questão de
cidadania. na orientação sexual, entre tantas outras.

44 Azulejis ta 2
Atividade 2
se r ci dadão

1. Em grupo de quatro pessoas, discutam o que, na opinião de vocês, faz de uma


pessoa um cidadão. Enumerem os itens que considerarem importantes.

2. Em seguida, respondam: Vocês se sentem cidadãos? Justifquem suas respostas.

Azu l ejist a 2 45
3. Pensem agora em duas situações – de preferência, em algo que faça parte da
experiência de alguém do grupo:
a) a primeira mostrando um caso em que vocês percebam que um ou mais direitos
de cidadania de uma pessoa foram respeitados;
b) a outra, ao contrário, mostrando um fato em que um ou mais direitos de cida-
dania não foram respeitados.
4. Apresentem as duas situações para a classe na forma de teatro e discutam se todos
percebem a questão da cidadania da mesma forma.

46 Azulejis ta 2
u nidade 9
Possibilidades de
trabalho e vínculos
Saber como exercer uma ocupação nem sempre é sufciente para
que as pessoas tenham sucesso em sua vida profssional.
Estudar, ou seja, ampliar nossos saberes, é, sem dúvida, o pri-
meiro passo para começarmos nossa carreira. Mas, mesmo
adotando essa atitude, às vezes esbarramos em problemas difí-
ceis de contornar e, com isso, não conseguimos ir adiante na
ocupação escolhida.
Você deve ter ouvido falar de alguém que montou um negócio
próprio, por exemplo, mas esse negócio não foi para frente; ou
de uma pessoa que sabe fazer muito bem alguma coisa, mas não
consegue um emprego naquela área.
Isso pode acontecer por várias razões: uma crise econômica
nacional ou mundial, uma mudança no processo de produ-
ção na área em que estamos procurando trabalho e que ain-
da não conhecemos, uma alteração na forma de organizar
um serviço etc.
Conhecer o mercado de trabalho pode ser um caminho para
evitar que você seja pego de surpresa na hora de procurar um
local para trabalhar, ajudando-o a saber quais oportunidades
seus novos saberes podem lhe possibilitar.
É por isso que nesta Unidade falaremos sobre o mercado de
trabalho para azulejistas e pastilheiros.
Mas lembre-se: como dissemos, o mercado de trabalho é dinâ-
mico, ou seja, muda conforme a economia, a localidade, a ocu-
pação. Portanto, você precisa estar sempre atualizado. E isso
vale para tudo que fazemos.

Azu l ejist a 2 47
Um mercado de trabalho em expansão

Atualmente, a construção civil é um mercado em expansão. A economia do País


está crescendo e, com isso, mais pessoas estão conseguindo comprar moradias; as
construtoras estão fazendo mais prédios e os governos estão investindo mais em
obras para a melhoria das cidades.
Isso quer dizer que está mais fácil conseguir trabalho nessa área: seja como pedrei-
ro, como pintor, como azulejista, entre outros.
No entanto, não podemos nos esquecer de que também há pessoas de outros seto-
res buscando empregos na construção civil. Inclusive mulheres que, faz poucos anos,
estavam totalmente ausentes das obras e desse tipo de atividade.
Se você é mulher, com certeza seu desafo para entrar nessa área é maior. Mas as
mulheres já enfrentaram tantas vezes difculdades para serem aceitas em uma nova
profssão, que não será agora que vão desistir, não é mesmo?

Atividade 1
m u lh e r es na co ns tru ç ão civ i l

1. Em dupla, leiam o texto a seguir.

No Brasil um em cada 10 alunos dos cursos de pedreiro/


azulejista é mulher!

Não correspondeu às suas expectativas o trabalho que fizeram os


homens que reformaram sua casa, e por isso Diviane, 34 anos, resol-
veu se tornar uma pedreira. “Eles fizeram tudo errado. Eu não sabia
nada sobre a profissão de pedreiro, mas decidi aprender para poder
fazer tudo, eu mesma”, conta. Ela é a única mulher entre os 15 alunos
do curso de pedreiro da Escola Profissionalizante que frequenta.

48 Azulejis ta 2
Nesta escola, a maior concentração de mulheres está nas funções
que exigem mais precisão do que força. Neste momento, no cur-
so de azulejista são duas as mulheres entre os 19 alunos. Na se-
gunda-feira começa outro curso para azulejista, também com duas
mulheres entre os 20 inscritos. Para o curso de pintor de obra,
que começará em breve, também serão duas as mulheres parti-
cipantes.

O instrutor do curso e mestre de obras durante 28 anos, José, afirma


que a inclusão de mulheres nos canteiros de obra de Maringá é novi-
dade. “Em 1994, formei a primeira mulher pedreira, mas foi em Cam-
po Mourão”, lembra José. “Em Maringá, só agora elas estão entrando
na profissão”, acrescenta ele.

Pedreiros preocupados

Segundo o instrutor, “as mulheres não despertam preconceitos nos


canteiros de obra, mas representam uma certa ameaça. Os demais
operários sabem que terão que se dedicar mais, pois elas são mais
esforçadas, organizadas e cuidadosas”, comenta José.

Diviane descobriu que na construção civil a clareza de raciocínio é


mais importante do que a força física. “A gente faz muita conta, para
saber quantos tijolos e outros materiais vai usar. Até podemos usar
calculadora, mas é bom saber fazer as contas de cabeça”, destaca
Diviane. “Hoje, a tecnologia e os equipamentos de transporte nas
construções, permitem fazer o mesmo trabalho com menor esforço
físico”, analisa.

Ela deixou a profissão de auxiliar financeiro pela vida nas fundações e


canteiros. “Num escritório, você trabalha com expediente até mais
tarde e ganha menos. Hoje, a profissão de pedreiro está valorizada e
você pode ganhar até R$ 2 mil”, compara Diviane. Izadora, de 10 anos,
apoia a decisão da mãe. “É legal saber que minha mãe pode construir
casas, prédios e outras coisas.”
Fonte: CARVALHO, Vinícius. Um em cada 10 alunos de curso de azulejista é mulher.
O Diário, 8/8/2010. Disponível em: <http://maringa.odiario.com/maringa/noti
cia/327109/um-em-cada-10-alunos-de-curso>. Acesso em: 13 maio 2012.

Azu l ejist a 2 49
2. Agora respondam:
a) O que está mudando no mercado de trabalho da construção civil?

b) Como está ocorrendo a participação das mulheres?

c) Os homens devem preocupar-se com a entrada das mulheres nesse mercado?


Justifque sua resposta.

50 Azulejis ta 2
d) Compartilhe suas conclusões com a classe. Se as po-
sições da classe estiverem polarizadas – ou seja, um
grupo de pessoas pensa muito diferente de outro –,
organizem um debate no qual todos possam expor
seus argumentos e ouvir os dos colegas.

Onde trabalhar como azulejista ou


pastilheiro
Nessas ocupações, você tem as seguintes opções para
trabalhar:
• como empregado assalariado para construtoras parti-
culares (empresas privadas), que constroem prédios ou
grandes obras públicas;
• como empregado assalariado para pequenas constru-
toras e/ou escritórios de engenharia ou arquitetura que
fazem acabamentos ou revestimentos;
• por conta própria – de forma autônoma –, fazendo No caso de optar pelo trabalho por
conta própria, lembre-se de que,
acabamentos ou revestimentos em residências, comér- nesse caso, o início da profissão
pode ser mais difícil, pois você
cios etc.; e tocando sua profssão sozinho ou em par- precisará arrumar clientes e
comprar todo o material necessário
ceria com algum amigo ou colega. para esse trabalho.

Empregado assalariado
O empregado assalariado é aquele que atua em constru-
toras ou escritórios, contratado por outra pessoa. Em geral,
quando pensamos em trabalho assalariado, vêm a nossa
mente Carteira de Trabalho registrada, direitos garantidos
e benefícios, como vale-transporte e vale-refeição.
É possível que você já tenha passado por uma experiência
de trabalho assalariado. Por isso, pode ter opinião forma-
da sobre as vantagens e, também, sobre algumas difcul-
dades enfrentadas quando se trabalha para os outros.
As principais vantagens desse tipo de trabalho (indepen-
dentemente do lugar) são: o recebimento do salário no
fnal do mês e o vínculo empregatício assegurado pelas
leis. Se o profssional tiver registro em sua Carteira de

Azu l ejist a 2 51
Trabalho, ele goza de direitos sociais como: férias, 13o salário, descanso semanal
remunerado e licença-maternidade ou paternidade, entre outros benefícios estabe-
lecidos pela Constituição Federal e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O empregador e o empregado, nesse caso, devem recolher a contribuição previden-
ciária – feita ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ela garante ao empre-
gado o direito a receber um auxílio em caso de doença ou de acidente de trabalho
– entre outros problemas –, além de lhe assegurar a aposentadoria, que é de fato a
“devolução” do imposto recolhido durante os anos de trabalho.
Em geral, a pessoa tem um salário fxo que consta da Carteira de Trabalho.
Outro aspecto positivo do trabalho assalariado em construtoras e escritórios é poder
atuar com outros profssionais de sua área. E essa convivência possibilita uma troca
de experiências muito rica para todos. Ou seja, novas possibilidades de qualifcação
são abertas.
Os profssionais que atuam no mesmo local podem e devem se ajudar. A solida-
riedade e o esforço em equipe tornam o trabalho mais prazeroso e os resultados
melhores.

Atividade 2
re fl e x ão so b r e o tr ab al h o a ssal ar i ad o

1. Com base no que você leu até agora, refita por alguns minutos sobre as carac-
terísticas do trabalho assalariado e como é ter um emprego em uma construtora
grande e em outra pequena. Veja o que lhe parece mais interessante e anote suas
refexões.

52 Azulejis ta 2
2. Troque suas impressões com os colegas, para que pos-
sam perceber outros aspectos do trabalho nesses lu-
gares que ainda não haviam ocorrido a vocês.

Antes de seguir adiante, lembre-se: a forma ideal de tra-


balho é sempre aquela que garante os direitos do profs-
sional. Entretanto, essa possibilidade não está disponível
para todos.
Por outro lado, há pessoas que preferem trabalhar sozi-
nhas, de modo mais autônomo e com mais liberdade de
organizar a vida pessoal. Pense no que será melhor em
seu caso.

Trabalho por conta própria ou como


autônomo
Caso opte por trabalhar por conta própria, fazendo pin-
turas em residências, por exemplo, em vez de como em-
pregado assalariado, lembre-se: esse caminho exige maior
organização e planejamento.
Para isso, você precisa planejar como começar, ou seja,
deve identifcar como e onde obter fnanciamento para
comprar seus materiais de azulejista ou pastilheiro; e
como vai divulgar seu trabalho e arrumar os primeiros
clientes.
Lembre-se também de refetir sobre suas características
pessoais e tente responder à seguinte pergunta: Eu tenho
Pense, ainda, antes de decidir, que
disposição para comprar materiais, planejar meu trabalho, um trabalhador iniciante nessa
ocupação poderá aprender bastante
controlar meus ganhos e minhas despesas? se trabalhar um tempo com um
profissional (azulejista e pastilheiro)
experiente. Dessa forma ele poderá
Essas são questões fundamentais para você pensar antes adquirir conhecimentos práticos que
poderão ser usados no futuro.
de decidir trabalhar como autônomo.

Azu l ejist a 2 53
Atividade 3
atuaç ão co m o autô n o m o

1. Imagine-se trabalhando como autônomo.


Procure lembrar suas características pessoais e registre a seguir, na coluna da
esquerda, aquelas que podem ajudá-lo nesse processo. Na outra coluna, liste as
características que podem atrapalhá-lo.

Podem ajudar Podem atrapalhar


Exemplo: Sou muito organizado e cumpro os Exemplo: Não sei como cobrar
prazos com os quais me comprometo. adequadamente por meu trabalho.

2. Apresente suas refexões para a turma.

54 Azulejis ta 2
Como fazer uma planilha de custos
Saber se você tem ou não o perfl para trabalhar como
autônomo provavelmente não basta para decidir o que
fará adiante.
Preparar uma planilha de custos servirá para você prever
tudo o que vai gastar, para começar a trabalhar nessa ocu-
pação e verifcar se isso é possível nesse momento de sua vida.
Se você não tiver muita familiaridade
No laboratório de informática, use o computador para com o computador, forme dupla com
alguém um pouco mais experiente.
criar uma planilha eletrônica e calcular esses gastos. O monitor também pode ajudá-lo.

Nessa planilha, você vai anotar todos os materiais lista-


dos que precisará comprar e que estão indicados na Unida-
de 3. A seguir, escreva ao lado de cada item quanto vai
gastar para comprá-lo pela primeira vez.
Você a usará para saber se precisa ou não pedir um f-
nanciamento que lhe possibilite abrir seu negócio.
Além do material que você já tem descrito, é importan-
te incluir nessa planilha os custos de se tornar um Mi-
croempreendedor Individual, que é uma forma de você
garantir alguns direitos, como o de aposentadoria, mes-
mo sem ser empregado.
Finalmente, coloque também na planilha os custos que
você terá para divulgar seu trabalho e os gastos com
transporte para locomover-se até os locais das obras que
terá de realizar.

Azu l ejist a 2 55
Microempreendedor Individual (MEI)
Atualmente, existe uma legislação que facilita a abertura de empresas
para quem tem pequenos negócios, cuja receita bruta seja de até
60 mil reais por ano.
Ser um microempreendedor individual pode ajudá-lo na hora de
conseguir acesso a um empréstimo bancário. Você também ficará
habilitado a se inscrever no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
como contribuinte individual. Essa inscrição garantirá não só a pos-
1. Existe um órgão da Secretaria do sibilidade de você obter futuramente sua aposentadoria, como lhe
Emprego e Relações do Trabalho que dará direito a outros benefícios, como o auxílio-doença.
concede financiamento a juros baixos
para pessoas que estejam iniciando Para se tornar um microempreendedor individual, é preciso ir a uma
em uma ocupação. Trata-se do Banco
do Povo Paulista. Consulte o site
junta comercial e abrir uma empresa. Não é nada complicado.
(<http:/www.bancodopovo.sp.gov.
br>. Acesso em: 13 maio 2012) para Você pode ter mais informações no site Portal do Empreendedor.
saber as condições de financiamento Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/modulos/
e os documentos necessários para inicio/index.htm>. Acesso em: 13 maio 2012.
obter o empréstimo.
2. Identifique com amigos, vizinhos Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações.
e parentes aqueles que podem Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/
ajudá-lo a divulgar seu trabalho. Veja pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf>. Acesso em: 13 maio 2012.
se vale a pena pedir auxílio da
associação de seu bairro ou colocar
um anúncio na internet.

56 Azulejis ta 2
u n i d a d e 10

Seus novos
conhecimentos e seu
currículo
Com esta Unidade chegamos ao fm deste curso.
É importante, neste momento, que você esteja bem certo do que
aprendeu e de quais são agora seus conhecimentos. Você também
tem de se preparar para se colocar no mercado de trabalho: seja
como empregado assalariado ou como profssional autônomo.
Vamos começar retomando seus saberes.

© Inês Bonduki

Painel de mosaico em edifício da CDHU (detalhe). São Paulo, 2003. Isabel Ruas.

Atividade 1
o bse rv e d e n ov o o q u e d iz a cbo

1. A primeira atividade será retomar os quadros que você preencheu na Unidade 2,


com os saberes necessários para ser um azulejista, de acordo com a CBO.
Você vai preencher os quadros novamente e, depois, compará-los com aqueles que
preencheu no início do curso. Assim, será possível ver se alguma coisa mudou.

Azu l ejist a 2 57
O que O que sei fazer O que não
Planejar o trabalho
sei fazer mais ou menos sei fazer

Calcular a quantidade dos


materiais

Determinar as quantidades de
materiais para composição das
argamassas (traço)

Especificar materiais

Estudar a paginação de peças

Identificar características dos


materiais

Identificar defeitos das etapas


anteriores

Ler e interpretar plantas

Medir a área de serviço

Orçar os serviços

Programar as etapas do
serviço

Programar Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) e
Equipamentos de Proteção
Coletivos (EPC)

Programar materiais e
ferramentas

Providenciar os materiais
necessários à obra

58 Azulejis ta 2
O que O que sei fazer O que não
Preparar o local de trabalho
sei fazer mais ou menos sei fazer

Estocar material (separando


os materiais que apresentarem
defeitos)

Implementar o uso dos


equipamentos de proteção
(individual e coletivo)

Manter o local de trabalho


limpo e organizado

Paginar as peças de
revestimento

Proteger o local de serviço

Estabelecer pontos de O que O que sei fazer O que não


referência dos revestimentos sei fazer mais ou menos sei fazer

Conferir a planeza do
revestimento (reguar)

Conferir o esquadro do
revestimento

Conferir o prumo do
revestimento

Fixar as linhas mestras

Identificar o gabarito
do revestimento

Identificar pontos de nível dos


revestimentos

Azu l ejist a 2 59
O que O que sei fazer O que não
Executar os revestimentos
sei fazer mais ou menos sei fazer
Aplicar juntas especiais – de
movimentação e de
dessolidarização –, que têm
por finalidade absorver
eventuais movimentações de
paredes e contrapisos

Assentar revestimento
cerâmico/azulejos

Assentar pastilhas

Corrigir defeitos na superfície


a ser revestida

Cortar peças para arremates

Executar chapisco e emboço

Limpar o rejuntamento

Providenciar a preparação de
argamassas (atualmente usa-
-se argamassa colante)

Rejuntar revestimento de
pastilhas e azulejos

60 Azulejis ta 2
Aspectos relacionados às
O que O que sei fazer O que não
atitudes no âmbito pessoal
sei fazer mais ou menos sei fazer
e no ambiente de trabalho

Comunicar-se com os clientes,


subordinados e superiores

Demonstrar habilidade de
trabalhar em equipe

Realizar serviços de acordo


com normas e procedimentos
técnicos

Realizar serviços de acordo


com normas de segurança,
saúde e higiene no trabalho

Realizar serviço nos padrões


da qualidade total

Responsabilizar-se pela
manutenção dos
equipamentos

Seguir as instruções dos


fabricantes dos materiais
industrializados

Seguir as instruções dos


fabricantes de ferramentas e
equipamentos

Utilizar equipamentos de
proteção conforme as normas

Verificar condições de uso dos


equipamentos

Azu l ejist a 2 61
2. Comparando os quadros da Unidade 2 com estes, a que conclusão você chega?
Você está mais preparado para ser um ladrilheiro, azulejista ou pastilheiro? Jus-
tifque a sua resposta.

O importante é não ficar parado


Ao analisar os quadros, é possível que você note que ainda há saberes e práticas que
precisam ser aprimorados ou aprendidos por você.
Isso é normal, e constatar esse fato não deve desanimá-lo. Parte dos conhecimentos
sobre a ocupação você aprenderá na prática, com a experiência. Outra parte você
vai adquirir informando-se das mais diversas formas.
Para isso, sugerimos que você siga dois caminhos.

Caminho 1 – Para ampliar seus saberes


Esse caminho tem como ponto de partida aquilo que você relacionou nas últimas
colunas do quadro preenchido na Atividade 1: “O que sei fazer mais ou menos” e
“O que não sei fazer”.
Observando esses dados, planeje o que fará para dar sequência a seu aprendizado
ou como ampliará seus conhecimentos:
• voltando a estudar;
• procurando um novo curso nessa área;
• lendo revistas ou livros especializados;
• pesquisando novas informações sobre diferentes técnicas e materiais na internet.

62 Azulejis ta 2
Só você poderá escolher o que fazer. Não há regra sobre o que é certo ou errado
nessa hora. O importante é não deixar o tempo passar para não perder o ânimo e
também se programar para realizar as atividades escolhidas de forma organizada.
O planejamento é um instrumento que deve ser revisto de tempos em tempos para
não se tornar ultrapassado. Ações e prazos podem, e devem, ser sempre atualizados.
Não adianta prever muitas ações difíceis de serem executadas. A chance de você
desanimar nesse caso é muito grande.

Atividade 2
Pl a n ej e s e us Pr óx i m o s P a s s os

Para fazer seu planejamento, utilize o quadro a seguir.

O que fazer? Por quê? Como? Quando?

Caminho 2 – A preparação para o mercado de trabalho


Se você escolheu trabalhar por conta própria, programe-se para comprar suas fer-
ramentas de trabalho e divulgar seus saberes, de modo a conquistar os primeiros
clientes.
Se você vai procurar trabalho, é importante deixar seus documentos organizados e
fazer seu currículo.
A primeira coisa a fazer é colocar em ordem seus saberes e suas práticas, para com-
provar tudo o que você já fez.

Azu l ejist a 2 63
Esses comprovantes, assim como uma cópia de seus
documentos pessoais, devem ser colocados, de forma
organizada, em seu portfólio. Essa pasta servirá para
sua apresentação nos locais em que você for procurar
emprego.
O portfólio deve conter:
Você sabia? • comprovação de sua escolaridade formal – diplomas;
A palavra currículo vem
do latim, língua que deu • certifcados de cursos que você fez – incluindo este;
origem ao português e
outros idiomas, como o • comprovação de suas experiências de trabalho, que
espanhol, o francês e o
podem ser registros informais, declarações, fotos etc.;
italiano. A expressão cur-
riculum vitae, traduzida
do latim, quer dizer “car-
• cartas de recomendação;
reira, trajetória de vida”.
• documentos pessoais.
Em português, o certo é
usar o termo currículo,
em vez de curriculum ou Além do portfólio, você precisará fazer um currículo.
curriculum vitae.
Nele você vai elaborar um resumo de tudo o que já fez,
No tema “Como se pre-
parar para o mercado de tudo o que sabe e o que pretende fazer.
trabalho” do Caderno do
Trabalhador 1 – Conteú- Antigamente, os currículos eram extensos, e todas as
dos Gerais, esse assunto informações constantes dele eram muito detalhadas.
é abordado de forma
bem extensa. Algumas pessoas até inventavam dados para tornar seus
currículos mais interessantes.
Hoje, os currículos são curtos e objetivos. Vão direto aos
assuntos e, de preferência, ressaltam os saberes e as prá-
ticas relacionados à ocupação ou ao cargo que a pessoa
pretende.
Para tornar sua apresentação mais adequada, os dados
que sempre devem constar de um currículo são:
a) Nome.
b) Dados pessoais.
Inclua apenas seu endereço completo. Não precisa co-
locar data de nascimento, idade, nem estado civil.
Essas informações só devem aparecer se forem impor-
tantes para o cargo ou função que você tem intenção
de ocupar.

64 Azulejis ta 2
c) Objetivo, ou seja, a vaga em que você está interessado.
d) Seus saberes e práticas mais adequados ao trabalho pretendido.
e) Histórico profssional, isto é, os trabalhos que já teve. Se você não teve emprego
formal, escreva: “Principais experiências”. Siga a ordem cronológica inversa: co-
mece pelo mais atual e siga em ordem até o mais antigo.
f ) Escolaridade e cursos, lembrando que, neste item, vale qualquer curso que você
tenha frequentado – de idiomas, computação, ofcinas de qualifcação profssio-
nal relacionadas a suas áreas de interesse etc.
g) Trabalhos voluntários, passatempos e áreas de interesse.
h) Data (o dia da elaboração do currículo).
i) Assinatura.

Atividade 3
co m o fa ze r u m cu rrícu lo

1. Com base nas informações relacionadas anteriormente, elabore uma primeira


versão de seu currículo.

Azu l ejist a 2 65
2. Troque ideias com os colegas e com o monitor do
curso, verifcando se há alguma mudança a fazer.
3. Agora, no laboratório de informática, digite e formate
seu currículo no computador, deixando-o apresentável
para que seja enviado a possíveis empregadores.

Última etapa
A última etapa a enfrentar é a entrevista ou a seleção para
o emprego que você pretende.
Se você procurar uma construtora ou escritório de arqui-
tetura ou engenharia, é provável que haja uma entrevis-
ta, na qual você deverá relatar sua vida e a experiência
profssional.
Lembre-se de algumas dicas que poderão ajudá-lo:
• Informe-se antes sobre o local: onde é, como se orga-
niza, quantas pessoas trabalham nele etc.
• Chegue sempre um pouco antes da hora marcada,
cerca de 15 minutos.
• Leve seu portfólio e seu currículo.
• Desligue seu celular e jogue fora balas ou gomas de
mascar.
• Mantenha-se calmo.
• Exponha com clareza seus saberes e práticas, tanto
sobre a ocupação pretendida, como em relação a suas
atitudes e jeito de ser.
• Mostre-se confante a respeito do que sabe, mas não
queira parecer mais do que é. Seja honesto em dizer
que não sabe sobre algo que lhe seja perguntado.
• Seja simpático, mas não fale mais do que o necessário.
• Evite intimidades. Cumprimente o entrevistador com
Há ocasiões em que as coisas não um aperto de mão apenas.
dão certo de primeira. Nesse caso,
não desanime. Mantenha a confiança
e procure outras oportunidades. Boa sorte!

66 Azulejis ta 2
Referências bibliográficas
BAUD, Gerard. Manual das pequenas construções: alvenaria e concreto armado. São
Paulo: Hemus, 1976.
BORGES, Alberto de Campos. Prática das pequenas construções. São Paulo: Edgard
B lü c he r, 19 81.
BR ASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classifcação Brasileira de Ocupações
(CBO). Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br>. Acesso em: 13 maio 2012.
BR ASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras de Segu-
rança e Medicina do Trabalho. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/
normas_regulamentadoras/default.asp>. Acesso em: 12 jan. 2012.
NICOL A, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo:
Scipione, 2008.
PINI (Org.). Construção: passo a passo. São Paulo: Pini, 2009.

Sites
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Revista Belas Artes [online]. 2. ed. São Paulo: Centro Universitário Belas Artes
de São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.belasartes.br/revistabelasartes/
downloads/artigos/2/arq_e_arte_decorativa_do_azulejo_no_brasil.pdf>. Acesso
em: 13 maio 2012.
Casa e Jardim. Disponível em: <http://revistacasaejardim.globo.com/Casaejardim
/0,25928,EJE502580-2186-1,00.html>. Acesso em: 16 maio 2012.
Centro de Divulgação da Astronomia. Universidade de São Paulo. Disponível em:
<http://cdcc.sc.usp.br/cda/ensino-fundamental-astronomia/parte1c.html>. Acesso
em: 13 maio 2012.
Como colocar rejunte entre azulejos. Disponível em: <http://www.comofazertudo.
com.br/casa-e-jardim/como-colocar-rejunte-entre-azulejos>. Acesso em: 13 maio 2012.
Equipe de obra. Disponível em: <http://www.equipedeobra.com.br/construcao-
reforma/19/artigo103311-2.asp>. Acesso em: 13 maio 2012.
Museu Nacional do Azulejo. Disponível em: <http://mnazulejo.imc-ip.pt/pt-PT/
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Azu l ejist a 2 67
O nascer de um azulejo. Disponível em: <http://fazeres.no.sapo.pt/frameslayout/
conteudoazulejo.htm>. Acesso em: 13 maio 2012.
Proyecto Salón Hogar. Disponível em: <http://www.proyectosalonhogar.com/
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Tipos de folha de lixa (Glossário). Disponível em: <http://www.bosch-do-it.com.
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Weber Saint-Gobain. Disponível em: <http://www.weber.com.br/assentar-
revestimentos/o-guia-weber/solucoes-construtivas.html>. Acesso em: 13 maio 2012.

68 Azulejis ta 2
w w w . v i a ra p i d a . s p.g o v. b r

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