You are on page 1of 64

U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

PRÁTICAS DE GESTÃO EM SAÚDE DA


PESSOA IDOSA

Impressão

Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
2

SUMÁRIO

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................................4

UNIDADE 2 - O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS .......................6

UNIDADE 3 - A GESTÃO PÚBLICA VOLTADA PARA A PESSOA IDOSA ...................................... 32

UNIDADE 4 - CONSEQUÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO PARA O CORPO HUMANO ................ 43

UNIDADE 5 - PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO PARA UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL......... 50

UNIDADE 6 - O TAFI – TESTE DE APTIDÃO FÍSICA PARA O IDOSO ............................................ 56

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 62

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
3

Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me...

Se minha audição não é boa e tenho de me esforçar para ouvir o que você está
dizendo, procure entender-me...

Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento é escasso, ajude-me com


paciência...

Se minhas mãos tremem e derrubam comida na mesa ou no chão, por favor,


não se irrite, tentei fazer o melhor que pude...

Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu, pare para
conversar comigo, sinto-me tão só...

Se você na sua sensibilidade me vê triste e só, simplesmente partilhe um


sorriso e seja solidário...

Se lhe contei pela terceira vez a mesma "história" num só dia, não me
repreenda, simplesmente ouça-me...

Se me comporto como criança, cerque-me de carinho...

Se estou com medo da morte e tento negá-la, ajude-me na preparação para o


adeus...

Se estou doente e sou um peso em sua vida, não me abandone, um dia você
terá a minha idade...

A única coisa que desejo neste meu final da jornada, é um pouco de respeito e
de amor...

Um pouco...

Do muito que te dei um dia !!!

MENSAGEM DE UM IDOSO DESCONHECIDO

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
4

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO

Caros alunos!

Se observarem, há uma epígrafe de autor desconhecido antes da introdução


e gostaria que lessem com muita atenção. Foge realmente a uma introdução
científica, no entanto, para aqueles que pretendem trabalhar com o idoso, seja na
elaboração de políticas, em programas de saúde da família, enfim, qualquer setor
ligado a saúde do idoso, vale a reflexão: eles devem ser tratados com o máximo
respeito possível, senão por tudo que já foram, pelo menos porque um dia nós
também nos tornaremos idosos e com certeza gostaríamos de ser tratados com o
mínimo de dignidade possível.

Ao compararmos a atenção ao idoso no Brasil com os países desenvolvidos,


observaremos que caminhamos a passos muito lentos rumo ao tratamento
adequado para eles. E ao respeito e reverência com que culturas como a chinesa
dispensam aos idosos, podemos nos colocar no último degrau ou no primeiro passo
de uma longa caminhada. Não é exagero, podem acreditar. Basta sair às ruas e
observar mendigos idosos jogados debaixo de viadutos nas grandes cidades, asilos
para idosos sem um mínimo de higiene, condições precárias de manutenção e
sobrecarga de trabalho para o pessoal, hospitais sem leito, famílias sem “paciência”
e tempo para seus idosos.

Enquanto na China e mesmo nas tribos africanas o idoso é procurado pela


sabedoria acumulada ao longo da vida, é reverenciado, é lhe dada atenção, carinho
e respeito, aqui ele é o “ranzinza” que não escuta direito, que não tem forças para
trabalhar, que caminha com dificuldades, enfim, não tem mais funções sociais e
econômicas.

É preciso deixar claro que não há intenção, nesta apostila, de colocar o idoso
como um “coitado”, ou como um “ser supremo”, muito menos dar “lição de moral”,
mesmo porque em decorrência das necessidades de lutar pela sobrevivência neste
mundo competitivo, todos nós temos nossos momentos de fraqueza, que muitas
vezes se traduzem em impaciência, enfim, esta apostila tem como objetivo tratar da

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
5

gestão das práticas voltadas à saúde do idoso, o qual requer como todo ser
humano, dignidade, respeito e atenção.

Faremos uma análise do envelhecimento da população a nível mundial e no


Brasil, passando por algumas teorias interessantes sobre o assunto e mostrando as
consequências econômicas e sociais. Na sequência, trataremos das políticas
públicas e dos programas voltados para o idoso, além das atribuições de cada
profissional da equipe que lida diariamente com o idoso. Será discutido também o
impacto do envelhecimento para o corpo humano e a prevenção e intervenção para
um envelhecimento saudável.

Frisamos que esta apostila se trata de uma compilação, ou seja, uma reunião
do que acredita-se ser mais importante para compor a disciplina em estudo, na ótica
desta profissional, podendo haver divergências de pensamento em relação a outros
profissionais ou lacunas que devem ser preenchidas com leituras complementares.

Para tanto, ao final da apostila encontrarão uma extensa lista de referências,


algumas aqui utilizadas e que podem servir de complementação aos estudos.

Optou-se também por utilizar textos e referências disponibilizados na rede


mundial de computadores, acreditando que com a globalização, a internet vem se
tornando um meio de democratização do conhecimento.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
6

UNIDADE 2 - O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO E


SUAS CONSEQUÊNCIAS

A população mundial está envelhecendo, principalmente em países em


desenvolvimento como o Brasil. A terceira idade é a faixa etária que,
proporcionalmente, mais cresce nas apresentações dos censos demográficos.

Observamos no cenário nacional, no decorrer dos últimos anos, um aumento


significativo no número de idosos, modificando a pirâmide etária brasileira, com uma
base larga de idosos e uma base afunilada de jovens. Essa inversão se deve ao fato
de grandes avanços tecnológicos e científicos experimentados nas últimas décadas,
além do crescente processo de urbanização e nesse novo contexto, as causas de
morte também mudaram. Antes representadas por doenças infecto-contagiosas,
agora são apresentadas por doenças crônico-degenerativas.

Entretanto, a velhice não é doença!

Concordando com Ferrari (1975), a velhice é uma etapa da vida com


características e valores próprios, em que ocorrem modificações no indivíduo, tanto
na estrutura orgânica, como no metabolismo, no equilíbrio bioquímico, na imunidade,
na nutrição, nos mecanismos funcionais, nas características intelectuais e
emocionais.

São essas modificações que dificultam a adaptação do indivíduo no seu meio,


exatamente pela falta de condições que favoreçam o envelhecimento bio-psico-
social. A aparência do indivíduo se transforma, possibilitando atribuir-lhe uma idade
quase sempre com pequena margem de erro. A pele se enruga em consequência da
desidratação e há perda de elasticidade do tecido dérmico subjacente. Há perda de
dentes, atrofia muscular e a esclerose das articulações acarreta distúrbios de
locomoção. O esqueleto padece de osteoporose e é sujeito a fraturas ósseas. O
coração tem seu funcionamento alterado, os órgãos dos sentidos são atacados.

O idoso é mais vulnerável a doenças degenerativas de começo insidioso,


como as cardiovasculares e cérebrovasculares, o câncer, os transtornos mentais, os
estados patológicos que afetam o sistema locomotor e os sentidos. Inegavelmente,

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
7

há uma redução sistemática do grau de interação social como um dos sinais mais
evidentes de velhice. Esses tópicos serão pormenorizados em capítulos posteriores.

Segundo Zaslavsky e Gus (2002, p.635),

Concorrem para agravar essa situação vários fatores demográficos, sócio-


culturais e epidemiológicos, como aposentadoria, perda de companheiros
de trabalho, aumento de tempo livre, mudanças nas normas sociais,
impacto da idade sobre o indivíduo, impacto social da velhice, perda de
segurança econômica, rejeição pelo grupo, filhos que se afastam,
dificuldades citadas pela sociedade industrializada, condução difícil, trânsito
congestionado, contaminação do ar afetando a sua saúde, aumento da
frequência de determinadas enfermidades, dificuldades de aceitação de
novas ideias que se chocam com os modelos tradicionais de conduta,
fazendo o velho duvidar do que vem até então seguindo. A saúde no velho
consiste em três fatores relacionados: a ausência de doença, a manutenção
de ótima função, a presença de um apoio adequado.

Nesse contexto, um dos desafios dos governos passa pela elaboração e


implantação de políticas públicas voltadas para o atendimento ao idoso, mais
especificamente ligadas à previdência social e saúde.

A longevidade humana atinge limites antes impensados, as repercussões das


transformações sociais decorrentes do envelhecimento ainda são pouco
contempladas, considerando que estamos no início de um processo em curso.

A pirâmide etária demonstra o crescimento da população idosa e


consequentemente remete à importância de um atendimento diferenciado para essa
clientela. Os serviços de saúde pública disponíveis para os idosos envolvem a
questão da provável necessidade de redimensionamento dos equipamentos do
Estado, bem como dos programas, instituições e formas de gestão com a finalidade
que seja assegurado o acesso a esses serviços com qualidade e equidade.

O primeiro passo rumo às análises pretendidas nesta apostila, ou seja, tratar


das práticas de gestão em saúde da pessoa idosa, é justamente definir e limitar ou
padronizar o termo velhice, uma vez que essa faixa etária pode causar confusão
entre pessoas leigas ao assunto.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
8

De acordo com o estabelecido na Política Nacional do Idoso (PNI), Lei nº


8.842, de 04 de janeiro de 1994, considera-se como tal, a população com 60 anos
ou mais.

Segundo Camarano (2002) o envelhecimento é um processo de perdas


biológicas e sociais, que traz vulnerabilidades que são diferenciadas por gênero,
idade, grupo social, raças e regiões geográficas, entre outros. É diferenciado
também o momento (a idade) em que elas se iniciam. Tais vulnerabilidades são
afetadas pelas capacidades básicas (com as quais o indivíduo nasceu), pelas
capacidades adquiridas ao longo da vida e pelo contexto social em que os indivíduos
encontram na sua fase de vulnerabilidades. Dessa forma, políticas públicas podem
ter um papel fundamental na redução do seu impacto sobre o indivíduo e a
sociedade.

Em outras palavras, o envelhecimento populacional é uma resposta à


mudança de alguns indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e
da mortalidade e o aumento da esperança de vida. Não é homogêneo para todos os
seres humanos, sofrendo influência dos processos de discriminação e exclusão
associados ao gênero, à etnia, ao racismo, às condições sociais e econômicas, à
região geográfica de origem e à localização de moradia.

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento


como “um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não
patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros
de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao
estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte”.

De acordo com Temporão (Brasil, 2006), o envelhecimento pode ser


compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva
funcional dos indivíduos – senescência – o que, em condições normais, não
costuma provocar qualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga
como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma
condição patológica que requeira assistência - senilidade. Cabe ressaltar que certas
alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos
minimizados pela assimilação de um estilo de vida mais ativo.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
9

Assim, obter dados, tratá-los de maneira estatística para transformá-los em


informações, é primordial para contribuir com o planejamento, gestão e avaliação de
políticas públicas relacionadas a saúde, previdência e assistência social de idosos.

Neste sentido, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –


IBGE – (2007), dentre outros órgãos como o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), utiliza índices, como o índice de envelhecimento que é o número de
pessoas de 60 e mais anos de idade, para cada 100 pessoas menores de 15 anos
de idade, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano
considerado, ou seja, é a razão entre os componentes etários extremos da
população, representados por idosos e jovens e valores elevados desse índice
indicam que a transição demográfica encontra-se em estágio avançado.

Segundo DATASUS (2009), embora haja limitações, como imprecisão da


base de dados utilizada para o cálculo do indicador, relacionadas a falhas na
declaração da idade nos levantamentos estatísticos ou à metodologia empregada
para elaborar estimativas e projeções populacionais, esses indicadores são usados
para acompanhar a evolução do ritmo de envelhecimento da população,
comparativamente entre áreas geográficas e grupos sociais; contribuir para a
avaliação de tendências da dinâmica demográfica e subsidiar a formulação, gestão e
avaliação de políticas públicas nas áreas de saúde e de previdência social.

De acordo com Temporão (Brasil, 2006, p. 7):

A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Há, no entanto, importantes


diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Enquanto, nos primeiros, o envelhecimento ocorreu associado às melhorias
nas condições gerais de vida, nos outros, esse processo acontece de forma
rápida, sem tempo para uma reorganização social e da área de saúde
adequada para atender às novas demandas emergentes. Para o ano de
2050, a expectativa no Brasil, bem como em todo o mundo, é de que
existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenômeno esse
nunca antes observado. [...] É função das políticas de saúde contribuir para
que mais pessoas alcancem as idades avançadas com o melhor estado de
saúde possível. O envelhecimento ativo e saudável é o grande objetivo
nesse processo. Se considerarmos saúde de forma ampliada torna-se
necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de
um ambiente social e cultural mais favorável para população idosa.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
10

No caso do Brasil, os estados e municípios buscam, em consonância com a


PNI, adequações e soluções para contribuir com um envelhecimento saudável.

2.1 Demografia – A velhice como fenômeno mundial

De acordo com Santana (2002), o envelhecimento demográfico ou


populacional é uma das consequências da transição demográfica, processo este
iniciado na Europa Ocidental durante o século XIX e espalhado pelo mundo durante
o século XX. Durante a transição demográfica passa-se de um estágio em que os
níveis de fecundidade e mortalidade são altos para outro em que fecundidade e
mortalidade estão em níveis baixos. Ao longo desse processo a proporção de
pessoas idosas aumenta. Dois tipos de mudanças podem acontecer numa
população para explicarem o aumento da proporção de pessoas idosas e eles estão
associados à atuação de diferentes variáveis demográficas e a estágios diferentes
da transição demográfica em que a população se encontre. No primeiro tipo de
mudança, a fração da população jovem diminui sem que haja variação da população
idosa de modo igual ou concomitante à ocorrida nas primeiras faixas etárias. Esse
tipo de envelhecimento é conhecido como envelhecimento pela base, nele a
principal variável demográfica responsável pelo envelhecimento é a fecundidade. O
estágio da transição demográfica em que ele ocorre é o inicial, em que as taxas de
fecundidade e de mortalidade são altas e começam a diminuir; é o estágio atual das
populações de países em desenvolvimento. Embora neste momento o efeito da
queda da mortalidade tenda a rejuvenescer a população, ele é suplantado pela
queda da fecundidade. A fecundidade é a grande definidora da estrutura etária.

Segundo Moreira (1997), o outro tipo de mudança que determina o aumento


da proporção da população idosa é a queda dos níveis de mortalidade das pessoas
que se encontram nesta faixa etária. Esse processo é chamado envelhecimento pelo
topo, ele ocorre em populações cujos níveis de fecundidade e mortalidade já são
muito baixos e a possibilidade de variação destes componentes restringe-se à
mortalidade e aos grupos etários mais velhos. À medida que ocorrem ganhos de
mortalidade para a população idosa, sua proporção, obviamente, aumenta.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
11

Para Santana (2002), esses dois tipos de mudanças guardam estreita relação
com o estágio da transição demográfica em que a população estudada se encontra.
O primeiro tipo de mudança, aquele em que a fecundidade é a protagonista do
envelhecimento, é próprio do processo pelo qual os países desenvolvidos
experimentaram no passado e os países em desenvolvimento, já há algumas
décadas, experimentam. O envelhecimento, devido à redução da mortalidade,
expressa a realidade atual dos países desenvolvidos e a tendência, para as
próximas décadas, de todos os países que iniciaram este processo.

Moreira (2000) apud Santana (2002, p. 02) diz que o Brasil tem um dos
processos de envelhecimento populacional mais velozes no conjunto dos países
mais populosos do mundo, guardando forte correlação com a velocidade com que a
fecundidade no Brasil reduziu-se. Em 1960, a taxa de fecundidade total do Brasil era
de 6 filhos por mulher e, em 1991, já era 2,5, isto é, uma redução de quase 60% em
apenas 30 anos.

Até pouco tempo atrás poder-se-ia dizer que o envelhecimento mundial era
um fenômeno, hoje, entretanto, faz parte da realidade da maioria das sociedades.
Tanto isso é verdade que estima-se para o ano de 2050 que existam cerca de dois
bilhões de pessoas com sessenta anos e mais no mundo, a maioria delas vivendo
em países em desenvolvimento.

De acordo com Nature (2008), o envelhecimento da população mundial vai


aumentar rapidamente nos próximos vinte anos até atingir um pico em 2030,
registrando depois uma desaceleração no final do século.

A nível mundial, a proporção de pessoas com mais de 60 anos vai triplicar


durante este século, passando de dez por cento no ano 2000 para 32 por cento em
2100.

Na Europa Ocidental, quase metade da população (46%) terá mais de 60


anos no final do século, enquanto na China, este grupo etário, que atualmente
representa cerca de dez por cento da população, vai atingir os 42 por cento no
mesmo período.

A progressão do envelhecimento registra diferentes graus nos diversos


países, estando próximo de atingir um pico no Japão, enquanto na América do
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
12

Norte, Europa, China e antiga União Soviética o nível mais elevado só deverá ser
atingido entre 2020 e 2030. Na Ásia, sobretudo, no sul do Continente, essa evolução
começará em 2030, no Médio Oriente em 2040, e nos países da África sub-
sahariana só deverá registrar-se a meio do século.

Realizado por investigadores do Instituto Demográfico de Viena e da


Universidade do Estado de Nova Iorque, o estudo salienta a importância dessas
estimativas para as políticas públicas a nível mundial, nomeadamente a nível da
Saúde.

É muito importante que as instâncias de decisão públicas tenham em conta


essas estatísticas, pois as despesas de saúde atingiram o nível mais elevado nos
últimos anos de vida, visto que, atualmente se vive mais tempo e com melhor saúde.

Assim, segundo Nature (2008), no final do século, mais de um terço da


população mundial terá mais de 60 anos e metade estará com boa saúde.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divide os idosos em três


categorias: os pré-idosos (entre 55 e 64 anos); os idosos jovens (entre 65 e 79 anos
- ou entre 60 e 69 para quem vive na Ásia e na região do Pacífico); e os idosos de
idade avançada (com mais de 75 ou 80 anos). Estes, com mais de 80 anos, são e
vão continuar sendo, na sua maior parte, do sexo feminino.

O que afeta, em geral, a situação econômica das pessoas idosas é a perda


de contato com a força de trabalho, a obsolescência de suas atividades, a
desvalorização de seus vencimentos e pensões e a pobreza generalizada da
sociedade no mundo. Porém, são mais afetadas ainda as mulheres, porque vivem
mais tempo, em geral, com menos recursos e menos títulos.

De acordo com o IBGE (2008), por conta da elevação da expectativa de vida


mundial, muitos países convivem hoje com idosos de diversas gerações, que
possuem necessidades variadas, passando a exigir, com isso, políticas assistenciais
diferentes.

Preocupadas, portanto, com a pressão que o enorme grupo de idosos vai


fazer sobre os fundos de pensões e serviços de saúde, muitas nações
industrializadas passam a reformular os sistemas de seguridade social, aumentando

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
13

a idade mínima de aposentadoria, elevando as contribuições dos trabalhadores à


Previdência e introduzindo o financiamento do setor privado. Austrália e Inglaterra,
por exemplo, irão aumentar a idade mínima de aposentadoria das mulheres para 65
anos em 2013 e 2020, respectivamente. Atualmente, o governo da Alemanha vai
recorrer ao mesmo procedimento em relação a todos os aposentados.

Segundo o IBGE (2009), essa preocupação dos governos só confirma o fato


de que a população do mundo está ficando cada vez mais velha, mas também, o
que é positivo, mais saudável. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que,
em 2025, pela primeira vez na história, o planeta terá mais idosos do que crianças.
Como principal motivo dessa elevação da expectativa média de vida, tem-se: o
avanço da medicina e a melhora na qualidade de vida. De qualquer forma, as
desigualdades econômicas e sociais entre os países industrializados e em
desenvolvimento, bem como o desnível social de cada nação, influem diretamente
nas condições de saúde da população. Por exemplo, a principal causa de
mortalidade em países pobres ou em desenvolvimento são as doenças infecciosas.
Já nos países ricos, predominam os males degenerativos, como doenças
circulatórias e câncer.

O número de idosos no planeta jamais foi tão grande em toda a história, como
se observam nos gráficos 1 e 2, a maioria deles concentrados no continente
europeu. Em 1995, já eram 578 milhões.

O contingente de idosos daqui a 30 anos vai representar 40% da população


da Alemanha, do Japão e da Itália, este, inclusive, o único país no mundo a ter mais
pessoas acima de 65 anos do que com menos de 15 anos. A estimativa é de que,
até a primeira metade do século XXI, demais países industrializados cheguem a
esse patamar.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
14

GRÁFICO 1 – População idosa no mundo


1998 a 2051

25.000.000

20.000.000

15.000.000

10.000.000

5.000.000

1 2 2
998 010 051

Fonte: Fundo das Nações Unidas para a População (Fnuap)

Em 2050, a expectativa de vida nos países desenvolvidos será de 87,5 anos


para os homens e 92,5 para as mulheres (contra 70,6 e 78,4 anos em 1998). Já nos
países em desenvolvimento, será de 82 anos para homens e 86 para mulheres, ou
seja, 21 anos a mais do que hoje, que é de 62,1 e 65,2, respectivamente.

Como percebe-se, diante dessas informações, de acordo com o IBGE (2009),


o número de idosos tende a aumentar em escala mundial. Isto se deve,
principalmente, à redução na taxa de fecundidade. A mulher, sob a influência das
mudanças sociais que ocorreram a partir da década de 60, trouxe com ela
alterações que vieram a afetar o emprego, a educação e ainda o casamento. Nos
dias atuais, essa mulher tem a metade dos filhos que a geração de sua mãe
costumava ter. Mas não só. A medicina preventiva e também programas voltados
para a qualidade de vida contribuem para o fato constatado. Sem falar nas baixas
taxas de mortalidade infantil ou prematura, aumentando a esperança de vida, devido
a uma nutrição adequada, saneamento e tratamento de água ou pelo uso de vacinas
e antibióticos.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
15

GRÁFICO 2 – População acima de 65 anos no mundo

1950 a 2050

2
5

2
0

1
5

1
0

1 1 2
950 998 050

Fonte: Fundo das Nações Unidas para a População (Fnuap)

De acordo com Brasil (2005), a composição etária de um país – o número


proporcional de crianças, jovens, adultos e idosos – é um elemento importante a ser
considerado pelos governantes. O envelhecimento de uma população relaciona-se a
uma redução no número de crianças e jovens e a um aumento na proporção de
pessoas com 60 anos ou mais. À medida que as populações envelhecem, a
pirâmide populacional triangular (GRÁFICO 3), de 2002, será substituída por uma
estrutura mais cilíndrica, em 2025.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
16

GRÁFICO 3 – Pirâmide da População Mundial em 2002 e 2025

Fonte: Nações Unidas (2001) apud BRASIL (2005, p. 9).

2.2 O envelhecimento no Brasil

Até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de
pessoas idosas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Daí o
alerta ao governo brasileiro para a necessidade de se criar, o mais rápido possível,
políticas sociais que preparem a sociedade para essa realidade.

Segundo o IBGE (2009), ainda é grande a desinformação sobre o idoso e


sobre as particularidades do envelhecimento em nosso contexto social. O
envelhecimento humano, na verdade, quase nunca foi estudado. Poucas escolas no
país criaram cursos para auxiliar as pessoas mais velhas. Uma prova disso é que
até um tempo atrás, o médico que quisesse se especializar em geriatria precisava
estudar na Europa.

A Constituição de 1988, no entanto, deixou clara a preocupação e atenção


que deve ser dispensada ao assunto, quando colocou em seu texto a questão do
idoso. Foi o pontapé inicial para a definição da Política Nacional do Idoso, que traçou
os direitos desse público e as linhas de ação setorial.

Depois da criação dessa Política, através da Lei 8.842, em 4 de janeiro de


1994, é que as instituições de ensino superior passaram a se adaptar, a fim de

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
17

atender a determinação da Lei, que prevê a existência de cursos de Geriatria e


Gerontologia Social nas Faculdades de Medicina no Brasil. Nesse âmbito,
trabalhando com a terceira idade, existem duas entidades de relevo: a Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia e a Associação Nacional de Gerontologia. A
geriatria é uma especialidade da medicina que trata da saúde do idoso, enquanto a
gerontologia vem a ser a ciência que estuda o envelhecimento.

Um destaque no país, com relação ao auxílio à terceira idade, é Brasília. Foi a


primeira localidade a criar uma Subsecretaria para Assuntos do Idoso, além de
instituir o Estatuto do Idoso, regido por princípios que registram o direito das pessoas
mais velhas a uma ocupação e trabalho, como ainda acesso à cultura, à justiça, à
saúde e à sexualidade, além, é claro, de poder participar da família e da
comunidade.

Num país como este, que vê sua pirâmide populacional ser modificada pouco
a pouco, tomar conhecimento de entidades que se dedicam a mudar o perfil do
idoso depressivo, abandonado pela família e sem projetos é de extrema importância.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) é a principal fonte de


informações para a construção de indicadores do IBGE. Conhecer a composição
etária da sociedade é importante para todas as políticas públicas, na medida em que
as necessidades e demandas de cada grupo de idade são diferenciadas.

Em 2006, a PNAD apontava para um total de 8,5 milhões de pessoas na faixa


etária de 70 anos ou mais (4,6% da população total), enquanto a projeção da
população sinalizava um efetivo de 34,3 milhões de idosos em 2050, ou 13,2% da
população total, conforme aponta o gráfico 4 e a tabela 1.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
18

GRÁFICO 4 – Pirâmide etária por sexo. Brasil (1996-2006)

Fonte: IBGE/PNAD (1996-2006)

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
19

TABELA 1 - Projeção da população total, absoluta e relativa,


segundo os grupos de idade - Brasil - 2010/2050

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais,


Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período de 1980-2050 – Revisão 2004.

Segundo o IBGE (2007, p. 149) nos últimos anos, na América Latina e Caribe,
constatou-se um crescimento da população de 60 anos ou mais de idade em todos
os países que compõem o continente, contudo, seus processos de envelhecimento,
redução nas taxas de fecundidade e mortalidade, ocorreram de forma diferenciada.
A transição demográfica na região se processa em ritmo acelerado, principalmente,
se comparada àquela dos países desenvolvidos, onde o processo levou mais de um
século.

Ao analisar as informações da Comissão Econômica para a América Latina e


o Caribe – CEPAL – em relação ao peso relativo da população idosa em cada país
da região, percebe-se que há praticamente três situações: uma primeira, onde os
países atingiram percentuais mais elevados, caracterizando um processo de
envelhecimento mais avançado, como: Uruguai, com 17,3%; Cuba, 15,4%;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
20

Argentina, 13,8%; e Chile, 11,5%. A segunda mostra um grupo intermediário, com


percentuais variando entre 6% e 8%, e uma terceira onde o processo de
envelhecimento se encontra bem menos acentuado, como nos casos de Nicarágua
e Haiti, com percentuais de 4,8% e 5,8%, respectivamente. O Brasil encontra-se no
grupo intermediário, entretanto, sua importância em termos absolutos é indiscutível:
representa mais de um terço da população deste grupo etário na região, seguido
pelo México, Argentina e Colômbia, que também se destacam neste cenário
(Gráficos 5 e 6).

GRÁFICO 5 – Proporção das pessoas de 60 anos ou mais de idade nos países


da América Latina e do Caribe – 1995/2005

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
21

GRÁFICO 6 – Distribuição percentual das pessoas de 60 anos de idade ou mais


nos países da América Latina e do Caribe - 2005

Fonte: Anuário estadístico de América Latina y el Caribe 2006. Santiago de Chile: CEPAL, 2007.
Disponível em: <http://www.eclac.cl/publicaciones/>. Acesso em: fev. 2009.

É importante assinalar que o corte cronológico mostra-se necessário para as


análises sócio-demográficas da população idosa. A ONU definiu o limite de 60 anos
para uma pessoa ser considerada idosa nos países em desenvolvimento e 65 anos
para os países desenvolvidos. Os cálculos dos indicadores demográficos clássicos,
tais como índice de envelhecimento, razão de dependência, entre outros, são feitos
com o limite etário de 65 anos. No Brasil, o Estatuto do Idoso referenda o limite de
60 anos da ONU, porém, dado que o processo de envelhecimento encontra-se
bastante acelerado no País, o IBGE trabalha com 60 ou 65 anos ou mais.

Os resultados da PNAD (2006) evidenciam a tendência de crescimento da


população idosa, que alcançou 19 milhões de pessoas de 60 anos ou mais de idade,
e superou 13 milhões no grupo etário de 65 anos ou mais, o que corresponde a
10,2% e 7,1%, respectivamente, do total da população. A distribuição dos idosos
pelo local de residência mostra que cerca de 45% viviam em apenas três Unidades
da Federação, quais sejam: São Paulo, com 4,4 milhões de pessoas, Minas Gerais e
Rio de Janeiro, com 2,1 milhões de pessoas cada. É importante mencionar que o
processo de envelhecimento populacional do Rio de Janeiro encontra-se mais

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
22

avançado que nas demais Unidades da Federação: sua proporção de idosos na


população supera 14% (gráfico 7 e tabela 2).

GRÁFICO 7 – Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais de


idade, segundo as Unidades da Federação – 2006

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
23

TABELA 2 - População residente total e de 60 anos ou mais de idade, total e


respectiva, distribuição percentual, por grupos de idade, segundo as Grandes
Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas - 2006

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
24

No conjunto do País, constatou-se um crescimento mais acentuado do


segmento populacional de 75 anos ou mais de idade, em decorrência dos avanços
da medicina moderna. Este grupo etário representa 26,1% da população de 60 anos
ou mais, quando, em 1996, representava 23,5%. Este fenômeno da longevidade
cada vez mais significativo requer atenção especial não só do Estado, como da
sociedade e, principalmente, das famílias. Os cuidados necessários para esse grupo
etário exigem, de fato, uma série de medidas de bem-estar, além de disponibilidade
de tempo e recursos por parte dos familiares (GRÁFICO 8).

GRÁFICO 8 – Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais de


idade, segundo os grupos de idade – 1996/2006.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1996/2006.

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.

Não há dúvidas de que variáveis como: raça, cor, escolaridade, sexo, nível
econômico, moradia, questões previdenciárias, dentre outras, são importantes para
definição das políticas públicas de atenção ao idoso. De acordo com os dados
apresentados, observa-se claramente que o crescimento da população idosa se
torna um desafio tanto do ponto de vista econômico como social para governos e
sociedade, o que segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS –, se

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
25

caracteriza no surgimento de um novo paradigma em curso e que merece estudos e


políticas públicas específicas de prevenção de seus efeitos.

2.3 Teorias atuais do envelhecimento

De acordo com Shephard (2003), algumas metáforas desenvolvidas,


tanto na percepção dos cientistas quanto dos humanistas, podem facilitar as
pesquisas, esclarecer a compreensão teórica do processo de envelhecimento e
auxiliar o alcance de resultados práticos, tais como um aumento da expectativa de
vida ajustada à qualidade da mesma. Assim, apresentaremos algumas dessas
metáforas que muito contribuirão para nossa percepção acerca do envelhecimento.

Percepção Humanista:

Os humanistas frequentemente consideram o decurso da vida como uma


jornada ou um ciclo de caráter pessoal, não nitidamente percebido de duração finita,
porém desconhecida.

Para eles, os aspectos positivos do envelhecimento incluem um sentido de


satisfação, integralidade, autossignificado, sabedoria e relacionamento, porém, com
bastante frequência, a falta de trabalho após a aposentadoria leva ao narcisismo e a
uma vida com pouco significado pessoal.

Percepção dos cientistas:

Claro que a percepção do cientista, do médico contrasta com a percepção do


humanista, pois consideram o envelhecimento em termos de doença, declínio e
degeneração. Eles adotam uma abordagem positivista, ou seja, fazem perguntas
que frequentemente parecem determinadas pela tecnologia disponível.

De acordo com a visão interativa da metáfora de Black (1979) apud Shephard


(2003, p. 30): “o envelhecimento é definido como um declínio em números

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
26

mensuráveis – consumo máximo de oxigênio, força muscular, flexibilidade e


equilíbrio – em grande parte porque tais itens são fáceis de quantificar.”

Outras metáforas seriam:

O ser humano como uma peça de maquinaria em envelhecimento:


médicos e cientistas de atividade física consideram o corpo humano como uma peça
de maquinaria muito complexa. Um paralelo pode ser traçado como uma série de
relógios parcialmente interligados. Como a maioria dos relógios, o corpo humano
tende a apresentar defeitos ou exaurir-se como acontece com relógios usados em
casa, nem todos os mecanismos de tempo no corpo funcionam com a mesma
velocidade. Alguns sistemas amadurecem e envelhecem mais rapidamente do que
outros e a velocidade de operação dos mecanismos de tempo individual pode ser
ajustada por tipos específicos de tratamento.

Conforme acontece com grande parte da maquinaria do projeto humano, o


corpo humano é projetado para a durabilidade, porém ele está sujeito ao uso e
desgaste, com falha final irreversível (que os alemães chamam de
Abnutzungstheorie). Esse uso e desgaste pode levar a um erro em uma das
ferramentas da máquina que controla a montagem das proteínas corporais. O erro
não é suficiente para evitar a operação da ferramenta, porém os produtos que são
montados (enzimas e outras proteínas) não atingem um padrão apropriado de
qualidade para a função efetiva.

Críticos sociais de metáfora de máquinas e seus derivados têm orientado que


ela encoraja tanto a exploração imediata similar a dos robôs trabalhadores quanto a
rejeição destes últimos, uma vez que sua aparente utilidade como uma parte da
máquina maior da sociedade tenha passado. Da perspectiva biológica, as principais
fraquezas da metáfora das máquinas são os efeitos adversos implicados ao uso
crescente, a previsão de uma súbita e catastrófica falha do sistema e a
representação deficiente tanto dos processos normais quanto anormais.

A conclusão lógica dessa metáfora da máquina indicaria um prolongamento


da sobrevivência humana, se o corpo fosse submetido a um menor “uso e desgaste”
– por exemplo, se o número de ciclos metabólicos ou o número de batimentos
cardíacos fosse reduzido através de uma inatividade estudada.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
27

O ser humano envelhecendo como um computador: nessa metáfora o


corpo humano é comparado a uma máquina do final do século XX e como um
computador em envelhecimento.

Uma implicação filosófica imediata é que a pessoa torna-se uma caixa preta,
programada para responder uniformemente a certos sinais fornecidos. A ênfase do
computador está na velocidade do processamento automático de dados claros e,
convencionalmente, ordenados. Essa metáfora é particularmente prejudicial para a
pessoa mais velha. Ela nega o tremendo potencial inovador dos idosos, pessoas
que acumularam riquezas de experiências pessoais e, finalmente, podem aproveitar
todo esse conhecimento e torná-lo efetivo, pois escaparam das pressões
conformistas dos empregos pagos. Só que o computador envelhece, torna-se
obsoleto e, igualmente, os funcionários mais velhos, que não possuem mais as
habilidades relevantes para o local de trabalho automatizado.

Essa metáfora é perturbadora, mas muito precisa em relação à vida na


sociedade moderna.

O corpo humano em envelhecimento é como um alvo bombardeado:


nessa metáfora, o corpo humano é considerado um alvo danificado através de um
número de fontes: radiação ultravioleta e outras formas externas de radiação,
substâncias químicas reativas internamente produzidas e vírus invasores. Células
individuais recebem golpes fatais e não são mais capazes de transcrever as
proteínas com precisão. Órgãos inteiros e, consequentemente, todo o corpo morrem
por causa de uma acumulação de golpes.

Uma implicação negativa dessa metáfora é que o processo parece aleatório e


acumulativo, com pouca área para medidas preventivas. De fato, como diz Shephard
(2003), muitos dos golpes derivam de atividades humanas, tal como a criação da
poluição do ar que diminuiu a camada de ozônio e aumentou a irradiação
ultravioleta.

Senescência programada: essa metáfora considera o envelhecimento e a


morte como adaptações evolutivas que evitaram a superpopulação do mundo. A
sobrevivência prolongada após a procriação de um número suficiente de filhos
coloca uma carga excessiva em qualquer habitat determinado. A fome, portanto,

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
28

tende a eliminar variantes de uma espécie que demonstra uma longevidade


incomum. Assim, a fim de assegurar a sobrevivência das espécies, a maioria dos
mamíferos produz um número de ninhadas por um período de tempo prolongado.
Em decorrência do peso das pressões ambientais adversas, não há vantagem
evolutiva no início prematuro do envelhecimento. Ao invés disso, existe vantagem
em variantes que mantêm a saúde e o vigor até que a tarefa reprodutiva tenha sido
completada.

Falha da homeostasia: segundo Shephard (2003), o corpo humano é


projetado para funcionar em um meio interior cuidadosamente regulado. Portanto, a
capacidade para regular o ambiente interno (homeostasia) está intimamente
correlacionada às perspectivas de sobrevivência, e o envelhecimento pode ser
considerado como uma perda progressiva de adaptabilidade fisiológica ao ambiente
externo.

A pessoa idosa reage lentamente e menos efetivamente à alteração


ambiental através de uma deterioração tanto no controle quanto nos mecanismos
efetores. Do lado efetor, as reservas funcionais são progressivamente reduzidas; por
exemplo, o metabolismo de repouso é responsável por uma fração crescente do pico
de consumo de oxigênio, a diferença entre a frequência cardíaca de pico e a
frequência cardíaca de repouso diminui progressivamente, e a ventilação em
repouso torna-se responsável por uma fração até maior de esforço ventilatório
máximo.

Dessa maneira, a pessoa torna-se crescentemente vulnerável à ameaças


ambientais extremas, tais como altas temperaturas no calor ou temperaturas muito
baixas no frio, flutuações de glicose sanguínea e distúrbios circulatórios associados
ao exercício e à perda de sangue.

Enfim, essas metáforas procuram explicar o processo de envelhecimento. De


todo modo, uma característica predominante em todo ser vivo e, principalmente, nos
humanos é a probabilidade crescente tanto da morte celular quanto da morte do
organismo. A morte celular, em parte e geneticamente, pode ser controlada,
programada, mas acaba funcionando para evitar superpopulações.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
29

2.4 Consequências econômicas e sociais de uma sociedade em


processo de envelhecimento

Ao aceitarmos o fato de que a proporção de pessoas idosas aumentará


na maioria dos países nos próximos 50 anos, é necessário considerar as
consequências dessa tendência em termos de política sanitária, econômica e
alteração social.

O envelhecimento da população contribuirá, sem dúvidas, para aumentar os


custos futuros de cuidados médicos. Os tipos de tratamento necessário também
serão diferentes, havendo uma necessidade crescente de serviços preventivos e
reabilitativos que possam conter a carga de doenças crônicas. Durante o século XX,
foram desenvolvidos tratamentos efetivos para muitas condições que, anteriormente,
teriam causado a morte de uma pessoa idosa (por exemplo, o uso de antibióticos na
pneumonia pneumocócica). Isto levanta o importante tema da política sanitária.

De acordo com Shephard (2003), os padrões de doenças nos anos finais da


vida se modificaram, enquanto a pneumonia, em outros tempos, levava a uma morte
relativamente rápida, os tratamentos modernos de doenças terminais através de
repetidas diálises renais ou transfusão sanguíneas permitem períodos bastante
longos de sobrevivência de moribundos. Surgem, então, questões éticas difíceis com
respeito aos custos de tratamento avançado de suporte vital, a qualidade dos
últimos anos de vida e idades máximas.

A produtividade da força de trabalho e o número de dependentes de


trabalhadores ativos são dois determinantes importantes da saúde econômica de
qualquer sociedade.

Segundo Folmann (2009), é importante ressaltar que, embora muitos pensem


que idosos são economicamente inativos e não contribuem para o crescimento
econômico, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando
8,9 milhões de pessoas; 54,5% dos idosos chefes de família sustentam seus filhos,
segundo o Censo de 2000. A pesquisa mostrou, na época, que cerca de 20% dos
idosos aposentados continuam trabalhando, sendo 28,9%, homens, e 11,5%,
mulheres. Essas contribuições chegam a 4,5% dos postos de trabalho de todo país,
no qual 6,3% têm mais de 60 anos, e ainda 40% trabalham por conta própria.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
30

Dentre as inúmeras consequências sociais decorrentes do processo de


envelhecimento da população, algumas merecem ser analisadas com dedicação,
principalmente porque possuem particular relevância para os programas de exercício
e condicionamento físico. Dentre elas, os contatos sociais, as estruturas sociais, a
importância potencial de manter um estilo de vida ativo, melhoria da saúde física e
mental, a prevenção de doenças crônicas e a conservação da função.

A prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis é bastante expressiva


entre os idosos, e entre as consequências dessa prevalência destacam-se: o maior
tempo de permanência hospitalar, a recuperação mais lenta e uma maior frequência
de reinternações e de invalidez. Todos esses fatos determinam custos mais
elevados dos tratamentos de saúde dessa população em relação às demais faixas
etárias.

De acordo com Veras (2001), a cronicidade das doenças mais prevalentes


entre os idosos deve ser levada em consideração quando da organização dos
serviços de saúde. Acrescente-se a este fato que os problemas de saúde dos
idosos, além de serem de longa duração, exigem pessoal qualificado, equipe
multidisciplinar, equipamentos e exames complexos e de alto custo.

Para Chaimowicz (1997), as questões da capacidade funcional e a


autonomia do idoso podem ser mais importantes que a própria questão da
morbidade, pois se relacionam diretamente à qualidade de vida. Inquérito domiciliar
realizado em 1990, na grande São Paulo, mostrou proporção crescente, de acordo
com o aumento da idade de indivíduos que necessitavam de auxílio para realização
de atividades da vida diária, tais como se transferir da cama para o sofá, vestir-se,
alimentar-se ou cuidar da própria higiene. Em adição, a proporção de indivíduos que
apresentam deficiência física e – provavelmente gozam de menor grau de autonomia
– também aumenta de acordo com a idade.

Segundo o mesmo autor, citado anteriormente, existem duas linhas de ação


que podem minimizar o impacto do envelhecimento populacional sobre o sistema de
saúde e assistência social:

a) o incremento na capacidade dos sistemas de apoio formal e informal ao


idoso; e

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
31

b) a redução da demanda, ou compressão da morbidade.

A crescente necessidade de assistência e tratamento de uma população que


envelhece exige políticas adequadas. A falta desse tipo de políticas pode causar
importantes aumentos dos custos. As políticas que propiciam a saúde durante toda a
vida, inclusive as de promoção da saúde e de prevenção de doenças, a tecnologia
de assistência, os cuidados para a reabilitação, quando indicados, os serviços de
saúde mental, a promoção dos modos de vida saudáveis e ambientes propícios,
podem reduzir os níveis de incapacidade associados à velhice e permitir obter
economias orçamentárias.

A saúde de uma população, nítida expressão das suas condições concretas


de existência, é resultante, entre outras coisas, da forma como é estabelecida a
relação entre o Estado e a sociedade. A ação do Estado, no sentido de proporcionar
qualidade de vida aos cidadãos, é feita por intermédio das Políticas Públicas e,
dentre as políticas voltadas para a proteção social, estão as Políticas de Saúde.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
32

UNIDADE 3 - A GESTÃO PÚBLICA VOLTADA PARA A


PESSOA IDOSA

Foi somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que a


população brasileira ganhou o direito universal e integral à saúde, reafirmado com a
criação do Sistema Único de Saúde por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90.

A regulamentação do SUS estabelece princípios e direciona a implantação de


um modelo de atenção à saúde que prioriza a descentralização, a universalidade, a
integralidade da atenção, a equidade e o controle social, ao mesmo tempo em que
incorpora, em sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar o acesso
das demandas populacionais aos serviços de saúde.

De acordo com Brasil (1994), com o objetivo de reorganizar a prática


assistencial, foi criado em 1994, pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da
Família (PSF), tornando-se a estratégia setorial de reordenação do modelo de
atenção à saúde, como eixo estruturante para reorganização da prática assistencial,
imprimindo nova dinâmica nos serviços de saúde e estabelecendo uma relação de
vínculo com a comunidade, humanizando esta prática direcionada à vigilância na
saúde, na perspectiva da intersetorialidade, denominando-se não mais programa e
sim Estratégia Saúde da Família (ESF).

Conforme a Lei nº 8.842/94 e o Decreto nº 1.948/96, concomitante à


regulamentação do SUS, o Brasil organiza-se para responder às crescentes
demandas de sua população que envelhece. A Política Nacional do Idoso,
promulgada, em 1994, e regulamentada, em 1996, assegura direitos sociais à
pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis
de atendimento do SUS.

Segundo Brasil (1999), a Portaria Ministerial nº 1.395 anuncia, em 1999, a


Política Nacional de Saúde do Idoso, a qual determina que os órgãos e entidades do
Ministério da Saúde, relacionados ao tema, promovam a elaboração ou a
readequação de planos, projetos e atividades na conformidade das diretrizes e

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
33

responsabilidades nela estabelecidas. Essa política assume que o principal


problema que pode afetar o idoso é a perda de sua capacidade funcional, isto é, a
perda das habilidades físicas e mentais necessárias para realização de atividades
básicas e instrumentais da vida diária.

Segundo a Portaria nº 249/SAS/MS, de 2002, é proposta, em 2002, a


organização e a implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso
(Portaria nº 702/SAS/MS, de 2002), tendo como base as condições de gestão e a
divisão de responsabilidades definida pela Norma Operacional de Assistência à
Saúde (NOAS). Como parte de operacionalização das redes, são criadas as normas
para cadastramento de Centros de Referência em Atenção à Saúde do Idoso.

Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República


sanciona o Estatuto do Idoso, elaborado com intensa participação de entidades de
defesa dos interesses dos idosos. O Estatuto do Idoso amplia a resposta do Estado
e da sociedade às necessidades da população idosa, mas não traz consigo meios
para financiar as ações propostas. O Capítulo IV do Estatuto reza especificamente
sobre o papel do SUS na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma
integral, em todos os níveis de atenção.

Assim, embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população


idosa seja bastante avançada, a prática ainda é insatisfatória. A vigência do Estatuto
do Idoso e seu uso como instrumento para a conquista de direitos dos idosos, a
ampliação da Estratégia Saúde da Família que revela a presença de idosos e
famílias frágeis e em situação de grande vulnerabilidade social e a inserção ainda
incipiente das Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso tornaram imperiosa
a readequação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI).

3.1 Políticas públicas

De acordo com Brasil (2005), partindo do entendimento que o envelhecimento


da população é um fenômeno global, exige-se ação local, regional, nacional e
internacional. Em um mundo cada vez mais interligado, a omissão para lidar, de um
modo sensato e em qualquer parte do mundo, com o imperativo demográfico e as

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
34

mudanças rápidas nos padrões de doenças, terá consequências políticas e


socioeconômicas em todos os lugares.

A estrutura política destinada ao envelhecimento ativo, apresentada abaixo,


baseia-se nos Princípios das Nações Unidas para Idosos, ou seja, independência,
participação, assistência, autorrealização e dignidade. As decisões fundamentam-se
na interpretação de como os fatores determinantes do envelhecimento populações e
os indivíduos envelhecem.

A estrutura dessa política requer ações em três pilares básicos:

 Saúde
Quando os fatores de risco (comportamentais e ambientais) de doenças
crônicas e de declínio funcional são mantidos baixos, e os fatores de proteção,
elevados, as pessoas desfrutam maior quantidade e maior qualidade de vida,
permanecem sadias e capazes de cuidar de sua própria vida à medida que
envelhecem, e poucos idosos precisam constantemente de tratamentos médicos e
serviços assistenciais onerosos. Aqueles que realmente precisam de assistência
devem ter acesso a toda uma gama de serviços sociais e de saúde que atendam às
necessidades e aos direitos de homens e mulheres em processo de envelhecimento.

 Participação
Quando o mercado de trabalho, o emprego, a educação, as políticas sociais e
de saúde e os programas apóiam a participação integral em atividades
socioeconômicas, culturais e espirituais, conforme seus direitos humanos
fundamentais, capacidades, necessidades e preferências, os indivíduos continuam a
contribuir para a sociedade com atividades remuneradas e não remuneradas
enquanto envelhecem.

 Segurança
Quando as políticas e os programas abordam as necessidades e os direitos
dos idosos à segurança social, física e financeira, ficam asseguradas a proteção,
dignidade e assistência aos mais velhos que não podem mais se sustentar e

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
35

proteger. As famílias e as comunidades são auxiliadas nos cuidados aos seus


membros mais velhos.

Segundo Yach (1996) apud Brasil (2005), as ações têm que ser intersetoriais,
enfatizando a importância de diferentes e numerosos parceiros da saúde pública e
reforçando o papel do setor saúde como um catalisador para a ação.

São diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e do Pacto da


Saúde:

 Promoção do envelhecimento ativo e saudável;


 Manutenção e recuperação da capacidade funcional;
 Atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;
 Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção;
 Implantação de serviços de atenção domiciliar;
 Acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado o critério de risco;
 Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde
da pessoa idosa;
 Estímulo à participação e fortalecimento do controle social;
 Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na
área de saúde da pessoa idosa;
 Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
para profissionais de saúde, gestores e usuários;
 Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na
atenção à saúde da pessoa idosa;
 Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

3.2 Programas

Segundo Silvestre e Costa Neto (2003), no contexto da Estratégia de Saúde


da Família, destaca-se o trabalho dos profissionais de saúde voltado para a
assistência integral e contínua de todos os membros das famílias vinculadas à
Unidade Básica de Saúde (UBS), em cada uma das fases de seu ciclo de vida, sem
perder de vista o seu contexto familiar e social. Cabe a atenção do profissional à
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
36

mudança do perfil populacional em sua área de abrangência, com o aumento


progressivo da população idosa, fruto da queda da fecundidade e redução da
mortalidade em todos grupos etários. A ele é requerida também uma atenção
especial ao idoso e uma participação ativa na melhoria de sua qualidade de vida,
abordando-o, como apregoa a Estratégia em destaque, com medidas promocionais
de proteção específica, de identificação precoce de seus agravos mais frequentes e
sua intervenção, bem como, com medidas de reabilitação voltadas a evitar a sua
apartação do convívio familiar e social.

Assim sendo, a Estratégia de Saúde da Família, de acordo com seus


princípios básicos referentes à população idosa, aponta para a abordagem das
mudanças físicas consideradas normais e identificação precoce de suas alterações
patológicas. Destaca, ainda, a importância de se alertar a comunidade sobre os
fatores de risco a que as pessoas idosas estão expostas, no domicílio e fora dele,
bem como de serem identificadas formas de intervenção para sua eliminação ou
minimização, sempre em parceria com o próprio grupo de idosos e os membros de
sua família. Os profissionais que atuam na atenção básica devem ter de modo claro
a importância da manutenção do idoso na rotina familiar e na vida em comunidade
como fatores fundamentais para a manutenção de seu equilíbrio físico e mental.

Visualizar e defender como fundamental a presença da pessoa idosa na


família e na sociedade de forma alegre, participativa e construtiva é uma das
importantes missões daqueles que abraçaram a proposta da atenção básica
resolutiva, integral e humanizada. Não devem aceitar apenas a longevidade do ser
humano como a principal conquista da humanidade contemporânea, mas que esse
ser humano tenha garantida uma vida com qualidade, felicidade e ativa participação
em seu meio. As "coisas da idade" não devem ser vistas como uma determinação,
mas, sim, como uma possibilidade.

De acordo com Brasil (2006), como destaca o primeiro Caderno de Atenção


Básica voltado para a atenção à pessoa idosa editado pelo Departamento de
Atenção Básica do MS: “a equipe de saúde precisa estar sempre atenta à pessoa
idosa, na constante atenção ao seu bem-estar, à sua rotina funcional e à sua

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
37

inserção familiar e social, jamais a deixando à margem de seu contexto, mantendo-a


o mais independente possível no desempenho de suas atividades rotineiras”.

3.3 As atribuições dos profissionais de saúde no atendimento à


pessoa idosa – atenção básica

Na atenção básica, a equipe atuante é ou deveria ser multiprofissional,


composta por enfermeiro, médico, agente comunitário de saúde, auxiliar ou técnico
de enfermagem, dentista, técnico de higiene dental e auxiliar de consultório dentário.
Algumas das atribuições são comuns a toda a equipe e outras habilidades e
competências são específicas de cada área como será exposto abaixo.

Atribuições comuns da equipe:

 Conhecimento da realidade das famílias pelas quais são responsáveis, com


ênfase nas suas características sociais, econômicas, culturais, demográficas
e epidemiológicas;
 Identificação dos problemas de saúde e situações de risco mais comuns aos
quais o idoso está exposto, e a elaboração de um plano local para o
enfrentamento dos mesmos;
 Execução, de acordo com a formação e qualificação de cada profissional, dos
procedimentos de vigilância à saúde da pessoa idosa;
 Valorização das relações com a pessoa idosa e sua família, para a criação de
vínculo de confiança, de afeto e de respeito;
 A realização de visitas domiciliares, de acordo com o planejado;
 Prestação de assistência integral à população idosa, respondendo às suas
reais necessidades de forma contínua e racionalizada;
 Garantia de acesso ao tratamento dentro de um sistema de referência e
contra-referência para aqueles com problemas mais complexos ou que
necessitem de internação hospitalar;
 Coordenação e participação e/ou organização de grupos de educação para a
saúde;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
38

 Promoção de ações intersetoriais e de parcerias com organizações formais e


informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos
problemas identificados na população idosa, além da fomentação da
participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de cidadania,
de direitos à saúde e suas bases legais.

Competências e habilidades requeridas ao médico e/ou enfermeiro:

Podem ser destacadas as seguintes competências e correspondentes


habilidades requeridas, no que diz respeito à saúde do idoso no nível da atenção
básica:

• Promoção da saúde do idoso – capacidade de identificar os fatores


determinantes da qualidade de vida da pessoa idosa, em seu contexto familiar e
social, bem como compreender o sentido da responsabilização compartilhada como
base para o desenvolvimento das ações que contribuem para o alcance de uma vida
saudável. Aqui temos as seguintes habilidades requeridas ao médico e ao
enfermeiro:

a) Compreender o significado da promoção à saúde da pessoa idosa e sua


relação com os fatores determinantes da qualidade de vida (sociais, políticos,
econômicos, ambientais, culturais e individuais);

b) Compreender a influência da família, da comunidade, das instituições e dos


valores culturais e sociais no processo permanente de manutenção funcional e da
autonomia do idoso;

c) Estimular a iniciativa, a organização e a participação da comunidade em


atividades inter-relacionadas em prol da qualidade de vida das pessoas idosas;

d) Compreender o envelhecimento como um processo essencialmente


benigno, não patológico, sem perder de vista, entretanto, que o estresse de agravos
físicos, emocionais e sociais, com o aumento da idade, representa uma efetiva e
progressiva ameaça para o equilíbrio dinâmico do indivíduo, ou seja, sua saúde;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
39

e) Compreender as diferenças entre o que se pode considerar como


envelhecimento normal, com suas limitações fisiológicas gradativas, e as
características patológicas que podem instalar-se durante esse processo;

f) Identificar possíveis fatores de risco à saúde do idoso, assim como os


sintomas claros ou não específicos de qualquer alteração física ou mental;

g) Identificar ações de promoção à saúde da pessoa idosa, desenvolvidas


pelos setores governamentais e não governamentais, na área de abrangência da
UBS;

h) Estabelecer parcerias, visando ao desenvolvimento do trabalho intersetorial


(escolas, clubes, igrejas, associações e outros);

i) Gerar, reproduzir e disseminar informações relativas ao desenvolvimento


integral da pessoa idosa para que a população seja informada e possa participar
ativamente do processo de forma integral e abrangente;

j) Desenvolver ações que visem à melhoria das práticas sanitárias no


domicílio, bem como a vigilância à saúde do idoso;

k) Entender a atenção básica à saúde do idoso enquanto processo


eminentemente educativo, uma vez que se baseia no estímulo e apoio para que eles
se mantenham, o máximo possível, no controle de sua saúde e de sua vida;

l) Estimular a organização de grupos de idosos para discussão e troca de


experiências relativas à sua saúde e como melhorar a qualidade de vida, mantendo-
se participante ativo em sua comunidade;

m) Construir coletivamente um saber direcionado às práticas de educação em


saúde do idoso que integre a participação popular no serviço de saúde e ao mesmo
tempo aprofunde a intervenção da ciência na vida cotidiana das famílias e da
sociedade;

n) Realizar o diagnóstico das condições de vida e de saúde da família e da


comunidade na qual a pessoa idosa está inserida mediante as informações do
cadastro das famílias;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
40

o) Estimar e caracterizar a população de idosos da área de abrangência da


equipe de saúde, na perspectiva de enfoque de risco;

p) Identificar as doenças prevalentes da população idosa na área de


abrangência do trabalho da equipe, bem como seus determinantes;

q) Acompanhar e avaliar permanentemente o impacto das ações sobre a


realidade inicialmente diagnosticada das condições de vida e de saúde da pessoa
idosa, na perspectiva de se atingir a situação desejada, pela identificação e
desenvolvimento de indicadores de avaliação de processo e de resultado em relação
às ações desenvolvidas;

r) Identificar métodos e técnicas de ensino-aprendizagem mais adequados à


capacitação de pessoas da comunidade que lidam com práticas de cuidado às
pessoas idosas.

• Prevenção e monitoramento das doenças prevalentes na população idosa –


capacidade para desenvolver ações de caráter individual e coletiva, visando à
prevenção específica e o monitoramento das doenças prevalentes na população
idosa. Neste contexto, as habilidades requeridas ao médico e ao enfermeiro são:

a) Conhecer as condições de vida e de saúde da pessoa idosa em seu


contexto familiar na área adstrita à unidade de saúde (aspectos demográficos, perfil
de morbi-mortalidade mortalidade por causa específica, maltrato e abandono renda
e pobreza, trabalho);

b) Desenvolvimento de ações de caráter coletivo voltadas à prevenção


individual e coletiva com base nos fatores de risco universais à saúde da população
idosa;

c) Associar aos fatores de risco universais a outros que podem adquirir pesos
variáveis de acordo com a realidade da área de abrangência da equipe de saúde;

d) Orientar as pessoas idosas, seus familiares, seus cuidadores e a


comunidade acerca de medidas que reduzam ou previnam os riscos à saúde da
pessoa idosa;

e) Identificar as condições do meio ambiente físico, social e domiciliar que


constituem risco para a saúde da pessoa idosa.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
41

• Identificação de agravos e recuperação da saúde no idoso – capacidade


para desenvolver ações de caráter individual e coletiva, visando à prevenção
específica, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos principais problemas
da pessoa idosa.

a) Habilidades requeridas ao médico e ao enfermeiro:

1) Ensinar ao idoso, aos familiares e/ou ao cuidador a administração de


medicamentos em casa, a utilização de tratamento sintomático e a detecção de
sinais e/ou sintomas que requeiram retorno imediato à unidade de saúde;

2) Aconselhar ao idoso, aos familiares e/ou ao cuidador a alimentação


apropriada à pessoa idosa doente e sobre quando retornar à unidade de saúde;

3) Identificar grupos específicos e traçar estratégias para a redução de danos


no idoso com deficiência física ou mental, com desnutrição e vítima de violência
intrafamiliar.

b) Habilidades específicas do médico:

1) Realizar consulta médica para avaliação dos fatores de risco, confirmação


diagnóstica e identificação de processos terapêuticos específicos referentes aos
transtornos físicos e mentais prevalentes na população idosa;

2) Avaliar a pessoa idosa, classificando-a segundo o risco, em relação aos


problemas típicos de sua idade, imobilidade, instabilidade postural, incontinência,
insuficiência cerebral e iatrogenia, bem como empregar terapêuticas específicas;

3) Realizar consulta médica com vistas a identificar possíveis causas


orgânicas ou causas psicossociais com os idosos que apresentam problemas de
relacionamento;

4) Explicar à pessoa idosa, aos familiares e/ou aos cuidadores os aspectos


referentes ao tratamento não medicamentoso e medicamentoso específicos de cada
agravo;

5) Usar tratamento não medicamentoso e medicamentoso de acordo com a


necessidade;

6) Acompanhar o idoso doente, na unidade ou no domicílio, até a sua cura;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
42

7) Realizar atendimentos de primeiros cuidados nos casos de urgência


geriátrica;

8) Encaminhar o idoso refratário aos tratamentos convencionais ou com


doenças não compatíveis com a complexidade da UBS para unidades
especializadas de referência;

9) Acompanhar a evolução de pessoas idosas que foram encaminhadas a


outros serviços até sua total recuperação e/ou reabilitação.

c) Habilidades específicas do enfermeiro:

1) Programar visitas domiciliares ao idoso em situação de risco ou


pertencente a grupos de risco e por solicitação dos Agentes Comunitários de Saúde
(ACS);

2) Realizar assistência domiciliar da pessoa idosa quando as condições


clínicas e familiares da mesma permitirem ou assim o exigirem;

3) Supervisionar e desenvolver ações para capacitação dos ACS e de


auxiliares de enfermagem visando ao desempenho de suas funções na atenção
integral à pessoa idosa.

Parecem atribuições repetitivas, mas se observarem com atenção, existem


detalhes pertinentes a cada componente da equipe da UBS.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
43

UNIDADE 4 - CONSEQUÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO


PARA O CORPO HUMANO

Uma vez que já discorremos sobre algumas teorias do envelhecimento, sobre


as consequências econômicas e sociais e as políticas públicas voltadas para o
idoso, agora vamos nos ater a analisar o impacto do envelhecimento sobre alguns
dos principais sistemas fisiológicos do corpo. Um dos focos será a capacidade
contínua desses sistemas para reagir aos distúrbios agudos da homeostasia
induzidos por um período de atividade física intenso, isto porque as alterações
biológicas relacionadas à idade podem ser examinadas usando dados transversais
ou longitudinais.

Em relação aos dados transversais, podemos inferir de imediato que é difícil


obtê-los uma vez que a proporção de indivíduos que se voluntariam para pesquisas
transversais de aptidão física geralmente diminui com a idade. E também porque,
geralmente, os participantes de pesquisa são retirados de uma camada superior do
espectro socioeconômico: pessoas que tiveram uma exposição abaixo da média a
poluentes ambientais, seja no trabalho ou no seu ambiente doméstico. Por essas
razões os dados transversais subestimam a perda de função média relacionada à
idade dentro de uma população.

Quanto as pesquisas longitudinais, várias delas tem acompanhado as


características de uma população circunscrita e estável por 20 anos ou mais, porém,
o ritmo de envelhecimento é inversamente proporcional à duração dos estudos. A
escolha de duração e tamanho da amostra também é complicado, porque ao longo
delas ocorrem desistências e exclusão da população em decorrência de doenças e
os que se inscrevem nessas pesquisas, geralmente, possuem um interesse acima
da média em saúde e muitas vezes apresentam excelente estado de
condicionamento físico, muitas não fumam, não bebem, o que leva a distorções nos
estudos, por outro lado, se a pesquisa for determinada para muitos anos, os
recrutados podem ter no início da pesquisa excelente saúde e com o passar do

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
44

tempo as alterações na atividade podem exagerar a influência nos resultados da


idade sobre a função biológica.

Como se observa, tanto os estudos transversais como os longitudinais são


passíveis de desvios exagerados que podem comprometer os resultados da
pesquisas voltadas para o idoso.

É óbvio que a atividade física habitual da população diminui com o


envelhecimento e mesmo que o idoso continue a participar de algum tipo de esporte,
as sessões de treinamento e o tempo despendido são mais curtos e menos intensas
do que quando ele era jovem. O acúmulo de gordura corporal em torno de 5 a 10 kg
ao longo da vida é outro problema que diminui sua capacidade aeróbica e a força
muscular quando os dados são avaliados por unidade de massa corporal.

Em sociedades desenvolvidas, alterações seculares, tais como o fato comum


de possuir automóvel, o acesso universal à televisão e mesmo a automatização das
fábricas reduziu substancialmente os gastos energéticos diários em todos os grupos
etários, principalmente nos últimos 60 anos. Esse exemplo nos mostra que se o
ritmo de envelhecimento for calculado a partir de uma pesquisa transversal, os
grupos mais velhos tiveram um estilo de vida fisicamente mais ativo na maior parte
de suas vidas do que os grupos que são mais jovens. Esse fato, por sua vez, pode
modificar o nível de deterioração de função biológica relativamente a valores que
seriam encontrados se um estudo longitudinal fosse iniciado na geração atual de
adultos jovens.

Em estudos longitudinais, o estilo de vida de muitos dos participantes alterou-


se ao longo do tempo. As perdas de condições físicas que são observadas em razão
do envelhecimento de tais indivíduos tendem a ser maiores do que o que seria
observado caso o indivíduo mantivesse um estilo de vida consistentemente ativo
durante o ciclo vital adulto.

Em relação ao corpo físico, o envelhecimento é associado a uma diminuição


progressiva na altura em posição ereta. A maioria das pessoas também demonstra
um aumento no conteúdo de gordura corporal e uma diminuição na massa magra
dos tecidos. Há uma progressiva atrofia dos músculos esqueléticos, uma perda de
minerais ósseos e, frequentemente, uma restrição da mobilidade das articulações.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
45

O acúmulo de gordura geralmente tem um impacto adverso sobre a saúde de


uma pessoa, embora a massa corporal ideal para sobrevivência seja, de certa forma,
maior nos idosos do que em uma pessoa jovem. A massa corporal total é
amplamente usada para fornecer um índice simples de obesidade, mas se for
expressa em função da altura, o valor médio para a população geralmente reflete o
grau de gordura dessa população. No entanto, não é um índice muito útil para
avaliar a obesidade de um indivíduo, visto que o escore pode ser distorcido para um
menor valor em razão da perda muscular ou a uma perda geral de minerais ósseos e
distorcido para um valor maior por uma musculatura bem desenvolvida ou um
decréscimo na estatura, como também por um aumento no conteúdo de gordura
corporal.

Em relação aos ossos, há uma concordância geral de que a senescência está


associada a uma perda progressiva tanto de minerais quanto da matriz dos ossos. A
osteoporose implica em uma baixa massa óssea e uma deterioração
microarquitetural associada no tecido ósseo, predispondo a mulher durante o
período da perimenopausa, a fraturas por compressão das vértebras e fraturas dos
pulsos em quedas e ambos, do sexo feminino e masculino, há uma perda
progressiva tanto do osso trabecular quanto do osso compacto, predispondo a
fratura de quadril.

Artrite e osteoartrite são dois outros problemas que acometem os idosos,


levando-os a uma limitação moderada ou grave das atividades diárias. Os problemas
funcionais mais comuns da artrite articular são um enrijecimento (solidificação) após
um período de imobilidade e (no joelho) uma perda de estabilidade, porque a
articulação não pode ser travada em extensão total.

Lesões de tendão e ligamentos: a perda da elasticidade tanto no colágeno


quanto no osso faz com que luxações, deslocamentos e ruptura de tendões sejam
complicações frequentes de atividades excessivamente intensas ou não habituais
nos idosos.

Como ocorre com outros tecidos, é muito difícil traçar linhas divisórias entre o
envelhecimento cardiovascular normal, os efeitos de decréscimos na atividade física
habitual relacionados à idade e a patologia que se desenvolve à medida que os anos

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
46

passam. Em parte por causa de pressões sistólicas aumentadas e em parte por


causa do aumento no volume diastólico final, a espessura da parede ventricular
esquerda e a massa ventricular são maiores em um idoso do que em uma pessoa
mais jovem.

Uma perda progressiva de elasticidade nas grandes artérias induz a um


aumento de pressão arterial sistêmica, uma alteração na forma da onda de pulsação
arterial e um aumento de pressão contra a qual o ventrículo deve esvaziar-se. A
capacidade do sistema venoso também é aumentada por uma redução progressiva
no tônus venoso e pelo desenvolvimento de numerosas varicosidades.

Em relação ao sistema respiratório, os músculos esqueléticos, como um todo,


sofrem extensas perdas à medida que o envelhecimento se desenvolve. O
envelhecimento provoca, também, alterações anatômicas na caixa torácica,
brônquios e veias pulmonares com consequências adversas para a função
respiratória.

A troca de gases por meio de uma má distribuição de gás inspirado, com uma
piora de ventilação alveolar e difusão pulmonar e um aumento nas variações de
pressão alveolar-arterial também se constituem problemas de envelhecimento.

Alterações na função do trato gastrointestinal, do fígado e dos rins


relacionadas à idade têm importantes implicações para as reservas energéticas,
para a síntese de tecido magro e para a manutenção do equilíbrio nutricional e dos
fluidos durante o exercício.

O envelhecimento do sistema nervoso central tem sido exaustivamente


estudado, principalmente no contexto da atividade física. Podemos fazer a seguinte
divisão em se tratando de sistema nervoso: função cerebral global, visão, audição e
outros sentidos.

Os distúrbios da função global cerebral na pessoa idosa são demonstrados


através de alterações da atividade elétrica, por declínios na memória, cognição e
capacidade de aprendizado e por distúrbios nos padrões no sono.

A memória de curta duração e o armazenamento sensorial em curto prazo


desenvolvem progressivamente maiores deficiências à medida que a idade aumenta.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
47

O ritmo de aprendizado torna-se mais lento em uma pessoa idosa e uma


abordagem mais simples leva a uma redução no aprendizado dos elementos
periféricos de uma tarefa. Um bom exemplo a ser usado para mostrar a extensa
perda funcional diz respeito aos jogadores de xadrez. Estes atingem o seu máximo
por volta dos 35 anos de idade.

Com relação ao sono, o envelhecimento leva a alterações tanto subjetivas


quanto objetivas. As pessoas idosas levam muito tempo para adormecer, passam
menos tempo dormindo, tem sono leve, levantam-se mais facilmente que outros
indivíduos, mas a qualidade do seu sono pode ser melhorada aumentando os
esforços físicos durante o dia.

A visão do idoso deteriora-se progressivamente, havendo redução do seu


campo visual (causada em partes por fatores mecânicos), dificuldade de focalizar
objetos próximos, diminuindo também a acuidade visual. No tocante, a redução do
campo visual, o abaixamento da pálpebra superior restringe a visão na direção
superior, enquanto a perda de gordura da parte anterior da bolsa visual provoca uma
pupila diminuída, limitando a visão em todas as direções.

Frequentemente, uma pessoa idosa tem uma capacidade mais deficiente para
compreender a fala do que aquilo que poderia ser inferido a partir da pura
audiometria de tons, o que leva o idoso ao afastamento de todos os tipos de eventos
sociais, incluindo aqueles que desenvolvem atividade física.

De acordo com Shephard (2003), em relação a outros órgãos sensoriais, há


diminuição no número de receptores de tato, deteriorando sua sensibilidade ao
toque leve, diminuição também da sensibilidade dos receptores que reagem ao calor
e ao frio. Por outro lado, o limiar da dor permanece inalterado, pelo menos nos
idosos saudáveis.

Outro problema muito sério relaciona-se com o enfraquecimento dos sistemas


de controle neurais e controles hormonais limitando a capacidade do idoso a reagir
tanto às tensões externas quanto internas.

No contexto da atividade física intensa, os hormônios fazem contribuições


particularmente importantes a:

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
48

1. Regulação dos volumes dos fluidos em circulação e do desempenho


cardiovascular em ambientes quentes;
2. Mobilização de substratos para o exercício (manutenção da glicose
sanguínea, liberação de gordura e quebra de proteínas);
3. O reparo de estruturas corporais com a síntese de novas proteínas
(anabolismo) em razão a um padrão apropriado de treinamento.

Por fim, o envelhecimento do sistema endócrino prejudica a manutenção do


meio interno durante atividades prolongadas e uma deterioração nos vários
componentes do sistema imunológico pode limitar os processos de reparo que se
seguem a sessões de exercício intenso.

Os dois quadros abaixo apresentam de forma resumida fatores intrínsecos e


extrínsecos que fazem parte do processo de envelhecimento sobre os quais
devemos refletir e observar com bastante atenção quando do trato ao idoso,
principalmente quando pensarmos nas quedas sofridas por eles que trazem
inúmeras consequências graves e se tornam crônicas ao longo dos anos.

Os fatores intrínsecos são as alterações fisiológicas e os fatores extrínsecos


relacionam-se com as quedas que ocorrem em casa, sendo que as pessoas que
vivem sozinhas apresentam risco aumentado. Fatores ambientais podem ter um
papel importante em até metade de todas as quedas.

FATORES INTRÍNSECOS

 Diminuição da visão (redução da percepção de distância e visão periférica


e adaptação ao escuro);
 Diminuição da audição (não ouve sinais de alarme);
 Distúrbios vestibulares (infecção ou cirurgia prévia do ouvido, vertigem
posicional benigna);
 Distúrbios proprioceptivos – há diminuição das informações sobre a base
de sustentação – sendo os mais comuns, a neuropatia periférica e as
patologias degenerativas da coluna cervical;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
49

 Aumento do tempo de reação às situações de perigo;


 Diminuição da sensibilidade dos baroreceptores à hipotensão postural;
 Distúrbios músculo-esqueléticos: degenerações articulares (com limitação
da amplitude dos movimentos), fraqueza muscular (diminuição da massa
muscular);
 Sedentarismo;
 Deformidades dos pés.
Fonte: Pereira et al (2001).

FATORES EXTRÍNSECOS

 Iluminação inadequada;
 Superfícies escorregadias;
 Tapetes soltos ou com dobras;
 Degraus altos ou estreitos;
 Obstáculos no caminho (móveis baixos, pequenos objetos, fios);
 Ausência de corrimãos em corredores e banheiros;
 Prateleiras excessivamente baixas ou elevadas;
 Calçados inadequados e/ou patologias dos pés;
 Maus-tratos;
 Roupas excessivamente compridas;
 Via pública mal conservada com buracos ou irregularidades.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
50

UNIDADE 5 - PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO PARA UM


ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

Sobre a qualidade de vida ou sobrevida dos idosos, em termos de saúde, de


acordo com Camarano (2002), pode-se inferir que existem doenças crônicas que,
antes de representar um risco de vida, constituem uma ameaça à autonomia e
independência do indivíduo. Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), em
1984, estimam que numa sociedade na qual 75% dos indivíduos sobrevivem aos 70
anos, cerca de 1/3 deles serão portadores de doenças crônicas e pelo menos 20%
terão algum grau de incapacidade associada. Essa constatação leva à preocupação
imediata com o aumento da demanda por serviços de saúde e os custos que isto
acarreta. Espera-se que o aumento na duração da vida seja acompanhado por uma
compressão da morbidade em todas as faixas etárias, o que se traduziria em uma
vida mais longa e de melhor qualidade para um maior número de idosos.

Segundo Brasil (2006), instrumentos gerenciais baseados em levantamento


de dados sobre a capacidade funcional (inventários funcionais) e sócio-familiares da
pessoa idosa deverão ser implementados pelos gestores municipais e estaduais do
SUS, para que haja a participação de profissionais de saúde e usuários na
construção de planos locais de ações para enfrentamento das dificuldades inerentes
à complexidade de saúde da pessoa idosa. Incorporação, na atenção básica, de
mecanismos que promovam a melhoria da qualidade e aumento da resolutividade da
atenção à pessoa idosa, com envolvimento dos profissionais da atenção básica e
das equipes de Saúde da Família, incluindo a atenção domiciliar e ambulatorial, com
incentivo à utilização de instrumentos técnicos validados, como de avaliação
funcional e psicossocial.

As falas acima nos mostram que a prática de cuidados às pessoas idosas


exige abordagem global, interdisciplinar e multidimensional, que leve em conta a
grande interação entre os fatores físicos, psicológicos e sociais que influenciam a
saúde dos idosos e a importância do ambiente no qual está inserido. A abordagem
também precisa ser flexível e adaptável às necessidades de uma clientela

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
51

específica. A identificação e o reconhecimento da rede de suporte social e de suas


necessidades também faz parte da avaliação sistemática, objetivando prevenir e
detectar precocemente o cansaço das pessoas que cuidam. As intervenções devem
ser feitas e orientadas com vistas à promoção da autonomia e independência da
pessoa idosa, estimulando-a para o autocuidado. Grupos de autoajuda entre as
pessoas que cuidam devem ser estimulados.

Segundo Brasil (2006), uma abordagem preventiva e uma intervenção


precoce são sempre preferíveis às intervenções curativas tardias. Para tanto, é
necessária a vigilância de todos os membros da equipe de saúde, a aplicação de
instrumentos de avaliação e de testes de triagem, para detecção de distúrbios
cognitivos, visuais, de mobilidade, de audição, de depressão e do comprometimento
precoce da funcionalidade, dentre outros.

Para Brasil (2006), o modelo de atenção à saúde baseado na assistência


médica individual não se mostra eficaz na prevenção, educação e intervenção, em
questões sociais, ficando muitas vezes restritas às complicações advindas de
afecções crônicas. A cada etapa de intervenção, os profissionais deverão considerar
os anseios do idoso e de sua família. Pressupondo-se troca de informações e
negociação das expectativas de cada um, levando-se em consideração elementos
históricos do paciente, seus recursos individuais e sociais e aqueles da rede de
suporte social disponível no local.

Outras intervenções, apontadas na literatura, conforme Carvalho (2000) e que


se mostram importantes são citadas abaixo:

 Traçar um programa de exercícios de baixa intensidade, que é eficaz na


redução do comportamento anormal e na prevenção do declínio das funções
motoras entre pacientes com DTA moderada;
 Fisioterapia, programa de exercícios e caminhadas diárias de pelo menos
alguns minutos, acompanhados por um familiar ou cuidador, podem aumentar
a força muscular e agilidade, melhorar marcha, ou simplesmente retardar o
declínio intenso, quando este é inevitável;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
52

 Tratar os distúrbios clínicos e psiquiátricos concomitantes, adotar cuidados


ambientais e, quando possível, colocar um acompanhante. (ROCHA &
CUNHA, 1994);
 Adotar estratégias que previnam reações tóxicas aos remédios. Sedativos,
hipnóticos, anti-hipertensivos e a maioria dos tranquilizantes, são os que mais
comumente causam debilidade cognitiva. E sempre que possível, reduzir o
número e a dosagem dos medicamentos consumidos;
 Tratar das doenças concomitantes à demência, como, por exemplo,
problemas visuais;
 Enfatizar a importância do uso de óculos, se eles foram prescritos;
 Colocar um piso amortecedor e antiderrapante, boa iluminação, barras no
banheiro, escadas com corrimãos sólidos e degraus bem demarcados, são
importantes como medidas preventivas para quedas e fraturas, de um modo
geral, e em especial para idosos com deficiências perceptuais e de marcha.
Cabe lembrar que nem todas essas medidas são acessíveis à população de
baixa renda, principalmente colocar um piso mais macio. Outras intervenções,
como evitar tapetes, ou ao menos fixá-los no chão, podem ser mais fáceis de
serem realizadas nessa população;
 Evitar mudanças no ambiente, de móveis, cômodos, vasos etc. Quando a
mudança for inevitável (incluindo mudança de casa), é preciso atenção maior
ao paciente demente;
 Usar calçados adequados, justos no pé, evitando movimento do pé no sapato,
e sola antiderrapante.
A gravidade potencial das quedas confere à prevenção um lugar privilegiado.
As orientações ou diretrizes abaixo recomendadas por Vieira (1996) são de grande
utilidade:

 Orientar o idoso sobre os riscos de queda e suas consequências. Essa


informação poderá fazer a diferença entre cair ou não e, muitas vezes, entre a
instalação ou não de uma incapacidade;
 Avaliação geriátrica global, com medidas corretivas adequadas enfocando a
função cognitiva, o estado psicológico (humor), a capacidade de viver só e
executar as atividades de vida diária e a condição econômica;

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
53

 Racionalização da prescrição e correção de doses e de combinações


inadequadas;
 Redução da ingestão de bebidas alcoólicas;
 Avaliação anual – oftalmológica, da audição e da cavidade oral;
 Avaliação rotineira da visão e dos pés;
 Avaliação com nutricionista para correção dos distúrbios da nutrição;
 Fisioterapia e exercícios físicos (inclusive em idosos frágeis) visando –
melhora do equilíbrio e da marcha; fortalecimento da musculatura proximal
dos membros inferiores; melhora da amplitude articular; alongamento e
aumento da flexibilidade muscular; atividades específicas para pacientes em
cadeiras de rodas; identificação dos pacientes que caem com frequência,
encorajando a superar o medo de nova queda através de um programa
regular de exercícios. Idosos que se mantêm em atividade, minimizam as
chances de cair e aumentam a densidade óssea evitando as fraturas;
 Terapia ocupacional promovendo condições seguras no domicílio (local de
maior parte das quedas em idosos); identificando “estresses ambientais”
modificáveis; orientando, informando e instrumentalizando o idoso para o seu
autocuidado e também os familiares e/ou cuidadores;
 Denunciar suspeita de maus-tratos;
 Correção dos fatores de risco ambientais, por exemplo, instalação de barra de
apoio no banheiro e colocação de piso antiderrapante). Medidas gerais de
promoção de saúde como prevenção e tratamento da osteoporose com
cálcio, vitamina D e agentes antirrearbsortivos; imunização contra pneumonia
e gripe; orientação para evitar atividades de maior risco (descer escadas, por
exemplo) em idosos frágeis desacompanhados.

Enfim, segundo Pereira (1994), é consenso que a queda é um evento de


causa multifatorial de alta complexidade terapêutica e de difícil prevenção, exigindo
dessa forma uma abordagem multidisciplinar.

Para Vieira (2006), o objetivo é manter a capacidade funcional da pessoa,


entendendo esse novo conceito de saúde particularmente relevante para os idosos

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
54

como a manutenção plena das habilidades físicas e mentais, prosseguindo com uma
vida independente e autônoma.

Para o próprio idoso e seus cuidadores, as orientações que se seguem são


de extrema utilidade no dia-a-dia e que não só podem como devem fazer parte de
uma cartilha do gestor de práticas de saúde do idoso disponibilizadas na sua
unidade:

 Fazer exames oftalmológicos e físicos anualmente, em específico para


detectar a existência de problemas cardíacos e de pressão arterial;
manter em sua dieta uma ingestão adequada de Cálcio e vitamina D;
tomar banhos de sol diariamente; Participar de programas de atividade física
que visem o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio, coordenação e
ganho de força dos quadríceps e mobilidade do tornozelo; eliminar de sua
casa tudo aquilo que possa provocar escorregões e instalar suportes,
corrimão e outros acessórios de segurança;

 Usar sapatos com sola antiderrapante; amarrar o cadarço do seu


calçado; substituir os chinelos que estão deformados ou estão muito frouxos;
usar uma calçadeira ou sentar-se para colocar seu sapato; evitar sapatos
altos e com sola lisa; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas;

 Manter uma lista atualizada de todos os medicamentos que está tomando ou


que costuma tomar, e as dê para os médicos com quem faz consulta;
informar-se com o seu médico sobre os efeitos colaterais dos remédios que
está tomando e de seu consumo em excesso;

 Certificar-se de que todos os medicamentos estejam claramente rotulados e


guardados em um local adequado (que respeite as instruções de
armazenamento); tomar os medicamentos nos horários corretos e da forma
que foi receitada pelo médico, na maioria dos casos acompanhado com um
copo d'água;

 Nunca andar somente de meias;

 Fadiga muscular e confusão mental aumentam o risco de quedas; mulheres


que não conseguem encontrar sapatos esportivos suficientemente largos para

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
55

o formato do seu pé devem comprar na seção masculina, pois esses sapatos


têm fôrmas maiores;

 Estatísticas norte-americanas indicam que 60% das quedas em idosos


acontecem dentro de casa, como ao subir escadas, escorregões em
superfícies muito lisas e tropeços, entre outras situações.

Portanto, são simples os cuidados e adaptações que poderão diminuir o risco


de quedas dentro de casa, bastando, como foi visto acima, modificar a organização
dos móveis, da casa, iluminação e atentar-se, tanto o idoso quanto sua família e seu
cuidador.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
56

UNIDADE 6 - O TAFI – TESTE DE APTIDÃO FÍSICA PARA O


IDOSO

À medida que o ser humano envelhece, quer continuar tendo força,


resistência, flexibilidade e mobilidade para permanecer ativo e, independente de
modo, poder atender às próprias necessidades pessoais e domésticas, como fazer
compras ou participar de atividades social, recreativa e esportiva.

Para contribuir com o idoso, proporcionando-lhe uma vida saudável e para


que possa realizar as atividades normais da vida diária, o profissional da área de
saúde, aptidão física e envelhecimento pode lançar mão do TAFI como instrumento
de avaliação econômico e fácil uso para medir a aptidão física do idoso.

De acordo com Rikli e Jones (2008) aptidão física é a “capacidade física de


realizar as atividades normais da vida diária de forma segura e independente, sem
fadiga justificável”.

A utilização do TAFI se fundamenta na necessidade de envelhecer com


saúde.

Devido ao crescimento da população idosa, encontrar maneiras de ampliar a


expectativa de vida ativa e de reduzir a incapacidade física tornou-se a meta de
órgãos governamentais, pesquisadores em gerontologia e profissionais da saúde do
mundo todo. A fragilidade física na velhice tem um custo muito elevado, tanto em
termos de cuidados médicos como em termos da diminuição da qualidade de vida
para os indivíduos.

O TAFI é abrangente, apresenta mensuração em escala contínua, pode ser


usado em circunstâncias de campo e apresenta padrões normativos de
desempenho. Pode ser usado para realizar pesquisas, avaliar indivíduos e identificar
fatores de risco, elaborar e avaliar programas, educação e estabelecimento de
metas, dentre outros.

O quadro abaixo resume os parâmetros fisiológicos associados com as


funções exigidas para as atividades diárias básicas e avançadas.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
57

ESQUEMA DE CAPACIDADE FUNCIONAL

PARÂMETROS FÍSICOS FUNÇÕES METAS DA


ATIVIDADE
Força/resistência muscular; Andar; Cuidados pessoais;
Resistência aeróbica; Subir degraus; Compras;
Flexibilidade; Levantar-se da cadeira; Tarefas domésticas;
Capacidade motora: Erguer/alcançar; Jardinagem;
Potência, Inclinar-se/abaixar-se; Esportes;
velocidade/agilidade e Jogging/corrida. Viagens.
equilíbrio;
Composição corporal.

COMPROMETIMENTO LIMITAÇÃO FUNCIONAL CAPACIDADE


FÍSICO REDUZIDA/INCAPACIDADE

Fonte: Rikli e Jones (2008)

Dessa maneira, os componentes da aptidão funcional são: força muscular dos


membros superiores e inferiores, resistência aeróbica, flexibilidade (de ambos os
membros), agilidade e equilíbrio dinâmico e índice de massa corporal.

Apresentaremos a seguir alguns dos itens selecionados por Rikli e Jones para
inclusão no TAFI, com breve descrição do objetivo e do protocolo de cada um:

6.1)TESTE DE LEVANTAR A CADEIRA


Objetivos: Avaliar a força dos membros inferiores necessária para a realização de
várias tarefas, como subir degraus, caminhar, levantar da cadeira e sair da banheira
e do carro. O aumento da capacidade para realizar esse exercício pode reduzir a
chance de queda.
Descrição: Número de vezes que se consegue levantar da cadeira em 30 segundos
com os braços cruzados sobre o tórax.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
58

6.2)TESTE DE FLEXÃO DE BRAÇO


Objetivos: Avaliar a força dos membros superiores para desempenho de tarefas
domésticas e outras atividades, como levantar e carregar pacotes de compras,
malas e netos.
Descrição: Número de flexões do cotovelo durante 30 segundos, segurando peso –
2,27 kg para mulheres e 3,63 kg para homens.

6.3)TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS


Objetivos: Avaliar a resistência aeróbica, importante para caminhar, subir degraus,
fazer compras, viajar, entre outros.
Descrição: Distância em metros percorrida em 6 minutos em um percurso de 45, 72
metros.

6.4)TESTE DE MARCHA ESTACIONÁRIA DE 2 MINUTOS


Objetivos: Substituir o teste de resistência aeróbica quando houver restrições de
tempo, espaço ou clima que impeçam o teste de caminhada de 6 minutos.
Descrição: Número de passos realizados em 2 minutos, elevando um joelho de cada
vez a um ponto central entre a paleta (rótula do joelho) e a crista ilíaca (osso ilíaco).
O escore corresponde ao número de vezes que o joelho direito atinge a altura
exigida.

6.5)TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR OS PÉS


Objetivos: Avaliar a flexibilidade dos membros inferiores, importante para a boa
postura, padrões de marcha normal e várias tarefas de mobilidade, como entrar e
sair da banheira e do carro.
Descrição: Posição sentada na parte dianteira do assento da cadeira, perna
estendida, mãos tentando alcançar os dedos dos pés. O escore corresponde ao
número de centímetros (positivo ou negativo) entre os dedos estendidos da mão e
os dedos do pé.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
59

6.6)TESTE DE ALCANÇAR AS COSTAS


Objetivos: Avaliar a flexibilidade dos membros superiores (ombro), que é importante
em tarefas como pentear os cabelos, vestir-se pela cabeça e colocar o cinto de
segurança.
Descrição: Com uma das mãos passando por cima do ombro e a outra subindo pelo
meio das costas, o escore equivale ao número de centímetros entre os dedos
médios estendidos (positivo ou negativo).

6.7)TESTE DE LEVANTAR E CAMINHAR


Objetivos: Avaliar a agilidade e o equilíbrio dinâmico, importantes em tarefas que
exigem manobras como descer do ônibus a tempo, levantar para fazer alguma coisa
na cozinha, ir ao banheiro ou atender ao telefone.
Descrição: Número de segundos exigidos para levantar da posição sentada,
caminhar aproximadamente 2,5 metros, virar e retornar à posição sentada.

6.7)ALTURA E PESO
Objetivos: Avaliar o peso corporal em relação à altura, por causa da importância do
controle do peso para a mobilidade funcional.
Descrição: Envolve a medida da altura e do peso e o uso de uma tabela de
conversão para determinar o índice de massa corporal.

O TAFI pode ser aplicado em instituições diversas, individualmente ou em


grupos, fazendo uma grande diferença para melhoria do desempenho físico do
idoso, oferecendo informações básicas e ao mesmo tempo importantes sobre
virtudes e fragilidades físicas do idoso, oferecendo possibilidade de melhoria e
diminuição dos riscos de perda da independência funcional do idoso.

Resumindo, quando se fala em práticas de gestão, lembramos imediatamente


de princípios que regem a administração de maneira geral, ou seja, elaborar,
organizar, dirigir, controlar, avaliar, entre outros. Realmente trata-se de todas essas
ações, porém, como a saúde ainda é um dever do estado, as políticas macro devem
ser formuladas pelas instâncias maiores, evidentemente que com respaldo de
segmentos que representem a população de maneira geral.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
60

Não há dúvidas de que o envelhecimento populacional tem implicações sobre


os serviços de saúde, em termos de capacidade de atendimento da demanda e de
custeio. A maior convivência com problemas crônicos de saúde faz dos idosos
grandes consumidores de serviços de saúde e de medicamentos. Nos países
desenvolvidos, o uso de medicamentos entre idosos tem aumentado ao longo do
tempo, assim como a parcela dos gastos com saúde debitados à assistência
farmacêutica, com o agravante de que, nessa faixa etária, os benefícios obtidos com
a terapia medicamentosa, hoje, não significam uma redução futura no uso de
medicamentos.

No Brasil, de acordo com Loyola Filho, Uchoa e Lima Costa (2006), o impacto
do envelhecimento populacional sobre o setor saúde ganha dimensão e
complexidade maiores. O Brasil ainda luta para superar problemas sanitários típicos
de países menos desenvolvidos, como desnutrição, dengue e malária, aos quais
vêm juntar-se às doenças crônico-degenerativas, comuns na velhice. O
enfrentamento de tal desafio pelos planejadores e administradores em saúde pública
se dá num contexto de escassez crônica de recursos para o financiamento da
atenção à saúde.

Esses desafios que se traduzem em políticas macro são repassados aos


estados e aos municípios e se concretizam no caso do Brasil, através dos
Programas de Saúde da Família (PSF) que se concentram nas Unidades Básicas de
Saúde.

Como diz Roncalli (2003) “O Estado, entendido como a expressão maior da


organização política de uma sociedade, surge como um aperfeiçoamento das
relações entre os indivíduos de uma dada organização social”.

Segundo a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – PBH (2005) –, a atenção


personalizada integral é o princípio que deveria apoiar a filosofia de todos os
serviços a idosos. A acolhida, o respeito e o afeto, de modo a potencializar a
autoestima e o interesse dos idosos pela vida são princípios básicos de quem
acredita no envelhecimento como conquista social e na construção de uma rede de
suporte sócio-sanitária eficiente e solidária para suprir as demandas de uma
população que envelhece.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
61

O modelo de atenção para enfrentar os desafios e implicações impostas


mediante a fragilidade do idoso, deveria ser centrado na promoção da autonomia da
pessoa idosa e a prevenção da dependência funcional. Para isso, de acordo com a
PBH (2005), é preciso:

 Reconhecer e preservar as capacidades funcionais das pessoas;


 Favorecer e impulsionar redes sociais locais;
 Reabilitar pessoas cujas capacidades estejam prejudicadas;
 Prevenir o agravamento de condições e enfermidades;
 Reduzir o isolamento social;
 Estimular, supervisionar ou substituir a pessoa idosa na realização de
atividades básicas de vida diária;
 Inserir a pessoa idosa na comunidade e na instituição em que vive,
estimulando sua participação na definição das rotinas e do viver em
coletividade.
Enfim, ao acreditar que o envelhecimento ativo e saudável é o grande objetivo
das políticas voltadas para o idoso, e muito mais, é o que merece o idoso, é preciso
que cada gestor conheça e aprimore os conhecimentos sobre a condição do idoso,
para que na sua esfera de atuação possa utilizar dos subsídios técnicos que lhe
forem disponibilizados, buscando construir com sua equipe, um ambiente social e
cultural mais favorável para a população idosa.

Esperamos ter contribuído de alguma maneira, seja, lançando situações que


os levem a refletir sobre a condição física do idoso, as consequências, sofrimentos e
implicações do envelhecimento para o idoso, a família e para uma nação de modo
geral, seja, relembrando as atribuições de cada membro da equipe de atenção
básica para aqueles que já atuam no serviço de saúde pública, seja, lançando
desafios para que todos reflitam e somem esforços em prol de um envelhecimento
saudável.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
62

REFERÊNCIAS

BRASIL. Portaria do Gabinete do Ministro de Estado da Saúde de n° 1395, de 9 de


dezembro de 1999, que aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, n° 237-
E, pp. 20-24, seção 1, 13 dez 1999.

BRASIL. Lei n. 8.842 de 04 de janeiro de 1994, institui a Política Nacional do Idoso.


BRASIL. Portaria nº 249/SAS/MS, de 2002. Cria os mecanismos para a
organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso.

BRASIL. Portaria nº 702/SAS/MS, de 2002. É proposta a organização e a


implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso.

BRASIL. World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma política de saúde /


World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan-
Americana da Saúde, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2528 de 19 de outubro de 2006. Aprova


a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília:
Ministério da Saúde, 2006. 192 p. il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
(Cadernos de Atenção Básica n.19).

CAMARANO, Ana Amélia. Envelhecimento da população brasileira: uma


contribuição demográfica. IPEA. Rio de Janeiro, 2002.

CARVALHO, Aline de Mesquita e COUTINHO, Evandro da Silva Freire. Demência


como fator de risco para fraturas graves em idosos. Rev Saúde Pública 2002;
36(4):448-54.

CHAIMOWICZ, Flávio. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI:


problemas, projeções e alternativas. Rev. Saúde Pública [online]. 1997, v. 31, n. 2,
pp. 184-200.

FERRARI, M.A.C. Geriatria – Aspectos educacionais e de terapia ocupacional


(Tese). São Paulo: Faculdade de Saúde Pública – Universidade de São Paulo, 1975.
FOLMANN, Melissa. Crescimento da população idosa ativa gera fenômeno da
Desaposentação. Disponível em: <www.administradores.com.br> Acesso em: 13
jun. 2009.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
63

IBGE. Envelhecimento da população. Disponível em:


<http://www.app.com.pt/envelhecimento-da-populacao-mundial-atinge-pico-em-
2030> Acesso em: 20 fev. 2009.

IBGE. Síntese dos indicadores sociais. Uma análise das condições de vida da
população brasileira 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

LOYOLA FILHO, Antônio I. de; UCHOA, Elizabeth; LIMA-COSTA, Maria Fernanda.


Estudo epidemiológico de base populacional sobre uso de medicamentos entre
idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde
Pública v.22 n.12 Rio de Janeiro dez. 2006.

MOREIRA, Morvan de Mello. Envelhecimento da população brasileira. 1997.


149p. Tese (Doutorado em Demografia – Centro de Desenvolvimento Planejamento
Regional, Universidade Federal de Minas Gerais.)

PEREIRA, S.R. M. O idoso que cai. In: Sociedade Brasileira de Geriatria e


Gerontologia. Caminhos do envelhecer. Rio de Janeiro: Revinter; 1994. p. 217-21.
PEREIRA, S. R. M. et al. Quedas em Idosos. Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, 16 de junho de 2001.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE (PBH). Plano Municipal de


Saúde de Belo Horizonte: 2005-2008. Belo Horizonte: PMBH, 2005.

RIKLI, Roberta E.; JONES, Jessie C. Teste de Aptidão Física para Idosos.
Tradução: Sonia Regina de Castro Bidutte. Barueri: Manole, 2008.

ROCHA, F. L. & CUNHA, U. G. V. Aspectos psicológicos e psiquiátricos das quedas


do idoso. Arquivos Brasileiros de Medicina:1994, 68(1)9-12.

RONCALLI, A. G. O desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil e a


construção do Sistema Único de Saúde. In: PEREIRA, A. C. (Org.). Odontologia em
saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: ARTMED,
2003. p. 28- 49.

SANTANA, Jomar Álace. A influência da migração no processo de envelhecimento


de Minas Gerais e suas regiões de planejamento. X Seminário sobre a Economia
Mineira. Disponível em: <www.cedeplar.ufmg.br/seminarios> Acesso em: 20 fev.
2009.

SHEPHARD, Roy J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte,


2003.

SILVESTRE, Jorge Alexandre; COSTA NETO, Milton Menezes da. Abordagem do


idoso em programas de saúde da família. Cad. Saúde Pública [online]. 2003,
vol.19, n.3, pp. 839-847.. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/pdf/csp/v19n3/15887.pdf> Acesso em: 10 jun. 2009.

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
64

VERAS, R. P. (Org.). Velhice numa perspectiva de futuro saudável. Rio de


Janeiro: UERJ, UnATI, 2001. p. 23-27.

VIEIRA, E.B. Manual de gerontologia: um guia teórico prático para profissionais


cuidadores e familiares. Rio de Janeiro: Revinter, 1996.

ZASLAVSKY, Cláudio, GUS, Iseu. Idoso. Doença cardíaca e comorbidades. Arquivo


Brasileiro de Cardiologia, volume 79 (nº 6), 635-9, 2002.
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2007/a15.pdf

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

You might also like