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Farmácia Hospitalar

Gestão de Pessoas na
Farmácia Hospitalar e
Serviços de Saúde (Parte II)

Helena Márcia de Oliveira Moraes Bernardino (1)


Jocimar Bernardino (2)
Ilenir Leão Tuma (3)
Eugenie Desirèe Rabelo Néri (4)

(1) Farmacêutica, Mestranda em Bioética (UMSA), Especialista em Farmácia Hospitalar (SBRAFH),


Especialista em Saúde Publica (UFMG), Diretora Financeira da Sociedade Brasileira de Farmácia
Hospitalar (SBRAFH)
(2) Psicólogo Clínico e Organizacional, Consultor em Desenvolvimento Humano
(3) Farmacêutica, Especialista em Farmácia Hospitalar (UFRN), Especialista em Farmácia Hospitalar
(SBRAFH), membro da Comissão de Farmácia Hospitalar do CFF e Auditora do DICQ
(4) Farmacêutica, Especialista em Gestão Hospitalar (NESC/ FIOCRUZ), Mestre em Ciências
Farmacêuticas (UFC), Membro da Comissão de Farmácia Hospitalar do CFF, Presidente da
Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde
Gestão de Pessoas na Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Parte II)

1. Introdução

“O contexto da gestão de pessoas é for- A Gestão de Pessoas é contingencial e


mado por pessoas e organizações. As pessoas situacional, pois depende de vários aspectos,
passam boa parte de suas vidas trabalhando como a cultura que existe em cada organiza-
dentro de organizações, e estas dependem da- ção, da estrutura organizacional adotada, das
quelas para poder funcionar e alcançar sucesso. características do contexto ambiental, do ne-
Separar o trabalho da existência das pessoas é gócio da organização, da tecnologia utilizada,
muito difícil, senão quase impossível, diante da dos processos internos e de uma infinidade
importância e do impacto que o trabalho ne- de outras variáveis importantes.1 Aí, inserido
las provoca. Assim, as pessoas dependem das os hospitais e como subsistema a farmácia
organizações nas quais trabalham para atingir hospitalar, independente do porte ou do siste-
seus objetivos pessoais. Com toda certeza, as ma público ou privado, políticas de gestão de
organizações jamais existiriam sem as pessoas, pessoas devem ser adotadas para o sucesso da
que lhes dão vida, dinâmica, energia, inteligên- organização.
cia, criatividade e racionalidade”.1 O manual de gestão de pessoas segunda
As organizações bem-sucedidas deram- parte tem o objetivo de apresentar conceitos
se conta de que as pessoas constituem parte e formulários de utilização prática no dia a dia
integrante do capital intelectual e tratam seus da farmácia hospitalar e serviços de saúde para
funcionários como parceiros do negócio e for- avaliação de desempenho, capacitação e de-
necedores de competências e não mais como senvolvimento.
simples empregados contratados.1

2. Descrição de cargos

A maneira como as pessoas trabalham ganizacionais. Para a pessoa, o cargo constitui


nas organizações depende basicamente de uma das maiores fontes de expectativas e de
como seu trabalho foi planejado, modelado e motivação na organização.
organizado, ou seja, de como foi feita a distri- Cada cargo exige competências para que
buição das tarefas. seja bem desempenhado. Essas competências
Para a organização, o cargo constitui a variam conforme o cargo, nível hierárquico e
base da aplicação das pessoas nas tarefas or- área de atuação.

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Gestão de Pessoas na Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Parte II)

A descrição de cargos constitui a manei- A descrição de cargos é uma ferramenta


ra como cada cargo é estruturado, incluindo o importante para o processo de recrutamento
nome do cargo, superior imediato, atribuições, e seleção, análise e adequação de função e
requisitos mínimos, escolaridade, qualificações para o planejamento de cargos e salários. No
e requisitos desejados. quadro 1 são apresentadas instruções para ela-
borar descrição de cargo.

Quadro 1: Instruções para elaborar descrição de cargo.

INSTRUÇÕES PARA ELABORAR


DESCRIÇÃO DE CARGO

Crie um formulário para descrição de cargos contendo os tópicos


mencionados nessas instruções.

Nome do Cargo: Mencione o título pelo qual o cargo é conhecido na empresa.


Superior imediato: Descreva o nome do cargo superior imediato conforme estrutura hierárquica.
Atribuições: Descreva o conjunto de tarefas ou atribuições que o ocupante deverá desempenhar
(qual é o conteúdo do cargo).
Para redação das atribuições do cargo deve-se utilizar verbos que indicam realização de atividades,
como por exemplo: executar, manter, organizar, preparar, receber, elaborar, apoiar, apresentar, con-
sultar, contatar, controlar, especificar, informar, reportar, rever, verificar.
Requisitos mínimos: São as habilidades mínimas necessárias para o desempenho da função.
Escolaridade: É o grau de instrução mínimo exigido para o cargo.
Qualificações: É o conjunto de competências e habilidades do ocupante do cargo.
Requisitos desejáveis: São competências e habilidades desejáveis para o desempenho da função.

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3. Avaliação de desempenho

A avaliação de 3.1 Formas de avaliação de de-


desempenho é uma sempenho
apreciação sistemá-
tica do desempenho • Avaliação por objetivo – apreciação do
de cada pessoa, em comportamento do avaliado quanto ao cum-
função das ativida- primento de metas, avaliação do potencial.
des que ela desempenha, das metas e resulta- • Avaliação direta – realizada pelo líder
dos a serem alcançados e do seu potencial de direto, que tem todo compromisso de avaliar o
desenvolvimento.1 seu subordinado direto.
Os objetivos principais da avaliação de • Auto-avaliação – Possibilita a partici-
desempenho são: pação ativa do avaliado. A principal vantagem
• fazer análise de performance do profis- desta modalidade é que possibilita ao orienta-
sional; dor fornecer feedback, reforçando os pontos
fortes e os passíveis de serem melhorados. A
• fornecer subsídios para a área de Recur- desvantagem é no caso do colaborador pos-
sos Humanos; suir um perfil de supervalorização de si e solici-
• promover feedback comportamental tar sua autopromoção.
para colaborador e liderança; • Avaliação conjunta
– realizada uma análise con-
• identificar e corrigir atitudes que com-
junta entre o avaliador e o
prometam o desempenho profissional;
avaliado. É uma experiência
• estimular o desenvolvimento de novas rica, permite a oportunidade
potencialidades; de troca, transparência, clareza e objetividade.
O quadro 2 traz uma sugestão de formu-
• promover mudança comportamental
lário para avaliação direta ou conjunta. Na ava-
individual e de equipe.1-2
liação direta, a liderança avalia o colaborador.
Todas as pessoas precisam de feedback Na avaliação conjunta, composta por duas
a respeito de seu desempenho. A organiza- etapas, a liderança avalia o colaborador e o
ção também precisa saber como as pessoas colaborador se auto-avalia. Na segunda etapa
desempenham suas atividades para conhecer chamada de entrevista devolutiva, liderança e
melhor suas potencialidades. colaborador analisam respostas e resultados
até chegarem a um consenso.

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Quadro 2: Sugestão de formulário para avaliação direta ou conjunta.

Nome do colaborador Cargo

Área: Chefia Imediata: Data da Entrevista

O acompanhamento de pessoal é realizado em duas etapas:


1ª Etapa: preenchimento do formulário: liderança e/ou coordenador devem responder (individualmente)
este formulário, tendo como base o desempenho apresentado;
2ª Etapa: Entrevista devolutiva, nesta etapa, Liderança e Colaborador analisam as respostas e
resultados até chegarem a um consenso.

ESSA AVALIAÇÃO DEVERÁ SER ENTREGUE AO RH ATÉ _____/_____/_____

1ª Etapa

Desempenho Apresentado

Características
ABAIXO DO
CARACTERÍSTICAS ÓTIMO BOM REGULAR
ESPERADO

Capacidade para assimilar instruções

Comprometimento com o trabalho

Qualidade do Trabalho

Ritmo/Agilidade no Trabalho

Pontualidade e Assiduidade

Relacionamento com liderança e colegas

Apresentação Pessoal

Atendimento (cliente interno e externo)

Flexibilidade (Capacidade para se adaptar e


contribuir com mudanças)

Observações/comentários e pontos a desenvolver:

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Quadro 3: Avaliação da liderança.

Nome do colaborador Cargo

Área: Chefia Imediata: Data da Entrevista

FORMULÁRIO DO COLABORADOR
O Acompanhamento da Liderança é feito em duas etapas
1ª Etapa: preenchimento do formulário: colaborador deve preencher (individualmente) este formulário,
tendo como base o desempenho apresentado;
2ª Etapa: Nesta etapa, Liderança e RH analisam as respostas e resultados até chegarem a um
consenso.

ESSA AVALIAÇÃO DEVERÁ SER ENTREGUE AO LIDER ATÉ _____/_____/_____

VISÃO DA EMPRESA

1. Ao chegar, como foi recebido em sua área de trabalho?


_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

2. Recebeu orientações para a execução do seu trabalho? Foram suficientes?


_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

3. Recebeu treinamento nos processos e sistema(s) informatizado(s) aplicáveis a sua área?


Considera-se capacitado para executar os procedimentos?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

4. Recebeu treinamento de integração (Apresentação: Recursos Humanos, Departamento de


Pessoal, Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho)?
Como avalia o conteúdo e aplicabilidade do mesmo?
  ótimo     bom     regular     abaixo do esperado
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

5. Apresentou algum tipo de dificuldade para a função? Em caso positivo, foram tomadas ações
que possibilitaram a superação das dificuldades e a promoção do seu desenvolvimento?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

Fonte: adaptado – Gestão de Pessoas Unimed Belo Horizonte 2010

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• Avaliação 180º – é uma metodologia de prioridades, reforçar a confiança, motivar e


de gestão de desempenho em que as pessoas reavaliar, oferecendo desenvolvimento indivi-
que interagem com o colaborador, em fun- dual com foco no trabalho em equipe.3
ção da execução de seu trabalho, formam um Atualmente é uma das formas mais efi-
comitê com a finalidade de emitir uma apre- cientes de avaliação de desempenho, pois
ciação e avaliação sobre sua performance, nas avalia o profissional sob vários aspectos do seu
dimensões estipuladas. Neste tipo de avaliação desempenho na organização.
(em rede), o funcionário é avaliado pelo ges- Para a realização dessa avaliação devem ser
tor imediato, pares e clientes internos (a quem estabelecidos objetivos claros, criando plano de
presta serviços). desenvolvimento pessoal e organizacional.3
• Avaliação 360º – é um processo demo- A “avaliação para cima” constitui uma
crático e participativo e consiste em uma avalia- faceta específica da avaliação 360º. Ao con-
ção realizada pelo funcionário, seu superior ime- trário da avaliação do colaborador pela lide-
diato (ou dois pares, quando não há hierarquia), rança, a “avaliação para cima” é o outro lado
dois clientes internos, dois clientes externos da moeda e permite que a equipe avalie sua
(pode ser suprimido) e dois subordinados dire- liderança, como ele proporcionou os meios e
tos. É de extrema importância que sejam preser- recursos para a equipe alcançar os seus objeti-
vados na aplicação: clareza das informações, to- vos e como a liderança poderia incrementar a
tal confidencialidade, esclarecimento de todas eficácia da equipe e ajudar a melhorar os seus
as dúvidas e acompanhamento da realização resultados.1 Apresentamos na Quadro 3 suges-
do processo. Recomenda-se que essa avaliação tão de formulário para avaliação da liderança.
seja conduzida por pessoa que não faça parte A definição de competência sustenta-se
do quadro da farmácia hospitalar e que tenha no conjunto de conhecimentos, habilidades e
formação na área de Recursos Humanos.3 atitudes que o indivíduo apresenta e deve ser
A avaliação 360° é uma importante ferra- feita a partir da missão da organização.
menta de aprendizagem e desenvolvimento, O ponto alto do pro-
que encerra em si muitos benefícios. Permite cesso de avaliação do de-
que os participantes obtenham um feedback sempenho é o feedback, que
de qualidade sobre suas competências e de- consiste em revelar a per-
sempenho e as compare com a sua auto-ava- cepção do avaliador como
liação, oferecendo excelentes oportunidades uma ferramenta de desen-
de aumentar a percepção e a consciência, me- volvimento essencial no
lhorar a comunicação, identificar as necessida- gerenciamento das pessoas
des de aprendizagem e desenvolvimento, orga- e do desempenho. É visto
nizar atividades de aprendizagem em função como um aprimoramento

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da performance individual, bom andamento “A implantação de um sistema de avalia-


dos trabalhos e da melhoria do clima organi- ção de desempenho é um processo que aten-
zacional. O feedback deve ser dado de forma de à organização, aos gestores e aos colabora-
construtiva, encorajando a pessoa à melhoria, dores, pois integra um modelo de gestão de
valorizando seus pontos fortes e reforçando pessoas e de trabalho, participação nos resul-
seu potencial e sua capacidade. O diálogo deve tados, desenvolvimento e treinamento de pes-
ser franco e aberto para promover no recep- soal, promoções e processo de desligamento”1.
tor a aceitação da crítica e provocar a mudan- A eficácia do sistema de avaliação de
ça que se deseja alcançar. Deve propiciar aos desempenho, para que se constitua em um
colaboradores um acompanhamento de suas fator impulsionador do sucesso na gestão da
potencialidades, habilidades e promover um farmácia hospitalar, está alicerçada no com-
maior comprometimento com a organização, prometimento da direção e na competência
otimizando seu desempenho. da implementação.

4. Remuneração, reconhecimento
e incentivo
Remuneração por competências é a for- zar, integrar, transferir conhecimentos, recursos
ma de remuneração relacionada com o grau e habilidades, que agreguem valor econômico à
de informação e nível de capacitação de cada organização e valor social ao indivíduo. 3-4
funcionário. O sistema premia certas habilida- Na remuneração por competência, os
des técnicas ou comportamentais do funcio- funcionários que ocupam o mesmo cargo
nário. O foco principal passa a ser a pessoa e podem receber salários diferentes, conforme
não mais o cargo. Isso significa que a remune- a competência de cada um. Essa forma de
ração não está relacionada com as exigências remuneração surgiu da necessidade de dife-
do cargo, mas com as qualificações de quem renciar empregos com habilidades diversas. O
desempenha as tarefas3. novo conceito resgata as diferenças: as pesso-
Cunha (2004) refere que as empresas en- as ganham pelo que sabem e pela colabora-
tendem por competência os vários atributos ção no sucesso da empresa. É uma maneira
como: capacidade técnica, personalidade, cria- de remunerar pela contribuição pessoal de
tividade, inovação e conhecimento. Para Fleury cada funcionário à organização e incentivar a
(Fleury apud Dutra, 2001), competência é saber participação e o envolvimento das pessoas na
agir de maneira responsável. Implica em mobili- condução da empresa.

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Para implementar essa metodologia, Cunha (2004) sugere três passos descritos no quadro 4.

Quadro 4: Passos para implementar a remuneração por competência.

PASSOS PARA IMPLEMENTAR A REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIA (CUNHA, 2004)

1. Estabelecer de forma conjunta (gerente e funcionários) quais as competências necessárias para o


trabalho, pontos fortes e fracos;
2. Programação conjunta de treinamento;
3. Remuneração personalizada.4

Apesar do art. 461 da CLT vetar diferenças salariais para funções iguais, a remuneração por
competência pode ser feita sob a forma de gratificação anual e por participação nos lucros e
resultados.3

5. Capacitação e desenvolvimento

5.1 Identificação e compatibili- O levantamento das necessidades de


dade de necessidades treinamento deve ser iniciado por uma análise
organizacional, em que se procura conhecer o
O hospital, por ser uma organização base- comportamento da organização, se analisa os
ada no conhecimento, deve ter na capacitação recursos humanos disponíveis para as ativida-
e desenvolvimento os pilares da qualidade da des atuais e metas futuras (quantidade e perfis
assistência. Para tanto, deve instituir progra- adequados ao desempenho de cada tarefa, de
mas sistemáticos que atendam as necessida- modo eficaz) e seus processos.5
des identificadas e dê resposta aos anseios dos Os meios para levantamento de ne-
clientes, cooperando para a excelência do pro- cessidades de treinamento são: avaliação de
cesso assistencial. desempenho (desempenhos insatisfatórios),
As necessidades de capacitação e desen- observação (evidências de trabalhos ineficien-
volvimento devem ser levantadas, contando tes, questionários, solicitação, entrevistas com
com a participação direta dos funcionários supervisores e gerentes, reuniões de departa-
envolvidos. mentos, avaliação dos funcionários (testes de

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Quadro 5:  Formulário para avaliação de eficácia de treinamento.

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conhecimento), modificações do trabalho, da qualidade da assistência. Nesse contexto, o


entrevistas de desligamento (possibilita iden- processo de capacitação e desenvolvimento
tificar deficiências da organização), análise de assume papel relevante, pois passa a ter a mis-
cargos, relatórios periódicos da empresa ou de são de ensinar o indivíduo a pensar, reelaborar
produção. seu significado e aprender a fazer autocrítica.
Após identificar as necessidades deverá A força de trabalho deve ser desenvolvida
ser elaborada a programação de treinamento, utilizando-se de métodos de orientação, acon-
planejamento e execução do treinamento. A selhamento e desenvolvimento de carreira.
realização do treinamento deve ser seguida Deste modo, o treinamento está direta-
por avaliação de resultados. Esta se constitui mente ligado ao processo produtivo, pois re-
no maior desafio da área de treinamento. Apre- úne informações e métodos para se produzir
sentamos, no quadro 5, sugestão de formulário mais e tornar a produção mais ágil. Já o desen-
para avaliação de eficácia de treinamento. volvimento está ligado ao processo de com-
São adotados como instrumentos de petência. O processo de desenvolvimento é
avaliação: questionários de expectativas, aná- inerente ao de treinamento, porém o contrário
lise de habilidades e tarefas, testes de habilida- não é verdadeiro.
des padronizadas, questionários padronizados O treinamento está sendo visto como fator
de atitudes, estudo de clima organizacional, motivacional pelas empresas e, principalmen-
dentre outros.6 te nos serviços de saúde, onde a efervescência
A participação nos treinamentos deverá tecnológica é marcante; tendo correlação entre
ser registrada em formulário padronizado. Ao fi- competência e otimização dos resultados.7
nal do treinamento, deve ser elaborado relatório O treinamento é uma atividade cíclica8 e
contendo programa, material didático forneci- deve ser realizado em quatro etapas:
do, avaliações e listas de freqüência, de forma a • 1º levantar necessidades de
subsidiar avaliações posteriores. As pessoas que treinamento;
compõem a organização devem ser permanen- • 2º programar o treinamento para
temente capacitadas e desenvolvidas, de forma atingir as necessidades;
a atender suas necessidades e as da organização, • 3º implantar e executar e
e integradas à cultura da excelência. • 4º avaliar os resultados.
A distribuição adequada do saber é cami-
5.2 Programas de capacitação e nho privilegiado para o desenvolvimento de
desenvolvimento todas as pessoas envolvidas, tornando o local
de trabalho um lugar em que o aprendizado
As pessoas são elementos estratégicos não se dissocia dos desejos de crescimento
dos serviços de saúde e a chave do sucesso e individual e da necessidade de crescimento

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da própria organização. O êxito das empre- timular e apoiar o contínuo desenvolvimento


sas deve acompanhar e propiciar o progresso das pessoas como forma de galgar espaço no
de cada um dos seus colaboradores, benefi­ mercado cada vez mais competitivo. Paralela-
ciando-se dele.4 mente, as pessoas se dão conta de que aperfei-
As habilidades e conhecimentos recém çoar-se naquilo que fazem se tornou condição
adquiridos devem ser avaliados em relação à fundamental para sua inserção e manutenção
sua utilidade na execução do trabalho e à sua no mercado de trabalho.
eficácia no apoio à consecução das estratégias Um grande desafio é orientar esse desen-
da organização. volvimento em um ambiente volátil; para tan-
to, pode-se lançar mão de plano de carreira.
5.3 Gestão do desenvolvimento e Esse plano deve ser construído por empresa
da carreira por competência e pessoa, sendo a carreira comparada a uma
estrada em permanente construção. Deve ser
As organizações estão transparente, permeado pela honestidade de
cada vez mais pressionadas intenções, sentimento de segurança e clare-
a investir no desenvolvi- za nas regras, de forma a permitir à pessoa e
mento humano, pois perce- à empresa, o delineamento do caminho rumo
beram a necessidade de es- ao desenvolvimento e crescimento de ambos.

6. Cultura da excelência

A geração do sucesso (cultura da exce- Os objetivos humanos e organizacionais


lência) está fundamentada, segundo Oliveira devem caminhar juntos, para que a necessida-
(2004), no desenvolvimento das pessoas para de de modificar-se aflore espontaneamente,
a obtenção do desenvolvimento organizacio- o funcionário assuma uma atitude proativa e
nal, treinando, desafiando e estimulando cola- madura, contribuindo para a reestruturação
boradores a desenvolverem seus potenciais no das bases da organização.
trabalho e na vida pessoal. Os hospitais devem O objetivo da empresa deve ser transfor-
possuir gestores que realizem juntamente com mar todas as pessoas em talentos, mantendo-
seus funcionários, o planejamento e viabiliza- as estimuladas e entusiasmadas, buscando o
ção das metas organizacionais e pessoais.6 aprimoramento pessoal e o crescimento da
O desenvolvimento pessoal deve ser fo- equipe como um todo.6
cado no desenvolvimento das potencialidades.

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7. Referências

1. Chiavenato I, Gestão de pessoas e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 2ª
edição. São Paulo: Elsevier. 2004 p. 4-5-6-7-188-189-224-225-228
2. Unimed Belo Horizonte:Gestão de pessoas:um novo conceito. 20103.
3. Dutra JS. Org. Gestão por competências. São Paulo: Gente; 6ª edição, 2001. p. 130
4. Cunha JR, In Bertelli SB. Gestão de pessoas em administração hospitalar. Rio de Janeiro : Qua-
litymark; 2004. Capítulo 3, p. 51-64.
5. Cavichiolli AT, Melo RN, In Bertelli SB. Gestão de pessoas em administração hospitalar. Rio de
Janeiro : Qualitymark; 2004. Capítulo 4, p. 65-87.
6. Oliveira V, In Bertelli SB. Gestão de pessoas em administração hospitalar. Rio de Janeiro: Qua-
litymark; 2004. Capítulo 5, parte II, p. 121-128.
7. Bom sucesso, E. de P. Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro:
Qualitymark; 2002. p. 200
8. Beertelli, S. B. Gestão de Pessoa em administração hospitalar. Rio de Janeiro: Qualitymark;
2004. p. 252.

Marco Aurélio Ilenir Leão Tuma Eugenie Desireé José Ferreira Marcos George Washington
Schramm Ribeiro Rabelo Neri Bezerra da Cunha

Este encarte foi idealizado e organizado pela Comissão de Farmácia Hospitalar do Conselho Federal de Far-
mácia (Comfarhosp), composta pelos farmacêuticos hospitalares Marco Aurélio Schramm Ribeiro, Presidente
(CE), Ilenir Leão Tuma (GO), Eugenie Desireé Rabelo Nery (CE), José Ferreira Marcos (SP) e George Washing-
ton Bezerra da Cunha (SP). O e-mail da Comissão é comfarhosp@cff.org.br

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