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Aula 1: Bases da Teoria do Negócio Jurídico .................................................................................

3
Introdução ............................................................................................................................. 3
Conteúdo................................................................................................................................ 4
Constituições ...................................................................................................................... 4
Constituições ...................................................................................................................... 4
Código Civil de 1916.......................................................................................................... 5
Justiça Social ...................................................................................................................... 6
Princípio da isonomia ....................................................................................................... 7
Constituição Federal de 1988 .......................................................................................... 8
Apelação Cível .................................................................................................................... 9
Relação do consumo ...................................................................................................... 10
Recurso Especial nº 1.194.627-RS ................................................................................. 11
Qualidade intrínseca ....................................................................................................... 11
Declaração ........................................................................................................................ 13
Papel da Jurisprudência ................................................................................................. 13
Ordenamento jurídico .................................................................................................... 14
Princípio da autonomia .................................................................................................. 14
Autonomia privada .......................................................................................................... 15
Teoria da imprevisão ...................................................................................................... 15
Princípio da conservação ............................................................................................... 16
Contratos ........................................................................................................................... 16
Direito privado.................................................................................................................. 17
Informativo nº 492 do STJ ............................................................................................. 17
Recurso Especial nº 1.321.655-MG ............................................................................... 18
STJ – Superior Tribunal de Justiça............................................................................... 18
Recurso Especial nº 1.132.943-PE ................................................................................. 19
Cláusulas ........................................................................................................................... 19
Distrato .............................................................................................................................. 19
Modelo individualista-liberal ......................................................................................... 20
Conclusão ......................................................................................................................... 20
Atividade proposta .......................................................................................................... 20
Referências........................................................................................................................... 21
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 22

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 1


Notas ........................................................................................................................................... 26
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 26
Aula 1 ..................................................................................................................................... 26
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 26

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 2


Introdução
É possível afirmar que, na sociedade atual, o contrato se corporifica como o
maior negócio jurídico, e, desta forma, a apreensão de sua base principio lógica
se torna um verdadeiro diferencial aos operadores do direito.

O atual Direito Civil vem incorporando o fenômeno de constitucionalização aos


seus institutos, modificando os critérios de interpretação e aplicação do negócio
jurídico. Assim, o Código Civil de 2002 já não é mais concebido como um
diploma patrimonialista e individualista, mas, sim, social.

Para tanto, a materialização dos princípios constitucionais às relações privadas,


antes submissas ao império da autonomia privada sem limites e do seu
correlato pacta sunt servanda, tornou-se uma realidade a partir do respeito aos
valores da isonomia, da dignidade da pessoa humana, da solidariedade, dentre
outros.

Objetivo:
1. Analisar o negócio jurídico à luz do direito civil-constitucional por meio da
aplicação da isonomia e da dignidade humana às relações contratuais;
2. Analisar os novos contornos jurídicos do princípio da autonomia privada e do
pacta sunt servanda nas relações contratuais.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 3


Conteúdo
Constituições
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em
sua interpretação.

Como resultado, a doutrina e a jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e


premissas metodológicas do direito civil-constitucional, entendido, pois,
como uma nova técnica hermenêutica, que busca aplicar os princípios e
direitos fundamentais às relações privadas.

É possível constatar, como seu objetivo precípuo, a unificação do direito a partir


do desiderato constitucional, consubstanciado nos valores da isonomia, da
dignidade da pessoa humana, da solidariedade, dentre outros.

Sob a égide do direito civil-constitucional, a doutrina vem transformando as


bases conceituais dos institutos que compõem a teoria do negócio jurídico,
sendo a interpretação e aplicação contratuais aquelas que mais sofreram
modificações.

Assim, a imutabilidade contratual vem comportando verdadeira intromissão


estatal, que tende a evitar o enriquecimento sem causa e a desproporção
negocial, acarretando a nulidade das cláusulas consideradas abusivas.

Constituições
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em
sua interpretação.

Como resultado, a doutrina e a jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e


premissas metodológicas do direito civil-constitucional, entendido, pois,

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 4


como uma nova técnica hermenêutica, que busca aplicar os princípios e
direitos fundamentais às relações privadas.

É possível constatar, como seu objetivo precípuo, a unificação do direito a partir


do desiderato constitucional, consubstanciado nos valores da isonomia, da
dignidade da pessoa humana, da solidariedade, dentre outros.

Sob a égide do direito civil-constitucional, a doutrina vem transformando as


bases conceituais dos institutos que compõem a teoria do negócio jurídico,
sendo a interpretação e aplicação contratuais aquelas que mais sofreram
modificações.

Assim, a imutabilidade contratual vem comportando verdadeira intromissão


estatal, que tende a evitar o enriquecimento sem causa e a desproporção
negocial, acarretando a nulidade das cláusulas consideradas abusivas.

Código Civil de 1916


É importante destacar que o Código Civil de 1916 era considerado um
sistema jurídico individualista e patrimonialista, não se preocupando com
direitos sociais, nem, tampouco, com os direitos de personalidade.

A própria origem do direito civil perpassa pelos direitos de propriedade,


consagrados pela ideologia burguesa de acumulação de riquezas e
disciplinamento detalhado do dever-ser.

Dessa maneira, o direito civil moderno, inaugurado com o Código Napoleônico


de 1804, retoma a noção romana ao fenômeno jurídico, atribuindo força plena
à vontade e à impessoalidade do vínculo. Na presente perspectiva, o indivíduo é
concebido como sujeito de direito e detentor de liberdade volitiva para poder
gozar dos institutos da propriedade e do contrato.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 5


O autor italiano De Cupis criticou tal concepção, observando a configuração de
interesses relacionados ao indivíduo, que são suscetíveis de proteção jurídica,
e, de fato, são mais merecedores de tutela que os bens econômicos.

Ao inverter a visão clássica da sociedade civil, o autor desloca a


pessoa humana para o centro do universo jurídico.

Com isso, foi constituída a unidade conceitual de situações jurídicas subjetivas


acerca dos direitos de personalidade, em um momento de total ausência do
direito privado em matéria de proteção dos direitos relacionados ao indivíduo,
ainda como consequência do caráter patrimonial do ordenamento jurídico.

Justiça Social
O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada do
ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio da
autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva
aos negócios jurídicos.

Dessa forma, o presente diploma foi alçado a uma posição de norma regulatória
geral das relações privadas, não excluindo a legislação específica
(microssistemas que visam a proteção da parte hipossuficiente, como o Código
de Defesa do Consumidor), nem a aplicabilidade da interpretação constitucional
às situações que disciplina.

Assim, por meio da técnica hermenêutica denominada diálogo das fontes,


busca-se a harmonização entre as diversas normas do sistema jurídico nacional.

Dentro da presente concepção social da obrigação, esta passa a ser


entendida como um processo de cooperação contínuo e efetivo entre credor e
devedor, segundo a doutrina alemã, na tentativa de mitigar a subordinação do
devedor ao credor ao redirecionar-se o olhar para o adimplemento mais
satisfatório ao credor e menos oneroso ao devedor. Importante destacar que a

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 6


responsabilidade do devedor restringe-se ao seu patrimônio, nos moldes do
Artigo 391 do CC.

A fim de ilustrar o fato de que a responsabilidade do devedor restringe-se


ao seu próprio patrimônio, cabível citar decisão prolatada no Recurso
Especial nº 1.130.742-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
1º/10/2013.

Para a Quarta Turma do STJ, não cabe prisão civil do inventariante em razão do
descumprimento do dever do espólio de prestar alimentos, uma vez que a
restrição da liberdade constitui sanção de natureza personalíssima, não
podendo recair sobre terceiro, estranho ao dever de alimentar. Como é sabido,
a prisão civil somente pode ser imposta ao devedor de alimentos, nos moldes
do Art. 528, parágrafo 3º, do CPC/15.

Ainda consta da decisão a possibilidade que tem o próprio herdeiro em requerer


ao juízo, durante o processamento do inventário, a antecipação de recursos
para a sua subsistência, podendo o magistrado conferir eventual adiantamento
de quinhão necessário à sua mantença, dando, assim, efetividade ao direito
material da parte pelos meios processuais cabíveis, sem que se ofenda, para
tanto, um dos direitos fundamentais do ser humano: a liberdade.

O inventariante é considerado um terceiro estranho na relação entre exequente


e executado, configurando constrangimento ilegal à possibilidade de prisão. O
referido é apenas um auxiliar do juízo, nos moldes do Artigo 139 do CC, não
podendo ser civilmente preso pelo descumprimento de seus deveres, mas, sim,
destituído por um dos motivos do Artigo 995 do CC.

Princípio da isonomia
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o
princípio da isonomia.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 7


Por isonomia, entende-se que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, conforme Artigo 5º da Constituição Federal.

Na tentativa de apreender seus parâmetros, que, uma vez violados, geram


ofensa à igualdade, Bandeira de Melo enumera: primeiro, o elemento tomado
como fator de desigualação; segundo, a correlação lógica abstrata existente
entre o fator erigido em critério de discrímen e a disparidade estabelecida no
tratamento jurídico diversificado; e, por último, a consonância desta correlação
lógica com os interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte
juridicizados.

Interessante discussão acerca da aplicação do princípio da isonomia às relações


privadas envolve a taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras,
pois existe verdadeira disparidade estabelecida no tratamento jurídico
concebido aos bancos em relação aos particulares.

No atual cenário jurídico, vem prevalecendo o entendimento trazido pela


Súmula nº 596, de 15/12/1976, do STF: “As disposições do Decreto
22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos
cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que
integram o sistema financeiro nacional”.

Constituição Federal de 1988


É de se perceber que a referida súmula foi concebida antes da Constituição
Federal de 1988, o que corrobora o entendimento por sua não incidência às
relações contratuais.

A Constituição da República é clara ao elencar, dentre os seus valores


fundamentais, a isonomia, sendo oportuno questionar a razão que exclui das
limitações da Lei de Usura as instituições bancárias.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 8


Assim, se um particular quiser emprestar um determinado valor a outro sujeito
por meio de contrato de mútuo feneratício, nos moldes do Artigo 591 do
CC, deverá respeitar a limitação imposta pelo Artigo 1º da Lei de Usura
(Decreto nº 22.626/33), mas o mesmo não se aplica aos bancos, que, desta
maneira, podem fixar a taxa de juros compensatórios que bem lhes
aprouverem. Importante esclarecer a existência de divergência jurisprudencial a
esse respeito, e a tendência majoritária pela continuidade de aplicação da
Súmula nº 596 do STF.

Apelação Cível
Segundo a Apelação Cível nº 195.023.114, Rel. Darci Waccholz, 1º Grupo
Cível do TARGS, a Súmula nº 596 não pode ser aplicada segundo seus
fundamentos, pois feriu o princípio da isonomia ao reconhecer privilégio
desproporcional em favor das instituições financeiras ao estabelecer, sem uma
relevante razão, diferenças entre as pessoas, além de a referida súmula
encontrar-se desatualizada.

Porém, a aplicabilidade da Súmula nº 596 constitui entendimento majoritário na


jurisprudência brasileira, como consta do seguinte julgado do STJ:

Outra discussão que envolve a mesma matéria se relaciona ao fato de que fere
a isonomia o comportamento dos bancos, ao remunerarem, de forma
desproporcional, as atividades que realiza.

Porque, ao depositar em poupança, o sujeito é remunerado com uma taxa


baixa e, ao contratar um financiamento com o mesmo banco, o sujeito é
obrigado a desembolsar uma taxa exorbitante? A Súmula nº 297 do STJ
determina: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras”.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 9


Assim, no mesmo tribunal, apresentam-se decisões antagônicas, já que não se
estabelece um limite às atividades realizadas pelas instituições financeiras, mas
seus clientes gozam, em tese, do conjunto protetivo disciplinado pelo CDC.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO


BANCÁRIO. AFASTAMENTO DA LIMITAÇÃO DOS JUROS
REMUNERATÓRIOS EM 12% AO ANO. INAPLICABILIDADE, NO CASO,
DA LEI DE USURA. INCIDÊNCIA DA LEI Nº 4.595 /64 E DA SÚMULA
596/STF. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Nos termos da pacífica
jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, os juros remuneratórios
cobrados pelas instituições financeiras não sofrem a limitação imposta pelo
Decreto nº 22.626/33 (Lei de Usura), a teor do disposto na Súmula 596/STF,
de forma que a abusividade da pactuação dos juros remuneratórios deve ser
cabalmente demonstrada em cada caso, com a comprovação do desequilíbrio
contratual ou de lucros excessivos, sendo insuficiente o só fato de a estipulação
ultrapassar 12% ao ano ou de haver estabilidade inflacionária no período. 2.
Agravo regimental improvido. (grifos nossos).

Relação do consumo
Segundo o STJ
No que diz respeito à relação de consumo, segundo o próprio STJ, configura
hipótese de violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, as cláusulas contratuais que
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a equidade.

Artigo 51
Nesse contexto, cabe ressaltar o disposto no Artigo 51, §1º, III, do CDC, que
presume ser exagerada a vantagem que “se mostra excessivamente onerosa
para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares do caso”. Como

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 10


resultado, devem ser tais cláusulas declaradas nulas de pleno direito, uma vez
que violam o ordenamento jurídico civil-constitucional.

Recurso Especial nº 1.194.627-RS


Já no Recurso Especial nº 1.194.627-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
1º/12/2011, a turma julgadora entendeu pela aplicação do Código de Defesa do
Consumidor à relação contratual de mútuo estabelecida pelas partes com a
instituição financeira para compra de ações da Copesul.

Nesse contexto, o que se ventilava na ação não era a redução da taxa de juros
compensatórios, mas, sim, a declaração de nulidade da cláusula de eleição de
foro contratualmente pactuada.

Para o Min. Relator, o simples fato de os recorrentes, pessoas físicas, terem


utilizado o financiamento obtido junto à instituição financeira para investimento
em ações não desnatura a relação de consumo estabelecida entre as partes.

Somente se afastaria a figura do destinatário final daquele que contrai mútuo


com instituição financeira caso ele se dedicasse à atividade financeira, valendo-
se da quantia obtida para reemprestá-la, cobrando juros de terceiros.

Portanto, deve-se afastar a validade da cláusula de eleição, prevalecendo o foro


do domicílio do consumidor para processamento e julgamento da demanda em
que se discute a validade do contrato de financiamento.

Qualidade intrínseca
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o
Princípio da Dignidade Humana. Segundo Sarlet, dignidade da pessoa humana
pode ser entendida como:

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 11


Qualidade
A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o faz merecedor do
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais
que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante
e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e
corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com
os demais seres humanos.

Relações privadas
Aplicar a dignidade da pessoa humana às relações privadas é tarefa recorrente
no atual ordenamento jurídico por meio da jurisprudência. No Recurso
Especial nº 1.324.712-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
24/9/2013, o STJ decidiu ser incabível a exigência de caução para atendimento
médico-hospitalar emergencial. Dessa forma, o Tribunal Superior vem
materializando o valor jurídico-constitucional da dignidade aos contratos de
prestação de serviços médicos, afastando a constituição de garantia para
tratamento emergencial, mesmo que a mencionada caução tenha sido pactuada
entre as partes ou seus familiares.

Atenção
O Superior Tribunal de Justiça, antes da vigência da Lei nº
12.653/2012, já havia se manifestado no sentido de que é dever
do estabelecimento hospitalar, sob pena de responsabilização
cível e criminal, da sociedade empresária e prepostos, prestar o
pronto atendimento. Com a superveniente vigência da Lei nº
12.653/2012, que veda a exigência de caução e de prévio
preenchimento de formulário administrativo para a prestação de
atendimento médico-hospitalar premente, a solução para o caso
é expressamente conferida por norma de caráter cogente.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 12


Negócios jurídicos
Também constitui aplicação da dignidade humana aos negócios jurídicos, a
determinação de que o Estado, em todas as suas esferas de poder, deve
assegurar às crianças e aos adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à
vida e à saúde, fornecendo gratuitamente o tratamento médico cuja família não
tem condições de custear. Assim, há responsabilidade solidária, estabelecida
nos Artigos 196 e 227 da Constituição Federal e Artigo 11, §2º, do ECA,
podendo o autor da ação exigir, em conjunto ou separadamente, o
cumprimento da obrigação por qualquer dos entes públicos,
independentemente da regionalização e hierarquização do serviço público de
saúde.

Declaração
De outra sorte, nos Embargos de Declaração no Agravo nº 1.023.858-RJ,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2008, o STJ afastou a interpretação
civil-constitucional ao possibilitar a penhora do único bem de família do fiador,
nos moldes do Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990.

O Min. Relator destacou que a orientação divergente de Tribunal


estadual não tem o condão de afastar o entendimento predominante
nos Tribunais Superiores no sentido de ser penhorável o imóvel
familiar do fiador em contrato de locação.

Papel da Jurisprudência
Em conclusão, foi possível perceber o papel da jurisprudência diante da
interpretação e aplicação dos princípios constitucionais às relações contratuais,
com destaque para a isonomia e a dignidade da pessoa humana.

Assim, por meio da análise de casos concretos, foi constatada a tendência ao


dirigismo contratual por parte do Estado, mas sem esvaziar por completo a
autonomia privada, inerente aos negócios jurídicos modernos.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 13


Ordenamento jurídico
Como analisado anteriormente, o ordenamento jurídico civilista estrutura-se no
Estado Democrático de Direito, inaugurado com a Constituição Federal de
1988, a partir de uma nova leitura acerca dos negócios jurídicos que disciplina.
A visão tradicional de que o contrato fazia lei entre as partes (pacta sunt
servanda) resta superada, permitindo-se, desta forma, uma maior intromissão
estatal na autonomia das vontades, o chamado dirigismo contratual.

Tal dirigismo é a faculdade outorgada por lei ao magistrado para que este
reveja o contrato e estabeleça condições para sua execução, fazendo com que
cláusulas sejam impostas em substituição da declaração volitiva do contratante.

Porém, isso não deve levar ao esvaziamento total do princípio da autonomia


privada, mas, sim, à sua mitigação diante da aplicação da boa-fé objetiva e da
função social aos negócios jurídicos, princípios corolários de uma leitura
constitucionalizada do fenômeno privado.

Dessa maneira, a função social do contrato não tem a aptidão de afastar a


autonomia privada, tal como determinado no Enunciado 23 da I Jornada de
Direito Civil do CJF/STJ: “a função social do contrato, prevista no Artigo 421
do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas
atenua ou reduz o alcance deste princípio quando presentes interesses
metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”.

Princípio da autonomia
Conceitua-se o princípio da autonomia privada como sendo um regramento
básico, de ordem particular – mas influenciado por normas de ordem pública –,
pelo qual, na formação do contrato, além da vontade das partes, entram em
cena outros fatores: psicológicos, políticos, econômicos e sociais.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 14


Trata-se do direito indeclinável de a parte autorregulamentar os seus
interesses, decorrente da dignidade humana, mas que encontra limitações em
normas de ordem pública, particularmente nos princípios sociais contratuais.

Autonomia privada

Contratos de adesão
Com a redução da autonomia privada, o negócio jurídico paritário perdeu
espaço social em detrimento dos contratos de adesão, que passam a
constituir a regra geral.

Extinção dos contratos


Apesar de tal mudança ocorrer, isto não acarreta a extinção dos contratos,
mas, sim, a mudança de sua estrutura e conceituação. O contrato muda a sua
disciplina, as suas funções e a sua própria estrutura segundo o contexto
econômico-social em que está inserido.

Padronização das transações


Assim, para uma parte da doutrina, a liberdade de contratar não mais existe,
uma vez que o contrato foi transformado em norma unilateral imposta pela
empresa que está em situação dominante, a partir de um fenômeno conhecido
como padronização das transações, decorrente de uma economia de
massa.

Teoria da imprevisão
Dirigismo contratual
É possível afirmar que, no campo intervencionista consubstanciado no dirigismo
contratual, situa-se a teoria da imprevisão, nos moldes do Artigo 478 do CC.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 15


Desequilíbrio contratual
Dessa forma, atingindo o plano de desequilíbrio contratual pela ocorrência de
fato imprevisível e/ou extraordinário, o direito deverá ser acionado e a
obrigatoriedade contratual deixada de lado.

Ordenamento jurídico
O relatado desequilíbrio possibilita a revisão ou extinção do contrato em
respeito ao ordenamento jurídico, que não mais tolera a desproporção negocial,
em que um se enriquece de forma desarrazoada em detrimento do
empobrecimento de outrem.

Princípio da conservação
Como decorrência do princípio da conservação do negócio jurídico diante da
necessidade de aplicação da teoria da imprevisão, estabelece o Enunciado
176 da III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “Em atenção ao princípio
da conservação dos negócios jurídicos, o Artigo 478 do Código Civil de 2002
deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à
resolução contratual”.

Contratos
No Recurso Especial nº 936741/GO, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, é
possível estabelecer uma digressão entre as várias espécies de contratos
existentes no ordenamento jurídico pátrio. Anteriormente, foi afirmado que a
autonomia privada vem sofrendo atenuações como decorrência do exercício
jurisprudencial, a fim de adequar a estrutura do contrato às exigências
constitucionais.

Porém, diante de contrato de compra e venda de safra futura, não há que


se aplicar a teoria da imprevisão em decorrência da onerosidade excessiva.
Dessa maneira, contratos empresariais não devem ser tratados da mesma
forma que contratos cíveis em geral ou contratos de consumo, pois, nestes,

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 16


admite-se o dirigismo contratual; naqueles, devem prevalecer os princípios da
autonomia da vontade e da força obrigatória dos negócios jurídicos.

Direito privado
Ainda é possível extrair do julgado que Direito Civil e Direito Empresarial, ainda
que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e princípios próprios.
Logo, o fato de o Código Civil ter submetido os contratos cíveis e empresariais
às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam
essencialmente iguais. A não incidência da teoria da imprevisão, nos moldes do
Artigo 478 do CC, decorre dos seguintes argumentos:

Os contratos em discussão não são de execução continuada ou diferida, mas


contratos de compra e venda de coisa futura, a preço fixo.

Alta do preço da soja não tornou a prestação de uma das partes


excessivamente onerosa, mas apenas reduziu o lucro esperado pelo produtor
rural.

A variação cambial que alterou a cotação da soja não configurou um


acontecimento extraordinário e imprevisível, porque ambas as partes
contratantes conhecem o mercado em que atuam, pois são profissionais do
ramo e sabem que tais flutuações são possíveis.

Informativo nº 492 do STJ


Assim, de acordo com o Informativo nº 492 do STJ, nos contratos aleatórios
de compra e venda de safra futura, as variações de preço, por si só, não
motivam a resolução contratual com base na teoria da imprevisão.

Ocorre que, para a aplicação dessa teoria, é imprescindível que as


circunstâncias que envolveram a formação do contrato de execução diferida
não sejam as mesmas no momento da execução da obrigação, tornando o
contrato extremamente oneroso para uma parte em benefício da outra.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 17


E ainda que as alterações que ensejaram o referido prejuízo resultem de um
fato extraordinário e impossível de ser previsto pelas partes.

Recurso Especial nº 1.321.655-MG


De outra sorte, no Recurso Especial 1.321.655-MG, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 22/10/2013, o STJ mitigou a força obrigatória
do contrato ao estabelecer como abusiva a cláusula penal de contrato de
pacote turístico que estabeleça, para a hipótese de desistência do consumidor,
a perda integral dos valores pagos antecipadamente.

Dessa maneira, não é possível falar em perda total dos valores pagos
antecipadamente por pacote turístico, sob pena de se criar uma situação que,
além de vantajosa para a empresa de turismo (fornecedora de serviços),
mostra-se excessivamente desvantajosa para o consumidor, o que implica
incidência do Artigo 413 do CC, segundo o qual a penalidade deve
obrigatoriamente (e não facultativamente) ser reduzida equitativamente pelo
juiz se o seu montante for manifestamente excessivo.

STJ – Superior Tribunal de Justiça


O STJ tem o entendimento de que, em situação semelhante (nos contratos de
promessa de compra e venda de imóvel), é cabível ao magistrado reduzir o
percentual da cláusula penal com o objetivo de evitar o enriquecimento sem
causa por qualquer uma das partes.

Além disso, no que diz respeito à relação de consumo, evidencia-se, na


hipótese, violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, de acordo com o qual são
nulas de pleno direito as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
produtos e serviços que subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da
quantia já paga, nos casos previstos neste código.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 18


Recurso Especial nº 1.132.943-PE
No mesmo sentido do Recurso Especial nº 1.132.943-PE, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 27/8/2013, que decidiu ser abusiva a cláusula de
distrato (fixada no contexto de compra e venda imobiliária mediante
pagamento em prestações) que estabeleça a possibilidade de a construtora
vendedora promover a retenção integral ou a devolução ínfima do valor das
parcelas adimplidas pelo consumidor distratante.

Cláusulas
Os Artigos 53 e 51, IV, do CDC coíbem cláusula de decaimento que determine a
retenção de valor integral ou substancial das prestações pagas, por
consubstanciar vantagem exagerada do incorporador.

Nesse contexto, o Artigo 53 dispõe que, nos “contratos de compra e venda de


móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas
alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do
credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a
retomada do produto alienado”.

Distrato
Além disso, o fato de o distrato pressupor um contrato anterior não implica
desfiguração da sua natureza contratual. Isso porque, nos moldes do Artigo
472 do CC, "o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato", o que
implica afirmar que o distrato nada mais é que um novo contrato, distinto ao
contrato primitivo.

Dessa forma, como em qualquer outro contrato, um instrumento de distrato


poderá, eventualmente, ser eivado de vícios, os quais, por sua vez, serão
passíveis de revisão em juízo, sobretudo no campo das relações de consumo.
Em outras palavras, as disposições estabelecidas em um instrumento de

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 19


distrato são, como quaisquer outras disposições contratuais, passíveis de
anulação por abusividade.

Modelo individualista-liberal
Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido como a
possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas
relações mútuas dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos, enquanto o pacta sunt servanda é concebido como o princípio que
determina a força obrigatória dos contratos.

Importante relembrar que, no modelo individualista-liberal, típico dos códigos


oitocentistas, tais princípios eram tomados como absolutos. No entanto, na
concepção atual do direito civil-constitucional, ocorreu sua relativização com
vistas à melhor proteção da dignidade humana.

Conclusão
Conclui-se, portanto, que, ao surgirem questões práticas acerca da aplicação do
princípio da autonomia privada, da liberdade e da dignidade da pessoa
humana, deve-se privilegiar a liberdade do sujeito em detrimento dos interesses
patrimoniais inerentes ao negócio jurídico, já que prevalece o direito
existencial no sistema jurídico pátrio.

Atividade proposta
Leia sobre um case que aborda o conteúdo discutido nesta aula. Em seguida,
diante do exposto, faça a analise do acórdão e identifique se há ou não
desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, diante da
possibilidade de penhorar o único bem de família do fiador.

“TJRJ - DES. MARIO ASSIS GONCALVES - Julgamento: 09/05/2012 - TERCEIRA


CAMARA CIVEL. Embargos à execução. Fiador. Bem de família. Penhorabilidade.
Constitucionalidade reconhecida pelo STF. O inciso VII do artigo 3º, da Lei
8.009/90 afasta a impenhorabilidade do bem de família na hipótese de

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 20


execução de obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Assim, o imóvel apontado pelo exequente, ainda que seja o único, pode ser
objeto da execução. A constitucionalidade do referido dispositivo legal foi
declarada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento de Recurso
Extraordinário no qual se reconheceu a existência de repercussão geral. A
matéria é, inclusive, objeto do verbete sumular nº 63 deste Tribunal. Desta
forma, legítima a penhora realizada sobre o bem de propriedade da fiadora. Por
fim cumpre destacar que a fiança é uma obrigação de garantia. Nesse tipo de
obrigação, aquilo a que se obriga o fiador é pagar a obrigação se o devedor
não o fizer. A fiança é outra relação jurídica da qual o devedor não faz parte e
que se estabelece entre o credor e o fiador, são duas relações jurídicas
distintas. Há uma relação jurídica principal que se estabelece entre credor e o
devedor e há outra relação jurídica acessória que se estabelece entre o credor e
o fiador. Da principal o fiador não é parte, assim como da acessória é o devedor
que não é parte. Desta forma, quitado o débito pelo fiador este se sub-roga nos
direitos do locador, podendo executar a dívida em virtude do direito de
regresso. Recurso ao qual se dá provimento”.

Chave de resposta: À luz do direito civil-constitucional, é cabível o


questionamento acerca da constitucionalidade do Artigo 3º, VII, da Lei nº
8.009/90, que possibilita a penhora do único bem de família do fiador.
Importante lembrar que a referida lei encontra fundamento na doutrina do
patrimônio mínimo do devedor, materializando a dignidade da pessoa humana
nas relações contratuais. É de se concluir que tal precedente acaba criando um
ambiente inseguro ao fiador e, por conseguinte, inviabiliza a assunção desta
responsabilidade.

Referências
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Campinas: Romana
Jurídica, 2004. p. 121.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 21


MELLO, Celso Antonio Bandeira. Conteúdo jurídico do princípio da
igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. p. 21.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. São Paulo: Método, 2013. p.
539.

Exercícios de fixação
Questão 1
(Magistratura do Trabalho)
A liberdade de contratar, segundo preceito expresso na Lei Civil, será exercida
em razão e nos limites da função social do contrato, porque o Código Civil
vigente traz uma maior preocupação com a dignidade da pessoa humana,
quando visualiza o contrato como instrumento de integração do homem na
sociedade:
a) As duas expressões são falsas
b) A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa
c) A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira
d) As duas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira
e) As duas são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira

Questão 2
De acordo com os princípios que regem a relação contratual, identifique aquele
que não se aplica a presente relação.
a) Princípio da dignidade da pessoa humana
b) Princípio da função social dos contratos
c) Princípio da responsabilidade pessoal do devedor
d) Princípio da boa-fé objetiva

Questão 3
O processo de mitigação dos tradicionais critérios para solucionar o conflito
entre regras, em que se busca a harmonização entre as diversas normas do
ordenamento jurídico ao invés do afastamento de uma delas, é denominado de:
a) Crise dos contratos

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 22


b) Pacta sunt servanda
c) Dirigismo contratual
d) Diálogo das fontes

Questão 4
É possível afirmar que o direito civil-constitucional pode ser considerado como:
a) Uma nova técnica de hermenêutica, em que os princípios constitucionais
deverão ser aplicados às relações privadas.
b) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o credor deverá se
submeter ao inadimplemento voluntário do devedor.
c) Uma nova técnica de hermenêutica, em que se reafirma o Código Civil
como diploma patrimonialista e individualista.
d) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o devedor deverá se
submeter às cláusulas determinadas pelo credor.

Questão 5
(OAB)
Semprônio realiza contrato de locação com Terêncio, de imóvel residencial
urbano. Para garantir a avença, intercede Esculápio na condição de fiador pelo
período do contrato, renunciando ao benefício de ordem. No curso da avença, o
devedor, por motivos de doença da família, deixa de quitar algumas prestações.
Após o período de dificuldades, credor e devedor ajustam a prorrogação do
contrato, não informando tal situação ao fiador. Diante do exposto, marque a
alternativa correta:
a) O fiador não será responsável, diante da prorrogação do contrato.
b) A fiança não constitui uma das espécies de garantia locatícia.
c) Qualquer modificação no contrato não precisa ser comunicada ao fiador.
d) O único bem de família do fiador poderá ser penhorado, por expressa
força de lei.

Questão 6

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A possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas
relações mútuas, dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos, constitui um dos princípios fundamentais da relação contratual.
Aponte, dentre as alternativas abaixo, o presente princípio:
a) Princípio da função social dos contratos
b) Princípio da autonomia da vontade
c) Princípio do pacta sunt servanda
d) Princípio da conservação do negócio jurídico

Questão 7
Quanto aos princípios que regem a relação contratual, assinale a resposta
incorreta.
a) Autonomia da vontade é a possibilidade, oferecida e assegurada aos
particulares, de regularem suas relações mútuas, dentro de
determinados limites, por meio de negócios jurídicos.
b) Função social do contrato é um princípio contratual, de ordem pública,
pelo qual o contrato deve ser necessariamente visualizado, interpretado
e estruturado de acordo com o contexto da sociedade.
c) Pelo princípio da boa-fé objetiva, os contratantes estão obrigados a
cumprir suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem
abuso de direito, o que acarreta responsabilidade civil.
d) A liberdade de contratar não será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato.

Questão 8
(OAB)
Silvana, promitente compradora, celebrou instrumento de promessa de compra
e venda de imóvel no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) com Ivana,
promitente vendedora, através de instrumento público. Durante a vigência do
pacto, Silvana e Ivana decidiram desfazer o negócio e celebraram novo acordo
por meio de instrumento particular, extinguindo o contrato inicial. Qual é o
instituto jurídico pertinente?

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 24


a) Trata-se de distrato, que deverá seguir a mesma forma exigida por lei
para a realização do contrato.
b) Trata-se de distrato, que não precisará seguir a mesma forma exigida
por lei para a realização do contrato.
c) Trata-se de resilição unilateral do contrato.
d) Trata-se de resolução contratual.

Questão 9
José celebrou contrato de compra e venda de safra futura de soja com Antônio,
em que ficou determinado o pagamento por toda a safra de soja do segundo,
mesmo que esta não venha a existir. Quanto à classificação, é possível afirmar
que:
a) O contrato é comutativo, cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
b) O contrato é aleatório, cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
c) O contrato é comutativo, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
d) O contrato é aleatório, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão.

Questão 10
(Exame da OAB – 2012)
Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é
aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele represente o acordo
de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos.
Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta:
a) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é
lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não
expressamente regulamentados por lei.
b) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra
específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a
herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não.
c) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato, e os
contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua
execução, os princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 25


estes ligados ao voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso
Código Civil.
d) Será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver
cláusulas ambíguas ou contraditórias.

Contrato de mútuo feneratício: No presente empréstimo de bens fungíveis,


permite-se a previsão de juros compensatórios entre os contratantes. Segundo
o Artigo 591 do CC: “Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se
devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a
que se refere o Artigo 406, permitida a capitalização anual”.

Juros compensatórios: Tal espécie de taxa de juros tem a finalidade de


capitalizar o valor nominal que foi emprestado. Para os contratos pactuados
entre pessoas físicas ou jurídicas que não exerçam atividade financeira, sua
base normativa será a Lei de Usura.

Aula 1
Exercícios de fixação
Questão 1 - D
Justificativa: O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada
do ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio
da autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva
aos negócios jurídicos, bem como da dignidade da pessoa humana.

Questão 2 - C
Justificativa: Conforme Artigo 391 do CC: “Pelo inadimplemento das obrigações,
respondem todos os bens do devedor”.

TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 26


Questão 3 - D
Justificativa: Cláudia Lima Marques denomina como diálogo das fontes o
processo de mitigação dos tradicionais critérios hermenêuticos, utilizados para
se determinar qual norma deverá ser aplicada em dado caso concreto.

Questão 4 - A
Justificativa: Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se
influenciado pela Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação
paradigmática em sua interpretação. Como resultado, a doutrina e a
jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e premissas metodológicas do
direito civil-constitucional, entendido, pois, como uma nova técnica
hermenêutica, que busca aplicar os princípios e direitos fundamentais às
relações privadas.

Questão 5 - D
Justificativa: Conforme Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990.

Questão 6 - B
Justificativa: Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido
como a possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem
suas relações mútuas, dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos.

Questão 7 - D
Justificativa: Conforme Artigo 421 do CC: “A liberdade de contratar será
exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.

Questão 8 - A
Justificativa: Conforme Artigo 472 do CC: “O distrato faz-se pela mesma forma
exigida para o contrato”.

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Questão 9 - D
Justificativa: Informativo nº 492 do STJ: “Nos contratos aleatórios de compra e
venda de safra futura, as variações de preço, por si só, não motivam a
resolução contratual com base na teoria da imprevisão”.

Questão 10 - B
Justificativa: Conforme Artigo 425 do CC: “É lícito às partes estipular contratos
atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”; e Artigo 426 do
CC: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”.

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