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Introdução ............................................................................................................................. 3
Conteúdo................................................................................................................................ 4
Constituições ...................................................................................................................... 4
Constituições ...................................................................................................................... 4
Código Civil de 1916.......................................................................................................... 5
Justiça Social ...................................................................................................................... 6
Princípio da isonomia ....................................................................................................... 7
Constituição Federal de 1988 .......................................................................................... 8
Apelação Cível .................................................................................................................... 9
Relação do consumo ...................................................................................................... 10
Recurso Especial nº 1.194.627-RS ................................................................................. 11
Qualidade intrínseca ....................................................................................................... 11
Declaração ........................................................................................................................ 13
Papel da Jurisprudência ................................................................................................. 13
Ordenamento jurídico .................................................................................................... 14
Princípio da autonomia .................................................................................................. 14
Autonomia privada .......................................................................................................... 15
Teoria da imprevisão ...................................................................................................... 15
Princípio da conservação ............................................................................................... 16
Contratos ........................................................................................................................... 16
Direito privado.................................................................................................................. 17
Informativo nº 492 do STJ ............................................................................................. 17
Recurso Especial nº 1.321.655-MG ............................................................................... 18
STJ – Superior Tribunal de Justiça............................................................................... 18
Recurso Especial nº 1.132.943-PE ................................................................................. 19
Cláusulas ........................................................................................................................... 19
Distrato .............................................................................................................................. 19
Modelo individualista-liberal ......................................................................................... 20
Conclusão ......................................................................................................................... 20
Atividade proposta .......................................................................................................... 20
Referências........................................................................................................................... 21
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 22
Objetivo:
1. Analisar o negócio jurídico à luz do direito civil-constitucional por meio da
aplicação da isonomia e da dignidade humana às relações contratuais;
2. Analisar os novos contornos jurídicos do princípio da autonomia privada e do
pacta sunt servanda nas relações contratuais.
Constituições
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em
sua interpretação.
Justiça Social
O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada do
ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio da
autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva
aos negócios jurídicos.
Dessa forma, o presente diploma foi alçado a uma posição de norma regulatória
geral das relações privadas, não excluindo a legislação específica
(microssistemas que visam a proteção da parte hipossuficiente, como o Código
de Defesa do Consumidor), nem a aplicabilidade da interpretação constitucional
às situações que disciplina.
Para a Quarta Turma do STJ, não cabe prisão civil do inventariante em razão do
descumprimento do dever do espólio de prestar alimentos, uma vez que a
restrição da liberdade constitui sanção de natureza personalíssima, não
podendo recair sobre terceiro, estranho ao dever de alimentar. Como é sabido,
a prisão civil somente pode ser imposta ao devedor de alimentos, nos moldes
do Art. 528, parágrafo 3º, do CPC/15.
Princípio da isonomia
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o
princípio da isonomia.
Apelação Cível
Segundo a Apelação Cível nº 195.023.114, Rel. Darci Waccholz, 1º Grupo
Cível do TARGS, a Súmula nº 596 não pode ser aplicada segundo seus
fundamentos, pois feriu o princípio da isonomia ao reconhecer privilégio
desproporcional em favor das instituições financeiras ao estabelecer, sem uma
relevante razão, diferenças entre as pessoas, além de a referida súmula
encontrar-se desatualizada.
Outra discussão que envolve a mesma matéria se relaciona ao fato de que fere
a isonomia o comportamento dos bancos, ao remunerarem, de forma
desproporcional, as atividades que realiza.
Relação do consumo
Segundo o STJ
No que diz respeito à relação de consumo, segundo o próprio STJ, configura
hipótese de violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, as cláusulas contratuais que
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a equidade.
Artigo 51
Nesse contexto, cabe ressaltar o disposto no Artigo 51, §1º, III, do CDC, que
presume ser exagerada a vantagem que “se mostra excessivamente onerosa
para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares do caso”. Como
Nesse contexto, o que se ventilava na ação não era a redução da taxa de juros
compensatórios, mas, sim, a declaração de nulidade da cláusula de eleição de
foro contratualmente pactuada.
Qualidade intrínseca
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o
Princípio da Dignidade Humana. Segundo Sarlet, dignidade da pessoa humana
pode ser entendida como:
Relações privadas
Aplicar a dignidade da pessoa humana às relações privadas é tarefa recorrente
no atual ordenamento jurídico por meio da jurisprudência. No Recurso
Especial nº 1.324.712-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
24/9/2013, o STJ decidiu ser incabível a exigência de caução para atendimento
médico-hospitalar emergencial. Dessa forma, o Tribunal Superior vem
materializando o valor jurídico-constitucional da dignidade aos contratos de
prestação de serviços médicos, afastando a constituição de garantia para
tratamento emergencial, mesmo que a mencionada caução tenha sido pactuada
entre as partes ou seus familiares.
Atenção
O Superior Tribunal de Justiça, antes da vigência da Lei nº
12.653/2012, já havia se manifestado no sentido de que é dever
do estabelecimento hospitalar, sob pena de responsabilização
cível e criminal, da sociedade empresária e prepostos, prestar o
pronto atendimento. Com a superveniente vigência da Lei nº
12.653/2012, que veda a exigência de caução e de prévio
preenchimento de formulário administrativo para a prestação de
atendimento médico-hospitalar premente, a solução para o caso
é expressamente conferida por norma de caráter cogente.
Declaração
De outra sorte, nos Embargos de Declaração no Agravo nº 1.023.858-RJ,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2008, o STJ afastou a interpretação
civil-constitucional ao possibilitar a penhora do único bem de família do fiador,
nos moldes do Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990.
Papel da Jurisprudência
Em conclusão, foi possível perceber o papel da jurisprudência diante da
interpretação e aplicação dos princípios constitucionais às relações contratuais,
com destaque para a isonomia e a dignidade da pessoa humana.
Tal dirigismo é a faculdade outorgada por lei ao magistrado para que este
reveja o contrato e estabeleça condições para sua execução, fazendo com que
cláusulas sejam impostas em substituição da declaração volitiva do contratante.
Princípio da autonomia
Conceitua-se o princípio da autonomia privada como sendo um regramento
básico, de ordem particular – mas influenciado por normas de ordem pública –,
pelo qual, na formação do contrato, além da vontade das partes, entram em
cena outros fatores: psicológicos, políticos, econômicos e sociais.
Autonomia privada
Contratos de adesão
Com a redução da autonomia privada, o negócio jurídico paritário perdeu
espaço social em detrimento dos contratos de adesão, que passam a
constituir a regra geral.
Teoria da imprevisão
Dirigismo contratual
É possível afirmar que, no campo intervencionista consubstanciado no dirigismo
contratual, situa-se a teoria da imprevisão, nos moldes do Artigo 478 do CC.
Ordenamento jurídico
O relatado desequilíbrio possibilita a revisão ou extinção do contrato em
respeito ao ordenamento jurídico, que não mais tolera a desproporção negocial,
em que um se enriquece de forma desarrazoada em detrimento do
empobrecimento de outrem.
Princípio da conservação
Como decorrência do princípio da conservação do negócio jurídico diante da
necessidade de aplicação da teoria da imprevisão, estabelece o Enunciado
176 da III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “Em atenção ao princípio
da conservação dos negócios jurídicos, o Artigo 478 do Código Civil de 2002
deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à
resolução contratual”.
Contratos
No Recurso Especial nº 936741/GO, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, é
possível estabelecer uma digressão entre as várias espécies de contratos
existentes no ordenamento jurídico pátrio. Anteriormente, foi afirmado que a
autonomia privada vem sofrendo atenuações como decorrência do exercício
jurisprudencial, a fim de adequar a estrutura do contrato às exigências
constitucionais.
Direito privado
Ainda é possível extrair do julgado que Direito Civil e Direito Empresarial, ainda
que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e princípios próprios.
Logo, o fato de o Código Civil ter submetido os contratos cíveis e empresariais
às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam
essencialmente iguais. A não incidência da teoria da imprevisão, nos moldes do
Artigo 478 do CC, decorre dos seguintes argumentos:
Dessa maneira, não é possível falar em perda total dos valores pagos
antecipadamente por pacote turístico, sob pena de se criar uma situação que,
além de vantajosa para a empresa de turismo (fornecedora de serviços),
mostra-se excessivamente desvantajosa para o consumidor, o que implica
incidência do Artigo 413 do CC, segundo o qual a penalidade deve
obrigatoriamente (e não facultativamente) ser reduzida equitativamente pelo
juiz se o seu montante for manifestamente excessivo.
Cláusulas
Os Artigos 53 e 51, IV, do CDC coíbem cláusula de decaimento que determine a
retenção de valor integral ou substancial das prestações pagas, por
consubstanciar vantagem exagerada do incorporador.
Distrato
Além disso, o fato de o distrato pressupor um contrato anterior não implica
desfiguração da sua natureza contratual. Isso porque, nos moldes do Artigo
472 do CC, "o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato", o que
implica afirmar que o distrato nada mais é que um novo contrato, distinto ao
contrato primitivo.
Modelo individualista-liberal
Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido como a
possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas
relações mútuas dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos, enquanto o pacta sunt servanda é concebido como o princípio que
determina a força obrigatória dos contratos.
Conclusão
Conclui-se, portanto, que, ao surgirem questões práticas acerca da aplicação do
princípio da autonomia privada, da liberdade e da dignidade da pessoa
humana, deve-se privilegiar a liberdade do sujeito em detrimento dos interesses
patrimoniais inerentes ao negócio jurídico, já que prevalece o direito
existencial no sistema jurídico pátrio.
Atividade proposta
Leia sobre um case que aborda o conteúdo discutido nesta aula. Em seguida,
diante do exposto, faça a analise do acórdão e identifique se há ou não
desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, diante da
possibilidade de penhorar o único bem de família do fiador.
Referências
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Campinas: Romana
Jurídica, 2004. p. 121.
Exercícios de fixação
Questão 1
(Magistratura do Trabalho)
A liberdade de contratar, segundo preceito expresso na Lei Civil, será exercida
em razão e nos limites da função social do contrato, porque o Código Civil
vigente traz uma maior preocupação com a dignidade da pessoa humana,
quando visualiza o contrato como instrumento de integração do homem na
sociedade:
a) As duas expressões são falsas
b) A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa
c) A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira
d) As duas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira
e) As duas são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira
Questão 2
De acordo com os princípios que regem a relação contratual, identifique aquele
que não se aplica a presente relação.
a) Princípio da dignidade da pessoa humana
b) Princípio da função social dos contratos
c) Princípio da responsabilidade pessoal do devedor
d) Princípio da boa-fé objetiva
Questão 3
O processo de mitigação dos tradicionais critérios para solucionar o conflito
entre regras, em que se busca a harmonização entre as diversas normas do
ordenamento jurídico ao invés do afastamento de uma delas, é denominado de:
a) Crise dos contratos
Questão 4
É possível afirmar que o direito civil-constitucional pode ser considerado como:
a) Uma nova técnica de hermenêutica, em que os princípios constitucionais
deverão ser aplicados às relações privadas.
b) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o credor deverá se
submeter ao inadimplemento voluntário do devedor.
c) Uma nova técnica de hermenêutica, em que se reafirma o Código Civil
como diploma patrimonialista e individualista.
d) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o devedor deverá se
submeter às cláusulas determinadas pelo credor.
Questão 5
(OAB)
Semprônio realiza contrato de locação com Terêncio, de imóvel residencial
urbano. Para garantir a avença, intercede Esculápio na condição de fiador pelo
período do contrato, renunciando ao benefício de ordem. No curso da avença, o
devedor, por motivos de doença da família, deixa de quitar algumas prestações.
Após o período de dificuldades, credor e devedor ajustam a prorrogação do
contrato, não informando tal situação ao fiador. Diante do exposto, marque a
alternativa correta:
a) O fiador não será responsável, diante da prorrogação do contrato.
b) A fiança não constitui uma das espécies de garantia locatícia.
c) Qualquer modificação no contrato não precisa ser comunicada ao fiador.
d) O único bem de família do fiador poderá ser penhorado, por expressa
força de lei.
Questão 6
Questão 7
Quanto aos princípios que regem a relação contratual, assinale a resposta
incorreta.
a) Autonomia da vontade é a possibilidade, oferecida e assegurada aos
particulares, de regularem suas relações mútuas, dentro de
determinados limites, por meio de negócios jurídicos.
b) Função social do contrato é um princípio contratual, de ordem pública,
pelo qual o contrato deve ser necessariamente visualizado, interpretado
e estruturado de acordo com o contexto da sociedade.
c) Pelo princípio da boa-fé objetiva, os contratantes estão obrigados a
cumprir suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem
abuso de direito, o que acarreta responsabilidade civil.
d) A liberdade de contratar não será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato.
Questão 8
(OAB)
Silvana, promitente compradora, celebrou instrumento de promessa de compra
e venda de imóvel no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) com Ivana,
promitente vendedora, através de instrumento público. Durante a vigência do
pacto, Silvana e Ivana decidiram desfazer o negócio e celebraram novo acordo
por meio de instrumento particular, extinguindo o contrato inicial. Qual é o
instituto jurídico pertinente?
Questão 9
José celebrou contrato de compra e venda de safra futura de soja com Antônio,
em que ficou determinado o pagamento por toda a safra de soja do segundo,
mesmo que esta não venha a existir. Quanto à classificação, é possível afirmar
que:
a) O contrato é comutativo, cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
b) O contrato é aleatório, cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
c) O contrato é comutativo, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
d) O contrato é aleatório, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
Questão 10
(Exame da OAB – 2012)
Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é
aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele represente o acordo
de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos.
Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta:
a) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é
lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não
expressamente regulamentados por lei.
b) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra
específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a
herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não.
c) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato, e os
contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua
execução, os princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios
Aula 1
Exercícios de fixação
Questão 1 - D
Justificativa: O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada
do ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio
da autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva
aos negócios jurídicos, bem como da dignidade da pessoa humana.
Questão 2 - C
Justificativa: Conforme Artigo 391 do CC: “Pelo inadimplemento das obrigações,
respondem todos os bens do devedor”.
Questão 4 - A
Justificativa: Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se
influenciado pela Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação
paradigmática em sua interpretação. Como resultado, a doutrina e a
jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e premissas metodológicas do
direito civil-constitucional, entendido, pois, como uma nova técnica
hermenêutica, que busca aplicar os princípios e direitos fundamentais às
relações privadas.
Questão 5 - D
Justificativa: Conforme Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990.
Questão 6 - B
Justificativa: Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido
como a possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem
suas relações mútuas, dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos.
Questão 7 - D
Justificativa: Conforme Artigo 421 do CC: “A liberdade de contratar será
exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
Questão 8 - A
Justificativa: Conforme Artigo 472 do CC: “O distrato faz-se pela mesma forma
exigida para o contrato”.
Questão 10 - B
Justificativa: Conforme Artigo 425 do CC: “É lícito às partes estipular contratos
atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”; e Artigo 426 do
CC: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”.