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Arquitetura moderna em Santa Maria RS

Nabor Silva Ribeiro


Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/19.219/7096


Planetário, Universidade Federal de Santa Maria, detalhe
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Este artigo, tendo por base a dissertação de mestrado em patrimônio cultural da


Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, foi realizado no intuito de valorizar
e divulgar a presença da arquitetura moderna em Santa Maria entre as décadas de
1950 e 1960. Para tanto foram documentados vinte e seis prédios de uso coletivo –
residencial, comercial e misto – e prédios de uso institucional. Assim o estudo
começa com a análise dos prédios da Faculdade de Farmácia e da Medicina e do
Taperinha, pioneiros e incontestes marcos visuais da cidade, finalizando com a
apresentação dos primeiros prédios da UFSM.

Em relação à localização foram estabelecidos dois grupos. O primeiro localizado no


centro da cidade, onde se concentra 70% da amostra. O segundo corresponde aos
prédios da Cidade Universitária da UFSM, localizados no bairro Camobi, zona leste
da cidade. Esta divisão, além de orientar e facilitar a visitação aponta para duas
formas de manifestação da arquitetura moderna: uma adaptada à malha urbana
consolidada no centro histórico de origem portuguesa. A outra, no campus de Camobi,
inserida num espaço planificado concebido a partir dos conceitos do urbanismo
moderno.

A significativa participação de arquitetos conterrâneos está relacionada aos


projetos oriundos da iniciativa privada – sociedades imobiliárias, comerciais,
clube esportivo ou grupo familiar – construídos no centro da cidade. Destaca-se o
trabalho do arquiteto Claudio Machado Rizzato, responsável, em parceria com o
arquiteto Battistino Anele, pelo projeto do edifício Taperinha e dos prédios da
Cacism e do Augusto. Também é importante a atuação dos arquitetos Emil Bered e
Salomão Kruchin, projetistas do imponente ginásio do Esporte Clube Corintians, e o
arquiteto e professor Antônio José Brenner com o prédio comercial rio da Prata.
Nos prédios funcionais se destaca a atuação dos arquitetos Oscar Valdetaro e Roberto
Nadalutti responsáveis pelo projeto do Hospital de Tisiologia, depois Hospital
Universitário e hoje Centro de Apoio da UFSM e de todos os prédios da UFSM,
incluindo a urbanização, construídos na década de 1960 na cidade universitária.
Destaca-se também o trabalho do professor e arquiteto, da então URGS, Fernando
Petersen Lunardi com seu projeto do prédio da antiga reitoria.

Em alguns prédios não foi possível identificar o profissional responsável pelos


projetos. No entanto é certo que estejam vinculados aos órgãos públicos federais
localizados na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República.

Na seleção dos prédios também foram observados outros requisitos, além dos elementos
que os caracterizam como moderno, como as informações que indiquem sua denominação,
localização e período de construção, cuja comprovação tanto pode ser documental
como também por meio de registro fotográfico, com a devida indicação da fonte, e
se possível com a identificação dos profissionais responsáveis pelo projeto e pela
execução.

Também foram observados os critérios de conservação dos prédios, a partir das


definições constantes na Carta de Burra (1). Assim os que necessitam de manutenção,
isto é, precisam somente de inspeção regular e limpeza periódica, ou de preservação,
quando for necessária a realização de pequenos reparos, foram apontados como aptos
a serem publicados. A exceção a estes critérios fica por conta do ginásio do
Corintians Esporte Clube e do prédio do Centro de Apoio da UFSM, ambos classificados
na categoria de restauro, pois, para as suas recuperações se fazem necessários a
remoção de partes acrescidas a posteriori ao projeto original, reconstrução e
readaptação necessárias para a instalação de novas funções. Mesmo com estas
restrições foram selecionados devido à singularidade formal do ginásio, marcante
na paisagem urbana, e pela forma pioneira do hospital, inspirada nas ideias do
arquiteto Lucio Costa, e por ser um representante da primeira etapa da instalação
do ensino superior em Santa Maria.

Os registros fotográficos, atuais e exclusivos, foram realizados entre 2014 e 2015


pelo designer Pedro Machry Krum Ribeiro e fazem parte do acervo do autor. Já os
desenhos que auxiliaram a análise dos prédios foram elaborados a partir de originais
encontrados no arquivo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e nos
desenhos em DWG fornecidos pela Pró-reitora de Infraestrutura – Proinfra da UFSM.
As figuras foram montadas pela acadêmica do curso de arquitetura da UFSM Bruna
Zambonato.

Antecedentes da arquitetura moderna em Santa Maria

A presença portuguesa é inerente ao surgimento do povoado, em 1797, predominando


até o advento da República. Assim, o núcleo inicial do povoamento, a rua do
Acampamento e o largo da Praça da Matriz, era constituído inicialmente por
exemplares de Arquitetura Portuguesa com suas variantes e com seus alinhamentos
determinando o espaço público.

O progresso implantado pelo positivismo comteano do início da República determinou


intervenção pontual, a qual Leme (2) classifica como planos de melhoramento
implantados a partir do início do século 20 nas áreas centrais das principais
cidades brasileiras, e pela elaboração de uma legislação urbana específica, as
quais tiveram como objeto principal o saneamento urbano.

Desta maneira, na virada do século passado notam-se as primeiras alterações que


irão determinar a arquitetura portuguesa como passado também em Santa Maria. Estas
intervenções começam ainda no século 19 quando da instalação do transporte
ferroviário no município, em 1885, e com a realização de inúmeras obras no centro
da cidade (3), com a implantação do Plano de Melhoramentos (5) e com a chegada dos
imigrantes na região, principalmente os italianos em 1887 (4).

Estas intervenções urbanísticas determinaram algumas mudanças significativas junto


à Praça da Matriz, hoje Saldanha Marinho, anotadas por Beltrão (6), como a
demolição, ainda em 1888 da “velha igreja da matriz” e do cemitério que compunha o
átrio da igreja, transferido-o para o Cemitério Ecumênico ainda existente na avenida
Dois de Novembro, bairro Patronato. Com a remoção foi possível a ampliação da
avenida Progresso, hoje rio Branco, em 1894, o calçamento da rua do Acampamento e
de algumas quadras da rua do Comércio, hoje rua Dr. Bozano, em 1896, da elaboração
do Código de Posturas em 1897, da instalação da eletricidade em 1898. O progresso
também acontece com a instalação da telefonia em 1901 e com a criação da Secretaria
de Obras Públicas e da Lei Orgânica Municipal em 1902.

Estes fatos determinaram a implantação marcante de uma paisagem urbana fundamentada


no estilo eclético, a qual ficou praticamente inalterada até a década de 1940. A
sua presença ainda está presente no neoclassicismo do Banco Nacional do Comércio,
no neogótico da Igreja do Mediador, no art nouveau do Palacete do Dr. Astrogildo.
No paisagismo se destacavam o canteiro central da avenida Rio Branco e a praça
Saldanha Marinho cujo desenho simétrico lembra as praças cariocas implantadas pelo
paisagista francês Auguste Glaziou.

O escopo sociocultural da década de 1940

Toda a manifestação arquitetônica está fundamentada, enquanto processo histórico,


nas transformações desejadas e sonhadas pela sociedade, sendo que o espaço urbano
atua no subconsciente do agente expressando um “desejo coletivo inalcançável que
se configura material e imediatamente”, conforme afirma Guy Petitdemange (7).

Assim, a explanação concisa a seguir apresentada tem como objetivo a compreensão


das transformações sociais e culturais que irão marcar a paisagem urbana da cidade.
Desta maneira, após o período de influência da colonização portuguesa, onde se
destaca a função militar, e colonização germânica, que desenvolveu a indústria de
pequeno porte e o comércio (8), neste caso associada aos emigrantes judeus (9) a
sociedade santamariense passa a se relacionar com as atividades pertinentes à
Viação Férrea, cujo auge, enquanto principal centro ferroviário do estado, acontece
entre 1905 a 1957, conforme explica Flôres (10), seguido da implantação do ensino
superior, considerado como receptáculo da nova arquitetura em Santa Maria.

A questão ferroviária marcou a cidade de maneira significativa a partir da criação


da Cooperativa dos Funcionários da Viação Férrea – Coopfer, em 1913, conforme
aponta Flôres. No início da década de 1930 a Coopfer, já estabelecida em várias
cidades do estado, incluindo Porto Alegre, desenvolve atividades nas áreas de
educação, saúde e indústria, fazendo assim gravitacionar em seu entorno as
atividades econômicas do município. Este protagonismo está gravado no imaginário
de várias gerações de santa-marienses, pois tudo – clube social, clube de futebol,
cooperativa, escolas – estava relacionado com o trem. Esta ambiência urbana ficou
demarcada no que hoje se conhece como Mancha Ferroviária, isto é, ao longo da
avenida Rio Branco e rua do Acampamento, com vários prédios residenciais e uma
sólida rede hoteleira, cujos prédios foram construídos seguindo os preceitos da
art déco.

Deste período, excluindo o conjunto residencial conhecido como “Vila Belga” (11),
um conjunto habitacional para os funcionários da Viação Férrea, construída entre
1901 e 1903, destaca-se o prédio do Palácio Rosado, localizado na avenida Rio
Branco com a rua Daudt, considerado por Flôres (12) como o lugar fundamental para
as articulações e lutas dos ferroviários gaúchos, e o prédio da Escola de Artes e
Ofícios construído pela Coopfer a partir de 1913 e inaugurado em 1922, conforme
indicação de Foletto (13), ambos dentro dos fundamentos característicos do estilo
eclético.

Em oposição a este estilo, e por isso é a exceção, foi a construção anterior a


1958, conforme explicitado na publicação do Álbum Ilustrado Comemorativo ao
Centenário do Município (14), da sede da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos
Ferroviários – C.A.A.P., localizada na rua Serafim Valandro com rua Silva Jardim,
cujo estilo é marcadamente moderno.

Os primeiros sinais de que esta paisagem também estava destinada a se tornar passada
aconteceu ainda na década de 1940 quando a Coopfer começa a diminuir suas ações
devido a fatores organizacionais e financeiros. Flores (15) afirma ser o ano 1947
o mais difícil para a cooperativa. Já na década seguinte, apesar da ajuda financeira
feita pelo no governo estadual de Ernesto Dorneles, a Viação Férrea do Rio Grande
do Sul – VFRGS apresentava graves problemas de gestão.

O agora Colégio Hugo Taylor, a antiga Escola de Artes e Ofícios, ainda conforme
relato de Flôres, devido a sucessivas crises administrativas e financeiras,
implantou uma nova linha pedagógica em 1943, com a instalação de oficinas, das
quais se destaca a fabricação de móveis, caracteriza-se como uma instituição de
ensino técnico-industrial. Entretanto, estes novos objetivos não corresponderam às
expectativas e o colégio encerra as suas atividades em 1986, sem antes sofrer, em
1954, um grande incêndio, sendo que em 1990 o prédio foi vendido a terceiros.
Atualmente é um hipermercado.

O fechamento da escola foi considerado uma grande perda para a comunidade, apontando
como um grande golpe, até mesmo uma traição, um desfalque no ensino de Santa Maria,
conforme publicações da imprensa local (16), o que evidenciava a sua importância
junto à sociedade santamariense.

Nesta época começa a ser definida uma mudança em relação às questões socioculturais
que culminam com a implantação do ensino superior, cujo objetivo maior era a criação
da Universidade de Santa Maria – USM.

A implantação do ensino superior, acalentada desde 1912, conforme relata Isaia


(17), começa a se tornar realidade em 1932 quando da instalação da Faculdade de
Farmácia. No entanto é com a criação, em 1948, da Associação Santamariense Pró-
Ensino Superior – Aspes, entidade de caráter privado, com o objetivo de mobilizar
a sociedade para a ampliação da implantação do ensino superior. Proposta
materializada entre 1952 – 1957 com a consolidação da Faculdade de Farmácia e com
a construção de um moderno prédio projetado pelo arquiteto Fernando Petersen
Lunardi, professor da URGS, no qual foi incorporada, em 1954, a Faculdade de
Medicina. Atualmente o prédio é mais conhecido como Antiga Reitoria.

Neste período outros prédios modernos foram construídos, conforme apontamentos


encontrados na Prefeitura Municipal, tanto pela iniciativa privada como por
instituições governamentais, cujas atividades ajudaram a consolidar a vocação de
pólo regional comercial e de prestação de serviços do município. Do primeiro grupo
se destacam os prédios do Taperinha (1955-1959), a Galeria do Comércio (1955-1956),
o Edifício Imembuy (1957), Esporte Clube Corintians (1958) e o prédio da Câmera de
Comércio de Santa Maria (1961). Dentre os prédios institucionais, se destacam o
dos Correios e Telégrafos (1948-1953), Caixa de Aposentadoria e Pensões dos
Ferroviários (1958) e o prédio de uso misto do Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Bancários – IAPB.
Tendo como base a relação entre o ensino superior e arquitetura moderna, Isaia (18)
salienta a construção pelos Irmãos Maristas, em 1954, da Faculdade de Ciências
Políticas e Econômica. O prédio, projetado e construído pelo construtor licenciado
pelo CREA/RS João Lapitz, apresentava linhas típicas do art decó. Foi reformado,
ainda quando de sua construção, a partir do projeto do Arq. Benito Fontaine,
assumindo as qualidades de prédio proto-moderno.

Assim, com consolidação, pela Aspes, das Faculdades de Farmácia e de Medicina,


associadas à Escola de Enfermagem Nossa Senhora Medianeira, das Irmãs Franciscanas,
com a implantação da Faculdade de Economia, pelos Irmãos Maristas, e a instalação
da Faculdade de Filosofia e Letras Imaculada Conceição – FIC, também das Irmãs
Franciscanas, estava criada a base do que viria a ser, o embrião em 1960, da
Universidade de Santa Maria – USM, federalizada em 1965.

É do período da USM a construção no centro da cidade do prédio da Casa do Estudante,


cujo projeto e construção inicial foram de responsabilidade da equipe técnica da
URGS. No entanto, a finalização das obras só aconteceu devido à iniciativa da USM.
Ressalva-se, ainda neste período, a adaptação do Hospital de Tisiologia, cuja obra
estava inacabada, realizada sob os auspícios da ASPES, passa a ser o Hospital
Universitário.

Também nesta época foram implantados alguns significativos exemplares pré-modernos


como o Hotel Piraju (construído antes de 1957, reformado na década de 1990),
Edifício da Caixa Econômica Federal (1958-1960), o Edifício Pisani (1955) e o
Edifício Mauá (1945-1950).

Esta transição não foi um fato isolado e sim contínuo, interligado. Assim é
importante salientar que a Cidade Ferroviária estava empenhada na consolidação da
Cidade Universitária, haja vista, por exemplo, sua participação, entre 1955 e 1957,
junto com outras entidades, na campanha para equipar o laboratório dos cursos de
farmácia e medicina com um microscópio eletrônico Philips (19).

Também a Cidade Universitária se relacionou com a Cidade Ferroviária quando em 1959


foi proposto junto à Coopfer que salas do Colégio Hugo Taylor fossem emprestadas
para a universidade. Ainda nas dependências da escola, em 1960, foi realizada
reunião que visava a criação da Universidade de Santa Maria. Este encontro teve a
participação fundamental da Sociedade de Engenharia e Arquitetura – Seasm, conforme
relata Isaia (20).

Por fim, verifica-se que a origem das atividades ferroviárias, do apogeu ao


declínio, bem como a implantação da universidade, cujo auge foi a construção do
campus de Camobi, possuem a mesma matriz de origem, isto é, governamental, tanto o
estadual como o federal, os quais se foram algozes do sistema ferroviário,
instituíram o ensino superior e foram os grandes mecenas da arquitetura moderna
brasileira também em Santa Maria.

A sistematização da leitura da arquitetura moderna brasileira

A interpretação dos prédios está fundamentada nos conceitos básicos da nova


arquitetura de Le Corbusier (21) e nos requisitos substanciados na vasta literatura
sobre este tema, das quais se destacam as referências de Perez de Arce (22) e Comas
(23).

Desta maneira, os elementos da arquitetura moderna são expressos por formas


geométricas simples, determinando uma leitura volumétrica expressa por formas
prismáticas, barras horizontais, prismas ou lâminas verticais, enquanto que suas
transformações dimensionais são apontadas como aditivas e subtrativas em relação à
forma geométrica básica.

Planetário, Universidade Federal de Santa Maria


Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

A análise segue o estabelecido pelos conceitos corbusianos, a estrutura


independente, laje de concreto armado, planta e fachada livre e pelo terraço-
jardim, os quais, uma vez tomados em conjunto condicionam uma elevação tripartida
correspondente à aplicação literal dos conceitos da arquitetura corbusiana baseada
na tradição clássica, conforme indica Colquhoun (24). Assim se fez observações
sobre o estrato superior, com ênfase no uso e tipo da proteção da cobertura. Sobre
o corpo vertical, se faz referência sobre o tipo e a espessura do plano de proteção,
bem como sobre suas variações de seus elementos compositivos e a hierarquia das
fachadas. Por fim, sobre a base do prédio se aponta o sistema estrutural, a
espessura do plano de proteção e sobre a sua divisão a partir da presença de
marquises, separando ou integrando a sobre loja ou mezanino, considerada aqui como
uma variação do piso nobile corbusiano.
Ginásio do Corintians Esporte Clube
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Salienta-se que a exceção a estes parâmetros fica por conta do prédio do Planetário
da UFSM, com sua forma parabólica, e do Ginásio do Corintians Esporte Clube, com
sua cobertura cilíndrica, que se apresentam como formas especialmente singulares
na paisagem arquitetônica santamariense.

Taperinha
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

A forma básica predominante dos prédios analisados é a barra prismática horizontal,


como na quase totalidade dos prédios da UFSM, ou o predomínio da altura como nos
prédios laminares da Administração Central da UFSM, Taperinha e Casa do Estudante
– UFSM, no centro histórico. Em outras situações o que predomina é a altura, como
no prédio Pampa e Imembui. No prédio da Antiga Reitoria é a forma planimétrica
trapezoidal que se destaca. O volume prismático pode apresentar subtrações, como
no edifício Taperinha e Antiga Reitoria.

Centro de Apoio da UFSM


Foto Pedro Machry Krum Ribeiro
Centro de Artes e Letras, UFSM
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

A base do prédio quase sempre é marcada pela presença de pilotis, externos ou no


plano da fachada, definindo a parte comercial – lojas, sobrelojas ou mezaninos. Às
vezes a base se apresenta de maneira expandida em relação ao corpo vertical, como
nos prédios do Hospital Universitário e Rio da Prata. Nos prédios da Cacism e
ginásio do Corintians os pilotis servem para, ao acompanhar o desnível do terreno
e nivelar o pavimento térreo permitindo a implantação de pavimentos inferiores,
como no Centro de Apoio da UFSM (Antigo Hospital Universitário), Centro de Artes e
IAPB. Na Galeria do Comércio a base é porosa, junto às lojas, e vazada na passagem
pública e no acesso aos demais pavimentos. Também pode ser totalmente transparente,
vazada, definindo única e exclusivamente a portaria e o acesso aos apartamentos,
como nos edifícios da Base Aérea.
Engenharia, UFSM
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Ainda em relação à base, o plano de proteção se apresenta de maneira parcialmente


transparente marcando o acesso principal e o vestíbulo interno, como no prédio da
Administração Central e da Engenharia do Centro de Tecnologia, ou translúcida,
devido à presença das vitrines das lojas, contrapondo a opacidade do aceso
principal, como no prédio Pampa, Taperinha, Cacism e Augusto.
Câmara de Comércio e Industria de Santa Maria – CACISM
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro
Correios e Telégrafos
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro
Imembui
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Já nos prédios da Cacism, do Corintians Esporte Clube e dos Correios e Telégrafo


os pilotis se apresentam de maneira colossal, imponentes, dando um aspecto
“monumental”. Por fim, a base ainda se apresenta, em alguns prédios, dividida por
marquise fixa nos pilotis, como nos prédios da Cacism, Augusto, Pampa e Imembuí,
ou fixa no plano da fachada, no caso do Taperinha, ou ainda não apresentar nenhum
tipo de proteção, como na Galeria do Comércio, a qual é delimitada pela projeção
do plano de proteção do corpo vertical.
Centenário
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro
CACISM
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Em relação à leitura da fachada significante, desenvolvida a partir do pavimento


tipo, se constata a predominância da fachada livre projetada em relação ao plano
da base. No entanto, em alguns casos se desenvolve no mesmo plano da base, como
acontece na Unifra e no Centenário. A exceção fica por conta dos prédios Corintians
Esporte Clube, Taperinha e da Cacism, por sua conotação palaciana, devido à presença
de pilotis intermediários. Quanto ao tipo do plano de proteção, a predominância é
da alvenaria com tijolos cerâmicos, quase sempre revestidas com pastilhas. A
variante mais impactante é a fachada leste do prédio da Administração Central da
UFSM, cuja vedação é feita com painéis leves industrializados.

A maioria dos prédios residenciais, e alguns institucionais, apresentam sacadas


internas. A exceção fica por conta do Ginásio do Corintians cuja sacada é externa,
valorizando a relação do clube com o espaço urbano (25).
Biblioteca Central, UFSM
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro
Centro de Ciências Naturais e Exatas, UFSM
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro
Centro de Diagnóstico e Atenção Secundária – CEDAS
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Dos elementos de proteções solares, o brise soleil, salienta-se as lâminas de


alvenaria verticais da Antiga Reitoria e na simplicidade dos elementos, também em
alvenaria, existentes na Biblioteca Central da UFSM – elementos dispostos em ângulo
e seccionados na intersecção com o plano da fachada. No prédio da Administração
Central da UFSM, os elementos verticais móveis são de alumínio. Ainda é importante
anotar a singularidade da proteção solar da fachada leste do prédio do Centro de
Ciências Naturais e Exatas da UFSM, composta por placas metálicas vazadas e fixadas
junto às vergas dos corredores externos, e também a proteção do Centro de
Diagnóstico e Atenção Secundária – Cedas, cujas as usuais três laminas horizontais
fixas, em fibrocimento, acentuam a volumetria horizontal do prédio.
Correios e Telégrafos
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Todavia, o que predomina como elementos de proteção solar são os cobogós, cuja
aplicação acontece em três situações: proteção solar quando colocados junto às
fachadas norte e oeste, como no Taperinha e no rio da Prata, na vedação parcial
das áreas de serviço, independentemente da orientação solar, como no Centenário,
ou ainda para marcar e proteger a circulação vertical, como no prédio dos Correios
e Telégrafos e do Centro de Tecnologia. Desses elementos se destacam as peças em
cerâmica esmaltada em amarelo utilizado na fachada Norte do salão de festas do
condomínio da Galeria do Comércio.
Casa dos Estudantes
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Ainda em relação à proteção e demarcação das aberturas o uso de simples molduras,


linhas que se destacam do plano das fachadas, como no caso da fachada Norte do
prédio da Casa dos Estudantes ou a fachada sul do prédio da Antiga Reitoria, é um
recurso bastante utilizado.

Por fim, a análise do estrato superior dos prédios indica a presença quase que
total de fechamento horizontal, no mesmo plano da fachada, como proteção da
cobertura. Novamente a exceção é o Taperinha que, devido à presença do terraço-
jardim, onde estão o salão de festas, churrasqueira, capela e jardins cujas formas
orgânicas lembram em muito os trabalhos de Burle Marx. (não construídos), lavanderia
e casa de máquinas, a proteção é feita de maneira ímpar com tela metálica. De uma
maneira mais simples o prédio do Correios e Telégrafos apresenta em sua cobertura,
protegida com telhas de cimento-amianto e delimitada por platibanda de alvenaria,
um apartamento funcional Atualmente a cobertura foi transformada em terraço,
delimitado espacialmente por uma estrutura pergolada. Nos demais prédios a
cobertura é reservada ás instalações de apoio ao prédio e incluindo apartamento da
zeladoria e geralmente protegidas por telha de cimento amianto.

Quanto à localização dos prédios em relação ao quarteirão, na cidade tradicional,


dos dezoitos prédios oito, estão em esquinas, fato que determina que duas de suas
fachadas apresentem elementos significativos da arquitetura moderna, as demais são
consideradas como fachadas utilitárias sem o mesmo tratamento das fachadas voltadas
para as vias públicas, tal como Le Corbusier empregou nos prédios Maison
Planeix e Immeuble Porte Molitor, inseridos na malha urbana consolidada de Paris
(26).
Galeria do Comércio – Vista Rua Venâncio Aires
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Os demais prédios se localizam no meio da quadra, com uma única fachada


significante. Destacam-se como exceções deste grupo os prédios da Galeria do
Comércio, com duas fachadas, e os prédios da Casa de Estudante, do Centro de Apoio
da UFSM e os prédios da Base Aérea que apresentam com quatro fachadas
significativas. Na Cidade Universitária a implantação dos prédios permite a
visualização das quatros fachadas, no entanto, apenas duas são consideradas como
significantes.

A austeridade desta nova arquitetura é suavizada pela presença de obras de arte


integradas na concepção arquitetônica. Uma característica marcante na arquitetura
moderna brasileira que se faz presente no hall de entrada da Antiga Reitoria com
uma escultura de Vasco Prado (27) juntamente com um mural de Silvestre Peciar (28),
no hall do Centro Tecnológico com um painel de Eduardo Trevisan (29) e num imenso
painel na fachada leste do anfiteatro do Centro de Artes, de autoria do artista
plástico e professor Juan Amoretti (30).

Considerações finais

A justificativa mais incidente da presença da arquitetura moderna em Santa Maria é


a sua relação com a instalação do ensino superior no município, a qual aconteceu
em duas etapas.
Faculdade de Farmácia e Medicina – Antiga Reitoria
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

A primeira aconteceu como uma consequência da criação e implantação da USM, na


década de 1950 rompendo com o ecletismo arquitetônico dominante e relacionado com
matriz econômica determinada pela atividade ferroviária, transformando a paisagem
urbana para receber a nova realidade que se desenhava na sociedade santamariense.
É deste período a construção dos primeiros prédios modernos, fortemente arraigados
nos princípios fundantes de Lucio Costa, e materializados a partir da atuação dos
arquitetos das instituições federais. Os edifícios Taperinha, Galeria do Comércio
e da Cacism são os melhores exemplos desta fase. Segundo Marques (31) esta etapa
também é o período da consolidação do movimento moderno em Porto Alegre. Assim se
justifica a presença singular do prédio da Faculdade de Farmácia e Medicina,
projetado pelos arquitetos da Universidade do Rio Grande do Sul – URGS, na época
mais ligado a ideias dos Irmãos Roberto (32).
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários – IAPB
Foto Pedro Machry Krum Ribeiro

Os fundamentos da modernidade da arquitetura brasileira se fazem presentes nos


prédios pesquisados, das quais se exemplifica na presença, junto ao prédio do IAPB,
de aberturas tipo porta-sacada ou janela rasgada por inteiro e protegidas por
peitoril horizontal, de inspiração no colonial mineiro, e no emprego do cobogó,
demonstrando uma influência clara de Lucio Costa.

A arquitetura moderna começa a se consolidar na cidade a partir da contratação,


pela Aspes, dos arquitetos mineiros Oscar Valdetaro e Roberto Nadalutti (33),
profissionais com atuação em vários estados brasileiros, para a elaboração da
Cidade Universitária da USM no campus de Camobi.

Ao todo foram elaborados cinco planos diretores, todos fundamentados nos preceitos
do Urbanismo Moderno dos modelos de Le Corbusier e de Lucio Costa para a Cidade
Universitária do Brasil no Rio de Janeiro.

Assim, no projeto inicial do campus de Camobi da USM, apresentado pelos arquitetos


em 1961, o traçado viário axial é determinante para os demais planos, os quais
apresentam variações apenas na localização dos prédios, seguindo, mais ou menos,
as diretrizes estabelecidas pela Comissão de Professores criada pelo Governo
Federal em 1935 com objetivo de conceber e estruturar um plano global para a
universidade brasileira, conforme aponta Alberto em sua dissertação de mestrado
(34).

No primeiro a orientação norte-sul dos prédios segue o modelo de Lucio, enquanto


que nos demais apontam a orientação leste-oeste de Le Corbusier, tal como foram
construídos. Também se destaca a busca da escala urbana, contrastando com a escala
monumental do eixo principal, junto ao setor dos institutos e das faculdades
isoladas (35), pois os prédios deste setor apresentam anfiteatros como anexos
lembrando os “pátios” do modelo de Lucio Costa (36).
Desta maneira, apesar de sua excelência urbanística e arquitetônica a Cidade
Universitária da agora UFSM foi fundamentada, conforme definição de Rogério de
Castro Oliveira (2007), em

“partidos opostos para projetos cuja similitude figurativa parecia sugerir,


numa visão apressada, simples variante [..], configuração marcada por
sucessões moduladas de edifícios prismáticos, os primas puros do urbanismo
corbusiano. Junto aos prismas, edificações monumentais” (37).

Quando à adoção de uma arquitetura que não procura resolver os problemas de maneira
singular, inovativa, e sim visa soluções a partir da adoção e consolidação das
ideias centrais da Arquitetura Moderna, em especial a Brasileira, que, conforme
Marques (38), define um repertório gerado com base “na imitação de modelos
existentes”, determina a exaustão conceitual e formal do modernismo arquitetônico.

Esta situação não só acontece nos prédios da UFSM como também nos prédios
habitacionais da Base Aérea construídos no final da década de 1960 em Santa Maria.
A exaustão se expressa de maneira exemplar e com tal intensidade que o repertório
modernista passa por uma simplificação significativa, visando mais a otimização
das técnicas construtivas do que da própria representação modernista.

Por fim, salienta-se a contemporaneidade da implantação dos prédios modernos em


Santa Maria com o desenvolvimento da Arquitetura Moderna Brasileira, incluindo uma
sobrevida, pois enquanto no Brasil na década de 1960 o movimento moderno está em
crise, conforme esclarece Mahfuz (39), em Santa Maria a arquitetura moderna
brasileira conhece o seu apogeu, com a implantação da USM.

Mesmo que não apresente nenhum elemento arquitetônico enquanto referência nacional,
deve ser destacado que a aplicação dos preceitos modernos adaptados às necessidades
do meio social e ambiental produzindo, conforme definição de Marques (40), uma
“média arquitetônica qualitativamente elevada”.

Desta maneira, se assinala a importância histórica desses prédios na paisagem


urbana local, bem como para a própria arquitetura moderna brasileira, pois corrobora
a magnitude e a influência dos grandes mestres brasileiros modernos.
Mapa de localização dos prédios
Desenho Bruna Zambonato

notas

1
Carta de Burra: documento produzido pelo ICOMOS da Austrália para a conservação dos
sítios com significados cultural, em 1998, conforme versão constante no site do IPHAN.

2
LEME, Maria Cristina. A formação do pensamento urbanístico no Brasil, 1895 – 1965. In
LEME, Maria Cristina (Org.). Urbanismo no Brasil: 1895-1965. São Paulo, Studio
Nobel/FUPAM, 1999, p. 20-38.
3
BELTRÃO, Romeu. Cronologia histórica de Santa Maria e do extinto município de São
Martinho: 1787-1930. Santa Maria, La Salle, 1979, p. 328.
4
KARSBURG, Alexandre de Oliveira. Sobre as ruínas da Velha Matriz. Religião e política
em tempos de ferrovia (Santa Maria – Rio Grande do Sul – 1880-1900).Santa Maria, UFSM,
2007.
5
SANTINI, Silvio. A imigração esquecida. Porto Alegre, EST/EDUS, 1986.
6
BELTRÃO, Romeu. Op. cit., p. 318-431.

7
PETITDEMANGE, Guy. Avant ale monumental, les passages: Walter Benjamin. In BAUDRILLARD,
Jean; LIPOVETSKY, Gilles; PERROT, Michelle; PIERRE-YVES, Pétillon; PETITDEMANGE, Guy;
ROMAN, Joël; THIBAUD, Paul; TOURAINE, Alain. Citoyennité et Urnbanité. Paris, Esprit,
1991. Apud PESAVENTO, Sandra Jatahy. O Imaginário da Cidade. Visões Literárias do
Urbano. Paris, Rio de Janeiro, Porto Alegre. Porto Alegre, UFRGS, 2002, p. 15.

8
BRENNER, José Antonio. Os Cassel de Santa Maria desde o glantal. Santa Maria, UFSM,
2010.
9
GUTFREIND, Ieda. Comunidades Judaica no interior do RS: Santa Maria. Santa Maria, UFSM,
2010.
10
FLORÊS, João Rodolpho Amaral. Os trabalhadores da V.F.R.G.S. Profissão, mutualismo,
cooperativismo. Santa Maria, Pallotti, 2008, p. 150.
11
Vila Belga: conjunto habitacional construído entre 1901 a 1903 para os funcionários da
“Compagnie Auxiliare des Chemins de Fer au Brésil”, então responsável pela implantação
da estrada de ferro Porto Alegre – Uruguaiana. LOPES, Caryl Eduardo Jovanocivh. A
Compagnie Auxiliare de Chemins de Fer au Brésil e a cidade de Santa Maria no Rio Grande
do Sul, Brasil. Tese de Doutorado. Barcelona, Universidade Politécnica da Catalunha,
2002
12
FLORÊS, João Rodolpho Amaral. Op. cit., p. 172.

13
FOLETTO, Vani Terezinha (Org.); KESSLER, Janes; JACKS, Nilda Aparecida; BISOGNIN, Edir
Lúcia. Apontamentos sobre a história da arquitetura de Santa Maria. Santa Maria,
Pallotti, 2008, p. 82-83.
14
BELTRÃO, Romeu (Org.). Síntese Histórica de Santa Maria. In: Álbum Ilustrado
Comemorativo do 1º Centenário de Santa Maria, 17 de maio de 1858 – 17 de maio de
1958. Santa Maria, 1958, p. 143.
15
FLORÊS, João Rodolpho Amaral. Op. cit., p. 232.

16
A Razão, Santa Maria, 23, 24 e 25 mar. 1950.

17
ISAIA, Luiz Gonzaga. USM Memórias. Santa Maria, Pallotti, 2006.
18
Idem, ibidem.
19
Idem, ibidem, p. 75 e p. 123.

20
Idem, ibidem, p. 125-127

21
LE CORBUSIER, Charles-Edouard Jeanneret-Gris. Por Uma Arquitetura. São Paulo,
Perspectiva, 2002.
22
PEREZ DE ARCE, Rodrigo. As faces do moderno: o interior e a idéia da fachada.Porto
Alegre, PROPAR/UFRGS, 1977.
23
COMAS, Carlos Eduardo. Precisões Brasileiras sobre um passado da arquitetura e urbanismo
modernos. Tese de doutorado, Universidade de Paris VII, Saint Denis, 2002.
24
COLQUHOUN, Alan. Essays in Architectural Criticism. New York, MIT Press, 1986, p. 51.
In BAHIMA, Carlos Fernando Silva. Edifício moderno brasileiro: A urbanização dos cinco
pontos de Le Corbusier 1936-57. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
25
PEREZ DE ARCE, Rodrigo. Op. cit.

26
BAHIMA, Carlos Fernando Silva. Edifício moderno brasileiro: a urbanização dos cinco
pontos de Le Corbusier 1936/57. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
27
Vasco Prado: (1914-1998) escultor e gravador uruguaianense. Desenvolveu temas da
história e tradição gaúcha, das quais se destaca as inúmeras versões do “Negrinho do
Pastoreio”.

28
Silvestre Peciar: escultor uruguaio, professor aposentado do curso de Artes Visuais da
UFSM. Atualmente radicado em Montevidéu e atuando junto a comunidade anarquista
“Comunidad del Sur”. Fonte: <http://www.revistaovies.com/entrevistas/2010/11/silvestre-
peciar-el-periodista/>.

29
Eduardo Trevisan: (1920-1982), considerado o mais exponente pintor de Santa Maria. Sua
obra também pode ser encontrada em inúmeros prédio da cidade.

30
Juan Humberto Torres Amoretti: artista peruano radicado em Santa Maria. Com obras
expostas em vários países, também se destaca por sua atuação como professor. Atualmente,
aposentado da UFSM, leciona no Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.

31
MARQUES, Sergio Moacir. A Revisão do Movimento Moderno? Arquitetura no Rio Grande do
Sul dos anos 80. Porto Alegre, Ritter dos Reis, 2002, p. 83.
32
Entre os estudos realizados pelos arquitetos vinculados a URGS e o projeto desenvolvido
pelo professor e arquiteto Fernando Petersen Lunardi fica evidente a inspiração nos
trabalhos dos arquitetos cariocas, mais especificamente no prédio da Associação
Brasileira de Imprensa – ABI, 1936-1938. Ver: SPALDING, Walter. Gênese do Brasil Sul.
Porto Alegre, Sulina, 1953; BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. São
Paulo, Perspectiva, 2010, p. 94-96.
33
Foram contemporâneos dos arquitetos Rino Levi, Jorge Machado Moreira, Roberto Cerqueira
César, quando do curso de Planejamento Hospitalar promovido em 1953 pelo IAB/SP, o qual
teve por aluno o arquiteto Aldary Toledo, ligado na época ao Instituto de Aposentadoria
e Pensões do Bancários, fato que possibilita sua participação no prédio do IAPB de Santa
Maria. COSTA, Renato Gama-Rosa. Apontamentos para a arquitetura hospitalar no Brasil:
entre o tradicional e o moderno. História, Ciências, Saúde, v. 18, supl. 1, dez. 2011,
p. 53-66.
34
“essa ideia de pátio é uma coisa até muito ligada à nossa tradição mediterrânea, embora
Portugal não seja um país mediterrâneo, mas é um país do Império filiado à tradição
mediterrânea. De modo que essa ideia de criar para cada escola uma área murada, fechada
e tendo o corpo da escola solto, atravessado, e ao longo desses muros [...], construções
térreas para uma série de comodidades e de conveniências dos alunos e de interesse de
cada escola, [...] eu acho que isso é uma coisa bem mentalmente filiada à nossa
tradição”. GOROVITZ, Mateus. Os riscos do projeto: Universidade do Brasil, 1936.
Orientador Júlio Roberto Katinsky. Dissertação de mestrado. São Paulo, FAU USP, 1989,
p. 12.
35
Faculdades Isoladas: são as faculdades de origem particular que seriam agregadas a UFSM
quando de sua federalização – Faculdade de Filosofia – FIC e Faculdade de Enfermagem –
FACEM administradas pelas Irmãs Franciscana, e a Faculdade de Direito e Economia, doa
Sociedade Meridional de Educação – Some dos Irmãos Maristas. Todas estabelecidas no
centro histórico de Santa Maria. ZAMPIERI, Renata Venturini. Campus da Universidade
Federal de Santa Maria: um testemunho, um fragmento. Dissertação de mestrado.
Universidade Federal do rio Grande do Sul, 2011.
36
ALBERTO, Klaus Chaves. Os projetos para a universidade do Brasil na década de 30 debates
e contribuições para a formação do pensamento urbanístico no Brasil. In: Seminário de
História da Cidade e do Urbanismo, Natal, PROURB, 2012, p. 1-17.
37
OLIVEIRA, Rogério de Castro. Horizontes e cerramentos na cidade dos prismas. Rio de
Janeiro, Universidade do Rio de Janeiro, 1936. In COMAS, Carlos Eduardo Dias, MARQUES,
Sergio (orgs.). A segunda idade do vidro. Transparência e sombra. Porto Alegre,
UniRitter, 2007, p. 33-47.
38
MARQUES, Sergio Moacir. Op. cit., p. 34

39
MAHFUZ, Edson. A arquitetura consumida na fogueira das vaidades. In MAHFUZ, Edson. O
clássico, o poético e o erótico e outros ensaios. Porto Alegre, Ritter dos Reis, 2002,
p. 113-120.
40
MARQUES, Sergio Moacir. Op. cit., p. 270

sobre o autor
Arquiteto (Unisinos, 1981), especialista em Conservação do Patrimônio Histórico (UFSM);
e mestre em Patrimônio pelo Programa de Pós-Graduação Profissionalizante em Patrimônio
Cultural, Centro de Ciências Sociais e Humanas (UFSM). Professor (2002 a 2008) no Centro
Universitário Franciscano nos cursos de Design, Turismo e Arquitetura. Autor do Guia da
Arquiteura Moderna em Santa Maria 1950-1960.

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