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ANÁLISE ECONÔMICO-ADMINISTRATIVA DE UMA UNIDADE DE

PRODUÇÃO DE CARNE OVINA UTILIZANDO A DINÂMICA DE SISTEMAS


franciscogilney@yahoo.com.br

Apresentação Oral-Economia e Gestão no Agronegócio


FRANCISCO GILNEY SILVA BEZERRA; KARINE ROCHA AGUIAR.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA - CE - BRASIL.

Análise econômico-administrativa de uma unidade de produção de carne


ovina utilizando a dinâmica de sistemas

Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Resumo
Objetivou-se desenvolver modelos capazes de estimar a dinâmica da demanda de mão-de-
obra, em um sistema de produção de carne e pele ovina, identificando as épocas de maior
emprego desse componente e seu custo. Utilizou-se para tal, o programa Vensim,
produzido pela Ventana Systems®. Os resultados mostram que a mão-de-obra destinada às
estações de monta e nascimento, foram as que mais influenciaram a dinâmica. Nestas
épocas o custo com a mão-de-obra tende a aumentar. Neste caso, o produtor poderá optar
pela contratação de diaristas. Em relação ao número de animais, o que se observou foi que
ao se optar por trabalhar com dois lotes de produção os custos tendem a aumentar, todavia
esse sistema possibilita ao produtor planejar melhor a produção, ou seja, a disponibilidade
do produto no mercado. Isso faz com que a sazonalidade diminua, uma vez que a oferta
estará mais bem distribuída ao longo do ano. O uso dessa metodologia pode diminuir a
vulnerabilidade e o risco da propriedade, possibilitando atingir as metas pretendidas, além
de tornar visível a dinâmica dos eventos do sistema. Todavia para o uso dessa metodologia
é importante o conhecimento da relação das variáveis do sistema e para que as simulações
possam representar uma realidade, é essencial utilizar dados consistentes e confiáveis
provenientes de uma adequada escrituração zootécnica.
Palavras-chaves: Custo, dinâmica de sistema, mão-de-obra, planejamento, simulação.

Analysis of economic and administrative unit of production of meat


sheep using the dynamics of systems
Abstract
The objective was to develop models able to estimate the dynamic demand for labour in a
production system for sheep meat and skin, identifying the times of increased employment
and cost of this component. It was used for this, the program Vensim, produced by
Ventana Systems ®. The results show that labour of the stations for the high and birth,
were those most influenced the dynamics. In those times the cost of the labour force tends
to increase. In this case, producers may opt for to contract of casual worker. With regard to
the number of animals, which was observed was that when you choose to work with two
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batches of production costs tend to increase, but this system allows producers to better plan
the production, i.e. the availability of the product on the market. This makes the seasonal
decline, since the supply will be better distributed throughout the year. The use of this
methodology can reduce the vulnerability and risk of propriety, permiting to achieve the
desired goals, and make visible the dynamics of system events. However, for the use of
this methodology is important to know the relationship of the variables of the system and
that the simulations can represent a reality, it is essential that reliable and consistent data.
Key Words: costs, labour, system dynamics, planning, simulation.

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, com a globalização, os sistemas de produção vêm passando


por transformações principalmente de ordem técnica e econômica. A necessidade de se
adaptar a esse novo modelo fez com que uma boa parte dos produtores ficasse à margem
desse novo cenário. Essas transformações impuseram às empresas agrícolas variações nos
preços, nos fatores de produção e nas formas de comercialização, resultando, assim, em
fortes oscilações na expectativa dos produtores, nos resultados econômicos e na
rentabilidade de sua empresa (RODRIGUEZ et al., 2007).
Nesse contexto as “antigas” propriedades rurais tornam-se empresas rurais,
necessitando, assim, de elaboração de novas estratégias de produção e de um planejamento
mais eficiente.
Desta forma, surge a necessidade de se pensar novas ferramentas administrativas
que possam subsidiar o planejamento da atividade, bem como as políticas setoriais.
Todavia, o emprego dessas novas tecnologias torna-se ineficaz, devido à escassez de
informações pertinentes aos sistemas de produção como mão-de-obra necessária à
atividade, quantidade de insumos, escrituração zootécnica, dentre outros. O grande número
de unidades agrícolas familiares ainda existentes e que atuam de forma amadora, acabam
contribuindo para essa realidade.
As empresas agrícolas devem estar atentas ainda ao novo perfil dos consumidores,
bem como a sustentabilidade da produção. Diante do contexto em que vivemos, empresas
agrícolas que ainda trabalham de forma extrativista não desfrutam de um futuro muito
promissor.
A ovinocultura que é uma atividade economicamente explorada em todos os
continentes está presente em áreas sob as mais diversas características edafoclimáticas e
botânicas. No entanto, somente em alguns países, a atividade apresenta expressão
econômica, sendo, na maioria dos casos, desenvolvida de forma empírica e extensiva, com
baixos níveis de tecnologia. No Nordeste brasileiro, desempenha papel primordial no
suprimento alimentar e geração de renda, entretanto, o baixo potencial genético dos
rebanhos, associado à escassez de pastos na estação seca, às práticas de manejo
inadequadas, às precárias condições sanitárias, às graves limitações zootécnicas e de
assistência técnica, além das imperfeições de mercado, concorrem para os baixos índices
de produtividade e de rentabilidade (VIDAL et al., 2006).
Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal – IBGE, referente aos anos de 2001
a 2006, a produção brasileira cresceu de 14.638.925 cabeças, em 2001, para 16.019.170,
em 2006, um incremento de apenas 9,4%. No Nordeste e no Ceará esse incremento foi de
16,4% e 18,0%, respectivamente.
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Segundo Rosanova (2004), o mercado de carnes ovina e caprina é altamente
comprador e a atividade vem crescendo a passos largos em todas as regiões do país, com
destaque para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Lima; Baiardi (2001)
acrescentam afirmando que a ovinocultura, assim como a caprinocultura, se reveste de
especial importância social e econômica para os ecossistemas do semi-árido brasileiro,
sendo uma entre as poucas alternativas econômicas para a região.
Todavia, Costa (2007) concluiu, ao analisar a cadeia produtiva da
ovinocaprinocultura no Estado do Ceará, que a maioria dos criadores não tem nenhum tipo
de mecanismo de gerenciamento da sua propriedade. O percentual de adoção de
tecnologias relacionadas à infra-estrutura, gerenciamento da propriedade e manejo do
rebanho é ainda muito baixo entre os criadores de ovinos.
Diante da conjuntura atual, fortalecer a gestão empresarial pelo conhecimento de
informações estratégicas, é uma das grandes medidas a serem implementadas nas
propriedades rurais. A gestão do negócio torna o crescimento do empreendimento rural
viável, fortalecendo-o para os momentos de crise, preparando-o para novas oportunidades
(OAIGEN et al., 2006).
Esse trabalho objetivou desenvolver modelos capaz de prever a dinâmica da
demanda de mão-de-obra, em um sistema de produção ovino para carne e pele, em Sobral,
Ceará, identificando as épocas de maior emprego desse componente, bem como os custos
com o mesmo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É sabido que o sucesso da propriedade rural atualmente está na sua


profissionalização, ou seja, numa gestão eficiente, seja ela financeira ou administrativa.
Um dos agentes principais e mais importante nesse processo de produção é o próprio
produtor. A capacidade que o mesmo terá em planejar sua produção influenciará de forma
decisiva os objetivos pretendidos.

2.1. A Administração Rural

2.1.1. Conceitos e generalidades

Existem, atualmente, inúmeras definições para o termo Administração Rural.


Hoffmann et al. (1987) a definiram como sendo o estudo que considera a organização e
operação de uma empresa agrícola visando ao uso mais eficiente dos recursos para obter
resultados compensadores e contínuos.
O uso eficiente dos meios de produção torna a atividade mais lucrativa e durável.
Holz (1994) concluiu que a busca da eficiência no setor agrícola faz da administração um
fator de produção capaz impulsionar ou prejudicar o negócio. O autor diz ainda que a
administração rural é a ciência que ajuda o produtor a entender suas decisões.
É importante destacar que a administração deve ter um caráter interdisciplinar, uma
vez que a tomada de decisão requer um conhecimento mínimo das relações que compõem

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o sistema de produção. Por exemplo, a utilização de raças exóticas1 ovinas especializadas
em carne sem que haja o conhecimento zootécnico destas, só por apresentar resultados
excelentes no seu local de origem, é um risco que o produtor não deve correr
principalmente no mercado atual.

2.1.2. O processo de decisão e a gestão da propriedade

É sabido que o sucesso da propriedade rural atualmente está na sua


profissionalização, ou seja, numa gestão eficiente, seja ela financeira ou administrativa.
Um dos agentes principais e mais importante nesse processo de produção é o próprio
produtor. A capacidade que o mesmo terá em planejar sua produção influenciará de forma
decisiva os objetivos pretendidos.
O planejamento da produção se dá a partir do processo de decisão do produtor,
devendo este processo estar amparado em informações consistentes do sistema de
produção em estudo. Entende-se como processo de decisão, o ato racional e responsável do
gestor, que objetiva dar respostas, através de ações integradas, a um problema relevante à
produção.
Antes de qualquer decisão, o produtor deverá ter em mente possíveis conseqüências
das ações que serão implementadas. Quanto maiores as conseqüências, mais reflexão, mais
informações e em mais julgamentos (análises) deve fundamentar sua decisão (CONTINI et
al, 1986). O processo de decisão é complexo, pois as ações que serão executadas sofrerão
influências de fatores que estão além da porteira. A seguir é apresentado um esquema de
decisão.

OBJETIVO DO
PRODUTOR
Aumento do
Bem Estar

ALTERNATIVAS DECISÃO
PROBLEMA DE SOLUÇÃO Definição AÇÕES
Identificação Identificação Objetivos
Relevância Execução
Relevância Tipos
Definição Definição Estratégia

INFORMAÇÕES
CONSEQUENCIAS
Organização
Análise Análise

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Entende-se por raça exótica aqueles animais trazidos de outras regiões (países) com o objetivo principal de
melhorar o rebanho nativo.
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FIGURA 1 – Esquema do processo de decisão do produtor

2.2. O Pensamento Sistêmico

Ludwing vom Bertalaffy criou o conceito de Pensamento Sistêmico nos anos 60 na


tentativa de integrar diferentes ciências para uma avaliação holística de toda a biosfera, que
trata de generalidades ao invés de conceitos específicos (Mulej et al, 2004).
O Enfoque Sistêmico trabalha com a complexidade das interações dos elementos
que compõem o sistema2, ou seja, de forma holística. Isso permite entender e descrever
melhor como se dá as relações existentes no sistema de produção e como estas influenciam
e se deixam influenciar pelo meio em que atuam.
Algumas considerações devem ser feitas sobre o enfoque sistêmico quando
comparado ao convencional. No enfoque sistêmico ao contrário do enfoque convencional
ou analítico, as interações são não-lineares, trabalha-se com interações dinâmicas e não
estáticas, o sistema é tido como complexo, existe uma flexibilidade e uma adaptabilidade,
o sistema é considerado aberto, considera-se os efeitos das interações ao em vez de se
apoiar somente na natureza dessas e como dito anteriormente a principal diferença está no
fato da tomada de decisão está fundamentada na percepção global, evitando se basear na
observação de detalhes isolados.

2.3. Dinâmica de sistemas

A Dinâmica de Sistemas é uma metodologia e técnica de modelagem3 que utiliza


conceitos de simulação dinâmica e que possui como objetivos principais, o entendimento e
discussão de modelos complexos, visando ao conhecimento e detecção de pontos frágeis e
fortes dos modelos na solução de problemas. Na Dinâmica de Sistemas foram adaptados
conceitos aplicados à engenharia de controle de feedback, na análise de problemas ligados
à economia, à sociedade, e às organizações empresariais (FORRESTER, 1961).
O emprego da Dinâmica de Sistemas possibilita a construção de um modelo da
realidade, um micromundo, com suas variáveis essenciais visíveis, e o resultado de suas
inter-relações podendo ser acompanhado graficamente, ao longo do tempo, por simulação
(ZAMBOM, 2000a). Isso torna possível a experimentação de alternativas e seu
acompanhamento através da visualização do comportamento das variáveis (ZAMBOM,
2000b).
A partir dos modelos criados podem ser testados diversos cenários baseados em
mudanças de variáveis-chaves, resultando em diferentes comportamentos do sistema.
O principal desafio desta metodologia é melhorar o aprendizado e o entendimento
de sistemas complexos (STERMAN, 2000 apud Guimarães, 2007).

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Apesar de inúmeras definições para sistema, pode-se defini-lo como sendo um conjunto de elementos inter-
relacionados, conforme Meadows et al, 1992; Randers, 1980 apud Guimarães, 2007. Ou ainda, um conjunto
de elementos em interação dinâmica, organizados em função de um objetivo. (ROSNAY, 1975 apud
MARZAL, 1999).
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O termo modelagem é utilizado quando se faz uso de modelos para ilustrar uma situação ou objeto, ou o
simplesmente a prática do ato de modelar.

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Os primeiros trabalhos na área de Dinâmica de Sistemas foram realizados pelo
engenheiro e cientista computacional, Jay W. Forrester, no Sloan School of Management
no Massachusetts Institute of Technology – MIT, quando em 1956, começou a aplicar os
princípios do controle de feedback a problemas de gerenciamento de corporações
(FORRESTER, 1989 apud GUIMARÃES, 2007).
Um diferencial na produção é poder testar as estratégias (ações) predefinidas em
um ambiente de experimentação para não colocar em risco o negócio, além de avaliar o
comportamento da atividade frente a um novo cenário e conhecer relações de causa/efeito
da organização.

2.4. Aplicação da simulação de sistemas

A utilização de modelos de simulação é importante para qualquer setor. Algumas


aplicações são descritas abaixo.
Entendimento de sistema: Modelos podem ser desenvolvidos para aumentar a
compreensão sobre sistema em estudo. Podem auxiliar consideravelmente na organização
das informações disponíveis e no planejamento experimental, através da identificação das
variáveis mais importantes para amostragem, freqüência de amostragem, precisão
necessária, etc.
Projeções: Um objetivo comum de modelos de simulação é o de realizar projeções,
ou seja, avaliar as tendências de variáveis do sistema em diferentes cenários.
Previsões: As previsões têm como objetivo gerar resultados futuros, como perdas,
por exemplo, mais exatos possíveis, em diferentes cenários.
Otimização: Os modelos podem também ser utilizados para encontrar-se
alternativas que maximizem ou minimizem o valor de certas variáveis em determinadas
condições.
Segundo Sterman (2000), apud Guimarães (2007), os seguintes passos devem ser
seguidos durante o processo de modelagem:
I. Articulação do problema
a) Seleção do assunto: qual é o problema e por que o mesmo é assim considerado?
b) Determinação das Variáveis chaves: quais são as variáveis chaves?
c) Horizonte de tempo: quanto tempo no futuro deve-se considerar e quanto tempo
no passado o problema estar fundamentado?
d) Definição dinâmica do problema: qual é o comportamento histórico das
variáveis e dos conceitos chaves? Qual deve ser o comportamento no futuro?

II. Formulação da hipótese dinâmica


e) Criação da hipótese inicial: quais são as teorias sobre o comportamento do
problema?
f) Foco endógeno: formular uma hipótese dinâmica que explique a dinâmica como
uma conseqüência endógena da estrutura de feedback.
g) Mapeamento: desenvolva mapas de estruturas causais baseados nas hipóteses
iniciais, variáveis chaves, modos de referência e outros dados disponíveis, utilizando
ferramentas como:
- Diagrama de modelo
- Diagrama de subsistema
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- Diagrama de causalidade
- Mapas de fluxo e estoques
- Diagrama estrutural de regras ou medidas

III. Desenvolvimento de um modelo de simulação


h) Especificação da estrutura, regra de decisões.
i) Estimação dos parâmetros, relações comportamentais e condições iniciais.
j) Teste para consistência com propósito e limites.

IV. Teste
k) Comparação com modos de referência: o modelo reproduz o comportamento do
problema de acordo com seu propósito?
l) Robustez sob condições extremas: o modelo se comporta realisticamente
quando submetido a condições estremas?
m) Sensibilidade: como o modelo se comporta com a incerteza de parâmetros,
condições iniciais, limites do modelo e agregação?

V. Regras de design e avaliação


n) Especificação do cenário: em que ambiente irá surgir?
o) Regras de decisão: Quais regras de decisão, estratégias e estruturas serão
experimentadas no mundo real? Como elas poderão representar o mundo real?
p) Análise “E SE”: Quais são os efeitos das políticas e medidas tomadas?
q) Análise de sensibilidade: quão robustas são as regras e medidas de
recomendação sob diferentes cenários e dadas incertezas?
r) Interação entre regras e medidas: as regras e medidas se interagem? São
sinérgicas ou possuem respostas compensatórias.

3. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido a partir da compreensão e entendimento de como


funciona um sistema de produção. A Figura 2 apresenta um esquema genérico para
entendimento de um sistema produtivo e das atividades descritas neste relatório.

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Contorno

Estoque de Atividade
Inputs Produto (s) Output
recursos Biológica

Subproduto (s)

Limite do sistema
FIGURA 2 – Esquema geral de um sistema de produção (adaptado de Wadsworth, 1997).

Onde:
Limite – define a extensão e as partes relevantes para o estudo;
Contorno – ambiente externo (físico e econômico) e fatores limitantes externos;
Componentes – partes principais (pode-se incluir subsistemas);
Interações – conseqüências e efeitos entre os componentes;
Recursos – componentes de dentro do sistema;
Inputs e Outpus – compreendem todas as entradas no sistema (insumos) e os
principais produtos que saem do sistema, respectivamente;
Subprodutos – produtos da atividade biológica que permanecem dentro do sistema
para uso e/ou conversão em outro processo.

3.1. Área geográfica de estudo

A área de estudo considerada foi a Fazenda Santa Rita, pertencente ao


Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS, sob concessão à EMBRAPA
Caprinos, localizada na Zona Rural de Sobral, Ceará.
A mesma fica a uma distância de aproximadamente 15 km da sede do município e
possui uma área de 713 ha, sendo que apenas 400 ha são utilizados.

3.2. Sistemas de criação e áreas utilizadas

Para que fossem analisadas de forma correta e eficiente as informações levantadas


durante a caracterização, o primeiro passo foi saber quais os sistemas de produção eram
utilizados na propriedade e de que forma estes funcionam. Sendo assim, foram
acompanhados dois sistemas de criação, o Sistema Cultivado (SC) onde os animais
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permaneciam em uma área de aproximadamente 5 ha e o Sistema em Caatinga Nativa
(SCN), com área de 180 ha de caatinga sem tratos culturais.
O Sistema Cultivado era dividido em duas áreas de piquetes e um curral de manejo.
A área de piquetes era subdividida em 8 partes de 3000 m² cada para as matrizes e 8 partes
de 2000 m² cada para a recria e acabamento. Já o Sistema Caatinga era composto pela
maternidade (caatinga), áreas de capineiras e legumineira, área de confinamento, além da
área de caatinga destinada ao pastejo das matrizes e a área do silo.
O núcleo de acabamento estava dividido em módulos por época (águas e seca).
Havia dois tipos de acabamento em cada um desses módulos. Nas águas com o
acabamento em pasto nativo e o acabamento em pasto cultivado. Na seca, os tipos de
sistemas para acabamento dos animais era: confinado e a pasto cultivado com uso de
irrigação (Figura 3).
PRODUÇÃO

PASTO PASTO
NATIVO CULTIVADO
ÁGUAS
ACABAMENTO

PASTO PASTO
NATIVO CULTIVADO
SECA

CONFINADO P. CULTIVADO
+ IRRIGAÇÃO

SCN SC
FIGURA 3 – Fluxograma dos sistemas de exploração.

Nesta simulação, trabalhou-se com a área do sistema constante, objetivando


otimizar as instalações presentes na propriedade, reduzindo, desta forma, os custos com
benfeitorias. Utilizou-se para simulação o programa Vensim, produzido pela Ventana
Systems®. Os valores referentes ao preço pago pelo kg de carne e a hora de mão-de-obra,
são os praticados no município de Sobral, Ceará, onde está localizada a propriedade. Para
esse modelo, preconizou-se que todos os animais provenientes dos cruzamentos ao final da
fase de cria e acabamento seriam todos vendidos, excetos aquelas fêmeas que são
utilizadas para reposição do plantel.

3.3. Indicadores analisados

Os dados utilizados na caracterização do sistema, tais como informações referentes


à área, benfeitorias, mão-de-obra, insumos, tempo necessário para realizar as atividades de
manejos dos animais e das áreas de pastejo, dentre outros, foram coletados junto aos
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técnicos responsáveis pela propriedade, além das informações encaminhadas a EMBRAPA
Caprinos. Os indicadores zootécnicos foram calculados com base na escrituração referende
a três ciclos de produção.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise econômico-administrativa com auxilio da dinâmica de sistemas


proporciona ao produtor uma visão geral da atividade, ou seja, um diagnóstico real,
possibilitando minimizar suas perdas, através do entendimento da dinâmica dos eventos do
sistema, identificação dos pontos de estrangulamento da produção e orientação da
elaboração de projetos para o setor.
A partir das informações coletadas foi possível determinar os principais índices
zootécnicos e coeficientes técnicos4 da atividade.

4.1. Índices Zootécnicos e medidas de manejo

Dentre os indicadores zootécnicos e as medidas de manejo observadas, destacam-se


os seguintes:
a) As estações de monta e nascimento (parição) tinham duração de 45 e 40 dias,
respectivamente;
b) A Taxa de Lotação para o SCN foi de 25 kg de PV por hectare, já no SC, em
pasto de Capim-Tanzânia, de 40 matrizes por hectare;
c) A relação macho:fêmea, em ambos os sistemas, era de 1:30;
d) 100% dos machos oriundos dos cruzamentos em ambos os sistemas foram
abatidos aos 180 dias de nascidos;
e) Os machos e as fêmeas excedentes eram vendidas geralmente para abate;
f) A substituição anual de matrizes foi estimada em 10%;
g) Nos dois sistemas a 1ª cobertura era realizada quando as fêmeas atingiam cerca
de 12 meses;
h) A fertilidade do SC ficou em torno de 97%, enquanto que o do SCN
permaneceu em torno de 94%;
i) A prolificidade foi de 1,31 e 1,29 para o SC e o SCN, respectivamente.

4.2. Mão-de-obra para o manejo do rebanho e demais serviços.

Foi determinada a partir do acompanhamento das atividades diárias realizadas nos


dois sistemas. Com o intuito de preencher algumas lacunas foram ainda realizadas
perguntas aos técnicos para que o erro contido nas informações fosse reduzido.
Coletou-se o tempo gasto empregado com cada atividade, número de funcionários
necessários à execução das mesmas e freqüência com que ocorrem. Desta forma, foi
possível determinar a demanda de horas/homem/mês necessárias à atividade.
Essa demanda foi divida por sistema e por atividades (manejo e irrigação). As
Figuras 4 e 5 mostram o comportamento da demanda de mão-de-obra (MDO) nos dois
sistemas.

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Correspondem à quantidade e custo dos fatores de produção empregados na produção, bem como despesas
relacionadas ao funcionamento da atividade.
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Irrigação
48,66 h/H/mês
42%
Manejo
66,2 h/H/mês
58%

FIGURA 4 – Proporção da demanda de mão-de-obra utilizada para irrigação e manejo no Sistema


Cultivado.

Irrigação
24,33 h/H/mês
39,02%

Manejo
38,02 h/H/mês
60,98%

FIGURA 5 – Proporção da demanda de mão-de-obra utilizada para irrigação e manejo no Sistema em


Caatinga Nativa.

É possível observar que em ambos os sistemas a demanda por mão-de-obra superou


a demanda relacionada à irrigação. Ao comparar os dois sistemas percebe-se que a
demanda no sistema cultivado, tanto para irrigação como para manejo é maior que no
sistema em caatinga nativa. Isso demonstra que em sistemas cultivados o planejamento
desse fator de produção merece uma maior atenção do produtor.

4.3. Alimentos (forragem verde, silagem, mistura mineral etc.)

Assim como na determinação da mão-de-obra, coletaram-se informações sobre a


necessidade de alimento (quantidade) e a freqüência de oferta. A partir dos dados
coletados, determinaram-se as quantidades demandadas de alimentos para um rebanho de
aproximadamente 167 animais (Figuras 6 e 7). Na determinação do consumo de matéria
seca (MS), utilizou-se o consumo por animal de 2,5% do PV de MS.

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Mistura
mineral
60,00 kg

Forragem
3.362,34 kg de
MS

FIGURA 6 – Quantidade de alimento demandada durante um mês no Sistema Cultivado.


Mistura
mineral
Silagem 60,00 kg
5.765,96 kg

Forragem
3.362,34 kg
de MS

FIGURA 7 – Quantidade de alimento demandada durante um mês no Sistema em Caatinga Nativa.

Devido à sazonalidade na disponibilidade da oferta de alimento para o rebanho


durante o ano, no sistema em caatinga nativa, a utilização de forragem conservada, neste
caso a silagem, é fundamental para a manutenção da atividade. Apesar de ser uma técnica
simples e eficiente e de baixo custo para o produtor, grande parte das pequenas
propriedades, principalmente, não a utilizam. Ficando a mercê da estacionalidade de
alimento. Desta forma o produtor não tem como manter a estabilidade dos preços da carne,
uma vez que em determinados períodos do ano a grande oferta de carne e em outros a
escassez do produto.

4.4. Medicamentos (vermífugo, vacinas, antibióticos, coccidiostático, etc.)


Coletaram-se informações referentes aos medicamentos utilizados durante o ciclo
de produção. Os principais medicamentos, bem como a quantidade utilizada, estão
apresentados nas Figuras 8 e 9, por sistema.

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Pencivet Banamine
Iodo (10%) reforçado 6,25 ml
800 ml 4,5 ml 0,1%
14,6% 0,1% Mata bicheira
500 ml
9,1%
Terra-cortril
200 ml
3,7%
Vermífugo
Glicopan
3185 ml
720 ml
58,3% Ferro
50 ml 13,2%
0,9%

FIGURA 8 – Quantidade (ml) de medicamentos utilizados no Sistema Cultivado.

Pencivet
Iodo (10%)
reforçado
100 ml
12 ml
3,2% Banamine
Vermífugo 0,1%
25 ml
2245 ml
0,4%
72,8%
Mata bicheira
500 ml
16,2%

Terra-cortril
200 ml
6,5%

FIGURA 9 – Quantidade (ml) de medicamentos utilizados no Sistema em Caatinga Nativa.

De acordo com os gráficos acima, pode-se perceber que no Sistema Cultivado a


utilização de medicamentos foi maior, principalmente de vermífugo, quando comparada ao
Sistema em Caatinga Nativa (Figura 10). Neiva (2003) afirma que altas taxas de lotação
estão associadas ao aumento considerável da infestação por helmintos (vermes). Além da
taxa de lotação, o período de descanso curto pode contribuir para essa incidência.

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Quantidade de
medicamento -
SCN Quantidade de
(3082,00 ml) medicamento - SC
(5465,75 ml)

FIGURA 10 – Quantidade (ml) de medicamentos utilizados no Sistema Cultivado (SC) e em Caatinga


Nativa (SCN).

4.5. Energia elétrica

As informações necessárias a demanda de energia foram obtidas a partir da análise


do consumo (kWh) presente nas contas de energia elétrica. Essa metodologia foi aplicada
por não ter sido possível medir através do medidor de energia da propriedade o consumo
de cada atividade. Desta forma os valores obtidos são uma aproximação do consumo geral
por sistema como mostra a Figura 11.

Consumo de
energia - SCN
202 kWh/mês

Consumo de
energia - SC
406 kWh/mês
FIGURA 11 – Quantidade (kWh/mês) de energia utilizada no Sistema Cultivado (SC) e em Caatinga
Nativa (SCN).

O que se observa é que no sistema cultivado o consumo de energia foi maior, um


aumento de aproximadamente 101%, o que pode vir a aumentar o custo de produção.

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4.6. Descrição dos Modelos.

De posse das variáveis e de seus valores, foi determinado qual seria a variável foco
da modelagem do sistema, para que os demais componentes se conectassem e criassem as
relações de dependência. Dentre os fatores de produção analisados percebeu-se durante o
trabalho que a demanda por mão-de-obra apresentou-se como um fator de maior influência
na atividade, sendo assim, classificada como variável foco.
Em seguida, definiram-se as variáveis auxiliares necessárias para simulação dos
eventos, construiu-se o diagrama do fluxo do sistema, utilizando-se para tal, o programa
Vensim5, produzido pela Ventana Systems®.

4.6.1. MODELO 1 - Demanda de mão-de-obra no sistema de produção

Desenvolveu-se um modelo capaz de prever a dinâmica da demanda de mão-de-


obra, em um sistema de produção de carne ovina, em Sobral, Ceará, identificando as
épocas de maior emprego desse componente, bem como os custos com o mesmo.
O horizonte de tempo total compreendeu três ciclos de produção (aproximadamente
3 anos). A unidade de tempo utilizada nas simulações foi “dias” e o time step ou intervalo
de tempo entre cada simulação foi de 0,03125 dias.
Para que os resultados pudessem variar de uma forma não linear (exponencial, por
exemplo) foi estabelecido que as variáveis não poderiam apresentar valores constantes,
para fornecer aleatoriedade. Com o modelo completo, definiram-se os valores ou equações
das variáveis, para que fosse possível rodar o modelo.
De acordo com os resultados apresentados pela simulação, observou-se que à mão-
de-obra destinada ao acompanhamento das estações de monta e nascimento, foram as que
mais influenciaram a dinâmica (Figura 12). Em razão deste resultado, pode-se perceber que
o consumo permaneceu, próximo às 3,74 horas/dia durante o intervalo de tempo analisado.
Entretanto, nos períodos onde ocorreram as estações de monta e nascimento essa demanda
aumentou consideravelmente para 5,74 horas/dia, o que representa um aumento de
aproximadamente 53,0% na demanda e nos custos gerados por este componente.
Como a demanda se concentra em algumas épocas do ano, cabe ao produtor
planejar antecipadamente a alocação de recursos financeiros adequadamente, para que não
venha a faltar nestes períodos. É comum, em períodos de chuvas, que uma grande parte da
mão-de-obra disponível seja destinada a outras atividades externas ao sistema, por
exemplo, o plantio de pequenas propriedades rurais. Assim, o produtor precisa definir
antecipadamente a contratação de mão-de-obra para as épocas de maior demanda.
Para o sistema estudado o custo com mão-de-obra ficou em torno de
R$224,60/mês na maioria dos meses, sendo que nas épocas de maior demanda esse valor
chega a aproximadamente R$344,60/mês. Se considerarmos que a estação de monta ocorre
pouco tempo após a de nascimento, o proprietário terá que dispor de aproximadamente
R$1.246,56 no período (aproximadamente 110 dias). Com base no exposto acima, o

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O Vensim foi originalmente desenvolvido pela Ventana Systems em meados dos anos 80 para ser utilizado
em projetos de consultoria, tendo sido liberada a primeira versão comercial em 1992.

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produtor poderá optar pela contratação de diaristas, caso o mesmo só desenvolva esta
atividade, o que reduzirá seus custos.

Horas trabalhadas Custo diário

6 14

5 12

10

Custo diário (R$)


4
Horas trabalhadas

8
3
6
2
4
1 2

0 0
1 21 41 61 81 101 121 141
Tempo (semanas)
FIGURA 12 – Dinâmica da demanda de mão-de-obra e custo com esse componente.

4.6.2. MODELO 2 – Relação entre número de animais e demanda de mão-de-obra


no sistema de produção

O segundo modelo buscou desenvolver um modelo que simulasse os eventos


ocorridos em um sistema de produção ovino, referente à relação entre o número de animais
e mão-de-obra, na região do Sertão Central do Estado do Ceará, para avaliar a utilização de
um ou dos lotes de produção.
Neste segundo e mais complexo modelo, a variável principal era Animais para
venda e o horizonte de tempo analisado foi de 1300 dias que compreendeu
aproximadamente três ciclos de produção. O objetivo era avaliar o impacto da mudança no
manejo do rebanho, caso o produtor opte por dividi-lo, objetivando assim, um melhor
acompanhamento dos animais o que poderá melhorar os índices produtivos. Para isso foi
estabelecida uma relação entre as variáveis mão-de-obra, número de animais e custo com
mão-de-obra. As demais variáveis como produtos veterinários, alimentação, etc. não foram
consideradas nessa análise.
Os valores referentes ao preço pago pelo kg de carne e a hora de mão-de-obra,
foram os praticados no município de Sobral, Ceará. Para esse modelo, preconizou-se que
todos os animais provenientes dos cruzamentos ao final da fase de cria e acabamento
seriam vendidos, excetos aquelas fêmeas utilizadas para reposição do plantel.
De acordo com a simulação, observou-se que ao se optar por trabalhar com somente
um lote, o produtor terá uma demanda de mão-de-obra diária de aproximadamente 5,03
horas na maior parte do ciclo. Já nos períodos que compreende as estações de monta e
nascimento, a demanda passa para 14,95 horas/dia.
Em média o custo com mão-de-obra, por dia, foi de R$10,06 na maior parte do ano
e de R$29,90 durante as estações de monta e nascimento, o que corresponde a um aumento
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de 197%. Estes valores satisfazem ao manejo de um lote de aproximadamente 173 animais
(matrizes e crias).
A receita média obtida com a venda do lote foi de aproximadamente R$6.057,68. O
segundo modelo de produção com as matrizes dividas em dois lotes, criou duas estações de
monta em períodos diferentes, causando alteração na demanda de mão-de-obra diária
ficando em torno de 19,93 horas nos períodos que ocorrem as estações de monta e
nascimento, e 10,03 horas nos demais períodos.
O que se percebe foi que na maior parte do ano a demanda tende a aumentar em
98%, todavia nos períodos que compreendem as estações de monta e nascimento há um
aumento menos significativo, em torno de 33,0%. Isso ocorre devido à mão-de-obra
demandada nas práticas de manejo diárias como oferta de água, fornecimento de sal
mineral, dentre outros, exigirem um tempo maior de execução.
Neste novo sistema, o custo com mão-de-obra foi em média de R$20,06 e R$39,86,
paras os períodos entre estações e durante as estações de monta e nascimento,
respectivamente. A receita bruta gerada a cada lote foi menor quando comparada ao do
primeiro sistema, R$3.152,70. Todavia, no primeiro sistema, o período de estacionalidade
foi maior, podendo gerar uma menor oferta de produto no mercado.
No segundo sistema, além de reduzir esse período de estacionalidade de oferta
(Figura 13), o produtor poderá ter duas receitas no seu fluxo de caixa. Assim, o mesmo
poderá receber, num intervalo de tempo menor, um valor de R$6.305,40 na venda dos dois
lotes.
Ao final do período simulado o que se percebeu foi que o número médio de animais
ofertados em ambos os sistemas de produção permaneceu em torno de 249 animais. A
renda bruta total para o sistema 1 foi de R$18.173,05 e R$18.916,21 para o sistema 2.

125 125

100 100
Animais para venda

Animais para venda


(Lotes 1 e 2)

75 75
(Lote 1)

50 50

25 25

0 0
0 140 280 420 560 700 840 980 11201260 0 140 280 420 560 700 840 980 11201260
T empo (dias) T empo (Dias)

FIGURA 13 – Dinâmica do número de animais e da estacionalidade de oferta de produto de acordo


com o sistema de produção.

A simulação mostrou que para o sistema de produção estudado a opção que traria
maior retorno econômico em relação às variáveis estudadas, seria o sistema 1, onde o
produtor trabalharia com somente um lote. Todavia, no sistema 2 torna-se possível um
melhor planejamento do sistema, devido o produtor ter um número menor de animais por
estação, o que lhe permite um maior controle. Acredita-se que aqueles produtores optarem
pelo sistema 2, deveria ser melhor remunerado para que compensasse os maiores custos,
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porém permitindo uma oferta mais regular do produto no mercado. Caso isso venha
ocorrer, o sistema 2 poderá passar a ser mais interessante ao produtor.

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5. CONCLUSÃO

O uso dessa metodologia no planejamento rural pode diminuir consideravelmente a


vulnerabilidade e o risco da propriedade, otimizando, assim, as metas pretendidas, além de
tornar visível a dinâmica dos eventos do sistema. Todavia para o uso dessa metodologia é
importante o conhecimento da relação das variáveis do sistema. Para que as simulações
possam representar uma realidade, é fundamental utilizar dados consistentes e confiáveis
provenientes de uma adequada escrituração zootécnica.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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