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Exmo(a) Sr(a) Dr(a) Juiz(a) Federal da ____ Vara da Seção Judiciária do

Ceará.

AÇÃO ORDINÁRIA C/ PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

UIRANDÉ AUGUSTO BORGES, brasileiro, casado, Ten.Cel. Ref.,


vinculado a SIP/10 (Cmdo 10ª RM) Militar da Reserva, CPF nº
012.301.744-00, identidade EB nº 1003433404, residente e domiciliado à
rua Canuto de Aguiar, nº 400, aptº 702, bairro Meireles, CEP nº 60.160-
120, Fortaleza, Ceará, neste ato, representado por seus procuradores
adiante assinados, com endereço indicado na procuração, onde recebem
intimações/notificações, vem, mui respeitosamente à presença de V.Exa.,
propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA C/PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público
interno, na pessoa do douto Chefe da Advocacia Geral da União no Ceará,
de endereço conhecido da Secretaria desse Juízo, pelas razões fáticas e de
direito que passa a expor para, ao final, requerer o seguinte:

I – DOS FATOS

Em dezembro de 1994 o autor sofreu uma síncope (desmaio


provocado por insuficiência cardíaca), e, em conseqüência, submeteu-se a
uma angioplastia, ocorrida em janeiro de 1995.

Após esse procedimento, no final de 1995, começou a sentir novas


dores no peito, submetendo-se, em fevereiro de 1996, a uma cirurgia de
revascularização miocárdica, ocasião em que foram implantadas ponte
mamária interna esquerda para descendente anterior, safena aorta para
marginal da circunflexa e radial aorta para coronária direita.

No pós-operatório evoluiu com infarto agudo da parede inferior, tudo


conforme atestado médico anexo.
Esses fatos mostram cristalinamente que a doença coronariana,
mesmo sendo diagnosticada e tratada a tempo, pode evoluir, como evoluiu,
dando a certeza que essa moléstia é progressiva, de sintomatologia
imprevisível e de prognóstico reservado. Portanto, seria, no mínimo,
imprudência afirmar que o autor não necessita de cuidados permanentes
de enfermagem e/ou hospitalização.

Como é público e notório ser a doença coronariana progressiva e, por


isto mesmo, de sintomatologia imprevisível e, o que é mais sério, de
prognóstico reservado, é que torna possível asseverar que nenhum
profissional de medicina, por mais ilustrado que seja, não pode vaticinar,
predizer, antever, e muito menos afirmar e prescrever que um paciente
portador de cardiopatia grave, classificação grau III NYA, de prognóstico
reservado e com parecer de que foi o Diagnóstico de Arteriosclerose
Coronariana que o invalidou (conforme cópia do Parecer da JISR/CMNE
(HGeF), sessão nº 009/95 de 28 de junho de 1995), anexo 01, “Não
Necessita de Cuidados Permanentes de Enfermagem e/ou Hospitalização”,
conforme consta do Parecer da JISR/Fortaleza, datado de 15/05/2009,
constante da Comunicação de Parecer de Inspeção de Saúde nº
1951/2009 – sessão nº 53/2009 com data de 20 de maio de 2009, anexo
2, sob pena de ser passível de cometer injustiças e correr o risco de causar
sérios danos à saúde do paciente, em tela;

Por reconhecer que nenhum paciente coronariano pode prescindir do


acompanhamento e da assistência de um profissional de medicina,
especializado em cardiologia, é, que, desde o primeiro momento após a
constatação de ser portador dessa moléstia coronariana, o autor vem
sendo permanentemente acompanhado pela cardiologista Dra. Célia Maria
Felix Cirino, profissional de medicina de elevado conceito no meio médico
do Ceará.

Nestes últimos quase quinze anos de tratamento clínico contínuo


(anexo 03), ao autor concedido, teve a Dra. Célia de se utilizar com
eficiência, responsabilidade e adequada oportunidade, de todos os meios
(equipamentos) de investigação por imagem e som, e vários outros mais
comuns postos à disposição dos profissionais de medicina do Ceará,
buscando sempre o mais completo diagnóstico, e, consequentemente, o
mais eficaz tratamento.

Para manter o estado de saúde atual e a razoável qualidade de vida,


não obstante as limitações (cansaço, por exemplo), que lhe são impostas
por força da doença coronariana que lhe fustiga, foi necessário percorrer
um longo caminho – quase quinze anos, repetindo, sim, quase quinze anos
de muitos exames, periódica e metodologicamente realizados –
ecocardiogramas, eletrocardiogramas, holter etc.
É importante ressaltar, neste instante, que tudo que foi abordado no
item anterior tem um custo financeiro elevado, mas, que proporcionou ao
autor esta sobrevida de até agora, de quase quinze anos. O auxílio
invalidez tem corroborado, sobremaneira, para lhe manter vivo, pois é com
ele que custeia grande parte do seu tratamento.

Como cediço, as ações, procedimentos e meios, utilizados


periodicamente, no tratamento do paciente coronariano, e enumerados
acima, requerem, para a sua implementação, o aporte mensal de recursos
financeiros, compatível com as necessidades terapêuticas.

Não obstante, o elevado preço dos medicamentos de uso diário e dos


exames de investigação por imagem e som, essenciais ao tratamento, tem
sido possível viabilizá-los, graças, em parte, ao reforço financeiro
proporcionado pelo auxílio invalidez.

É imprescindível, fundamental mesmo, que o paciente coronariano


assuma a postura que lhe cabe adotar, ao cumprir com extrema fidelidade
e consciente disciplina, cada uma de per si, e todas as recomendações e
prescrições médicas que lhe forem impostas.

Enfim, que se não fora a sensibilidade investigativa dos sintomas e


dos inúmeros exames periodicamente prescritos e realizados; se não fora a
abnegação, o desvelo e acima de tudo, a reconhecida competência médica
da Dra. Célia Cirino que lhe acompanha (atestados, em anexo), anexos 3 e
4, nestes quase quinze anos; se não fora a sua determinação e metódica
disciplina, usadas no fiel cumprimento de cada uma, e de todas as
recomendações e prescrições médicas que lhe foram prescritas; se não fora
o reforço financeiro mensal, de grande valia, proporcionado pelo auxílio
invalidez que ajudou a viabilizar o pagamento de todos os custos
financeiros enumerados nos ítens anteriores, certamente o autor não
estaria na condição de vida atual.

Por entender à luz da Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 5º, e,


ao mesmo tempo, inspirado na sugestiva denominação – Auxílio Invalidez –
conferida ao autor como uma das formas de remuneração do militar na
inatividade, artigo 116 da Lei 5.787, de 27 de junho de 1972, a que faz jus,
não foi criada para ser concedida, somente, nos momentos finais de sua
vida, nos estertores de sua existência, já moribundo, mas, sim,
fundamental e essencialmente, no intuito de proporcionar, no caso do
autor – paciente coronariano com cardiopatia grave, doença
comprovadamente progressiva - os meios necessários à garantir-lhe a
melhor, possível, qualidade de vida, até o fim dos seus dias.

É por isso que o autor, com a presente ação, na qualidade de


MILITAR INATIVO DO EXÉRCITO BRASILEIRO – quer que lhe seja
garantido o direito de continuar recebendo os percentuais do AUXÍLIO
INVALIDEZ excluído de sua remuneração pela COMUNICAÇÃO DE
PARECER DE INSPEÇÃO DE SAÚDE Nº 1951/2009, SESSÃO Nº
53/2009, de 15 de maio de 2009. Isso por entender que essa
COMUNICAÇÃO violou direito adquirido à percepção dessa vantagem,
conforme estabelecido pela Lei nº 5.787, de 27.06.72, alterada pela Lei
nº 8.237/91, vigente à época em que o Autor se encontrava na condição
de INVÁLIDO, conforme atestado pela Junta Médica na sessão 009/95,
de 28 de junho de 1995.(anexo 01)

Ditos os fatos, seguem as razões de direito.

II - DO DIREITO

HISTÓRICO LEGAL

O aludido ADICIONAL foi criado em 1971, por força do Inciso II,


aliena "a", § 2º, do Artigo 57, da Lei 5.774, de 25 de Dezembro de 1971,
que dispunha:

“Art. 57 – Remuneração dos militares compreende vencimentos ou


proventos, indenizações e outros direitos e é devida em bases estabelecidas
em lei específica.
(...)
§ 2º - os militares em inatividade percebem remuneração constituída pelas
seguintes parcelas:
a) mensalmente:
I – proventos, compreendendo soldo ou quotas de soldo, gratificações e
indenizações incorporáveis; e
II – adicional de inatividade.

b) eventualmente: auxílio invalidez.


(...)
Art. 61 – A remuneração dos militares será regulada pela legislação
específica, comum às Três Forças Armadas.”(grifamos)

Observa-se, assim, que a remuneração mensal do militar em


inatividade compreendia duas ou três parcelas, composta por proventos,
adicional de inatividade, e, eventualmente, auxílio invalidez (quando
couber), sendo regulamentada pela Lei 5.787, de 27 de Junho de 1972,
que dispôs sobre a Remuneração dos Militares e deu outras providências
mas, em especial a própria remuneração do militar na inatividade,
estabelecendo:
“Art. 110 – A remuneração do militar na inatividade – reserva remunerada
ou reformado – compreende:
1 – proventos;
2 – Auxílio-invalidez; e
3 – Adicional de Inatividade.
(...)
CAPÍTULO - III
Do Auxílio-lnvalidez
Art 126. O militar da ativa que foi ou venha a ser reformado por
incapacidade definitiva e considerado inválido, impossibilitado total e
permanentemente para qualquer trabalho, não podendo prover os meios
de sua subsistência, fará jus a um Auxílio-Invalidez no valor de 25% (vinte
por cinco por cento) da soma da "base de cálculo" com a Gratificação de
Tempo de Serviço, ambas previstas no artigo 123, desde que satisfaça a
uma das condições abaixo especificadas, devidamente declaradas por
Junta Militar de Saúde:
1 - Necessitar internação em instituição apropriada, militar ou não;
2 - Necessitar de assistência ou de cuidado permanentes de enfermagern.
§ 1º Quando, por deficiência hospitalar ou prescrição médica comprovada
por Junta Militar de Saúde, o militar nas condições acima receber
tratamento na própria residência, também fará jus ao Auxílio-Invalidez.
§ 2º Fará jus ao mesmo benefício o militar enquadrado nos artigos 2º e 3º
do Decreto-lei nº 8.795, de 23 de janeiro de 1946, desde que se encontre
nas condições estabelecidas neste artigo.
§ 3º Para continuidade do direito ao recebimento do Auxílio-Invalidez, o
militar ficará sujeito a apresentar anualmente declaração de que não
exerce nenhuma atividade remunerada, pública ou privada e, a critério da
administração submeter-se periodicamente, à inspeção de saúde de
controle, sendo que no caso de oficial mentalmente enfermo ou de praça,
aquela declaração deverá ser firmada por dois oficiais da ativa das Forças
Armadas.
§ 4º O Auxílio-Invalidez será suspenso automaticamente pela autoridade
competente, designada pelos Ministros Militares no âmbito de seus
Ministérios, se for verificado que o militar beneficiado exerce ou tenha
exercido, após o recebimento do auxílio, qualquer atividade remunerada,
sem prejuízo de outras sanções cabíveis, bem como se, em inspeção de
saúde, for constatado não se encontrar nas condições previstas neste
artigo.
§ 5º O militar de que trata este Capítulo, terá direito ao transporte, dentro
do território nacional, quando for obrigado a se afastar do seu domicílio
para ser submetido à inspeção de saúde de controle, prevista no § 3º deste
artigo.
§ 6º O Auxílio-Invalidez não poderá ser inferior ao soldo de cabo engajado.”
(Grifamos)
Sucedeu que em 09 de Dezembro de 1980 foi publicada a Lei nº
6.880, denominada ESTATUTO DOS MILITARES, que estabeleceu no seu
Título III – Dos Direitos e das Prerrogativas dos Militares, Capítulo I – Dos
Direitos – Seção II – Da Remuneração, nos artigos 53 a 58, sobre a
remuneração dos militares que seria estabelecida em legislação específica,
comum às Forças Armadas, permanecendo em vigor as Leis
supramencionadas.

Em 30 de Setembro de 1991 foi publicada a Lei 8.237 que


revogou a Lei nº 5.787, de 27 de Junho de 1972, ressalvado o disposto
no artigo 69, dessa Lei, mantendo o Adicional de Invalidez do militar
inativo, conforme abaixo transcrito os seus artigos:

“Art. 3º - A estrutura remuneratória dos servidores militares federais, na


inatividade, tem a seguinte constituição:
I – proventos; e
II – adicionais:
a) Adicional de inatividade;
b) Adicional de Invalidez;
c) Adicional Natalino;
d) Adicional de Natalidade;
e) Salário Família; e
f) Adicional de Funeral.
(...)
Art. 9º - Adicionais são parcelas pecuniárias de natureza eventual ou
especial, devidas, em razão de legislação específica, aos militares da ativa e
na inatividade.
Art. 10 – Proventos são o somatório das parcelas remuneratórias,
constituído de soldo ou de quotas de soldo e das gratificações incorporadas
devidas regularmente ao militar, quer na reserva remunerada, quer na
situação de reformado.
(...)
Art.59 – A remuneração do militar na inatividade é constituída do
somatório dos proventos e adicionais (grifamos).
Parágrafo único – Os proventos são constituídos das seguintes parcelas:
I – soldo ou quotas de soldo;
II – Gratificação de Tempo de Serviço incorporada;
III – Gratificação de Habilitação Militar incorporada;
IV – Gratificação de Compensação Orgânica incorporada;
(...)
Título IV - Capítulo III
Dos Adicionais
Art. 69 – O militar na inatividade remunerada, reformado como inválido,
por incapacidade para o serviço ativo, faz jus, mensalmente, a um
Adicional de Invalidez no valor de sete quotas e meia do soldo, desde que
satisfaça a uma das condições abaixo especificadas, devidamente
constatada por junta militar de saúde, quando necessitar de:
I - internação especializada, militar ou não;
II - assistência ou cuidados prementes de enfermagem.
§ 1º Também faz jus ao Adicional de Invalidez o militar que, por
prescrição médica homologada por junta militar de saúde, receber
tratamento na própria residência, nas condições do inciso II.
§ 2º Para continuidade do direito ao recebimento do Adicional de
Invalidez, o militar apresentará, anualmente, declaração de que não exerce
nenhuma atividade remunerada, pública ou privada e, a critério da
administração, submeter-se-á periodicamente à inspeção de saúde.
§ 3º O direito ao Adicional de Invalidez será suspenso
automaticamente pela autoridade competente, se for verificado que o
militar beneficiado exerce ou tenha exercido, após a concessão do
adicional, qualquer atividade remunerada, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis, bem como se, em inspeção de saúde, for constatado não se
encontrar nas condições previstas neste artigo.
§ 4º O militar de que trata este artigo terá direito ao transporte,
dentro do território nacional, pessoal e para acompanhante, se for o caso,
quando obrigado a se afastar do seu domicílio para ser submetido à
inspeção de saúde de controle, prevista no parágrafo anterior.
§ 5º O valor do Adicional de Invalidez não poderá ser inferior ao soldo
de cabo engajado.”

Até que, em 29 de Dezembro de 2000 foi publicada a Medida


Provisória 2.131, reeditada em 25 de Maio de 2001, que dispôs sobre a
Reestruturação da Remuneração dos Militares das Forças Armadas, a qual
manteve em seu texto o pagamento do Adicional de Invalidez ao militar
inativo, conforme prescreve:

“CAPÍTULO III

DOS PROVENTOS NA INATIVIDADE


Art. 10 – Os proventos na inatividade remunerada são constituídos das
seguintes parcelas:
1 – soldo ou quotas de soldo;
II – adicional militar;
III – adicional de habilitação;
IV – adicional de tempo de serviço, observando o disposto no art. 30 desta
Medida Provisória;
V- adicional de compensação orgânica; e
VI – adicional de permanência.
§ 1º - Para efeitos de cálculo, os proventos são:
I – integrais, calculados com base no soldo; ou
II – proporcionais, calculados com base em quotas do soldo,
correspondentes a um trinta avos do valor do soldo, por ano de serviço;
§ 2º - Aplica-se o disposto neste artigo ao cálculo da pensão militar.
§ 3º - O militar transferido para a reserva remunerada ex-oficio, por haver
atingido a idade limite de permanência em atividade, no respectivo posto
ou graduação, ou por não haver preenchido as condições de escolha para
acesso ao generalato, tem direito ao soldo integral.
Art. 11 – Além dos direitos previstos no artigo anterior, o militar na
inatividade remunerada faz jus a:
I – adicional-natalino;
II – auxílio-invalidez;
III – assistência pré-escolar;
IV – salário-família;
V – auxílio-natalidade; e
VI – auxílio funeral.”

Observa-se, daí, que a Medida Provisória nº 2.131, de 28 de


Dezembro de 2000, publicada no Diário Oficial da União de 29 de
Dezembro deste mesmo ano, e que foi republicada com o nº 2.215-10, em
seu artigo 10 definiu os proventos na inatividade remunerada, onde
continua previsto o pagamento do Adicional de Invalidez, parcela esta
que o autor vinha percebendo, por força das Leis nºs. 5.774, de 25 de
Dezembro de 1971 e 5.787 de 27 de Junho de 1972, sendo esta alterada
pela Lei nº 8.237/91, a qual foi revogada pela Aludida Medida Provisória.

Importante frisar que a Lei nº 11.421, de 21 de dezembro de 2006,


altera o valor do auxílio invalidez devido aos militares das Forças Armadas
na inatividade remunerada e revoga a Tabela V do Anexo IV da Medida
Provisória nº 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, portanto, não altera os
critérios da percepção do auxílio invalidez.

Importando, ainda, demonstrar que essa mesma Medida Provisória,


nos seus artigos 30, 34 e 36 a seguir transcritos, preservou o direito
adquirido dos militares que já se encontravam com estes direitos
assegurados, até a data de sua publicação em 29 de Dezembro de 2000,
senão, vejamos:

“Art. 30 – Fica extinto o adicional de tempo de serviço previsto na alínea "c"


do inciso II do art. 1º desta Medida Provisória, assegurado ao militar o
percentual correspondente aos anos de serviço a que fizer jus em 29 de
dezembro de 2000.
Art. 34 – Fica assegurado ao militar que, até 29 de dezembro de 2000,
tenha completado os requisitos para se transferir para a inatividade o
direito à percepção de remuneração correspondente ao grau hierárquico
superior a melhoria dessa remuneração.
Art. 36 – Os períodos de férias não gozadas, adquiridos até 29 de dezembro
de 2000, poderão ser contados em dobro para efeito de inatividade.”
Feita toda essa retrospectiva legal para provar que, mesmo ao longo
do tempo, em nenhum momento o Auxílio Invalidez esteve na iminência de
exclusão do cálculo da remuneração de inativos, que a ela fizeram jus.

Agora, sem que haja nenhuma explicação, o Exército Brasileiro


resolve, arbitrariamente e isoladamente, isto é, sem que seja acompanhado
pela Marinha e Aeronáutica, retirar da remuneração dos militares o
adicional pecuniário que percebiam do auxílio invalidez, mesmo que estes
tenham, à época, se submetido à junta médica e que a mesma atestara a
invalidez.

Cabe ressaltar, por oportuno, que o auxílio invalidez está


incorporado aos proventos do autor há mais de 14 (quatorze) anos, e que
vendo sendo utilizado para auxiliar na compra dos diversos remédios que o
autor tem que utilizar todos os dias para continuar com o seu tratamento,
que é contínuo. Com a retirada deste adicional de invalidez, acredita-se
que o autor poderá vir a ter dificuldades até para sua manutenção e
sobrevivência.

DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS

Os direitos e garantias fundamentais constituem núcleos intangíveis


da Constituição Federal, no sentido de preservação da própria identidade
da Carta Magna.

Dentre os vários direitos e garantias individuais, encontram-se os


direitos adquiridos, consubstanciando-se, pois, em cláusulas pétreas,
conforme apregoa a Carta Política de 1988, no inciso XXXVI, do seu art.
5º, litteris:

"XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e


a coisa julgada". (grifamos).

A Jurisprudência reinante não destoa:

"JCF.194 – JCF.194.II – JCF.194.IV – JCF.5.XXXVI – JCF.201. JCF.201.2


– EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – RECURSO ESPECIAL –
PREVIDENCIÁRIO – LEI MAIS BENÉFICA – EFEITO IMEDIATO –
CONTRADIÇÃO – INOCORRÊNCIA – 1. No sistema de direito positivo
brasileiro, o princípio tempus regit actum se subordina ao do efeito da lei
nova, salvo quanto ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa
julgada (Constituição da República, artigo 5º, inciso XXXVI e Lei de
Introdução do Código Civil, artigo 6º). (...) (STJ – EDRESP 238816 – SC –
6ª T. – Rel. Min. Hamilton Carvalho – DJU 05.02.2001 – p. 00137)".
De grande importância é a observância ao artigo 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil que determina: “ Na aplicação da lei, o juiz
atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum”.

É flagrante, por conseguinte, a inconstitucionalidade da


COMUNICAÇÃO DE PARECER DE INSPEÇÃO DE SAÚDE Nº
1951/2009, SESSÃO Nº 53/2009, de 15 de maio de 2009, anexo 02,
uma vez que afronta o direito adquirido dos militares que ingressaram
na inatividade por uma outra INSPEÇÃO MÉDICA atestada pela Junta
Médica na sessão 009/95, de 28 de junho de 1995, anexo 01, por extirpar
a parcela de verba de caráter vital que consiste no Adicional de
Invalidez.

DA NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

O abuso da EXCLUSÃO do Adicional de Invalidez ao ora Autor, que


nessa condição já se encontrava antes da publicação da multicitada MP, é
um fato e assim deve ser considerado inadmissível.

Por isso, entende o Autor que é cabível e necessária, IN CASU, a


ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL, como
autoriza e prevê o artigo 273, I, do Código de Processo Civil, já que
presentes os seus pressupostos.

O fundado receio de dano está plenamente identificado, uma vez que


a cada mês o militar inativo/inválido sofre a exclusão de verba de caráter
vital, com a redução de seu provento, cujo não pagamento vem lhe
causando danos e poderá causar outros irreparáveis, que só serão
devolvidos após custoso processo de repetição de indébito.

Outrossim, a verossimilhança do direito é saliente, havendo o


flagrante desrespeito a diversos princípios constitucionais, dentre os
quais o princípio do direito adquirido e da irredutibilidade do salário,
visto que os proventos dos inativos é composto do soldo mais os
adicionais (arts 10 e 11 da MP 2.215-10/2001.

Não se trata, também, de buscar quaisquer vantagens a serem


satisfeitas com recursos orçamentários, - daí não incidir a hipótese do
artigo 1º, da Lei 9.494/97, vez que se trata de restabelecimento de
pagamento de vantagem que é efetivamente devida ao servidor militar
inativo/inválido. Por isso, não configura qualquer aumento de
remuneração destes.
Assim, afastada está qualquer óbice sobre liminares ou antecipações
de tutela contra entes de direito público. Busca-se, aqui, tão somente a
aplicação de dispositivo legal que foi indevidamente suprimido dos
militares que ingressaram na INATIVIDADE antes da publicação da
malfadada Medida Provisória.

Nesse diapasão, permissa maxima venia, queremos nos permitir


transcrever o trecho abaixo, de recente decisão da Justiça Federal do
Distrito Federal, da lavra do Eminente Juiz Luiz Gonzaga Barbosa Moreira,
verbis:

TRF1 - APELAÇÃO CIVEL: AC 27353 DF 2001.34.00.027353-0


Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ GONZAGA BARBOSA
MOREIRA
Julgamento: 07/11/2007
Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA
Publicação: 04/03/2008 e-DJF1 p.108

“ADMINISTRATIVO - SERVIDOR MILITAR REFORMADO –


CARDIOPATIA GRAVE - RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-INVALIDEZ
- REVOGAÇÃO COM FUNDAMENTO EM INSPEÇÃO MÉDICA
DESFAVORÁVEL - ART. 69 DA LEI Nº 8.237/91 - MP Nº 2.225-
10/2001 - LAUDO MÉDICO OFICIAL - NECESSIDADE DE CUIDADOS
MÉDICOS PERMANENTES - DEMONSTRAÇÃO - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - CUSTAS EM REEMBOLSO. “

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2001.34.00.027353-0/DF

Inteiro teor do voto:

RELATÓRIO

O EXMO. SR. DES. FEDERAL LUIZ GONZAGA BARBOSA MOREIRA


(RELATOR):

“Cuida-se de apelação interposta pela União Federal de sentença proferida


pelo Juízo Federal da 15ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, que
julgou procedente o pedido, “para condenar a União Federal na obrigação
de restabelecer o auxílio-invalidez” (cf. fls. 480) requerido pelo autor na
inicial, condenando-a, ainda, no pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios fixados em R$ 500,00 (quinhentos reais).
Sustenta a União que “(...) O auxílio-invalidez é uma parte variável da
remuneração dos militares reformados por invalidez, pois só é devido
enquanto ele estiver necessitando de cuidados permanentes de enfermagem
ou hospitalização especializada, geralmente, em caso de agravamento do
estado de saúde e/ou para cirurgias, etc. O doc. de fl. 14 revela que o Autor
já era reformando, mas não recebia essa vantagem, que só lhe foi concedida
a partir de 29 de novembro de 1995, de acordo com o art. 69 da Lei nº
8.237, de 30 Set 91” (cf. fls. 490).

E continua: “Tendo a Junta Médica declarado que o Postulante não mais


necessitava de cuidados permanentes de enfermagem e de hospitalização, o
pagamento do auxílio-invalidez foi suspenso, através da Portaria nº 919-
DIP/S1, de 29 de outubro de 2001, publicada no DOU do dia 30
subsequente. Assim, a suspensão do pagamento do adicional de invalidez
não representra qualquer violação de direito, conforme alega. Ilicitude
ocorreria se a Administração continuasse pagando o benefício, após a
conclusão da Junta Médica de que o Autor não mais necessitava de
cuidados permanentes de enfermagem e/ou de hospitalização” (cf. fls. 491).
Alega, por fim, que “A sentença se baseou em laudo do perito que concluiu
que o Autor necessita de cuidados médicos períodicos e permanentes.
Ora, se os cuidados médicos de que necessita são periódicos, não podem
ser permanentes. Evidentemente, o laudo é confuso e contraditório e a
sentença não poderia nele se basear, muito menos para deferir o pedido. O
problema de saúde do Autor não exige que ele tenha cuidados médicos
permanentes, tanto que ele não se encontra internado em hospital e nem
mesmo em enfermaria. Em verdade, comparece ao médico periodicamente
apenas para acompanhamento” (cf. fls. 493).
Requer a reforma da sentença.
Contra-razões à fls. 496/498.
É o relatório.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2001.34.00.027353-0/DF

VOTO
O EXMO. SR. DES. FEDERAL LUIZ GONZAGA BARBOSA MOREIRA
(RELATOR):
1. O autor requereu na inicial “o restabelecimento do pagamento da
gratificação de auxílio invalidez” (cf. fls. 10), percebida desde 05/01/1996
(fls. 14) e revogada em 29/10/2001 (fls. 52), em virtude de laudo médico
desfavorável do Hospital Geral de Brasília, vinculado à CMP – 11ª Região
Militar, expedido em 20/07/2001, que concluiu pela incapacidade total e
permanente para qualquer trabalho, mas pela desnecessidade de cuidados
de enfermagem ou hospitalização (cf. fls. 37).

2. Estabelece o art. 69, da Lei nº 8.237/91, que:

“Art. 69. O militar na inatividade remunerada, reformado como inválido, por


incapacidade para o serviço ativo, faz jus, mensalmente, a um Adicional de
Invalidez no valor de sete quotas e meia do soldo, desde que satisfaça a
uma das condições abaixo especificadas, devidamente constatada por junta
militar de saúde, quando necessitar de:
I - internação especializada, militar ou não;
II - assistência ou cuidados prementes de enfermagem.
§ 1º Também faz jus ao Adicional de Invalidez o militar que, por prescrição
médica homologada por junta militar de saúde, receber tratamento na
própria residência, nas condições do inciso II.
§ 2º Para continuidade do direito ao recebimento do Adicional de Invalidez, o
militar apresentará, anualmente, declaração de que não exerce nenhuma
atividade remunerada, pública ou privada e, a critério da administração,
submeter-se-á periodicamente à inspeção de saúde.
§ 3º O direito ao Adicional de Invalidez será suspenso automaticamente pela
autoridade competente, se for verificado que o militar beneficiado exerce ou
tenha exercido, após a concessão do adicional, qualquer atividade
remunerada, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, bem como se, em
inspeção de saúde, for constatado não se encontrar nas condições previstas
neste artigo.”

Não obstante a revogação da referida lei pela MP nº 2.215-10, de


31/08/2001, permaneceu dentre os direitos dos militares na inatividade o
auxílio-invalidez (arts. 2º, 3º, XV, 11, II), carecendo, apenas, de específica
regulamentação.

Veja-se, contudo, que a revogação da vantagem percebida pelo militar se


deu com base em laudo subscrito por médico, em 20/07/2001 (cf. fls. 37),
apenas um mês depois de outro laudo médico, expedido em 12/06/2001,
também no âmbito militar, constatar que o autor necessitava de “cuidados
permanentes de enfermagem e hospitalização. É cardiopatia grave” (cf. fls.
29).

Ressalte-se também o histórico médico do autor, datado de novembro de


2006, encaminhado pelo Hospital Geral de Porto Alegre, vinculado ao CMS
3ª Região Militar, ao Hospital Geral de São Paulo, em que se verifica várias
ocorrências cardíacas, inclusive em novembro de 2001, com o implante de
novo marcapasso (cf. fls. 443/444).

Diante da necessidade de produção de prova, o Juízo a quo converteu o


julgamento em diligência para sua especificação (cf. fls. 101/102), tendo
sido realizada prova pericial médica, cujo laudo elaborado pelo Dr. Osório
Luís Rangel de Almeida, Chefe da Clínica Cardiológica do Hospital de Base
do Distrito Federal, assim concluiu:

“Trata-se de paciente portador de cardiopatia grave, de caráter evolutivo,


de prognóstico reservado, com classe funcional III da NYHA. Em função de
sua idade (83 anos) e em função de sua patologia arritmogênica que
necessitou o implante de cardiodesfibrilador, o paciente terá acrescentada a
sua condição cardilógica limitações decorrentes da possibilidade de
surgimento de evento de arritmia, como por exemplo: dirigir veículos, se
locomover sozinho por ruas, atravessar ruas sem acompanhante etc; uma
vez que uma cardiodesfibrilação súbita poderá comprometer reflexos e
alterações curtas da consciência. Necessita de cuidados médicos periódicos
e permanentes. Incapaz definitavamente para o trabalho” (cf. fls. 459).
Examinando a situação do autor, o Juízo a quo bem enfatizou:
“No caso dos autos, apesar de a perícia realizada pela Junta de Saúde do
Ministério da Defesa (fl. 55) ter concluído que o Autor não necessita de
cuidados permanentes de enfermagem ou hospitalização, os documentos
juntados às fls. 106/252 e fls. 261/359, bem como o Relatório Médico
realizado por perito designado por este juizo, comprovam que, de fato, o
Autor carece de cuidados permanentes médicos e de enfermagem. (...)
Ressalte-se que esses cuidados médicos, ao contrário do que alega a União,
não são oriundos tão-somente ao fato de o Autor possuir idade avançada e
do risco de arritmia. O parecer, corroborado com os documentos juntados
pelo Autor, afirma que o mesmo é portador de cardiopatia grave, de
caráter evolutivo e, de fato, necessita de assistência/cuidados
permanentes de enfermagem. Sendo assim, faz jus ao auxílio-invalidez.
(...) Ademais, dispõe o art. 69, § 2º da Lei 8.237/91 que o militar poderá, a
critério da Administração, submeter-se à inspeção de saúde periodicamente.
Assim , não existe direito adquirido ao auxílio-invalidez, pois o benefício
poderá ser suspenso se não forem preenchidos os requisitos legais.
Entretanto, a contrario sensu, nada impede que, por meio de inspeção de
saúde, seja concedido o auxílio-invalidez. Assim, levando-se em
consideração que o Laudo da Junta de Saúde do Ministério da Defesa foi
realizada tão-somente em 07/08/2001 e o Laudo do Perito Médico indicado
por este juízo foi realizado em 23/05/2006, entendo que é o caso de
deferimento do pleito. Acrescente-se que foi a própria União Federal quem
requereu a prova pericial, indicando, inclusive assistente técnico para
acompanhar a realização da perícia. Desse modo, devidamente comprovado
a incapacidade definitiva do Autor para o serviço militar e reconhecida a
necessidade de assistência/cuidado permanente de enfermagem, conforme
exigido na Lei 8.237/91, deve-se assegurar à parte autora o benefício de
auxílio-invalidez” (cf. fls. 476/479).

A prova pericial produzida em Juízo se mostra idônea e convincente, não


se apresentando contraditória como pretende a apelante. É notória,
conforme ampla documentação acostada aos autos, a necessidade do
autor de contínuo acompanhamento médico e de enfermagem durante
vários anos.

Por fim, quanto à demonstração da necessidade de cuidados de


enfermagem e internação, colaciono precedentes deste Tribunal no que se
refere à matéria em análise:

“SERVIDOR MILITAR. INVALIDEZ. REFORMA.


1. Demonstrada, mediante prova pericial, a invalidez do autor em
decorrência de alienação mental que remonta à época na qual se encontrava
em serviço ativo no Exército Brasileiro, não se há cogitar ocorrente prescrição
na espécie, ante o disposto no artigo 168 do Código Civil então em vigor,
fazendo ele jus a ser reformado com remuneração calculada com base no
soldo correspondente ao grau hierárquico imediato ao que possuía na ativa,
conforme o disposto no artigo 110, parágrafo 1º, da Lei 6.880, de 9 de
dezembro de 1980.
2. Afirmando, a mesma perícia, necessidade de cuidados permanentes de
enfermagem, faz jus igualmente a auxílio-invalidez, observadas as normas
da legislação em vigor à época em que deveria ter sido reformado, com as
alterações posteriores.
3. Correção monetária, incidente desde quando cada prestação se tornou
devida, que deve observar os índices decorrentes da aplicação da Lei 6.899,
de 8 de abril de 1981, conforme enunciados no Manual de Orientação de
Procedimentos para cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução
242, de 3 de julho de 2001, do eg. Conselho da Justiça Federal.
4. Honorários sucumbenciais reduzidos a 5% sobre o valor apurado em
liquidação, em face do disposto nos parágrafos 3º e 4º do artigo 20 do
Código de Processo Civil.
5. Recurso de apelação e remessa oficial a que se dá parcial provimento”
(AC 1997.38.00.036321-1/MG; Rel. Des. Federal Carlos Moreira Alves,
DJ/II de 07/11/2003, pág. 31).

Impõe-se, portanto, a confirmação da sentença.

As parcelas em atraso devem ser corrigidas monetariamente, desde


quando vencidas pelos índices legais, acrescidas de juros de mora, a partir
da citação, à razão de 6% ao ano, nos termos do art. 1º F, da Lei 9.494/97,
com a redação da Medida Provisória nº 2.180-35/2001.
Honorários advocatícios razoavelmente fixados em R$ 500,00 (quinhentos
reais).
Ante a isenção conferida a União, devido apenas o reembolso ao autor do
que foi por ele antecipado a titulo de custas.
Pelo exposto, nego provimento à apelação e dou parcial provimento à
remessa oficial, tida por interposta, apenas para que as custas sejam
reembolsadas em reembolso ao autor.
É como voto.”

Outras decisões semelhantes e visando a mesma hipótese ora


aventada e sobre a MP 2.131/2000, vêm sendo proferidas em todo País,
fazendo, desta forma, justiça para com esses servidores que doaram a vida
à caserna.
Verifica-se, no caso presente, que a vantagem suprimida do Autor e
denominada adicional de invalidez, sem a substituição por outra
equivalente, corresponde a uma diminuição gritante no padrão
remuneratório do autor, haja vista tratar-se de uma verba de natureza
vital, desde que sua característica é exatamente compensar perdas
decorrentes do afastamento da atividade, quando estes militares deixam de
receber outros benefícios, tais como fardamento, alimentação, moradia ou
auxílio moradia.

A comprovar o dano remuneratório, acostou-se os Contra-Cheques,


ou espelhos de contra-cheques dos meses de Julho de 2009 e de Agosto de
2009, anexos 05 e 06, demonstrando a sua exclusão abrupta em Agosto
de 2009.

Por isso, também, se verifica que o efeito danoso de sua exclusão no


padrão remuneratório passa a ser imediato. E, mormente, quando na
verdade ele passa a ser muito mais necessário para a sobrevida do
inativo/inválido, face às dificuldades naturais do ser humano no caminhar
para a velhice. Sendo aqui o caso de velho militar que dedicou a vida, em
favor e para a segurança deste País.

Inadmissível, portanto, que hoje venha a se sentir usurpado em


direitos fundamentais, para cujo Estado Democrático vigente, sem dúvida,
contribuiu.

Daí, dar-se a presença do requisito do perigo na demora da decisão


de mérito, porquanto vai poder alongar, desnecessariamente, o dano que
sofre o demandante, por conseqüência de uma COMUNICAÇÃO DE
PARECER DE INSPEÇÃO DE SAÚDE Nº 1951/2009, SESSÃO Nº
53/2009, de 15 de maio de 2009.

III - DOS PEDIDOS

Considerando, portanto, que a COMUNICAÇÃO DE PARECER DE


INSPEÇÃO DE SAÚDE Nº 1951/2009, SESSÃO Nº 53/2009, de 15 de
maio de 2009, ora atacada, fere princípio constitucional garantidor de
direito adquirido do autor, retirando do orçamento familiar um valor
incorporado há mais de quatorze (14) anos, é certo o retrocesso do direito,
e revela-se, sem dúvida, uma autêntica negação do próprio Estado
Democrático de Direito e dos ditames da Carta Cidadã, que deve ser
tutelado pelo Estado-Juíz, pois, é no Poder Judiciário que esse guerreiro-
cidadão continua depositando a sua confiança.

Certos de ser atendido nesse pleito de inegável JUSTIÇA, então,


requer:
Em razão do exposto, requer:

1 – Liminarmente e “inaudita altera pars”:

A) Seja deferida, por esse Douto Juízo e digno Julgador e liminarmente, a


TUTELA ANTECIPADA, inaudita altera pars, determinando que o ora
Autor - MILITAR INATIVO/inválido supra qualificado - receba o pagamento
do adicional de invalidez, isso já no próximo Contra-Cheque, assim
como, também, os atrasados que foram suprimidos, enquanto no aguardo
do julgamento de mérito da presente ação.

B) Em sendo concedida a Tutela pretendida – do que se não duvida – seja


dela dado conhecimento imediato ao Chefe do CENTRO DE PAGAMENTO
DO EXÉRCITO – CPEx, situada na Esplanada dos Ministérios, Bloco
"O", Anexo 2, 2º Andar, Brasília – DF, CEP 70.052-900 - E-Mail
www.sef.eb.mil.br/cpex/cpex.htm, para cumprimento.

2 – No mérito:

A) No mérito, requer-se a V. Exa. que JULGUE PROCEDENTE esta Ação,


confirmando a Tutela acaso concedida, para o fim de ASSEGURAR AO
AUTOR O DIREITO de continuar recebendo o percentual correspondente
ao Adicional de Invalidez e, ao final, condenar a Ré no pagamento das
custas processuais, honorários advocatícios e demais cominações legais
arbitradas por esse Douto Juízo.

B) E, também que, se digne V. Exa. em determinar a citação da Ré para


que, no prazo legal, apresente a defesa que entender cabível, sob as penas
da Lei.

D) Finalmente requer, o demandante, que lhe seja concedido os benefícios


da Justiça Gratuita, uma vez que não pode comprometer recursos para
custeio de despesas processuais, conforme declaração firmada e acostada,
nesta inicial.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, notadamente pela documental, testemunhal e pericial, tudo de logo
requerido.

Dá à causa dá-se o valor de R$32.008,50, para todos os efeitos


legais e fiscais.

N. Termos,
P. deferimento.
Fortaleza, 20 de janeiro de 2010.

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