LICENCIAMENTO AMBIENTAL E AUTORIZAÇÕES AMBIENTAIS ESPECÍFICAS
A) Objetivo Atentar para as questões ambientais desde a elaboração do plano/projeto das obras até a sua implantação/operação pelo usuário final, atendendo a todas as exigências ambientais estabelecidas.
As licenças e autorizações ambientais são instrumentos legais da Política
Nacional de Meio Ambiente destinados a garantir o controle das atividades modificadoras do meio ambiente definidos na Lei Federal 6.938/81 e embasados na Constituição Federal de 1988, que define o ”meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (artigo 225).
A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei Federal nº 6.938/81,
estabeleceu o Sistema Nacional de Meio Ambiente, bem como seus principais objetivos e mecanismos de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. O Licenciamento Ambiental é o seu principal mecanismo; promove a interface entre o empreendedor, cuja atividade pode vir a interferir na estrutura do meio ambiente, e o Estado, que garante a conformidade com os objetivos dispostos na política estabelecida. O Licenciamento Ambiental é um procedimento técnico-administrativo pelo qual o órgão ambiental competente permite a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos ou atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou daqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis a cada situação específica. A Licença Ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental, estabelece as condições, restrições, exigências e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadores dos recursos ambientais consideradas, efetiva ou potencialmente, poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. O licenciamento ambiental é constituído da seguinte seqüência:
(1) Consulta Prévia – para a definição da necessidade ou não do EIA/RIMA;
(2) Licença Prévia - LP para a fase de planejamento das obras;
(3) Licença de Instalação - LI para as fases de implantação;
(4) Licença de Operação – LO que permite o funcionamento das
atividades do empreendimento. Devem ser acompanhadas dos Estudos Ambientais específicos que instruem os pedidos de licença junto ao órgão ambiental.
As licenças ambientais poderão ser concedidas isoladas, em conjunto ou
sucessivamente, ou sob forma simplificada, de acordo com a natureza, característica e fase do empreendimento ou atividade. No caso de empreendimentos lineares, as Licenças Ambientais de Instalação (LI) e de Operação (LO) poderão ser concedidas na sua totalidade ou por trechos, consideradas a natureza e complexidade do empreendimento, bem como o cronograma de sua implantação.
Os Estudos Ambientais são estudos relativos aos aspectos ambientais
relacionados com a localização, a instalação, a operação e a ampliação de atividade ou empreendimento apresentados como subsídio para a análise da licença requerida - tais como: Relatório Ambiental Preliminar – RAP, Estudo de Impacto Ambiental - EIA, Estudo Ambiental Simplificado - EAS, Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD, Plano Básico Ambiental – PBA, Plano de Controle Ambiental - PCA e outros definidos pelo Órgão Ambiental.
Também é exigida, além das Licenças Ambientais, a obtenção de
Autorizações Ambientais Específicas, pois sempre que houver interferências com os recursos naturais, estas serão necessárias para a execução de empreendimentos. Estas Autorizações poderão ser solicitadas de forma complementar ao licenciamento ambiental, ou ainda sob forma isolada em casos de obras de menor impacto e de pequeno porte que sejam isentas de licenciamento ambiental.
B) Competências e Responsabilidades dos Órgãos Ambientais
Os principais órgãos atuantes na gestão ambiental são os seguintes:
• Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA – órgão federal que licencia
atividades e empreendimentos cujo impacto se estende além das fronteiras do Estado de São Paulo, na plataforma continental, e sub-solo. É também o órgão nacional responsável pela conservação dos recursos naturais ou bens de interesse nacional. No Estado de São Paulo, em função de convênio entre os órgãos, as autorizações de uso de Áreas de Preservação Permanente APP’s (estabelecidas pelo Código Florestal) são solicitadas junto ao Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN.
• Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB –
Empresa vinculada à SMA que realiza o controle de fontes de poluição em suas 34 Agências Ambientais distribuídas pelo Estado. Devem ser licenciados, junto a CETESB, as atividades e empreendimentos, incluindo a construção, reconstrução, reforma ou ampliação de instalações caracterizadas como fonte de poluição.
• Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de Recursos
Naturais da Secretaria de Meio ambiente – CPRN – órgão da administração direta do Estado de São Paulo, a quem compete o controle das atividades e empreendimentos, efetiva ou potencialmente, degradadores dos recursos naturais. Seus Departamentos (DAIA, DEPRN e DUSM) emitem pareceres técnicos, autorizações e licenças ambientais de acordo com critérios próprios.
• Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA – analisa os
estudos ambientais de empreendimentos, potencialmente ou efetivamente, causadores de impacto ambiental significativo, os programas de recuperação ambiental de áreas degradadas, e atua supletivamente no licenciamento de empreendimentos de impacto local em municípios que não dispõem dos recursos necessários para exercer o licenciamento ambiental.
• Departamento de Uso do Solo Metropolitano – DUSM – licencia e fiscaliza
empreendimentos e atividades localizadas em Áreas de Proteção dos Mananciais, tais como loteamentos, atividades comerciais, movimentos de terra, atividades industriais e minerarias, cemitérios, atividades institucionais e obras de infraestrutura.
• Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN –
realiza o licenciamento das atividades e obras que impliquem na supressão de vegetação nativa, corte de árvores nativas, intervenção em áreas de preservação permanente, reposição florestal e manejo da fauna silvestre. Alguns dos principais documentos emitidos são: Autorização Ambiental, Parecer Técnico Florestal, Averbação de Reserva Legal, Termo de Compromisso de Recuperação de Área e Termo de Indeferimento.
• Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE – órgão gestor dos
recursos hídricos do Estado de São Paulo, exerce o poder outorgante a partir da necessidade de utilização ou interferência nas águas de um rio, lago ou mesmo de águas subterrâneas por um empreendimento ou atividade, que deverá solicitar uma autorização, concessão ou licença.
• Secretaria de Habitação e Meio Ambiente do Município órgão municipal
com atuação na gestão ambiental local e que ainda não tem atribuição legal para o licenciamento ambiental de atividades modificadoras de meio ambiente com impacto local (2006). Em curto prazo deverá ser implementado o Sistema Municipal de Meio Ambiente, a partir do Projeto de Lei da Política Municipal de Meio Ambiente, que prevê a implantação do Sistema de Licenciamento Ambiental Municipal. Essa medida acompanhada da adequação do quadro funcional, e com o estabelecimento do Conselho e Fundo Municipal de Meio Ambiente permitirá que a secretaria municipal de meio ambiente ocupe sua posição como agente local do Sistema Nacional de Meio Ambiente e também poderá estabelecer convênio com o órgão estadual de Meio Ambiente para assumir atividades de licenciamento ambiental de impacto local nos termos da Resolução CONAMA 237/97.
C) Controle e Detalhamento do Licenciamento e das Autorizações
Ambientais O licenciamento ambiental e as autorizações ambientais específicas são emitidos com base na apresentação de estudos e relatórios ambientais, e laudos técnicos, os quais devem ser apresentados ao poder executivo, conforme a sua competência legal, nas esferas federal, estadual ou municipal. O Sistema Estadual de Meio Ambiente, estabelecido pela Lei no. 9.509/97 tem como seu órgão executivo licenciador, no Estado de São Paulo, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SMA, seus departamentos e divisões. O Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA - é o órgão colegiado de coordenação da política ambiental que, também por meio de resoluções, analisa e pode aprovar na fase de Licença Prévia os estudos ambientais para obras com impacto ambiental significativo. No Estado de São Paulo, o licenciamento ambiental está sob a responsabilidade do Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental - DAIA, da Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e de Proteção dos Recursos Naturais – CPRN da Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SMA. Os procedimentos de Licenciamento Ambiental utilizado no Estado de São Paulo estão definidos na Resolução SMA nº 54, de 30 de Novembro de 2004.
Segundos os procedimentos definidos na Resolução SMA nº 54 para
definição da modalidade de estudo ambiental que irá subsidiar o licenciamento ambiental prévio deve ser realizada Consulta Prévia, encaminhada pelo empreendedor à Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo - SMA, por meio do seu Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA. Na Consulta Prévia deve ser solicitada a orientação quanto à definição do estudo ambiental adequado para a análise de viabilidade ambiental de projeto de empreendimento, com potencial ou, efetivamente, causador de impactos ao meio ambiente, a ser submetido ao licenciamento ambiental. A modalidade de estudo ambiental necessário para subsidiar o licenciamento prévio é definida pelo DAIA, e poderá ser exigido um EAS, RAP ou EIA/RIMA. Esses estudos devem ser elaborados por empresa especializada de consultoria ambiental e por equipe multidisciplinar.
Estudo Ambiental Simplificado - EAS: estudo ambiental apresentado em
forma de relatório técnico que contém o conjunto de informações decorrentes da avaliação das conseqüências ambientais de atividades e empreendimentos considerados geradores de impactos ambientais pequenos, de abrangência local e não significativos. O EAS deve conter as principais características do empreendimento, a caracterização do ambiente em sua área de influência, e os impactos e medidas mitigadoras decorrentes de sua implantação e operação.
Relatório Ambiental Preliminar - RAP: estudo ambiental elaborado por
equipe multidisciplinar que, além de oferecer instrumentos para análise da viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade, destina-se a identificar e avaliar sistematicamente as conseqüências das atividades ou empreendimentos, potencial ou efetivamente, causadores de degradação do meio ambiente, propondo medidas mitigadoras para sua implantação. Estudo de Impacto Ambiental - EIA: estudos técnicos e científicos elaborados por equipe multidisciplinar que, além de oferecer instrumentos para análise da viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade, destinam-se a avaliar, sistematicamente, as conseqüências consideradas, efetiva ou potencialmente, causadoras de significativa degradação do meio ambiente, propondo medidas mitigadoras e/ou compensatórias com vistas à sua implantação. Neste caso os impactos devem ser avaliados por meio de técnicas de medição mais detalhadas e capazes de medir qualitativa ou quantitativamente a magnitude e a importância dos impactos. Destina-se a atividades de maior porte e com maior potencialidade de apresentar impactos significativos ao meio ambiente. Relatório de Impacto Ambiental - RIMA: documento síntese dos resultados do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, o qual deve ser escrito em linguagem objetiva e acessível à comunidade em geral, ao qual será dada publicidade. No caso de exigência de RAP ou EIA e RIMA para subsidiar o pedido de Licença Ambiental Prévia, antes do início do estudo, deverá ser encaminhado o Plano de Trabalho para análise e aprovação do DAIA/SMA. O Plano de Trabalho – PT é o documento no qual o empreendedor encaminha para consulta, detalhamento e deliberação do DAIA, proposta contendo o escopo detalhado a ser utilizado como referência para a elaboração de um Estudo Ambiental de um empreendimento a ser objeto de licenciamento ambiental. O Plano de Trabalho deve conter as características do empreendimento e as diretrizes e conteúdos de análises e avaliações ambientais a serem desenvolvidos no estudo, a metodologia a ser empregada para a análise dos aspectos ambientais relevantes, e os procedimentos utilizados para a avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento. Com base no Plano de Trabalho o DAIA, ouvido o CONSEMA, definirá o Termo de Referência – TR para a elaboração do Estudo Ambiental. O Termo de Referência é o documento elaborado pelo DAIA, com base no Plano de Trabalho apresentado pelo Empreendedor, no qual se definem o escopo, diretrizes e a metodologia de elaboração do Estudo Ambiental do empreendimento. No caso de EIA a emissão final do TR poderá incorporar sugestões de estudos e avaliações elaboradas pela comunidade, apresentadas em Audiências Públicas conduzidas pela SMA. Os documentos elaborados por empresas especializadas contratadas deverão ser apresentados em forma de minuta e em relatórios parciais para análise pelo órgão responsável da Prefeitura Municipal, conforme estabelecido no Termo de Referência anexo ao Edital de Licitação. O Documento final será apresentado em cópias em papel e em meio digital conforme as exigências do órgão ambiental.