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Síndrome dos Ovários Policísticos
Autores:
Georges Fassolas
Alfonso Araujo Massaguer
Eduardo Leme Alves da Motta
Ângela Maggio da Fonseca
Médica Assistente do Serviço de Ginecologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC
FMUSP).
Doutora em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES
Alterações císticas no ovário humano foram descritas há mais de
100 anos. Porém, foi em 1935 que Stein e Leventhal reconheceram
uma associação entre ovários policísticos bilaterais e um complexo
de sinais consistindo de amenorreia, infertilidade, hirsutismo e
obesidade. Essa tríade de sinais encontrados em conexão com os
multicistos ovarianos logo foi chamada de síndrome de Stein
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Acne
Diante do excesso de DHT, também há aumento da secreção das
glândulas sebáceas da pele, contribuindo para hipersecreção
sebácea e acne. Aproximadamente 1/3 das mulheres com SOP
apresenta acne de forma persistente, sendo esse um motivo
importante de piora de qualidade de vida nessas pacientes.
Alopecia Androgênica
A alopecia androgênica é comum em homens e rara em
mulheres. O meio hiperandrogênico determina a involução dos
folículos pilosos na fronte, muito embora também haja uma
predisposição genética para seu acontecimento. Assim, mulheres
com tal predisposição em associação com a hipersecreção
androgênica podem apresentar esse tipo de alopecia. Estudo recente
mostrou que, em 67% das vezes, as mulheres com alopecia
androgênica tinham diagnóstico de SOP.
Irregularidade Menstrual
A irregularidade menstrual é a principal característica clínica da
SOP. Em uma das maiores séries de casos já publicadas sobre a
doença, Balen et al. avaliaram, em 1995, 1.871 mulheres com pelo
menos um dos sintomas da síndrome. Nesse trabalho, os autores
observaram que 70% das pacientes tinham oligomenorreia (ciclo
menstrual com intervalo superior a 35 dias), e 20% delas
apresentavam amenorreia. Além disso, alguns autores mostram que
aproximadamente 85 a 90% das mulheres com oligomenorreia têm
diagnóstico de SOP. Ou seja, a maioria das pacientes com SOP
apresenta ciclo menstrual anormal, caracterizado por atrasos
menstruais cíclicos causados pela anovulação crônica.
Obesidade
Vários trabalhos mostram que 35 a 50% das mulheres com a
síndrome têm sobrepeso (índice de massa corpórea (IMC) > 25) ou
são obesas (IMC > 30). Portanto, devemos estar atentos ao fato de
que a obesidade não é uma condição sine qua non. A adiposidade
abdominal é o tipo mais comum, com aumento importante do índice
cinturaquadril. Nesse tipo de obesidade, há aumento do risco de
desenvolver diabetes tipo 2. De fato, 30% das mulheres obesas com
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independente da obesidade, da disposição da gordura corpórea e de
outras alterações metabólicas. A insulina, quando em excesso, atua
de várias maneiras no organismo, podendo levar ao
hiperandrogenismo e à anovulação crônica:
ligase aos receptores de IGF1 das células tecais ovarianas,
estimular a produção androgênica nos ovários e nas adrenais.
DIAGNÓSTICO
Aproximadamente 15 anos se passaram desde a primeira
conferência internacional sobre os critérios diagnósticos para a
síndrome dos ovários policísticos. Esse tema sempre foi muito
controverso pelo grande espectro de sintomas que podem se
associar à morfologia policística dos ovários.
Entretanto, em 2003, foi realizado, na cidade de Rotterdã, um
consenso sobre SOP que envolveu a Sociedade Europeia de
Reprodução Humana e a Sociedade Americana de Medicina
Reprodutiva. Nesse encontro, a SOP teve seus critérios diagnósticos
bem definidos.
Assim, atualmente, para se fazer o diagnóstico de SOP, as
pacientes devem ter pelo menos 2 das seguintes características:
hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial;
ciclos menstruais com intervalos irregulares e alargados (atrasos
menstruais);
ovários com característica micropolicística à ultrassonografia.
Além disso, obrigatoriamente, devemse excluir as seguintes
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condições (que podem simular a síndrome):
hiperplasia congênita da adrenal;
síndrome de Cushing;
tumores secretores de androgênios (ovarianos e adrenais);
doenças tireoidianas;
hiperprolactinemia;
uso de androgênios exógenos.
Devese desconfiar de causa diferente de SOP em pacientes com
hiperandrogenismo e oligomenorreia, principalmente diante das
seguintes situações:
hirsutismo de início abrupto (mais característico de tumores
hiperandrogênicos e de abuso de androgênios exógenos);
virilização e testosterona > 200 ng/dL (característico de tumores
produtores de androgênios);
início dos sintomas após a 3ª década de vida (a SOP
usualmente começa na puberdade);
grave transtorno menstrual com pouca manifestação
hiperandrogênica (mais característico de hiperprolactinemia).
Algoritmo 1: Diagnóstico de SOP.
Observações:
se houver grave alteração menstrual com leve hirsutismo, deve
se pensar em hiperprolactinemia;
se houver sinais clínicos de virilização ou testosterona > 200
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atrofia de pele), devese procurar por síndrome de Cushing.
Hiperandrogenismo Clínico
O hiperandrogenismo clínico deve ser caracterizado conforme
abordado no item Quadro clínico.
Hiperandrogenismo Laboratorial
Para avaliar a ocorrência desse parâmetro, devemos solicitar a
dosagem dos seguintes hormônios androgênicos:
testosterona total (valor normal: 20 a 80 ng/dL);
androstenediona (valor normal: < 200 ng/dL);
17 alfahidroxiprogesterona;
sulfato de deidroepiandrosterona (SDHEA).
A alteração de qualquer um desses hormônios caracteriza o
hiperandrogenismo laboratorial. Devese lembrar, contudo, que a data
ideal da mensuração hormonal é no início de um novo ciclo
menstrual, uma vez que os androgênios podem se elevar
discretamente junto ao período periovulatório. Logicamente, esse
detalhe não se aplica às pacientes com SOP, mas naquelas com
discreta alteração menstrual, convém dosálos na época mais
apropriada.
Irregularidade Menstrual
A irregularidade menstrual deve ser caracterizada conforme
referido no item Quadro clínico.
Ovários Policísticos
A avaliação dos ovários é realizada por meio de ultrassonografia.
Para que se definam ovários policísticos, deve haver a presença de
12 ou mais folículos em cada ovário, medindo 2 a 9 mm em seu maior
diâmetro, e/ou aumento do volume ovariano (> 10 mL). A presença
dessas características em apenas um dos ovários já é suficiente para
definir ovários policísticos.
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DIAGNÓSTICO DEFERENCIAL
Hiperplasia Congênita da Adrenal
Essa é uma doença hiperandrogênica que sempre deve ser
descartada em pacientes com quadro clínico de hirsutismo e
oligomenorreia, pois afeta aproximadamente 1 a 5% das mulheres
com tais queixas.
A adrenal apresenta intensa atividade endócrina com a produção
de esteroides sexuais, cortisol e aldosterona. Todas essas reações
advêm da metabolização do colesterol, e a incorreta ativação de uma
de suas vias poderia desviar a produção desses hormônios. Na
hiperplasia congênita da adrenal, de herança autossômica recessiva,
ocorrem mutações no citocromo P450 que determinam as reações
enzimáticas predominantemente para a produção de cortisol e
aldosterona. Dessa forma, desviase a produção para o lado dos
esteroides sexuais, sobretudo androgênios. Sua forma mais comum é
a deficiência da enzima 21hidroxilase, seguida de outras muito raras,
as deficiências da 3betaoldesidrogenase e 11hidroxilase.
Quando há a deficiência da 21hidroxilase, observase
predominantemente o acúmulo da 17hidroxiprogesterona (17OHP).
Se o problema é com a 3betaoldesidrogenase, há acúmulo de 17
hidroxipregnenolona. Se houver deficiência de 11hidroxilase, há
acúmulo do composto S (11 deoxicortisol). Para avaliação inicial das
pacientes com hiperandrogenismo, devese realizar a dosagem de
17OHP pela manhã. Se essa proteína tiver nível < 200 ng/dL, a
hiperplasia congênita da adrenal pode ser descartada. Se o nível
estiver entre 200 e 400 ng/dL, devese prosseguir a investigação. Se
o nível de 17OHP for > 400 ng/dL, podemos considerar a paciente
portadora de hiperplasia congênita de adrenal.
Devese lembrar ainda que existe uma forma leve na deficiência
da atividade da enzima 21hidroxilase, chamada de hiperplasia
adrenal congênita da forma adulta, na qual somente no estresse
intenso, comum na vida adulta, seria exigida a produção de cortisol,
desviando novamente a atividade da adrenal para a produção de
androgênios. Caso haja essa suspeita, devese prosseguir à
investigação, realizando o chamado teste da cortrosina. Antes da
realização do teste, devem ser obtidos os níveis basais de 17OHP,
DHEA e do composto S. Após isso, devese injetar 0,25 mg de ACTH
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desidrogenase;
se o composto S aumentar mais que dois desviospadrão em
relação ao seu nível basal, há deficiência da 11hidroxilase;
se nenhuma dessas substâncias estiver alterada, descartase a
hiperplasia congênita de adrenal.
Síndrome de Cushing
A síndrome de Cushing é caracterizada por produção excessiva
de cortisol. Os androgênios são formados como intermediários na
cadeia enzimática que se finaliza com a produção dos corticoides.
Assim, se nessa doença há produção excessiva de cortisol, há
também aumento na formação de androgênios, o que pode levar a
hiperandrogenismo e a anovulação crônica e, portanto, simular um
quadro de SOP.
Além do hiperandrogenismo, porém, a produção excessiva de
cortisol leva a outros sinais clínicos característicos, tais como
aumento da deposição de gordura na face (moon face), presença de
telangiectasia e atrofia da pele e, em casos mais graves,
acontecimento de hipertensão arterial sistêmica e diabete melito.
Dessa forma, uma pesquisa diagnóstica específica visando
descartar a síndrome de Cushing nas pacientes com quadro clínico
sugestivo de SOP somente é obrigatória se houver os outros sinais
dessa doença caracterizados antes ou nos casos tratados como SOP
e que não responderem ao tratamento.
Para diagnóstico da síndrome de Cushing, podese realizar um
teste simples de supressão da adrenal. Para isso, administrase 1 mg
de dexametasona às 23 horas e dosase o nível plasmático de
cortisol às 8 horas da manhã do dia seguinte. Níveis de cortisol < 7,5
mcg/dL descartam a doença.
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Tumores Secretores de Androgênios
Os tumores produtores de androgênios acontecem mais
comumente nos ovários e nas adrenais. O quadro clínico
característico dessas neoplasias compreende sinais de rápida
progressão dos sintomas e, na grande maioria das vezes, perda da
silhueta feminina e virilização (engrossamento da voz, hipertrofia da
musculatura corpórea, hipertrofia do clitóris).
Nesses casos extremos e com níveis de testosterona > 200
ng/dL, portanto, é obrigatória a investigação específica para se
descartar a ocorrência de tumores produtores de androgênios. Para
se avaliar o acontecimento desses tumores nos ovários, a
ultrassonografia transvaginal e a tomografia computadorizada (TC)
são os exames de escolha. Para abordagem inicial dessas neoplasias
na adrenal, indicase também a TC e, se a dúvida persistir, podese
realizar a ressonância nuclear magnética (RNM).
Doenças Tireoidianas
As doenças tireoidianas, tanto hipo quanto hipertireoidismo,
podem levar a quadros de irregularidade menstrual com atraso e
anovulação crônica. Assim, as pacientes com tal quadro clínico
devem obrigatoriamente ter sua função tireoidiana testada mediante
dosagens de TSH e T4 livre.
Os valores normais desses exames são os seguintes:
TSH: 0,3 a 5 mU/L (valores < 0,3 sugerem hipertireoidismo e
valores > 5 sugerem hipotireoidismo);
T4 livre: 0,7 a 1,7 mU/L (valores < 0,7 sugerem hipotireoidismo e
valores > 1,7 sugerem hipertireoidismo).
Hiperprolactinemia
A prolactina é um hormônio que sabidamente atua em diversos
locais do organismo. Nas mamas, esse hormônio leva à produção de
leite e, portanto, galactorreia. Na hipófise, a hiperprolactinemia é
compensada pelo aumento na secreção de dopamina, contribuindo
na queda da liberação de GnRH e consequente hipoatividade
hipofisária e ovariana, denotando a anovulia crônica. Atua ainda
diretamente nos ovários junto a 17OHP, o que pode acarretar no
aumento de secreção de androgênios. Na adrenal, de igual forma, a
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prolactina também pode levar à produção exagerada de androgênios.
Sabendose que a galactorreia não é um sinal patognomônico da
hiperprolactinemia, é lógico imaginar que a dosagem da prolactina é
obrigatória nas pacientes com ciclos menstruais irregulares e com
hiperandrogenismo, mesmo que não haja galactorreia.
Os níveis normais de prolactina são < 25 ng/mL.
EXAMES COMPLEMENTARES
Relação LH/FSH
Como se observa no item Fisiopatologia, muitas pacientes com
SOP têm secreção anômala de gonadotrofinas. O que se vê na
maioria dos casos é que há um excesso da secreção de LH. Assim, a
relação LH/FSH nessas pacientes se torna alterada. Valores da
relação LH/FSH > 2 sugerem SOP. Porém, este não é um exame
obrigatório para investigação da doença.
Resistência à Insulina
Como já foi dito, atualmente considerase que um dos pontos
chave da fisiopatologia da SOP é a ocorrência da resistência à
insulina. Portanto, muitos autores preconizam a realização de exames
com o objetivo de diagnosticar essa condição nas pacientes com a
síndrome e, assim, nortearem o tratamento. Não existem testes
válidos para o diagnóstico dessa eventualidade, porém alguns
exames podem ser úteis, dentre eles:
relação glicemia/insulinemia: se < 4,5, sugere resistência à
insulina;
teste de tolerância à glicose de 75 g: se 140 < glicemia < 200
mg/dL após 2 horas da sobrecarga de glicose, estamos diante
de intolerância a glicose, o que sugere resistência à insulina;
curva insulinêmica.
COMPLICAÇÕES EM LONGO PRAZO
Doença Cardiovascular
Sabese que a SOP pode se associar a risco aumentado de
doença cardiovascular. Esse risco pode resultar de modificações na
fisiologia da coagulação. As pacientes com SOP apresentam
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HDL < 130 mol/L;
pressão arterial = 130/85 mmHg;
glicemia = 90 mol/L;
circunferência abdominal = 88 cm.
Mesmo que, na grande maioria das vezes, as pacientes mais
novas com síndrome dos ovários policísticos mantenham pressão
arterial normal, elas cursam com pressão arterial muito lábil durante o
dia. No período de perimenopausa, essas pacientes apresentam
hipertensão arterial sistêmica (HAS) com incidência 2,5 vezes maior
que o normal para a idade.
A detecção precoce e o manejo dessas anormalidades têm se
mostrado eficazes na diminuição de risco de doenças
cardiovasculares. As pacientes devem ser estimuladas a perderem
peso quando obesas e a praticarem exercícios físicos de forma
contínua e por períodos longos.
Diabete melito
A ocorrência de diabetes tipo 2 é 5 a 10 vezes mais frequente nas
portadoras de SOP que na população geral, sendo esse risco
independente do índice de massa corpórea. Além disso, nas
pacientes com a síndrome, o início da doença acontece mais
precocemente (entre a 3ª e a 4ª décadas de vida). Uma das principais
metas que se deve ter no manejo das portadoras de SOP é a
detecção precoce da intolerância à glicose. Assim, podese prevenir a
ocorrência do diabete melito com medidas comportamentais (perda
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de peso e exercícios físicos).
SOP e Risco para Câncer
A anovulação crônica, como acontece nas pacientes com SOP,
sabidamente é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de
câncer de endométrio. Isso porque, nessa condição, há exposição
ininterrupta do tecido endometrial ao estrogênio de forma não
contrabalanceada pela progesterona. De fato, alguns estudos
mostram que o risco de desenvolvimento de câncer de endométrio é
3 vezes maior em mulheres portadoras de SOP.
Em relação ao câncer de ovário, os trabalhos mostram que não
há associação dessa neoplasia com a síndrome dos ovários
policísticos.
TRATAMENTO
Um dos principais aspectos que sempre deve ser considerado no
tratamento da SOP é a perda de peso nas pacientes obesas. Alguns
estudos mostram que a perda de 5 a 10% do peso nessas pacientes
leva à melhora do perfil lipídico, da pressão arterial e da resistência à
insulina, e é capaz de diminuir as queixas hiperandrogênicas. Com a
normalização desses parâmetros, muitas vezes essa medida
promove a restauração dos ciclos menstruais regulares e ovulatórios
e da fertilidade. Dessa forma, a perda de peso é fundamental nas
pacientes obesas com SOP e deve ser obtida preferencialmente com
modificações do estilo de vida, como dieta balanceada e prática de
exercícios físicos de forma regular.
Outra medida que sempre deve ser considerada no tratamento da
síndrome é a utilização de agentes sensibilizadores à insulina. O
agente mais utilizado para esse fim é a metformina, uma biguanida
que inibe a glicogenólise hepática e aumenta a sensibilidade dos
tecidos à insulina, o que resulta em diminuição dos níveis plasmáticos
desse hormônio. Dessa forma, a utilização da metformina nessas
pacientes pode levar a aumento da SHBG, diminuição da produção
de androgênios e, por fim, restauração de ciclos menstruais
ovulatórios e regulares, além de prevenir o diabetes.
A metformina tem efeitos colaterais que, algumas vezes, limitam
sua utilização. Os mais importantes são: náuseas, vômitos e diarreia.
Para minimizar o acontecimento desses indesejáveis sintomas, o
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agente deve ser utilizado da seguinte forma:
1ª semana: 1 comprimido de 850 mg, por via oral, 1 vez/dia,
todos os dias;
2ª semana em diante: 1 comprimido de 850 mg por via oral, 2
vezes/dia, todos os dias.
Outras medidas terapêuticas podem ser utilizadas nas mulheres
com SOP, a depender das queixas apresentadas e dos objetivos de
cada paciente. Assim, temos as seguintes situações.
Tratamento de Hirsutismo e Acne
Anticoncepcional Hormonal Oral (ACO)
Por suprimirem a esteroidogênese ovariana e aumentarem os
níveis do SHBG, as pílulas anticoncepcionais podem diminuir os
níveis plasmáticos dos hormônios androgênicos e, assim, são a
primeira escolha para o tratamento dos sinais clínicos de
hiperandrogenismo.
Estudos mostram que todos os tipos de ACO, quando utilizados
por pelo menos 6 meses, são capazes de tratar hirsutismo e acne nas
pacientes com SOP. Alguns tipos são compostos por progestagênios
antiandrogênicos, como o acetato de ciproterona e a drospirenona.
Então, para melhor eficácia do tratamento do hiperandrogenismo,
preferese utilizar esses tipos específicos de ACO, como a seguir:
EE (35 mcg) + Acetato de ciproterona (2 mg)*;
EE (30 mcg) + Drospirenona (3 mg)*.
100 mg/dia para pacientes magras;
200 mg/dia para pacientes obesas.
Os possíveis efeitos colaterais desse agente são: polidipsia,
poliúria, náuseas, cefaleia, fadiga e hipercalemia, sendo este o efeito
adverso mais preocupante e que deve ser sempre monitorado com
dosagens seriadas de potássio plasmático.
Finasterida
A finasterida é uma inibidora da 5alfaredutase, diminuindo assim
a conversão da testosterona em dihidrotestosterona, sua fração mais
ativa. Dessa forma, em pacientes com SOP e hirsutismo severo ou
não responsivo às medidas anteriores, esse agente pode ser utilizado
na dose de 5 mg/dia, por 3 meses a 1 ano.
Flutamida
A flutamida é um agente não esteroidal cujo principal mecanismo
de ação é o de antagonizar a ação dos androgênios em seus
receptores. Estudos recentes sugerem que a dose de 125 mg, 2
vezes/dia, é muito efetiva principalmente no tratamento da acne. Os
efeitos colaterais incluem falta de apetite, amenorreia, diminuição da
libido ou pele seca. Complicação rara, porém grave, é a
hepatotoxicidade, que pode ser letal. Consequentemente, o uso da
flutamida é geralmente reservado para casos resistentes de
hirsutismo e as enzimas hepáticas devem ser checadas regularmente
durante o uso do agente.
Metformina e Perda de Peso
Como já mencionado, o uso da metformina e a perda de peso são
medidas fundamentais no tratamento do hiperandrogenismo nas
pacientes com SOP.
Tratamentos Tópicos
Para tratamento do hirsutismo, a melhor opção de tratamento
tópico é a aplicação de hidrocloreto de efornitina 13,9% nos locais
onde há maior formação de pelos, 1 vez/dia, por pelo menos 6
meses.
Para o tratamento da acne, podemse utilizar derivados do ácido
retinoico no local das lesões, além de antibacterianos tópicos
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(geralmente à base de clindamicina ou tetraciclina).
Tratamento da Irregularidade Menstrual
Anticoncepcional Hormonal Oral
A utilização dos ACO é capaz de regularizar os ciclos menstruais
das pacientes com SOP. Esses agentes devem ser utilizados como
vimos anteriormente para o tratamento de hirsutismo e acne.
Progestagênios
O uso de progestagênios isoladamente é opção interessante para
a regularização dos ciclos menstruais em mulheres com SOP. Nesse
caso, o agente mais utilizado é o acetato de medroxiprogesterona, na
dose de 1 comprimido de 10 mg, 1 vez/dia, por 10 dias.
Após 3 a 7 dias de sua interrupção, esperase que a paciente
menstrue. A medicação é utilizada novamente 15 dias após o 1º dia
da menstruação, da mesma forma como dito anteriormente. Esse
procedimento deve ser realizado ciclicamente todos os meses.
Tratamento da Infertilidade
O tratamento da infertilidade em mulheres com SOP deve
começar pela realização de propedêutica básica completa de
investigação, inclusive com a avaliação do sêmen do marido e HSG.
Após isso, e comprovada a causa ovulatória como fator de
infertilidade, devese recomendar a perda de peso e a utilização da
metformina. Em razão da idade ou no caso de essas medidas não
terem sido capazes de restaurar fertilidade, podese induzir a
ovulação dessas pacientes com os seguintes agentes:
citrato de clomifeno (CC): utilizado na dose de 50 a 200 mg/dia
do 3º ao 7º dia do ciclo menstrual (as mulheres com SOP
respondem ao CC em 80% das vezes, e o principal fator que
leva à resistência a esse agente é a obesidade);
gonadotrofinas: utilizadas a partir do 2º ou 3º dia do ciclo
menstrual. Sua dosagem é muito variável e depende de vários
fatores, sendo os mais importantes a idade das mulheres e o
tipo de tratamento a ser realizado (coito programado,
inseminação artificial ou fertilização in vitro).
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TÓPICOS IMPORTANTES
SOP é a causa mais frequente de distúrbios ovulatórios,
afetando 20 a 30% das mulheres na idade fértil e pode
comprometer de forma significativa a qualidade de vida dessas
pacientes.
A síndrome tem como principais sintomas: hirsutismo,
irregularidade menstrual e infertilidade (anovulação crônica).
Grande parcela das pacientes com SOP não é obesa.
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fundamental da fisiopatologia da síndrome.
As pacientes com SOP têm maiores chances de desenvolver as
seguintes morbidades durante a vida: doenças cardiovasculares
(hipertensão arterial sistêmica e infarto agudo do miocárdio),
diabete melito, câncer de endométrio.
As medidas terapêuticas iniciais devem ser perda de peso nas
obesas e utilização de metformina.
As outras medidas terapêuticas dependem das queixas e
expectativas das pacientes, conforme descrito no Algoritmo 2.
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