You are on page 1of 5

Inteligência em idosos: fatores que contribuem para um envelhecimento sem danos

cognitivos.

Marcos Francisco dos Santos


Ana Cristina Andrade da Silva

Resumo

Este artigo tem como objetivo mostrar que o envelhecimento por si só, não é
causador de danos cognitivos ou de deficit na inteligência, assim sendo, o idoso não pode
ser tratado como alguém incapaz e não deve ser excluído do convívio social; expõe de que
maneira a falta de estímulos adequados afetam esse desenvolvimento saudável do cérebro
e a manutenção de aspectos importantes de seu funcionamento e como a falta desses
estímulos podem ocasionar danos na cognição e na inteligência do idoso, expondo assim
como é possível, apesar do envelhecimento, a manutenção de uma cognição saudável.

Palavras-chave: Envelhecimento, Estímulos, Cognição e Inteligência.

Introdução

O envelhecimento é um processo normal e irreversível que afeta todo ser humano,


fatores externos e internos influenciam nesse processo e podem ocasionar um maior
aceleramento nos efeitos degenerativos ou contribuir para um envelhecimento saudável
(MORAES, 2008). Com o aumento na expectativa de vida, vem crescendo no Brasil o
número de idosos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2015
a 2016 a expectativa de vida do brasileiro subiu para 75,8 anos, o que mostra a necessidade
de conscientização da população quanto a importância de um envelhecimento saudável,
bem como a orientação quanto aos aspectos funcionais das capacidades cognitivas dos
idosos e de sua inteligência, trazendo para esses uma maior condição de inserção social e
um envelhecimento mais digno.
Nesse processo de envelhecimento o idoso pode sofrer um declínio cognitivo
perceptível no que se refere as suas funções motoras, o que acaba interferindo em algumas
atividades e pode ser acentuado se relacionado com outros fatores como vida sedentária,
uso de drogas, fatores genéticos, sociais e econômicos (OLIVEIRA, SILVA, CONFORT,
2017). Já foram realizados estudos que mostram que a capacidade cognitiva do idoso pode
ser preservada e protegida de algum declínio se o idoso está inserido em contextos que
favoreçam uma vida mais saudável física e mentalmente, o engajamento social, lazer,
prática de exercícios físicos e exercícios mentais também são fatores importantes nessa
proteção cognitiva (RABELO, 2009).

Envelhecimento do cérebro

O fato de nosso cérebro envelhecer traz sim consequências neurais para o idoso. A
diminuição no volume do cérebro que afeta principalmente o córtex pré-frontal que é
responsável pelo controle das funções executivas, mas pesquisas apontam que apesar desse
encolhimento gradual não há prejuízo nas funções cognitivas e na inteligência; o cerebelo
também sofre com o processo de envelhecimento causando um deficit em funções ligadas
principalmente a nossa motricidade; as mudanças no cérebro, ocasionadas pelo
envelhecimento, não são todas destrutivas, há pesquisas que apontam que cérebros mais
velhos têm a capacidade de criar células nervosas a partir de células-tronco, a plasticidade
cerebral também contribui para uma reorganização dos circuitos neurais fazendo com que
o cérebro do idoso se utilize de uma maior difusão em sua atividade para uma necessária
compensação de outras áreas afetadas pelo envelhecimento. (PAPALIA, FELDMAN,
2013)

A importância dos estímulos na saúde mental do idoso

Os estímulos são fundamentais para a preservação dessa saúde mental do idoso e a


promoção de um envelhecimento mais independente; os estudos de Piaget foram realizados
com crianças, mas trazem uma importante contribuição para entendermos o processo
cognitivo e a inteligência no idoso; observamos que quanto mais estímulos recebe o idoso
mais se torna rico o desenvolvimento cognitivo e torna-se possível uma melhor saúde da
mente. Para Piaget esse desenvolvimento cognitivo se dá em contato com o meio, onde
ocorre a assimilação, a acomodação e a equilibração. Partindo desse pressuposto
entendemos que quanto mais o cérebro do idoso for estimulado ele terá uma maior
oportunidade de sua inteligência se desenvolver. (OLIVEIRA, SILVA, CONFORT, 2017).
Para Papalia e Feldman (2013) O treinamento cognitivo torna o idoso capaz até
mesmo de superar competências anteriores, assim a deterioração cognitiva pode ser
relacionada, não a fatores biológicos e ao envelhecimento, mas ao desuso.

Inteligência do idoso

No que diz respeito ao uso da inteligência na resolução de problemas e na tomada


de decisões práticas no dia a dia os estudos mostram que não há relação entre
envelhecimentos e deficit intelectual, em alguns casos, os idosos têm melhor uso de sua
inteligência do que pessoas com menos idade, principalmente no que diz respeito a
situações que lhes são familiares e nas quais são exigidos à resolução. (PAPALIA,
FELDMAN, 2013)

Efeito de atividades físicas em idosos

A prática e exercícios aeróbicos de intensidade moderada ajuda na preservação de


aspectos cognitivos durante o envelhecimento; pesquisas mostram um resultado eficaz na
relação entre treinamentos aeróbicos e a redução e o equilíbrio da perda de tecidos neurais
bem como na preservação desses tecidos. (SILVA, RIBEIRO, NUNES, CAVALCANTE,
SIZA, CALOMENI, 2012). O aumento do metabolismo neural e um melhor
funcionamento neural são consequências da prática de exercícios físicos, inclusive
amenizando alguns danos suscetíveis ao envelhecimento (CARDOSO, JAPIASSÚ,
CARDOSO, 2007).
Plasticidade cerebral

A busca por um envelhecimento saudável tem por objetivo proporcionar ao idoso o


máximo de independência cognitiva e física possível e uma vida social ativa, nesse
contexto entender as formas de prevenção e cuidados são extremamente necessárias; o
envelhecimento é inevitável, mas podemos amenizar esse processo e por meio da
plasticidade neural o cérebro encontra meios para isso, para essa atividade o sistema
nervoso se adapta em suas funções e estruturas (CARDOSO, JAPIASSÚ, CARDOSO,
2008).

Conclusão
No presente artigo fica exposto algumas condições para a preservação cognitiva
durante o processo de envelhecimento e de que forma é possível a redução de danos
causados por esse processo inevitável a todo ser humano; a promoção da saúde do idoso é
de grande importância, e tendo em vista o aumento na perspectiva de vida no Brasil a
conscientização da população se faz necessária para que haja um melhor engajamento
social do idoso e um envelhecimento sem grandes danos a sua saúde. A ciência tem
avançado muito nos estudos sobre o envelhecimento e já é possível afirmar que alguns
danos leves no cérebro, causados pelo envelhecimento, são compensados pelo fator da
plasticidade cerebral e da readaptação do funcionamento neural. A revisão de literatura
feita para o presente trabalho mostra também a importância da estimulação física e
psíquica do idoso e como eles conseguem manter diversas funções cognitivas e a sua
inteligência.
Referencias:

CARDOSO, A. S.; CARDOSO, L. S.; JAPIASSÚ, A. T. O processo de envelhecimento do


sistema nervoso e possíveis influências da atividade física. Disponível em: <
http://177.101.17.124/index.php/biologica/article/view/457/458> Acesso em: 27/092018.

IBGE. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-


agencia-de-noticias/noticias/18469-expectativa-de-vida-do-brasileiro-sobe-para-75-8-
anos> Acesso em: 06/09/2018.

PAPALIA. D. E.; FELDMAN. R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2013.

OLIVEIRA, A. S.; SILVA, V. C. L.; CONFORT, M. F. Benefício da estimulação cognitiva


aplicada ao envelhecimento. Disponível em:
<http://revista.ugb.edu.br/index.php/simposio/article/view/706> Acesso em: 13/09/2018.

RABELO. D. F.; Declínio cognitivo leve em idosos: fatores associados, avaliação e


intervenção. Disponível em: <file:///C:/Users/marco/Desktop/Artigo%20PPB
%20II/DeclinioCognitivoLeveEmIdosos.pdf> Acesso em: 08/09/2018.

SILVA, V. F.; RIBEIRO, L. H. B.; NUNES, R. A. M.; CAVALCANTE, J.; SIZA, M. A. F.;
CALOMENI, M. R.; Exercício físico e plasticidade neurogênica: Benefícios relacionados
às funções mentais do idoso. Disponível
em:<http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/biologicas_e_saude/article/view
File/206/123> Acesso em: 24/09/2018.

You might also like