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Direito Penal 3

(Parte Específica)

Obs: Neste disciplina será trabalhada bastante a jurisprudência do STF (Supremo


Tribunal Federal) e do STJ (Supremo Tribunal de Justiça)

Pesquisar no site DIZER DIREITO, onde um juiz sistematiza todas as súmulas e


decisões desses tribunais.

Crimes contra a pessoa


1) Crimes contra vida:
Espécies de crimes contra a vida:
a) Homicídio
b) Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio
c) Infanticídio
d) Aborto

Características comuns (semelhantes) entre os crimes contra a vida


1) É processado a partir de Ação Pública incondicionada: não depende da
provocação das partes. O Ministério Público age independentemente
2) Competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.
Os crimes culposos (por negligência, imperícia e imprudência) não cabem ao
Tribunal de Júri.

Aspectos sociais e atuais acerca dos crimes de homicídio:


- A grande maioria é de jovens entre 15 e 29 anos de idade, negros e moradores da
periferia.

Aspectos conceituais:
O homicídio consiste na eliminação da vida humana extrauterina (fora do útero
materno).
Exemplos:
- Hipótese 1:
O feto morre na barriga.
Alberto comete o crime de aborto, pois a vida é intrauterina (dentro do útero).
- Hipótese 2:
O feto morre 2 dias após a ação de Alberto, mas em decorrência dela.
Mesmo assim, Alberto comete o crime de aborto, haja vista que o que prevalece é
MOMENTO da CONDUTA (AÇÃO ou OMISSÃO), e não do resultado.

- Hipótese 3:
O feto não morre, mas é expulso da barriga(útero) de Bianca. Alberto então atira no
bebê.
Alberto comete o crime de homicídio.
Meios de execução do homicídio
- Homicídio Direto:
O agente mesmo executa o homicídio.
- Homicídio indireto:
O agente utiliza alguém (um inimputável: um menor ou um esquizofrênico) ou alguma
coisa (um animal feroz, por exemplo) para fazer a execução do homicídio.

Formas de execução do homicídio


1) Homicídio Material:
A integridade física do agente é atingida.
2) Homicídio Moral:
Atinge o aspecto psicológico.
Ex: induzir uma criança de 5 anos de idade a se matar porque ela acredita que vai para o
céu. Induzir um esquizofrênico que está ouvindo “vozes” que ele tem que se matar.
Em ambos os casos, não se trata de indução ao suicídio, mas sim de um homicídio
moral ou psicológico.

Transmissão do Vírus da AIDS


Segundo o Ministério Público, a transmissão do HIV é uma forma de tentativa de
homicídio.
Segundo STF, a transmissão do HIV corresponde a um Perigo de Contágio de Moléstia
Grave.
Artigo 131 do Código Penal: Praticar, com o fim de transmitir a outra pessoa uma
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio.

O caso dos irmãos siameses (gêmeos xifópagos)


- ambos queriam matar.
Ex: Daniel e Luciano (irmãos siameses) queriam matar Fábio.
Autor + autor ou autor + partícipe
- um queria matar mas o outro não.
Se não há possibilidade de separação entre os corpos, então os dois serão
absolvidos(inocentados).
- caso de autoria colateral incerta dos irmãos xifópagos.
Ex: As irmãs xifópagas Maria e Joana atiram em Júlia, porém não se identifica qual dos
dois projéteis causou a morte de Julia. Portanto, Maria e Joana respondem apenas por
tentativa de homicídio.
- caso de crime impossível dos irmãos xifópagos.
Ex: Maria e Joana envenenam Julia. 1ml é o necessário para o envenenamento. Maria
coloca 0,5 ml e Joana também coloca 0,5 ml. Maria e Joana respondem por crime
impossível. O crime impossível se caracteriza pela ineficácia absoluta do meio e pela
impropriedade absoluta do objeto.

Meios de execução
- Crime livre
- Meios relativamente eficazes gera tentativa
Sujeito passivo
Crime incomum  qualquer pessoa
- o agente quer matar os dois irmãos xifópagos a partir de uma única ação. Trata-se de
um concurso formal imperfeito ou impróprio.
- o agente queria a morte de um dos gêmeos xifópagos. Trata-se de um concurso formal
impróprio -> dolo das consequências necessárias. Dolo de 1º grau para o gêmeo que o
agente queria matar e dolo de 2º grau para o gêmeo que o agente não queria matar.

Vítimas que representam o Estado Democrático de Direito


1. Presidente da República
2. Câmara dos Deputados
3. Presidente do Senado
4. Presidente do STF (Supremo Tribunal Federal)

Se o assassinato é ocasionado por uma motivação política, então o crime não é contra a
Lei de Segurança Nacional.
O agente não responde conforme o artigo 121 do Código Penal, mas de acordo com o
artigo 29 da Lei 7.170 de 1980 (Lei da Segurança Nacional).
A competência para este crime não será do Tribunal do Júri, mas sim da Justiça Federal.

A consumação do homicídio é um crime material que exige o resultado naturalístico.


Obs.: A morte para o Direito é igual à morte encefálica.

Homicídio Privilegiado
Artigo 121, § 1º

Causa de diminuição da Pena

a) Motivo de relevante valor social:


Interesse de uma coletividade.
Ex: um justiceiro que mata os bandidos de certa comunidade.

b) Motivo de relevante valor moral:


Um motivo nobre que não gera uma grande reprovação da sociedade.
Ex: Vingar-se matando o estuprador de sua filha. Provocar a eutanásia em alguém que
ficou tetraplégico e está sofrendo, pedindo para morrer.

Eutanásia = homicídio piedoso. No Brasil é crime.

Ortotanásia = suspensão de remédios. Ex: interromper a quimioterapia por não ter cura
o câncer. A ortotanásia não é crime no Brasil.

Distanásia = suspensão dos aparelhos. A pessoa fica inexoravelmente dependente dos


aparelhos e não tem outro jeito de viver sem eles.

c) Injusta provocação da vítima


d) Reação imediata
Homicídio Qualificado Artigo 121 § 2º

Qualificadoras por Motivação (o PORQUÊ do homicídio)


1 – Mediante paga recompensa ou por outro motivo torpe
- Homicídio mercenário.
Ex: Matador de aluguel.
- O pagamento pode ser antes ou depois do crime.
- Não precisa que ocorra efetivamente para incidir a qualificadora.
- O pagamento pode ver vem dinheiro ou qualquer outro benefício.
Ex: Sexo, uma viagem, um emprego
- Qualificadora de caráter subjetivo -> se aplica apenas ao executor (o sujeito).
- Torpeza -> motivo vil (canalha, reles), objetivo, moralmente reprovável.
- Nem todo crime é por motivo torpe(canalha, reles)

II – por motivo fútil(banal, insignificante)


- motivo insignificante desproporcional.
- ausência de motivo não pode ser considerado fútil.
- qualificadora subjetiva.
Ex: Matar por uma discussão por causa de time de futebol.

MEIOS de execução do homicídio


III – Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso(desleal) ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
- insidioso -> meio fraudulento. Ex: sabotar os freios de um carro ou o motor de um
avião.
- cruel -> que vem sofrimento desnecessário
- Perigo comum -> que gera risco a vem número indeterminado de pessoa.

Tortura qualificadora pela morte é diferente do homicídio qualificado pela tortura.


Ex: Tortura qualificadora de homicídio  Diversos presos políticos durante a
Ditadura Militar foram mortos devido às lesões gravíssimas provocadas pela tortura.

- Qualificadora objetiva

Os MODOS(MANEIRAS) para se executar o homicídio


IV – à traição, de emboscada(cilada), ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossível a defesa do(a) ofendido(a).

- aqui não são meios de execução como no inciso III, mas sim um modo de
execução.
- ser a vítima deficiente ou idosa, não é motivo por si somente para incidir
qualificadora.

V – Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro


crime.
- São dois tipos de conexão:

a) Conexão teleológica: o homicídio é usado como um meio para se conseguir


executar outro crime.
Ex: Um assaltante mata o porteiro de um prédio para furtar um apartamento.

b) Conexão consequencial -> ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.


O homicídio ocorre depois do outro crime (o tempo em que ocorreu é
irrelevante).
Ex: Queima de arquivo: Paulo César Farias foi assassinado para ocultar os crimes de
corrupção.
Homicídio ocasional é diferente de homicídio teleológico.
Ex: O homicídio ocorre quando alguém comete um homicídio que não tem nada a ver
com o outro crime. Ex: Adriana vai furtar uma joia de um banco e, no caminho, se
deparar com a amante de seu ex-marido, fica com raiva, dá um tiro e a mata.

O Latrocínio é diferente do homicídio por conexão


No latrocínio o agente não tem a intenção premeditada de matar, mas acaba matando
para assegurar o roubo.
No homicídio por conexão, o assassino mata de forma premeditada para cometer outro
crime (por exemplo, o roubo).

- em qualquer das uma das conexões, os crimes não precisam ser cometidos pelos
mesmos agentes.

VI – Feminicídio
- Contra a mulher ou proveniente das relações domésticas
- Em decorrência do sexo feminino
- aplicabilidade aos trans e travestis
- Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo (que comete o crime de homicídio: o homem
ou a mulher).
Para diagnosticar se o crime foi cometido por feminicídio basta imaginar se no lugar da
vítima fosse um homem. Se o crime ocorreria do mesmo jeito, então não é um
feminicídio. Se não ocorreria, então é um feminicídio.

Obs: o parricídio, o matricídio e o fratricídio não são qualificadoras.

VII – Vítimas que trabalham para Segurança Pública assim como seus/suas filho(a)s e
cônjuges.

- Um homicídio pode se duplamente qualificado? Resposta: Teoricamente não.

Quando tem mais de uma qualificadora:

Supremo Tribunal Federal


Circunstâncias judiciais desfavoráveis (aumento da pena-base)
Ministério Público
Devem configurar como agravantes

- Homicídio híbrido = homicídio privilegiado + homicídio qualificado (com as


qualificadoras)
Ex: Joelma descobre que sua filha foi estuprada e toca fogo para matar o estuprador.
Segundo o Supremo Tribunal Federal + a doutrina majoritária, o homicídio híbrido não
é um crime hediondo. Mas para o Ministério Público é.

- Grau de parentesco entre o homicida e a vítima não qualifica o crime.

As causas de aumento de pena para o homicídio doloso

§ 4º -> + 1/3 se a vítima é menor de 14 anos e maior de 60 anos.

§ 6º -> + 1/3 até 1/2 se é praticado por milícia, grupo de extermínio ou sob o pretexto
de segurança.

§ 7º -> + 1/3 até 1/2 nos casos de feminicídio em que:

- a mulher estava gravida ou 3 meses após o parto;


- vítima menor de 14 anos e maior de 60 anos.
- Na presença de descendente ou ascendente da vítima.

Homicídio Culposo
É todo homicídio cujo resultado de uma imperícia, imprudência ou negligência é a
morte.
Em todos os casos, o resultado morte é possível, porém jamais aceito ou desejado.

Lembrando os institutos da culpa:

1) Imprudência -> Conduta positiva


É o agir sem a cautela devida. A precipitação, a afoiteza, fazendo o agente agir sem os
cuidados que a situação requer.
2) Negligência -> Conduta negativa
É a ausência de precaução. É deixar de fazer aquilo que a diligência norma exige.
3) Imperícia
É a falta de aptidão técnica. O agente não tem o conhecimento técnico necessário para
desenvolver determinada atividade.

Características fundamentais dos delitos culposos

1) O resultado deve ser previsível. Se o resultado não for previsível, então trata-se
de um caso fortuito ou força maior.
2) A competência para julgar é de juiz singular.
Homicídio Culposo no Trânsito
Hipótese 1:
O agente em conformidade com as leis de trânsito bate em alguém e mata.
- Princípio da confiança.
- Situação atípica.

Hipótese 2:
O agente em desconformidade com as normas de trânsito, bate em alguém e mata.

Art. 302 do Código Brasileiro de Trânsito: Praticar homicídio culposo na direção de


veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Hipótese 3: O agente estava embriagado bate em alguém e mata.


- Dolo Eventual:
Artigo 121 do Código Penal

- Culpa Consciente:
Artigo 302, § 3º do Código Brasileiro de Trânsito
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de
qualquer outra substância psicoativa (maconha, Rivotril, cocaína) que determine
dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei
nº 13.546, de 2017) (Vigência)

Obs.: Se o homicídio no trânsito é doloso, então será julgado pelo artigo 121 do Código
Penal.

Hipóteses de aumento de pena no homicídio culposo


- Chamado de homicídio culposo circunstanciado
- Possibilidades artigo 121, § 4º.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
- Aumento de 1/3 da pena.

a) Se o homicídio for em decorrência da inobservância a técnica da profissão, arte


ou ofício.
b) Se o agente deixa de prestação imediato socorro à vítima ou não procura
diminuir as consequências dos seus atos.
c) O agente foge para evitar flagrante.
Obs1: inobservância da regra técnica é diferente de imperícia.
Obs2: Quando não se aplica a hipótese de aumento de pena no caso da não prestação de
socorro à vítima.
- Morte instantânea da vítima.
- Quando o agente não tem condições de prestar socorro.
Ex: Corre o risco de ser linchado pela população local.
- Quando presente 3º mais habilitado.
Ex: Se tiver um médico ou enfermeiro por perto.

Perdão Judicial
- Causa de extinção da punibilidade.
- Princípio da bagatela impróprio.
Ex: O caso de Cristiane Torloni que passou por cima do próprio filho ao dar a ré.
- Nos casos de homicídio culposo no trânsito, os tribunais vêm exigindo para a
concessão do perdão judicial um vínculo afetivo entre o agente e a vítima.
Ex: Tem que ser alguém da família ou um amigo muito querido que a pessoa ame.

Induzimento e instigação do suicídio


(Artigo 122 do Código Penal)
Artigo 122 do Código Penal:
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
Pena: Reclusão, de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 a 3 anos, se
da tentativa de suicídio resulta em lesão corporal de natureza grave.

O suicídio é a retirada voluntária da própria vida.


É um crime incomum qualquer um pode ser sujeito passivo ou ativo.
Obs.: Quando o sujeito for menor de 14 anos ou incapaz, o crime é de homicídio.

Formas de atuação do agente no suicídio


a) Moral:
- Induzir: fazer gerar na vítima a vontade de morrer.
- Instigar: reforço à ideia que a vítima já tem para se matar.

b) Material:
- Auxílio: o agente forneceu os meios de execução para o suicídio, mas nunca executa.
Obs.: Se executa é homicídio. Se houver um suicídio mal sucedido, ou seja, a vítima
não move, o agente só responde. Caso aquela tenha sofrido lesão grave ou gravíssimo.

Para o agente responder pelo artigo 122 do Código Penal é preciso que as ações sejam
feitas para os agentes determinados.
Causas de aumento da pena:
I – Se o crime é praticado por motivo egoístico.
II – Se a vítima é maior de 14 anos e menor de 18 anos ou tem a capacidade de
resistência reduzida.
Infanticídio
Artigo 123 do Código Penal:
Apresenta elementares ao crime no Artigo 121: trata-se de um homicídio especializado.
- Sujeito ativo:
Mãe em estado puerperal
- Sujeito passivo:
Recém-nascido (filho)

- estado puerperal: estado físico psíquico que envolve a partariente durante a expulsão
da criança do ventre materno deixando a mãe sem condição plena de entender o que está
fazendo.

Hipótese em erro sobre a pessoa:

Para configurar o infanticídio:


1) Mãe em estado puerperal.
2) Mata o filho logo após o parto.

Aborto provocado pela gestante ou com o consentimento


Artigo 124 do Código Penal:
Provocar o aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque.
Pena – detenção, de 1 até 3 anos.

Aborto provocado por terceiros


Artigo 125:
Provocar o aborto sem o consentimento da gestante.
Pena – reclusão, de 3 a 10 anos.

Artigo 126:
Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Pena – reclusão, de 1 a 4 anos.
Parágrafo único:
Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 anos, ou é alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.

Forma qualificada
Artigo 127:
As penas cominadas(prescritas) nos artigos anteriores são aumentadas de 1/3, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre a
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer uma dessas causas,
lhe sobrevém(vem depois) a morte.
O aborto é a intervenção da gravidez da qual resulta a morte do produto da concepção.
Nidação
Nidação é a implantação do blastocisto no endométrio (parede interna do útero), que
ocorre cerca de 7 dias após a fecundação.
A palavra nidação tem origem no latim nidus, que significa "ninho”.
Para que ocorra o processo de nidação, é necessário que a mucosa uterina seja
previamente preparada pelos hormônios ovarianos e que o ovo (óvulo fecundado pelo
espermatozoide) tenha alcançado o estado de desenvolvimento ideal para sua
implantação no endométrio.

Pílula do dia seguinte: é uma conduta atípica

Espécies de aborto
Obs: a vida uterina tem início a partir da nidação.

a) Aborto natural
b) Aborto acidental ou culposo
Obs: Não existe aborto culposo para efeitos penais.
c) Aborto criminoso:
Artigo 124 até o 126
d) Aborto Legal
Artigo 128:
Não se pode o aborto praticado por médico:

Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante.

Aborto no caso de gravidez resultante do estupro


II – se a gravidez resulta do estupro e o aborto e precedido(antecedido) de um
consentimento da gestante ou, quando o agente é incapaz, de seu representante legal.

e) Aborto eugenésico ou eugênico:


Feito para evitar o nascimento de uma criança em decorrência de uma doença grave
(enfermidade ou deformidade genética). (É crime)

f) Aborto econômico ou miserável:


Em decorrência da condição de miseriabilidade da família. (É crime)

Obs: a interrupção da gestação até o primeiro trimestre da gestação é diferente do


aborto.

- Meios de execução do aborto:


Forma ou ação livre.
- Elemento subjetivo:
Dolo direto ou dolo eventual
- Consumação do aborto:
Com o resultado “morte”, pode acontecer dentro ou fora do útero.
- Aborto praticado pela gestante é um crime de mão própria, no entanto, admite a
participação.
- consentir que alguém pratique o aborto em si também é crime de mão própria.

O consentimento deve ser válido:


a) A mãe deve ser maior de 14 anos;
b) O consentimento deve ser livre (sem coação);
c) Capacidade mental da gestante;
- Se a gravidez for múltipla haverá o concurso formal impróprio.
- o consentimento da gestante, quando houver, deve permanecer até o final da ação.
- Caso das clínicas abortos.
Funcionários
Do artigo 125 até o 126
Artigo 288 do Código Penal
Quadrilha ou bando
Associam-se mais de 3 pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes.
Pena – reclusão, de 1 até 3 anos.

Artigo 127: Forma qualificada

Crime Preterdoloso:
Aborto (dolo) + Lesão corporal ou morte (culpa)

É diferente de o agente que mata mulher que sabia estar grávida.


Homicídio + aborto

Ou

Feminicídio majorado + aborto

Obs: Se o agente faz o aborto, a mulher morre, mas o feto sobrevive?


Súmula 610 do STF (Supremo Tribunal Federal)

Aborto legal ou permitido.


Artigo 128:
Causa especial de exclusão de ilicitude

I – aborto necessário: risco devida da mãe.

Perigo à vida da gestante + Não ter outro meio possível

Obs: Não precisa de autorização judicial somente a gestante.

II – Não precisa de ação penal em curso.


Basta o boletim de ocorrência.
III – Aborto eugênico: anencéfalo (sem massa encefálica)
Segundo o STF, não há crime.

Lesão corporal (artigo 129 do Código Penal)


Artigo 129: Ofender a integridade corporal ou a saúde (física ou mental) de outra
pessoa.
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano.
A lesão corporal depende da produção de algum dano no corpo da vítima, o qual pode
ser interno (ex: hemorragia) ou externo (ex: hematoma), mas que gere alguma alteração
prejudicial à saúde da vítima, seja física ou psíquica.

Exemplos de alterações físicas


Equimoses -> roxidão
Hematoma -> roxidão com inchaço

Obs: O eritema (vermelhidão) não configura o delito.

Algumas alterações psíquicas podem gerar, de forma psicossomática, uma disfunção


(mau funcionamento) em alguns órgãos. Ex: Vômitos, paralisia facial, taquicardia,
sudorese, gastrite, disfunção erétil, taquicardia, frigidez, etc.

- objeto jurídico: a integridade da saúde física e/ou mental.


- objeto material: a pessoa
- núcleo do tipo: ofender (conduta positiva).
Obs: Só vai ser possível na modalidade omissiva, nos casos do Artigo 13, 2º, o u no
dever legal de agir e não age. (Crimes omissivos impróprios). O garantidor não cumpre
a sua missão: bombeiros, policiais, soldados, babás, seguranças do trabalhos.
Ex: Marciano, na sua função de policial militar, vê Vanessa levar umas porradas de um
cara e não faz nada.

A lesão corporal pode ser executada de forma livre, ou seja, admite qualquer meio de
execução.
Obs: Se o agente ativo for uma autoridade pública, então responderá por abuso de
autoridade.
Artigo 3º, i, da Lei 4898

- Elemento subjetivo(psicológico) da lesão corporal: como regra geral, a lesão corporal


pode ser cometida através de um dolo direto (de 1º ou 2º grau) ou de um dolo eventual.
Todavia, a lesão corporal também pode acontecer na modalidade culposa.
- Consumação: crime material (machuca o corpo) ou causal de dano (machuca a mente).
- É admissível a tentativa de lesão corporal.
Obs: Não confunda a tentativa de lesão com as vias de fato.
Nas vias de fato, existe sim o emprego da violência, porém não houve a intenção
(propósito) premeditado de um dano à integridade física da outra pessoa.
- Lesão corporal com o consentimento do ofendido (desde que ele seja capaz -> maior
de 18 anos de idade e não ser doente mental) não é crime.
Ex: Tatuagem, piercing, sadomasoquismo

Obs: Este consentimento é uma causa supra-legal (além da lei) de excludadente de


ilicitude. Para isto é preciso os seguintes requisitos:
a) O consentimento expresso(claro) e de livre-arbítrio do ofendido;
b) A permissão para o trauma deve acontecer sempre antes da consumação da
lesão.
c) O ofendido (agente passivo) deve ser maior de 18 anos de idade e não ter
nenhum tipo de doença mental.

- Princípio da insignificância ou da criminalidade de bagatela.

Autolesão
A Autolesão (lesão a si mesmo) não é crime, exceto se a autolesão é usada para cometer
uma fraude. Ex: alguém se lesiona para ganhar um atestado médico ou para ser
indenizado.

Lesão em atividades esportivas


Trata-se de um exercício regular de um direito. Não podem ser tratadas como crime.
Ex: Um carrinho no jogo de futebol, uma luta de MMA.

Remoção para transplantes


A remoção de órgãos ou tecidos para os fins de transplantes deve ser sempre gratuita. Se
for onerosa, é crime.

1) Lesão corporal leve:


- Compreende-se por exclusão como uma lesão corporal leve aquela lesão que não
caracteriza como uma lesão grave ou gravíssima.
- É de ação pública condicionada à representação da parte ofendida.
- Prova de materialidade.
Obs: testemunhas oculares

- Princípio da consunção (absorção do crime meio pelo crime fim).


Ex: Marcos quer roubar Carlos e dá um soco nele. O crime de roubo absorve o crime de
lesão corporal leve, para evitar o no bis in idem (a pessoa não ser punida de forma
repetida pelo mesmo fato).

2) Lesão corporal grave:


Artigo 129, § 4º.
Se o agente comete o crime impelido(impulsionado) por um motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, então o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
a) Incapacidade de realizar atividades habituais por mais de 30 dias.
Atividades habituais: comer, mijar, cagar, tomar banho, escovar os dentes.
O primeiro laudo deve ser feito do prazo da lapada até o 30º dia. Conta-se a partir do dia
da lapada e se exclui o último dia. Depois deverá ser feito um segundo laudo medico
para comprovar que a lesão corporal grave afetou as suas atividades habituais por mais
de 30 dias.
A atividade habitual não significa uma atividade laboral.
A atividade deve ser lícita (não é proibida por lei).
A incapacitação deve ser de caráter objetivo e não de caráter subjetivo. (Ex: vergonha
da vítima não conta).
O prazo de 30 dias é de natureza penal e a perícia deve ser feito logo após os 30 dias.

b) Perigo de vida:
- Critério objetivo: perigo comprovado.
- O perigo deve ser constatado por um diagnóstico e não um prognóstico.
Diagnóstico: demonstração a partir de um exame e de um laudo médico do estado de
saúde do paciente naquele devido momento.
Prognóstico: perspectiva que a medicina faz acerca do estado de saúde de uma pessoa
no futuro. Ou seja, o prognóstico é feito em incertezas e probabilidades -> ninguém tem
bola de cristal. Noutras palavras: o médico não é Deus.

c) Debilidade permanente (crônica, duradoura) de um membro ou de uma


função.
- Diminuição ou enfraquecimento da atividade funcional.
Ex: diminuição da audição, da visão, dormência na perna etc.
- A perda dos dentes tem natureza grave e não gravíssima.
Por que? Porque pode mastigar banguelo feito Costinha.
(jurisprudência do STF)

d) Aceleração(adiantamento provocado pela lesão) do parto:


- A criança tem que nascer com vida. Se morrer antes de nascer, então é um natimorto.
E se porrada matou a criança no bucho da mãe, não é lesão corporal grave, mas sim
aborto.
- Polêmica: e se a criança nasceu com vida, mas depois morreu?
O entendimento majoritário do STF entende que é uma lesão gravíssima.

3) Lesão corporal gravíssima:


Artigo 129, § 2º:
a) Incapacidade permanente (crônica, duradoura) para o trabalho.
- Não precisa ser “para sempre” (eterno), mas sim basta ser uma lesão longa e
duradoura.
Ex: alguém que fica perneta ou maneta. Fica sem poder enxergar direito.

b) Enfermidade incurável
c) Inutilização ou perda de um membro ou do sentido.
Obs: Nos casos de cirurgias para transexuais (cortar a piroca do traveco pra ele virar
“mulher”) e esterilização (fazer laqueadura e vasectomia), desde que exista o
consentimento prévio e categórico dos lesionados, não é crime.
d) Deformidade permanente:
- Ligado às questões estéticas
- Se puder ser corrigida por cirurgia estética, então a qualificadora deve incidir?
Não, pois a deformidade deixou de existir.
Sim, pois o que prevalece é a Teoria da atividade (do momento da ação do crime). Esta
é a que está de acordo com a jurisprudência do STF.
Ex: Se Joaquim corta o rosto de Margarida, causando-lhe uma horrorosa cicatriz, ainda
que o Cirurgião Plástico remova a cicatriz dela, o que importa é que o crime deve ser
tipificado de acordo com o momento do corte, independentemente de ela ter ficado boa
ou não.

4) Lesão corporal dolosa privilegiada da causa de diminuição de pena:


Artigo 129, § 4º:
Se o agente comete o crime impelido(impulsionado) por motivo de relevante valor
social ou moral o sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta
provocação da vítima, então o juiz pode reduzir(diminuir) a pena de 1/6 a 1/3.
- hipóteses:
a) Motivação de relevante valor moral e/ou social;
b) Domínio de violenta emoção:
- Desde que seja logo em seguida;
- Injusta agressão da vítima.
Estas causas de diminuição cabe para qualquer modalidade de lesão, desde que seja
dolosa. Não cabe às lesões culposas.

5) Substituição da pena Lesão corporal dolosa privilegiada -> § 5º


- Aplicável às lesões de natureza leve;
Artigo 129, § 5º:
O juiz, não sendo graves as lesões, então podem substituir a pena de detenção pela pena
de multa:
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II – se as lesões são recíprocas.

6) Causas de aumento de pena § 7º:


- Hipótese aplicada às lesões dolosas;
Causas:
- Vítimas menor de 14 anos e maior de 60;
- Praticada por milícia privada, sob o pretexto de segurança ou grupo de extermínio.
Obs: Lesão corporal não é um crime hediondo em nenhuma hipótese.

7) Lesão corporal culposa § 6º:


- É um tipo penal aberto que se orienta pelo caput do que o artigo 129 do Código Penal;
- Não existe distinção da gravidade de ferimentos na lesão culposa – só acontece na
forma leve?
Questão OAB:
João, que possui autorização para porte de arma estava limpando-a de forma negligente,
pois não retirou a munição para tal. De forma inesperada a arma dispara e atinge
Alisson que morre instantaneamente e Emily que devido aos ferimentos precisou
amputar a pena.
Diante do caso narrado qual a responsabilidade penal de João.
a) Homicídio doloso e lesão gravíssima dolosa;
b) Homicídio e lesão corporal gravíssima, ambos na modalidade culposa;
c) Só pelo homicídio culposo;
d) Homicídio e lesão corporal leve ambos na modalidade culposa;
- Lesão corporal culposa em decorrência da direção de veículo automotor;

Artigo 303, lei 9.503 de 1997


Princípio da especialidade
- aumento da pena na lesão corporal culposa
§ 7º = homicídio culposo
§ 8º = Prevê o perdão judicial das lesões desta modalidade

8) Lesão corporal e violência doméstica § 9º:


- É aplicado as lesões corporais leves (uma qualificadora do artigo 129).
A pena passa para 3 meses a 3 anos:
- Se for grave ou gravíssima a previsão é de um aumento de pena de 1/3 nas penas já
previstas no código.
Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.

A Lei Maria da Penha, embora tenha sido feita exclusivamente para as mulheres, em
alguns casos, de acordo com a jurisprudência, pode ser estendida aos homens.
A violência econômica (ex: deixar a mulher sem dinheiro) também pode ser encaixada
na Lei Maria da Penha.

9) Lesão corporal e a lei de crimes hediondos.


Importante: Quando a lesão corporal for de natureza gravíssima ou seguida de morte e a
vítima for uma autoridade ou agentes previstos nos artigos 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública no
exercício de sua função ou contra o seu cônjuge, com companheiro ou parte
consanguíneos até o 3º, será um crime hediondo.

Crime contra os honras


- A honra é um direito fundamental é um direito fundamental previsto no artigo 5º
inciso X da Constituição Federal;
- A honra pode ser considerada de 2 tipos:

1) Honra objetiva
É a reputação do indivíduo no meio social em que ele está inserido.
O que as pessoas pensam sobre você.
Os crimes que ferem a honra objetiva se consumam quando alcança uma terceira
pessoa.
1) Honra subjetiva:
- A forma que o indivíduo se vê  auto-estima;
- A injúria viola a honra subjetiva.

 Calúnia:
Atribuir a alguém um fato criminoso sabendo este ser falso.
Ex: Adriana espalha pela Estácio que Charles está aplicando bomba (anabolizante) nos
alunos.
- Objetividade jurídica (honra objetiva);
- Núcleo do tipo: caluniar;
- A ofensa deve ser dirigida à pessoa determinada(específica) e o fato deve ser
verossímil(que parece ser muito verdadeiro e evidente, mas não é).
- A imputação falsa de contravenção penal não configura uma calúnia.
Subtipo da calúnia, artigo 138, § 4º.
Quem repassa a informação sabendo que ela falsa.
- Elemento subjetivo: dolo;
- É possível calúnia sobre os mortos por expressa(escrita, clara) previsão legal.

Requisitos imprescindíveis para configurar o crime de calúnia:


- descrever ou narrar mentirosamente um fato criminoso a um terceiro. Observe que tem
que ser CRIME, e não contravenção. Ex: Mentir dizendo que alguém está passando o
jogo do bicho não é calúnia. Jogo do bicho = contravenção.
- tem que ser uma verossimilhança (algo que possa parecer realidade) e não uma
aberração.
Ex: Ninguém pode dizer que Pedro roubou uma Mula-Sem-Cabeça da Fazenda de Erick
em Aldeia.
- tem que ser dolosa (sebosa, maldosa).
Ex: Se Maria diz a Letícia que só havia Gabriela na sala quando sua bolsa sumiu, então
não é uma afirmação, mas sim uma desconfiança.

Calúnia é diferentemente de Denunciação Caluniosa. A calúnia consiste num crime


contra a honra individual. Já a denunciação caluniosa se baseia num crime contra a
Administração Pública.

A exceção da verdade é admitida, exceto(salvo) se:


- Se o crime imputado for de ação privada e o(a) ofendido não tiver sido condenado por
uma sentença irrecorrível (transitada e julgada).
- Presidente da República ou o chefe de Estado estrangeiro.
- Se o crime imputado for de Ação Pública e o(a) ofendido(a) tiver sido absolvido por
sentença irrecorrível (transitado e julgado).

 Difamação:
Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação(boa fama).
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
Ex: Marciano sai espalhando que Charles anda queimando a rosca. (Queimar a rosca
não é crime, mas Charles não sente bem em ser visto como gay).
Artigo 139 do Código Penal:
- imputa-se um fato ofensivo à reputação (boa fama) do(a) ofendido(a).
Exceção da verdade: admite-se se o(a) ofendido é um funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de sua função.
Se o crime imputado for de ação pública o(a) ofendido(a) tiver sido absolvido por um
sentença irrecorrível (transitado e julgado).
A difamação é um crime que ofende a honra objetiva.
A imputação não precisa ser falsa, mas o fato deve ser certo, determinado, ou seja, deve
conter as circunstâncias descritas.
Se a ofensa não chega ao conhecimento de terceiro, então não configura uma
difamação, mas sim uma injúria.
Obs.: Se a vítima repassa a informação.

 Injúria:
Artigo 140:
- Não há interpretação do fato. Basta que se atribua uma qualidade negativa à vítima. 
Adjetivação.
Ex: chamar alguém de safado, ladrão, puta.
Ocorre a injúria se atinge a honra subjetiva(pessoal, psicológica) do ofendido(a).
Injuriar significa ofender, insultar, menosprezar alguém de forma a diminuir aquilo que
a vítima pensa sobre si mesma.
Consumação da injúria: ocorre a partir do momento em que a vítima tem o
conhecimento da ofensa.
Lembre-se: Nunca se admite a exceção da verdade na injúria.

Hipóteses de perdão judicial na injúria


- Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou a injúria.
- nos casos de resposta imediata.
Obs: Como regra geral, no Brasil, o perdão judicial acontece nos crimes culposos. Aqui
é uma exceção à regra.
Atenção:
Vedação(Proibição) ao perdão judicial:
§ 3º Quando a injúria manifesta algum tipo de preconceito. Ex: injúria qualificada,
injúria racial.
Injúria racial é diferente de racismo.
As ofensas generalizadas em relação à raça ou agir segregando alguém em virtude da
raça.

Injúria racial Racismo


Afiançável Inafiançável
Ação Pública Condicionada Ação Pública incondicionada
Racismo Impróprio Racismo Próprio
Prescritível Imprescritível
O Bullying
Pode caracterizar o delito de injúria

Injúria real
Quando a injúria consiste em violência ou vias de fato:
- Injúria contra o funcionário público via de regra (regra geral) a injúria pode ser praticada
na presença ou ausência da vítima. Todavia, quando esta se retratar de funcionário
público, então este crime só se configura se tiver sido pactuado na AUSÊNCIA da vítima,
pois se for na presença, então o crime será de desacato.
Artigo 331 do Código Penal: Discriminação contra a pessoa com HIV:
- não se constituirá um crime de injúria nos casos em que as atribuições se referem ao
vírus do HIV da vítima.
Artigo 1º
Lei 12.984 de 2014
- Discriminação com a pessoa idosa.
Não constituirá crime de injúria aqueles casos em que as atribuições se referem a idade
dos idosos. Se as qualificações negativas se relacionam com a condição de ser idoso a
vítima, então o agente responderá de acordo com o Estatuto do Idoso, e não por injúria.

Injúria eleitoral
Ocorre quando há os elementos constitutivos do tipo penal:
a) Injuriar alguém ofendendo-lhe a dignidade ou decoro;
b) Na propaganda eleitoral ou com fins de propaganda. Apontamentos comuns de
crime contra a honra. Ex: Quando Collor chamou Miriam pra caluniar Lula.

Os sujeitos do crime contra a honra


Os crimes comuns de gerais podem ser praticados por qualquer pessoa.

1.1 Imunidades Parlamentares:


Imunidade material ou inviolabilidade
Abrange os deputados federais, os senadores e os deputados estaduais.
Obs: os vereadores
Ex: o caso da incitação ao estupro entre Bolsonaro e Maria do Rosário.
Esta imunidade protege o parlamentar em suas opiniões, palavras e votos, desde que
relacionados à sua função.

1.2 Imunidade dos Advogados:


Conforme o artigo 7º, § 2º do Estatuto dos advogados, estes possuem a imunidade em
relação à injúria, à difamação e ao desacato.

Atenção: o Supremo Tribunal Federal declarou incondicional em relação ao desacato.


Destaca-se que não houve previsão legal de imunidade aos advogados relacionada ao
crime de calúnia.
1.3 Pessoa Jurídica:
A pessoa jurídica só pode ser vítima de crime contra a honra na calúnia ou na difamação.
Nunca será na injúria, haja vista que Pessoa Jurídica não tem vida e, logo, não abala o
psicológico.

2. Competência para julgar os crimes contra a honra:


Como regra geral, os crimes contra a honra são da competência da justiça estadual.
Obs: Quando a vítima for um funcionário público, a competência é da Justiça Federal.
Súmula do 147 do Supremo Tribunal de Justiça

3. Causas de aumento de pena:


3.1 Contra o Presidente da República ou chefe de um Estado Estrangeiro.
3.2 Contra o funcionário público em razão de suas funções.
3.3 Na presença de várias pessoas ou qualquer meio que facilite a divulgação.
3.4 Contra a pessoa maior de 60 anos ou deficiente física.
Obs: Artigo 140, 3º.
Não se aplica este aumento.
3.5 Crime cometido mediante paga ou promessa de recompensa.

4 Causas excludente de ilicitude:


4.1 Ofensa proferida em juízo nas discussões entre as partes a respeito da causa.
4.2 Opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica.
4.3 Conceito desfavorável de funcionário público em apreciação à informação que
preste no cumprimento do dever de ofício.

Retratação:
Quando o querelado se retrata antes da sentença da calúnia ou difamação haverá a
extinção de punibilidade.
Obs1: Não é possível no crime de injúria.
Obs2: Só é possível nos crimes de calúnia e difamação da ação privada.
Obs3: A retratação é um ato unilateral.

5. Imunidade Judiciária:
A ofensa ao magistrado não integra esta excludente.
Obs: Para o Ministério Público essa excludente funciona quando ele for parte.

6. Pedido de explicação:
Quando uma pessoa se sente ofendida e cobra explicações em juízo, isto é, antes da ação
penal.
- Quem se recusa a dar as explicações de não as faz de forma satisfatória (juízo de valor
do magistrado) responderá a ação penal.

7. Ação Penal nos crimes contra a honra:


- Como regra geral, os crimes contra a honra se procedem mediante a queixa. (Ação Penal
Privada).
Exceção
a) Artigo 140 § 2º: quando da violência resulta lesão corporal.
b) Artigo 141: Mediante a requisição do Ministro da Justiça.
c) Mediante a representação do ofendido no caso do inciso II do artigo 141 e do § 3º
do artigo 140.

Crimes contra o patrimônio


O crime contra o patrimônio protege a propriedade e a posse legítima.
O patrimônio é um bem jurídico e disponível por esta razão o consentimento do(a)
ofendido(a) antes ou durante ofendido(a) antes ou durante a subtração do bem, excluiu o
crime.
O furto é um crime de ação pública incondicionada.

Fundamento artigo 5º da Constituição Federal


Furto

Artigo 155 do Código Penal

Furto

O objeto do furto é material

É coisa alheia móvel.

a) Coisa:

Cadáver: Artigo 211 do Código Penal

Destruição, Subtração ou Ocultação de Cadáver

Artigo 211: Destruir, subtrair ou ocupar cadáver ou parte dele:

Pena – reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.

Artigo 155 do Código Penal

Animais: não são vítimas de sequestro

Artigo 158 do Código Penal e Artigo 155 do Código Penal.

Art. 155 – Subtrair(remover), para si ou para outrem(outra pessoa), coisa


alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


§ 1º - A pena aumenta-se de um terço(1/3), se o crime é praticado durante o
repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, então o


juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
terços (2/3), ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que


tenha valor econômico.

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, a partir de violência ou grave ameaça, e com o


intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de


arma, então aumenta-se a pena de um terço(1/3) até metade(1/2).

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do


artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

§ 3o Se o crime é cometido através da restrição da liberdade da vítima, e essa


condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, então aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

O Furto é Alheio

É tudo aquilo que não é próprio.

Obs: a coisa perdida.

Artigo 169, Parágrafo único, II.

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota
a que tem direito o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,


deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de quinze dias (15 dias).

Uma coisa somente é considerada perdida quando ela se encontra em local proibido ou
uso público.

Se a coisa for deixada em local privada.

Quando alguma coisa é abandonada, não é crime de furto caso haja apropriação.

O objeto do furto tem que ser móvel

Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e transporte.

Obs: Energia elétrica

O furto de energia elétrica é um crime permanente.

Não confunda

O furto de energia elétrica:


O agente não é autorizado a consumir a coisa.
Equipara-se à coisa móvel a energia ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Estelionato para o consumo  Adulteração do medidor

A coisa do furto pode ter um valor material (um Iphone) ou um valor sentimental (um
jogo de futebol de botão)

Princípio da insignificância

Furto de pequeno valor (§ 2º)

- Criminoso primário

- Pequeno valor à coisa furtada substituir a pena de reclusão por detenção.

Se o criminoso é réu primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, então o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela pena de detenção, diminui-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar
somente a pena de multa.

Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração(remoção) da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo


automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído
pela Lei nº 9.426, de 1996)

Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a


quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente.

Furto Famélico(faminto)
É praticado por quem, em estado de extrema penúria(pobreza, miseriabilidade), é
impelido(impulsionado) pela fome, pela inadiável necessidade de se alimentar.
- é um crime;
- Tese de defesa: estado de necessidade.
Estado de necessidade é diferente de estado de precisão.
Estado de precisão
O simples estado de precisão, que assola grande parte da população brasileira, não se
confunde com o estado de necessidade, cuja configuração não prescinde(dispensa) da
demonstração de que realizada a ação típica como forma última de atendimento
de necessidade vital e premente(urgente).
Núcleo do tipo: subtrair(remover) e inverter a posse do bem.
O bem é retirado da vítima na sua presença ou ausência.
Existe uma diferença entre subtrair o bem e se apoderar deste:
a) O agente recebe a posse vigiada do bem;
b) O agente recebe a posse desvigiada do bem  crime de apropriação indébito.

Sujeitos do crime:
a) Sujeito ativo:
Qualquer pessoa.
b) Sujeito passivo:
O proprietário, possuidor legítimo.
Elemento subjetivo: o dolo.
Não basta subtrair: o bem deve se ter a intenção de ficar com ele para si ou para
outrem(outra pessoa).  animus do assenhoramento definitivo

Obs1: Furto de uso


Dois requisitos:
1) Requisito objetivo:
Restituição integral
2) Requisito subjetivo:
Restituir rapidamente a coisa
Ex: Rodrigo pega o CD de Roberto com as músicas de Lula, sem este saber, mas
devolve o CD após uma semana.

Obs2: O credor que subtrai o bem do devedor para ressarcir a dívida, não comete furto
 exercício arbitrário das próprias razões.
Ex: Girlene está devendo 100 reais a Carol e não paga. Carol então vai à Casa de
Girlene e subtrai o seu livro de Direito Penal.

Artigo 345 do Código Penal (Exercício arbitrário das próprias razões):


Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer uma pretensão, ainda que legítima,
exceto se a lei permitir essa atitude.

Consumação: no momento da inversão da posse, ainda que por tempo breve e seguida
de perseguição ao agente sendo prescindível(dispensável) a posse mansa e pacífica.
Info 572

É admissível a tentativa
Obs: o batedor de carteira que vai tirar o dinheiro do bolso de alguém.

Crime impossível Tentativa de furto

O crime impossível ocorre sob duas maneiras:


- Ineficácia do meio.
Ex: Uma mulher escuta as amigas dizerem que tomar coca-cola causa aborto. Ela toma
uma coca-cola litro, tem um aborto espontâneo que não tem nada a ver com a coca-cola.
- Impropriedade absoluta do objeto.
Ex: uma mulher que toma Citotec (abortivo) sem estar grávida.

No caso do crime impossível no furto


Ex: Samuel Preto entra na Kombi lotada e mete a mão no bolso de Assis que não tinha
um tostão furado.

No caso da tentativa de furto


Ex: Samuel Preto entra na Kombi e mete a mão no bolso direito de Paulinho. Não
consegue furtar porque a grana estava no bolso esquerdo.

A vigilância nos estabelecimentos não torna por si só o crime impossível.


Ex: as câmeras no Extra e Walmart não torna o crime de furto impossível.

Não existe violência no crime de furto


Obs: Furto por arrebatamento
- Crimes semelhantes ao de furto

Furto  o artigo 155 do Código Penal

Receptação – tirar proveito próprio do produto que é fruto de crime.


Ex: Charles compra o Iphone furtado por Roberto.

Artigo 180 do Código Penal (Crime de receptação):


Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que o terceiro, de boa-fé, adquira a coisa
ou ocultar a coisa.

Presta auxílio ao criminoso ao artigo 349 do Código Penal


Artigo 349 do Código Penal (Favorecimento real):
Prestar ao criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a
tornar seguro o proveito do crime.
Ex: Marciano furta uma moto e Roberto a esconde em sua casa, impedindo que a Polícia
a encontre.

- Furto no repouso noturno.


Obs1: O furto no repouso noturno não se confunde com a noite.
+ 1/3 da pena.
Ex: Em São Paulo-SP, furtar uma pessoa às 19:00 na Avenida Paulista pesa menos que
furtar uma pessoa em Camaragibe-PE neste mesmo horário voltando para a sua
residência.

Obs2: Este furto não precisa acontecer em uma casa habitada pode ser na rua ou em
estabelecimentos comerciais.  Ruas?

Obs3: Esta qualificadora não será apreciada durante o dia, ainda que as vítimas estejam
dormindo.

- Hipóteses de furto qualificada (§ 4º).


I – Com destruição ou rompimento do obstáculo.
Há violência em relação à coisa.
Obs: dar bola de vidro ao cão de guarda.
II – Com abuso de confiança:
- dois requisitos cumulativos:

a) A vítima deposita no agente uma confiança especial;


Ex: uma namorada, um amigo de infância, um cunhado.
b) O agente se aproveita desta facilidade para furtar o bem.
Obs: o Famulato
Furto por quebra ou abuso de confiança.
O famulato geralmente é praticado por empregados domésticos.

c) O agente furta mediante fraude(simulação):


Ex: Uma pessoa entra em sua casa e diz que está sentindo um cheiro de queimado. Você
fica nervoso e vai ao quintal. Essa pessoa se aproveita e furta o seu celular que estava
em cima da casa.
É diferente de Estelionato.
Artigo 171 – O estelionato consiste em obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento.
Ex: Alguém que veste a camisa do Estacionamento e o induz a deixar a chave de seu
carro, fazendo você pensar que ele é manobrista.

c) O agente furta a partir de escalada:


Bandidos-Tatu: que cavam túneis para chegarem ao local do furto. Ou bandidos-aranhas
que escalam edifícios para furtar os objetos do apartamentos.

d) O agente furta através de destreza(habilidade):


Ex: Salatiel tem as maios de “pena” e começa a furtam os foliões no Carnaval de
Olinda.

com emprego de chave falsa;


mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente.

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