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Transferência de Calor
Disciplinas:
Transmissão de Calor (TGM)
Transferência de Calor por Condução (PGMEC)
Transferência de Calor por Convecção (PGMEC)
Transferência de Calor por Radiação (PGMEC)
Prof. L. A. Sphaier
Tel.: 21-2629-5576
email: lasphaier@id.uff.br
online: www.sphaier.com
Versão 0.3.8
Março de 2012
Sumário
5 Resistências térmicas 52
ii
SUMÁRIO iii
35.1 Introdução
Como não há a necessidade de um meio para a propagação da radiação, problemas
que envolvem trocas radiativas podem ficar muito mais complicados que problemas de
condução e convecção. Em condução ou convecção em uma cavidade com um fluido
(em movimento ou parado) na ausência de radiação (como mostrado na figura 35.1), o
fluxo de calor normal a superfície da cavidade em um elemento de área dA1 é facilmente
calculado pela Lei de Fourier:
INCLUIR
286
35. Introdução à transferência de calor por radiação 287
da cavidade e chega na mesma área dA1 , a energia total que chega em dA1 é dada por:
Z Z
q̇ n00 dA1 = 00
q̇ A dA + 000
q̇ V dV (35.2)
A V
Como pode-se observar, os balanços de energia por radiação tornam-se bem mais com-
plexos que em condução e convecção, comumente levando a equações regentes integro-
diferenciais.
Outro problema, é que as taxas de transferência de calor por radiação requerem
também a integração em uma variável espectral, como o comprimento de onda, uma
vez que propriedades radiativas dependem deste. Isto é verdade para propriedades de
superfícies como para propriedades volumétricas (e.g. gases radiantes ou vidro).
Além destes problemas existe a dificuldade de se determinar com precisão valores
para propriedades radiativas.
dl
dÆ = , (35.3)
r
de maneira análoga, um ângulo sólido é definido como a razão da área normal à direção
dAn
d! = , (35.4)
r2
De maneira alternativa, o mesmo fluxo pode ser escrito em termos do fluxo de calor
total direcional q̇!00 :
Z ∑ ∏
W
q̇ 00 = 00
q̇ ! d!, (35.9b)
H m2
1 ou ângulos zenital e azimutal.
2 Algumas fontes também usam o termo esferorradiano.
00
onde o q̇∏,! é o fluxo de calor espectral3 direcional.
É interessante observar as unidades dos fluxos de calor acima definidos, pois elas
facilitam o entendimento da subdivisão destes. Por exemplo, o fluxo espectral direcional
é dado por unidade de µm (ou seja, comprimento de onda) e por unidade de sr (ou seja,
por direção), representando a energia associada a um comprimento de onda que passa
por uma dada direção no espaçó.
à um ângulo ¡ com a direção da normal à fonte receberá menos radiação por unidade
de direção, pois nesta direção, a área da fonte aparente é menor que dAs . A medida que
o ângulo ¡ aumenta ocorrerá uma diminuição da radiação percebida pela área dA2 em
3 Deve-se ressaltar também que alguns autores utilizam o termo monocromático, ao invés de espectral, para
especificar a energia radiativa por unidade de comprimento de onda.
função da projeção de dAs nesta direção, que vale dAs cos(¡). O mesmo raciocínio pode
ser feito se invertermos quem é a fonte e quem é o receptor, de modo que, mesmo que a
radiação que deixa dA2 seja independente da direção, menos radiação chega em dAs à
medida que o ângulo ¡ é aumentado devido à projeção de dA2 sobre dAs .
A fim de eliminar o efeito da projeção e trabalhar com um propriedade que dependa
apenas da superfície e não da posição de uma de referência ao seu redor, a quantidade
intensidade de radiação é introduzida. Desta forma, a intensidade de radiação é uma
quantidade definida para auxiliar cálculos de trocas radiativas. Para a radiação que
deixa uma superfície, a intensidade radiação é definida como sendo a taxa de energia
emanante por unidade de área projetada na direção considerada e por unidade de ân-
gulo sólido na mesma direção considerada. A intensidade de radiação ainda pode ser
definida por unidade de comprimento de onda (I ∏ ), recebendo o nome de intensidade es-
pectral. Quando todos os comprimentos de onda são considerados a intensidade é dita
total e o símbolo I é utilizado.
00
desta forma, o fluxo q̇∏,! é constituído pela energia que passa pela área dAs e que passa
por uma dada direção determinada pelos ângulos esféricos ¡ e µ . O cosseno tem leva
em consideração a projeção de dAs na direção considerada, visto que a quantidade de
energia transferida varia com a altura dada pelo ângulo zenital ¡.
Contabilizando a intensidade de radiação em todos os comprimentos de onda, obtém-
se a intensidade total:
Z1 ∑ ∏
W
I = I ∏ d∏, (35.11)
0 m2 ·sr
e desta forma o fluxo de calor total direcional pode ser escrito em termos da intensidade I :
00
q̇ ! = I cos(¡), (35.12)
comprimentos de onda que contribuem de fato para troca de calor radiativas engloba
as faixas ultra-violeta, visível, e infra-vermelha. Desta forma, a transferência de calor
por radiação só terá contribuições destas regiões do espectro eletromagnético.
Neste ponto vale ressaltar que a emissão será sempre hemisférica, de modo que
não é necessário utilizar o termo emissão hemisférica. Quando for necessário trabalhar
com a radiação emitida por unidade de direção, normalmente utilizam-se aintensidade
de radiação emitida.
4 As terminologias potência emissiva, poder de emissão ou poder emissivo também são adotadas em outras
fontes; todavia, deve-se lembrar que esta grandeza refere-se a um fluxo de calor por radiação.
Emissores difusos
Um emissor difuso, emite radiação igualmente em todas as direções. Para superfícies que
se comportem desta forma tem-se5 :
E ∏ = º I ∏,e , (35.17a)
E = º Ie , (35.17b)
Apesar de um emissor difuso emitir igual em todas as direções, note que devido ao
efeito da projeção
35.5.2 Irradiação
A irradiação é a radiação que incide sobre uma superfície. Da mesma maneira que a
emissão, a irradiação é sempre hemisférica, não sendo necessário utilizar este termo no
seu nome. A irradiação espectral é definida como:
Z Zº/2 Z2º
G∏ = I ∏,i cos(¡) d! = I ∏,i cos(¡) sen(¡) dµ d¡, (35.19)
H 0 0
5 lembrando que há também dependência na temperatura
De maneira alternativa, a irradiação total também pode ser calculada utilizando a in-
tensidade total incidente:
Z
G= I i cos(¡) d! (35.21)
H
G ∏ = º I ∏,i , (35.23a)
G = º Ii . (35.23b)
35.5.3 Radiosidade
A radiosidade é a energia total por radiação que deixa uma superfície. Esta é dada pela
soma das parcelas emitida e refletida. Novamente, da mesma maneira que a emissão e
a irradiação, a radiosidade é sempre hemisférica. A radiosidade espectral é definida por:
Zº/2 Z2º
J∏ = I ∏,e+r cos(¡) sen(¡) dµ d¡, (35.24)
0 0
J ∏ = º I ∏,e+r , (35.28a)
J = º I e+r . (35.28b)
2. Para dados ∏ e T , nenhuma superfície pode emitir mais energia que um corpo
negro.
A melhor aproximação para um Corpo Negro é uma cavidade cuja superfície interna
está a temperatura uniforme, pois esta tem absorção completa, emissão difusa emanante
de uma dada abertura na cavidade, e irradiação difusa em superfícies interiores.
00
q̇ ∏,! |e,cn = I ∏,cn (∏, T ) cos(¡). (35.30)
Esta equação é conhecida como a Lei do Cosseno de Lambert, e superfícies que seguem
esta relação são chamadas de superfícies difusas ou superfícies da lei do cosseno. Um
Corpo Negro é, portanto, uma superfície difusa.
2 h c 02
I ∏,cn = I ∏,cn (∏, T ) = ≥ ≥ ¥ ¥, (35.31)
∏5 exp ∏hkcT0 ° 1
onde deve-se observar que na intensidade de radiação de Corpo Negro não é necessário
utilizar o subscrito e , visto que está intensidade está sempre relacionada a emissões. As
constantes envolvidas são:
C1
E ∏,cn = º I ∏,cn = ≥ ≥ ¥ ¥, (35.32)
∏5 exp ∏CT2 ° 1
El,cn HWêmm m2 L
108 5800 K
3000 K
6
10
1500 K
800 K
104
100
l HmmL
0.1 0.5 1.0 5.0 10.0 50.0 100.0
A figura 35.6 mostra a variação de E ∏,cn com o comprimento de onda para diferentes
temperaturas. Como pode-se observar, o máximo da emissão de Corpo Negro também
varia com a temperatura. Este valor pode ser determinado diferenciando a equação
(35.32). O resultado é a Lei de Deslocamento de Wein:
menor que 2º sr, basta realizar a integral utilizando limites diferentes, produzindo:
E cn = æ T 4 . (35.37)
E cn
I cn = , (35.38)
º
onde naturalmente:
Z1
I cn = I ∏,cn d∏. (35.39)
0
representando a fração de energia emitida para uma dada banda em relação ao espectro
total. Rearrumando a equação anterior:
Z∏
1 C1
F 0°∏ = ≥ ≥ ¥ ¥ d∏, (35.40b)
æT 4 0 ∏5 exp ∏CT2 ° 1
Portanto, a função F pode ser escrita em função de uma única variável, composta do
produto ∏ T :
Z∏ T
C1 d≥
F 0°∏ (∏ T ) = ≥ ≥ ¥ ¥. (35.40d)
æ 0 ≥5 exp C≥2 ° 1
∏T F 0°∏ ∏T F 0°∏
0 0.000000 6000 0.737818
1000 0.000321 7000 0.808109
2000 0.066728 8000 0.856288
3000 0.273232 9000 0.890029
4000 0.480877 105 0.999905
5000 0.633747 1 1.000000
10% da radiação emitida por um corpo negro é encontrada na região com valores de ∏ T
acima de 10000.
Exercícios
35.1. Partindo da expressão para a distribuição de radiação de corpo negro de Planck,
Derive a Lei de Deslocamento de Wein para obter o comprimento de onda onde a
emissão é máxima.
35.2. Calcule o valor exato da temperatura mínima em que um corpo negro começa a
emitir radiação no espectro visível.
F0-l
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
Tl
5000 10 000 15 000 20 000 25 000 30 000
35.3. Dado que a intensidade de radiação emitida por um corpo negro à temperatura T
é dada por:
2 h c 02
I ∏,cn (∏, T ) =
∏5 (exp(h c 0 /(∏ k T )) ° 1)
(a) Explique a relação entre intensidade de radiação emitida I ∏,e , emissão espec-
tral E ∏ , e emissão total E .
(b) Calcule a emissão espectral de um corpo negro E ∏,b .
(c) Discuta o significado de intensidade de radiação (incidente, emitida e refle-
tida) e emissão, irradiação e radiosidade.
35.4. A superfície solar tem uma temperatura efetiva de para emissão de Corpo Negro
de 5780 K. Baseado neste dado, responda aos itens abaixo:
(a) Calcule o percentual de radiação solar que é emitido no espectro visível (de
0.4 a 0.7 µm).
(b) Calcule os percentuais de radiação solar emitidos nos espectros ultra-violeta
e infra-vermelho.
(c) Calcule o valor máximo da emissão espectral solar.
(d) Calcule em que comprimento o máximo anterior ocorre.
onde "∏,! é a emissividade espectral direcional, sendo definida baseada na equação anterior:
I ∏,e (∏, ¡, µ, T )
"∏,! = "∏,! (∏, ¡, µ, T ) ¥ (36.2)
I ∏,cn (∏, T )
I e (¡, µ, T )
"! = "! (¡, µ, T ) ¥ (36.3a)
I cn (T )
E ∏ (∏, T )
"∏ = "∏ (∏, T ) ¥ (36.3b)
E ∏,cn (∏, T )
onde fica claro que se "∏,! não depender do comprimento de onda ∏, obtém-se "∏,! = "! .
Combinando agora as equações (35.14a), (35.32), (36.2) e (36.3b), obtém-se:
R R
I ∏,e cos(¡) d! "∏,! I ∏,cn cos(¡) d!
"∏ = RH = H . (36.5)
H I ∏,cn cos(¡) d! º I ∏,cn
300
36. Propriedades radiativas de superfícies 301
ficando claro que se "∏,! não depender da direção, obtém-se "∏,! = "∏ . Na maioria dos
casos é observado que a dependência direcional está mais associada ao ângulo ¡; se for
assumido que a dependência em µ é desprezível, a expressão anterior pode ser simpli-
ficada para:
Zº/2
"∏ = 2 "∏,! cos(¡) sen(¡) d¡ (36.7)
0
E (T )
" = "(T ) ¥ . (36.8)
E cn (T )
A mesma propriedade pode ser escrita em termos de "! , utilizando as equações (35.15c),
(35.38) e (36.3a):
R R
I e cos(¡) d! "! I cn cos(¡) d!
" = RH = H (36.10)
H I cn cos(¡) d! º I cn
Onde fica claro que se "! for independente da direção, tem-se " = "! .
I i ,abs (¡, µ, T )
Æ! = Æ! (¡, µ, T ) ¥ , (36.13)
I i (¡, µ, T )
G ∏,abs (∏, T )
Æ∏ = Æ∏ (∏, T ) ¥ , (36.14)
G ∏ (∏, T )
G abs (T )
Æ = Æ(T ) ¥ . (36.15)
G(T )
A absortividade total direcional pode ser relacionada com a espectral direcional uti-
lizando as equações (35.11) e (36.12):
R1 R1
I i ,abs 0 I ∏,i ,abs d∏ 0 Æ∏,! I ∏,i d∏
Æ! = = R1 = R1 (36.16)
Ii 0 I ∏,i d∏ 0 I ∏,i d∏
onde fica claro que se a absortividade espectral direcional não depender do compri-
mento de onda ∏, obtém-se Æ∏,! = Æ! .
A absortividade espectral hemisférica pode ser relacionada com a espectral direcio-
nal utilizando as equações (35.19) e (36.12):
R R
G ∏,abs H I ∏,i ,abs cos(¡) d! Æ∏,! I ∏,i cos(¡) d!
Æ∏ = = R = HR (36.17)
G∏ H I ∏,i cos(¡) d! H I ∏,i cos(¡) d!
e também pode ser relacionada com a forma total direcional, utilizando as equações
(35.21) e (36.13):
R
G abs Æ! I i cos(¡) d!
Æ= = HR (36.19)
G H I i cos(¡) d!
G ∏,ref (∏, T )
Ω ∏ = Ω ∏ (∏, T ) ¥ , (36.20)
G ∏ (∏, T )
G ref (T )
Ω = Ω(T ) ¥ , (36.21)
G(T )
menor que essa pode ser refletida, e esta fração é definida como a refletividade espectral
bi-direcional (ou espectral direcional-direcional):
dI ∏,di ,ref
Ω ∏,!,!r ¥ , (36.24)
I ∏,i cos(¡) d!
dI di ,ref
Ω !,!r ¥ , (36.26)
I i cos(¡) d!
Refletividades direcionais-hemisféricas
A radiação que incide sobre um elemento de superfície dAs em uma dada direção !
pode, de fato, ser refletida em todas as direções, como ilustrado na figura 36.2. Neste
Refletividades hemisféricas-direcionais
A refletividade espectral hemisférica-direcional é portanto definida pela razão entre I ∏,i ,ref
pressão:
R
H dI di ,ref (¡, µ, ¡r , µr , T )
Ω !r = Ω !r (¡r , µr , T ) ¥ R (36.38)
H I i (¡, µ, T ) cos(¡) d!
Relações de reciprocidade
e também que, para casos onde a radiação incidente é uniforme em todas as direções
incidentes, que as refletividades hemisférica-direcionais e direcional-hemisféricas são
relacionadas pelas seguintes expressões:
R R
Hr H Ω ∏,!,!r I ∏,i cos(¡) d! cos(¡r ) d!r
Ω∏ = R (36.45)
H I ∏,i cos(¡) d!
R R
Hr H Ω !,!r I i cos(¡) d! cos(¡r ) d!r
Ω= R (36.46)
H Ii cos(¡) d!
Superfícies difusas
Para uma superfície difusa, a radiação incidente em uma dada direção ! produz uma
intensidade uniforme em todas as direções !r . Com isto, a refletividade bidirecional é
independente de ¡r e µr , levando a:
Superfícies especulares
¡r = ¡, µr = µ + º, (36.48)
I ∏,i ,r (∏, ¡r = ¡, µr = µ + º, T )
Ω ∏,s = Ω ∏,!,s = Ω ∏,!r ,s = (36.50)
I ∏,i (∏, ¡, µ, T )
G ∏,tra (∏, T )
ø∏ = ø∏ (∏, T ) ¥ (36.51)
G ∏ (∏, T )
G tra (T )
ø = ø(T ) ¥ (36.52)
G(T )
Se este mesmo elemento for colocado em uma cavidade negra isotérmica à mesma tem-
peratura T , então a radiação absorvida por este elemento será
Para manter o equilíbrio térmico neste elemento, é necessário que a seguinte igualdade
seja satisfeita:
observa-se que se apenas uma das condições abaixo for atendida, a Lei de Kirchoff vale
também para as propriedades espectrais hemisféricas (i.e. Æ∏ = "∏ ):
Se uma das condições acima for encontrada e Lei de Kirchoff for válida para as pro-
priedades espectrais hemisféricas, analisando as equações (36.9) e (36.18):
R1
º 0 "∏ I ∏,cn d∏
"= 4
, (36.9)
R1 æ T
Æ∏ G ∏ d∏
Æ = 0R1 , (36.18)
0 G ∏ d∏
observa-se que se uma de outras duas condições forem satisfeitas, então a Lei de Kir-
choff é válida também para as propriedades totais hemisféricas:
3 em homenagem ao físico e alemão Gustav Robert Kirchhoff.
Exercícios
36.1. Defina as propriedades radiativas (totais e hemisféricas): emissividade (≤), absor-
tividade (Æ) e refletividade (Ω) em função da intensidade de radiação emitida por
um corpo negro à temperatura T s .
36.2. Utilizando a lei de Kirchoff sem restrições ≤∏,! = Æ∏,! , indique os casos onde as
igualdades ≤∏ = Æ∏ e ≤ = Æ são válidas.
36.3. Considere uma superfície opaca cuja a absortividade espectral hemisférica, para
qualquer temperatura, é dada por:
Esta superfície troca calor por radiação com um Corpo Negro à temperatura Tcn .
36.5. Considere uma superfície plana, cinzenta, opaca e difusa, com emissividade total
hemisférica " = 0.8, e temperatura uniforme T s . A superfície troca calor por radi-
ação com um Corpo Negro à temperatura Tcn . Toda radiação emitida pelo Corpo
Negro é interceptada pela superfície plana e vice-versa. Indique qual o valor de
absortividade total hemisférica (Æ), justificando a resposta.
36.6. Considere a troca térmica entre duas superfície opacas, cinzentas e difusas cujas
temperaturas (uniformemente distribuídas) são T A e TB , com T A > TB . As super-
fícies são planas, paralelas, e pode-se assumir que toda energia que deixa uma
superfície é interceptada pela outra (e vice-versa). Sabendo que as emissividades
totais hemisféricas das superfícies são " A e "B , Obtenha a absortividade total hemis-
férica, para as duas superfícies, justificando a resposta.
Ω ∏ = 0.3, para 0 ∑ ∏ ∑ 2 µm
Ω ∏ = 1.0, para ∏ > 2 µm
36.9. Considerando que o sol é um Corpo Negro com temperatura superficial de 5800 Kel-
vin, calcule o fluxo de calor emitido (em todas as direções e comprimentos de
onda) por um elemento de área infinitesimal da superfície solar. Compare este
fluxo de calor com o valor real médio (quando a incidência é perpendicular à terra)
que incide sobre a atmosfera terrestre G º 1.4 £ 103 W/m2 . Se houver discrepância
significativa entre os valores, explique a razão para isto.
36.10. Uma camada de isolamento térmico é formada por duas placas planas e paralelas.
As duas superfícies são suficientemente extensas de tal forma que toda a radiação
que deixa uma superfície é interceptada pela outra, e vice-versa. As duas superfí-
cies são opacas, e a superior, que está à temperatura T A pode ser aproximada por
um Corpo Negro. Já a superfície inferior, que encontra-se à temperatura TB possui
a absortividade espectral direcional dada por:
º
Æ∏,! = 1 para 0∑¡∑ ,
4
º º
Æ∏,! = 0 para <¡∑ .
4 2
36.11. Uma camada de isolamento térmico é formada por duas placas opacas, planas
e paralelas. As duas superfícies são suficientemente extensas de tal forma que
toda a radiação que deixa uma superfície é interceptada pela outra, e vice-versa.
A superfície superior, que está à temperatura T A = 2000 K pode ser aproximada
por um Corpo Negro. Já a superfície inferior, que encontra-se à temperatura TB =
3000 K possui as seguintes propriedades espectrais direcionais:
º
≤∏,! = 1.0, para 0∑¡∑ e ∏ ∏ 0 µm.
6
º º
≤∏,! = 0.8, para <¡∑ e 0 ∑ ∏ ∑ 2 µm,
6 2
º º
≤∏,! = 0.4, para <¡∑ e ∏ > 2 µm.
6 2
q̇ 00A!B = E A ° E B (37.1)
Da mesma maneira, o fluxo de calor líquido ganho pela superfície A é dado por:
q̇ B00 !A = E B ° E A (37.2)
314
37. Radiação em superfícies isotérmicas difusas com fator de forma unitário 315
q̇ 00A!B = ÆB G B ° E B (37.4)
q̇ B00 !A = Æ A G A ° E A (37.5)
GB = J A , G A = JB (37.6)
JA = EA + ΩA GA, JB = EB + ΩB GB (37.7)
GB = E A + Ω A G A (37.8a)
G A = EB + ΩB GB (37.8b)
Resolvendo, obtém-se:
EB + ΩB E A E A + Ω A EB
GA = , GB = . (37.9a)
1 ° ΩB Ω A 1 ° Ω A ΩB
≤B æ TB4 + Ω B ≤ A æ T A4 ≤ A æ T A4 + Ω A ≤B æ TB4
GA = , GB = , (37.9b)
1 ° ΩB Ω A 1 ° Ω A ΩB
e rearrumando:
≤B TB4 + Ω B ≤ A T A4 ≤ A T A4 + Ω A ≤B TB4
GA = æ , GB = æ . (37.9c)
1 ° ΩB Ω A 1 ° Ω A ΩB
≤B TB4 + (1 ° ÆB ) ≤ A T A4 ≤ A T A4 + (1 ° Æ A ) ≤B TB4
GA = æ , GB = æ , (37.10a)
1 ° (1 ° ÆB ) (1 ° Æ A ) 1 ° (1 ° Æ A ) (1 ° ÆB )
≤B TB4 + (1 ° ≤B ) ≤ A T A4 ≤ A T A4 + (1 ° ≤ A ) ≤B TB4
GA = æ , GB = æ . (37.10b)
1 ° (1 ° ≤B ) (1 ° ≤ A ) 1 ° (1 ° ≤ A ) (1 ° ≤B )
Uma vez que as irradiações estejam determinadas os fluxos líquidos de calor ganhos
por cada superfície podem ser calculados:
Exercícios
37.1. Considere a transferência de calor em regime transiente em um corpo de volume V
exposto a radiação solar, a qual incide a um fluxo conhecido dado pela irradiação
difusa G . Sabendo que a absortividade total hemisférica da superfície (de área As )
exposta ao fluxo radiativo é Æ e que a superfície é cinzenta, pede-se:
37.2. Ao meio-dia de um dia de verão, radiação solar incide em um teto de carro, resul-
tando em uma irradiação total hemisférica de 1200 W/m2 . O teto do carro pode ser
modelado como uma placa isotérmica que está isolada no lado interno e trocando
calor com o ambiente no lado externo. A superfície externa pode ser considerada
como cinzenta.
37.3. Para o problema 36.4, dado que a área da superfície plana é As , calcule o ganho
líquido de calor (Q̇ , em Watts) na superfície plana.
37.4. Para o problema 36.5, assumindo que a área da superfície plana é As , calcule o
ganho líquido de calor (Q̇ , em Watts) da superfície plana.
37.6. Para o problema 36.7, calcule o fluxo de calor por radiação (líquido) em cada su-
perfície, indicando o sentido do mesmo. Apresente o resultado em função de Æ A ,
≤ A e das temperaturas T A e TB .
(a) Calcule a irradiação espectral hemisférica sobre cada superfície (G ∏,A e G ∏,B )
em função da emissão espectral de cada superfície (E ∏,A e E ∏,B ) e das propri-
edades espectrais hemisféricas ≤∏,A , ≤∏,B , Æ∏,A e Æ∏,B .
(b) Considerando que as superfícies são difusas e que absortividade espectral he-
misférica das duas superfícies é dada por:
Æ∏ = 0.8, para 0 ∑ ∏ ∑ ∏m
Æ∏ = 0.0, para ∏ > ∏m
(a) Calcule a irradiação espectral sobre cada superfície (G ∏,A e G ∏,B ), e exprima
o resultado em função das emissão espectrais de Corpo Negro E ∏,cn (T A , ∏) e
E ∏,cn (TB , ∏) e das propriedades espectrais Ω ∏ e ø∏ .
(c) Calcule o fluxo de calor por radiação (líquido) em cada superfície, indicando
o sentido do mesmo. Apresente o resultado em função das propriedades
totais hemisféricas (≤ A , ≤B , Æ A , ÆB , Ω A e Ω B ) e das temperaturas T A e TB .
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337
ÍNDICE REMISSIVO 338
Radiosidade, 293
difusa, 294
Refletividade, 302
bi-direcional, 304
Regime permanente e transiente, 16
resistência térmica
condução em parede cilíndrica, 56
condução em parede esférica, 57
condução em parede plana, 56
contato, 59
convecção, 57
radiação, 58
separação de variáveis
introtução, 89
Sistema e Volume de Controle, 15
Tensor
de tensões, 97
gradiente de velocidade, 99
Teorema
de Gauss (divergência), 110
Termodinâmica
Leis, veja Lei
Transmissividade, 308
velocidade
do som, 232