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Serviços públicos

Fundamento Constitucional: A Constituição Federal prevê as formas de prestação de serviço público, no


caput, do art. 175: Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Conceito de Serviço Público


Segundo os ensinamentos da Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, serviço público é “toda atividade material que
a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer
concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.” (Direito Administrativo,
Editora Atlas, 20ª edição, pág. 90).
Princípios aplicáveis à prestação do serviço público
São eles: LIMPE (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), supremacia do interesse público
sobre o particular, indisponibilidade do interesse público, razoabilidade e proporcionalidade.
Princípio da regularidade na prestação: é dever do Estado a prestação regular do serviço público, direta ou
indiretamente. A ausência do Poder Público na prestação desse serviço poderá causar danos e, consequentemente,
dever de indenizar terceiros prejudicados. Ex. Se o ônibus que passa todos os dias às 6hs no ponto começa a chegar
6h:30min, depois 7h, outro dia não passa, viola o princípio da regularidade.
Princípio da eficiência: serviço eficiente é aquele que atinge o resultado pretendido, seja no tocante à qualidade, seja
no aspecto da quantidade. A eficiência é um plus em relação à adequação. Ex: o ônibus é um instrumento adequado
para a prestação do transporte coletivo. Entretanto, se o ônibus não atender os quesitos de qualidade, não será
considerado eficiente.
Princípio da segurança: por esse princípio o Estado deverá prestar o serviço público de forma a não colocar em perigo
a integridade física e a vida do usuário.
Princípio da atualidade: esse princípio está bem definido no § 2º do art. 6o da Lei n. 8.987/85:
Art. 6o, § 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua
conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
Princípio da generalidade/universalidade: esse princípio busca a universalidade na prestação do serviço público, isto é,
o serviço deve ser prestado a todos os usuários de forma igualitária e impessoal, sem qualquer espécie de
discriminação. Ex: o ônibus da periferia deve ter a mesma qualidade dos daqueles que circulam nos centros
empresariais.
Princípio da cortesia na prestação: o serviço público deve ser prestado por pessoas que tratem os usuários com respeito
e educação.
Princípio da modicidade das tarifas: trata-se de princípio que exige a prestação de serviço público a um preço
reduzido, de forma a atingir a universalidade na prestação. Esse princípio será atendido quando o preço da tarifa
corresponder à justa relação de custo-benefício na prestação da atividade.
Princípio da continuidade do serviço público: por esse princípio o serviço público não pode ser interrompido, em razão
da sua relevância perante a coletividade
Classificação do Serviço Público
1ª) Quanto à essencialidade:
a) serviços públicos indelegáveis: são aqueles que somente podem ser prestados pela Administração, ou seja, não
admitem delegação de sua execução a terceiros, em razão de estarem relacionados com as atividades inerentes do
Poder Público. Ex: serviço de segurança nacional.
b) serviços públicos delegáveis: são aqueles que admitem a execução por meio de terceiros. Ex: serviço de energia
elétrica.
2ª) Quanto ao objeto:
a) serviços administrativos: atividades que visam atender necessidades internas da Administração ou servir de base
para outros serviços. Ex: Imprensa Oficial.
b) serviços comerciais ou industriais: atividades que visam atender necessidades da coletividade no aspecto
econômico. Ex: serviço de energia elétrica.
c) serviços sociais: atividades que visam atender necessidades essenciais da coletividade em que há atuação da
iniciativa privada ao lado da atuação do Estado. Ex: serviço de saúde (existem hospitais públicos e privados), serviço
de educação (há escolas públicas e privadas).
3ª) Quanto ao usuário:
a) serviços públicos individuais (uti singuli): são aqueles prestados a usuários determinados ou determináveis. Ex:
serviços de energia ou de telefonia domiciliar.
b) serviços públicos gerais (uti universi): são aqueles prestados à coletividade como um todo. EX: serviço de
segurança pública e serviço de iluminação pública.
Código de Defesa do Consumidor e Serviços Públicos
Formas de Prestação do Serviço Público
Os serviços públicos podem ser prestados de forma centralizada ou descentralizada.
Serviço Centralizado: é aquele prestado diretamente pelas entidades políticas da Administração Direta (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) por meio de seus órgãos e agentes
Serviço Descentralizado: é aquele prestado por outra pessoa que não seja integrante da Administração Direta.

Concessão de serviço público


A definição de concessão de serviço público está prevista no Inciso II do art. 2o da Lei nº 8.987/95:
Art. 2o, II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;
De fato, poder concedente é aquele que possui a titularidade do serviço público delegado e pode ser traduzido na
União Federal, no Distrito Federal, num Estado Membro ou num Município. E, concessionário, é o particular que
presta o serviço público mediante contrato de concessão.
Concessão tem natureza de contrato
Responsabilidade do Concessionário
Nos termos do caput, do art. 25, da Lei n. 8.987/95 o concessionário do serviço público responde objetivamente
(independentemente da comprovação de dolo ou culpa) por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos
usuários ou a terceiros. Ademais, determina o aludido dispositivo legal que a fiscalização exercida pelo órgão
competente não exclui, nem atenua a responsabilidade do concessionário.
Intervenção do Poder Concedente
O poder concedente poderá intervir na concessão, com o objetivo de assegurar a adequada prestação do serviço
público, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais.

Formas de Extinção do Contrato de Concessão


O caput, do art. 35, da Lei n. 8.987/95 prevê as formas de extinção do contrato de concessão:
I – Termo Contratual: trata-se do término do prazo estipulado no contrato;
II – Encampação: é a retomada do serviço público pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de
interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento de indenização;
III – Caducidade ou Decadência: consiste na rescisão do contrato por iniciativa da Administração em razão da
inexecução total ou parcial por parte do concessionário;
IV – Rescisão pelo Concessionário: decorre do inadimplemento do poder concedente e a interrupção da prestação do
serviço público depende de decisão judicial transitada em julgado;
V – Anulação: constatada alguma ilegalidade dar-se-á extinção do contrato de concessão e a devida responsabilização
de quem tiver dado causa ao vício;
VI – Falência ou Extinção da empresa concessionária ou falecimento ou incapacidade do titular, em caso de empresa
individual.

Diferenças entre Encampação, Caducidade e Rescisão


Reversão e Indenização
Parcerias Público Privadas
As parcerias público privadas são modalidades especiais de concessão e foram instituídas pela Lei
n. 11.079/04. Portanto, existem em nosso ordenamento jurídico duas espécies de concessão: a concessão
comum (prevista na Lei n. 8.987/95 – já estudada) e a concessão especial (PPP, prevista na Lei
n. 11.079/04).
O objetivo das PPPs é atrair investimento nacional e estrangeiro para a realização de grandes projetos.
A parceria público privada, conforme dito, é contrato administrativo de concessão e pode ser apresentada
na modalidade patrocinada ou administrativa
A concessão patrocinada consiste em concessão de serviços públicos ou de obras públicas, quando
envolver, além da tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária paga pelo parceiro público ao
parceiro privado.
Percebam que existe uma parceria entre o Poder Público e a empresa privada, onde esta receberá além das
tarifas pagas pelos usuários, um valor pago pelo ente público.
Já a concessão administrativa consiste num contrato de prestação de serviços, ainda que envolva execução
de obra ou fornecimento e instalação de bens, em que a Administração Pública seja usuária direta ou
indireta. Ex. De Administração usuária direta: serviço de demolição de um prédio público; Ex. De
Administração usuária indireta: serviço de saúde bancado integralmente pelo Poder Público e prestado por
empresa privada. Neste último exemplo a Administração será usuária indireta, pois a coletividade é a
usuária direta do serviço de saúde.

Permissão tem natureza de contrato precário


Por meio de permissão, é possível delegar ao particular o mesmo objeto da concessão, qual seja, o serviço
público. Mas, na permissão, em que pese existir a necessidade de licitação, esta não precisa ser na
modalidade concorrência, que é a mais complexa de todas e exigida para os casos de concessão de serviço
público. Conseqüência: o Poder Público utiliza a permissão e está se esquivando de delegar a prestação do
serviço público por meio de concessão só para não utilizar a modalidade de licitação concorrência.

Autorização de Serviço Público

Trata-se de ato administrativo unilateral discricionário e precário, por meio do qual o Poder Público delega
a particulares a execução de certos serviços.

Não são todos os serviços públicos que podem ser delegados por intermédio de autorização, mas apenas
aqueles admitidos pela Constituição Federal e por leis específicas. Ex: serviços de telecomunicações.
Diferenças entre Concessão, Permissão e Autorização

Resumo

Princípios Específicos: regularidade na prestação; eficiência; segurança; atualidade;


generalidade/universalidade; cortesia na prestação; modicidade das tarifas; continuidade do serviço
público: por esse princípio o serviço público não pode ser interrompido, em razão da sua relevância
perante a coletividade.

Existem alguns instrumentos previstos em nosso ordenamento jurídico que visam preservar a continuidade
do serviço público (STJ admite a interrupção do serviço público em razão do inadimplemento, desde que
haja prévio aviso).

Formas de prestação do serviço público: centralizada ou descentralizada (descentralização por outorga:


ocorre quando uma entidade da Administração Direta cria, por meio de lei, uma outra pessoa jurídica e a
ela transfere a execução do serviço; descentralização por delegação: ocorre quando a Administração
transfere apenas a execução do serviço público à iniciativa privada, por meio de contrato ou de ato de
administrativo).

Formas de extinção do contrato de concessão: Termo Contratual; Encampação (é a retomada do serviço


público pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei
autorizativa específica e após prévio pagamento de indenização); Caducidade ou Decadência
(inadimplemento do concessionário); Rescisão pelo Concessionário (inadimplemento do poder
concedente); Anulação (ilegalidade); Falência ou Extinção da empresa concessionária ou falecimento ou
incapacidade do titular, em caso de empresa individual.

Concessão, Permissão, Autorização, Natureza, Contrato, Contrato, Ato unilateral, Licitação, Obrigatória,
na modalidade concorrência, Obrigatória, em qualquer modalidade, Não há obrigatoriedade , Delegatários,
Pessoa jurídica ou consórcio de empresas, Pessoa jurídica ou Pessoa físicaPessoa jurídica ou pessoa física,
Objeto, Serviço público, Serviço público, Alguns serviços públicos

Parcerias Público Privadas são modalidades especiais de concessão. Espécies: concessão patrocinada
(concessão de serviços públicos ou de obras públicas, quando envolver, além da tarifa cobrada dos
usuários, contraprestação pecuniária paga pelo parceiro público ao parceiro privado) e concessão
administrativa (contrato de prestação de serviços, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e
instalação de bens, em que a Administração Pública seja usuária direta ou indireta).
A atuação do Estado na vida das pessoas é exercida por meio de pessoas físicas que atuam em seu nome,
chamados de agentes públicos. Sendo assim, surge para o Estado o dever de criar regras que irão orientar o
modo de atuação dos seus agentes.
Resumo: A atuação do Estado na vida das pessoas é exercida por meio de pessoas físicas que atuam em seu
nome, chamados de agentes públicos. Sendo assim, surge para o Estado o dever de criar regras que irão
orientar o modo de atuação dos seus agentes, fixando sanções ao descumprirem, formando o regime
disciplinar. Cumpre frisar que tal poder é exercido respeitando princípios basilares de natureza
constitucional respeitando assim o Estado Democrático de Direito. Dito isso tal artigo busca explanar de
forma sucinta todos os aspectos que envolvem o Processo Administrativo Disciplinar.

O PROCESSO ADMINISTRAVO DISCIPLINAR - PAD

2.1. CONCEITOS GERAIS

O Processo Administrativo Disciplinar é o instrumento de exercício do poder disciplinar, constituindo-se em uma


conjugação ordenada de atos na busca da correta e justa aplicação do regime disciplinar para apuração e punição de
infrações praticadas pelos servidores públicos no exercício de suas atribuições, ou que tenham relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investida. O PAD tem inicio com a sua instauração após a publicação da
portaria que designa seus integrantes e indica, dentre eles, o presidente da respectiva comissão de inquérito. Existem
várias formas de a autoridade competente tomar conhecimento de irregularidades são elas: Representação Funcional
(art. 116, inciso VI); Denúncia (inclusive anônima); Notícias veiculadas pela Mídia; Representações oficiadas por
outros órgãos (Judiciário, MPF, DPF, CGU, TCU, Comissão de Ética); Trabalhos de Auditoria; Resultados de
Investigação Preliminar e de Sindicância; e Constatações decorrentes do Exercício do Poder Hierárquico.
Estão sujeitos ao PAD os servidores regidos pela Lei nº 8.112/90 (União, autarquias e fundações públicas) para esta lei
servidor público é a pessoa legalmente investida em cargo público podendo ser efetivo ou em comissão. O PAD é
obrigatório para apuração de faltas disciplinares cometidas por servidores em estágio probatório. A reprovação no
estágio probatório, quando não satisfeitas às condições deste, não possui natureza de sanção disciplinar. O servidor
será exonerado de ofício, e não demitido.

2.2. AFASTAMENTO E INQUÉRITO

O afastamento é considerado uma medida cautelar do processo administrativo disciplinar, visto que tem o intuito de
manter o servidor afastado do exercício do cargo para que não haja prejuízo na apuração dos fatos acorridos.
Quanto ao afastamento no processo administrativo disciplinar o artigo 147 da Lei 8.112/90, que prevê tal hipótese:
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a
autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo
de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
não concluído o processo.
Conforme lei acima o afastamento tem natureza preventiva e não pode ser considerada uma penalidade, pois não
ocasiona nenhum tipo de prejuízo financeiro para o servidor e somente tem a finalidade garantir o bom andamento do
processo sem que haja qualquer interferência do mesmo. O afastamento preventivo do acusado é ato da autoridade
instauradora e deve ser formalizado através de portaria. Este instituto somente deverá ser utilizado quando não houver
outros meios que venham a garantir o bom andamento do processo.

Abaixo o julgado de afastamento preventivo para exemplificar sobre o tema:


AGRAVO DE INSTRUMENTO.1)AÇAO CIVIL PÚBLICA. AFASTAMENTO DE SERVIDOR PÚBLICO.
CARÁTER EXCEPCIONAL.(…). 4) INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE. INTUITO DE
AUFERIR VANTAGEM INDEVIDA. 5) MEDIDA ACAUTELATÓRIA E SALUTAR. DESNECESSIDADE DE
EFETIVA PRÁTICA DO ATO, MAS POTENCIALIDADE DE SUA REALIZAÇAO.6) CONDUTA ILÍCITA
REITERADA PERPETRADA. INDÍCIOS. AFASTAMENTO, POR VIÉS OUTRO. 7) LAPSO TEMPORAL.
LIMITAÇAO. DESCABIMENTO. DURAÇAO DA INSTRUÇAO PROBATÓRIA. RECURSO IMPROVIDO.
1) O afastamento de servidor público em decorrência da suposta prática de ato de improbidade no exercício de suas
funções tem caráter de exceção, devendo ser concedido parcimoniosamente, em observância aos princípios da
necessidade e da proporcionalidade.(…) 5) A fim de evitar a coação de eventuais testemunhas e a ocultação de
provas materiais, de modo que a tornar inegável o risco de lesão grave e de difícil reparação a ensejar o
cabimento da medida liminar, impõe-se a manutenção do decisum a quo. E o afastamento do servidor público
como medida acautelatória para a instrução processual não demanda efetivamente a prática de tais atos, mas a
mera possibilidade de sua realização, sob pena de inocuidade da própria medida. 6) Ainda que não seja em face
do risco de prejuízo de instrução processual do feito, nada impede o afastamento do servidor público de seu cargo
quando presentes indícios de que vem reiteradamente perpetrando conduta ilícita, de modo a evitar que continue a
assim agir durante o trâmite do processo.7) A não ser que sobrevenha decisão do Juízo de origem permitindo o retorno
do agravante ao cargo público que ocupava ainda no decorrer da fase probatória, deve o mesmo permanecer afastado –
pelo menos – até que se conclua a instrução processual, quando poderá reiterar requerimento neste sentido. Recurso
improvido.(47079000452 ES 47079000452, Relator: RÔMULO TADDEI, Data de Julgamento: 04/12/2007,
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 18/12/2007).
Verificamos que o afastamento é de suma importância para garantia do correto andamento do processo quando não há
outros meios para tal garantia, sendo que o servidor continua recebendo seus vencimentos sem prejuízo, pois o
afastamento preventivo trata-se de uma medida não punitiva, apenas para assegurar que o servidor não traga ou possa
trazer prejuízo à apuração dos fatos ocorridos.

INQUÉRITO

O inquérito no âmbito administrativo é um meio pelo qual as autoridades competentes procuram apurar a
responsabilidade de algum servidor ou ainda a procedência ou verdade de fatos que são contrarias as normas da
Administração.
O inquérito administrativo é dividido em três fases, são elas: instrução, defesa e relatório, conforme disposto no artigo
abaixo:
Artigo 151 da Lei nº 8.112 de 11 de Dezembro de 1990
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;III - julgamento.

INSTAURAÇÃO

A instauração é a fase responsável pelo detalhamento de todos os elementos relativos a infração


ocorrida, sendo assim possibilita o contraditório e a ampla defesa ao acusado. Para instrução faz necessário à
citação do servidor acusado para que o mesmo tome conhecimento do que está sendo acusado e
posteriormente possa apresentar sua defesa.

DEFESA

Após a instrução existe a possibilidade de defesa, nesta etapa o acusado deve juntar documentos,
apresentar testemunhas ou outra forma que possa se defender, ou seja, possibilitando o contraditório e a
ampla defesa, no entanto, deve se tomar cuidado, as formas de defesa devem ser procedentes, caso não
sejam, serão consideradas ilícitas.

RELATÓRIO

Após a defesa, a comissão responsável pelo inquérito, deverá apresentar um relatório descrevendo o
ocorrido no processo. O relatório deverá apresentar conclusões de forma fundamentada, definindo a
absolvição ou a aplicação da penalidade. Contudo, o relatório é considerado apenas uma opinião acerca do
que está sendo apurado, sendo possível por parte de a autoridade julgadora apresentar conclusões diversas.

2.3. JULGAMENTO

É de se afirmar, pela mais forte razão, que a imparcialidade do agente público é requisito indispensável para o
exercício de atividades numa comissão processante. Aliás, quando a Constituição exige que a administração pública,
por exemplo, deve reger-se pelos princípios da impessoalidade e da moralidade (CF, art. 37), naturalmente está
exigindo que, em qualquer setor da função pública haja sempre de prevalecer a imparcialidade do agente que vai
expedir um ato de autoridade.
Concluído o julgamento do processo em desfavor do acusado e, se for o caso, não tendo prescrita a punibilidade, após
a publicação da portaria de aplicação de penalidade, a projeção de gestão de pessoas deve registrar, nos assentamentos
funcionais do servidor, a penalidade aplicada ou o cometimento da ilicitude sem aplicação de penalidade em virtude da
prescrição. Este mandamento decorre da leitura conjunta dos artigos 131 e 170 da Lei nº 8.112/90.
O exercício do poder disciplinar pela Administração Pública exige a prévia instauração do PAD ou sindicância
punitiva, em que sejam asseguradas ao acusado as garantias do contraditório e da ampla defesa, desde o início do
procedimento até o seu desfecho, inclusive com possibilidade de interposição de recurso administrativo hierárquico
contra o ato de julgamento, se não se tratar de fato julgado originariamente pelo próprio Chefe do Poder Executivo ou
pela autoridade máxima dentro do órgão ou Poder (como é o caso, por exemplo, dos Presidentes do Senado e da
Câmara dos Deputados e do Procurador-Geral da República, relativamente aos processos administrativos disciplinares
instaurados contra os servidores que lhes são subordinados hierarquicamente), ou aquela competente para aplicar a
pena sugerida pela trinca disciplinar no relatório.
O julgamento é a fase final do processo disciplinar (art. 151, III, Lei n. 8.112/1990), em que a autoridade
administrativa (a que tomou ciência de irregularidades ou que mandou apurar e processar os fatos correspondentes a
possíveis infrações funcionais, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar) recebe o resultado de todo
um trabalho processual desenvolvido pela comissão processante, depois da suficiente produção de provas e da
apreciação rigorosa e imparcial dos fatos, com a participação e controle do acusado.
São encaminhadas à autoridade administrativa as alegações de defesa do servidor processado, juntamente com o
parecer do colegiado instrutor, depois da esperada elucidação dos fatos que originaram a abertura do processo
administrativo disciplinar, com a oitiva de testemunhas, a realização de perícias, o interrogatório do acusado, a
produção de vistorias, inspeções, a juntada de documentos e outros meios probatórios pertinentes.
O julgamento espelha o momento decisivo, no qual o órgão que procedeu à instauração do processo administrativo
disciplinar deverá se competente for decidir sobre a comprovação ou não do cometimento de infração funcional pelo
servidor acusado, apreciando, fundamentadamente, as provas e fatos coletados nos autos e cotejando as dialéticas
razões da defesa e da comissão acusadora, no intuito de formar um juízo final em torno da conduta praticada pelo
funcionário imputado, com vistas à aplicação de penalidade ou à absolvição.

2.4. REVISÃO

O instituto da Revisão Administrativa esta previsto no art. 65 da lei federal n° 9.784/99, embora sua possibilidade já
fosse prevista na lei federal n° 8.112/90, que estabeleceu regime jurídico dos servidores públicos federais.
O processo administrativo disciplinar é uma apuração realizada pela Administração Pública após tomar ciência de
alguma irregularidade cometida pelos seus servidores.
Ciente da ocorrência do fato irregular, a autoridade tem o dever de apurá-la imediatamente, mediante o devido
processo administrativo, a fim de averiguar os fatos e principalmente, possibilitar aos investigados o exercício e a
aplicação dos institutos da ampla defesa e contraditório, consoante o artigo 143 da Lei 8.112/90.
O processo pode sofrer a revisão a qualquer tempo, mediante uma solicitação do apenado (servidor ou ex-servidor), da
sua família, em caso de falecimento, ou mesmo de um curador, quando declarada a interdição de servidor incapaz.
Em relação ao pedido de Revisão do Processo Administrativo dispõe o Art. 174 da Lei 8.112/90:
“O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos
ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada”.
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
revisão do processo.
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.
Não é necessário ao interessado pela revisão do seu processo administrativo estar acompanhado por um advogado,
porém uma petição bem formulada por um profissional que elucide de forma mais concisa e clara, pode surtir um
efeito diverso na decisão da autoridade julgadora, vez que esse acompanhará todas diligências e inspeções, bem como
poderá requisitar perícia, se necessária, requerer a exibição de documentos, dentre outros meios instrutórios pertinentes
e fundamentais para melhor defesa do servidor.
Mas, para que seja possível a revisão, é necessário que surjam fatos novos, circunstâncias suscetíveis de justificar a
inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada, e que o interessado tenha provas dos critérios que
alegar.
Protocolado o pedido de revisão, a autoridade competente, no caso, o Ministro de Estado ou autoridade equivalente,
providenciará a constituição de uma comissão nos moldes do processo administrativo disciplinar, tendo 60 (sessenta)
dias para a conclusão dos trabalhos. Com o encerramento desses trabalhos, a autoridade julgadora terá o prazo de 20
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, para proferir a sua decisão.
Se julgado procedente o pedido do servidor, a penalidade aplicada será declarada sem efeito, tendo o servidor o direito
de perceber todos salários retroativos à aplicação da penalidade de demissão, ou mesmo na pena de suspensão.
Somando-se a questão financeira, outros direitos são restabelecidos, como exemplo, tempo de serviço
para aposentadoria, progressão na carreira com se estivesse no cargo.
Todavia, se julgado improcedente o pedido de revisão e o servidor não estiver conformado com essa decisão, poderá
ele pleitear o controle judicial da decisão mediante ação ajuizada por seu advogado, vez que o Poder Judiciário possui
a faculdade de controlar os atos administrativos, na sua legalidade, quando provocado pelo interessado. Segue os
diversos entendimentos a respeito da Revisão do Processo Administrativo Disciplinar:
Parecer Vinculante AGU Nº GQ - 28

Não há que se falar na espécie em prescrição porquanto a Lei nº 8.112/1990 diz que o processo
disciplinar poderá ser revisto a qualquer tempo quando ocorrerem os motivos elencados no caput do art. 174,
causadores do pedido revisional.

Parecer AGU Nº GQ - 133

Revisão de processo administrativo disciplinar para anular ato demissório. A revisão do processo
administrativo disciplinar tem, como pressuposto, a adução de fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada (cf. o art. 174, da Lei n°
8.112/1990). Imprestável sob todos os aspectos processos de revisão que se baseia, tão somente, em
pareceres antinômicos, sem o exame de elementos novos, ainda não apurados no processo originário.
Devolução dos processos à origem para o fim de ser instaurado novo processo revisional.

Manual Prático De Processo Administrativo Disciplinar E Sindicância Da CORREGEDORIA-


GERAL DA AGU

O julgamento pode ser alterado também por meio da revisão do processo administrativo disciplinar, que
consiste em novo processo (não possui natureza jurídica de recurso), demandando-se, para sua instauração,
requisitos específicos previstos nos arts. 174 e seguintes da Lei nº 8.112, de 1990. (p. 37 e 38)

STJ – RMS Nº 38176/SP

Está consolidado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que não é possível utilizar a via da
revisão administrativa com o fito de reabrir o prazo para impetração em prol da anulação de atos
administrativos disciplinares.

STJ – MS Nº 11441/DF

Inexistindo nos autos prova completa da deficiência mental ser contemporânea aos fatos apurados no
processo administrativo disciplinar, ou mesmo, que à época tenha se desencadeado, não há falar em direito
líquido e certo ao pedido de revisão, nos termos do artigo 174 da Lei n.º 8.112/1990.

STJ – MS Nº 8.084

“O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade
aplicada.” (artigo 174 da Lei nº 8.112/1990).

“O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente,


que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o
processo disciplinar.”(artigo 177, caput, da Lei nº 8.112/1990).

É da atribuição do Ministro de Estado ou autoridade equivalente o juízo de admissibilidade do pedido


de revisão de processo administrativo, que, se autorizar a revisão, o encaminhará ao dirigente do órgão ou
entidade onde se originou o processo disciplinar, para as providências necessárias à constituição da comissão
de revisão, cabendo o seu julgamento à autoridade que aplicou a penalidade (artigos 177 e 181 da Lei nº
8.112/1990).

Em não tendo sido aduzidos fatos novos ou qualquer outra circunstância suscetível de justificar a
inocência do punido ou a inadequação da pena aplicada, impõe-se reconhecer a legalidade do ato que
indeferiu a instauração do processo revisional. Ademais, o artigo 176 da Lei nº 8.112/1990 estabelece que
“(...) a simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer
elementos novos, ainda não apreciados no processo originário”.

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