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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
É necessário que, quando da leitura de uma obra literária, duas linguagens sejam
levadas em consideração: a língua a qual o autor escolheu para escrever e a
linguagem do texto. João Alexandre Barbosa aborda essa ideia da seguinte maneira:
É difícil “ler”, apreciar um quadro de MONDRIAN,
por exemplo, se não se conhece um pouco de que
modo esse pintor se insere na tradição da pintura
holandesa. Isso porque os primeiros quadros de
MONDRIAN são absolutamente figurativos e
dialogam com a tradição da pintura holandesa. Ele
não chegou ao abstrato sem antes passar por um
percurso enorme, que foi o aprendizado da
linguagem de um determinado tipo de arte – uma
arte bastante localizada, a arte visual holandesa
(BARBOSA, 1994, p.22).
Cosson (2006), apresenta duas estratégias de grande peso para o ensino da literatura.
Um é direcionado ao ensino fundamental, sendo considerada uma sequência mais
básica, a outra, direcionada a alunos do ensino médio é considerada uma sequência
expandida. Além dessas estratégias, o autor chama atenção para a utilização de três
técnicas, quais sejam: a oficina; o andaime; e o portfólio. A técnica da oficina se
relaciona com as atividades e os ambientes representados nos textos. Já a técnica do
andaime busca a interação dos professores com os alunos. A técnica do portfólio é
voltada às impressões e atividades dos alunos que devem ser registradas. Essas
estratégias têm por objetivo tornar o ensino literário mais dinâmico e prazeroso tanto
para alunos como professores.
Ainda de acordo com Cosson (2006, p.65), o resultado da execução dessas técnicas
é a interpretação:
(...) na escola é preciso compartilhar a interpretação
e ampliar os sentidos construídos individualmente.
A razão disso é que, por meio do compartilhamento
de suas interpretações, os leitores ganham
consciência de que são membros de uma
coletividade e de que essa coletividade fortalece e
amplia seus horizontes de leitura.
De acordo com Saraiva e Mügge (2006, p. 50), na primeira etapa, o leitor deverá estar
responder a seguinte indagação: “Como o texto diz aquilo que diz?”; na segunda
etapa, “Qual o sentido do texto?”; e, na terceira etapa, “Que diálogo há entre o texto e
o contexto estético-histórico-cultural atual e o momento da produção?”.
Castells (1999), aponta que a revolução tecnológica teve como marco inicial a
revolução industrial, e não após ela. O autor faz essa observação tendo em vista que
a linha de tempo relacionada ao desenvolvimento tecnológico se procede de forma
continua. Destaca também que o surgimento do telefone em 1876 do rádio em 1889
e da válvula a vácuo em 1906 antecederam ao surgimento das tecnologias da
informação.
É conhecido o grande impacto que a revolução industrial teve sobre toda a sociedade,
especialmente no que tange aos processos de produção. A revolução tecnológica tem
gerado impactos na mesma proporção, os mais significativos que podem ser
destacados consistem na descentralização da economia, na mudança dos
comportamentos culturais, na nova perspectiva de trabalho e na democratização na
difusão das informações. É possível de se afirmar atualmente que a tecnologia é um
elemento essencial no que diz respeito às transformações na sociedade, sendo fator
de relevância para as alterações verificadas na natureza e no comportamento humano
de maneira geral (DERTOUZOS, 1997).
Oliveira ainda trata das questões educacionais que influenciam no contexto laboral
por meio do implemento tecnológico:
Como visto, o trabalho da era digital inclui a
compreensão de um conjunto de tarefas e, além
disso, exige uma atitude de abertura a novas
aprendizagens. O computador, a Internet e as
redes são tecnologias da inteligência que, ao
expandirem a cognição humana, passam a
demandar a ampliação da base educacional, que
por sua vez também influenciará os processos de
trabalho futuro. Desse modo, estamos vivenciando
uma transformação paradigmática do trabalho, a
qual, por sua complexidade, inclui antagonismos e
complementaridades ao promover momentos de
emancipação, liberdade e sacrifícios (OLIVEIRA et
al., 2015, p. 116).
Finalmente vale destacar a influência das novas tecnologias no que diz respeito ao
dinamismo do contexto econômico-industrial, que é a principal ferramenta da
globalização da economia, fomentando à concorrência dos atores econômicos e
dando maiores oportunidades aos novos agentes que anseiam pelo crescimento e
ampliação dos projetos (CASTELLS, 1999).
De acordo com Mercado (2002, p.1), as novas tecnologias na educação, atuam como
“ferramentas instigadoras, capazes de colaborar para uma reflexão crítica, para o
desenvolvimento da pesquisa, sendo facilitadoras da aprendizagem de forma
permanente e autônoma”. A relevância dessas tecnologias fica caracterizada pela
capacidade de fomentar o raciocínio e instigar o aluno a pesar, construindo assim
seres críticos que autossuficientes. As novas tecnologias devem ser gerenciadas
pelos professores que devem adequar a metodologia de acordo com as necessidades
acadêmicas vivenciadas.
Kenski (2003, p. 52), afirma que as novas tecnologias prestam importante auxilio no
surgimento de “novas habilidades de aprendizagem, atitudes e valores pessoais e
sociais”. Para a autora, a aprendizagem ganha novos significados, deixando de ser
um processo solitário, passando a ter um caráter coletivo e participativo, incentivando
a troca de experiências e o compartilhamento de conhecimento de uma maneira
rápida e completa.
Rojo (2013, p. 9) explicita que frente às novas modalidades textuais, o processo que
antes era pautado na alfabetização gradual inicialmente mais simples e alcançando
em momento posterior uma compreensão mais complexa, é necessário “letrar para
esses novos textos que se valem de várias linguagens”. Deve ser levado em
consideração as inúmeras alterações promovidas pelo avanço tecnológico, até
mesmo no que tange às estruturas textuais. Isto é, partindo-se na linguagem verbal e
não-verbal constrói-se novas modalidades multimodais, que são influenciadas por
diversos aspectos do convívio social, e essas estruturas influenciam no gênero de
maneira direta.
Rojo afirma que essas diversas mutações ocorridas nos gêneros acabam por causar
diversos efeitos no ambiente escolar, nas salas de aula e de maneira mais especifica
no próprio docente, tendo em vista que os alunos passam a trazer para o ambiente
escolar conhecimentos prévios e experiências que antes não eram explicitadas. Assim
o educador tem o papel de filtrar essas manifestações possibilitando uma interação
coletiva de modo a compreender esses conhecimentos incentivando em cada um.
Rojo (2013, p. 21) ainda trata das mídias sociais, que tem grande capacidade de
interferir na estruturação de novos saberes e assim estabelecer uma nova geração de
leitores. O autor desta que “é urgente enfocar os multiletramentos e os novos
letramentos que circulam na vida contemporânea de nossos alunos”.
BORDINI, Maria da Glória. AGUIAR, Vera Teixeira de. Formação do leitor. In:
Literatura – a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2 ed. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1993, p. 9 -17.
CADEMARTORI, Ligia. O que é literatura infantil. 3. ed. São Paulo, S.P.: Editora
Brasiliense S.A., 1987.
GERALDI, João Wanderley (Org). O texto na sala de aula. 4.ed. São Paulo: Ática,
2004.