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INSTRUÇÕES PARA SENTENÇA CÍVEL1

PASSO A PASSO

1. INTRODUÇÃO:

Após ler o enunciado da prova de sentença cível, o candidato deve identificar:

 Qual o pedido do autor?


 Há alguma tutela de urgência (cautelar ou tutela antecipada)?
 Há pedido de concessão de benefício de gratuidade de justiça?
 Quais as defesas apresentadas pelo réu?

a) Há alguma preliminar?
b) Há alguma prejudicial de mérito?
c) Há algum pedido relativo à intervenção de terceiros?
d) Há algum pedido formulado pelo réu (reconvenção ou pedido
contraposto)?

 Quais as provas produzidas ou requeridas? Houve instrução?


 Há algum incidente pendente de resolução (ex: desconsideração da
personalidade jurídica, art. 133 e seguintes, do CPC)?
 Há alguma matéria de ofício a ser conhecida (inexistência ou nulidade da
citação, incompetência absoluta, inépcia da inicial, perempção,
litispendência, coisa julgada, conexão, incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização, impossibilidade jurídica do pedido,

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Material elaborado pelos professores Fabiana Perillo (Ex-Juíza de Direito Substituta do TJDFT) e Jaylton Lopes
Jr. (Juiz de Direito Substituto do TJDFT).

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ilegitimidade ad causam, ausência de interesse de agir, falta de caução
exigida por lei, etc.)?
 Quem tem razão?
 Dispositivo:

a) É caso do art. 485 (sentença sem resolução de mérito) ou do art.


487 (sentença com resolução de mérito) do CPC?
b) Na hipótese do art. 487 do CPC, qual é o provimento jurisdicional
(condenatório, declaratório, (des)constitutivo ou mandamental)?
c) Qual o regime dos juros e da correção monetária no caso de
sentença condenatória?
d) Qual o regime dos honorários (art. 85, § 2º; 85, § 3º; 85, § 8º; 85, §
9º; art. 86 do CPC)?
e) O sucumbente é beneficiário da gratuidade de justiça? ATENÇÃO:
mesmo os beneficiários da gratuidade de justiça devem ser
condenados ao pagamento da verba de sucumbência (art. 12 da Lei
1.060/1950 e art. 98 do CPC).
f) É caso de reexame necessário (art. 496 do CPC)?
g) O que fazer com a tutela provisória? Confirmar?
h) Há alguma providência especial a ser tomada?

2. LINGUAGEM DA SENTENÇA:

A sentença deve ser clara e compreensível. Assim, ao linguagem deve ter as


seguintes características:

a) Direta, formal e técnica;


b) Pode ser redigida em primeira ou terceira pessoa do singular.
Jamais usar a primeira pessoa do plural;
c) Evitar: “acho que, penso, na minha opinião, salvo melhor juízo”;
d) Indicar todos os dispositivos constitucionais e legais possíveis. Não
se deve transcrevê-los.

3. RELATÓRIO:
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Em diversas provas de sentença, a banca examinadora dispensa o relatório, devendo
o candidato iniciar a resposta da seguinte forma: “É o relatório. Fundamento e decido”; ou
“É o breve relato do necessário. Passo a fundamentar e a decidir”.
Caso o relatório não seja dispensado, seguem algumas observações:

a) Não redija ementa na sentença (a ementa é típica de acórdão);


b) O relatório deve conter o nome das partes, resumo do pedido e da
resposta do réu e registro das principais ocorrências havidas no
transcurso do processo (Art. 489, I, do CPC);

Vejamos a construção do relatório:

1º Parágrafo: identificação das partes.

Cuida-se de ação XXX ajuizada por YYYY em face de (ou contra) ZZZ, partes
qualificadas nos autos (...).

2 o. Parágrafo: fundamentos de fato e de direito trazidos pelo autor, bem como seu
pedido final:

Na petição inicial, o autor sustenta, em síntese, que (...). Ao final, postula a


condenação do réu ao pagamento de (...).

3 º Parágrafo: documentos e guia de recolhimento de custas.

Houve recolhimento de custas e a petição inicial veio acompanhada dos documentos


de fls.

4 o Parágrafo: Se houver pedido de antecipação dos efeitos da tutela, deve-se mencionar a


respectiva decisão.

O pedido de antecipação dos efeitos da tutela foi (in)deferido por decisão de fls.”

No caso de existir agravo de instrumento contra tal decisão, deve-se mencioná-lo.

Contra essa decisão, foi interposto agravo de instrumento, o qual foi (des)provido
por acórdão de fls.
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5 o Parágrafo: citação, audiência de conciliação/mediação, resposta e documentos.

Citado, o réu compareceu à audiência de conciliação/mediação, não tendo havido


transação. No prazo legal, o réu apresentou contestação e documentos às fls.,
alegando, preliminarmente, (...). No mérito, (...).

6 o Parágrafo: eventual incidente ou réplica (se houver).

O réu apresentou reconvenção (ou denunciação da lide) (...)


O autor apresentou réplica às fls.

7 o Parágrafo: fase de especificação de provas.

Instadas à especificação de provas, as partes postularam (...).


Por decisão de fl., foi deferida a produção de prova oral.
Em audiência de instrução, foram ouvidas as pessoas X, Y e Z e as partes
apresentaram memoriais às fls.

É possível que o examinador narre o pedido de produção de provas de uma das partes
e, em seguida, indique a conclusão dos autos. Nesse caso, o candidato deverá apreciar o
pedido de prova para rejeitá-lo (CPC, art. 370) e julgar antecipadamente o pedido (CPC, art.
355). Isso deverá ser feito no início da fundamentação.

8 o Parágrafo: finalização.

É o relatório. Passo a fundamentar e a decidir.

Observações:

a) Evite relatórios extensos. Não há necessidade de indicar o conteúdo


da prova testemunhal produzida em audiência, bastando indicar as
pessoas que foram ouvidas;
b) Se, no enunciado, não houver indicação de que houve prova em
audiência, será caso de julgamento antecipado do mérito (CPC, art.
355), o que deverá ser abordado no início da fundamentação.

4. FUNDAMENTAÇÃO:

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Ao ler o enunciado da prova, deve o candidato identificar as questões jurídicas e os
seus respectivos fundamentos. Após, deve abordar as questões na seguinte ordem:

5.1. Julgamento simultâneo de ações:

Se houver mais de um processo, deve-se justificar o julgamento simultâneo. Será


caso de conexão ou continência. Seguem os fundamentos: art. 55, § 1º, do CPC (conexão);
art. 57 do CPC (continência), art. 55, § 3º, do CPC (possibilidade de decisões contraditórias
ou relação de prejudicialidade); art. 685 do CPC (oposição); economia e celeridade
processual; objetivo de evitar decisões conflitantes, mantendo a higidez e a credibilidade do
Poder Judiciário; instrumentalidade das formas - CPC, art. 277.
No caso de reconvenção ou de denunciação da lide, não há necessidade de
fundamentar o julgamento simultâneo, pois só pode haver uma sentença nessas hipóteses.

Os processos serão julgados simultaneamente. Com efeito, no caso, opera-se a


conexão, nos termos do art. 55 do CPC. Considerando os princípios da
instrumentalidade (CPC, art. 277), da celeridade e da economia processual, o
julgamento simultâneo é medida de rigor. Ademais, nesses casos, evita-se a
prolação de eventuais decisões conflitantes em prestígio ao Poder Judiciário,
conforme orientação do art. § 1º (ou 3º) do art. 55 do CPC.

5.2. Julgamento antecipado do mérito, caso o enunciado não indique que houve
produção de prova (CPC, art. 355):

Vale a pena o candidato memorizar um parágrafo para a promoção do julgamento


antecipado do mérito. É bom indicar os seguintes fundamentos: (a) aplicação do art. 355 do
CPC; (b) ausência de cerceamento de defesa; (c) juiz como o destinatário da prova; (d)
julgamento antecipado da lide como obrigação do magistrado, e não faculdade.

Promovo o julgamento antecipado do mérito com fundamento no art. 355, I, do


Código de Processo Civil. O magistrado é o destinatário das provas, cabendo-lhe,
portanto, indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias (CPC, art.
370). No caso, não há necessidade de produção de prova oral, já que os
documentos acostados aos autos são suficientes à formação da convicção do juízo
quanto aos fatos. Nesse contexto, não há falar em cerceamento de defesa. Ao
contrário, preenchidas as suas condições, a providência de julgamento antecipado
do mérito é medida imposta por lei ao julgador em prol da razoável duração do
processo (CF, art. 5o, LXXVIII; CPC, art. 139, II).
Passo ao exame das preliminares.

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É caso de julgamento antecipado do mérito nos termos do artigo 355, I, do Código
de Processo Civil. Com efeito, noto que a questão é eminentemente de direito e, no
que se refere aos fatos, já estão devidamente comprovados nos autos com os
documentos que foram juntados pelas partes.
Passo ao exame das preliminares.

5.3. PRELIMINARES (CPC, art. 337).

Ao ler o enunciado da questão, não é possível saber quais os quesitos de avaliação do


examinador. Em outras palavras, não é possível saber o que o examinador está esperando do
candidato. Daí, portanto, a necessidade de se estabelecer uma estratégia para o enfrentamento
das preliminares.
A estratégia vai depender do tipo de preliminar arguida pelo réu. Vejamos os pontos
a serem abordados pelo candidato, conforme o tipo de preliminar:

“LEGITIMIDADE E INTERESSE DE DEMAIS DO ART. 337, CPC


AGIR”
 Conceito;
 Analisa a preliminar/conceito  Adequação;
(condição da ação);  REJEITO
 Adequação;
 Teoria da asserção (para condição
da ação);
 Confusão com o mérito;
 REJEITO.

A expressão “condições da ação”, desenvolvida por Liebman na teoria eclética do


direito de ação e prevista no CPC-73, não foi mantida no CPC-2015. A despeito da discussão
doutrinária acerca do tema, o ideal é evitar utilizar essa terminologia (“condições da ação”).
Sugere-se, assim, tratá-las como pressupostos de validade ou requisitos de admissibilidade da
demanda.
Acerca da legitimidade e do interesse de agir, é importante ter em mente duas
posições doutrinárias:

a) Posição clássica: a legitimidade e o interesse de agir devem estar


presentes do início ao fim do processo. Se faltou uma condição da
ação ao final do processo, aplica-se o 485 CPC.

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b) Posição moderna: Teoria da Asserção / Apresentação – a
profundidade da cognição altera o reconhecimento de eventual
ausência de legitimidade ou interesse de agir.

Usa-se o verbo REJEITAR ou ACOLHER na primeira pessoa. Vejamos o exemplo:

Alega o réu, preliminarmente, sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da


demanda. Sem razão, contudo. A legitimidade para a causa é a pertinência
subjetiva para a demanda. No caso em tela, tendo em vista que a relação jurídica de
direito material fora estabelecida entre autor e réu, tendo sido imputada a este a
prática de ato ilícito e inadimplemento contratual, deve o mesmo figurar no polo
passivo. À luz da teoria da asserção, a legitimidade e o interesse de agir devem ser
aferidos a partir de uma análise abstrata dos fatos narrados na inicial, como se
verdadeiros fossem. Ademais, saber se o réu praticou ou não ato ilícito é questão
que também diz respeito ao mérito, e que será devidamente examinado no momento
oportuno. Assim sendo, REJEITO a preliminar arguida.

Se o réu alegar alguma questão, como preliminar, que não se encontra no rol do art.
337 do CPC, não se pode considerá-la, tecnicamente, como preliminar. Nesse caso, o
afastamento da “preliminar” deverá ser feito da seguinte forma:

Aduz o réu, como preliminar, (...). Contudo, de questão preliminar não se trata, por
ser tema estranho ao rol do art. 337 do CPC. Em verdade, a questão confunde-se
totalmente com o mérito da demanda, a ser apreciado em momento oportuno. Assim
sendo, NÃO CONHEÇO da questão como preliminar, pois será examinada como
questão de mérito.

Após rejeitar as preliminares (ou não conhecê-las), deve-se construir um pequeno


parágrafo para indicar o avanço para as questões que resolvem o mérito. Vejamos:

Presentes os pressupostos processuais e os requisitos de admissibilidade da


demanda e não havendo outras questões processuais pendentes, passo ao exame do
mérito.

4. QUESTÕES QUE RESOLVEM O MÉRITO:

4.1. PREJUDICIAL DE MÉRITO:

Enquanto as questões preliminares impendem a análise do mérito, as questões


prejudiciais apenas modificam a sua forma de ser. Porém, em relação às questões prejudiciais,
haverá resolução do mérito. É o que ocorre, por exemplo, com a prescrição e decadência, a
despeito de entendimentos em sentido contrário.

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Usa-se, aqui também, o verbo ACOLHER ou REJEITAR.
Há também questões prejudiciais de natureza processual, como, por exemplo, o
pedido de suspensão do curso do processo (CPC, art. 313); pedido de intervenção de terceiro
(na prova, não será possível o seu acolhimento 2); incidentes; alegação de nulidades (CPC, art.
277).

4.2. MÉRITO PROPRIAMENTE DITO:

É nesse momento que o juiz examinará os fundamentos de fato e de direito


suscitados pelo autor e pelo réu.
Vejamos a estruturação do mérito:

 Síntese da controvérsia jurídica, indicando os diplomas legais à luz dos


quais a questão será dirimida:

A questão posta nos autos diz respeito à suposta recusa do plano de saúde mantido
pela requerida em autorizar cirurgia de urgência prescrita ao autor. A relação
jurídica estabelecida entre as partes é de natureza consumerista, tendo em vista que
a parte requerida é fornecedora de serviço cuja destinatária final é a parte
requerente. Dessa feita, a controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do
sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/90), protetor da parte vulnerável da relação de consumo).

 Síntese do que irá concluir:

Com razão o autor.


Sem razão o autor.
Parcial razão assiste ao autor

 Análise dos fatos alegados e das provas produzidas no processo: Muita


atenção deve ser dada aos artigos 341 (ônus da impugnação específica dos
fatos), 373 (distribuição do ônus da prova) e 374 (fatos que independem de
prova) do CPC.

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No caso de o réu, por exemplo, requerer a suspensão do processo e a intervenção de terceiro e tais pedidos
ainda não tiverem sido analisados, o seu exame poderá se dar, também, logo no início da sentença, antes
mesmo da promoção do julgamento antecipado da lide (quando for o caso) e da análise das preliminares. Isso
porque tratam-se de pedidos ainda pendentes de análise e, caso, em tese, sejam deferidos, não haverá
sentença, mas sim a conversão do julgamento em diligência para o regular processamento da demanda
secundária ou suspensão do processo, obstando, assim, a prolação da sentença.
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 Análise dos institutos jurídicos relacionados: Sempre que possível, deve ser
atribuído o conceito ao instituto jurídico objeto da análise. Nesse momento, ao
reconhecer a aplicabilidade ou inaplicabilidade de determinado instituto
jurídico ao caso em análise, deve o candidato fundamentar sua decisão na CF,
leis, jurisprudência e doutrina (quando possível).

A responsabilidade civil possui previsão constitucional (art. 5º, V e X, da CRFB/88).


Encontra-se assentada, ainda, em uma tríade normativa (artigos 186, 187 e 927 do
CC). No caso dos autos, os requisitos da responsabilidade civil estão presentes,
quais sejam: conduta do réu; dano causado ao autor e nexo de causalidade. Isso
porque o réu vendeu produto com prazo de validade expirado, causando ao autor,
conforme demonstrado pela perícia de fl., os danos apontados. Registre-se,
ademais, que a responsabilidade dos fornecedores de produtos e serviços é objetiva,
à luz dos artigos 12 e 14, ambos do CDC.

 Análise de cada pedido do autor: À luz do princípio da congruência, o juiz


deve analisar cada um dos pedidos do autor, rebatendo todas as alegações e
provas trazidas pela parte derrotada capazes de infirmar a sua conclusão, nos
termos do art. 489, § 1º, IV, do CPC. Trata-se, portanto, de um complemento à
análise dos institutos jurídicos gerais aplicáveis ao caso (item anterior). Essa
divisão (análise dos fundamentos jurídicos gerais e análise de cada pedido) é
muito comum nos casos de responsabilidade civil. O candidato, portanto,
poderá discorrer sobre o sistema de responsabilidade civil, afastar as teses
defensivas no que diz respeito à responsabilidade civil e, após, analisar cada
pedido específico do autor (Ex.: dano material, dano moral, dano estético),
quantificando-os na fundamental, quando for o caso.

 Tutela Provisória: Se a tutela provisória já tiver sido deferida no curso do


processo, antes da prolação da sentença, ela deverá ser confirmada na sentença,
caso o dispositivo seja no mesmo sentido. De igual forma, em sendo necessária
a sua revogação (Ex.: os pedidos, ao final, foram julgados improcedentes),
deverá o juiz revogá-la no dispositivo da sentença. Se o pedido de tutela
provisória ainda não tiver sido apreciado, o juiz deverá examiná-lo na
sentença. E tal exame será realizado na fundamentação, após a análise do
mérito, cabendo ao julgador expor os argumentos que indicam ou não a
presença dos requisitos do art. 300 do CPC (tutela de urgência) ou do art. 311
do CPC (tutela de evidência).

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5. DISPOSITIVO:

O dispositivo da sentença é extremamente importante para fins de pontuação na


prova. O candidato deverá:

a) Verificar se a hipótese insere-se no art. 485 do CPC (julgamento


sem resolução de mérito) ou no art. 487 do CPC (julgamento com
resolução do mérito). Deve-se indicar tais artigos na prova;
b) Identificar qual será o provimento jurisdicional, conforme o pedido
formulado. Provimento condenatório, declaratório,
(des)constitutivo ou mandamental?
c) Exemplos de dispositivo:

1º) Total procedência do pedido:

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE (OU ACOLHO) o pedido formulado por


Fulano de Tal, resolvendo o mérito nos termos do art. 487, I, do CPC, para: (a)
condenar/declarar/decretar/determinar....; (b) ...
+ fixação dos honorários
+providências especiais se for o caso (ex.: oficie-se...)
+ art. 523, § 1º. do CPC.
+ arquivamento dos autos
+ PRI

2º) Parcial procedência do pedido:

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE (OU ACOLHO, EM


PARTE) o pedido formulado por Fulano de Tal, resolvendo o mérito nos termos do
art. 487, I, do CPC, para: (a) condenar/declarar/decretar/determinar....
+ fixação dos honorários
+providências especiais se for o caso (ex.: oficie-se...)
+ art. 523, § 1º, do CPC
+ arquivamento dos autos
+ PRI

3º) Improcedência do pedido:

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado por Fulano de Tal,


resolvendo o mérito nos termos do art. 487, I, do CPC.
+ fixação dos honorários
+providências especiais se for o caso (ex.: oficie-se...)
+ art. 523, § 1º, do CPC – em razão da condenação em honorários
+ arquivamento dos autos
+ PRI

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6. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA (NO CASO DE SENTENÇA
CONDENATÓRIA – OBRIGAÇÃO DE PAGAR):

Questão tormentosa em provas de concurso é a referente aos juros de mora e


correção monetária, sobretudo no que diz respeito aos respectivos índices.
Inicialmente, é importante ter em mente os marcos iniciais de incidência dos juros
moratórios e correção monetária. Vejamos:

JUROS DE MORA

RESPONSABILIDADE TERMO FUNDAMENTO PERCENTUAL


INICIAL
Antes do CC = 0,5%, a.m
CONTRATUAL Citação Art. 405, do CC
Após o CC = 1%, a.m
Art. 398, CC
EXTRACONTRATUAL Prejuízo Idem
Súmula 54, STJ

ATENÇÃO: Tratando-se de dívidas positivas e líquidas (ex.: ação monitória de nota


promissória prescrita, onde o vencimento da dívida consta no título), juros de mora e a
correção monetária deverão fluir a partir do vencimento, conforme art. 397, CC e
entendimento do STJ.

CORREÇÃO MONETÁRIA

RESPONSABILIDADE TERMO INICIAL FUNDAMENTO PERCENTUAL


Data da configuração da
CONTRATUAL mora (quando há termo para Art. 389, CC INPC
vencimento) ou data da
propositura da ação (quando
não houver termo para
vencimento
Data do fato Súmula 43, STJ Idem

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EXTRACONTRATUAL
DANO MORAL Arbitramento Súmula 362, STJ Idem
ALIMENTOS Data do vencimento da Jurisp. STJ Idem
parcela

6.1. TAXA SELIC:

Embora a utilização dos índices mencionados nas tabelas acima seja mais segura, na
prática, o STJ vem adotando a taxa SELIC como índice de atualização das condenações. O
grande problema de se aplicar a taxa SELIC aos juros de mora está no fato de que na referida
taxa já está embutida a correção monetária. Logo, não se poderia, em tese, cumular qualquer
outro índice, sob pena de bis in idem.
Acerca do entendimento do STJ, confira-se:

EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL


CIVIL. OMISSÃO. ACOLHIMENTO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
RESTITUIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS POR
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Os
embargos de declaração são cabíveis quando o provimento jurisdicional padece de
omissão, contradição ou obscuridade, bem como quando há erro material a ser
sanado. 2. Os valores a serem restituídos pelo banco serão acrescidos de juros
remuneratórios de 1% ao mês, corrigidos monetariamente pelo INPC, mais juros de
mora de 0,5% ao mês desde a citação e, após a vigência do novo Código Civil, da
taxa Selic, índice comum de juros moratórios e correção monetária, na forma do art.
406 do CC. 3. Embargos de declaração acolhidos com efeitos infringentes. (EDcl no
AgRg no Ag 1316058/GO, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 16/09/2013).

Destarte, deve o candidato ter prudência quando da fixação dos juros e correção
monetária, preocupando-se mais com o acerto do seu termo inicial de incidência do que,
propriamente, com o índice a ser utilizado. Isso porque não são todos os tribunais que
preveem, em seus sistemas de atualização monetária, a taxa SELIC para os juros e correção
monetária. Muitos acabam prevendo índices diversos, como os especificados nas tabelas
acima (juros de mora de 1% a.m e correção monetária pelo INPC).
Sobre a aplicação da taxa SELIC, vale a leitura do voto do Ministro João Otávio de
Noronha, no REsp 776.698 – SP.
O grande problema da aplicação da taxa SELIC refere-se aos casos em que os juros
de mora e a correção monetária têm seus marcos iniciais em períodos diversos (ex.: dano
moral decorrente de relação contratual: juros de mora da citação e correção monetária do
arbitramento).

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Objetivando corrigir eventuais problemas decorrentes da aplicação indiscriminada da
taxa SELIC, sugere-se o seguinte quadro:

a) Juros de mora e correção monetária com termo inicial na


mesma data: aplica-se a taxa SELIC;
b) Juros de mora com termo inicial em data anterior à correção
monetária: o cálculo será realizado a base de 1% ao mês até a data
do início de incidência da correção monetária, a partir da qual os
juros e a correção monetária serão calculados pela taxa SELIC;
c) Correção monetária com termo inicial em data anterior aos
juros de mora: será calculada pelo INPC até a data do início de
incidência dos juros de mora, a partir da qual a correção monetária
e os juros serão calculados pela taxa SELIC.

Perceba, assim, que a taxa Selic somente pode ser aplicada no período e que
incidirão os juros moratórios e a correção monetária.
Segue abaixo modelo de construção do dispositivo contendo a aplicação dos juros de
mora e correção monetária com termos iniciais diversos.

Diante do exposto, ACOLHO, em parte, os pedidos formulados por Fulano de Tal,


resolvendo o mérito nos termos do art. 487, I, do CPC, para CONDENAR o réu
Sicrano de Tal ao pagamento de compensação financeira ao autor, a título de danos
morais, no valor de R$ 8.000,00, incidindo-se juros de mora contar da data da
inserção nos cadastros de proteção ao crédito (art. 398 do CC e súmula 54 do STJ),
bem como correção monetária, a contar desta data (súmula 362 do STJ). Os juros
de mora serão calculados a base de 1% a.m, até a presente data, a partir da qual
deverá ser aplicada a taxa SELIC, que, por sua vez, abrange os juros e a correção
monetária, conforme precedentes do STJ.

A Lei nº 6.899/81, que disciplina a aplicação da correção monetária nos débitos


oriundos de decisão judicial e dá outras providências, estabelece que:

Art 1º - A correção monetária incide sobre qualquer débito resultante de decisão


judicial, inclusive sobre custas e honorários advocatícios.
§ 1º - Nas execuções de títulos de dívida líquida e certa, a correção será calculada a
contar do respectivo vencimento.
§ 2º - Nos demais casos, o cálculo far-se-á a partir do ajuizamento da ação.
Art 2º - O Poder Executivo, no prazo de 60 (sessenta) dias, regulamentará a forma
pela qual será efetuado o cálculo da correção monetária.
Art 3º - O disposto nesta Lei aplica-se a todas as causas pendentes de julgamento.
Art 4º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art 5º - Revogam-se as disposições em contrário.

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Não obstante, os tribunais, tendo em vista o objetivo da correção monetária, tem
considerado a data do efetivo prejuízo (ex.: desembolso) como termo inicial da correção.
Nesse sentido:

Esta Corte tem entendimento de que, "em caso de rescisão de contrato de compra e
venda de imóvel, a correção monetária das parcelas pagas, para efeitos de
restituição, incide a partir de cada desembolso" (REsp 1305780/RJ, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 4/4/2013, DJe
17/4/2013).

A questão referente aos juros e à correção deve constar apenas do dispositivo, salvo
se for objeto de controvérsia ou pedido específico das partes.

7. SUCUMBÊNCIA :

Nos termos do art. 85, caput, do CPC, “A sentença condenará o vencido a pagar
honorários ao advogado do vencedor”.
Nesse sentido, o próprio código estabelece parâmetros ao juiz para a fixação dos
honorários advocatícios. A questão pode ser sistematizada da seguinte forma:

a) Provimento condenatório (obrigação de pagar): 10 a 20% do


valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC, art.
85, § 2o);
b) Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito
econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo:
o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa (art.
85, § 8º, do NCPC). É muito comum nas ações declaratórias e
(des)constitutivas;
c) Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa: o
percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações
vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas (art. 85, § 9º,
do NCPC);
d) Nas causas em que a Fazenda Pública for parte: a
fixação deverá observar os parâmetros do § 3º do art. 85 do NCPC;

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Se a sucumbência for reciproca, aplica-se o art. 86 do CPC (“Se cada litigante for,
em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas”).
Se a sucumbência de uma parte for mínima, aplica-se o parágrafo único do art. 86 do CPC
(“Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas
despesas e pelos honorários”).
ATENÇÃO: Nos termos do art. 85, § 14, do CPC, é vedada a compensação dos
honorários em caso de sucumbência parcial. Logo, a súmula 306 do STJ está superada.
Quando da fixação dos honorários, nos casos de sucumbência recíproca, caberá ao
candidato verificar se a sucumbência recíproca é equivalente ou não equivalente. Será
equivalente quando as partes sucumbirem na mesma proporção. Nesse caso, ambas serão
condenadas ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como honorários
advocatícios, na proporção de 50% para cada. Se a sucumbência recíproca for não
equivalente, ambas as partes serão condenadas, porém o percentual deverá ser estabelecido
conforme o grau de sucumbimento (ex.: 30% para o autor e 70% para o réu).
Havendo litisconsórcio, deve ser observada a regra do art. 87 do CPC, in verbis:

Art. 87. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem


proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários.
§ 1o A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a
responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput.
§ 2o Se a distribuição de que trata o § 1o não for feita, os vencidos responderão
solidariamente pelas despesas e pelos honorários.

Vejamos um modelo de sucumbência recíproca e não equivalente:

Tendo em vista a sucumbência recíproca e não equivalente, condeno as partes ao


pagamento das custas e despesas processuais, bem como honorários advocatícios
em 10% sobre o valor total da condenação, nos termos do art. 85, § 2º, do CPC, na
proporção de 25% para o autor e 75% para o réu, nos termos do art. 86, “caput”,
do CPC.

ATENÇÃO: No caso de gratuidade de justiça (Lei 1.060/1950 e art. 98 do CPC), o


beneficiário que foi sucumbente será condenado ao pagamento das despesas processuais e dos
honorários advocatícios. Nesse caso, deve-se fazer uma ressalva quanto ao disposto no art. 12
da Lei 1.060/1950 e art. 98, §§ 2º e 3º, do CPC).

Em face do princípio da sucumbência, condeno Fulano de Tal ao pagamento das


custas e despesas processuais, bem como honorários advocatícios em 10% do valor
da condenação, nos termos do art. 85, § 2º, do CPC, observando-se, entretanto, o
disposto nos artigos 12 da Lei 1.060/1950 e. 98, § 3º, do CPC.

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8. ARTIGO 523, § 1º, DO CPC:

Quando houver condenação (obrigação de pagar), deve-se acrescentar um parágrafo,


após a fixação dos honorários advocatícios, para abordar a questão relativa ao art. 523, § 1º.

Após o trânsito em julgado, havendo requerimento, intime-se o réu, na pessoa de


seu advogado, para cumprir voluntariamente a obrigação no prazo de 15 (quinze)
dias, sob pena de multa de 10% sobre o débito, nos termos do artigo 523, § 1º, do
CPC.
Após, não havendo outros requerimentos, dê-se baixa e arquivem-se os autos.
Registre-se. Publique-se. Intimem-se.
Local, data.
Juiz de Direito Substituto.

Outra forma, mais simples, de elaboração do texto é a seguinte:

Sentença sujeita ao regime do artigo 523, § 1º, do CPC.


Após o trânsito em julgado, não havendo requerimentos, dê-se baixa e arquivem-se
os autos.
Registre-se. Publique-se. Intimem-se.
Local, data.
Juiz de Direito Substituto”.

Bons estudos!

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