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CLAUDINEI SANTOS SISNER


FABIANA REGINA BORELLI
LUIZ CECÍLIO BOLOGNESE
LUCAS GARCIA
WAYNER SUSSUMU HASHIMOTO

A EDUCAÇÃO FISCAL COMO FORMA DE APROXIMAÇÃO DO


CIDADÃO COM O FISCO E CONSEQÜENTE PARTICIPAÇÃO
NO ACOMPANHAMENTO DA APLICAÇÃO DOS
RECURSOS PÚBLICOS

Monografia apresentada ao curso de Pós-


Graduação em Gestão e Planejamento Tributário
da Fundação Getúlio Vargas – ISAE/FGV, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista.

Orientador: Profª. Denise Basgal


2

LONDRINA
2004

“Ensinar a todos porque o homem tem


necessidade de se educar para se tornar
homem.”
Comenius
3

RESUMO

No presente projeto, aliado a uma exposição acerca do significado do tributo ao


Estado e à sociedade, da evolução do sistema constitucional tributário e das
garantias asseguradas aos contribuintes, é defendida a tese de que ainda existe a
necessidade de um aprimoramento nos mecanismos de arrecadação e de combate
à sonegação fiscal, pois, não obstante o poder coercitivo do Estado de exigir tributos
em favor de toda a sociedade e o dever desta em participar e controlar a atividade
estatal, tem-se que ambos os aspectos da relação tributária demonstram-se
passíveis de um aperfeiçoamento, cujo objetivo é uma proposta de elaboração e
instituição de um programa de Educação Fiscal ao Estado e aos cidadãos
contribuintes.

PALAVRAS CHAVES

Educação Fiscal, Tributos, Participação Popular, Cidadania, Democracia,


Controle e Fiscalização
4

ABSTRACT

In the presente project, allied with a exposure about the meaning of the tribute of the
State and the society, of the evolution of the constitutional system tributary and the
guarantees assured to the contributors, is defended the thesis of that still there is the
necessity of an improvement in the mechanisms of tax revenue and tax evasion
combact, therefore, not obstante the coercitive power of the State of demanding
tributes in favor of all the society and to have of this in participating and controlling
the state activity, has if that both aspects of the relation tax demonstrate if passíveis
of a perfectioning, whose objective is a proposal of elaboration and institution of a
program of Fiscal Education the State and the citizens contributors.

KEY WORDS

Fiscal Education, Tributes, Popular Participation, Citizenship, Democracy, Control


and Fiscalization
5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................7
1.1 JUSTIFICATIVA..................................................................................................9
1.2 OBJETIVOS.....................................................................................................10
1.2.1 Objetivo Geral.......................................................................................10
1.2.2 Objetivos Específicos............................................................................10
1.3 METODOLOGIA...............................................................................................11
1.4 ORGANIZAÇÃO EM ESTUDO............................................................................12
1.4.1 Apresentação........................................................................................12
1.4.2 Histórico da Cidade de Londrina...........................................................14
1.4.3 Estatísticas............................................................................................17
1.4.4 Pressupostos Filosóficos......................................................................23
1.4.5 Estrutura................................................................................................24
1.4.6 Funções dos Órgãos Municipais...........................................................26
2 A ESTRUTURA SÓCIO-ECONÔMICA FISCAL E TRIBUTÁRIA......................32
2.1 TRIBUTO.........................................................................................................32
2.2 A HISTÓRIA DO TRIBUTO NO BRASIL...............................................................34
2.3 A FUNÇÃO DO TRIBUTO NA SOCIEDADE...........................................................39
2.4 A IMAGEM DO TRIBUTO NO BRASIL..................................................................41
2.5 A FUNÇÃO SOCIOECONÔMICA DO TRIBUTO......................................................45
3 O DESENVOLVIMENTO DA RECEITA MUNICIPAL E A BUSCA DA
CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO...........................................................49
3.1 DIVISIBILIDADE DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS.....................................................54
3.2.1 Divisão indireta......................................................................................55
3.2.2 Repartição direta...................................................................................56
3.2 POLÍTICA DE INCREMENTO DA RECEITA TRIBUTÁRIA.........................................57
4 O CONCEITO DE CIDADÃO E CIDADANIA E A FORMA EFETIVA DE
FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DA APLICAÇÃO DE RECURSOS................59
4.1 APLICAÇÃO DE RECURSOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................59
4.2 A CIDADANIA NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO....................................................62
4.3 OS GASTOS PÚBLICOS E O CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DA ARRECADAÇÃO.....66
5 SENSIBILIZAR E EDUCAR OS CIDADÃOS, VISANDO MINIMIZAR AS
CAUSAS DO NÃO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA............70

6. PROPOSTAS DE AÇÕES PARA ORIENTAÇÃO À POPULAÇÃO..................79

7. CONCLUSÃO ..........................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

BIBLIOGRAFIA.................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

ANEXO............................................................................................................................
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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1 – Prefeitos Municipais de Londrina (1934-2004)........................................11


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1 INTRODUÇÃO

O modelo de organização pública tem hoje que se adaptar às

necessidades impostas por mudanças no ambiente sócio político. Inicia-se o

processo de democracia participativa, incentivada por leis recentemente aprovadas

e pela insatisfação geral da sociedade.

Essa característica deu um novo entusiasmo à administração pública

que leva a sociedade e lideranças políticas a valorizarem ainda mais a participação

no processo democrático. Atualmente, reconhece-se a necessidade de implantação

de mecanismos que propiciem a participação da sociedade e sua colaboração com a

gestão da coisa pública.

Diante deste contexto, surgem diversas manifestações e

mecanismos com vistas a suprir tal necessidade: a implantação do Orçamento

Participativo, audiências públicas, transparência na prestação de contas, entre

outros. Muitos deles advindos da Lei de Responsabilidade Fiscal, fazem com que a

população possa se aproximar da administração de sua cidade, estado e até mesmo

do país como um todo.

Os meios de comunicação são hoje ferramentas fundamentais na

disseminação dessa cultura participativa na sociedade, a partir do momento que

fomenta informações a todo o canto do país.


8

Nesse sentido surge a proposta de implementação de um Programa

de Educação Fiscal para o município de Londrina. Programa este que seria de

responsabilidade da Prefeitura, a quem caberia organizá-lo e desenvolvê-lo, afim

de se atingir a sociedade como um todo.

Tendo em vista que o principal recurso arrecadatório do município

advém do tributo, este seria o foco do programa, onde as propostas se concentram

em alternativas de conscientização do contribuinte no que se refere ao pagamento

do tributo, bem como em relação à função do Estado em administrar tal

arrecadação.

Este projeto apresenta a função sócio-econômica fiscal, em especial

o tributo, a forma como se desenvolve a receita do município, o papel do cidadão

nessa perspectiva, as causas e conseqüências da sonegação fiscal e finaliza com

uma proposta de implantação do Programa de Educação Fiscal para o município de

Londrina.

A Educação Fiscal tem como principal objetivo a formação de a

consciência do papel de cidadão na criança, no jovem e no adulto, no Ensino

Fundamental e Médio, familiarizando-os com os conceitos de sociedade, Estado,

cidadania, tributos e sua função social, direitos e deveres do cidadão, inclusive com

cartilhas de orientação pedagógica, palestras, vídeos, etc.

Busca-se através do presente trabalho, apresentar uma proposta de

aproximação das relações entre o Fisco e o cidadão, que objetiva esclarecer aos
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contribuintes e a sociedade em geral acerca das funções estatais, combatendo a

evasão fiscal e sensibilizando-os sobre o papel do Estado e as obrigações e direitos

do cidadão.

Pretende-se, a alta administração da Prefeitura no sentido de que o

programa seja adotado a médio e longo prazo, buscando a concepção de uma

sociedade mais esclarecida e participativa para o município de Londrina.

1.1 Justificativa

A inserção dos valores acerca da Educação Fiscal e o alcance de

um grau de consciência de tributação da população começam na família e tem

continuidade na escola e na sociedade em geral. Para tanto, o poder arrecadatório

da máquina estatal deve ser traduzido em uma relação amistosa, demonstrando a

toda a população os benefícios do Estado equilibrado, os quais devem ser revertidos

em prol da população.

Mas não bastam apenas ações pedagógicas junto à população em

idade escolar. É necessário que se faça uma abordagem mais ampla e incisiva, com

maior impacto junto a toda a população.

A contribuição tributária ainda não está consolidada como obrigação

individual e as pessoas não se empenham em acompanhar os meios e os resultados

da aplicação dos recursos públicos. Muitos estão acostumados a creditar ao governo

uma função paternalista e, com isso, alimentar uma passividade que tem muito
10

pouco de cidadania; outros alegam não confiar na aplicação dos tributos, mas nada

fazem para se certificar sobre o assunto. Falta compromisso e ação. Falta valorizar a

participação e mesmo reconhecer o direito e o dever de participar.

O povo nomeia seu governo e precisa estar atento para acompanhar

a administração dos bens públicos. O governo não fabrica recursos, apenas utiliza a

contribuição do povo para exercer suas funções.

Para que sejam adotadas novas atitudes e comportamentos, é

fundamental que se desenvolva a Educação Fiscal, atingindo segmentos internos e

externos da Administração Municipal.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Propor ações educativas que levem ao exercício pleno da cidadania

no que se refere a tributos municipais, buscando alcançar um possível aumento na

arrecadação.

1.2.2 Objetivos Específicos

1. Identificar e descrever a função sócio-econômica do tributo.

2. Disponibilizar informações sobre a evolução da carga tributária municipal

buscando a conscientização da população.


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3. Propor medidas que levem sensibilização e estímulo à população visando

minimizar o índice de sonegação.

4. Evidenciar a análise de aplicação de recursos como forma de controle dos gastos

públicos por parte da população.

5. Disponibilizar mecanismos que propiciem melhores condições para atuação fiscal

em suas ações de orientação e autuação.

1.3 Metodologia

A metodologia utilizada foi a pesquisa de caráter exploratório, com o

intuito de estudar as possibilidades de implementação de um programa de Educação

Fiscal no município de Londrina

Procurou-se utilizar uma abordagem qualitativa baseada nos

aspectos levantados no referencial teórico analisado. Buscou-se a utilização de

dados secundários, através de estudos pré-existentes sobre o assunto e correlatos,

almejando oferecer subsídios para aplicação dos resultados.

Foram também pesquisados diversos sites de Internet, revistas e

periódicos e publicações sobre o assunto, além de legislação pertinente.

Destaca-se a importância da realização deste tipo de pesquisa no

sentido de embasar teoricamente, os resultados buscados para determinados

questionamentos. Tal afirmação é corroborada por MARCONI e LAKATOS (1999),


12

quando afirmam que “Toda a pesquisa deve basear-se em uma teoria, que serve de

ponto de partida para a investigação bem sucedida de um problema”.

Finalmente, procurou-se identificar as possíveis ações práticas com

vista a adoção e implementação do Programa de Educação Fiscal. Através de

diversas formas de abordagem busca-se a adoção de tais medidas no qual a mais

expressiva seria o enfoque no ensino transversal, uma vez que considera-se a

criança membro fundamental em qualquer processo de construção social.

1.4 Organização em Estudo

1.4.1 Apresentação

A Prefeitura do Município de Londrina teve sua fundação, juntamente

com a instalação do Município de Londrina. A criação do Município ocorreu, através

de Decreto Estadual assinado pelo interventor Manoel Ribas, em 3 de dezembro de

1934 e sua instalação foi em 10 de dezembro do mesmo ano, data em que se

comemora o aniversário da cidade, cinco anos após a criação do primeiro posto

avançado de um projeto inglês, em 1929. O primeiro prefeito nomeado foi Joaquim

Vicente de Castro.

Quadro 1 – Prefeitos Municipais de Londrina (1934-2004)


Eleito/
Prefeito Início da Gestão
Nomeado
Joaquim Vicente de Castro 10/12/1934 N
Rosalino Fernandes 31/05/1935 N
Willie da Fonseca B. Davids 02/12/1935 E
13

Eleito/
Prefeito Início da Gestão
Nomeado
Willie da Fonseca B. Davids 13/11/1938 N
Cap. Custódio Raposo Neto 30/05/1940 N
Dr. João Ferrário Lopes 29/08/1940 N
Major Miguel Balbino Blasi 29/07/1941 N
Cap. Aquiles Pimpão Ferreira 23/10/1943 N
José Munhoz de Mello 14/05/1945 N
Ary Pizzato Ferreira 13/11/1945 N
Odilon Borges de Carvalho 08/04/1946 N
Ulisses Xavier da Silva 04/11/1946 N
Ary Pizzato Ferreira 08/05/1947 N
Hugo Cabral 12/12/1947 E
Milton Ribeiro Menezes 12/12/1951 E
Antonio Fernandes Sobrinho 12/12/1955 E
Milton Ribeiro Menezes 12/12/1959 E
José Hosken de Novaes 12/12/1963 E
Dalton Fonseca Paranaguá 01/02/1969 E
José Richa 31/01/1973 E
Antonio Casemiro Belinati 01/02/1977 E
José Antonio Del Ciel 13/04/1982 E
Wilson Rodrigues Moreira 02/02/1983 E
Antonio Casemiro Belinati 01/01/1989 E
Luiz Eduardo Cheida 01/01/1993 E
Antonio Casemiro Belinati 01/01/1997 E
Nedson Luiz Micheleti 01/01/2001 E
Fonte: Site do Município – www. londrina.pr.gov.br

Pessoa jurídica de direito público, a Prefeitura do Município de

Londrina tem como ramo de atividade a prestação de serviços públicos municipais.


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1.4.2 Histórico da Cidade de Londrina

Norte do Paraná, uma região de terra roxa e muito fértil, era até

poucas décadas uma extensa floresta. A colonização espontânea foi marcada pelo

arrojo de homens saídos de Minas Gerais ou São Paulo, que foram chegando à área

de Cambará, entre 1904 e 1908. Rapidamente, a faixa entre Cambará e o Rio Tibagi

- uma linha que representaria o futuro percurso da ferrovia São Paulo-Paraná - foi

tomada por grandes propriedades cujos donos, via de regra, as subdividiram em

pequenas parcelas vendidas como lotes urbanos ou rurais.

Enquanto isso, vastas áreas de terra roxa de domínio estadual,

localizadas a Oeste do Rio Tibagi, permaneciam praticamente inexploradas,

sofrendo os efeitos de um lento e ineficaz plano de colonização do governo. Em

1920, percebia-se uma séria frustração nas expectativas de ocupação da área, em

virtude da morosidade do Estado.

Havia falta de continuidade, recursos financeiros limitados e uma

visível falta de aptidão oficial. O quadro, além disso, já tinha sido agravado com a

deflagração da Primeira Guerra Mundial, que não apenas interrompeu o fluxo de

imigrantes como também provocou desconfiança naqueles que já se encontravam

na região.

A partir de 1922, o governo estadual começa a conceder terras a

empresas privadas de colonização, preferindo usar seus recursos na construção de

escolas e estradas. Em 1924, inicia-se a história da Companhia de Terras Norte do

Paraná, subsidiária da firma inglesa Paraná Plantations Ltda., que deu grande

impulso ao processo desenvolvimentista da área.


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Naquele ano, atendendo a um convite do governo brasileiro - que

sabia do interesse dos ingleses em abrir áreas para o cultivo de algodão no exterior -

chega a Missão Montagu, chefiada por Lord Lovat, técnico em agricultura e

reflorestamento. Lord Lovat ficou impressionado com a exuberância do solo norte-

paranaense e acabou adquirindo duas glebas para instalar fazendas e máquinas de

beneficiamento de algodão, com o apoio de "Brazil Plantations Syndicate", de

Londres.

O empreendimento fracassou, devido aos preços baixos e à falta de

sementes sadias no mercado, obrigando a uma mudança nos planos. Foi criada,

assim, em Londres, a Paraná Plantations e sua subsidiária brasileira, a Companhia

de Terras Norte do Paraná, que transformaria as propriedades do empreendimento

frustrado em projeto imobiliários. Na verdade, era uma tentativa de ressarcir o grupo

inglês do prejuízo do projeto anterior.

Já de início, a Companhia concedeu todos os títulos de propriedade

da terra, medida inusitada para as condições da região e mesmo do Brasil. Por isso,

os conflitos entre colonos antigos e os recém-chegados praticamente não existiram

na zona colonizada pelos ingleses.

Porém, a grande novidade introduzida pela Companhia e que lhe

valeria o "slogan" de "a mais notável obra da colonização que o Brasil já viu" foi a

repartição dos terrenos em lotes relativamente pequenos. Os ingleses promoveram,

desta forma, uma verdadeira reforma agrária, sem intervenção do Estado, no Norte

do Paraná, oferecendo aos trabalhadores sem posses a oportunidade de adquirirem


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os pequenos lotes, já que as modalidades de pagamento eram adequadas às

condições de cada comprador.

A Companhia explicitaria a sua política: "Favorecer e dar apoio aos

pequenos fazendeiros, sem por isso deixar de levar em consideração aqueles que

dispunham de maiores recursos".

Este sistema estimulou muito a concentração da produção -

principalmente cafeeira -, a explosão demográfica, a expansão de núcleos urbanos e

o aparecimento de classes médias rurais.

O projeto de colonização, além disto, trouxe outras inovações, como

a propaganda em larga escala, transporte gratuito para os colonos, posse das terras

em quatro anos, alguma assistência técnica e financeira, levantamento de toda a

área e até o mapeamento do solo em algumas zonas.

Londrina surgiu em 1929 como primeiro posto avançado deste

projeto inglês. Na tarde do dia 21 de agosto de 1929, chega a primeira expedição da

Companhia de Terras Norte do Paraná ao local denominado Patrimônio Três Bocas,

onde o engenheiro Dr. Alexandre Razgulaeff fincou o primeiro marco nas terras onde

surgiria Londrina. O nome da cidade foi uma homenagem prestada pelo Dr. João

Domingues Sampaio, um dos primeiros diretores da Companhia de Terras Norte do

Paraná. A criação do Município ocorreu cinco anos mais tarde, através de Decreto

Estadual assinado pelo interventor Manoel Ribas, em 3 de dezembro de 1934. Sua


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instalação foi em 10 de dezembro do mesmo ano, data em que se comemora o

aniversário da cidade. O primeiro prefeito (nomeado) foi Joaquim Vicente de Castro.

A partir daí, Londrina vem crescendo constantemente. Hoje a cidade

exerce grande influência no Sul do País e contribui muito para a economia brasileira,

sendo o principal ponto de referência do Norte do Paraná. No momento, Londrina

vive a era do desenvolvimento industrial e vem atraindo cada vez mais investimentos

para a região. Esse processo está dentro de uma política que visa, acima de tudo, a

qualidade de vida dos cidadãos.

Com este espírito e mantendo um caráter inovador, a 3ª cidade do

Sul do País, não investe apenas em industrialização, ela mantém projetos voltados à

população que incluem ações nos mais diversos setores, como: social, cultural,

esportivo e ambiental. É a primeira cidade brasileira a contar com uma Secretaria

Especial da Mulher que oferece atendimento social, jurídico e psicológico à mulher

vítima de violência, discriminação e preconceito. No campo da telefonia conta com a

Sercomtel S.A., companhia considerada referência para todo o País e, portanto,

motivo de orgulho para todos os londrinenses. Londrina é uma cidade jovem, 70

anos, que cresce a cada dia com uma população formada por 40 etnias diferentes,

provenientes de todas as partes do mundo. A isso se deve a riqueza cultural da

cidade que está sempre aberta a todos que a visitam.

1.4.3 Estatísticas
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Coordenadas Geopolíticas

 Criação e Instalação do Município: 03/12 e 10/12/34

 Localização: Lat. entre 23°08’47’’ e 23°55’46’’S

 Longitude entre 50°52’23’’ e 51°19’11’’O

 Área:1.724,7Km² - IBGE (2000)

 Altitude média: 576 metros

 Clima subtropical, chuvas em todas as estações

 Pluviosidade anual: 1.686,00 mm (2001)

 Temperatura média anual: 21,4°C (2001)

 Tipo de solo: Latossolo (Terra Roxa)

 Distritos Administrativos: Lerroville; Warta; Irerê; Paiquerê; São Luiz;

Maravilha; Guaravera e Espírito Santo.

 Municípios Limítrofes: Tamarana, Cambé, Sertanópolis, Assaí, São Jerônimo

da Serra, Ortigueira, Marilândia do Sul, Apucarana, Arapongas e Ibiporã

 Sede da Microrregião Geográfica 011

 Prefeito: Nedson Luiz Micheleti

 Nº de Vereadores: 21

 Presidente da Câmara: Orlando Bonilha

População

 População área de influência: cerca de 4,5 milhões de hab.

 População área metropolitana (Cambé, Ibiporã, Jataizinho, Londrina,

Rolândia, Tamarana e Bela Vista do Paraíso) : 662.885 hab. (Censo

Demográfico 2000. IBGE)


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 Densidade demográfica: 259,07 hab/km² (2000)

 Índice de envelhecimento da população: 15,1% (1997)

 População - 1991 - IBGE

 Urbana: 366.676 (Urbana da Sede = 355.347)

 Rural: 23.424 Total: 390.100

 População 1996 - Contagem da População - IBGE

 Urbana: 396.121 (Urbana da Sede: 388.604)

 Rural: 16.432. Total: 412.553.

 População 2000 - Censo Demográfico 2000. IBGE

 Urbana: 433.369

 Rural: 13.696 TOTAL: 447.065

 População Economicamente Ativa (estimativa): 192.022 (1997)

 Número de Eleitores: 299.309 (2º semestre/2000)

 Renda Média Mensal Familiar: 4,90 salários mínimos (1983)

 PIB Per Capita - R$ 4.596,44 (IPARDES - 1996)

 Empregos Estimados. no Setor Formal: 93.557 (2001)

 Nº domicílios: 149.593 (2000-Censo Demográfico – IBGE – Sinopse

Preliminar)

 População do Paraná - 9.563.458 hab. (Censo Demográfico 2000. IBGE)

 População do Brasil - 169.799.170 hab. (Censo Demográfico 2000. IBGE)

Agricultura (Censo Agropecuário 1995-1996 – IBGE)

 Estabelecimentos Agrícolas: 3.119

 Área - Estabelecimentos Agropecuários: 183.093 ha.


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 Uso de Energia Elétrica – nº de informantes: 2.727

 Principais Produtos: milho, soja, trigo, café, cana-de-açúcar, arroz, algodão,

feijão, mandioca, tomate: 219.819 toneladas

 Tratores Agrícolas em Operação: 1.937

 Área de Pastagens: 83.063 ha

 Rebanho Bovino: 138.238

 Rebanho Suíno: 30.752

 Efetivo Avícola: 1.485.829

 Produção de ovos: 5.020.000 dz

 Produção de Leite: 14.674.000 litros

 Pessoal ocupado na agropecuária: 12.203

Esportes

 Estádios: 5 (74.500 lugares -1998)

 Autódromo: 1 (4.500 lugares - 1998)

 Ginásios Esportivos: 4 (1998)

 Quadras de Esportes: 134 públicas; 51 particulares (1998)

 Pistas de Atletismo: 1 (1998)

 Praças Públicas: 206 (1999)

Orçamento

 Orçamento do Município:

- Adm. Direta/2002: R$ 243.587.000,00,

- Administração Indireta: R$ 145.969.000,00.


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- Orçamento de Investimentos: R$ 63.687.000,00.

- Total do Orçamento: R$ 449.243.000,00.

 Receita arrecadada pela PML - Administração Direta:

R$ 201.255.005,27 (2001)

 Receita Estadual Arrecadada em Londrina: R$ 299.461.987,31 (2001)

 Receita Federal Arrecadada em Londrina: R$ 150.528.638,00 (1998)

 ICM Arrecadado em Londrina: R$ 273.659.278,00 (2001)

Indústria

 Estabelecimentos Industriais: 3.485 (2000)

 Nº de Projetos Aprovados para Construção Civil: 3.845 (2000)

 Total da Área dos Projetos Aprovados para Construção: 738.471,74 m2

(2000)

Comércio e Serviços

 Estabelecimentos Comerciais: 14.372 (2000)

 Estabelecimentos de Serviços: 13.612 (2000)

 Bancos: 19 (71 agências) (02/2002)

 Nº de Hospitais: 16 - 1.444 leitos hospitalares (2001)

 Hotéis: 43 (1999)

 Restaurantes: 255 (1999)

 Unidades Básicas de Saúde: 51 (2001)

 Estabelecimentos de ensino fundamental: 201 (2000) - 73.634 alunos

 Taxa de analfabetismo (1991): 10,80% (7 anos e mais)


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 Estabelecimentos de ensino médio: 53 - 25.335 alunos (2000)

 Estabelecimentos de Ensino Superior: 05 - 21.092 alunos (2000)

 Total de Alunos Matriculados no Ens. Regular: 98.969 (2000)

 Educação Outras (2000): Educação Especial: 1.120, Pós-Graduação: 2.378,

Educação Infantil (Pré): 10.630, Educação de Jovens e Adultos (alfab. a 8ª

série e Ens. Médio): 13.392

 Total Geral de Estudantes: 147.577 (2000).

 Terminais Telefônicos Instalados.: 159.196 (2001)

 Terminais Telefônicos em Serviço: 144.268 (2001)

 Telefones de Uso Público: 3.930 (2001)

 Nº de Telefones Celulares Habilitados em serviço: 58.520 (2001)

 Nº de Telefones Celulares Móveis em serviço: 26.003 (1999)

 Nº de Telefones Celulares Ruralcel em serviço: 318 (1999)

 Nº de Consumidores de Energia Elétrica: 161.940 (2001)

 Consumo de Energia Elétrica: MWH - 899.229 (2001)

 Total de Ligações de Água: 117.166 (2001)

 Total de Economias de Água: 162.269 (2001)

 População Sede Abastecida com Água: 100% (2001)

 Total de Ligações de Esgoto: 67.703 (2001)

 Total de Economias de Esgoto: 108.803 (2001)

 População servida por Esgoto: 67,38% (2001)

 Nº de Veículos Automotores: 164.637 (2001)

 Nº de Pontos de Iluminação Pública: 44.857 (janeiro de 1999)


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Comunicação e Lazer

 Nº de Emissoras de Rádio : 16 (6 FM e 10 AM) (1999)

 Jornais: 2 diários (tiragem média de 62.000 exemplares) 3 semanais (Paraná

Shinbum – 5.000 assinantes; O popular – tiragem 5.000 exemplares e Mais

Londrina – tiragem 5.000 exemplares)

 Canais de Televisão: 5 (TV Coroados Canal 3, TV CNT Canal 7 e TV Cidade

Canal 5, TV Londrina canal 13 e TV a Cabo MIX, capta ainda a TV

Independência canal 9 - 1998).

 Distribuidoras de Sinais (TV por assinatura): 3 (Net TV àCabo, Direct TV e

SKY) (1998)

 Teatros: 8 (1999)

 Auditórios: 40 (1996)

 Bibliotecas Públicas: 18 (1999)

 Cinemas: 10 (1999)

 Área Verde: 7.711.227,31 m2 - (1990) - 22,2 m2 /hab. S

1.4.4 Pressupostos Filosóficos

Visão

A visão busca identificar os limites do projeto em questão,

determinando-se um período de tempo mais longo e uma abordagem bem ampla.

Pode-se dizer que a visão proporciona o grande delineamento do projeto, antes de

sua implementação. Diante disso, a visão da Prefeitura do Município de Londrina é :

“Colaborar com o desenvolvimento econômico, social, tecnológico e cultural do

município, com a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população”.


24
25

Missão

Administrar o município de Londrina de forma a atender as

demandas, problemas e potencialidades da cidade, através da definição de políticas

e diretrizes governamentais, visando o bem estar da população.

1.4.5 Estrutura
26

Chefia do Poder
Executivo

Procuradoria Geral Gabinete do


do Município Prefeitoo

Auditoria Interna

Sec. de Sec. de Sec. de Secretaria Secretaria Secretaria Secretaria Secretaria Secretaria Secretaria
Secretaria Secretaria do Meio Secretaria
Planejamen Assist. Gestão de Agric. e de da Municipal Municipal
de Governo de Fazenda Ambiente de Cultura de Obras
to Social Abastec. Educação e Pavim. Mulher de Saúde do Idoso
Pública

ASMS CAAPSML IPPUL ACESF

CODEL COHAB CMTU SERCOMTEL

Fundação Municipal
dos Esportes
1.4.6 Funções dos Órgãos Municipais

 Chefia do Poder Executivo Municipal - tem as atribuições de coordenar os

assuntos gerais de administração; preparo e encaminhamento dos expedientes

destinados a apreciação do Chefe do Poder Executivo e execução de serviços

gerais de Auditoria Interna, Assessoria à Projetos Especiais, Coordenadoria

Especial da Mulher e Assessoria de Imprensa.

 Secretaria de Governo – incumbe-se assistir direta e indiretamente o Chefe do

Poder Executivo na coordenação da ação administrativa, no acompanhamento de

programas e políticas governamentais e no relacionamento com os agentes

externos ao Executivo Municipal.

 Secretaria de Planejamento - tem por finalidade realizar estudos e pesquisas

para o planejamento das atividades do Governo Municipal; elaborar a Proposta

Orçamentária do Município; controlar a execução do Orçamento Geral, no que diz

respeito a programas de governo, coordenar-se para isso com a Secretaria de

Fazenda; estudar e propor medidas que visem a racionalização do trabalho nos

órgão da Prefeitura, a integração das atividades e dos programas do governo

municipal.

 Secretaria de Gestão Pública - tem por finalidade de organizar, dirigir, coordenar

e controlar, direta ou indiretamente, os assuntos de comunicações, material e

patrimônio; bem como programar, organizar, dirigir, coordenar e controlar a

execução de atividades relativas a política de recursos humanos, organizar


28

atividades específicas de segurança no trabalho, saúde ocupacional e medicina

do trabalho

 Secretaria de Fazenda – tem a incumbência de programar, dirigir, coordenar e

controlar as atividades financeiras da Administração, organizar e orientar a

execução dos serviços atinentes a política tributária e econômica-financeira

municipal, promovendo registros contábeis referente a execução financeira,

orçamentária e patrimonial, bem como promover a fiscalização tributária.

 Secretaria de Educação - compete organizar, orientar, planejar, pesquisar,

supervisionar, dirigir e controlar o ensino municipal.

 Secretaria de Obras - tem a incumbência de executar os serviços atinentes a

projetos de aberturas e conservações de vias; edificar próprios municipais, bem

como obras de arte, fiscalizar as obras particulares e públicas, manter indústrias

de artefatos de cimento e pré-moldados, supervisionar as atividades técnicas e

administrativas dos órgãos subordinados; conservar e manter a iluminação

pública, executar os serviços de pavimentação.

 Secretaria de Assistência Social - tem a finalidade de implantar a política social

no Município, pautada na real necessidade da população, na universalização,

descentralização dos serviços.

 Secretaria de Cultura compete formular, dirigir e fomentar as atividades culturais,

estimulando o progresso de cultura intelectual, técnica e artística, nas suas


29

variadas manifestações; coordenar as atividades da Banda Municipal; propor no

âmbito do Poder Público as providências necessárias para a difusão dos nossos

valores artísticos, culturais e históricos; coordenar e dirigir as atividades da

Biblioteca Municipal.

 Secretaria de Agricultura e Abastecimento - tem como finalidade estabelecer e

desenvolver projetos e programas, visando a expansão da produção agropecuária

no Município; apoiar o sistema de distribuição dos produtos agrícolas na Zona

Urbana; criar e viabilizar mecanismos de apoio e sustentação aos produtores

rurais; definir e executar a política agrícola e de abastecimento para o Município.

 Secretaria Municipal do Idoso: A Secretaria Municipal do Idoso foi instituída pela

Lei nº 7.995 de 17 de dezembro de 1999 e está inserida no Sistema

Organizacional da Administração Direta e Indireta do Município que tem como fim

específico de desenvolver um conjunto integrado de ações de natureza e iniciativa

pública e da sociedade civil organizada, para o atendimento das necessidades

primárias e básicas das pessoas idosas, de acordo com o que determina a Lei

Orgânica da Assistência Social. Dentro da Lei nº 7.995 considera-se pessoa idosa

aquela com mais de sessenta anos de idade.

 Secretaria Municipal do Ambiente - incumbe assegurar a preservação, a

recuperação e a exploração racional dos recursos naturais do Município.

 Cabe às Subprefeituras, órgãos de descentralização administrativa, fazer

cumprir as leis municipais; representar o governo municipal nos distritos;


30

arrecadar os tributos municipais dentro dos limites expressamente delegados e na

área de sua jurisdição; coordenar e fiscalizar, sob orientação técnica dos órgãos

centralizados da Prefeitura, a construção e conservação de obras municipais e

executar os serviços distritais na jurisdição competente. Na medida da

necessidade serão requisitados os serviços das Subprefeituras para que sejam

complementadas as informações afins.

 As Autarquias juntamente com as empresas públicas e sociedades de economia

mista, integram a administração pública indireta. São entidades de direito público,

com personalidade jurídica e patrimônio próprio, destinada à execução de

atividades destacadas da administração direta. As autarquias operam com

autonomia frente ao poder que as criou, responde diretamente por seus atos, mas

o poder que as criou poderá responder subsidiariamente, no caso de falta de

recursos das autarquias ou no caso de extinção das mesmas. As autarquias que

compreendem os Órgãos da Administração Indireta do Município são

representadas pela: ACESF, AMA, CAAPSML, IPPUL, PAVILON, ASMS, de

acordo com sua área de ação.

 CAAPSML - Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores

Municipais de Londrina, que tem apenas a finalidade de assegurar aos seus

beneficiários os meios indispensáveis de manutenção por motivo de morte

daqueles de quem dependiam economicamente (pensão), bem como a

prestação de serviços que visem a proteção de sua saúde e concorram para o

seu bem-estar (plano de saúde), além da aposentadoria.


31

 ACESF - Administração dos Cemitérios de Londrina: incumbe administrar,

executar e conservar os serviços funerários de Londrina.

 IPPUL - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina: tem a

incumbência de elaborar, desenvolver e implantar projetos e programas que

visem garantir o planejamento e desenvolvimento urbano integrado.

 ASMS - Autarquia do Serviço Municipal de Saúde: incumbe estudar, planejar,

orientar, coordenar, supervisionar e executar medidas visando implantar e manter

a política sanitária, nos aspectos de promoções, prevenção e recuperação da

saúde, prestação de serviços médicos individualizados, compreendendo as áreas

de pediatras, obstetrícia, clínica e cirurgia geral, ressalvadas as áreas de

especialização.

 CODEL - Companhia de Desenvolvimento de Londrina: tem a incumbência de

executar programas de obras de desenvolvimento de áreas urbanas, bem como

de planos de renovações das que se apresentam em processo de deterioração;

promover a exploração dos serviços do Terminal Rodoviário de Londrina.

 SERCOMTEL - Serviço de Comunicação Telefônicas de Londrina: incumbe

explorar o serviço de comunicação telefônicas, no Município de Londrina.

 CMTU - Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização: tem a finalidade operar,

gerenciar, planejar operacionalmente e fiscalizar o sistema de transporte coletivo

de passageiro; administrar os serviços de táxis; executar serviços relacionados


32

com o trânsito; explorar economicamente e administrar, os mercados municipais,

quiosques e todas as atividades desenvolvidas em vias, logradouros e

equipamentos públicos.

 COHAB-LD - Companhia de Habitação de Londrina: tem como atribuições

produzir e comercializar unidades habitacionais, principalmente as de interesse

social; promover programas de urbanização e/ou reurbanização de áreas,

principalmente as ocupadas por favelas e habitações precárias; apoiar e executar

programas e projetos de desenvolvimento comunitário.


33

2 A ESTRUTURA SÓCIO-ECONÔMICA FISCAL E TRIBUTÁRIA

2.1 Tributo

A palavra tributo, historicamente tem demonstrado várias

interpretações, sendo que o seu significado inicial não é o mesmo que o atual. Hoje,

além do significado da prestação pecuniária ao poder público, um tributo é também

considerado como uma homenagem que se presta a alguém, seria este último um

significado, primitivamente, mais próximo de sua origem no sentido de dar, dividir e

repartir com outrem. Popularmente, tributo é confundido com imposto, sendo que na

realidade tanto este quanto as taxas e as contribuições de melhoria são

consideradas espécies de tributos.

Segundo MORAES (1993) Tributum provém do verbo latino tribuere,

que significa dividir, ou repartir entre as tribos. Essa definição no entanto, passou a

Ter, mais tarde, a conotação de carga pública exigida pelas autoridades destas tribos

para atender os interesse da comunidade. Essa prestação à comunidade era

representada em moeda ou dinheiro in pecúnia e também in natura como frutos,

cereais, milho, animais, peixes, metais, cobre, vinho, azeite, gêneros alimentícios

dentre outros. Outro tipo de prestação existente era a de serviços in labore que

variavam entre trabalhos como fazer farinha, alojar nobres e militares, preparar

refeições para tropas, trabalhar na construção de pontes, castelos ou igrejas.

Em algumas sociedades a imposição do tributo também estava

ligada às questões militares e era exigido, geralmente, através da força usada de


34

forma arbitrária. Esses recursos eram canalizados para manutenção e incremento

das tropas com fins de ampliação dos territórios através das conquistas bélicas visto

que a atividade financeira do Estado era quase inexistente. O Estado praticamente

se mantinha através dos recursos adquiridos sobre os povos vencidos, os quais

eram obrigados a pagar tributos excessivos com trabalhos forçados. Com o passar

dos tempos o tributo passou a ter importância relacionada à segurança do Estado

que necessitava de recursos para manter o exército em prontidão para sua própria

proteção contra eventuais ataques.

Depois de períodos de transição, o Estado passa a ser

representativo na sociedade, onde o tributo adquire a importância de um instrumento

de receita mantenedor da estrutura organizacional do próprio Estado. Para Moraes,

Tributo pode ser conceituado como um ônus instituído pelo Estado, com base
no seu poder fiscal, definido em lei, exigido compulsoriamente das pessoas que
vivem dentro de seu território, a fim dele poder desenvolver suas atividades na
busca de suas finalidades (MORAES, 1993).

Apesar de ter tido uma evolução lenta e ser visto pela sociedade

como uma obrigação imposta ou um mal necessário, na era moderna o tributo passa

a ter uma importância coletiva, pois é através deste instrumento que o Estado se

mantém organizado. Atualmente todas as sociedades juridicamente organizadas

fazem uso do tributo como demonstração da soberania do Estado, buscando o

desenvolvimento social e econômico de suas atividades, como instrumentos de

receitas públicas.

2.2 A História do Tributo no Brasil


35

A extração do pau-brasil foi a primeira atividade econômica após o

descobrimento. A tributação do produto pau-brasil incidia sobre a quinta parte ou

20% da venda da madeira. Esse primeiro tributo instituído no Brasil, correspondente

ao quinto do pau-brasil, era pago em espécie, ou seja, em madeira ao governo

português.

Na ocasião da implantação das capitanias hereditárias, o país ainda

não tinha um comércio direto com outras nações, a metrópole era a única para a

qual a colônia exportava seus principais produtos, pau-brasil e açúcar. A tributação

nessa época era distribuída em geral em torno de 10% para alguns produtos que

eram arrecadados para a metrópole. A Capitania tributava outros produtos e recebia,

por exemplo, dízimo do quinto dos metais de pedras preciosas que nela se

encontravam, enquanto Portugal recebia a quinta parte ou seja 20% desses metais e

pedras preciosas. Os tributos eram pagos in natura e segundo MORAES (1993), os

servidores da Coroa guardavam os produtos da arrecadação fiscal em armazém,

dando ao donatário da capitania a sua parte e enviando o remanescente para

Portugal .

A organização fiscal quase não existia, a arrecadação era dificílima,

ocorria muita fraude dando aos cobradores de rendas muitos poderes, inclusive, de

prender contribuintes que não cumpriam com suas obrigações fiscais.


36

Inexistia organização fiscal na época. A arrecadação e fiscalização dos tributos


eram realizados pelos servidores especiais da Coroa, denominados “rendeiros”,
e pelos seus auxiliares (contadores, feitores e almoxarifes). A autoridade de tais
agentes do erário era enorme, sendo-lhes permitido, como afirma Paul Hugon,
“multar, executar cobranças ou mesmo condenar infratores, bem como lançar
os tributos e determinar a forma e a época da arrecadação de cada qual
(MORAES, 1993).”

Foi, no entanto, a partir da Constituição de 1824, que a tributação

nos municípios começou a mostrar certa importância, embora houvesse nesta época

um sistema tributário caótico e confuso onde se tributava várias vezes um mesmo

produto, com tributos idênticos mas com denominação diferente, causando ao

produto incidências cumulativas, inclusive municipais, que eram outorgados a estes

pelas Províncias. As receitas municipais eram poucas e os repasses que vinham da

província quase nunca chegavam, pois não sobrava nada para os municípios.

No período republicano, a Constituição de 1891 vem para determinar

com clareza o domínio fiscal da União e dos Estados sendo este último incumbido

de estabelecer critérios de tributação dos Municípios. Só a partir da Constituição de

1934 é que os Municípios passaram a ter competência constitucional para instituir e

arrecadar tributos. Aos Municípios foi atribuído o imposto de licenças, impostos

predial e territorial urbanos, impostos sobre diversões públicas, imposto cedular

sobre a renda de imóveis rurais, taxas sobre serviços municipais e contribuição de

melhoria. Os Municípios recebiam metade da arrecadação do imposto de indústrias

e profissões que era de competência do Estado e 20% sobre os impostos não

discriminados na partilha entre União e Estados. Alguns tributos não duraram muito,

com a Constituição de 1937 foram suprimidos o imposto de competência do Estado

que era sobre o consumo de combustíveis de motor à explosão e o Município

perdeu o imposto cedular sobre a renda de imóveis rurais, vindo a ser os dois
37

impostos mencionados anteriormente unificados aos impostos de consumo de

competência da União.

A Constituição de 1946 estabelece o retorno da competência

tributária ao três entes, União, Estados e Municípios. Aos Municípios foram

atribuídos, além dos já existentes, alguns tributos como o imposto de indústrias e

profissões, imposto de ato de sua economia ou assuntos de sua competência e

taxas. Os Municípios passam a participar com 10% da arrecadação do imposto

sobre a renda, 30% do excesso de arrecadação dos impostos estaduais, 60% junto

com o Estado da arrecadação do imposto único, 100% da arrecadação do imposto

territorial rural de competência do Estado, 15% da arrecadação do imposto de

consumo e 40% nos outros impostos decretados pela União ou pelos Estados. O

imposto de indústria e profissões, cuja estrutura era muito defeituosa, estava na

competência dos Estados, e passou totalmente para os Municípios. Percebe-se que

houve uma mudança a favor dos Municípios em relação às competências e

repartições.

Segundo Moraes:

Houve fortalecimento das finanças locais, visto que os Municípios receberam


competência tributária relativa a impostos que lhe davam autonomia financeira.
Na Constituição de 1946 predominou o espírito municipalista (MORAES, 1993).

Apesar dos Municípios terem conquistado mais receitas,

continuaram a reclamar e com a promulgação da Emenda Constitucional n.º 5 de 21

de novembro de 1961, foram contemplados com o imposto territorial rural e o

imposto sobre transmissão de propriedade imobiliária inter vivos e sua incorporação

ao capital das sociedades, ambos eram de competência do Estado. Quanto à

participação nas receitas tributárias os municípios passaram a receber 10% da

arrecadação do imposto sobre consumo de mercadorias, 15% do imposto sobre a


38

renda e proventos de qualquer natureza, 40% dos impostos concorrentes da União e

dos Estados, 30% do recebimento do excesso de arrecadação de impostos do

Estado.

Com a Emenda Constitucional nº 10 de 09 de novembro de 1964 o

imposto territorial rural passa a ser de competência da União mas deixando

totalmente sua arrecadação para o Município onde se localizava o respectivo imóvel.

Em 1º de dezembro de 1965 é promulgada a Emenda Constitucional

nº 18 que trouxe para o país uma verdadeira reforma tributária alterando

substancialmente o sistema tributário. Embora não tenha entrado imediatamente em

vigor, pois foi incluída no sistema tributário nacional pela lei 5172 de 25 de outubro

de 1966 e passou a vigorar em janeiro de 1967. Aos Municípios a nova reforma não

foi bem vinda por ter reduzido, expressivamente, sua autonomia financeira. O

interesse era de centralizar o poder para que houvesse uma certa redistribuição da

renda e desenvolvimento econômico de certas regiões. Assim, aos Municípios coube

a competência dos impostos sobre o patrimônio e a renda, os impostos sobre a

produção e a circulação, ambos com competência também da União e dos Estados,

o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, o imposto sobre as

operações relativas à circulação de mercadorias, com base na legislação estadual e

por alíquota não superior a 30%, o imposto sobre serviços de qualquer natureza,

não compreendidos na competência tributária da União e dos Estados e taxas e

contribuições de melhoria.

Vale a pena ressaltar que os antigos impostos municipais de

indústrias e profissões e sobre diversões públicas foram acoplados ao imposto sobre


39

serviços de qualquer natureza e o das indústrias passou para o imposto sobre

produtos industrializados, de competência da União. O imposto sobre a transmissão

de propriedade imobiliária inter vivos e sua incorporação ao capital das sociedades

foi transferido para competência do Estado. O imposto de licenças e o imposto sobre

atos de sua economia ou assuntos de sua competência pertencentes aos Municípios

foram suprimidos.

A nova Constituição do Brasil, promulgada em 24 de janeiro de

1967, para vigorar a partir de 15 de março de 1967, pouco se distanciou da emenda

nº 18 de 1965 com relação aos tributos de competência dos Municípios mantendo os

impostos sobre propriedade predial e territorial urbana, sobre serviços de qualquer

natureza não compreendidos na competência da União ou dos Estados, definidos

em lei complementar, como também as taxas e as contribuições de melhoria. Nota-

se que houve uma redução de tributos em relação aos que a emenda nº 18 previa.

Com a atual Constituição de 1988, os Municípios obtiveram o retorno

do imposto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, de bens imóveis e de

direitos reais sobre imóveis, que pertenciam ao Estado. Foi mantido o imposto sobre

propriedade predial territorial urbana e o imposto sobre serviços de qualquer

natureza e foi criado o imposto sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e

gasosos, exceto óleo diesel, tendo prazo determinado de vigência constitucional até

31 de dezembro de 1995.

Desta forma, pode-se afirmar que apesar de ter havido uma

evolução do sistema tributário nacional desde o descobrimento do país até a atual


40

Constituição, existe ainda a necessidade de um aprimoramento dos mecanismos de

arrecadação para que a sociedade tenha a garantia de seus direitos constitucionais.

Entretanto, deve ser ressaltado que o Brasil é um dos países que oferece maior

segurança legal ao contribuinte. Praticamente todas as normas legais tributárias

estão disciplinadas na Constituição. Enquanto que em muitos paises as normas

tributárias constitucionais são pouco detalhadas, as do Brasil são em excesso. Isso

proporciona maior segurança aos contribuintes, pois dificulta qualquer mudança

constitucional e qualquer lei que venha a regular a matéria tributária deverá ser

disciplinada por lei complementar, para a qual é exigido maior números de votos

para aprovação.

2.3 A Função do Tributo na Sociedade.

No mundo contemporâneo, a sociedade para se manter organizada

exige a participação dos cidadãos. Essa participação se dá primeiramente através

do trabalho onde há troca de serviços e produtos que as pessoas elaboram. Para

que a sociedade seja organizada é necessário alguém que a organize. A esse

alguém são outorgados poderes para a realização de tal função. Essas pessoas

responsáveis pela organização e administração receberão salários pelos serviços

prestados e para que possam realizar o que a sociedade deseja. Tal organização se

dá em três poderes: executivo, legislativo e judiciário. São eleitos pela sociedade um

número de representantes, legisladores, com a função de propiciar à mesmo aquilo

que ela almeja. Após haver discutido as prioridades, o legislativo as envia para o

executivo com a finalidade de que sejam executados os projetos de interesse da


41

sociedade. Caso ocorra alguma distorção ou injustiça dentro da lei caberá ao

judiciário examinar e julgar.

Essa estrutura criada pela sociedade para organizar seus poderes,

executivo, legislativo e judiciário é caracterizada como Estado. Conforme Bresser

Pereira,

Houve fortalecimento das finanças locais, visto que os Municípios receberam


competência tributária relativa a impostos que lhe davam autonomia financeira
mas efetivo que é a sociedade civil e esta é a forma pela qual a classe
dominante (ou as classes dominantes) se organiza(m) fora do Estado para
controlá-lo e pô-lo a seu serviço (PEREIRA, 1977).

No Brasil além dos três poderes, executivo, legislativo e judiciário,

existem o ministério público e o tribunal de contas, todos independentes. Esses

poderes representam toda a administração da sociedade sendo a base para o

funcionamento em harmonia.

O controle é imprescindível para que a sociedade certifique que seus

objetivos estão sendo cumpridos para o bem geral de todos. Para atingir seus

objetivos constitucionais essa estrutura necessita de recursos e o instrumento para

obter esses recursos é o tributo.

O poder coercivo exercido pelo Estado ao exigir o pagamento do

tributo em prol de toda sociedade é um dos papéis do próprio Estado e da sua

segurança. Imagine um Estado sem tributo, como seria mantida sua segurança

nacional? Exército? Como seria organizado esse Estado? Seria necessário, sem

sombra de dúvida, que todos cidadãos contribuíssem.

O poder fiscal do Estado tem como fundamento a troca; o dá lá, toma cá; a
prestação e a contraprestação; a equivalência entre a contribuição do cidadão
e a utilidade por ela retirada da atividade estatal; “o preço” que se paga pelo
42

que se recebe do Estado. O tributo é um preço, existindo na sua exigência uma


prestação e uma contraprestação. É o preço da paz ,como diz Hobbes, ou o
preço da segurança, como sustenta Ferreira Borges (MORAES,1993).

Por outro lado a sociedade deve se conscientizar de suas

obrigações e deveres para que não haja conflitos entre ela e o poder do Estado,

além de compreender a necessidade que há em se tornar esse Estado forte, seguro

e organizado social e culturalmente.

Para que isso ocorra, a educação tem papel fundamental na

manutenção do equilíbrio institucional e quanto mais conhecedora de toda a

sistemática fiscal, mais condições terá de exigir a contrapartida, que são os serviços,

dos administradores, legisladores e julgadores.

2.4 A Imagem do Tributo no Brasil

A sociedade brasileira tem mostrado sinais de insatisfação com o

atual sistema tributário do país. Foi criada uma imagem em que o maior problema do

país é o pagamento do tributo.

Na realidade ninguém tem prazer em pagar contas do próprio bolso.

O governo tenta, com sua burocracia pública, sempre insistir que ainda necessita de

mais recursos. Os grandes grupos econômicos, que geralmente estão do lado do

governo, repassam, através do aumento dos tributos inseridos nos serviços e

produtos, essa função para a sociedade, que é representada pelos assalariados,

médias e pequenas empresas, cidadãos anônimos e despojados de poderio

econômico,.
43

Em nossa história, a arrecadação tributária tem crescido

gradativamente ao longo dos anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Pesquisa (IBGE) em 1947 a carga tributária era de 13,83% do PIB e em

2003 de 36,11%. Naturalmente que o PIB do país cresceu, mas a insatisfação

aumentou, principalmente por não ter o retorno que a sociedade espera. Isso levou a

sociedade a interpretar que o problema central do país é a questão tributária.

Essas distorções mostradas pelos meios de comunicação criam no

país uma certa cultura contra pagamento de tributos. Como sustenta Borba,

Esse movimento utiliza a evasão fiscal que é uma forma ilícita de pagar
menos ou evita o pagamento de tributos que pode ser por sonegação, fraude
e conluio e também a elisão fiscal quando a empresa procura caminhos
legais para pagar menos tributos (BORBA, 2002).

Tais distorções levam a população a concretizar a idéia de que

existe uma quantidade gigantesca de impostos com números exorbitantes, quando

na realidade o número é muito inferior.

Na verdade existem 13 impostos no Brasil sendo sete federais, três

estaduais e três municipais. O que torna complexo o sistema são as demais figuras

tributárias existentes como: as contribuições sociais, as taxas e as contribuições de

melhoria. Entretanto, se computadas todas as imposições tributárias em todas as

esferas de governo obtém-se mais de cem diferentes tipos de “tributos” o que não

ocorre somente no Brasil mas é fato recorrente em muitos países do mundo.

O que realmente faz da questão tributária o centro das discussões é

o preço muito alto que o governo cobra dos serviços que presta. A sociedade não
44

importaria e provavelmente não reclamaria se tivesse a contrapartida dos serviços

de saúde, educação, justiça, segurança, saneamento e habitação, que seriam

suficientes para a iniciar o processo de desenvolvimento, o qual teria reflexos a

médio e longo prazo. Entretanto, o que deixa a população revoltada é quando

ocorrem fatos de corrupção, desvios, nepotismo e desrespeito com o dinheiro

público e um dos casos mais graves é quando os ricos sonegam ou são apoiados

pelas brechas da lei e o pior de tudo, aquele que é imperdoável perante a

sociedade, é a impunidade.

Tudo isso leva a sociedade a questionar o porquê de pagar tributos

se não há nenhum beneficio em troca e também se a carga tributária atual não é

suficiente, sendo que atualmente é superior a de países desenvolvidos. Se não é

suficiente é porque o sistema é injusto por arrecadar mais de quem ganha menos e

porque o Estado não presta serviços a sociedade direcionando os recursos para

outros fins.

Ocorre que a sociedade a médio prazo está sendo conduzida à

marginalização total das camadas populacionais mais pobres, retardando o

desenvolvimento nacional.

Com isso vem à tona o tema da reforma tributária. Para que haja

uma melhoria da distribuição da carga tributária é necessário que o Sistema

Tributário Nacional seja simplificado, visto que atualmente essa complexidade

acarreta custo para os serviços e produtos, propiciando assim a evasão fiscal e a

sonegação. A simplificação também diminuiria o custo de arrecadação. A maneira de


45

se atingir esses objetivos, porém, apresenta distintas alternativas. Como o sistema

vigente é complexo, e o ato de pagar imposto não é agradável por ser imposto, o

discurso contra o Fisco e contra a ganância do Estado e as propostas radicais de

redução do número de impostos acabam ganhando a simpatia popular.

Portanto, qualquer reforma tributária deverá vir para melhorar a

eficiência do Estado em arrecadar. Essa eficiência e modernização estarão ligadas,

também, à reforma fiscal que indubitavelmente, já que o Estado tem a incumbência

de melhorar a qualidade dos gastos públicos. Como bem observa Kandir,

A reforma tributária é um dos aspectos determinantes da reforma fiscal. Uma


condiciona a outra. Na medida em que se melhora a qualidade do processo do
gasto público, legitimam-se alterações no processo tributário. Ao mesmo
tempo, na medida em que se avança no sistema tributário, melhora-se a
qualidade do gasto público. São processos que estão mutuamente
relacionados (KANDIR, 1998).

Devido à crise social e à carência de bons serviços públicos que

presenciamos, a visão popular de tributo toma espaço e passa a ter uma

interpretação equivocada, como por exemplo a de ser responsável pela má

qualidade desses serviços. Por um lado temos o contribuinte pagante, mas que

reclama do excesso da carga, e por outro lado a sociedade que precisa dos serviços

públicos e não os têm. Se houvesse o cumprimento das leis, haveria,

consequentemente serviços públicos de qualidade, visto que tanto a forma de

arrecadar quanto a de gastar estão ligadas entre si e a sociedade talvez se

conscientizaria da necessidade e importância do pagamento de tributos.


46

2.5 A Função Socioeconômica do Tributo

Quando há um aquecimento da atividade econômica subentende-se

que a economia está crescendo, isso para o governo é excelente, pois a

arrecadação aumenta e conseqüentemente o governo investe em infra-estrutura

criando condições para a economia se manter em crescimento. Por sua vez, a

economia crescendo faz manter a arrecadação de tributos em alta. Com isso o

governo pode criar mecanismos para incentivar novos setores a se desenvolver a

partir da criação de novos empregos e distribuição de renda para que não fique

concentrada obstruindo o desenvolvimento, mantendo assim um ritmo de

crescimento constante.

Entretanto, pode-se afirmar que não há relação entre índices de

arrecadação e a estagnação de toda a economia de um país. Pode ocorrer uma

estagnação num governo onde os recursos sejam canalizados para fora do país ou

mesmo mal investidos, não gerando nenhum efeito multiplicador na economia.

Neste caso a economia estará paralisada pois os recursos da

sociedade que são transferidos em forma de tributos para o governo e que deveriam

retornar à sociedade para gerar serviços e benefícios não retornam, transformando

essa carga tributária em um custo desnecessário e inviabilizando, principalmente, a

concorrência de produtos e serviços no mercado internacional. Isso emperra toda a

cadeia produtiva tornando desinteressante a produção de bens e serviços,

desestimulando a sociedade a criar e inovar num mercado concorrente.


47

A tributação elevada dificulta a iniciativa privada, principalmente as

que recolhem corretamente. Estas terão dificuldades de permanecer no mercado,

enquanto que as que não pagam, por sonegarem de alguma forma, terão controle

do mercado concentrando renda e capital. Se na concorrência existe uma empresa

que não paga o tributo e fique impune perante o não pagamento, esse ato

prejudicará a empresa àquela que paga corretamente, a qual acabará, por sua vez,

sendo expelida do mercado.

Entretanto, sem sombra de dúvida há necessidade de uma

política eficiente de auditoria e fiscalização. Sabe-se que em qualquer empresa,

desde a média até a grande, se não existir controle, fiscalização e auditoria haverá

pessoas burlando as regras. Podemos comparar, então, um país a uma empresa, se

não houver esse tipo de ação ele se torna desorganizado e descontrolado.

Em países desenvolvidos o controle e a fiscalização estão presentes

em tudo, no poder judiciário, legislativo e executivo, propiciando à sociedade uma

melhor qualidade dos serviços prestados pelo Estado.

O recolhimento de tributos tem a incumbência de beneficiar toda a

sociedade. Quando o governo investe corretamente os recursos dessa arrecadação

em infra-estrutura, educação, saúde, habitação e em algumas atividades

econômicas reguladoras de mercado, sendo estas de grande importância à

segurança nacional como energia elétrica, tratamento de água, bancos e

comunicação, o Estado fica menos vulnerável a influências externas se dedicando

mais a problemas internos.


48

As atividades econômicas citadas anteriormente, se fossem

controladas pela iniciativa privada que investe vultosas quantias visando o retorno

financeiro a médio prazo, acarretaria ao Estado a perda da soberania nacional para

as grandes corporações, ocasionando assim a estagnação do desenvolvimento

sócio-econômico. Isso seria um preço muito alto a pagar por esse capital

estrangeiro.

No entanto, se for mantido um certo nível de tributação num governo

com fiscalização e justiça eficientes contra sonegadores e corruptores, o Estado terá

recursos suficientes para competir com grandes corporações em beneficio da

sociedade.

Tais corporações, grupos de empresas internacionais com alto

poder de negociação e com capital que muitas vezes desestabilizam paises, são

verdadeiras máquinas de obter lucros em médio prazo. São poucas as empresas

que possuem estrutura organizacional e capital que conseguem concorrer com tais

corporações, mas considera-se o Estado um concorrente a altura. Segundo

Nóbrega,

Não há possibilidade de uma nação se desenvolver se não for com capital


estatal em certas atividades econômicas. A maioria dos países desenvolvidos
começaram assim, atuando e auxiliando atividades que a iniciativa privada não
conseguia desenvolver por falta de capital (NÓBREGA, 2000).

Portanto um Estado forte, provido com recursos da sociedade

através dos tributos, trás segurança a nação, protegendo a própria sociedade de

eventuais especuladores.
49

Por outro lado, um Estado com baixa arrecadação tributária terá

pouca influência em toda a economia, pois não terá recursos suficientes para

socorrer os mais necessitados nas áreas de saúde, educação e habitação gerando

assim uma convulsão social e um ciclo de pobreza. Provavelmente essa sociedade

não terá chance de crescer. A renda ficará, novamente, nas mãos das grandes

corporações e da classe dominante que concentrará o capital, dificultando o

desenvolvimento e a justiça.
50

3 O DESENVOLVIMENTO DA RECEITA MUNICIPAL E A BUSCA DA

CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO.

O processo de educação fiscal busca incutir o conceito de eficiência,

incluído como princípio da administração pública pelo artigo 37 da Constituição

Federal, com o objetivo de contribuir decisivamente para que a comunicação entre a

gestão pública e a sociedade tenha clareza em analisar os elementos

orçamentários, financeiros e patrimoniais que integram o processo de comunicação,

de maneira que os usuários saibam avaliar e acompanhar os procedimentos da

administração pública.

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, art. 37)

Existe uma preocupação crescente por parte da gestão

governamental em evidenciar, esclarecer e traduzir os elementos de performance e

resultados alcançados, na tentativa de proporcionar uma espécie de cenário nas

prestações de contas do que está acontecendo ou que ocorreu.

A última atualização da Planta de Valores do Município de Londrina

foi realizada na década de 90, tendo como compromisso o fator arrecadação e a

justiça fiscal, afetando assim, os investimentos na saúde, habitação, educação e

entre outros.

No decorrer deste período até o exercício de 2002, a planta foi

atualizada apenas pela inflação anual de cada período. Os empecilhos são muitos
51

para grande parte dos municípios que procedem tal atualização e para o município

de Londrina não é diferente, tanto na parte imobiliária (IPTU, ITBI, taxas), como

também na mobiliária (ISS, taxas). As causas podem ser atribuídas a uma política de

incentivo à uma nova estrutura que passou a existir a partir da metade da década de

90, com a otimização da informática, contratação de mão de obra qualificada,

recadastramento imobiliário, cobrança e maior ênfase a fiscalização dos tributos

municipais.

É válido ressaltar que uma política de desajuste fiscal e incoerência

de valores, além de índices de inflação altíssimos, levaram as administrações

anteriores, mais especificamente nos anos 80 e 90, a adotarem a moratória. A

moratória concede ao agente passivo a ampliação de prazo para pagamento da sua

dívida, conforme Art. 151 do Código Tributário Nacional

Para Carvalho,

A concessão de moratória é fator ampliativo do prazo para que certa e


determinada dívida venha a ser paga, por sujeito passivo individualizado, de
uma só vez ou em parcelas”.( Carvalho, ????)

Na realidade essa ação acabava reduzindo os valores dos tributos a

serem pagos, ocasionando uma falta de justiça tributária e social: enquanto uma

parcela de contribuintes quitavam seus tributos em dia, outra parcela aguardava

algum benefício por parte da administração, como um novo desconto e/ou

parcelamento, gerando assim uma não confiabilidade por parte dos munícipes.
52

A administração atual conseguiu viabilizar junto ao Banco Nacional

de Desenvolvimento Social – BNDES, recursos do PMAT – Programa de

Modernização Tributária, recursos para investimento na área tributária, treinamento

para os servidores, aquisição de novos softwares, aquisição de equipamentos

(computadores, impressoras, mesas, cadeiras, e outras instalações), para

proporcionar um melhor atendimento, como também o aumento da arrecadação

municipal.

Uma das grandes dificuldades em demonstrar a atualização dos

tributos é a situação política e o impacto que é provocado na sociedade. Identifica-se

como uma grande barreira a dificuldade de conseguir convencer os políticos e a

sociedade das mudanças necessárias e, ainda, que a atualização trará justiça e

equilíbrio fiscal, considerado o foco de uma administração tributária coerente.

No exercício de 2000 foi aprovada a lei de Responsabilidade Fiscal,

como também o Estatuto da Cidade em 2001, dispositivos estes criados para

direcionar e obrigar os governantes como também a administração em geral a

adotar uma postura com mais transparência e eficiência. Apesar de serem recentes,

percebe-se já o interesse da sociedade em exercer seus direitos, participando

individualmente ou através de entidades organizadas, como sindicatos, associações

de bairros, conselhos de profissionais e entre outros, com o intuito de conhecer e

fiscalizar o desenvolvimento da receita como também o controle dos gastos

públicos.
53

A lei de responsabilidade Fiscal, juntamente com a nova

administração, trouxe para o município de Londrina um novo comportamento nas

receitas municipais, o que resultou num grande comprometimento com as finanças

públicas, onde os procedimentos administrativos como inclusão e retificações de

lançamentos, análises de isenções, fiscalizações tributárias e a cobrança, são

efetuadas com mais seriedade e eficiência.

O aumento do valor orçado das receitas correntes ao longo de cada

exercício deve-se ao fato de uma política de atualização cadastral fiscalizatória,

tanto imobiliária como mobiliária. É necessário salientar também que na composição

da receita existe o próprio crescimento econômico financeiro do município, com a

implantação de novas empresas, o aumento da taxa de natalidade e migração de

pessoas de outras regiões, gerando com isso novos loteamentos e crescimento dos

que já existem.

Entretanto, observa-se uma dificuldade por parte do município no

que diz respeito a recuperação de valores inscritos em divida ativa. Uma das causas

pode ser atribuída a própria situação econômico-financeira do país, onde há um

grande índice de desemprego e também o baixo poder aquisitivo de quem tem sua

atividade, dificultando assim a extinção do crédito com o pagamento.

Grande parte da arrecadação das receitas advém do Imposto Predial

e Territorial Urbano (IPTU), seguidos pelo Imposto sobre Serviços (ISS) e Imposto

sobre Transmissão Intervivos (ITBI). De acordo com Constituição Federal Brasileira,


54

estes impostos são declarados de competência dos municípios, sendo definidos

como:

a) Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU):

Este imposto incide sobre a propriedade, a posse e o domínio

útil de bem imóvel, com ou sem edificação, situado na zona

urbana do município. Poderá ser progressivo, de forma a

assegurar a função social da propriedade.

b) Imposto sobre Transmissão Inter vivos (ITBI), a qualquer título,

por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão

física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,

bem como cessão de direitos a sua aquisição. Este imposto

incidirá exclusivamente sobre a transmissão onerosa inter vivos

de bens imóveis e de direitos a eles relativos, exceto os de

garantia. A instituição e cobrança do imposto cabem ao

município em que estiver situado o bem.

c) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) não

compreendidos no campo de incidência do ICMS, definidos em

lei complementar. Imposto que tem como fato gerador os

serviços listados pelo Decreto-Lei n.º 406/68, desde que não

estejam alcançados pelo ICMS. Os municípios possuem

autonomia para editarem lista de serviços de acordo com as

especificidades de sua região, mediante lei municipal.


55

Quando ocorre a prestação de serviços juntamente com o

fornecimento de mercadorias, a legislação prevê a incidência do

ISS e do ICMS.
56

3.1 Divisibilidade das Receitas Tributárias

As receitas tributárias foram distribuídas, especialmente os

impostos, quando se descobriu que os mesmos poderiam ser usados como meio

para redistribuir a renda, com a finalidade de promover a justiça social e a igualdade

econômica.

No Brasil, está previsto na Constituição da República o direito de

uma ou mais pessoas políticas participarem da receita arrecadada por outra.

Dentro do sistema tributário brasileiro um ente federado regulamenta

os tributos da sua competência previstos na Constituição Federal e arrecada um

imposto, conforme exposto no capítulo anterior e distribui determinado percentual da

receita respectiva entre os outros entes federativos: a União entre os Municípios, o

Distrito Federal e os Municípios, e os Estados entre os Municípios .

A divisibilidade das receitas se dá nas formas direta ou indireta. A

direta é quando um percentual de um imposto arrecadado pela União ou pelo

Município é repartido com outro ente em uma relação simples, determinada pela

Constituição. Já a indireta, quando são formados fundos e a repartição depende de

rateios previstos na legislação.


57

3.2.1 Divisão indireta

A divisão indireta também pode ser entendida como transferências

inter governamentais que são assim distribuídas:

a) O Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS): 25% do

ICMS arrecadado pelos Estados pertence aos Municípios; o

principal critério para distribuição é o movimento econômico do

Município;

b) Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI): 47% do produto da arrecadação desses

impostos pela União é dividido da seguinte forma:

 21,5% para o Fundo de Participação dos Estados, que é

dividido entre as Unidades Federadas, observando-se

critérios da legislação;

 22,5% para o Fundo de Participação dos Municípios, que é

distribuído aos Municípios, observados alguns critérios da

legislação; essa constitui a principal fonte de arrecadação da

maioria dos Municípios do Brasil;

 3% para os programas de financiamento do setor produtivo

das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; do total que

cabe ao Nordeste, 50% são destinados à região semi-árida;

 IPI: 10% do produto da arrecadação desse imposto pela

União é distribuído aos Municípios, proporcionalmente às

suas exportações de produtos industrializados, limitado a

20%, no máximo, para cada Município; por sua vez, cada


58

Município entrega 25% do que recebe aos Municípios,

obedecidos os critérios, de competência municipal, de

repartição do ICMS.

3.2.2 Repartição direta

É obrigatório o repasse das receitas arrecadadas pela pessoa

política arrecadadora aos entes beneficiados, sendo vedada a retenção ou qualquer

restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, salvo a entrega dos

recursos ao pagamento dos seus créditos contra Municípios e Municípios, conforme

parágrafo único do Art. 160 da Constituição Federal:

Art. 160 - É Vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego


dos recursos atribuídos, nesta Seção, aos Estados, aos Distritos Federal e aos
Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos impostos.

Parágrafo Único: A vedação prevista neste artigo não impede a União e os


Estados de condicionarem a entrega de recursos ao pagamento de seus
créditos, inclusive de suas autarquias.

A Constituição adota dois caminhos diferentes para proporcionar

rendas às pessoas de direito público com capacidade política (União, Estados, DF e

Municípios). Um consiste na competência que dá a elas de arrecadar certos tributos

sobre os quais têm direitos ao total do seu produto. O outro consiste na percepção

de parcelas das quantias arrecadadas por outrem.

Dentre os impostos desta categoria, destacam-se:

a) Imposto de Renda (IR): Aos Estados e Municípios cabe o

produto da arrecadação do Imposto de Renda Retido na


59

Fonte (IRPF) sobre os rendimentos pagos, a qualquer título,

por eles, suas autarquias e fundações;

b) Imposto Territorial Rural (ITR): 50% do produto da

arrecadação do ITR, de competência da União, cabe aos

Municípios em cujo território está localizado o imóvel;

À medida que a sociedade se conscientiza da importância dos

tributos, participando e acompanhando a aplicação dos recursos deles advindos e

elegendo os representantes realmente voltados para os interesses da coletividade,

todos se beneficiam.

3.2 Política de Incremento da Receita Tributária

Percebe-se que para uma instituição governamental atender suas

necessidades públicas, como a saúde, educação, habitação e outras, é necessário

que a atividade financeira esteja focada essencialmente na receita, na gestão e na

despesa.

Levando-se em consideração que os tributos, em especial os

impostos, constituem a mais importante fonte de recurso público. Nesse sentido,

BERBEL destaca alguns pontos relevantes para a otimização da receita pública:

 Reduzir a evasão Fiscal;


 Implementar a retenção na fonte dos tributos municipais na Administração
Pública Municipal;
 Ampliar o regime especial de Substituição Tributária;
 Implementar o regime especial de estimativa;
 Implementar a guia única de arrecadação;
 Implementar o processo de cobrança dos débitos fiscais;
60

 Implantar programa específico de acompanhamento da evolução das


receitas municipais;
 Ampliar a base tributária;
 Recadastrar e manter atualizado os cadastros mobiliário e imobiliário;
 Promover a revisão contínua da Legislação Tributária;
 Revisar os incentivos fiscais municipais;
 Avaliar o processo de concessão de isenções e imunidades constitucionais.
61

4 O CONCEITO DE CIDADÃO E CIDADANIA E A FORMA EFETIVA

DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DA APLICAÇÃO DE

RECURSOS

O objetivo da maioria da população é que o Brasil se torne um país

socialmente mais justo, capaz de crescer e gerar empregos, além de oportunizar o

exercício da capacidade empreendedora dos brasileiros. Tornar esse sonho possível

é o grande desafio das autoridades.

Essa preocupação, apesar de timidamente, vêm se refletindo na

legislação brasileira, que através da instituição de novas leis vem buscando o

alcance de um Estado com agilidade, transparente, eficiente e eficaz, voltado para

as expectativas e necessidades do cidadão. Nesse aspecto, consideram-se ser tais

características uma condição essencial para conciliar a responsabilidade fiscal, a

melhoria da qualidade do gasto público e o atendimento às demandas da sociedade

quanto a produtos e serviços públicos com qualidade.

4.1 Aplicação de Recursos na Administração Pública

Percebe-se nos últimos anos uma crescente preocupação da

população e órgão oficiais no que se refere à aplicação dos recursos públicos.

Considera-se que a Lei de Responsabilidade e os movimentos de combate à

corrupção vieram incutir na cultura brasileira uma mentalidade acompanhamento da

aplicação destes recursos.


62

Isso reflete uma sociedade indignada com o crescimento da

corrupção e da oligarquia política, o que aumenta a necessidade de participação,

transparência de suas ações governamentais e controle social sobre os

governantes.

Existem diversas formas com que a sociedade pode efetuar o

acompanhamento de seus governantes. O primeiro passo é verificar se o que foi

planejado pelo executivo está sendo realizado no que se refere à aplicação de

recursos.

Dentro deste planejamento, temos o Plano Plurianual que é um

objeto de fixação de diretrizes e metas de despesas de capital. Sua duração é de

quatro anos e inicia-se a partir do segundo ano da administração que o elabora, até

o final do primeiro ano da próxima administração.

Outra fonte de acompanhamento e fiscalização é o Orçamento

Público. Um orçamento faz parte da realidade de qualquer empresa, seja ela do

setor privado ou público, que é utilizado como instrumento para controle de gastos.

Na administração pública encontra-se o orçamento público, que consiste num

planejamento onde são indicados os objetivos e meios financeiros a serem atingidos

para um determinado exercício financeiro, apresenta-se em forma de lei que se

configura como um instrumento de controle no que se refere aos gastos públicos.

Segundo Giacomo, O Orçamento Público consiste no


63

“instrumento de que dispõe o poder público, em qualquer de suas esferas, para


expressar, em determinado período, seu programa de atuação, discriminado a
origem e o montante de recursos a serem obtidos, bem como a natureza e o
montante dos dispêndios a serem efetuados”. (GIACOMO,1998) .

No orçamento público, as aplicações correspondem à despesa

fixada, autorizada e que não pode ser ultrapassada, proporcionando assim, uma

maior eficiência/eficácia no uso dos recursos públicos e também assegurando o

controle sobre as receitas e despesas públicas realizadas pelo poder legislativo.

Partindo do princípio que o planejamento das despesas configurado

no Plano Plurianual e Orçamento Público, é considerado importante instrumento no

delineamento de relações mais transparentes e democráticas entre o governo e a

população, surge então o conceito de orçamento participativo

O Orçamento Participativo desenvolveu-se a partir do Orçamento

Público e tem apresentado certa relevância nas últimas décadas. Segundo PIRES

define-se como:

... uma expressão que se tornou corrente em alguns meios políticos brasileiros
desde os anos 80, significando a adoção de práticas diferenciadas de gestão
orçamentária municipais, nas quais o ingrediente inovador anunciado consiste
na abertura de canais e mecanismos de participação popular no processo de
destinação de recursos públicos das prefeituras”. (PIRES, 1999)

Com o surgimento do orçamento participativo permitiu-se uma

participação mais ativa da população organizada, no sentido de aperfeiçoamento

político em relação às decisões sobre finanças e políticas públicas. Assim, o cidadão

passa a figurar como um cliente agente do setor público que tem o papel de analisar

o destino dos recursos que ele emprega neste setor com o pagamento de impostos,
64

repercutindo desta forma, numa pressão maior junto ao governo com vistas à

eficiência e ao melhor planejamento de seus gastos.

Considera-se o orçamento participativo um instrumento que visa a

retomada de consciência e abre alas para a cidadania. Entretanto é preciso que o

cidadão fique atento para que tal instrumento não seja usado como uma estratégia

de marketing político. Com esta intenção não provoca mudanças, pois apenas

vincula a idéia de democracia participativa ao governo, desvirtuando a finalidade de

um orçamento participativo.

O Orçamento Participativo possui amparo legal em diversas esferas

da lei federal, porém isso não garante um comprometimento do governo com a

participação popular. É preciso vontade e interesse político do governante, mas

principalmente a iniciativa do cidadão em cobrar o exercício da chamada

participação democrática.

4.2 A Cidadania no Processo de Educação

O conceito de cidadão e cidadania, apesar de não atual, vem sendo

muito utilizado nos últimos anos, tendo em vista a necessidade de se desempenhar

este papel efetivamente. Para Aurélio Buarque de Holanda, cidadania configura-se

como a “condição de cidadão”; já, cidadão vem a ser “o indivíduo no gozo dos

direitos civis e políticos de um Estado."


65

A cidadania teve sua origem na Grécia, onde cidadão era aquele que

habitava uma Polis (cidade) e exercia a política, ou seja, era participante da

democracia (excetuavam-se mulheres, escravos, velhos e crianças). Na época

medieval, a cidadania era exercida somente pelo rei, clero e nobreza.

Tais conceitos de cidadão e de cidadania consolidaram-se com a

instauração da democracia burguesa, que emergiu das famosas declarações dos

Direitos do Homem e do Cidadão, surgida posterior à Revolução Francesa.

Nota-se que no Estado moderno a cidadania se desenvolveu a partir

de revoluções sociais que buscavam direitos iguais para todas as classes sociais,

pois a cidadania era exercida sempre pelas classes dominantes, ou seja, aquelas

que detinham o poder em suas mãos. Entretanto, essa divisão perdura até os dias

de hoje e apesar de tanto se falar em democracia, observa-se que grande parte da

população encontra-se excluída socialmente e muitas vezes impedida de exercer

seus direitos.

Desta forma, a democracia passa a ser o sistema político que se

baseia no livre exercício da cidadania. Para ser um cidadão participante, é preciso

estar bem informado sobre os acontecimentos e as coisas públicas.

Em termos de Brasil, pode-se afirmar que nos últimos anos houve

uma ampliação na oportunidade de se construir um novo papel ao cidadão, aquele

que é muito mais engajado e participativo no fazer político e nas decisões a serem
66

tomadas que o influenciam direta ou indiretamente. Falta no entanto oportunidades e

conscientização para que esta participação se realize de uma maneira mais efetiva.

Touraine esclarece que

A cidadania traz em primeiro lugar a idéia de consciência coletiva, de vontade


geral, idéia que, de Hobbes a Rousseau, constituiu, não a democracia liberal
respeitadora dos direitos humanos fundamentais, mas o espírito republicano, a
idéia dos antigos. (...) A idéia de república evoca os deveres e sacrifícios que o
cidadão deve aceitar para defender e tornar viável a comunidade de cidadãos
(TOURAINE apud MAHFUS s.d.)

Diante da realidade em que estamos inseridos surge a Cidadania

Ativa, considerada como um novo conceito de cidadania que busca superar os

limites da visão clássica do liberalismo, surgida a partir de práticas emergentes da

sociedade civil e das experiências de participação popular desenvolvidas por

gestões públicas democráticas.

A Cidadania Ativa ocorre com a participação popular instituída

através de uma medida ou propaganda governamental, porém sem uma

continuidade institucional. Para BENEVIDES (1998) “È a realização concreta da

soberania popular [...] supõe a participação popular como possibilidade de criação,

transformação e controle sobre o poder, ou poderes”.

O conceito de Cidadania Ativa enfatiza a imprescindibilidade da

participação popular na sua construção, assim como a necessidade de uma

profunda alteração das relações entre o Estado e a sociedade na construção de

espaços públicos, considerando-se que há uma grande distância entre o povo e os

órgãos de decisão nas sociedades contemporâneas.


67

Com a institucionalização de práticas de participação, procura-se

estreitar os laços entre a sociedade e a administração pública, permitindo que o

povo passe a se interessar e participar diretamente dos assuntos diretamente

ligados à eles, além de se manter bem informado sobre os acontecimentos que os

cercam.

A introdução deste princípio participativo da população é uma forma

de conter uma tradição oligárquica e patrimonialista existente em nosso país, apesar

de que essa cultura ainda representa um obstáculo à legitimação dos instrumentos

de participação popular. Surge então a necessidade de se educar a população com

vistas ao pleno desempenho da cidadania ativa, conforme afirma BENEVIDES

(1998), “... Daí sobrelevar-se a importância da educação política como condição

inarrecadável para a cidadania ativa – numa sociedade republicana e democrática.”

Considerando que o povo brasileiro vêm de um longo período de

exclusão, conclui-se que o não exercício da cidadania plena é advindo do

despreparo em que se encontram. Segundo ARROYO (1996) “o mesmo discurso

que enfatiza a liberdade e a cidadania enfatiza a necessidade da educação para a

liberdade e para a cidadania.”

Parte-se do pressuposto que a educação é uma precondição para o

exercício pleno da cidadania, ou seja, primeiramente é necessário dar instrução ao

homem comum para que ele seja aceito como cidadão e desempenhe este papel.

De acordo com ARROYO o vínculo existente entre educação e cidadania pode ser

visto
68

como precondição para a participação, vem agindo durante séculos para


justificar a exclusão da cidadania, a condenação das camadas populares à
condição de incivilizados, de não-aptos como sujeitos de história e de política, e
a legitimação da repressão e desarticulação das forças populares por teimarem
em agir politicamente fora das cercas definidas pelas elites civilizadas como o
espaço da liberdade e da participação racional e ordeira. (ARROYO, 1996)

É imprescindível a todo cidadão, informações fiscais básicas para

convívio em sociedade, já que o tributo está presente desde a sua formação até as

suas lutas por direitos iguais, desempenhando importante fator no processo de

distribuição de renda de um país.

Incutir questões da sociedade buscando a análise crítica faz com

que o educador passe a participar e exercer o seu direito de político. Isso é um dos

princípios da educação fiscal e também da educação tributária. Só assim o educador

pode desempenhar seu papel de repassar aos alunos as informações básicas sobre

tributação que lhe serão úteis em seu dia a dia.

4.3 Os Gastos Públicos e o Controle e Fiscalização da Arrecadação

A partir da Constituição de 1988 a ênfase se dá na necessidade de

se reformular o setor público com vistas à redução de esbanjamento. Isso reflete

diretamente na forma em que ocorre organização do gasto público, na transparência

e também no planejamento das decisões governamentais sobre alocação de

recursos.

O eleitor tem o direito e a obrigação de se preocupar com a

redemocratização do país, isso é feito a partir do acompanhamento aos eleitos no

que se refere ao controle de suas ações para o bem público. Essa preocupação vem

se acentuando a partir dos anos 80: cada vez mais brasileiros passam a ver a
69

importância de se fiscalizar os prefeitos, vereadores, deputados, governadores e até

mesmo o presidente da República, ou seja, fiscalizar aquele quem ele escolheu para

representá-lo.

Existem diversos órgãos de fiscalização e controle que exercem

suas ações de várias formas, aperfeiçoando os mecanismos pelos quais

desempenham suas atividades de acordo com as próprias necessidades do Estado.

Quando uma instituição adota estes mecanismos de controle, sejam

por órgãos internos ou externos, pode-se dizer que ela se encontra num elevado

nível de modernização.

O controle externo das contas públicas é feito geralmente por órgãos

oficiais, como o Tribunal de Contas e Controladorias, que possuem independência

em relação aos demais poderes e ampla autonomia administrativa e funcional para

exercerem suas funções. Entretanto, este controle pode também ser exercido por

outros órgãos como: Poder Judiciário, Ministério Público, Legislativo, Executivo, etc.

Já o controle interno é realizado por um órgão integrante da própria

Administração, no caso da Prefeitura de Londrina a Auditoria Interna, que é

responsável pela verificação dos atos administrativos de índole financeira e

orçamentária.

Mas a sociedade também tem papel fundamental no controle e

fiscalização dos seus representantes. Esta preocupação com o controle dos

recursos públicos e combate à corrupção e à impunidade vem se despontando na


70

sociedade brasileira. Percebem-se algumas mudanças neste quadro de estagnação

da cidadania que a sociedade apresenta.

Em nível de participação ela vem assumindo papel importante na

fiscalização dos recursos arrecadados pelo poder público. A Constituição Federal,

aliada à Lei de Responsabilidade Social, confere ao cidadão o desempenho de seus

direitos no que diz respeito a denuncias de irregularidades ou ilegalidades perante o

Tribunal de Contas.

O cidadão isolado ou até mesmo organizado em associação tem

participado, apesar de timidamente, da fiscalização dos interesses individuais e

coletivos, uma vez que estamos passando por uma fase em que a moralização do

serviço público encontra-se em destaque e o acompanhamento e controle do uso do

bem público é uma necessidade.

Entretanto, percebe-se que em termos de representatividade isso

ainda é muito pouco. Nota-se uma pré-disposição da população em acompanhar as

decisões políticas de seu representante, mas não há uma continuidade, talvez pelo

fato de acreditar na impunidade. Porém este assunto não será aprofundado, por não

ser o foco deste trabalho.

Enfim, considera-se de fundamental importância a adoção de

educação política e fiscal com vistas ao alcance deste objetivo. A fim de preparar o

povo para a efetiva participação democrática, possibilitando reverter a imagem que


71

hoje se tem de uma população não apta, submissa e incapaz de participar das

decisões que a afetam diretamente no seu dia-a-dia.

È importante que a eles sejam garantidas a informação e a

consolidação institucional de canais abertos para a sua participação, a fim de

consolidar o efetivo controle e participação do cidadão na administração da coisa

pública.
72

5 SENSIBILIZAR E EDUCAR OS CIDADÃOS, VISANDO MINIMIZAR

AS CAUSAS DO NÃO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO

TRIBUTÁRIA

O poder de tributar é uma manifestação da soberania do Estado,

decorre do jus imperii e permite compelir as pessoas ao pagamento de efeitos

financeiros para a garantia substancial das receitas do erário, como medida de

contraprestação da realização dos serviços de natureza pública executados pelo

Estado para a satisfação do bem comum e da sociedade.

A soberania Estatal, bem como o poder de tributar dela decorrente,

emanam e estão expressos nas disposições da Constituição Federal, que ao mesmo

tempo que atribui competências aos entes federal, estaduais e municipais para a

instituição e a exigência de tributos, também assegura as garantias e direitos dos

contribuintes através das limitações ao exercício desse poder.

Contudo, apesar do direito tributário positivo regulamentar o poder

de império e de soberania do Estado perante os contribuintes e buscar submeter, de

forma igualitária, todos os cidadãos à condição de contribuintes de tributos para a

manutenção e o provimento dos bens e serviços de interesse público, não se

apresenta como sendo suficiente para a realização de um modelo ideal e justo de

tributação no país, representando desta forma, a relação jurídica tributária

estabelecida entre fisco e contribuintes.


73

Devido à existência de inúmeros fatores como, por exemplo, práticas

abusivas e ilegais, inobservância dos direitos e obrigações, entre outros que são

praticados por ambos os lados da relação fisco x contribuinte, não se obtém um

relacionamento recíproco e harmonioso que tem como causa uma finalidade comum

a ambos os pólos dessa relação.

Ao contrário, na prática percebe-se que o que se tem é uma relação

marcadamente tensa e conturbada e, como se não bastasse, passível de ações de

afronta e de burla à obrigação tributária e à lei, que são praticadas tanto pelo Estado

quanto pelo Contribuinte e que trazem conseqüências bastante prejudiciais à

sociedade como um todo.

Sob o ponto de vista do Estado, eventualmente pode-se verificar em

sua prática a adoção de uma exação indevida e exagerada como uma medida de

possível solução ao déficit público ou como uma necessidade decorrente de uma

mera incapacidade ou ineficiência administrativa, mas que, qualquer que seja o

motivo, acaba resultando numa ação voraz que pode tanto ser indesejável quanto

gerar uma tendência capaz de agravar e provocar tensão na relação tributária e os

sujeitos nela envolvidos.

Diversos são os tributaristas que se manifestam a esse respeito,

conforme BECKER (1996) “a tributação irracional dos últimos anos conduziu os

contribuintes (em especial os assalariados) a tal estado que, hoje, só lhes resta a

tanga”. E ainda segundo o referido autor, “restam-lhes apenas a fé e a esperança na

mudança desse estado de coisas”.


74

Distorções desse tipo devem ser evitadas e combatidas para que a

tributação, enquanto um objeto pleiteado pelo Estado e tutelado pelo Direito, não

sofra com desvios ou descaminhos que prejudiquem o alcance de sua finalidade

primária e essencial, fazendo-se mister, além disso, que a própria relação dela

resultante deva estar normatizada de tal modo que proporcione tal finalidade com

justiça e igualdade fiscal.

Nas palavras da tributarista Elizabeth Nazar Carraza, tem-se que:

O Estado não pode, portanto, omitir-se diante das desigualdades sócio-


econômicas existentes. Tem o dever de atuar no sentido de corrigi-las ou,
quando pouco, diminuí-las, garantindo a todos, a igualdade de possibilidades.
Para esse fim, inúmeros são os dispositivos constitucionais relativos à ordem
econômica e social.” (CARRAZA, 1996).

Por outro lado, no que se refere aos contribuintes em geral pode-se

verificar a prática, por diversos motivos de ordem financeira, subjetiva e individual,

de ações que consistem em sonegação, fraude e evasão fiscal que visam burlar a

Fazenda Pública no que diz respeito ao recolhimento do tributo, o que, ainda,

costuma ser acompanhado de diversas justificativas que buscam legitimar tal

conduta, destacando-se a elevada carga tributária e a infinidade de tributos que a

torna demasiado onerosa, bem como a tributação desigual e a impunidade aos

maus contribuintes.

Num quadro com essas características tanto a Fazenda Pública

quanto os contribuintes e, mais ainda, toda a sociedade acaba prejudicada quando

não é concretizada a finalidade principal da tributação, ou seja a obtenção de

recursos para a realização dos serviços públicos essenciais e de satisfação do bem

comum, bem como a finalidade secundária de promover uma melhor distribuição de


75

renda entre a população. Nesse quadro são poucos os que ganham, isso em

detrimento de toda a coletividade.

Diante disso, a relação jurídica, social e econômica que envolve a

tributação torna-se precária e enfraquecida, tensa e injusta, contaminam-se ambos

os seus agentes, Fazenda Pública e contribuintes, Estado e cidadãos, o que

prejudica o deslinde da relação tributária e de seus fins. E é como possível antídoto

contra esses males que são pensadas e criadas algumas ações e programas como

o desenvolvimento da denominada Educação Fiscal.

Em análise dos estudos e opiniões de inúmeros especialistas, e bem

como a alguns desses programas já instituídos pelos entes públicos para o combate

a essas irregularidades e excessos, fraudes e sonegações praticados pelos agentes

da relação tributária, tais condutas são em muito atribuídas como uma herança

histórica, fruto de uma mentalidade e uma cultura que marca a formação da

sociedade brasileira e do seu povo.

Sendo assim, torna-se válido e relevante uma passagem, ainda que

breve, destacando o passado, a história e a formação da organização da sociedade

e do povo brasileiro.

Entre outros autores, destacou-se a partir dos anos trinta do século

passado o cientista social Sérgio Buarque de Hollanda, que faz uma análise

sociológica e crítica acerca da sociedade brasileira, do caráter arcaico, conservador

e de privilégios, que seria dotada de um espírito anti-moderno, de desapego ao


76

trabalho e à conduta racional e impessoal, fortemente marcado por heranças de

caráter patrimonialista e patriarcal.

O mesmo autor possui um estudo a respeito da nossa formação

cultural, que segundo ele trata-se de um transplante da cultura européia, de uma

herança cultural dos nossos colonizadores portugueses, dotados de um espírito

aventureiro e explorador que marca profundamente a nossa formação, em que

prevaleceu, por exemplo, o espírito de conquista e de exploração e não de uma

conduta racional e empreendedora e, menos ainda, de um espírito revolucionário

burguês ou mesmo de um espírito liberal.

Segundo as palavras do próprio Sérgio Buarque de Hollanda, no seu

livro clássico “Raízes do Brasil”, escrito na década de Trinta do século passado, tem-

se que:

No caso brasileiro, a verdade, por menos sedutora que possa parecer a alguns
de nossos patriotas, é que ainda nos associa à Península Ibérica, a Portugal
especialmente, uma tradição longa e viva, bastante viva para nutrir, até hoje,
uma alma comum, a despeito de tudo que nos separa. Podemos dizer que de
lá nos veio a forma atual de nossa cultura; o resto foi matéria que se sujeitou
mal ou bem a essa forma. (BUARQUE, 1999).

Foi-se constituindo, portanto, segundo esse e diversos outros

autores, devido às características citadas acima, não só uma sociedade como

também um próprio Estado que, por ser marcado pelo patrimonialismo, apresenta-se

como um prolongamento das relações pessoais e familiares, utilizado em benefício e

por interesses de particulares, que dessa forma representa uma sociedade formada

por poucos privilegiados e muitos oprimidos, em que fica comprometida uma linha

demarcatória entre as esferas pública e privada.


77

A esse respeito o cientista social Raimundo Faoro, em seu livro

clássico denominado “Os Donos do Poder”, constrói uma tese demonstrando o

caráter patrimonialista do Estado brasileiro que responderia, em última instância,

pela substância intrinsecamente não-democrática, particularista e baseada em

privilégios que sempre teria marcado o exercício do poder no Brasil.

Portanto, verifica-se que o desenvolvimento do patrimonialismo

estatal dá-se a partir do caráter personalista da sociedade brasileira, herdado dos

colonizadores portugueses, que se traduz em um dos impedimentos para o

desenvolvimento de um Estado racional democrático capaz de possibilitar um trato

objetivo e igualitário das questões de ordem pública e que, ao contrário, ainda se

constitui em muito como uma mera generalização da lógica da sociabilidade familiar

baseada nos laços pessoais e afetivos que caracterizam o personalismo.

Desse modo, a consolidação das relações de caráter impessoal e

racional no nível estatal fica prejudicada. E assim, considerando-se o Estado como

resultante da própria sociedade e que pode ser compreendido a partir do

entendimento que se tem desta, no Brasil ele não se constitui como um

representante pleno de uma coletividade, de uma democracia, mas sim de uma

sociedade hierarquizada e autoritária, anti-liberal e excludente, conservadora e

patrimonialista, que privilegia as suas elites em detrimento da população como um

todo.

Portanto, seriam especialmente por esses fatores históricos, que

teriam marcado profundamente as raízes, a mentalidade e a consciência do povo


78

brasileiro, que acabam fazendo com que o espírito coletivo e de cidadania tenha

tanta dificuldade de florescer no Brasil, faz com que não haja muito a noção e, por

conseguinte, o respeito em relação às regras e às políticas da esfera pública

transcendendo a esfera e os interesses privados e individuais.

Por tudo isso que, aliado a uma falta de politização e de

institucionalização na sociedade, práticas e condutas arbitrárias, irregulares,

individualistas e indesejadas tendem a ocorrer no campo das relações entre Estado

e cidadãos, e o que não dizer especificamente entre a Fazenda Pública e os

contribuintes em relação ao recolhimento do tributo, face os nossos fortes traços

culturais do personalismo, patrimonialismo e individualismo, que se contrapõe a uma

conduta racional e impessoal de obediência aos acordos e compromissos e

estendida de modo igualitário entre todos os indivíduos.

O sistema tributário brasileiro induz à evasão, dada a falta de

punições exemplares aos sonegadores. Nota que esse processo tem se agravado

cada vez mais, concentrando a carga tributária em quem não tem como fugir ao

pagamento do tributo. O problema neste caso é a sonegação e a ineficiência do

Estado em arrecadar. As multas baixas e a falta de aplicabilidade das leis punitivas

que disciplinam a arrecadação e o desconhecimento educacional tributário da

população contribuem à sonegação.

Na realidade não existe sistema eficiente de punição a sonegação.

Quanto maior a carga tributária, mais vulnerável à sonegação e à evasão fiscal

estará o Estado. Existe sim a necessidade de haver um equilíbrio da carga tributária


79

e instrumentos eficientes de punição à evasão fiscal e disciplinar com a implantação

de programas educativos na área fiscal.

É sabido que a noção de cidadania enquanto um conjunto de direitos

e deveres dos cidadãos perante o Estado, e enquanto um valor a ser perseguido,

deve ser construída em meio a um processo histórico de interiorização e de

conscientização dos respectivos direitos e deveres que ela representa. Por

conseguinte, programas como o da Educação Fiscal tornam-se relevantes na

medida em que tem, entre seus objetivos, o de buscar o aperfeiçoamento de uma

relação que é de caráter essencial para o Estado e os cidadãos brasileiros.

A consecussão desse objetivo tem como caminho o combate à

sonegação e à evasão fiscal mediante a educação cívica e a conscientização dos

cidadãos para a consolidação do recolhimento do tributo como um ato de cidadania

que deve ser estendido a todos com igualdade e justiça, e também mediante a

utilização de mecanismos de eliminação de possíveis causas do não cumprimento

desse dever.

Entre essas possíveis causas pode-se identificar diversas questões

de ordem social, cultural e econômica, entre outras, como por exemplo o receio de

arcar com o ônus do tributo e levar desvantagens frente à concorrência, os

costumes e valores culturais de obter “jeitinhos” e vantagens em relação aos

demais, a postura e a visão radical do capitalismo selvagem e individualista, e o

descomprometimento com a vida pública, o bem comum e a sociedade municipal.


80

Desse modo, em meio ao programa de educação fiscal devem estar

contidas algumas medidas que tenham como efeito o combate e a desconstrução

desse tipo de comportamento e mentalidade que em muito prejudica o Estado, a

sociedade, bem como o deslinde da relação tributária entre Fisco e contribuintes.

Também é preciso, através da educação fiscal, a construção de um

processo histórico com medidas a curto, médio e longo prazo, para incutir o

comportamento de cidadania e a sensação de cumprimento do dever no ato de

recolhimento do tributo devido, que muitos contribuintes possuem, mas não o

exercem com a sensação de que todos os demais brasileiros adotem esse mesmo

comportamento, ou então o exercem carregados por sensações de injustiça,

desigualdade e exploração frente aos demais membros da sociedade.

São esses, entre outros, os objetivos que as medidas de educação

fiscal a serem propostas devem ter. E, além de focadas no combate a essas

questões e a essa mentalidade que contaminam a sociedade civil, devem ser

propostas para atingir também a própria máquina do Estado, pois conforme já

constatado, a sua conduta na boa aplicação das receitas públicas e o modo de suas

ações para com os bons e maus contribuintes também tem forte repercussão sobre

o comportamento dos indivíduos enquanto cidadãos contribuintes.


81

6. PROPOSTAS DE AÇÕES PARA ORIENTAÇÃO À POPULAÇÃO

A Educação Fiscal está intimamente atrelada a uma das formas de

promoção da cidadania, sendo possível, através dela, o desenvolvimento da

consciência dos cidadãos, a respeito da relevante função social dos tributos e

reflexos na qualidade de vida da população, bem como a importância da busca pelo

bem coletivo. Aquele que paga seus impostos titulariza-se no direito de reivindicar

melhorias e fiscalizar a correta aplicação de recursos, bem como acompanhar e por

que não, ajudar o gestor público nesse trabalho.

O verdadeiro propósito da Educação Fiscal cinge-se na criação de

uma consciência coletiva que leve todo contribuinte ao recolhimento dos tributos

devidos, fiscalize sua correta aplicação e ajude no processo de desenvolvimento de

sua cidade, busca da justiça social e redução das desigualdades. Através dessa

consciência, é possível uma aproximação da relação entre o Estado-arrecadador e o

contribuinte salientando o papel de cada um, sem que para isso alguém tenha que

se sacrificar. Pretende-se com isso, retirar do Estado, o papel repressivo e punitivo

que gera a sonegação fiscal, incutindo em cada cidadão, a sua exata participação na

sociedade.

Um Projeto de Educação Fiscal não deve estar atrelado a qualquer

espécie de programa de governo, mas ser uma das reivindicações permanentes da

sociedade para a eficaz aplicação de recurso públicos com a exigência da

participação popular através de amplo debate e planejamento estratégico para o

desenvolvimento sustentável de uma cidade.


82

É através desse tipo de ação que se exerce a cidadania, não se

restringindo tão somente ao exercício do voto, previsto na Constituição da

República, mas também na participação espontânea da população no cumprimento

do dever de pagar tributos ao Estado, elaboração do Orçamento Anual e fiscalização

para a sua correta aplicação.

Em recente matéria publicada na revista “Época”, 4 de outubro de

2004, denota-se o engajamento na modernização da forma de distribuição de

recursos e sua fiscalização, conforme trecho que se segue:

Dentro do setor público o esforço é grande. O governo mineiro, por exemplo,


criou em 1996 um mecanismo simples e bem bolado para incentivar o uso
correto do dinheiro do contribuinte. Antes, o ICMS era distribuído para os
municípios de acordo com critérios quantitativos, como o tamanho da
população – como ocorre em vários estados. A lei, batizada de Robin Hood,
criou um sistema de pontuação que dá nota para a aplicação dos recursos. Em
resumo, para receber mais verba o prefeito precisa provar que gastou com
eficiência o dinheiro que já tinha recebido.
...
No governo Lula o passo importante foi a criação da CGU ligada à Presidência
da República. O órgão juntou duas repartições que tinham como função apenas
protocolar e criou uma estrutura para vigiar a aplicação dos repasses federais
para os municípios. Em um ano e nove meses, a controladoria passou o pente-
fino em 310 cidades, escolhidas por sorteio. Descobriu que 98% delas eram
prejudicadas por fraudes ou por incompetência de seus prefeitos. (NUNEZ e
ARANHA, 2004)

Não podemos esquecer portanto que o voto outorga poderes ao

político para administrar a cidade e gerir recursos públicos, não ao seu bel prazer,

mas de acordo com a vontade popular.

A fiscalização na aplicação de recursos públicos através de diretrizes

emanadas da Lei de Responsabilidade Fiscal sem dúvida alguma simboliza o início

da vontade dos governantes na moralização no trato da coisa pública. Um processo

de educação fiscal se levado a sério, é um grande inibidor da corrupção.


83

Necessário se faz incutir na consciência geral, que seu esforço pode

e será revertido em seu próprio benefício, aliviando o peso sobre o Estado em razão

de suas inúmeras funções.

A Educação fiscal é fator essencial para o alcance desse objetivo,

pois possibilita o estabelecimento de um caminho concreto para auxiliar a

formulação de novos paradigmas, no qual o ente público estabeleceria processos de

ensino-aprendizagem com a população utilizando-se de ferramentas e recursos já

existentes.

No âmbito Municipal, mais especificamente no Município de

Londrina, tais ações poderiam ser alavancadas através da efetiva participação de

Secretarias afins em um Programa de Educação Fiscal, tais como:

a) Secretaria Municipal de Fazenda;

b) Secretaria Municipal de Educação;

c) Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento;

d) Secretaria de Governo (Núcleo de Comunicação Social);

e) Orçamento participativo;

f) Servidores.
84

Insta observar que a perfeita aplicação do programa mencionado

depende da vontade política dos governantes, sem a qual torna-se infrutífera

qualquer tentativa de aprofundamento nesta área.

A primeira etapa do processo de implantação do Programa de

Educação Fiscal, como já salientado, depende do comprometimento da alta

administração, exteriorizando sua vontade através do envio de um projeto de lei

(anexo) à Câmara Municipal para formalização do programa e vinculação de todos.

A Secretaria Municipal de Fazenda, através de seus servidores,

principalmente do seu corpo fiscal, poderá adotar medidas educativas através de

manuais, apostilas e cartilhas orientadoras, demonstrando a natureza jurídica do

tributo, previsão orçamentária, fontes de custeio e aplicação dos mesmos.

A partir daí, a sensibilização do seu público interno far-se-á através

de reuniões e apresentação de palestras, cujo objetivo, além da sensibilização de

todos, será o de cooptar multiplicadores.

Também podem ser realizadas palestras com os diversos segmentos

da sociedade organizada, tais como: sindicatos de empresas, associações

comerciais, industriais, agropecuárias, imobiliaristas, associações de moradores, etc,

com servidores da própria Secretaria de Fazenda e Núcleo de Comunicação Social.

Além disso, é possível incentivar estudos acadêmicos acerca da

Educação Fiscal nas diversas instituições de ensino superior do Município, atraindo


85

multiplicadores e capacitando-os, para que haja uma linguagem universal sobre o

tema.

Através da rede pública de ensino, afeta à Secretaria Municipal de

Educação, é possível o implemento em sala de aula, de atividades voltadas para a

Educação Fiscal, através da inclusão, de maneira transversal, nas disciplinas do

currículo escolar do Ensino Fundamental e Médio de temas diretamente

relacionados com aspectos tributários, sociais e econômicos e compreensão da

aplicação da arrecadação dos recursos públicos.

A partir da capacitação dos professores (multiplicadores), os alunos

aprenderão em sala de aula que os recursos provenientes da arrecadação de

tributos retornam para a população através da execução de obras de infra-estrutura,

saneamento, construção de estradas, cultura, lazer, segurança, saúde, educação e

turismo.

Os professores poderão adotar cartilhas e apostilas instrutivas de

modo a esclarecer a importância do recolhimento dos tributos no desenvolvimento

da democracia e no bem estar coletivo.

A proximidade desses multiplicadores pode ser aproveitada para

demonstrações práticas da aplicação de recursos derivados da arrecadação de

tributos no próprio bairro onde vivem, inobstante salientar a desvinculação dos

impostos e sua aplicação.


86

Outra forma de participação popular no auxílio da gestão pública

está inserida nos Orçamentos Participativos, que se afiguram por serem o elo de

ligação entre os anseios da população e a Administração Pública.

Félix Sanchez, apresenta a seguinte exposição acerca do

Orçamento Participativo:

O orçamento participativo aparece como uma proposta consistente de reorganização da


sociedade e do Estado por meio da participação popular. Mais cedo do que tarde, perto
de todos nós, o OP descortina um horizonte de possibilidades que está recolocando
com a força de novos protagonistas sociais o desabrochar de uma nova onda
democratizadora em nossas sociedades. (SANCHEZ, 2002)

No Município de Londrina, o orçamento participativo já é presente,

tendo demonstrado ser eficiente no diagnóstico das necessidades da população,

incentivando com isso cada vez mais a sua participação.

Pretende-se com essas ações incentivar a ampla participação

popular, combatendo a sonegação fiscal, a evasão de divisas, a concentração de

renda e as desigualdades sociais, de modo que todos se capacitem e se

transformem em multiplicadores aptos ao pleno exercício da cidadania dentro do

estado democrático de direito.


87

7. CONCLUSÃO

A sociedade em geral encontra-se indignada com a má aplicação de

recursos públicos, desvios e ineficiência dos serviços prestados nas áreas de

educação, saúde, transporte, segurança pública, entre outros.

Diante desta situação consternante, identifica-se uma grande

oportunidade de despertar a importância da participação democrática do cidadão no

momento da escolha de seu representante, na sua participação na elaboração do

orçamento público, no desenvolvimento das receitas arrecadadas como também o

acompanhamento da sua aplicabilidade, a fim de conscientizar o indivíduo com

relação à sua representatividade.

Nesse sentido, considera-se ser de fundamental importância a

implementação de um programa de Educação Fiscal para o município de Londrina.

Partindo-se do principio que tal programa tem como função levar o cidadão à

participação efetiva na gestão dos recursos públicos, que estão sob

responsabilidade do Estado.

É preciso conscientizar a população com relação à necessidade de

fiscalização, a medida que sejam garantidas informações necessárias para isso.

Atualmente os meios de comunicação são extremamente efetivos, o que

proporciona ao cidadão a possibilidade de um melhor acompanhamento da gestão

da coisa pública
88

Entretanto, é preciso despertar essa consciência, já que

culturalmente a sociedade brasileira tem bastante resistência no que se refere a

tributos, por exemplo. O problema não está necessariamente na carga tributária e

sim na destinação do que foi arrecadado. Pois as pessoas precisam acreditar que o

dinheiro pago na forma de tributos terá uma destinação adequada. Por exemplo o

dízimo é uma forma de contribuição onde a pessoa acredita que seu emprego será

adequado.

Desta forma, este trabalho buscou apresentar os principais fatores

culturais da sociedade, explicitou alguns conceitos advindos da necessidade de

participação e finalizou com uma proposta de Educação Fiscal para o município de

Londrina.

É fato de que o Estado, ao longo de sua história, tem agido como

controlador da cidadania, já que abre apenas canais de participação política

controlados pelo Estado, restringindo a movimentação dos grupos sociais. Mas

diante da necessidade de transparência este quadro está mudando.

Acredita-se que a partir da educação da população será possível

haver um estreitamento dos laços existentes entre o cidadão e o Estado, tornando

essa relação saudável para ambos os lados. O fator que pretende-se atacar com

este projeto é a desinformação, fazendo do cidadão um membro efetivo no processo


89

de fiscalização e controle do que é arrecadado, bem como levar conhecimento da

importância do tributo para o bem da sociedade.

Considera-se que tal projeto é totalmente exeqüível, desde que a

alta administração da prefeitura esteja de acordo. Os resultados serão obtidos a

médio e longo prazo, onde pretende-se trabalhar com palestras e a formação de um

futuro cidadão participativo, através do ensino fundamental e médio.


90

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93

ANEXO
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