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Questionário

1-Na introdução ao livro “A cidadã paradoxal” Joan Scott apresenta o feminismo


marcado por um paradoxo, argumento repetido no texto “O enigma da igualdade”
Apresente esse paradoxo e como ele é tratado nos dois textos da autora.

A natureza do feminismo é contraditória, pois o que se deseja é que não se tenha


desigualdade a partir do sexo, mas para estabelecer isso, a sistematização é feita a partir
da própria diferença, que “admite” e “rejeita” a diferença entre os sexos. Essa dinâmica
existente é compreendida como um paradoxo em virtude da existência da ambição pelo
fim da desigualdade sexual, mas por outro lado a ênfase dada no ‘ser mulher’, marcando
a diferença entre os sexos. Em conformidade com o texto “Enigma da igualdade” e na
introdução ao livro “A cidadã paradoxal” o paradoxo apresentado se da a partir das lutas
das mulheres que se tornavam excluídas socialmente por um discurso que se pautava na
diferença entre os sexos e conforme o feminismo defendia as mulheres, esse discurso se
reproduzia. Paradoxo esse que estabeleceu uma aceitação e uma recusa a diferença
sexual, intervindo na trajetória do feminismo. “Emprega-se o vocábulo paradoxo para
significar uma opinião que desafia o que é dominantemente ortodoxo, que é contrária a
tradição”. É afirmado pela autora que o feminismo alcança o aspecto da diferença
sexual, pois era uma justificativa ontológica para um pressuposto diferenciado no
campo político e ideológico. Assim, é a partir da questão “diferença sexual” que esse
paradoxo se estabeleceu no movimento feminista. Percebe-se que a história do
feminismo é paradoxal, à medida que é formada pela implementação de uma política
democrática que assemelha masculinidade e individualidade. “As demandas pela
igualdade necessariamente evocam e repudiam as diferenças que num primeiro
momento não permitiriam a igualdade”. Com isso, a “diferença sexual” aparece como
justificativa para a exclusão das mulheres na sociedade e as feministas questionam-se
como resposta para tal exclusão, no entanto ao intervirem a favor das mulheres,
expandem a diferença que as negavam, acentuando a contradição.

2-A partir da leitura do artigo da Adriana Psitelli “Reflexão em torno do gênero e


feminismo”. Apresente o conceito do sistema sexo/gênero e compare aos
desenvolvimentos mais recentes do conceito de gênero.

Gayle Rubin apresenta o sistema sexo/gênero como um conjunto de arranjos através dos
quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produto da atividade
humana, e nas quais estas necessidades sociais transformadas são satisfeita, ou seja,
combinações da matéria biológica humana que são formados, confeccionados a partir da
intervenção do ser humano. Nesse sentido Rubin destaca que o parentesco (onde esse
determinaria quem pode ou não se relacionar) criaria o gênero, instaurando a
diversidade, dando ênfase nas diferenças biológicas entre os sexos. O espaço de
construção social do gênero sendo a família. Desta forma, gênero seria um imperativo
cultural, que contraria homens e mulheres a partir do parentesco. Num segundo
momento o termo gênero é ofertado como categoria de investigação alternativa ao
patriarcado, tendo o sistema de parentesco como criador real do sistema sexo/gênero. É
então que se observa a constatação de que o patriarcado seria uma forma de organização
do sexo e de sua transformação em gênero. Quanto mais patriarcal, mais binários são os
gêneros, tendo a opressão como produto das relações sociais específicas. Posteriormente
Haraway considera que o conceito gênero subordina todas as outras (raça,classe,
nacionalidade) que emerge nitidamente das políticas de diferença, sendo a problemática
colocada na centralidade do gênero. Joan Scott analise de maneira que o gênero sendo
uma categoria de análise e investigação possibilitaria a construção social da diferença
sexual. Mais a frente Butler desenvolve uma discussão crítica sobre os modos de
operação das relações binárias (gênero/sexo, homem/mulher) confrontando as ideias que
consideram as identidades como fixas, designando o sexo como culturalmente
construído e que o gênero precisaria de uma reformulação, de maneira que possa conter
as relações de poder que produzem o efeito de um pré-discursivo. Gênero como um
conjunto de atos reiterados dentro de um marco regulador altamente rígido, produzindo
a aparência de uma substância, de uma espécie de ser natural, não se constituindo de
forma coerente nos diversos contextos históricos. Só se tem um padrão patriarcal a
partir de sua repetição na sociedade. O cotidiano faz o gênero, sendo assim o gênero
instável, conjunto de atos que se repetem em que se garante a sua manutenção. Butler
ultrapassa os limites do parentesco. Essas perspectivas de diversas autoras que
participam desse diálogo sobre a categoria gênero, coincidem nos esforços para eliminar
uma naturalização da conceitualização da diferença sexual, pensando gênero de maneira
não identitária.

3-O que é fundacionalismo biológico, termo apresentado por Linda Nincosom?


Qual é a crítica que a autora faz ao termo?

Fundacionalismo biológico apresentado por Linda Nincosom se refere a relação


existencial entre biologia e socialização, em que cada indivíduo representa sua
personalidade, seu ego, seu caráter, sua imagem através de alguma tipo de socialização,
sendo na maioria das vezes aquilo que ela possui, como no caso das roupas, que ela cita
no texto “Interpretando o gênero”. Nesse exemplo fica clara a demonstração de
reputação do indivíduo, como ele é de verdade relacionado a algo comportamental,
como se demonstra pra sociedade, um forte elo entre biologia, comportamento e
subjetividade. Essa ideia tem uma ligação com o estereótipo que é imposto a cada
indivíduo, em que se relaciona esse conceito com a forma que o mesmo se exibe para a
sociedade. A crítica que a autora faz ao fundacionalismo biológico tem a ver com a
noção de identidade, onde nas sociedades em geral criam-se rótulos identitários para
cada indivíduo, criando barreiras para determinar e compreender as diferenças de
gênero, colocando a diferença sexual como algo comum e diferenciador das pessoas na
sociedade. Nessa direção generalizam-se erroneamente dimensões específicas da
personalidade e do comportamento para todas as sociedades existentes.

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