Professional Documents
Culture Documents
Gayle Rubin apresenta o sistema sexo/gênero como um conjunto de arranjos através dos
quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produto da atividade
humana, e nas quais estas necessidades sociais transformadas são satisfeita, ou seja,
combinações da matéria biológica humana que são formados, confeccionados a partir da
intervenção do ser humano. Nesse sentido Rubin destaca que o parentesco (onde esse
determinaria quem pode ou não se relacionar) criaria o gênero, instaurando a
diversidade, dando ênfase nas diferenças biológicas entre os sexos. O espaço de
construção social do gênero sendo a família. Desta forma, gênero seria um imperativo
cultural, que contraria homens e mulheres a partir do parentesco. Num segundo
momento o termo gênero é ofertado como categoria de investigação alternativa ao
patriarcado, tendo o sistema de parentesco como criador real do sistema sexo/gênero. É
então que se observa a constatação de que o patriarcado seria uma forma de organização
do sexo e de sua transformação em gênero. Quanto mais patriarcal, mais binários são os
gêneros, tendo a opressão como produto das relações sociais específicas. Posteriormente
Haraway considera que o conceito gênero subordina todas as outras (raça,classe,
nacionalidade) que emerge nitidamente das políticas de diferença, sendo a problemática
colocada na centralidade do gênero. Joan Scott analise de maneira que o gênero sendo
uma categoria de análise e investigação possibilitaria a construção social da diferença
sexual. Mais a frente Butler desenvolve uma discussão crítica sobre os modos de
operação das relações binárias (gênero/sexo, homem/mulher) confrontando as ideias que
consideram as identidades como fixas, designando o sexo como culturalmente
construído e que o gênero precisaria de uma reformulação, de maneira que possa conter
as relações de poder que produzem o efeito de um pré-discursivo. Gênero como um
conjunto de atos reiterados dentro de um marco regulador altamente rígido, produzindo
a aparência de uma substância, de uma espécie de ser natural, não se constituindo de
forma coerente nos diversos contextos históricos. Só se tem um padrão patriarcal a
partir de sua repetição na sociedade. O cotidiano faz o gênero, sendo assim o gênero
instável, conjunto de atos que se repetem em que se garante a sua manutenção. Butler
ultrapassa os limites do parentesco. Essas perspectivas de diversas autoras que
participam desse diálogo sobre a categoria gênero, coincidem nos esforços para eliminar
uma naturalização da conceitualização da diferença sexual, pensando gênero de maneira
não identitária.