You are on page 1of 16

Microalgas para Produção de

Biohidrogênio e Biodiesel

Bruna Caroline Marques Gonçalves


Instituto de Pesquisa em Bioenergia / Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá /
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – IPBEN-FEG-UNESP

Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA¹

Larissa Canilha
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá / Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – FEG-UNESP

Júlio Cesar dos Santos


Escola de Engenharia de Lorena / Universidade de São Paulo – EEL-USP

Messias Borges Silva


Instituto de Pesquisa em Bioenergia / Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá /
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – IPBEN-FEG-UNESP

Escola de Engenharia de Lorena / Universidade de São Paulo – EEL-USP

José Luz Silveira


Instituto de Pesquisa em Bioenergia / Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá /
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – IPBEN-FEG-UNESP

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 97


RESUMO

Medidas inovadoras, como o desenvolvimento de biocombustíveis de terceira geração


(3G), têm sido consideradas chave para a redução da emissão de gases de efeito estufa
e do aquecimento global. Esses combustíveis são produzidos a partir de cultivo de
microalgas, organismos unicelulares capazes de captar e converter dióxido de carbono
(CO2) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) durante a fotossíntese. Microalgas capazes
de armazenar lipídeos podem ser utilizadas para a produção de biodiesel, enquanto o H2
liberado durante a fotossíntese pode ser armazenado e utilizado como combustível. Desta
forma, esta revisão tem como objetivo explorar os parâmetros e as condições de cultivo
de microalgas em diferentes escalas, além de apresentar as vantagens da sua utilização
para a produção de biodiesel e biohidrogênio.

PALAVRAS-CHAVE:
Tecnologia verde; Biocombustíveis; Sustentabilidade

ABSTRACT

Innovative measures such as the development of biofuels of third generation (3G) have
been considered the key to reducing the emission of greenhouse gases and global warm-
ing. These fuels are produced from microalgae, which are unicellular organisms capable
of capturing and converting carbon dioxide (CO2) into hydrogen (H2) and oxygen
(O2) during photosynthesis. Microalgae can store lipids which are suitable for biodiesel
production, while H2 is released during photosynthesis process and can be stored for
use as a fuel. Thus, this review aims to explore parameters and conditions for microalgae
cultivation at different scales, in addition to presenting the advantages of its use for the
production of biodiesel and biohydrogen.

KEYWORDS:
Green technology; Biofuels; Sustainability.

98 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


INTRODUÇÃO

Desde o início da revolução industrial, o desenvolvimento tecnológico tem sido


baseado no consumo de combustíveis de origem fóssil derivados do petróleo, gás natural
e carvão. Essas fontes de energia não são renováveis e a sua queima promove a emissão de
gases que contribuem para o efeito estufa, como o CO2. De acordo com Alley et al. (Cf.
2007) e Global Climate Change (Cf. 2015), a concentração atmosférica de CO2passou de
280 ppm no ano de 1750 para 400,47 ppm em 2015, de modo que este acréscimo de 43%
na concentração de CO2 desencadeou uma alteração do equilíbrio entre a radiação solar
recebida e a refletida pela Terra para o espaço, aumentando a capacidade da Terra em reter
calor e causando aquecimento global (Cf. Chöök; Tang, 2013; Peters et al., 2013; Scheutz;
Kjeldsen; Gentil, 2009). Esse quadro torna-se demasiado preocupante ao se considerar
as drásticas alterações climáticas que vêem sendo observadas ao longo dos anos e que,
claramente, têm se intensificado.
A busca de alternativas sustentáveis visando à preservação do meio-ambiente, à
necessidade do controle de emissão dos gases relacionados com o aumento do efeito estufa,
principalmente o CO2(Cf. Samimi; Zarinabadi, 2012), e o aumento crescente do preço do
petróleo (Cf. Nazlioglu; Soytas, 2012), têm alavancado pesquisas na área de bioenergia.
Desta forma, recursos energéticos capazes de ser naturalmente renovados em um curto
espaço de tempo e que derivem direta e indiretamente de fontes energéticas como sol, vento,
ondas e biomassa vegetal e microalgal, têm sido explorados (Cf. Jacobson; Delucchi, 2011;
Long et al., 2013). Com relação à utilização de biomassa vegetal e microbiana, três gerações
de biocombustíveis, primeira (1G), segunda (2G) e terceira (3G), têm sido exploradas.
Os biocombustíveis 1G são produzidos a partir da fermentação de açúcares, para
produção de etanol, obtidos principalmente do milho, beterraba, trigo e caldo de cana-de-
açúcar, ou pela transesterificação de lipídeos de uso alimentício, especialmente os de origem
vegetal, como o óleo de soja, para a produção de biodiesel. Embora, de uma forma geral,
o processo de obtenção dessas matérias-primas não seja complexo, existe a necessidade
de solo disponível para plantio e, em alguns casos, a competição com a produção de
alimentos. Além disso, o balanço de carbono e o balanço energético global não são sempre
considerados favoráveis. Os biocombustíveis 2G são obtidos, principalmente, a partir
de açúcares extraídos de resíduos agroindustriais, como palha e bagaço, ou de lipídeos
oriundos de fontes não alimentícias, como o óleo de pinhão manso. Embora apresentem
um balanço de carbono excelente e não ofereçam competição com o plantio de alimentos,
a extração dos açúcares para produção de etanol exige etapas prévias de pré-tratamento,
encarecendo o processo (Cf. Naik et al., 2010), ou há dificuldades na inserção de novas
culturas de oleaginosas não alimentícias para obtenção de biodiesel.
Os biocombustíveis 3G, por sua vez, são obtidos a partir de microalgas, que possuem
a vantagem de serem cultivadas em pequenos espaços, não havendo a necessidade de

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 99


grandes áreas de cultivo. Sob condições naturais de crescimento autotrófico, as microalgas
absorvem a luz solar e assimilam CO2 atmosférico e nutrientes do habitat aquático para
sua manutenção e multiplicação. Além do CO2 atmosférico, as microalgas podem fixar
CO2 proveniente de processos industriais e de carbonatos solúveis. A absorção de CO2
atmosférico contribui grandemente para a redução do aquecimento global gerado pelo
efeito estufa. Além disso, o H2 gerado durante o processo de fotólise direta após a quebra
da molécula de H2O pode ser armazenado e utilizado como biocombustível. Algumas
microalgas possuem ainda a capacidade de acumular lipídeos, que podem ser extraídos,
purificados e utilizados na produção de biodiesel. Uma vez que a sustentabilidade é a chave
para a gestão ou a exploração de recursos naturais e requer considerações operacionais,
ambientais e socioeconômicas, a combinação do potencial de produção de biodiesel, a
capacidade de fixação de CO2 e produção de H2 ressaltam o potencial de aplicação das
microalgas.

CULTIVO DE MICROALGAS PAR A A PRODUÇÃO DE


BIOCOMBUSTÍVEIS DE TERCEIRA GERAÇÃO

As microalgas são organismos unicelulares, microscópicos e fotossintéticos


encontrados tanto em água doce quanto em água salgada (Cf. Velasquez-Orta; Lee;
Harvey, 2013). Além disso, podem também proliferar em efluentes industriais e urbanos
(Cf. Caporgno et al., 2015; LU et al., 2015). Esses organismos dependem essencialmente
de luz solar, CO2 e água para produzir quantidades significativas de proteínas, lipídeos e
carboidratos para sua proliferação, de modo que a sua composição pode variar de acordo
com a espécie, as condições de cultivo ou condições ambientais (Cf. Brown, 1991; Rhee,
1978; Volkman et al., 1989). Ao contrário das culturas vegetais, que são clima-dependentes
e necessitam de solo para plantio, o cultivo de microalgas não requer grandes áreas ou solo
disponível. Além disso a taxa de proliferação das microalgas é mais alta quando comparada
ao tempo de crescimento vegetal. Em cerca de sete dias é possível realizar a colheita de uma
batelada de biomassa microalgal cultivada em sistema aberto e em larga escala (Cf. Chen
et al., 2014), enquanto plantas necessitam de meses ou até mesmo períodos superiores a
um ano para se desenvolver e atingir a idade ideal para colheita, como é o caso da cana-
de-açúcar (Cf. Rossetto; Santiago, 2015).
Embora a produção de grandes quantidades de biomassa microalgal seja necessária
para a produção comercial de biocombustíveis, os cultivos ainda têm sido realizados em
escala laboratorial e com iluminação artificial (indoor), geralmente em fotobiorreatores
com capacidade de 1 a 10 L. Por outro lado, estudos em escala piloto com utilização de
iluminação natural (outdoor) veem sendo desenvolvidos (Tabela 1 e Tabela 2), visando
ao aumento da produção de biomassa e de acúmulo de óleo. A produção de microalgas
em regime misto, com a finalidade de evitar a contaminação da cultura de microalga por

100 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


bactérias e consequentemente redução na quantidade de biomassa e óleo produzidos,
também pode ser realizada (Cf. Chen et al., 2014).
A agitação em cultivos de microalga é essencial para impedir a sedimentação
das células e mantê-las suspensas. O fluxo pode ser produzido por agitação mecânica,
borbulhamento de ar e/ou gás ou com o auxílio de bomba peristáltica, embora este último
não tenha sido utilizado em muitos estudos (Tabela 1 e Tabela 2). Embora a agitação
mecânica seja mais eficiente, pode promover danos às células,envolvendo alto custo de
construção do agitador e custos operacionais. A agitação por borbulhamento, por ser menos
vigorosa, promove menos danos às células, e envolve menor investimento financeiro. Além
disso, este sistema é de fácil instalação, quando comparado aos agitadores mecânicos(Cf.
Chisti, 2008). Não obstante, este tipo de agitação ainda apresenta a vantagem de aerar o
meio de cultivo. Por essas razões a agitação por borbulhamento (coluna de bolhas) tem
sido o modelo mais utilizado. Além disso, os cultivos podem ser desenvolvidos tanto em
regime fotoautotrófico, com a utilização de carbono inorgânico, como CO2, quanto em
regime fotoheterotrófico, com a utilização de carbono orgânico. Ainda pode ser adotado
o regime mixotrófico, com o uso de carbono orgânico e inorgânico em um mesmo cultivo
(Tabela 1 e Tabela 2). Além disso, o fornecimento de energia luminosa é essencial para o
desenvolvimento do processo de fotossíntese.
As microalgas são basicamente compostas por pigmentos, como clorofila,
lipídeos, proteínas e carboidratos (Cf. Brown, 1991)(Cf. Volkman et al., 1989), de
modo que a proporção desses constituintes pode variar de acordo com as condições de
cultivo utilizadas. Dessa forma, a variação da temperatura (Cf. Renaud et al., 2002) da
suplementação(Cf. Procházková et al., 2014), bem como a adição de bicarbonato de sódio
(Cf. White et al., 2013) ou a limitação de nitrogênio (Cf. Jiang; Yoshida; Quigg, 2012), ou
ainda da intensidade de luz e fotoperíodo (Cf. Khoeyi; Seyfabadi; Ramezanpour, 2012),
podem alterar significativamente a composição da célula microalgal.
Devido à composição rica em lipídeos e carboidratos, e capacidade de fixar CO2 (Cf.
Sankar; Daniel; Krastanov, 2011), diversos tipos de biocombustíveis podem ser produzidos
a partir de microalgas. O óleo acumulado no interior da célula pode ser extraído e utilizado
para a produção de biodiesel (Cf. Gong; Jiang, 2011). Após a extração dos lipídeos, a
biomassa residual resultante pode ser utilizada para a produção de biogás ou bioetanol.
Desta forma, a biomassa pode ser digerida anaerobicamente para a produção de biogás
(Cf. Mussgnug et al., 2010) ou os carboidratos presentes na parede celular microalgal
podem ser utilizados para a produção de bioetanol após serem submetidos ao processo de
hidrólise enzimática (Cf. Hernández et al., 2015). Além disso, o biohidrogênio produzido
por fotólise na etapa fotoquímica durante o processo de fotossíntese pode ser armazenado
(Cf. Batyrova et al., 2015; Cf. Benemann, 2000).
Conforme descrito na Tabela 3, a produção concomitante de biocombustíveis a partir
de um mesmo cultivo pode ser realizada dentro do conceito de biorrefinarias, viabilizando

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 101


o processo e reduzindo o seu custo total. É importante salientar que a composição da célula
microalgal e sua estrutura são fatores importantes a serem considerados na escolha do
produto final. Deste modo, embora a produção de biogás a partir de digestão anaeróbia

Tabela 1: Meios de cultivo e tipos de fotobiorreatores para a produção de hidrogênio por


diferentes espécies de microalga.

Meio de Tipo de Produção de


Microalga Tipo de reator Referências
cultivo agitação hidrogênio

A produção de
H2 inicia após o
Vasos Agitação
Chlamydomonas Meio estabelecimento Antal et
cilíndricos com barra
reinhardtii TAP de anaerobiose al., 2003
(600 mL) magnética
no sistema de
cultivo.
Meio
Chlamydomonas FBR de vidro Agitação
com alto Tsygankov
reinhardtii com sensor de pH com barra 56,4 mL / L
teor de et al., 2006
e O2 magnética
sais
Chlamydomonas Bombea- Produtividade: Giannelli;
Meio FBR tubular
reinhardtii mento 0,61 mL de H2 Torzillo,
TAP compacto (130L)
CC124 peristáltico /L/h 2012
Chlamydomonas Batyrova;
FBR controlado Agitação
reinhardtii Meio Tsygankov;
por microproces- com barra 109 mL / L
Dangeard 137C TAP Kosourov,
sador magnética
mt+ 2012
Meio Frasco
Agitação
Scenedesmus sp. TAP sem Erlenmeyer 17,72% vH2 / Dasgupta et
com barra
NBRI012 adição de (1L) vtotal de gases al., 2015
magnética
enxofre
-Coluna de
bolhas (500mL)
Oncel et al.,
Chlamydomonas para proliferação
Meio Bombea- Produtividade: 1,3 2015
reinhardtii da biomassa
TAP mento de ar mL de H2 / L / h
CC124 mutante - FBR tipo Roux
para produção
de H2

FBR: fotobiorreator

102 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


Tabela 2: Meios de cultivo, tipos de fotobiorreatores e cultivos para a obtenção de óleo a partir de
diferentes espécies de microalgas.

Microalga Meio de Tipo de Regime Tipo Tipo de Composição / Referências


cultivo reator de agitação Produtividade
cultivo
Chlorella Meio FBR Fotoautrófico Indoor Bombeamento Composição: Widjaja;
vulgaris Fitzgerald (5L) de ar e CO2 29,53 % de Chien; Ju,
modificado lipídeos totais 2009
em base seca
Produtividade:
12,77 mg de
lipídeos/L/d
Chlorella Meio Frasco Fotohetero- Indoor Agitador Composição: Li et al.,
minu- básico Erlenmeyer trófico rotatório 16,11% de 2011
tissima N8Y (500 mL) lipídeos
UTEX2341 esterificáveis
em base seca
com 62,97% de
conversão em
FAME
Produtividade:
286,76 mg de
lipídeos/L/d e
180,68 mg de
FAME/L/d
Chlorella Meio FBR Fotoautrófico Indoor Bombea- Composi- Velasquez-
sp. basal de (10L) mento de ar ção: 12% de -Orta; Lee;
Bold lipídeos totais Harvey,
em base seca, 2013
dos quais 42%
foram esterifi-
cáveis
Nanno- Composi-
chloropsis ção: 24% de
oculata lipídeos totais
em base seca,
dos quais 17%
foram esterifi-
cáveis
Chlorella Meio ba- FBR Mixotrófico Outdoor Bombea- Produtivida- Chen et
vulgaris sal e Meio vertical mento de ar de: 48 mg de al., 2014
ESP-31 de Bristol tubular e CO2 lipídeos/L/d
modifi- (50L)
cado

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 103


Chlorella Meio Frasco Er- Fotoautrófico Indoor Bombea- Composição: Al-Lwayzy;
vulgaris MBL lenmeyer mento de ar 19,27% de Yusaf;
(FWM- adaptado (5L) lipídeos totais Al-Juboori,
-CV) para água em base seca 2014
doce Produtividade:
2,19 mg de
lipídeos/L/d
Chlorella Efluente FBR em Fotoautrófico Indoor Bombea- Composição: Caporgno
kessleri urbano painel mento de ar 7,4% de et al.,
plano e CO2 lipídeos esteri- 2015
tipo airlift ficáveis em
(1L) base seca
Chlorella Composição:
vulgaris 11,3% de
lipídeos esteri-
ficáveis em
base seca
Chlorella Efluente FBR Fotoautrófico Indoor Bombea- Composição: Lu et al.,
sp. de indús- (1,3L) mento de ar 55,54 mg 2015
tria de de ésteres
laticínios metílicos de
ácido graxo/g
peso seco
FBR (30L) Outdoor Composição:
34,90 mg
de ésteres
metílicos de
ácido graxo/g
peso seco
Scenedes- Meio Frasco Fotoautrófico Indoor Agitação 410,03 mg de Dasgupta
mus sp. TAP sem Erlenmeyer com barra lipídeos/L et al.,
NBRI012 adição (1L) magnética 2015
de S
Chlo- 587,38 mg de
rella sp. lipídeos/L
NBRI029
Chlorella Meio FBR Mixotrófico Indoor Bombea- 45,82% Aremu et
minutis- Tamiya tubular mento de ar de ácidos al., 2015
sima (120L) e CO2 graxos poli-
insaturados
Fotoautrófico 37,90% de
ácidos graxos
poli-insatu-
rados

104 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


Chlorella Efluente Frasco Er- Fotohetero- Indoor Agitador Produti- Yang et
minu- artificial lenmeyer trófico rotatório vidade: al., 2015
tissima adicio- (500 mL) 249,36 mg de
UTEX2341 nado de lipídeos/L/d
metais em meio
pesados contendo
4mM de
cadmio

FBR: Fotobiorreator; S: enxofre; N: nitrogênio

possa ser realizada a partir de microalgas de água doce ou salgada, o rendimento do


processo está intimamente ligado à espécie utilizada, devido à composição da parede
celular microalgal. As espécies de microalga com ausência de parede celular ou com parede
celular constituída basicamente por proteínas são facilmente digeridas. Por outro lado, as
microalgas com parede celular basicamente constituída por carboidratos ou biopolímeros
tendem a ser degradadas mais lentamente (Cf. Mussgnug et al., 2010). Desse modo, baixa
digestibilidade e baixa produção de biogás pela microalga C. minutissima foram reportadas
por Prajapati; Malik; Vijay(2014), com produção de 0,34 mL de biogás/g sólidos voláteis,
indicando que esta espécie tem maior potencial para a produção de biodiesel.
Mesmo apresentando vantagens como a não competição com alimentos, ausência de
lignina na parede celular e alta taxa de produção quando comparadas a culturas agríco-
las, pouco foi explorado até o momento a respeito da obtenção de bioetanol a partir de
microalgas. Características estruturais como composição rica em lipídios e proteínas, e
baixo teor em carboidratos desfavorecem o uso de microalgas como fonte de açúcares
para a produção de etanol. Além disso o processo de extração de açúcares a partir das
células microalgais é dispendioso e envolve alto gasto energético (Cf. Hernández et al.,
2015). Além disso, o uso de pré-tratamentos (Cf. Harun; Danquah, 2011; Harun et al.,
2011) para a exposição dos açúcares pode ser necessário, encarecendo o processo.

Tabela 3: Cogeração de diferentes biocombustíveis a partir de um único cultivo de microalga.

Microalga Biocombustível Descrição Referência


Chlamydomonas - Biohidrogênio Houve um acúmulo de compostos de Mussgnug
reinhardtii - Biogás alto potencial fermentativo nas células et al.
microalgais, como amido e lipídeos (2010)
durante o ciclo de produção de H2,
promovendo um aumento de 123% na
produção de biogás (valor inicial: 587
mL/g de sólidos voláteis) após o processo
de digestão anaeróbia da biomassa.

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 105


Microalga Biocombustível Descrição Referência
Chlorella sp. - Biohidrogênio Alta produção de biomassa (2,62 g/L) Dasgupta
- Biodiesel e grande acúmulo de lipídeos (587,38 et al.
mg/L) durante 6 dias de cultivo visando (2015)
à produção de H2, de modo que o H2
liberado durante a etapa da fotossíntese
correspondeu a 9,6% dos gases totais
produzidos.
Co-cultura de - Biohidrogênio A produção máxima de H2 observada foi Ren et al.
Scenedesmus sp e lodo - Biodiesel de 1508,3 mL/L e a concentração total de (2015)
anaeróbico em água de lipídeos extraída da biomassa mista foi de
efluente rica em amido 0,36 g/L

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO POR MICROALGAS

O H2 é o combustível mais promissor para a substituição dos combustíveis fósseis a


médio e longo prazo, devido ao seu alto conteúdo energético por unidade de massa quando
comparado aos demais combustíveis conhecidos. Além de ser um recurso de energia
renovável, é considerado uma alternativa ideal para os combustíveis fósseis, uma vez que
não contribui para o aumento do efeito estufa. Isso se deve ao fato de que, ao entrar em
combustão, o H2 produz somente água, podendo ser utilizado para geração de energia
elétrica por células de combustível, ou diretamente em motores a combustão interna (Cf.
Momirlan; Veziroglu, 2002).
O H2 pode ser produzido a partir de combustíveis fósseis (Cf. Steinberg, 1989), do
gás natural (Cf. Block et al., 1997) ou da água. A produção de H2 a partir da água pode ser
realizada por inúmeros processos,incluindo eletrólise desta em estado líquido ou vapor (Cf.
Zeng; Zhang, 2010), fotólise (Cf. Barrett; Baxendale, 1960), decomposição termoquímica
(Cf. Funk, 2001) e processo fotoeletroquímico (Cf. Sivula et al., 2010). Durante o processo
de biofotólise, a água é convertida, direta ou indiretamente, em H2, por um sistema
biológico em presença de luz, de modo que a energia solar é convertida em energia química.
As microalgas verdes são capazes de produzir H2 por ambos os processos, biofotólise
direta e indireta, sendo que o último é observado principalmente em cianobactérias. A
biofotólise direta ocorre em presença de luz solar, que é capturada pelos fotossistemas I e
II para a realização da fotossíntese oxigênica. Nesse processo, o H2 é diretamente gerado a
partir da quebra da molécula de água, com liberação concomitante de O2. No processo de
biofotólise indireta a geração de H2ocorre a partir da quebra da molécula de carboidrato,
geralmente glicose, previamente sintetizado pelo sistema biológico em presença de água
e de CO2 absorvido da atmosfera. Dessa forma, a quebra do carboidrato gera H2 e CO2.

106 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


Um dos maiores desafios da produção de H2 por microalgas é a incompatibilidade entre
a fotossíntese oxigênica e a produção anaeróbia de H2, devido à alta sensibilidade da
enzima hidrogenase ao O2 (Cf. Benemann, 2000; Kruse; Hankamer, 2010; Márquez-Reyes;
Sánchez-Saavedra; Valdez-Vazquez, 2015)
A fotoprodução de H2 pode ser favorecida pela privação de enxofre e fósforo em
cultivos de algas de água doce, e pela privação de fósforo em cultivos de algas de água
salgada(Cf. Batyrova et al., 2015; Dasgupta et al., 2015). Na ausência de enxofre, a atividade
da enzima hidrogenase e o acúmulo de gás H2 foram detectados após 24 h de cultura
das microalgas C. reinhardtii e S. vacuolatus. Além disso, a taxa de produção de H2 sob
depleção de enxofre aumentou durante 5 dias em culturas de C. reinhardtii em regime
de anaerobiose (Cf. Winkler et al., 2002). Por outro lado, a adição periódica de enxofre
ao cultivo pode assegurar a produção contínua de H2 por um período de até 14 dias (Cf.
Yagi et al., 2016). De modo geral, a produção de H2 a partir de cultivos de microalgas
tem sido estudada tendo como modelo a espécie C. reinhardtii, em regime anaeróbio
fotoheterotrófico e agitação mecânica com barra magnéticas conforme indicado na Tabela
1, de modo que a busca de informações a respeito do desempenho de outras microalgas,
como a espécie C. minutissima, rica em lipídeos, é interessante para a cogeração de
biohidrogênio e biodiesel.

OBTENÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE MICROALGAS

A principal vantagem da utilização do biodiesel como combustível ao invés do diesel


é que as emissões de CO2, no caso do biodiesel, podem ser consideradas como crédito
de carbono. Além disso, o biodiesel pode ser utilizado como combustível para a geração
da energia necessária para a produção e o processamento da microalga. Por essa razão,
este combustível é considerado carbono-neutro (Cf. Chisti, 2008). O biodiesel de terceira
geração é obtido a partir da transesterificação de ácidos graxos acumulados no interior
da célula microalgal durante o cultivo. O mesmo processo de transesterificação pode
também ser utilizado na conversão de ácidos graxos extraídos a partir de óleos vegetais.
Os triacilgliceróis presentes no óleo extraído são clivados em etapas consecutivas de reação
com metanol (metanólise) em diglicerídeos e monoglicerídeos. Ao invés de metanol,
outros álcoois de cadeia curta também podem ser efetivos neste processo, como é o caso
do etanol, um produto de baixo custo. Catalisadores ácidos, básicos ou enzimáticos, ou
ainda condições supercríticas podem ser utilizados, aumentando a eficiência do processo.
Nas etapas finais são obtidos ésteres metílicos de ácido graxo (Cf. Fame – fatty acid methyl
ester) ou ésteres etílicos de ácido graxo (Cf. Faee – fatty acid ethyl ester), e glicerol, o
subproduto da reação (Cf. Gong; Jiang, 2011).

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 107


Conforme mencionado anteriormente, o potencial de acúmulo de lipídeos varia de
acordo com a espécie da microalga (Tabela 3) e com as condições de cultivo. A quantidade
de luz, disponibilidade de nutrientes e substrato e a taxa de crescimento da microalga
influenciam diretamente o processo de acúmulo de óleo. Por outro lado, embora a
célula seja capaz de armazenar alta quantidade de lipídeos em seu interior, muitas vezes
os solventes utilizados no processo extrativo podem não solubilizá-los totalmente e o
processo extrativo em si pode ser ineficiente ou a estrutura da parede celular microalgal
pode barrar a entrada do solvente na célula, reduzindo a taxa de extração de óleo (Cf.
Velasquez-Orta; Lee; Harvey, 2013). Além disso a temperatura de secagem da biomassa
pode interferir significativamente na recuperação do óleo, uma vez que altas temperaturas
promovem a oxidação dos ácidos graxos (Cf. Widjaja; Chien; Ju, 2009). Desta forma,
técnicas adequadas de extração do óleo a partir das células microalgais são imprescindíveis
para bons rendimentos em biodiesel.
A microalga C. minutissima tem sido reportada em trabalhos de produção de
biodiesel, devido a sua capacidade de acumular lipídeos (Cf. Aremu et al., 2015; Bhatnagar
et al., 2010; Li et al., 2011; Yang et al., 2015). Além disso, esta espécie possui uma grande
capacidade de adaptação a condições adversas, sendo tolerante à poluição. C. minutisima
pode crescer tanto em condições heterotróficas, no escuro e condições ácidas, quanto
em condições mixotróficas. Em presença de luz e substratos orgânicos, utiliza nitrogênio
amoniacal ou em forma de nitrato e é capaz de sobreviver em condições anaeróbicas e
sob condições de stress osmótico (Cf. Bhatnagar et al., 2010).
Alterações bioquímicas, como baixa oferta de nitrogênio, podem reduzir a
proliferação celular da microalga C. minutíssima, devido à escassez de proteínas que
participam da formação da parede celular (Cf. Ördög et al., 2012). Por outro lado, a oferta
de baixas concentrações de nitrogênio e cultivo em regime autotrófico contribuem para
o acúmulo de lipídeos e ácidos graxos pela célula (Cf. Aremu et al., 2015). Além disso, o
cultivo por longo período de tempo em condições de stress de nitrogênio pode resultar não
somente em aumento de acúmulo de lipídeos, como também no aumento da concentração
de triacilgliceróis, com menor quantidade de impurezas (Cf. Widjaja; Chien; Ju, 2009). A
privação de fosfato pode afetar negativamente a produção de biomassa sem haver prejuízos
significativos na concentração de lipídeos, embora a concentração de ácidos graxos
insaturados aumente significativamente, o que não pode não ser interessante em termos
de produção de biodiesel (Cf. Praveenkumar et al., 2012). Não obstante, o fornecimento
de fontes de carbono é imprescindível para o crescimento celular (regime heterotrófico)
e também auxilia no acúmulo de lipídeos pela célula microalgal. Li et al., (Cf. 2011), por
exemplo, observaram alta taxa de proliferação celular e concentração de lipídeos em meio
de cultivo suplementado com glicerina, uma fonte de carbono de baixo custo.

108 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção de biocombustíveis, a partir de microalgas, apresenta elevado potencial


para auxiliar na diminuição da dependência mundial da energia de origem fóssil,
representando fonte renovável de elevada produtividade por área de cultivo. Diferentes
combustíveis podem ser obtidos, incluindo biodiesel, a partir dos lipídeos acumulados por
algumas espécies e hidrogênio por biofotólise da água no processo de fotossíntese. Entre
os fatores que influenciam na produção e composição da biomassa microalgal, destaque
pode ser dado à espécie, fatores nutricionais e aspectos de engenharia bioquímica, como
o tipo de reator empregado. Com relação à produção de hidrogênio, há alguns desafios
importantes, incluindo o ajuste de condições para que haja produção durante todo o tempo
de cultivo. Com relação à produção de biodiesel, a etapa de extração dos lipídeos é um dos
pontos críticos a serem estudados, pois precisa ser eficiente e evitar alterações indesejáveis
nas características dos ácidos graxos presentes. Os benefícios de uso de microalgas têm
sido apontados na literatura, sendo que os biocombustíveis 3G podem ser, inclusive,
produzidos de forma integrada dentro do conceito de biorrefinarias.

REFERÊNCIAS

ALLEY, R. et al. Mudança do Clima 2007: Sumário para os Formuladores de Políticas.Quarto


Relatório de Avaliação do GT1 do IPCC., 2007
AL-LWAYZY, S. H.; YUSAF, T.; AL-JUBOORI, R. A. Biofuels from the fresh water microalgae
Chlorella vulgaris (FWM-CV) for diesel engines. Energies, v. 7, n. 3, p. 1829–1851, 2014.
ANTAL, T. K. et al. The dependence of algal H2 production on Photosystem II and O2 consumption
activities in sulfur-deprived Chlamydomonas reinhardtii cells. Biochimica et Biophysica Acta, v.
1607, n. 2-3, p. 153–160, 2003.
AREMU, A. O. et al. Manipulation of nitrogen levels and mode of cultivation are viable methods
to improve the lipid, fatty acids, phytochemical content, and bioactivities in Chlorella minutissima.
Journal of Phycology, v. 51, n. 4, p. 659–669, 2015.
BARRETT, J.; BAXENDALE, J. H. The photolysis of liquid water. Transactions of the Faraday Society,
p. 37–43, 1960.
BATYROVA, K. et al. Sustainable hydrogen photoproduction by phosphorus-deprived marine green
microalgae Chlorella sp. International Journal of Molecular Sciences, v. 16, n. 2, p. 2705–2716, 2015.
BATYROVA, K. A.; TSYGANKOV, A. A.; KOSOUROV, S. N. Sustained hydrogen photoproduction
by phosphorus-deprived Chlamydomonas reinhardtii cultures. International Journal of Hydrogen
Energy, v. 37, n. 10, p. 8834–8839, 2012.
BENEMANN, J. R. Hydrogen production by microalgae. Journal of Applied Phycology, v. 12, p.
291–300, 2000.

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 109


BHATNAGAR, A. et al. Chlorella minutissima - A promising fuel alga for cultivation in municipal
wastewaters. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 161, n. 1-8, p. 523–536, 2010.
BLOCK, K. et al. Hydrogen production from natural gas, sequestration of recovered CO2 in depleted
gas wells and enhanced natural gas recovery. Energy, v. 22, n. 2, p. 161–168, 1997.
BROWN, M. R. The amino-acid and sugar composition of 16 species of microalgae used in
mariculture. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, v. 145, p. 79–99, 1991.
CAPORGNO, M. P. et al. Microalgae cultivation in urban wastewater: nutrient removal and biomass
production for biodiesel and methane. Algal Research, v. 10, p. 232–239, 2015.
CHEN, C. Y. et al. Strategies to improve oil/lipid production of microalgae in outdoor cultivation using
vertical tubular-type photobioreactors. Energy Procedia, v. 61, p. 2755–2758, 2014.
CHISTI, Y. Biodiesel from microalgae beats bioethanol. Trends in Biotechnology, v. 26, n. 3, p.
126–131, 2008.
DASGUPTA, C. N. et al. Dual uses of microalgal biomass: an integrative approach for biohydrogen
and biodiesel production. Applied Energy, v. 146, p. 202–208, 2015.
FUNK, J. E. Thermochemical hydrogen production: past and present. International Journal of
Hydrogen Energy, v. 26, n. 3, p. 185–190, 2001.
GONG, Y.; JIANG, M. Biodiesel production with microalgae as feedstock: from strains to biodiesel.
Biotechnology Letters, v. 33, n. 7, p. 1269–1284, 2011.
HARUN, R. et al. Exploring alkaline pre-treatment of microalgal biomass for bioethanol production.
Applied Energy, v. 88, n. 10, p. 3464–3467, 2011.
HARUN, R.; DANQUAH, M. K. Exploring acid pre-treatment on microalgal biomass for bioethanol
production. Process Biochemistry, v. 46, p. 304–309, 2011.
HERNÁNDEZ, D. et al. Saccharification of carbohydrates in microalgal biomass by physical, chemical
and enzymatic pre-treatments as a previous step for bioethanol production. Chemical Engineering
Journal, v. 262, p. 939–945, 2015.
HÖÖK, M.; TANG, X. Depletion of fossil fuels and anthropogenic climate change- a review. Energy
Policy, v. 52, p. 797–809, 2013.
JACOBSON, M. Z.; DELUCCHI, M. A. Providing all global energy with wind, water, and solar power,
Part I: Technologies, energy resources, quantities and areas of infrastructure, and materials. Energy
Policy, v. 39, n. 3, p. 1154–1169, 2011.
JIANG, Y.; YOSHIDA, T.; QUIGG, A. Photosynthetic performance, lipid production and biomass
composition in response to nitrogen limitation in marine microalgae. Plant Physiology and
Biochemistry, v. 54, p. 70–77, 2012.
KHOEYI, Z. A.; SEYFABADI, J.; RAMEZANPOUR, Z. Effect of light intensity and photoperiod on
biomass and fatty acid composition of the microalgae, Chlorella vulgaris. Aquaculture International,
v. 20, n. 1, p. 41–49, 2012.
KRUSE, O.; HANKAMER, B. Microalgal hydrogen production. Current Opinion in Biotechnology, v.
21, n. 3, p. 238–243, 2010.
LI, Z. et al. Optimization of the biomass production of oil algae Chlorella minutissima UTEX2341.
Bioresource Technology, v. 102, n. 19, p. 9128–9134, 2011.
LONG, H. et al. Biomass resources and their bioenergy potential estimation: A review. Renewable and

110 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.


Sustainable Energy Reviews, v. 26, p. 344–352, 2013.
LU, W. et al. Cultivation of Chlorella sp. using raw diary wastewater for nutrient removal and biodiesel
production: characteristics comparison of indoor bench-scale and outdoor pilot-scale cultures.
Bioresource Technology, v. 192, p. 382–388, 2015.
MÁRQUEZ-REYES, L. A.; SÁNCHEZ-SAAVEDRA, M. D. P.; VALDEZ-VAZQUEZ, I. Improvement
of hydrogen production by reduction of the photosynthetic oxygen in microalgae cultures of
Chlamydomonas gloeopara and Scenedesmus obliquus. International Journal of Hydrogen Energy,
v. 40, n. 23, p. 7291–7300, 2015.
MOMIRLAN, M.; VEZIROGLU, T. Current status of hydrogen energy. Renewable and Sustainable
Energy Reviews, v. 6, n. 1-2, p. 141–179, 2002.
MUSSGNUG, J. H. et al. Microalgae as substrates for fermentative biogas production in a combined
biorefinery concept. Journal of Biotechnology, v. 150, n. 1, p. 51–56, 2010.
NAIK, S. N. et al. Production of first and second generation biofuels: A comprehensive review.
Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14, n. 2, p. 578–597, 2010.
NAZLIOGLU, S.; SOYTAS, U. Oil price, agricultural commodity prices, and the dollar: a panel
cointegration and causality analysis. Energy Economics, v. 34, n. 4, p. 1098–1104, 2012.
ONCEL, S. S. et al. Biohydrogen production from model microalgae Chlamydomonas reinhardtii: A
simulation of environmental conditions for outdoor experiments. International Journal of Hydrogen
Energy, v. 40, n. 24, p. 7502–7510, 2015.
ÖRDÖG, V. et al. Changes in lipid, protein and pigment concentrations in nitrogen-stressed Chlorella
minutissima cultures. Journal of Applied Phycology, v. 24, n. 4, p. 907–914, 2012.
PETERS, G. P. et al. The challenge to keep global warming below 2oC. Nature Climate Change, v. 3, p.
2–3, 2013.
PRAJAPATI, S. K.; MALIK, A.; VIJAY, V. K. Comparative evaluation of biomass production and
bioenergy generation potential of Chlorella spp. through anaerobic digestion. Applied Energy, v. 114,
p. 790–797, 2014.
PRAVEENKUMAR, R. et al. Influence of nutrient deprivations on lipid accumulation in a dominant
indigenous microalga Chlorella sp., BUM11008: Evaluation for biodiesel production. Biomass and
Bioenergy, v. 37, p. 60–66, 2012.
PROCHÁZKOVÁ, G. et al. Effect of nutrient supply status on biomass composition of eukaryotic
green microalgae. Journal of Applied Phycology, v. 26, n. 3, p. 1359–1377, 2014.
REN, H. Y. et al. Hydrogen and lipid production from starch wastewater by co-culture of anaerobic
sludge and oleaginous microalgae with simultaneous COD, nitrogen and phosphorus removal. Water
Research, v. 85, p. 404–412, 2015.
RENAUD, S. M. et al. Effect of temperature on growth, chemical composition and fatty acid
composition of tropical Australian microalgae grown in batch cultures. Aquaculture, v. 211, n. 1-4, p.
195–214, 2002.
RHEE, G. Y. Effects of N:P atomic ratios nitrate limitation on algal growth, cell composition, nitrate
uptake. Limnology and Oceanography, v. 23, n. 1, p. 10–25, 1978.
SAMIMI, A.; ZARINABADI, S. Reduction of greenhouse gases emission and effect on environment.
Journal of American Science, v. 8, n. 8, p. 1011–1015, 2012.

Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015. 111


SANKAR, V.; DANIEL, D. K.; KRASTANOV, A. Carbon dioxide fixation by Chlorella
minutissimabatch cultures in a stirred tank bioreactor. Biotechnology & Biotechnological
Equipment, v. 25, n. 3, p. 2468–2476, 2011.
SCHEUTZ, C.; KJELDSEN, P.; GENTIL, E. Greenhouse gases, radiative forcing, global warming
potential and waste management--an introduction. Waste management & research, v. 27, n. 8, p.
716–723, 2009.
SIVULA, K. et al. Photoelectrochemical water splitting with mesoporous hematite prepared by a
solution-based colloidal approach. Journal of the American Chemical Society, v. 132, n. 21, p.
7436–7444, 2010.
STEINBERG, M. Modern and prospective technologies for hydrogen production from fossil fuels.
International Journal of Hydrogen Energy, v. 14, n. 11, p. 797–820, 1989.
TSYGANKOV, A. et al. Hydrogen production by sulfur-deprived Chlamydomonas reinhardtii under
photoautotrophic conditions. International Journal of Hydrogen Energy, v. 31, n. 11, p. 1574–1584,
2006.
VELASQUEZ-ORTA, S. B.; LEE, J. G. M.; HARVEY, A. P. Evaluation of FAME production from wet
marine and freshwater microalgae by in situ transesterification. Biochemical Engineering Journal, v.
76, p. 83–89, 2013.
VOLKMAN, J. K. et al. Fatty acid and lipid composition of 10 species of microalgae used in
mariculture. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, v. 128, n. 3, p. 219–240, 1989.
WHITE, D. A. et al. The effect of sodium bicarbonate supplementation on growth and biochemical
composition of marine microalgae cultures. Journal of Applied Phycology, v. 25, n. 1, p. 153–165, 2013.
WIDJAJA, A.; CHIEN, C.C.; JU, Y.H. Study of increasing lipid production from fresh water microalgae
Chlorella vulgaris. Journal of the Taiwan Institute of Chemical Engineers, v. 40, n. 1, p. 13–20, 2009.
WINKLER, M. et al. [Fe]-hydrogenases in green algae: photo-fermentation and hydrogen evolution
under sulfur deprivation. International Journal of Hydrogen Energy, v. 27, p. 1431–1439, 2002.
YAGI, T. et al. Hydrogen photoproduction in green algae Chlamydomonas reinhardtii sustainable over
2 weeks with the original cell culture without supply of fresh cells nor exchange of the whole culture
medium. Journal of Plant Research, v. 129, n. 4, p. 1–9, 2016.
YANG, J. et al. Lipid production combined with biosorption and bioaccumulation of cadmium,
copper, manganese and zinc by oleaginous microalgae Chlorella minutissima UTEX2341. Bioresource
Technology, v. 175, p. 537–544, 2015.
ZENG, K.; ZHANG, D. Recent progress in alkaline water electrolysis for hydrogen production and
applications. Progress in Energy and Combustion Science, v. 36, n. 3, p. 307–326, 2010.

GIANNELLI, L.; TORZILLO, G. Hydrogen production with the microalga Chlamydomonas


reinhardtii grown in a compact tubular photobioreactor immersed in a scattering light nanoparticle
suspension. International Journal of Hydrogen Energy, v. 37, n. 22, p. 16951–16961, 2012.
Global Climate Change. Disponível em: <http://climate.nasa.gov/vital-signs/carbon-dioxide/>. Acesso
em: 28 jul. 2015.
ROSSETTO, R.; SANTIAGO, A. D. Cana-de-açúcar. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.
embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_33_711200516717.html>. Acesso em: 20
out. 2015.

112 Janus, Lorena, n.21, Jan.-Jun., 2015.

You might also like