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João Carlos Videira José, Hilton Sérgio B. Milani e Eliseu Almir de Oliveira Paes
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EVENTO: 3 PAN-AMERICAN CONFERENCE FOR NONDESTRUCTIVE TESTING.
02 a 06 de Junho de 2003 – Rio de Janeiro /RJ
As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade dos autores
Desde a década de 80 do século passado que a radiografia computadorizada (RC) tem sido utilizada na
área médica [1]. As utilizações desta tecnologia na área industrial são mais recentes, remontando ao final
de década de 90 como pode-se verificar dos trabalhos apresentados no 7th European Conference on
Non-destructive Testing [2].
Esta tecnologia ficou restrita a área médica no país até o ano de 2000, quando a PETROBRAS -
REPLAN se interessou nos testes, então em andamento na ARCtest, para utilizar um equipamento de
radiografia computadorizada desenvolvido para a área médica na área industrial. A aproximação entre as
duas empresas na época permitiu que a técnica fosse utilizada comercialmente para avaliação de
integridade de tubulações na REFINARIA DE PAULÍNIA (PETROBRÁS - REPLAN). As vantagens do
uso da técnica nesta área levaram a estudos visando à utilização da técnica para avaliação de juntas
soldadas. Os resultados alcançados em testes com corpos de prova com descontinuidades e as
vantagens de produtividade conjugadas com a maior segurança permitiram que a técnica de radiografia
computadorizada fosse utilizada no controle de qualidade de juntas soldadas na troca do superaquecedor
da Caldeira de CO da REPLAN com bons resultados.
2- RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA - RC
Tais elétrons, instáveis, podem reverter à situação de equilíbrio devido ao principio da luminescência
fotoestimulada, que basicamente é a capacidade que possuem certos materiais de absorver energia e
liberarem esta em forma de luz [3].
Também é importante frisar que permite utilizar fontes de raios gama de baixíssima atividade:
• 18,5 GBq à 370 GBq (0,5 à 10 Ci) de Se-75;
• 370 GBq (10 Ci) de Ir-192.
3- HISTÓRICO
Durante o ano de 2000, a ARCtest iniciou o desenvolvimento das pesquisas de adaptação do método de
RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA – RC, originariamente concebido para a área médica, para a
Industria, buscando inicialmente atender às exigências das Plantas de Processo, quanto à detecção de
mecanismos de deterioração (avaliação de integridade de tubulações).
Devido ao excelente resultado alcançado, vislumbrou-se a possibilidade de se utilizar a RADIOGRAFIA
COMPUTADORIZADA - RC na inspeção radiográfica na parada da Unidade de Craqueamento Catalítico
da PETROBRÁS - REPLAN, especialmente na troca do superaquecedor na Caldeira de CO [4], onde se
previa uma grande quantidade de juntas soldadas de pequenos diâmetros.
Devido a orientações normativas internas, somente é permitida a utilização de fontes de Ir 192 com
atividade máxima de 20Ci nas unidades industriais da PETROBRAS, os tempos de exposição para a
técnica PD-VD, para tubos com até 5,5mm de espessura são aproximadamente 22 minutos por filme,
totalizando 1 hora por junta incluindo a montagem do arranjo radiográfico. Outra limitação é o período de
tempo dado na Permissão de Trabalho, para a execução de atividades de radiografia. Todas estas
limitações levavam a atividade de radiografia a se tornar caminho crítico na parada.
Como alternativa para se diminuir o tempo de fonte exposta e aumentar a produtividade, foi estudada a
utilização da técnica Parede Dupla - Vista Simples (PD-VS), que melhoraria mas não resolveria o
problema.
Para contornar todas essas limitações foi proposto pela ARCtest, um projeto de Instrução para execução
de RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA - RC em juntas soldadas de pequeno diâmetro [5] que foi
avaliado pelo Setor de Certificação, Qualificação e Inspeção da PETROBRAS - SEQUI.
Como ainda não há uma norma específica que defina variáveis essenciais para a técnica de
RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA - RC, adotou-se avaliar o procedimento proposto a luz das
normas: ASME V [6] e a EN1345 [7], e de uma proposta de norma da União Européia sobre
RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA - RC (Non destructive testing - Industrial computed radiography
with phosphor imaging plates), discutida por Uwe e Zscherpel [8] no 15º congresso mundial sobre
ensaios não destrutivos de 2000 (Roma, 2000) [a.].
a
A proposta de norma (Non destructive testing - Industrial computed radiography with phosphor imaging plates) está
subdividida em duas partes (Part 1: Classification of Systems e Part 2: General principles for examination of metallic
materials using X-rays and gamma rays). No trabalho apresentado em Roma, 2000 foi discutida a parte 2. As últimas
revisões de ambas as partes podem ser encontradas no site: < http://trappist.kb.bam.de/UA-CR/welcome.html >.
4.1- CRITÉRIO DE SENSIBILIDADE RADIOGRÁFICA E PENUMBRA GEOMÉTRICA
Obs: Indicadores de fios paralelos foi utilizado somente quando da verificação de desempenho, devido a
impossibilidade de ser posicionado dentro dos tubos.
Quando possível, os códigos (ASME, DIN e EUROPEAN NORME), recomendam o uso da técnica PD-
VD (“Elipse”), para diâmetros de 2” a 3”, porém devido aos altos tempos de exposição (aproximadamente
22 minutos por filme – 1 hora por junta incluindo arranjo radiográfico) e em função das atividades de fonte
máximas previstas (20 Ci), obrigou-nos a migrar para técnicas alternativas com PDVS, porém ainda em
conformidade com as normas, as quais por reduzirem as DFF, proporcionam tempos de exposição
extremamente pequenos por junta com fontes de baixas atividades otimizando assim o uso das
RADIAÇÕES IONIZANTES.
Foram realizadas radiografias convencionais na técnica PD-VD e PD-VS, com filmes classe I e classe II
respectivamente em 8 amostras de diâmetro 2” e 5,5 mm de espessura preparadas pelo SETEC -
REPLAN e 1 amostra de diâmetro 3,5” e 5,5 mm de espessura preparada pelo SEQUI – PETROBRÁS.
Em seguida utilizou-se a técnica proposta de RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA – RC.
Nota: Não se verificou diferença no laudo entre as técnicas.
4.3.3- Comparações entre os requisitos exigidos por Normas para RADIOGRAFIA CONVENCIONAL e PROJETOS DE NORMAS PARA RADIOGRAFIA
COMPUTADORIZADA – RC
Demonstraremos na tabela abaixo os padrões requeridos pelas normas para visualização dos I.Q.Is. e Penumbra Geométrica, anteriormente citadas e a respectiva
detecção e diferenças observadas na técnica PD-VS.
Nota: Salientamos que os parâmetros acima foram testados de acordo com normas que foram concebidas para radiografia e radioscopia convencional.
(1): Non-destructive testing – Image quality of radiographs – Part 3. Image quality classes for ferrous metals
(2): Para este quesito a norma BS-462-5, prevê o uso do penetrômetro lado fonte, todavia não contempla situações geométricas especificas que proporcionam
distâncias entre penetrômetro e superfície interna a serem examinadas, (concavidade de tubos). Também desconhecemos qualquer referencia a esta situação
na pr-EN-13068-3. O penetrômetro duplex foi colocado internamente aos tubos de 2” e 3,5” não tendo portanto um assentamento correto (concavidade dos
tubos) sobre o mesmo o que provoca uma projeção radiográfica que não reflete a realidade de um possível defeito na raiz da solda. Espaço entre o
penetrômetro e a raiz da solda +/- 4 mm.
(3): Caso o objetivo seja atender a Norma ASME, cuja exigëncia para o quesito PENUMBRA (0,51 mm), com o Penetrömetro DUPLEX estabelecido na BS-EN-462-
5. os 1os. pares que mergem requeridos seriam os pares 6D, cuja penumbra relativa é de 0,50 mm, portanto como na prática encontrou-se os pares
7D, poderiamos afirmar por este prisma que a técnica atende a PENUMBRA requerida. .
4.3.4- Imagens efetuadas com o ensaio de RC e técnica PD-VS, para verificação do desempenho
em corpos de prova com descontinuidades conhecidas
CORPO DE PROVA DE 3” esp. 6,5 mm COM REFORÇO DE SOLDA CORPO DE PROVA DE 3” esp. 6,5 mm COM REFORÇO DE SOLDA
DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DIN – USO DO RECURSO 3D. DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DIN – USO DO RECURSO 3D.
CORPO DE PROVA DE 3” esp. 6,5 mm COM REFORÇO DE SOLDA CORPO DE PROVA DE 2” esp. 5,5 mm COM REFORÇO DE SOLDA
DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DUPLEX – USO DO RECURSO 3D. DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DUPLEX – USO DO RECURSO 3D.
Pelas vantagens descritas nos itens acima, obtem-se um nível de produtividade estimado de
aproximadamente 6 juntas por hora em condições normais de trabalho contra 1 junta por hora no
processo convencional. Quanto a segurança é fácil observar como no exemplo citado abaixo:
RADIOGRAFIA RADIOGRAFIA
PARÂMETRO
CONVENCIONAL COMPUTADORIZADA - RC
Técnica PD-VD PD-VS
8 filmes – 4 juntas = 4 horas de 96 filmes – 24 juntas = 1,5 hora
Produção estimada
fonte exposta (*) de fonte exposta
Isótopo Ir-192 Se-75
Atividade 20 Ci 0,5 Ci
Fator de colimação 20 x 20 x
Raio de Balizamento para
100 metros 5 metros
Indivíduos de Público
(*) – Seria impossível realizar os 8 filmes neste prazo pois o tempo de área liberada é o mesmo de fonte
exposto, logo seria impossível a realização de 8 filmes pois não se teria tempo para a preparação e ajustes
do arranjo radiográfico.
5- PROCESSO DECISÓRIO
A decisão de utilizar a RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA - RC, embora não atendendo aos padrões
vigentes para a radiografia convencional, foi tomada tendo como base que:
• Por não existir em vigor uma norma específica, mandatória, sobre o tema; permitiu uma análise
mais focada nos benefícios e não no estrito atendimento a regras descritas em normas;
Pode-se afirmar que os resultados obtidos nas 321 radiografias efetuadas com o método de
RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA – RC, foram satisfatórios pois se mantém a repetitibilidade e a
perfeita detecção das descontinuidades geradas pelo processo de soldagem, conforme pode ser visto em
algumas imagens de juntas soldadas no ANEXO I.
Outro ponto positivo foi à rapidez de processamento das imagens radiográficas, aliada ao trabalho no
horário de almoço, o que permitiu a coordenação da parada acompanhar e re-programar os serviços de
solda com mais eficácia.
O aspecto inovador do uso da técnica é a sua maior segurança intrínseca, obtida com o uso de fontes de
baixíssima atividade (0,5 Ci Se-75) e pelo menor tempo de exposição requerido. Foi este aspecto que
permitiu, mesmo em uma PARADA GERAL DE UNIDADE, trabalhos radiográficos rotineiros nos horários
de almoço e janta.
7- AGRADECIMENTOS.
- Ao Eng. Flávio dos Santos Serra e João Henrique de Oliveira Hein PETROBRÁS - REPLAN, bem como
Eng. José Maurício Barbosa Rabello- PETROBRÁS SEQUI e Eng. Paulo Cacciamani – REFINARIA
IPIRANGA, pelo apoio e reconhecimento da técnica mesmo estando na época em fase de
desenvolvimento.
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
1
HOLOGIC. Digital radiography systems: An overview. Site: <http://www.hologic.com/prod-dr/pdf/dr-whtpap.pdf>.
Consultado em Junho de 2002.
2
7th European Conference on Non-destructive Testing. Site:< http://www.ndt.net/abstract/ecndt98/ecndt98.htm>.
Consultado em Junho de 2002.
3
FUJIFILM. Computed Radiography for NDT.
4
Anotações da reunião entre a ARCTEST, PETROBRAS/REPLAN (SERRA), PETROBRAS/CENPES (CARNEVAL)
e PETROBRAS/SEQUI (CAMPINHO e IGUCHI). Ocorrida em 16 de fevereiro de 2001.
5
MILANI, H. e VIDEIRA JOSÉ, J.C. ARCTEST. Pr-IT-002-RC – Projeto de Instrução para realização de
“RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM JUNTAS SOLDADAS DE PEQUENODIÄMETRO” – Técnica PD-VS .
2001.
6
ASME BOILER AND PRESSURE VESSEL CODE, SECTION V.
7
EUROPEAN STANDARD. EN 1435: Non-destructive examination of welds- Radiographic examination of welded
joints.
8
EWERT, U. ZSCHERPEL, U. Radiographic testing: A comparison of standa4rds for classical and digital industrial
radiology. In: 15th WORLD CONFERENCE ON NON-DESTRUCTIVE TESTING, Roma 2000.
9
ASTM E747: Standard Practice for Design, Manufacture and Material Grouping Classification of Wire Image Quality
Indicators (IQI) Used for Radiology.
10
EN 462: Non-destructive testing-Image quality of radiographs. Part 1: Image quality indicators (wire type),
determination of image quality value.
11
EN-462-3: Non-destructive testing-Image quality of radiographs. Part 3: Image Quality classes for ferrous metals.
12
EN 462: Non-destructive testing-Image quality of radiographs. Part 5: Image quality indicators (duplex wire type),
determination of image unsharpness value.
13- R-SEQUI/SP-250 – José Maurício Barbosa Rabello
ANEXO I – IMAGENS DE JUNTAS SOLDADAS – CALDEIRA GV- 22501 – UNIDADE 220 A,
INSPECIONADAS PELA TÉCNICA DE RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA – RC .
JUNTA PN-81-J-E-01 DE ∅ 2” e = 5,5 mm COM REFORÇO DE JUNTA PN-81-J-F-01 DE ∅ 2” e = 5,5 mm COM REFORÇO DE
SOLDA DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DIN. SOLDA DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DIN.
JUNTA PN-73-J-E-01 DE ∅ 2” e = 5,5 mm COM REFORÇO DE JUNTA PN-03-J-E-01 DE ∅ 2” e = 5,5 mm COM REFORÇO DE
SOLDA DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DIN. SOLDA DE 3,2 mm – PENETRÔMETRO DIN.