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Aula 32- Literatura para Enem e vestibulares - Segunda Geração Modernista - 2.

ª Fase do Modernismo
- A segunda geração modernista ou segunda fase do modernismo representa o segundo momento do movimento
modernista no Brasil que se estende de 1930 a 1945.
- Chamada de “Geração de 30”, essa fase foi marcada pela consolidação dos ideais modernistas, apresentados na Semana
de 1922. Lembre-se que esse evento marcou o início do Modernismo rompendo com a arte tradicional.
- A publicação “Alguma Poesia” (1930) de Carlos Drummond de Andrade marcou o início da intensa produção literária
poética desse período.
- Na prosa, temos a publicação do romance regionalista “A Bagaceira” (1928) do escritor José Américo de Almeida.
1. Resumo
- Também chamada de “Fase de Consolidação”, a literatura brasileira estava vivendo uma fase de maturação, com a
concretização e afirmação dos novos valores modernos.
- Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos literatos. Temas nacionais, sociais e históricos foram os preferidos pelos
escritores dessa fase.
2. Contexto Histórico
- Após a crise de 1929 em Nova York, (depressão econômica) muitos países estavam mergulhados numa crise econômica,
social e política. Isso fez surgir diversos governos totalitários e ditatoriais na Europa, os quais levariam ao início da
segunda guerra mundial (1939-1945).
- Além do aumento do desemprego, a falência de fábricas, a fome e miséria, no Brasil a Revolução de 30 representou um
golpe de estado. O presidente da República Washington Luís foi deposto, impedindo assim, a posse do presidente eleito
Júlio Prestes.
- Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, denominado de "política do café com
leite". Com a chegada de Getúlio ao poder, a ditadura no país também se aproximava com o Estado Novo (1937-1945).
3. Características: Influência do realismo e romantismo; Nacionalismo, universalismo e regionalismo; Realidade social,
cultural e econômica; Valorização da cultura brasileira; Influência da psicanálise de Freud; Temática cotidiana e
linguagem coloquial; Uso de versos livres e brancos.
4. Prosa de 30: Nessa fase, o grande foco da prosa de ficção foram os romances regionalistas e urbanos. Preocupados
com os problemas sociais, a prosa dessa fase se aproximou da linguagem coloquial e regional. Assim, ela mostrou a
realidade de diversos locais do país, ora no campo, ora na cidade.
4.1 Principais Autores: José Américo de Almeida (1887-1980); Graciliano Ramos (1892-1953); Jorge
Amado (1912-2001); Rachel de Queiroz (1910-2003); José Lins do Rego (1901-1957); Érico Veríssimo (1905-1975).
5. Poesia de 30: O melhor momento da poesia brasileira aconteceu na segunda fase do modernismo. Ela se caracteriza
pela abrangência temática em virtude da racionalidade e questionamentos que norteavam o espírito dessa geração. Esse
momento ficou conhecido com a Poesia de 30.
5.1 Principais Autores:
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi, sem dúvida, um dos maiores representantes sendo o precursor da
poesia de 30, com a publicação de “Alguma Poesia”, em 1930.
Cecília Meireles (1901-1964), com forte influência da psicanálise e da temática social, é considerada uma das maiores
poetisas brasileiras. Desse período destaca-se as obras: "Batuque, samba e Macumba" (1933), "A Festa das Letras" (1937)
e "Viagem" (1939).
Mário Quintana (1906-1994), chamado de “poeta das coisas simples”, possui uma vasta obra poética. Desse período
merece destaque seu livro de sonetos intitulado “A Rua dos Cataventos”, publicado em 1940.
Murilo Mendes (1901-1975), além de poeta foi destaque na prosa de 30. Atuou como divulgador das ideias modernistas
na revista criada na primeira fase modernista “Antropofagia”. De sua obra poética merece destaque: "Poemas" (1930),
"Bumba-Meu-Poeta" (1930), "Poesia em Pânico" (1938) e "O Visionário" (1941).
Jorge de Lima (1893-1953), chamado de “príncipe dos poetas”, foi escritor e artista plástico. Na poesia de 30 colaborou
com as obras "Poemas" (1927), "Novos Poemas" (1929) e "O Acendedor de Lampiões" (1932).
Vinícius de Moraes (1913-1980) foi outro grande destaque da poesia de 30. Compositor, diplomata, dramaturgo e poeta,
publica em 1933 seu primeiro livro de poemas “Caminho para a Distância” e, em 1936, seu longo poema “Ariana, a
mulher”.
Questões
“A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada… Que talento ela
possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum
dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas
grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis!
O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um
reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se
pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.” (José Lins
do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).
1. (ENEM) Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do processo
de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha:
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela
enfrenta situação econômica muito adversa.
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da influência de temas e
modelos não representativos da realidade nacional.
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação
literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.
d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade
brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura
europeia universalizada.
2. (ENEM) “No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes
dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica,
composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral
de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que
no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.” (CANDIDO, A. A nova narrativa. A
educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.)
Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões
nacionais, sabe-se que:
a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo formação do
homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração
europeia.
b) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras
e das relações conflituosas entre as raças.
c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando
a vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem
brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do
século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo
Estado Novo.
São demais os perigos desta vida Deve andar perto uma mulher que é feita
Para quem tem paixão, principalmente De música, luar e sentimento
Quando uma lua surge de repente E que a vida não quer, de tão perfeita.
E se deixa no céu como esquecida. Uma mulher que é como a própria lua:
E se ao luar que atua desvairado Tão linda que só espalha sofrimento
Vem se unir uma música qualquer Tão cheia de pudor que vive nua.”
Aí então é preciso ter cuidado (Vinicius de Moraes)
Porque deve andar perto uma mulher.
3. (UFF) A alternativa que contém aspectos, presentes no texto reveladores da permanência de procedimentos românticos
no Modernismo é:
a) Valorização do sentimento amoroso, negação da natureza.
b) Valorização da música e do perfume, natureza como pano de fundo.
c) Diluição do sentimento amoroso, predomínio da razão.
d) Desvalorização da mulher, negação da natureza.
e) Valorização sentimental da mulher, presença participante da natureza.
Texto para as questões 4 e 5.
Canção
Nunca eu tivesse querido no rosto com que te miro, Essa tristeza não viste,
dizer palavra tão louca: neste perdido suspiro e eu sei que ela se vê bem...
bateu-me o vento na boca, que te segue alucinado, Só se aquele mesmo vento
e depois no teu ouvido. no meu sorriso suspenso fechou os teus olhos também...
Levou somente palavra, como um beijo malogrado. (Cecília Meireles)
deixou ficar o sentido. Nunca ninguém viu ninguém
O sentido está guardado que o amor pusesse tão triste.
4. (PUC) Sobre o poema podemos dizer que:
a) Apresenta vínculos com a tradição parnasiana pelo uso do verso decassílabo.
b) Evoca sentimentos intensos semelhantes aos encontrados na poesia romântica.
c) É uma estrutura de forma fixa, clássica, conhecida como soneto brasileiro.
d) Utiliza linguagem complexa, conforme o padrão estético proposto pelo Modernismo.
e) Possui estrutura rímica irregular própria da poesia do século XVII.
5. (PUC) Sobre o poema de Cecília Meireles só não podemos afirmar que:
a) Observa-se a preocupação estética modernista em produzir uma linguagem poética mais acessível ao grande público
pela adoção da redondilha maior – de base eminentemente popular – e de uma linguagem simples.
b) Há certa vinculação do poema com a tradição romântica, o que se comprova através do tratamento do tema amoroso,
da adjetivação constante e, principalmente, da subjetividade.
c) Leveza, graça, vírgula, simplicidade são características da linguagem utilizada.
d) Por falar sobre o amor contrariado, o poema se reveste de um tom grave e pesado a que não falta densidade religiosa e
especulação filosófica.
e) O título “Canção” se explica pela doação de uma estrutura poética musical e ritmada.
Texto para as questões 6 e 7.
Pátria minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima Lábaro não; a minha pátria é desolação
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
É minha pátria. Por isso, no exílio praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Assistindo dormir meu filho Que bebe nuvem, come terra
Choro de saudades de minha pátria. E urina mar.
Se me perguntarem o que é a minha pátria direi: (..)
Não sei. De fato, não sei Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Como, por que e quando a minha pátria Que brinca em teus cabelos e te alisa
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa Que vontade me vem de adormecer-me
Em longas lágrimas amargas. Entre teus doces montes, pátria minha
Vontade de beijar os olhos de minha pátria Atento à fome em tuas entranhas
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... E ao batuque em teu coração.
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão Não te direi o nome, pátria minha
feias Teu nome é pátria amada, é patriazinha
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos Não rima com mãe gentil
E sem meias pátria minha Vives em mim como uma filha, que és
Tão pobrinha! Uma ilha de ternura: a Ilha
(..) Brasil, talvez.
Quero rever-te, pátria minha, e para Agora chamarei a amiga cotovia
Rever-te me esqueci de tudo E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Fui cego, estropiado, surdo, mudo Que peça ao sabiá
Vi minha humilde morte cara a cara Para levar-te presto este avigrama:
Rasguei poemas, mulheres, horizontes “Pátria minha, saudades de quem te ama...
Fiquei simples, sem fontes. Pátria minha... Vinicius de Moraes.”
A minha pátria não é florão, nem ostenta (Texto extraído do livro Vinicius de Moraes – Poesia Completa e
Prosa, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1998, pág. 383.)
6. (UNIRIO) O texto assume em relação aos símbolos oficiais da pátria uma atitude de:
a) Adesão estética c) Indiferença afetiva e) Sintonia intelectual
b) Entusiasmo nacionalista d) Revisão crítica
7. (UNIRIO) Sob o ponto de vista dos procedimentos expressionais, o texto é modernista porque:
a) Apresenta liberdade métrica e rítmica. d) Utiliza símiles e metáforas.
b) Faz uso de aliterações. e) Personifica elementos da paisagem.
c) Concretiza noções abstratas.
8. (ENEM) Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
“A terra é mui graciosa, Quanto aos bichos, tem-nos Vossa perna encanareis,
Tão fértil eu nunca vi. muito, Salvo o devido respeito.
A gente vai passear, De plumagens mui vistosas. Ficarei muito saudoso
No chão espeta um caniço, Tem macaco até demais Se for embora daqui”.
No dia seguinte nasce Diamantes tem à vontade MENDES, Murilo. Murilo Mendes —
poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Bengala de castão de oiro. Esmeralda é para os trouxas.
Nova Aguilar, 1994.
Tem goiabas, melancias, Reforçai, Senhor, a arca,
Banana que nem chuchu. Cruzados não faltarão,
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em:
a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais
b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca
c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
9. (ENEM) Os Bichinhos e O Homem
Arca de Noé
Nossa irmã, a mosca Mal sabe voar Nossa irmã, a Que vive dando estrilo
É feia e tosca barata Só pra chatear
Enquanto que o mosquito Bichinha mais chata MORAES, V. A arca de Noé: poemas
infantis. São Paulo: Companhia das
É mais bonito É prima da borboleta
Letrinhas, 1991.
Nosso irmão besouro Que é uma careta
Que é feito de couro Nosso irmão, o grilo
O poema acima sugere a existência de relações de afinidade entre os animais citados e nós, seres humanos. Respeitando
a liberdade poética dos autores, a unidade taxonômica que expressa a afinidade existente entre nós e estes animais é
a) o filo. b) o reino. c) a classe. d) a família. e) a espécie.
10. (ENEM) No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber
o salário. Eis parte da cena: Não se conformou; devia haver engano. (…) Com certeza havia um erro no papel do
branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que
era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patrão
zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a
pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91ª ed. RJ: 2003.
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no
vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
a) “Não se conformou: devia haver engano”
b) “a Fabiano perdeu os estribos”
c) “Passar a vida inteira assim no toco”
d) “entregando o que era dele de mão beijada!”
e) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou”

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