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Irmandade de Santo André

Manual da Irmandade de Santo André da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil

O Primeiro Evangelista
1. André era um leigo. A Evangelização leiga não é invenção moderna nem o produto
de emocionalismo sectário. O primeiro cristão na história a levar um outro a Cristo era
nada mais e nada menos que um homem do comércio, - um vendedor de peixe. Ele
provavelmente nunca havia pensado em escolher a carreira de representante religioso, -
menos ainda em ser um dos fundadores de um novo movimento espiritual. O futuro da
tentativa cristã de evangelizar o mundo depende de alistar os esforços ativos dos leigos,
cujas mãos obedeçam à vontade de Deus. Durante os primeiros séculos, o reino
estendeu-se e os descrentes foram convertidos principalmente mediante a atividade
missionária dos leigos – viajantes comerciais, soldados, obreiros, marinheiros, até os
escravos. Todo cristão – e não somente os ministros ordenados – era evangelista e
missionário.
2. André não foi preparado para este fim. Nunca havia estudado teologia, nem tinha
recebido instrução qualquer na técnica de evangelização. Ninguém lhe ensinara os
métodos do trabalho eclesiástico. Era um homem sem experiência alguma. Não
obstante, o resultado do seu primeiro esforço foi levar um homem que havia de tornar-
se o guia dos fundadores da Igreja Cristã. Ninguém deve desprezar o valor da
organização religiosa, ao mesmo tempo, não deve esquivar-se do serviço cristão quando
ela falta.
3. André não demorou. Logo que conheceu a Cristo, foi buscar um outro. Não esperou
até que tivesse mais experiência ou mais confiança em si mesmo. Não esperou o
aperfeiçoamento da sua própria vida. Jesus não precisou mandá-lo. Foi pro iniciativa
própria, e foi logo. No mesmo dia em que encontrou o Mestre, apresentou-lhe um
companheiro.
4. André procurou o homem mais perto de si – seu próprio irmão. Muitas vezes, os
de nossas relações mais íntimas são os mais difíceis de aproximar. Mas são exatamente
estes que nos vão escutar e por quem temos uma verdadeira responsabilidade. André
reconheceu que, mesmo sendo mais difícil falar com o mais íntimo, era este o seu dever
cristão. E, aceitando a sua responsabilidade divina, procurou seu irmão.
5. André não discutiu. Em vez de fazer um discurso ou apresentar argumentos para
provar o valor de uma relação com Cristo, só descreveu a sua experiência: “Achamos o
Cristo.” Era uma testemunha, não um advogado. Ele testificou um fato de seu próprio
conhecimento; não discutiu teorias e evidências. O que o Cristo vivo precisa hoje em
dia não é um grande número de oradores com provas lógicas de teorias abstratas, senão
mais testemunhas fiéis à realidade da Presença Divina na vida diária.
6. André o trouxe a Jesus. Não ficou satisfeito com diverti-lo, interessá-lo,
impressioná-lo, nem só em convencê-lo de que devia abandonar maus companheiros ou
quebrar maus hábitos. Nem lhe foi bastante somente dar informação a respeito de Jesus.
Não. Nada disto era suficiente. André o trouxe à presença do Mestre – a uma relação
mais íntima com Jesus. E isto afinal é o alvo de todo cristão sincero: fazer nossos
irmãos sentir a Presença Divina em suas vidas – apresenta-los ao Cristo vivo.

A Irmandade de Santo André


1. O alvo. A Irmandade de Santo André constitui um movimento entre os homens da
Igreja Episcopal Brasileira que tem por objetivo a divulgação do Evangelho de Cristo
entre os homens.
2. Os Princípios fundamentais. O movimento tem somente dois princípios
fundamentais, mas todos os membros os aceitam sinceramente como as normas
invariáveis da sua vida. São o Princípio de Oração e o Princípio de Serviço.
O Princípio de Oração é orar diariamente pela divulgação do Evangelho de Cristo entre
os homens, e pelas bênçãos de Deus sobre o trabalho da Irmandade.
O Princípio de Serviço é fazer pelo menos um esforço cada semana para que algum
homem se sinta mais perto de Cristo por meio de Sua Igreja.
Em nosso Batismo, todos nós fomos dedicados ao serviço de Cristo, e em nossa
Confirmação solenemente ratificamos e confirmamos essa obrigação. O serviço de
Cristo significa mais que lealdade moral à ética de Jesus e apoio financeiro à Igreja. Ser
um seguidor de Jesus exige esforço vivo para estender o Seu Reino por meio das nossas
relações diárias. Reconhecendo isto, a Irmandade de Santo André oferece um meio
definido e prático de cumprir s nossos deveres cristãos. Não é nada de novo. É só um
modo de obedecer o mandamento que Jesus nos deu há séculos. Não exige novos
compromissos. É só um modo prático de cumprir os nossos votos já feitos no Batismo e
na Confirmação.

O Trabalho da Irmandade
Tanto a um Capítulo, como a um indivíduo, é necessário procurar o caminho
divinamente designado. Em cada paróquia s condições diferem. Não há um programa
que sirva para todas as cidades. A todos cabe descobrir, orando, qual o seu programa.
Não será, entretanto, inútil indicar um padrão geral pelo qual o Capítulo possa
comprovar o seu progresso e guiar o seu novo programa. Naturalmente, nenhum
Capítulo formulará logo todo o programa; pouco a pouco, porém, todos devem traçar o
seu plano de ação.

O Nosso Decálogo
1. Reuniões regulares, semanal ou bi-semanalmente.
2. Trabalho especificado, feito pelos membros e relatado nas reuniões capitulares.
3. Uma Comunhão Incorporada, ao menos uma vez por ano, coma participação de
todos os membros, expedidos convites pessoalmente aos demais homens da paróquia.
4. Um Capítulo para rapazes, organizado e apoiado ativamente.
5. Novos Membros, aceitos no Capítulo, mediante o Ofício de Iniciação, e um Culto de
Rededicação feito anualmente.
6. Uma Classe bíblica, com a assistência de todos os membros do Capítulo que não
tomam parte no ensino de outras classes dentro do mesmo horário, e convites extensivos
aos demais homens.
7. Uma Campanha Constante, por diversos meios, para aumentar a assistência aos
ofícios religiosos e para acolher os estranhos na Igreja.
8. Confirmação, esforço definido, intenso e sistemático para levar homens e rapazes à
Confirmação.
9. Um Trabalho Missionário Incorporado, isto é, trabalhar como leitores-leigos, ensinar
em escolas dominicais de missões, dirigir cultos em prisões e outras instituições
públicas, distribuir literatura religiosa, visitar doentes nos hospitais, organizar uma
missão paroquial ou fazer um estudo da situação religiosa por meio de visitas de casa
em casa, ou ainda qualquer esforço conjunto para estender o Reino.
10. Orações familiares e Individuais, uma campanha organizada para promover orações
familiares e individuais na Paróquia, começando com as casas dos membros da
Irmandade.

Pequena Constituição Modelo


I. Do Nome e do Alvo.
1. O nome do movimento é Irmandade de Santo André.
2. O alvo é a divulgação do Evangelho de Cristo entre os homens.
II. Dos Membros.
1. Os membros: O nome de qualquer homem batizado pode ser proposto em reunião
regular, e ele pode ser eleito em qualquer reunião subseqüente com a aprovação
unânime dos presentes.
2. Novos Membros: O novo membro pode assistir à primeira reunião depois do seu
ofício de iniciação, ao qual presidirá o Pároco e o Diretor.
III. Da Diretoria.
1. A Diretoria compor-se-á de um Diretor, Vice-Diretor, Secretário e Tesoureiro, eleitos
anualmente.
2. Todas as comissões serão nomeadas pelo Diretor.
3. O Diretor será um leigo.
4. O Secretário pode servir como Tesoureiro, se for necessário.
IV. Das Reuniões.
1. A Assembléia Anual realizar-se-á na reunião anterior ao Natal.
2. Realizar-se-ão reuniões semanais, se não forem transferidas com a aprovação de dois
terços do Capítulo.
3. Reuniões extraordinárias podem ser convocadas pelo Diretor.
4. Os membros têm de assistir a todas as reuniões, ou dar um aviso ao Diretor.
5. Uma Comunhão incorporada realizar-se-á ao menos uma vez por ano.
V. Da Ordem de Negócios.
1. A Ordem de Negócios será como segue, se não for modificada por dois terços dos
membros:
a. Abertura Devocional.
b. Chamada dos membros do Capítulo.
c. Leitura da Ata e Comunicações.
d. Proposta e Eleição de Novos Membros.
e. Relatórios do trabalho individual.
f. Designação de novo trabalho.
g. Relatórios de Comissões.
h. Negócios Diversos.
i. Programa da Noite.
j. Encerramento Devocional.
2. O Diretor indicará o Guia Espiritual de cada reunião.
3. O Secretário terá uma lista oficial do trabalho individual, e dará uma cópia escrita do
trabalho ao andrelino designado.
4. O Diretor designará o trabalho pessoal a fazer.
5. O Diretor nomeará alguém para dirigir o programa. Sempre haverá um programa
organizado para cada reunião. Se a ordem de negócios se prolongar demais, o programa
da noite pode ser dispensado, desde que concordem dois terços dos presentes.
VI. Das Emendas.
As emendas podem ser propostas em qualquer reunião e adotadas, com a aprovação de
dois terços dos membros do Capítulo, em qualquer reunião subseqüente.

Sugestões
1. Sugestões quanto à organização.
Só uma coisa basta para organizar um Capítulo: um grupo de dois ou três cristãos
dedicados que queiram trabalhar juntos no serviço do Mestre. É bom comunicar-se com
alguns que já tenham experiência na Irmandade. Se o Pároco não conhecer os
pormenores do movimento, os membros de qualquer outro Capítulo de Sto. André ou o
Secretário Executivo estão prontos para auxiliar. É essencial lembrar que, embora a
organização tenha muito valor, sempre deve ser tão flexível que possa obedecer à
direção do Espírito. A Constituição sugerida não é obrigatória, e pode ser modificada
para se adaptar à situação local, conquanto não se modifiquem os princípios do
movimento. A Irmandade deve ser um movimento de cristãos em busca permanente de
seus irmãos, não uma instituição construída ao lado da estrada. É, em primeiro lugar,
um movimento, não uma organização. Deve-se ter o menor número possível na
diretoria, o menor número possível de regras, e o menor número possível de costumes
fixos. Bastam os que precisamos para unir e coordenar os nossos esforços. O resto deve
ser flexível para expressar a vontade do Espírito que reside em nós.
2. Sugestões quanto às reuniões.
a. A necessidade de ter Reuniões
O Capítulo que não tem reuniões regulares não merece o nome de Irmandade, - é apenas
um grupo de indivíduos. Os irmãos acharão que, ao menos no princípio, as reuniões
semanais serão imprescindíveis. Uma vez que o movimento esteja em ação, talvez baste
realizar reuniões de duas em duas semanas.
b. A Hora Devocional
O Diretor indicará o Guia Espiritual da noite com uma semana de antecedência, para
garantir boa preparação. As fórmulas devocionais não devem ser rígidas, mas flexíveis e
vívidas, conforme o Espírito guie e ilumine. O Guia procurará variar as devoções,
empregando, para isso, não só as orações deste Manual, mas também leituras Bíblicas,
Salmos, a riqueza litúrgica do Livro de Oração Comum, e qualquer outra matéria
valiosa de outras fontes.
O Guia espiritual da noite deve procurar maneiras de revivificar o espírito dos presentes.
Eis algumas idéias: Uma corrente de oração em que cada qual profere uma frase, ou,
então, o Guia indica um assunto para intercessão, e cada membro diz a sua prece. Um
período de silêncio em que os andrelinos intercedem especialmente pelas famílias que
visitaram durante a semana finda, ou pela Irmandade para que se torne mais vívido o
grande alvo. De qualquer modo, o Guia deve exortar a todos os membros para que
reconheçam a Presença Divina – Deus ali presente, na sala, com eles. Uma vez que
todos sintam a Presença do Cristo vivo e se lembre de que o Seu poder e amor é
possessão deles, a reunião estará sob a direção do Espírito Santo e tudo sairá pelo bem
do Reino.
c. Trabalho especificado.
O êxito deste movimento consiste no cumprimento absoluto, por todos os membros, dos
trabalhos especificados. Cada membro deve receber semanalmente o nome de uma
família ou de um indivíduo que precise de visita, e na reunião seguinte deve apresentar
o seu relatório. O Secretário dará ao andrelino um cartão com o nome e o endereço da
pessoa por visitar. Os visitadores se empenharão em levar esta família a Cristo por meio
da Sua Igreja, convidando os respectivos membros à Escola Dominical, aos cultos,
facilitando os Batizados, as Confirmações, e as Comunhões particulares. O Visitador
terá também a oportunidade de auxiliar os necessitados e os doentes que encontrar nas
visitas. Ele, naturalmente, orará diariamente por estas pessoas e a primeira visita será
somente como que a introdução a muitas outras que se vão seguir. “A fim de que Ele
viva neles.” Este é o sangue vivo da Irmandade. Se não houver trabalho especificado, o
espírito do grupo morrerá.
A discussão sobre os relatórios deve ser dirigida com toda a franqueza. Este trabalho
especificado é intensamente variado: a lista dos ausentes da Escola Dominical e dos
cultos, a lista dos doentes da Paróquia, o nome de uma rua que se visita para descobrir a
religião dos habitantes e, melhor ainda, a lista que está escrita no coração de cada um, e
que abrange os íntimos em casa, no colégio, na fábrica, nas casas de amigos. A um
homem sincero, jamais faltarão os nomes de pessoas que precisam do Mestre.
3. Sugestões quanto aos programas.
O Programa deve ser o mais variado possível, e ao mesmo tempo adaptado às
necessidades, aos anseios e gostos do grupo: Estudos bíblicos, - leitura e discussão de
um livro espiritual, - a consideração de um assunto de proveito aos membros, - oração, -
meditação, - a Santa Comunhão, - a ética cristã, - o cristão e a guerra, - todos esses e
mais outros podem formar a base dos programas. Talvez será viável planejar a
publicação de alguns panfletos para distribuir ao povo. Pode ser que um estudo em
conjunto das dificuldades espirituais e materiais dos membros da igreja de matéria para
o programa de um ano inteiro. Nunca faltarão programas a uma Irmandade que
obedecer lealmente ao Princípio de Serviço. O problema será abreviar as reuniões, não
achar matéria para discutir.
4. Reuniões Públicas.
Mesmo que para maior desenvolvimento da vida espiritual de um Capítulo, devem estar
presentes às reuniões regulares somente os membros, isso não quer dizer que reuniões
públicas são proibidas. Ao contrário, é muito bom, de vez em quando, convidar todos os
homens da paróquia para assistir a uma reunião em que os fins da Irmandade serão
explicados. Por este e por qualquer outro método, devemos procurar novos membros
para a Irmandade a fim de que tenha mais pessoas ao seu serviço.
5. A Diretoria
a. O Diretor é o chefe administrativo da Irmandade local, e preside a todas as reuniões.
Tem a responsabilidade pelo progresso do trabalho porque dele depende um grande
parte a utilidade e a espiritualidade do grupo. Tem de estar pronto, naturalmente, a dar
ao trabalho algumas horas de cada dia.
As reuniões fracassarão se não forem bem preparadas, e este é o trabalho dele. Estreitas
devem ser suas relações com o Pároco e com os demais membros, a fim de que possa
realizar eficiente trabalho e cumprir sua própria promessa missionária.
Nas reuniões, o Diretor nomeará todas as comissões, designando o membro que vai
dirigir as devoções e especificando o trabalho pessoal de cada um.
Guiará o programa de ação coletiva ou indicará uma comissão para fazer este trabalho.
Será responsável pelo bem-estar do Capítulo e, por isso, deve ser o centro de toda a
atividade, em contato com todos os andrelinos. Será mais eficiente como trabalhador do
que como instruidor. Não tem de ser um super-homem.
Os deveres do Diretor podem ser cumpridos por qualquer homem sincero e que dedica
sua vontade a Deus.
b. O Secretário. O cargo de secretário é de primeira importância. Deve ele ser fiel em
todo o seu trabalho, porque a ordem em que é baseado o progresso da Irmandade
depende dele. Deve notificar todos os membros a respeito das reuniões e, em caso de
ausência, é ele quem visita o ausente.
c. O Tesoureiro. O Tesoureiro atende às finanças do Capítulo e, mediante autorização,
faz os pagamentos necessários. Deve providenciar para que a quota anual do Capítulo
seja prontamente para ao Conselho Diocesano. Como se declarou acima, os cargos de
Secretário e Tesoureiro podem ser desempenhados pela mesma pessoa, se for esta a
vontade do Capítulo.
d. O Pároco. O Pároco tem uma dupla relação para com o Capítulo. Como Reitor da
Igreja, é ele o cabeça oficial de todas as organizações, e deve especialmente emprestar à
Irmandade o benefício de sua experiência religiosa, como conselheiro espiritual do
Capítulo, a fim de desenvolver ao máximo a espiritualidade dos seus componentes. Mas
deve ser também, como indivíduo, um membro ativo, tomando parte, nesta capacidade,
nas reuniões do Capítulo. Não se pode organizar nem continuar um Capítulo, sem a
aprovação do Pároco. O Capítulo não aliviará necessariamente as obrigações do Reino,
facilitando o trabalho deste. Se não lhe aumentar as obrigações, pelo menos lhe requer
pensamento, trabalho e oração. A espiritualidade do Capítulo está, em grande parte, nas
mãos do Pároco, e a vida religiosa dos seus membros constitui o princípio vitalizante de
todo o movimento da Irmandade.

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