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Recuperação Judicial, extrajudicial e falência

- Lei 11 101/05

I – Introdução ao Direito Falimentar

I.1 – Cobrança de dívidas: da execução pessoal à execução


patrimonial

Na Idade Antiga o devedor pagava suas dívidas com seu corpo, assim
ele era levado em praça pública e esquartejado, suas partes eram divididas pelos
credores. Com o passar do tempo, o devedor deixou de ser punido dessa forma
e se tornava escravo de seu credor, junto com sua família. Mais tarde, surgiu
em Roma a Lex Poetelia Papiria, que proibia a responsabilização das dívidas dos
devedores com seu corpo.

A falência teve seu embrião em Roma com a criação da “Cessio


Bonorum” que trata de uma reunião de credores do devedor em praça pública,
recolhendo todos os bens do devedor, para serem vendidos e o produto da venda
usado para saldar seu débito.

Antes o devedor era conhecido como falido e era visto com maus olhos
perante a sociedade, pois entendia-se que falir, originada da palavra falare tinha
significado de fraudar, enganar, então o falido era encarado como enganador,
mal pagador, fraudador.

Nos dias atuais, o devedor não responde mais pelas suas dívidas com
seu corpo, mas sim com seu patrimônio e também não é visto como um
enganador, mas sim, como alguém que não soube administrar bem sua empresa.

O que significa Falência Empresarial?

De acordo com o Prof. Ricardo Negrão, no Manual de Direito Comercial


e de Empresa:

“Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o


patrimônio de um empresário declarado falido – pessoa física ou jurídica – é
arrecadado, visando pagamento da universalidade de seus credores, de forma
completa ou proporcional. É um processo judicial complexo que compreende a
arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação
e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre
os credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo
devedor falido”.

Popularmente, falência é sinônimo de que a empresa está enfrentando


graves desafios financeiros que a impedem de saldar suas obrigações (é
regulada pela Lei de Falências, número 11.101, de 9 de fevereiro de 2005). Itens
abordados por ela incluem:

 Recuperação judicial,
 Recuperação extrajudicial e
 Falência do empresário e da sociedade empresária

O que pode levar uma empresa à Falência?

Existem muitos motivos que podem fazer uma empresa quebrar. Os


fatores vão desde condições de mercado até erros em tomadas de decisão. O que
é comum em todos os casos é que a crise empresarial acaba saindo ainda mais
do controle e uma bola de neve surge. E como isso ocorre? Bom, ela sai do
controle justamente porque…não tem controle!

Pedido de Falência: Por exemplo, uma organização pode entrar com


pedido de recuperação judicial (já falaremos sobre isso) porque passou anos
sem controle orçamentário e financeiro. Itens como volume de vendas, de
compra e de estoque, não são considerados relevantes como deveriam. Isso faz
com que cada decisão tomada seja feita às cegas: um problema que começa
pequeno, vai aumentando até que o caixa não consiga mais dar conta de atender
à relação entradas x saídas.

Outro fator que pode levar a uma crise empresarial de proporções


enormes é a falta de estabelecimento da relação entre Capital de Giro, Prazo
Médio de Recebimento e Prazo Médio de Pagamento. Para você entender melhor,
observe os conceitos:

 A Necessidade Capital de Giro é o valor mínimo que a empresa


precisa ter de dinheiro em seu caixa para garantir que sua
operação (compra, produção e venda de produtos ou serviços) não
pare por falta de recursos para pagar fornecedores e funcionários.
 Prazos Médios de Pagamento é o tempo médio (em dias) entre a
data da compra e o pagamento efetivo ao fornecedor.
 Prazos Médios de Recebimento é o tempo médio (em dias) entre a
venda e o efetivo recebimento do dinheiro.

As dívidas, claro, também estão na lista de itens que faz uma empresa
entrar com pedido de falência. Isso especialmente porque, na maioria dos casos,
conforme falamos neste artigo uma dívida é contraída para cobrir outra, que é
contraída para cobrir outra, e mais outra e mais outra, e por aí vai.
No início deste tópico citei os erros nas tomadas de decisão. Esses erros
podem estar relacionados a investimentos mal direcionados, sem que seja
levado em consideração as reais necessidades do negócio e o ROI que tal
investimento trará.

Com relação aos problemas financeiros, perda de capital, incapacidade


de garantir novo capital e dificuldades com o fluxo de caixa entram no rol de
motivos que podem levar uma empresa à falência. Para encerrar a lista, não
podemos deixar de lado problemas relacionados à liquidez, ou seja, capacidade
de uma empresa transformar seus ativos em dinheiro. Fluxo de caixa negativo
é sinônimo de baixa liquidez que significará problemas no futuro.

Assim, resumindo o que falamos aqui, podemos dizer que, entre os


problemas que levam uma empresa à falência, estão:

 Falta de controle orçamentário e financeiro;


 Falta de administração do capital de giro;
 Deficiência na relação prazo médio de pagamento e prazo médio de
recebimento;
 Endividamento;
 Investimentos realizados com base em tomadas de decisão erradas
(por falta de análises de indicadores);
 Falta de liquidez.

Bom, se uma empresa se vê no fim do túnel, ela pode seguir dois


caminhos:

Entrar com um Processo de Recuperação Judicial ou Pedir decretação


de falência (caso seja verificada a situação de insolvência).

 Por isso, o direito se preocupa em criar mecanismos jurídicos para a


recuperação de empresa (lei 11.101/05)

 Recuperação Judicial (art. 47 ao 72) – meio judicial que ajuda a


recuperação de empresa viável (veremos abaixo)

 Recuperação extrajudicial (art. 161 ao 167) – quando reúne


todos os credores e entram em acordo entre si, leva-se em juízo
p/ homologação.

A empresa e os credores podem decidir deixar o Poder Judiciário de


lado e, juntas, tentar resolver a situação. Quando isso ocorre,
chamamos de Recuperação Extrajudicial. Nesse caso, credores e pessoa
jurídica elaboram um plano, contando com a assessoria de advogados
especializados. Os envolvidos comprometem-se a cumprir as etapas do
processo. Especialmente para pequenas e médias empresas essa é a
opção mais adotada. Isso porque possui menos burocracia e é muito
menos custosa.

Bom, mas se caso nada disso funcione (Recuperação Judicial ou


Recuperação Extrajudicial), vem o pedido de falência.

Mas enfim o que é recuperação judicial e falência?

A Lei da Falência também regula a Recuperação Judicial, que visa


favorecer medidas para que o processo de falência seja evitado. Basicamente, a
recuperação judicial fornece o que chamamos de caminho de recuperação
econômica.

O objetivo disso é que a empresa consiga saldar suas dívidas ao mesmo


tempo em que continue a produzir. Na recuperação judicial preza-se pela
manutenção dos empregos e da produção da organização, pois são esses os itens
que ajudarão a empresa a gerar lucros.

Em termos legais, o capítulo três da Lei de Falências e Recuperação de


Empresas, prevê:

“Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a


superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a
fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica”.

É necessário notar que para que haja a o pedido de recuperação ou falência


a empresa deverá estar em crise, sendo que esta poderá ser:

1) Econômica: quando as vendas de produtos ou serviços não se


realizam na quantidade necessária a manutenção dos negócios.

2) Financeira: quando falta à sociedade empresária $ em caixa para


pagar as suas obrigações.

3) Patrimonial: ativo é inferior ao passivo, quando as dívidas


superarem os bens da sociedade.
estado em que o
devedor é
queda da: venda
falta de liquidez responsável por
/ prestação de
(dinheiro) mais dívidas do
serviços
que os bens que
possui

A crise fatal de uma grande empresa significa:

a) Fim dos postos de trabalho


b)Desabastecimento de produtos e serviços
c) Diminuição na arrecadação de impostos
d) Paralisação das atividades e problemas p/ economia

 Por isso, o direito se preocupa em criar mecanismos jurídicos para a


recuperação de empresa (lei 11.101/05)

Objetivos da Recuperação de uma empresa:

1) Saneamento da crise econômica, financeira e patrimonial


2) Preservação da atividade econômica e dos seus postos de trabalho
3) Atendimento aos interesses dos credores

Juiz competente: é competente para homologar o plano recuperação


extrajudicial deferir a recuperação judicial ou falência, é o juízo do local do
principal estabelecimento do devedor ou da filial da empresa que tenha sede
fora do brasil

Viabilidade de recuperação da Empresa

Nem toda empresa merece ou deve ser recuperada, o judiciário deve


fazer exame de viabilidade em função dos vetores:

a) Importância social (econômica local)


b) Mão de obra e tecnologia empregadas
c) Volume do ativo e do passivo
d) “Idade” da empresa (ex. pouco + de dois 2 anos)
e) Porte econômico (quanto menor o porte da empresa,
geralmente menos importância social terá, por ser mais fácil sua
substituição

 Não poderá ser beneficiário da Recuperação Judicial:

1) Empresa pública e sociedade de economia mista


2) Instituição financeira ou privada
3) Cooperativa de crédito
4) Consórcios
5) Entidade de previdências complementares
6) Sociedade operadora de plano de assistência a saúde
7) Sociedade seguradora
8) Sociedade de capitalização
9) Outras entidades legalmente equiparadas.

Recuperação judicial
3 Fases - POSDEX

1º fase denominada postulatória -> compreende em regra a Petição


Inicial, instruída conforme art. 51 da lei 11/01/2005 e o despacho do juiz
deferindo ou não o processamento da RJ.

2º fase denominada deliberativa-> inicia com o despacho do juiz que


defere o processamento da RJ e perdura até a aprovação do plano de
recuperação judicial. (Se deferido, ele nomeará um administrador judicial
(pessoa de confiança do juiz), suspensão dos demais processos no prazo máximo
de 180 dias, chamamento dos credores).

3º fase denominada de executória -> ao administrador judicial


compreende a fiscalização do cumprimento do plano aprovado pelos credores e
se o mesmo se desenvolverá respeitando os prazos e condições nele previsto. (o
adm. vai fiscalizar, fazer lei entre as partes, cumprir e fiscalizar aquele que foi
cumprido e se esta sendo executado).

P oderá requerer a RJ (Art. 48.): o devedor que, no momento do


pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois)
anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:

I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença


transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;

II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de


recuperação judicial;

III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de


recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V
deste Capítulo;

IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio


controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta
Lei.

§ 1o A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge


sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio
remanescente.

§ 2o Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica,


admite-se a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo
por meio da Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa
Jurídica - DIPJ que tenha sido entregue tempestivamente.

O MP não está legitimado não está legitimado para requerer RJ e nem


o juiz poderá fazer de ofício

Estão sujeitos a RJ os créditos existentes na data do pedido, ainda que


não vencidos.

Não são exigíveis do devedor:

a) As obrigações a titulo gratuito

b)não podem ser exigidas (cobradas) do devedor, as despesas que os


credores fizeram para tornar parte da RJ, SALVO as custas decorrentes
de litígios com o devedor.

Do pedido e do processamento da RJ (art. 51)

 Como ocorre o Pedido de Falência (Processo Falimentar)?

Recuperação Empresarial

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o artigo 94 da Lei de


Falência alicerça o requerimento de falência. A principal hipótese que ele
estabelece para sua decretação é a insolvência do devedor.

A falência pode ser decretada por:

a) O próprio devedor (a chamada autofalência);


b) O cônjuge ou qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante
(chamado de falência de espólio);
c) O cotista ou o acionista do devedor na forma da Lei ou do ato
constitutivo da sociedade (Contrato ou Estatuto Social) ou
d) Qualquer credor.

A decisão de decretar falência colocará o falido e todos os seus credores


no regime jurídico-falimentar. A partir daí a pessoa, os bens, os atos jurídicos e
os credores do empresário falido passam a ser submetidos a um regime jurídico
específico. Assim, o empresário individual falido e os sócios ilimitadamente
responsáveis:

 Perdem a administração e disponibilidade de seus bens e


 Ficam inabilitados temporariamente da prática de atividade
empresarial (essa condição dura até a sentença extintiva de suas
obrigações).
 O processo de falência, chamado de Processo Falimentar, ocorre em
etapas, conforme a seguir.

Etapas do Processo Falimentar

#01 – Fase Pré-Falimentar: o pedido de falência

Trata-se do pedido de falência em si, iniciado com uma petição inicial


contendo o pedido de falência. A petição reúne tanto requisitos comuns, quanto
específicos. De acordo com o disposto no artigo 94 da Lei de Falências:

“Art 94. Será decretada a falência do devedor que:

I – Sem relevante razão de direito não paga, no vencimento,


obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos
na data do pedido de falência.”

A petição inicial de RJ, deverá ser instruída com:

1) Exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e


das razões da crise econômico-financeira.

2) As demonstrações contábeis relativas aos 3 últimos exercícios sociais


e levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionados com
estrita observância da legislação aplicável, composta obrigatoriamente:

a) Balança patrimonial.
b) Demonstração de resultados acumulados
c) Demonstração de resultado desde o ultimo exercício social
d) Relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção
e) Relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por
obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço, natureza,
classificação e o valor atualizado do crédito, descriminando sua origem,
vencimento e a indicação dos registros contábeis de cada transação
pendente
f) A relação do empregado, funções, salários, indenizações e outras
parcelas a que tem direito com o correspondente mês de competência, e a
discriminação dos valores pendentes de pagamento.
g) Certidão de regularidade do devedor no Registro público de
Empresas, ato constitutivo atualizado e os atos de nomeação dos atuais
administradores.
h) A relação dos bens particulares dos sócios
i) Os extratos atualizados das contas bancárias, aplicações financeiras
de qualquer modalidade
j) Certidões dos cartórios de protesto sitiados na comarca do domicílio
ou sede do devedor e naquelas onde possui filial
k) A relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que
figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa
dos respectivos valores demandados

Obs.: os documentos de escrituração contábil e demais relatórios


auxiliares, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial, e
mediante autorização judicial, de qualquer internado.

#02 – Fase falencial ou falimentar

Deferimento do Processamento da RJ

Estando a documentação exigida, o juiz deferirá o processamento da RJ


e no mesmo ato:

1) Nomeará o administrador judicial

2)Determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas a


para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o
Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios (deverá constar após o nome empresarial, a expressão “Em
recuperação judicial”(art. 69)

3)Ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o


devedor, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam.

Poderão ficar suspensas as ações ou execuções pelo prazo de 180 dias


(6 meses) contados do deferimento do processamento a RJ, restabelecendo após
o decurso do praz, o direito dos credores d iniciar ou continuar suas ações ou
execuções independentemente do pronunciamento judicial (art. 6 §4).

Contudo não suspendem

 Ações que demandem quantias ilíquidas


 Reclamações trabalhistas
 Execuções fiscais
 Execuções credores não sujeitas à RJ (ex. credores com débitos
garantias para alienação fiduciária).
1) Determinará ao devedor a apresentação contas demonstrativas
mensais, enquanto perdurar a RJ, sob pena de destruição dos seus
administradores.

2)Ordenará a intimação do MP e a comunicação às fazendas públicas


federal e de todos os estados e municípios em que o devedor tiver
estabelecimento.

3)O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no Órgão


oficial, que conterá (art. 52, §1).

a) Resumo do pedido do devedor e a decisão que defere o processamento


da RJ.

b)A relação nominal dos credores, que discrimine o valor atualizado e


a classificação de cada crédito

c) A advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos (art.


7º, §1º - 15 dias para apresentar as habilitações) e para que os credores
apresentem objeção ao plano de RJ apresentado pelo devedor

 O devedor não poderá desistir do pedido de RJ após o deferimento do


seu processamento, SALVO se obtiver aprovação da desistência na
assembleia geral de credores (art. 52 §4º)

Administrador Judicial (art. 21)

Será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista,


administrador ou contador, PJ especializada que neste caso, será apresentado o
nome do profissional responsável pela condução do processo e que não poderá
ser substituído ou mudado sem autorização ao juiz.

Ao AJ compete:

 Na RJ e falência:

a) Enviar correspondência aos credores, comunicando a data do


pedido da RJ ou decretação da falência, a natureza, o valor e a
classificação do crédito.

b) Fornecer com presteza, todas as informações solicitadas pelos


credores interessados.

c) Fornecer extratos dos livros do devedor, a fim de servirem de


fundamento nas habilitações e impugnações de créditos.
d) Exigir dos credores, devedores e seus administradores qualquer
informação

e) Elabora a relação de credores

f) Consolidar o quadro geral de credores

g) Requerer ao juiz a convocação da assembleia geral dos credores.

h) Contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou


empresas especializadas para, quando necessários, auxiliá-lo no
exercício de suas funções

i) Manifestar-se nos casos previstos em lei

 Na RJ

a) Fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano


de RJ

b) Requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação


assumida no plano de recuperação.

c) Apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das


atividades do devedor, e

d) Apresentar o relatório sobre a execução do plano de


recuperação

 o juiz fixará o valor e a forma de remuneração do AJ, observados a


capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os
valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes
(art. 24)

Em qualquer hipótese, o total pago ao AJ, não excederá 5% do valor


devido aos credores submetidos a RJ ou do valor de venda dos bens na falência.

Ficará reduzida a remuneração do AJ no limite de 2% no caso de


microempresas e empresa de pequeno porte (ME) e (EPP).

Caberá ao devedor, arcar com as despesas relativas à remuneração do


AJ e dos auxiliares (art. 25).

O AJ. Substituído, será remuneração proporcionalmente ao trabalho


realizado, SALVO se renunciar sem relevante razão ou foi destituído de suas
funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das suas obrigações,
hipóteses em que não terá direito a remuneração.
O AJ que não apresentar no prazo estabelecido, suas contas ou qualquer
relatório previsto, será intimado pessoalmente para fazê-lo em 5 dias, sob pena
de desobediência.

Logo que nomeado, será intimado pessoalmente para em 48 horas,


assinar o termo de compromisso, em juízo.

ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES

É um órgão colegiado, que desempenha suas atividades pela ação


conjunta dos seus membros, possuindo os seus membros poder deliberativo,
responsável pela apresentação do interesse predominante entre os que
titularizarem crédito diante da sociedade empresário que está requerendo a RJ.

 Não é um ato processual


 Não é realizada na sede do juízo
 Não é presidida pelo juiz e nem por serventuário público,

Os credores poderão comparecer pessoalmente ou representados


mediante procuração com poderes específicos, desde que a mesma seja entregue
ao AJ no prazo de até 24h antes da assembleia.

Os trabalhadores associados poderão ser representados pelo sindicato,


devendo o Sindicato apresentar ao AJ até 10 dias antes da assembleia a relação
dos mesmos.

O juiz pode convocar a assembleia, nas hipóteses legais ou sempre que


julgar conveniente

O anuncio da convocação deve ser publicado com antecedência mínima


de 15 da data da realização, não diário oficial e em jornal de grande circulação
e deverá conter:

1) Local, data e hora da assembleia em 1º e em 2º convocação, não


podendo esta ser realizada menos de 5 dias antes da 1ª

2) A ordem do dia

3) o local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano


de RJ a ser submetido à deliberação

Deverá ser fixado cópia do aviso de convocação da assembleia de forma


ostensiva na sede filiais do devedor.

COMPETE À ASSEMBLEIA
a) Aprovar, rejeitar ou modificar o plano de RJ apresentado pelo
devedor

b) Constituir comitê de credores

c) Decidir sobre o pedido de desistência do devedor depois do


despacho de documentos

d) Eleger o gestor judicial, quando do afastamento do devedor

e) Deliberar sobre qualquer outra matéria que possa afetar os


interesses dos credores

A assembleia será composta de 4 classes credores:

1º titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou


decorrentes de acidente de trabalho
2º titulares de créditos com garantia real
3º titulares de crédito quirografários, com privilégio especial,
privilégio geral ou subordinado
4º titulares de créditos enquadrados como ME e EPP

Forma de votação: Por seu turno, as respectivas votações dessas


classes se realiza da seguinte forma: nas de números I e IV, o voto é por cabeça
(maioria simples), enquanto que na de número II os credores (garantia real)
votam até o limite do valor do bem gravado; se o seu crédito ultrapassar o valor
do bem gravado, votará com a classe de número III pelo valor desse crédito
excedente (aqui – nas classes II e III -, a aprovação da proposta deverá ser por
credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes
à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes).
Nunca se esquecendo das disposições imperativas do art. 45, que determinam
que “nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de
credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta”.

Todavia, nem em todas as assembleias gerais de credores teremos a


presença das quatro classes de credores acima referidas. Mas, as que existirem,
e para que a proposta seja aprovada, deverão votar favoravelmente. Há, por
outro lado, uma possibilidade de se aprovar o plano de recuperação judicial
apresentado sem se verificar a aprovação de todas as classes presentes, onde o
juiz pode, em conformidade com as exigências da Lei, conceder a recuperação
judicial, com base naquilo que a jurisprudência, copiando do direito norte-
americano, denomina de cram dow. Isso, porém, é matéria para outra discussão.

Plano de Recuperação Judicial (art. 33 e 54)


A realização ou não dos objetivos associados à preservação da atividade
econômica e o cumprimento da função social da Empresa, depende dele, ou seja,
se o plano da RJ é consistente, haverá chances da empresa se reestruturar e
superar a crise que está enfrentando.

Um bom plano da RJ não é por si só garantia absoluta de reerguimento


de uma empresa em crise, mas um plano ruim é garantia de fracasso na RJ.

O Plano RJ é o documento que o DEVEDOR entrega no prazo


impreterível de 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento
da RJ, sob pena de convolação em falência e deverá conter:

a) discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser


empregados

b) demonstração de sua viabilidade econômica

c) laudo econômico financeiro e de avaliação de bens ativos do devedor,


subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa
especializada.

 Deve conter as diretrizes e argumentos da reorganização


empresarial, que possa convencer os credores da sua viabilidade e de
sua manutenção no mercado.

O juiz ordenará a publicação do edital contendo aviso aos credores


sobre o recebimento do plano e fixando o prazo para eventuais objeções (30 dias
contados da publicação).

 o Plano de RJ não poderá prever prazo superior a 1 ano para


pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou
decorrentes de acidentes de trabalho, vencidos até a data do pedido da
RJ

 o plano não poderá prever prazo superior a 30 dias para o


pagamento, até o limite de 5 salários mínimos para trabalhador dos
créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses
anteriores de RJ.

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