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VANGUARDAS

EUROPEIAS

Língua Portuguesa
Módulo VI
Prof. Samuel Kühn
A influência dos ismos

Movimentos europeus para uma nova arte


no início do século XX:
XX

• Futurismo (Itália)
• Expressionismo (Alemanha)
• Cubismo (França)
• Dadaísmo (Suíça)
• Surrealismo (França)
FUTURISMO
Manifesto do Futurismo (1909), publicado em Le Figaro,
Figaro Paris,
assinado por Filippo Tommaso Marinetti, apelidado de “Cafeína
da Europa”. Ele desafiava os artistas e mostrarem ‘coragem,
audácia e revolta’ para comemorar ‘uma nova beleza, a beleza da
velocidade.’

- O amor ao perigo, o hábito da energia, a temeridade.


- A poesia baseada essencialmente na coragem, na audácia, na revolução.
- A exaltação da agressividade, da insônia febril, do salto perigoso.
- O canto entusiasmado da violência.
- A abominação do passado.
- O canto em poesia das “grandes multidões agitadas pelo trabalho, o
prazer ou a rebeldia; as ressacas multicolores e polifônicas das
revoluções nas capitais modernas.”
FUTURISMO
- O canto das estações de veículos, as fábricas, as locomotivas,
os aeroplanos, os navios a vapor.
- A certeza do caráter perecível da própria obra que pretendiam.

“Um automóvel rugidor, que tem o ar de correr sobre a


metralha é mais belo que a Vitória de Samotrácia.”

“O tempo e o espaço morreram ontem. Vivemos já no


absoluto, já que criamos a eterna velocidade
onipresente.”

“Desejamos demolir os museus e as bibliotecas.”

Vitória de Samotrácia (século II a.C.)


FUTURISMO
BOCCIONI: Poesia em movimento. Aliado de
Marinetti, o ambicioso e agressivo pintor Umberto
Boccioni (1882-1916) conclamou os pintores a
renunciar à arte do passado pelos milagres da vida
contemporânea, definidos por ferrovias,
transatlânticos e aviões.

“Quero pintor o novo, os frutos da nossa idade industrial”

“Formas Únicas de Continuidade no Espaço”,


de Boccioni, 1913.

Boccioni comemorou a força e o dinamismo


da vida moderna nessa escultura futurista
que mostra uma figura andando a passos
largos.
FUTURISMO e FASCISMO
Pontos convergentes:
convergentes

- Exaltavam o ‘bofetão e o soco’, glorificando a guerra – ‘única


higiene do mundo’
- Desprezo pela democracia e o socialismo.
- Antifeminismo.
- Caráter antiburguês

Marinetti virou o garoto propaganda


de Mussolini. Defendia e exaltava o
massacre italiano contra os negros
da Etiópia.
FUTURISMO e o
MODERNISMO BRASILEIRO
Os modernistas brasileiros recusaram as propostas ideológicas do
Futurismo, embora reconhecessem as conquistas técnicas do
movimento, que atuou mais como programa do que como obra
realizada.

O termo futurista circulava por aqui desde 1912.


Tomou a conotação de algo caótico ou absurdo e
teve sentido pejorativo.

No prefácio de Pauliceia Desvairada, Mário de


Andrade recusa o título que Oswald havia dado a
ele ao chamá-lo de “O Meu Poeta Futurista”.

“Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o.


Tenho pontos em contato com o futurismo.”

1922
EXPRESSIONISMO
Caracteriza a arte criada sob o impacto da expressão, mas da
expressão da vida interior, das imagens que vêm do fundo do
ser e se manifestam pateticamente. O mundo interior é obscuro
e alógico; logo, assim também deve ser a expressão.

De 1905 a 1930, as formas distorcidas,


exageradas, as cores destinadas a causar
impacto emocional dominaram a arte
alemã.

No quadro Cena de Rua em Berlim (1913),


de Kirchner distorcia as figuras até chegar a
formas grotescas, pontudas, para retratar a
corrupção interna.
EXPRESSIONISMO
Assim como o Surrealismo, o Expressionismo valoriza os mitos, os
sonhos, tudo aquilo que escapa ao controle lógico do homem.

Trechos do Artigo Expressionismo na


Poesia (1918). (Kasimir Edschmid)

[...] o universo total do artista expressionista


torna-se visão. Ele não vê, mas percebe. Ele
não descreve, acumula vivências. Ele não
reproduz, ele estrutura. Ele não colhe, ele
procura. Agora não existe mais a
cadeia de fatos: fábricas, casas, doença,
prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a
visão disso. Os fatos têm
significado somente até o ponto em que o
mão do artista o atravessa para agarrar o
que se encontra além deles. [...]

Edvard Munch (1893) O Grito


EXPRESSIONISMO
O HORROR DA GUERRA

Kate Kollwitz (1867-1945) se concentrava em


temas pacíficos e no sofrimento dos
pobres. Ela era expressionista na técnica,
porém mais preocupada com o protesto
social do que com a investigação interna.
Usava formas rígidas e linhas ásperas
para expressar a tragédia da perda no
pós-guerra. Mortalidade Infantil evoca o
desespero de uma mãe diante da morte
do bebê, através do intenso negror da
xilogravura.
CUBISMO
Na pintura, o ponto de partida da atitude cubista é o quadro de Pablo
Picasso Les Demoiselles d’Avignon (1907).
O genial pintor espanhol apresenta na
composição formas geometrizadas,
deformadas e fragmentadas, sobretudo
nos rostos das figuras.

Características do Cubismo:
- As obras de arte não devem ser uma
representação objetiva da natureza, mas
uma transformação dela, ao mesmo
tempo objetiva e subjetiva.
- A procura da verdade deve centrar-se
na realidade pensada e não na realidade
aparente.
- A obra de arte deve bastar-se a si
mesma.
CUBISMO
“A pintura não é feita para decorar apartamentos”, dizia Picasso. “É um instrumento de
guerra, de ataque e defesa frente ao inimigo”.

Durante a Guerra Civil Espanhola, o ditador fascista Francisco Franco fez um acordo
com a Lüftwaffe (força aérea alemã) nazista para destruir a cidadezinha basca de
Guernica. Num bombardeio de 3 horas, dois mil civis foram massacrados, milhares
foram feridos e a cidade foi arrasada.
As linhas quebradas e os planos fragmentados denotam terror, confusão e violência.

Guernica
(1937)
CUBISMO E LITERATURA

Guillaume Apollinaire (1898 - 1918)


CUBISMO E LITERATURA

Hípica Para retratar o ambiente de


uma corrida de cavalos na
hípica, o eu lírico promove
uma “sobreposição” ão de
Saltos records imagens que deslocam o
cavalos da penha olhar do leitor da pista,
correm jaquéis e higionópolis onde estão cavalos e
jóqueis, para o público
Os magnatas entretido pela orquestra. O
As meninas resultado é uma imagem
multifacetada, composta
E a orquestra toca chá de fragmentos de
Na sala de cocktails diferentes planos da
realidade.
realidade

Oswald de Andrade
DADAÍSMO
Surge em Zurich, com o primeiro manifesto de Tristan Tzara (1916)
“Dada nasceu de um desejo de independência, de desconfiança para com a
comunidade. Os que estão conosco guardam sua liberdade. Não reconhecemos
nenhuma teoria. Basta de academias cubistas e futuristas: laboratórios de ideias
formais.”
Características do Dadaísmo:
- é uma tentativa de demolição.
- propõe a abolição da lógica, da memória, do futuro.
- exalta a liberdade total da criação.
- “Estamos contra todos sistemas, mas sua ausência é o melhor sistema”.
- propõe a percepção da vida em sua lógica incoerência primitiva.
- Tenta a criação de uma linguagem totalmente nova e inusitada.
- Busca cortar o nexo de ligação com a realidade vital.
- Estilo antigramatical, linguagem simplista.
- “a arte tende a uma liberação suprema, ao transformar-se numa simples
distração.”
- “arte não é coisa séria”
DADAÍSMO
Em 1913, Duchamp inventou uma nova
forma de arte chamada readymades
(arte pronta). Seu readymade mais
polêmico foi um urinol de louça com a
assinatura de R. Mutt. O artista
defendeu o anticonvencional objeto
de arte, dizendo: “Se o senhor Mutt
fez ou não a fonte com sua próprias
mãos, não importa. Ele a
ESCOLHEU... Criou uma nova ideia
para esse objeto”. Os readymades de
Duchamp abriram as comportas de
uma arte puramente imaginária e não
apenas de interpretação do mundo Fonte (1917), de Marcel Duchamp.
visual. Ele mudou o conceito do que é
que constitui a arte.
DADAÍSMO
No seu último manifesto – foram 7 no total -, Tzara dá uma receita para
fazer um poema Dadaísta:

Pegue um papel.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu
poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse
artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade
graciosa, ainda que incompreendido do público.
DADAÍSMO e o
MODERNISMO BRASILEIRO
O pensamento dos dadaístas fermentaram a atitude anárquica dos
modernistas da ‘FASE HERÓICA’
ICA (1922), da Semana de Arte Moderna
e do ‘Desvairismo’,
Desvairismo corrente que Mário de Andrade funda no prefácio
de sua obra Pauliceia Desvairada.

..
ODE AO BURGUÊS
em Pauliceia Desvairada

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!


o burguês-burguês! Padaria Suíça! Morte viva ao Adriano!
A digestão bem-feita de São Paulo! "–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
O homem-curva! o homem-nádegas! –Um colar... –Conto e quinhentos!!!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, Mas nós morremos de fome!"
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Eu insulto as aristocracias cautelosas! Oh! purée de batatas morais!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
zurros! Ódio aos temperamentos regulares!
que vivem dentro de muros sem pulos; Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
para dizerem que as filhas da senhora falam o Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
francês sempiternamente as mesmices convencionais!
e tocam os "Printemps" com as unhas! De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Eu insulto o burguês-funesto! Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! Todos para a Central do meu rancor inebriante
Fora os que algarismam os amanhãs! Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Olha a vida dos nossos setembros! Morte ao burguês de giolhos,
Fará Sol? Choverá? Arlequinal! cheirando religião e que não crê em Deus!
Mas à chuva dos rosais Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
o êxtase fará sempre Sol! Ódio fundamento, sem perdão!
Morte à gordura! Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
DADAÍSMO e o
MODERNISMO BRASILEIRO
A influência do Dadaísmo em Carlos Drummond de Andrade ocorre na sua
primeira publicação, em 1930, na obra “Alguma Poesia”. O tom é irônico,
as poesias são breves e com linguagem coloquial. Não há mais o eu-lírico
melodramático. A poesia abaixo também foi publicada na Revista de
Antropofagia.

No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
SURREALISMO
O marco inaugural é o Manifesto do Surrealismo,
Surrealismo
em 1924, escrito por André Breton.

CARACTERÍSTICAS:
Influenciado pela Psicanálise de Freud.
Objetivava retratar o espaço descoberto por Freud no interior da mente
humana, o inconsciente, através da abstração ou de imagens
simbólicas.
A ideia era criar uma nova expressão artística acessível através do
resgate das emoções e do impulso humano.

Principais nomes nas artes visuais:


- Salvador Dali - Cândido Portinari (Brasil)
- René Magritte
SURREALISMO
Salvador Dali

A persistência
da memória
(1931)
SURREALISMO
Salvador Dali
SURREALISMO
René Magritte

O estupro
(1934)
SURREALISMO
René Magritte

Os amantes
(1928)
SURREALISMO
Cândido Portinari

Os retirantes
(1944)
Sobre as ARTES
no início do século XX
René Magritte

Isso não é
cachimbo
(1928-29)
Sobre as ARTES
no início do século XX
Fernando Pessoa

Autopsicografia
(1930)
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
MODERNISMO
BRASILEIRO

Língua Portuguesa
Módulo VI
Prof. Samuel Kühn
MODERNISMO
BRASILEIRO
1ª geração: 1922-1930
• Semana de arte moderna (fev.1922)
fase da destruição e construção

- Grupo dos Cinco:


Cinco
- Tarsila do Amaral
- Anita Malfatti
- Mário de Andrade
- Oswald de Andrade
- Menotti Del Pecchia
MODERNISMO
BRASILEIRO
1ª geração: 1922-1930
• Semana de arte moderna (fev.1922)
fase da destruição e construção
Discurso:
Discurso
- rompimento do espírito moderno com os estilos literários
do passado.
- criticou as velhas maneiras de pensar da nossa elite.
- cobrou a urgência de nossos criadores plantarem os pés
na realidade brasileira, pelo estudo da cultura
popular e do folclore nacionais.
TARSILA DO AMARAL
a influência cubista
e surrealista

O quadro mostra o
interesse da primeira
geração modernista
pelos temas
nacionais e pelo
colorido da
paisagem brasileira.

Morro da favela (1924), de Tarsila do Amaral


TARSILA DO AMARAL
a influência cubista
e surrealista
TARSILA DO AMARAL
a influência cubista
e surrealista

Operários (1933), de Tarsila do Amaral


TARSILA DO AMARAL
a influência cubista
e surrealista

O ovo ou o urubu (1928)


TARSILA DO AMARAL
a influência cubista
e surrealista

A negra (1923)
TARSILA DO AMARAL
a influência cubista
e surrealista

A Cuca (1923)
ANITA MALFATTI
a influência expressionista

O farol (1915)
ANITA MALFATTI
a influência expressionista

A boba (1915-16)
ANITA MALFATTI
a influência expressionista

O farol (1915), de Anita Malfatti Starry Night (1888), de Van Gogh


A revista Klaxon surgiu em São
Paulo, 3 meses após a Semana
de Arte Moderna, com 9 números
entre 1922 e 1923. Seu tema
geral era a defesa e a explicação
das propostas modernistas. Os
membros do grupo Klaxon (que
significava buzina externa dos
automóveis) era klaxistas.
Queriam um arte atual, dinâmica,
transformadora, contrária ao
confessionalismo lamentoso e à
melancolia.
Klaxon, n° 1, São Paulo, 1° de maio de 1922
O primeiro número revista Klaxon, lançado
em maio de 1922, propunha resolver o
problema do sentimentalismo romântico da
seguinte forma:

Problema: Século XIX – Romantismo, Torre


de Marfim, Simbolismo. Em seguida, o fogo
de artifício internacional de 1914. Há perto
de 130 anos que a humanidade está
fazendo manha.
A revolta é justíssima. Queremos construir a
alegria. Molhados, resfriados, reumatizados
por uma tradição de lágrimas artísticas
decidimo-nos:
Solução: Operação cirúrgica. Extirpação das
glândulas lacrimais!
Klaxon, n°
n° 1, São Paulo,
1° de maio de 1922
Principais características
- fase heróica -

É um movimento do CONTRA.
Espírito polêmico e destruidor: é preciso abandonar ‘uma arte
artificial, produzida à custa de imitação estrangeira’; é
necessário demolir ‘uma ordem social e política fictícia,
colonial’.
Anarquismo: ‘não sabemos discernir o que queremos’.
O Moderno como valor em si mesmo.
Busca da originalidade
Luta contra o tradicionalismo.
Juízos de valor sobre a realidade brasileira.
Principais características
- fase heróica -
Valorização poética do cotidiano.
Nacionalismo xenofóbico e intransigente.
Liberdade linguística.
Primado da poesia sobre a prosa.

Erro de Português
“Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.” Oswald de Andrade
Movimentos culturais
da 1ª fase

Pau-Brasil:
Brasil Em 1924, Oswald de
Andrade lança o Manifesto da Poesia Pau-
Brasil

- Poesia de exportação
- Poesia primitivista:
primitivista revisão crítica
de nosso passado histórico e cultural,
valorizando as riquezas e os contrastes.
Poesia Pau-Brasil
Por ocasião da
descoberta do Oswald parodia a linguagem
Brasil religiosa, substituindo o termo
pão, do ‘Pai Nosso’, por Pão de
Açúcar e Poesia. Com isso, o
escapulário poeta subverte a ordem
litúrgica para introduzir o
elemento brasileiro e refletir
No Pão de Açúcar sobre o caráter da poesia.
De Cada Dia
Dai-nos Senhor São traços modernos do poema:
A Poesia - humor
De Cada Dia - síntese
- ausência de pontuação
Poesia Pau-Brasil
pronominais

Dê-me um cigarro vício na fala


Diz a gramática
Do professor e do aluno Para dizerem milho dizem
E do mulato sabido mio
Mas o bom negro e o bom Para melhor dizem mió
branco Para pior pió
Da Nação Brasileira Para telha dizem teia
Dizem todos os dias Para telhado dizem teiado
Deixa disso camarada E vão fazendo telhados.
Me dá um cigarro.
Canção do Exílio, de Gonçalves Dias
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, Minha terra tem primores,
Nossos bosques têm mais vida, Que tais não encontro eu cá;
Nossa vida mais amores. Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Em cismar, sozinho, à noite, Minha terra tem palmeiras,
Mais prazer encontro eu lá; Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu
morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as
palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
Canto do regresso à pátria,
de Oswald de Andrade
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá Poema recriado por Oswald.
Faz paródia à ‘Canção do
Não permita Deus que eu morra Exílio’, de Gonçalves Dias,
Sem que volte para lá poeta da 1ª fase do
Romantismo Brasileiro.
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo Sobretudo na última estrofe é
Sem que veja a Rua 15 possível notar a atualizar
histórica.
E o progresso de São Paulo
Movimentos culturais
da 1ª geração
Manifesto Antropófago:
fago Em
1928, Oswald de Andrade lança o
Manifesto.

- Devoração simbólica da
cultura europeia sem
perder a nossa identidade
cultural.

Tupi or not tupi that is the


question.
Pneumotórax, de Manuel Bandeira

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.


A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:


— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três… Temas:
— Respire.
Paixão pela vida
Morte
Amor
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo
e o pulmão direito infiltrado. Erotismo
— Então, doutor, não é possível tentar o Solidão
pneumotórax? Angústia
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango Cotidiano
argentino. Infância
POÉTICA, de Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido Estou farto do lirismo namorador


Do lirismo bem comportado Político
Do lirismo funcionário público Raquítico
com livro de ponto expediente Sifilítico
protocolo e manifestações de De todo lirismo que capitula ao que
apreço ao sr. diretor. quer que seja fora de si mesmo.
Estou farto do lirismo que pára e De resto não é lirismo
vai averiguar no dicionário o Será contabilidade tabela de cossenos
cunho vernáculo de um secretário do amante exemplar com
vocábulo. cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar as mulheres, etc.
Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os Quero antes o lirismo dos loucos
barbarismos universais O lirismo dos bêbados
Todas as construções sobretudo O lirismo difícil e pungente dos
as sintaxes de exceção bêbados
Todos os ritmos sobretudo os O lirismo dos clowns de Shakespeare.
inumeráveis
- Não quero saber do lirismo que não é
libertação.
Vou-me embora pra Pasárgada
de Manuel Bandeira
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Vou-me embora pra Pasárgada Que no tempo de eu menino
Lá sou amigo do rei Rosa vinha me contar
Lá tenho a mulher que eu quero Vou-me embora pra Pasárgada
Na cama que escolherei
Em Pasárgada tem tudo
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada É outra civilização
Aqui eu não sou feliz Tem um processo seguro
Lá a existência é uma aventura De impedir a concepção
De tal modo inconsequente Tem telefone automático
Que Joana a Louca de Espanha Tem alcaloide à vontade
Rainha e falsa demente Tem prostitutas bonitas
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive Para a gente namorar

E como farei ginástica E quando eu estiver mais triste


Andarei de bicicleta Mas triste de não ter jeito
Montarei em burro brabo Quando de noite me der
Subirei no pau-de-sebo Vontade de me matar
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado — Lá sou amigo do rei —
Deito na beira do rio Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Porquinho-da-índia, de Manuel Bandeira

Quando eu tinha seis anos


Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira


namorada.
Quadrilha, de Drummond

Publicado em 1930, na obra “Alguma Poesia”, Carlos Drummond de


Andrade usa a ironia e a linguagem coloquial.

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o
convento, Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou
com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na
história
Cota Zero, de Drummond

Carlos Drummond de Andrade usa a ironia e a linguagem coloquial.

Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
Stop, ideia de trânsito
valorização poética do cotidiano;
integração poética da civilização material;
desvalorização irônica da vida;
sentimento trágico da existência;
humor como solução.
Cidadezinha qualquer, de Drummond

Carlos Drummond de Andrade constrói a ideia da vida rural, com sua


mesmice, mantendo o seu status quo.

Casas entre bananeiras


mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.


Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.


Movimentos culturais
da 1ª geração

A Corrente Nacionalista:
- O nacionalismo ufanista: com inclinação para o
nazifascismo.

Verde-Amarelismo (1924)
Grupo Anta (1929)
Bandeira (1936)
Menotti Del Picchia foi o diretor do grupo. Juntamente com
Cassiano Ricardo e Plínio Salgado formavam o núcleo
fundamental desses movimentos.
Movimentos culturais
da 1ª geração

Características desses movimentos:

- Exaltação da terra,
terra do homem,
homem do folclore,
folclore dos heróis da
pátria.
tria

- Visão ufanista,
ufanista afinando-se politicamente com o
Integralismo (futura versão tupiniquim do nazifascismo).

- Proposta de um regime autoritário,


rio corporativista,
embasado na exacerbação do nacionalismo.
nacionalismo
Movimentos culturais
da 1ª geração

Os manifestos teóricos dessas correntes estão


em:

- Curupira e o Carão (Plínio, Menotti e


Cassiano)

- Nhengaçu Verde Amarelo


MODERNISMO
BRASILEIRO

2ª geração: 1930-1945
fase da consolidação
Principais características
- fase da consolidação -

Estabilização das novas conquistas.

Preocupação religiosa e filosófica em poesia.

Ampliação da temática que tende para o universal.


universal
Reação espiritualista (Grupo ‘Festa’)
Festa – retomada da tradição
simbolista contra a exaltação da técnica, contra a poesia
circunstancial.
Principais características
- fase da consolidação -
A prosa ganha notável desenvolvimento e configura
nitidamente duas linhas:
linhas

a) Neonaturalismo regionalista e social:


Principais autores e leituras programadas*

Graciliano Ramos – Vidas Secas*


Rachel de Queiroz – O Quinze
José Lins do Rego – Fogo morto (Ciclo da cana-de-açúcar)
Jorge Amado – Capitães da areia
Principais características
- fase da consolidação -
A prosa ganha notável desenvolvimento e configura
nitidamente duas linhas:
linhas

b) Romance psicológico:
Principais autores
Érico Veríssimo
Jorge de Lima
Lúcio Cardoso
Cornélio Pena
Principais características
- fase da consolidação -
Há ainda a dramaturgia,
dramaturgia notável nos textos de:

c) Dramas histórico-sociais regionalistas:


Principais autores e leituras programadas*

Jorge Andrade – A Moratória*


Rachel de Queiroz – A Beata Maria do Egito*
Principais características
- fase da consolidação -
Na poesia, os grandes nomes de nossa literatura são:

Carlos Drummond de Andrade


Cecília Meireles
Vinicius de Moraes
Jorge de Lima
Murilo Mendes
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos –
(1892-1953)
a) Neonaturalismo regionalista e social:

Leitura teórica: Discurso polifônico em


Vidas Secas

Leitura da obra: Vidas Secas (1938)

Filme: Vidas Secas (1963)


VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
a) Composição:

Gênero intermediário: entre romance e livro de contos.

13 capítulos até certo ponto autônomos, mas que se ligam


pela repetição de alguns motivos e temas.

PREPARAÇÃO PARA A LEITURA


VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 01: Mudança

É a história da retirada de uma família, fugindo da seca.


Fazem parte dela Fabiano, sua esposa Vitória, dois filhos
caracterizados pelo autor apenas o menino mais novo e
o menino mais velho e a cachorra Baleia. Se bem que

“na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio.


Coitado, morreram na areia do rio, onde haviam descansado, à
beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali
não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os
ossos do amigo, e não guardava lembrança disso.”
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 01: Mudança

As personagens não se comunicam.

Essa falta de diálogo permanece por todo o livro, como


também a intenção de não dar nome às crianças, para
caracterizar a vida mesquinha e sem sentido em que
vivem os retirantes.

Nesse capítulo, as personagens ainda sonham com uma


vida melhor, mas são inconscientes de sua situação.
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 02: Fabiano

Mostra-se um homem embrutecido, mas ainda capaz da


análise de si mesmo.

Tem a consciência de que mal sabe falar, embora admire


as pessoas que saibam se expressar:
“Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e
difíceis da gente, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia
que elas era inúteis e perigosas”

E chega à conclusão de que não passa de um bicho.


VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 03: Cadeia

Aparece a figura do Soldado Amarelo,


Amarelo que mais tarde
voltará simbolizando sempre a autoridade do governo.

Insinua-se a ideia de que não é apenas a seca que faz de


Fabiano e sua família pessoas animalizadas.

Ele é preso sem motivo. Situação de homem-bicho.

“Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram


uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses
dum patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados
por um soldado amarelo.”
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 04: Sinhá Vitória

Se o nível de aspirações do marido se resume em saber


usar as palavras adequadas, o de Vitória é possuir uma
cama de couro.
couro

É a personagem que melhor articula as palavras e


expressões.
expressões

Ela é caracterizada como esperta.


esperta
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 05: O Menino Mais Novo

Ele também possui um ideal na vida: o de se identificar ao


pai. No início do capítulo:

“Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração.”

Adiante: “Evidentemente ele não era Fabiano. Mas se fosse?


Precisava mostrar que podia ser Fabiano.”

Em seguida: “E precisava crescer, ficar tão grande como


Fabiano, matar cabras à mão de pilão, trazer uma faca de ponta
na cintura. Ia crescer, espichar-se numa cama de varas, fumar
cigarros de palha, calçar sapatos de couro cru.”
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 06: O Menino Mais Velho

“Tinha um vocábulo quase tão minguado como o do papagaio que


morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações e de
gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a língua, com
movimentos fáceis de entender. Todos o abandonavam, a
cadelinha era o único vivente que lhe mostrava simpatia.”

O nível de aspirações dos componentes da família decresce


cada vez mais. O ideal do menino mais velho é o de ter um
amigo. A amizade de Baleia serve:

“O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não


magoá-lo, sofria a carícia excessiva.”
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 07: Inverno

Em Inverno temos a descrição de uma noite chuvosa e os


temores e devaneios que ela desperta na família de
Fabiano. A chuva inundava tudo, quase a casa deles
também, mas eles sabiam que dentro em pouco a seca
tomaria conta de suas vidas.
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 08: Festa

Apresenta primeiramente os preparativos da família em sua


casa para ir à festa de Natal na cidade e, em seguida, se
dirigindo à festa. É um dos capítulos mais melancólicos do
livro: onde as personagens, em contato com outras, sentem-
se humilhadas, mesquinhas e até mesmo ridículas.
Percebem a distância e que se encontram dos demais
seres. Sinhá Vitória devaneava e Fabiano não tinha
esperanças:

“Sinhá Vitória enxergava, através das barracas, a cama de seu


Tomás da bolandeira, uma cama de verdade.”
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 09: Baleia

Conta a morte da cachorra. Caíra-lhe o pelo, estava peçe e


ossos, o corpo enchera-se de chagas. Fabiano resolve
matá-la para aliviar-lhe os sofrimentos. Os filhos percebem a
situação, magoados e feridos por perderem um irmão:

“Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três,


para bem dizer não se diferenciavam...”

Ao lado de Vitória, Baleia é quem, com maior clareza,


consegue elaborar seus devaneios.
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 10: Contas

Outro capítulo melancólico. Se em Cadeia,


Cadeia Fabiano
conscientiza-se de que há no mundo homens que, por
possuírem posição diferente da dele, podem machucá-lo, se
em Festa,
Festa os familiares percebe sua situação inferior e
humilhante, agora chegam à conclusão de que pessoas
com dinheiro também podem se aproveitar deles.

Sinhá Vitória é quem percebe que as contas do patrão estão


erradas.
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 11: Soldado Amarelo

Nesse capítulo temos uma descrição mais profunda


dessa personagem. Vê-se que, fisicamente, é menos forte
que Fabiano;
Fabiano moralmente é uma pessoa corrupta,
corrupta ao passo
que Fabiano é honesto; no entanto é por ele respeitado e
temido por ocupar o lugar de representante do governo.
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 12: O Mundo Coberto de Penas

A seca está para chegar outra vez prenunciando mais


miséria e sofrimento:

“O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau sinal,


provavelmente o sertão ia pegar fogo.”

Fabiano faz um resumo de todas as desgraças que têm


marcado sua vida. Há muito não sonhava mais. Seus
problemas agora são livrar-se de certo sentimento de culpa
por ter matado Baleia e fugir de novo.
VIDAS SECAS
- Graciliano Ramos -
b) Síntese: capítulo 13: Fuga

Continua a análise de Fabiano a respeito de sua vida.


vida A
esposa junta-se a ele, pensam juntos pela primeira vez.
Vitória é mais otimista que ele e consegue transmitir-lhe um
pouco de paz e esperanças por algum tempo. E é numa
mistura de sonhos, descrenças e frustrações que termina o
livro. Graciliano Ramos deixa uma visão amarga da vida dos
retirantes:

“O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como


Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos.”
Maria Beata do Egito
- Rachel de Queiroz –
(1910-2003)
a) Neonaturalismo regionalista e social:

Explanação histórica

Leitura da obra: A Beata Maria do Egito


(1958)
Maria Beata do Egito
- Rachel de Queiroz –
a) Sinopse:

1913: P. Cícero cria em Juazeiro-CE, um tipo de governo municipal, o


qual agrada muito ao povo, mas, Franco Rabelo é presidente do estado
do Ceará e tenta a ferro e fogo impedir P. Cícero de governar. Gera-se
aí um grande conflito da população liderado por uma Beata seguidora
de P. Cícero de nome Maria do Egito, contra o Governo Franco Rabelo.

Toda a culpa recaiu sobre Maria do Egito, o Coronel Chico Lopes a


mando de Franco Rabelo obriga o delegado da cidadezinha a intimar e
a prender a beata. Depois de interrogada e muitos argumentos, o
tenente sabe que as forças políticas foram derrotadas pelos populares
no primeiro enfrentamento em Juazeiro. Então, prende a Beata e a
acusada de chefiar fanáticos contra o governo.

PREPARAÇÃO PARA A LEITURA


Principais características
- fase da consolidação -
Na poesia, os grandes nomes de nossa literatura são:

Carlos Drummond de Andrade


Cecília Meireles
Vinicius de Moraes
Jorge de Lima
Murilo Mendes
Principais características
- fase da consolidação -
Na poesia, Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Carlos Drummond de Andrade: Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
A Flor e a Ná
Náusea Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Preso à minha classe e a algumas roupas,
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
vou de branco pela rua cinzenta.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Devo seguir até o enjôo?
Com ele me salvo
Posso, sem armas, revoltar-me?
e dou a poucos uma esperança mínima.
Olhos sujos no relógio da torre:
Uma flor nasceu na rua!
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
Uma flor ainda desbotada
O tempo pobre, o poeta pobre
ilude a polícia, rompe o asfalto.
fundem-se no mesmo impasse.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
Sua cor não se percebe.
O sol consola os doentes e não os renova.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
resolvido, sequer colocado.
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Todos os homens voltam para casa.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
Estão menos livres mas levam jornais
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Principais características
- fase da consolidação -
Na poesia, Cecília Meireles:

MOTIVO
Se desmorono ou se edifico,
Eu canto porque o instante existe se permaneço ou me desfaço,
e a minha vida está completa. — não sei, não sei. Não sei se
Não sou alegre nem sou triste: fico
sou poeta. ou passo.
Irmão das coisas fugidias, Sei que canto. E a canção é
não sinto gozo nem tormento. tudo.
Atravesso noites e dias Tem sangue eterno a asa
no vento. ritmada.
E um dia sei que estarei
mudo:
— mais nada.
Principais características
- fase da consolidação -
Na poesia, Vinicius de Moraes:
Leitura completa e análise do poema “Operário em construção”

"Almoço no Topo de um 
Arranha‐céu”, foto feita por 
Charles C. Ebbets, no dia 20 
de setembro de 1932.
A imagem foi publicada pela 
primeira vez no jornal New 
York Herald Tribune, em 2 
de outubro do mesmo ano. 
Principais características
- fase da consolidação -
Na poesia, Jorge de Lima:

Leitura completa e análise do poema “Negra Fulô”


MODERNISMO
BRASILEIRO

3ª geração

1. A terceira geração

2. A geração de 45

3. A Ficção Pós-45
MODERNISMO
BRASILEIRO
3ª geração: pós-45
• Contexto histórico e cultural:
• Fim de Segunda Guerra Mundial
• Renúncia de Getúlio Vargas após 15 anos
• Volta da democracia
• General Eurico Gaspar Dutra – Constituição de 46
• 1951 – Getúlio é eleito em voto direto (política
nacionalista e populista)
• Juscelino Kubitschek (1956-61): 50 anos em 5
• Funda-se Brasília, em 1960, nova capital federal
Principais características
- Geração de 45 -
A terceira geração do período modernista brasileiro
avança no tratamento da dimensão psicológica do
homem comum.

Ficção de vanguarda brasileira:


Principais autores e leituras programadas*

Clarice Lispector – A Hora da Estrela*


Guimarães Rosa – Sagarana
Primeiras Estórias
Grande Sertão: veredas
Principais características
- Geração de 45 -
A dramaturgia também avança ao produzir textos de ordem
social, tornando protagonista o homem excluído da
sociedade e também se utilizando da arte popular, como em
Suassuna. Em Barrela,
Barrela há a crítica ao sistema carcerário e
ao sistema público de segurança. Em Guarnieri, a greve.
Em Rodrigues, a família tradicional em crise.

Dramaturgia brasileira:
Principais autores e leituras programadas*

Nelson Rodrigues – Vestido de Noiva (1943)


Ariana Suassuna – O Santo e a Porca (1957)*
Plínio Marcos – Barrela (1958)*
Gianfracesco Guarnieri – Eles não usam black-tie (1955)*
Principais características
- Geração de 45 -
A poesia também avança ao produzir textos de ordem social,
tornando protagonista o homem excluído da sociedade e
também se utilizando da arte popular.

Poesia brasileira:
Principal autor
João Cabral de Melo Neto –
Morte e Vida Severina (1968)
Principais características
- Poesia concreta
dos anos 50 e 60 -
A poesia concreta surgiu com o Concretismo, valorizando e
incorporando aspectos geométricos à arte (música, poesia,
artes plásticas etc.).

Em 1952, a poesia concreta tem seu marco inicial ao


publicar a revista Noigrandes, fundada por três poetas:

Décio Pignatari
Haroldo de Campos
Augusto de Campos
Principais características
Poesia concreta dos anos 50 e 60
Outros atributos que podemos apontar deste tipo de poesia
são:

- uso de imagens gráficas que as palavras sugerem;


- não há um começo, meio e fim; nascem os
POEMAS-OBJETOS;
- eliminação do verso;
- aproveitamento do espaço em branco da página para
disposição das palavras;
- a exploração dos aspectos sonoros, visuais e semânticos
dos vocábulos;
- o uso de neologismos e termos estrangeiros;
- decomposição das palavras;
- possibilidades de múltiplas leituras.
Décio Pignatari
Décio Pignatari

No ideograma Bibelô(?)
(1980), Décio Pignatari
funde em montagem
metonímica:

pênis, seios e vagina,

são os fesceninos (versos


obscenos)
são epigramas caligráficos
que têm um cunho naïf
(arte primitiva moderna) e
seu resultado é “tosco”.
Augusto de Campos
Augusto de Campos
Augusto de Campos
Augusto de Campos
Augusto de Campos
Pedro Xisto
Pedro Xisto
Principais características
- Poesia marginal dos anos 70 -
A poesia marginal foi feita por cabeludos, poetas e
universitários, imprimindo em casa suas obras e em
mimeógrafos. Foi o surgimento do underground,
underground da
contracultura,
contracultura do disco pirata.
pirata

Geração-mimeógrafo:
Paulo Leminski
Chacal
Cacaso
Ana Cristina Cesar
Francisco Alvim
Paulo Leminski

Parada cardíaca
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro

Vem da zona escura


donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento
Paulo Leminski

Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Paulo Leminski

Não discuto

não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino
Paulo Leminski
e seus haikais

tudo dito, ameixas


nada feito, ame-as
a noite - enorme
tudo dorme ou deixe-as
fito e deito menos teu nome

nuvens brancas
Abrindo um antigo caderno
passam
foi que eu descobri:
em brancas nuvens
Antigamente eu era eterno.
Paulo Leminski
escura a rua
escuro
meu duro desejo
duro
feito dura
essa duna
donde
o poema
uma
esp
uma
doendo
ex
pl
ode
Principais características
- Década de 70 -
A dramaturgia produzida à época do regime militar foi
de grande contestação e, por isso, sofreu com a
censura e a perseguição.

Dramaturgia brasileira:
Principais autores e leituras programadas*

Dias Gomes – As Primícias* / O Santo Inquérito


Carlos Queiroz Telles – Última instância (1978)*
Carlos Henrique Escobar – O engano (1978)*
Principais características
- Década de 90 e anos 2000 -

Dramaturgia brasileira:
Principais autores e leituras programadas*

Mário Bortolotto – Nossa vida não vale um


chevrolet (1999)

Newton Moreno – Agreste (2001)


FIM

sem fim

mas, por ora, um fim

não o fim fim

um fim
zinho

disfarçado de sim

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