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APOSTILA DE INTRODUÇÃO À ENGENHARIA


UCL – FACULDADE DO CENTRO LESTE
Serra
Janeiro de 2013

A disciplina de Introdução à Engenharia é de suma importância para a sua vida


acadêmica do aluno ingressante em um curso de Engenharia; os conteúdos
apresentados servirão de base para todo o curso e para que o aluno tenha uma
idéia da sua futura atuação profissional também, portanto é necessário que você
dedique tempo para a leitura do material e realize as atividades que se encontram
ao final de cada capítulo. Algumas destas atividades não devem ser encaminhadas
ao professor, outras deverão ser entregues na forma de relatórios, monografias ou
outro tipo de documento; outras deverão ser atividades presenciais, na forma de
seminários, dinâmicas de grupo ou algo semelhante. Elas foram elaboradas
pensando em facilitar seus estudos e testar seus conhecimentos após o término da
leitura de cada capítulo.

Esta apostila não deve jamais ser utilizada como único material de estudos, e sim
como um guia de estudos, complementando a leitura dos livros e outros materiais
adotados nesta disciplina. Ela é um compêndio de textos e vários autores, que
autorizaram sua publicação e uso. Leia esta apostila como uma referencia para seus
estudos.

Use o referencial bibliográfico contido no programa de disciplina para se basear em


seus estudos.
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SUMÁRIO

Capítulo 1 Introdução 4
O papel do professor no ensino superior
Capítulo 2 Chegando ao ensino superior 18
Capítulo 3 A comunicação na engenharia - escrita 25
Capítulo 4 A comunicação na engenharia - oral 30
Capítulo 5 A história da engenharia 34
Capítulo 6 Principais nomes da ciência mundial e no Brasil 41
Capítulo 7 Ciência e Tecnologia 46
Capítulo 8 A engenharia e suas áreas 80
Capítulo 9 O engenheiro e suas funções 87
Capítulo 10 Método de solução de problemas em engenharia 95
Capítulo 11 Criatividade 97
Capítulo 12 Projeto 113
Capítulo 13 Modelo, Simulação e Otimização 119
Anexos 129
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AGRADECIMENTOS

A UCL – Faculdade do Centro Leste gostaria de agradecer a todos os autores e


entidades que autorizaram o uso de seu magnífico material nesta apostila.
Acreditamos que atitudes como estas ajudarão a formar um país mais competitivo,
moderno e mais preparado para o futuro. Muito obrigado a todos
colaboradores/autores que possibilitaram esta publicação, em especial ao professor
João Ademar de Andrade Lima, à World Federation of Science Journalists, e demais
autores pesquisados e autorizados.
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CAPÍTULO 1

1.1 APRESENTAÇÃO DO PLANO DE ENSINO

Um plano de ensino é um planejamento no qual o professor interliga os objetivos, os


conteúdos e as metas que pretende atingir com os alunos em determinada
disciplina. Um Plano de Ensino é como seu nome diz: um plano. O qual poderá e
deverá ser adaptado as necessidades que possam surgir no decorrer do período.
Portanto, acompanhe o plano de ensino. Veja o que está sendo dado e o que
merece ser modificado. Assim teremos um resultado satisfatório no final do
semestre.

1.1.1 Ementa da Disciplina


Conceito de engenharia; Histórico; Especialidades; Aspectos profissionais; Função
Social; Currículo do curso; Ciência: conhecimento comum e conhecimento cientifico;
Pesquisa cientifica; O uso da biblioteca; Leitura de textos teóricos; Documentação;
Diretrizes para elaboração e apresentação de trabalhos científicos; Trabalho
monográfico; Aplicações.

1.1.2 Objetivos do Curso

Conhecer o projeto UCL e as especificidades da profissão de Engenheiro; •


Desenvolver habilidades de comunicação verbal e escrita, capacidade de análise e
de síntese. • Desenvolver habilidades de trabalho em grupo. • Saber utilizar as
técnicas e metodologias do conhecimento científico, desenvolvendo o espírito crítico
quando da escolha e utilização de modelos investigativos, na elaboração de
trabalhos acadêmicos segundo as normas técnicas vigentes. • Manter os contatos
iniciais com os princípios estratégicos da engenharia;

1.1.3 Metodologia Utilizada


5

Trabalhos em equipes;
Palestras;
Seminários;
Leitura e Interpretação de textos.
Aulas expositivas;

1.1.4 Programa da Disciplina

Aula 1 • Apresentação do programa: Objetivos, conteúdo detalhado,


metodologia, bibliografia, forma de avaliação.
• O papel do professor no ensino superior.
• Análise do documento “Diretrizes do MEC”
Aula 2 • Avaliação e discussão dos projetos de vida.
• Capítulo 1 – Chegando à universidade
• Visita Guiada às instalações da UCL
Aula 3 • A comunicação na engenharia
• Leitura e interpretação de texto
Aula 4 • Leitura e interpretação de textos
• Citações e referências
• Redação
• Apresentações das tarefas extra-classe.
Aula 5 • A História da Engenharia
• Cronologia Básica
Aula 6 • Principais nomes da ciência mundial e no Brasil
• A História da Engenharia de cada curso
• Apresentação e Debate das tarefas extra-classe
Aula 7 • Ciência e Tecnologia – Parte I
Aula 8 • Ciência e Tecnologia – Parte II
Aula 9 Prova 1
Aula 10 • A engenharia e suas áreas
• Trabalho em grupo
• Apresentação dos cursos de Engenharia pelos coordenadores
Aula 11 • O engenheiro e suas funções
• Método de solução de problemas em engenharia
• Trabalho em grupos
Aula 12 • Apresentação dos cursos de Engenharia pelos coordenadores
• Apresentação dos trabalhos sobre Resolução de problemas em
engenharia.
Aula 13 Prova 2
Aula 14 • Criatividade
Aula 15 • Utilizando técnicas de criatividade – trabalhos práticos
Aula 16 • O Projeto em Engenharia
Aula 17 • Modelo, Simulação e Otimização
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Aula 18 • Trabalho em grupo


Aula 19 • Apresentação dos trabalhos em grupo
Aula 20 Exame semestral

1.1.5 Referências da disciplina

BAZZO, W.A.; DO VALE PEREIRA, L.T. Introdução à Engenharia. 6ª ed. revisada


e ampliada.Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002.

HOLTZAPPLE, M. T; REECE, W. D. Introdução à Engenharia. Rio de Janeiro:


LTC,
2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. Atlas, 2002.

Textos de artigos entregues em sala de aula (ou disponíveis no share point da


disciplina)

1.1.6 Sistema de Avaliação

A disciplina Introdução à Engenharia prevê para este semestre um sistema de


avaliação de desempenho discente composto de provas e trabalhos. As datas das
provas e apresentações dos seminários e entregas dos trabalhos poderão ser vistos
no plano de aula da disciplina.

Os trabalhos serão compostos de exercícios; seminários; relatórios e etc. Os


trabalhos devem ser descritos em forma de relatório técnico.

A Nota N1, que equivale a 30% da Média Final, será o resultado da média aritmética
das notas da Prova 01 (P1) e dos Trabalhos dados até a prova 01 (T1), conforme a
equação seguinte:

N1 = 0.15(T1) + 0.15(P1)
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onde P1 e T1 valerão entre 0 e 10 pontos. E T1 será o resultado da soma das notas


dos trabalhos dados até a prova 01.

A Nota N2, que equivale a 30% da Média Final, será o resultado da média
aritmética das notas da Prova 02 (P2) e do Trabalho 02 (T2), conforme a equação
seguinte:

N2 = 0.15(T2) + 0.15(P2)
onde P2 e T2 valerão entre 0 e 10 pontos. E T2 será o resultado da soma das notas
dos trabalhos dados até o Exame Semestral.

Haverá ainda uma avaliação - o Exame semestral (ES), que será elaborada pelo
Colegiado dos cursos envolvidos e terá um peso de 40% da Média final. A data
deste exame será marcada pela Coordenação Geral de Graduação.

Todos os trabalhos escritos (ou a documentação dos trabalhos práticos) deverão ser
entregues no rigor da Norma Brasileira (ABNT) que será apresentada durante o
curso, fazendo uso de referências bibliográficas estritamente mencionadas no texto
e usando SOMENTE Citações Indiretas (isto também deverá ser explicado durante
o curso). Possíveis trabalhos em forma de artigos terão seus formatos previamente
informados, de acordo com o programa/cronograma entregue no início das aulas,
bem como as regras específicas para cada trabalho (a não adequação dos trabalhos
com os formatos/regras indicadas acarretarão perda de pontos do trabalho). Cópias
integrais ou parciais de qualquer material bibliográfico não serão tolerados,
acarretando na anulação integral da nota do trabalho em questão. As notas dos
trabalhos e seminários realizados em grupo serão referentes AO GRUPO, ou seja,
não serão notas individuais. Caso o aluno não consiga que sua média final MF [onde
MF = 0.3(N1)+0.3(N2)+0.4(ES)] seja igual ou acima de 5,0 pontos (considerado
aprovado), ele será então considerado reprovado nesta disciplina.

1.2 Apresentação da UCL


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A UCL - Faculdade do Centro Leste, instituição de ensino credenciada através da Portaria


Ministerial nº 1693/99, iniciou suas atividades no ano de 2000 com a oferta inicial de três
cursos de graduação em Engenharia: Alimentos, Automação e Controle (Mecatrônica) e
Produção Civil. Atualmente a Faculdade oferece, além do curso de Engenharia de
Automação e Controle, os cursos de Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica,
Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia de Produção, Engenharia de Petróleo,
Administração, Tecnólogo em Logística, Tecnólogo em Marketing, Tecnólogo em Gestão da
Qualidade, Design e Informática - Sistemas de Informação. A instituição está situada no
município de Serra, na região urbana da Grande Vitória, e é mantida pela UCL - Associação
de Ensino Superior Unificado do Centro Leste, entidade sem fins lucrativos.

O projeto pedagógico da Faculdade é bastante claro nos seus objetivos principais: oferecer
cursos que aliem a qualidade técnico-científica a uma formação empreendedora, habilitando
os formandos a aproveitarem e construírem oportunidades de trabalho. O espaço social e
econômico onde a Faculdade atua é propício a essa proposta: o estado do Espírito Santo, a
região da Grande Vitória e em particular o município de Serra têm apresentado um índice de
desenvolvimento acima da média brasileira nas últimas décadas. Notadamente no setor
industrial, a região possui hoje grandes empresas voltadas ao mercado externo (Vale,
ArcelorMittal Tubarão, Fibria, Samarco Mineração, dentre outras) e um parque portuário
importante na logística de comércio exterior tanto para os produtos do Estado (mármore,
granito, frutas, café, etc.) como também para os produtos e insumos das regiões Sudeste e
Centro-Oeste.

Em virtude dessa atividade internacional e do padrão de exigência a que ela é submetida


pela competição do mercado externo, muitas outras empresas de grande, médio e pequeno
porte estão se instalando na região, todas elas submetidas a demandas de qualidade cada
vez maiores. Com esta demanda, o setor de serviços também é favorecido e também, em
conseqüência do aumento da população, o aumento do número de hospitais e clínicas
médicas e odontológicas. Essa conjuntura abre uma procura natural pela educação de nível
superior, nos níveis de graduação e de educação continuada, que prepare profissionais
atualizados e afinados com as exigências da produção.

Nesse ambiente, a UCL se colocou como uma instituição de ensino superior que contribui
para o desenvolvimento regional através da oferta de cursos de graduação, programas de
pós-graduação e atividades de pesquisa e extensão sintonizadas com as necessidades do
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sistema produtivo. Através dos cursos atualmente oferecidos, a Faculdade já ocupa um


espaço importante no quadro educacional da região.

1.3 Organização da UCL

Como toda empresa, a UCL possui uma organização funcional projetada para ser
ágil, eficiente e enxuta. Esta estrutura administrativa pode ser mais bem visualizada
no organograma da UCL mostrado na figura 1.

Figura 1. Organograma da UCL – faculdade do Centro Leste

Os principais atores que devem ser conhecidos no momento pelos alunos podem
ser vistos no resumo listado a seguir:

1. Diretorias:
a. Administrativa e Acadêmica: Dra. Maria Ângela Loyola de Oliveira
b. Planejamento e Desenvolvimento: Carlos Alberto S. de Oliveira, MSc.
c. Financeira: Prof. Maurício Del Caro.
d. Comunicação e Marketing: Sandro M. Lobato, MSc.
2. Coordenações Gerais:
a. Graduação: Roger Alex de C. Freitas, Msc.
b. Pesquisa e Pós-Graduação: Dr. Bruno Venturini Loureiro.
c. Extensão: Prof. Anselmo Frizera
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d. Laboratórios e Projetos Institucionais: Dr. Fransergio Leite da Cunha


3. Coordenações de Curso:
a. Engenharia de Automação e Controle: Rafael Leal Silva, MSc.
b. Engenharia Civil: Dra. Juliana Viana
c. Engenharia Mecânica: André Luiz Perazzo Amaral, MSc.
d. Engenharia de Materiais: João Pedro Quirino, MSc.
e. Engenharia de Produção: Roger Rocha, MSc.
f. Engenharia Química e Petróleo: Marcus Vinícius Lisboa Motta, MSc.
g. Engenharia Biomédica: Dr. Fransergio Leite da Cunha e MDra. Karla
Loyola de Oliveira Arantes.
h. Informática (Sistemas de Informação): André Ribeiro da Silva, MSc.
i. Design e Tecnólogos: Janaina de Avelar França, MSc.
j. Administração e Tecnólogos: Dra. Alzira Bermudes Barcelos.
4. Coordenação de Estágio e Atividades Complementares:
a. Engenharias Civil e Automação: Fabíola Bermudes Cabral, MSc.
b. Engenharias Mecânica, Materiais, Química, Produção, Petróleo,
Administração e Tecnólogos: Fabíola Loyola Provedel Toscano.
c. Design: Janaina de Avelar França, MSc.
d. Sistemas de Informação: Zirlene Effgen, MSc.
5. Secretaria
a. Secretária: Liliane Barbosa.
b. Auxiliares: Beth, Gianne, Éder, Tatiane, Camila.
c. Responsável pelas bolsas de estudos e Fies: Princilônia.

Todo detalhamento de cada função ou cargo é detalhada em um documento, que é


o Regimento da UCL.

1.4 Entendendo o número de matrícula

Como curiosidade e para facilitar a memorização da identidade do aluno, que é o


número de matrícula da UCL, na figura 2 há um esquema de como é gerado este
número para cada aluno da Instituição.
11

Figura 2. Significado de cada número de matrícula

1.5 A formação do engenheiro e a grade curricular dos cursos de engenharia1

Para preparar profissionais que atuem com competência nas inúmeras áreas de
engenharia, são necessários cursos bem estruturados que contemplem um conjunto
consistente de conhecimentos que os habilitem para tal. Disciplinas teóricas bem
fundamentadas, estágios no mercado de trabalho e aulas práticas são, portanto,
mais que necessários, são essenciais para que se possam alcançar estes
propósitos.

Um dos objetivos de um processo educacional é capacitar indivíduos para que eles


resolvam problemas técnicos específicos. E lógico que não se restringe apenas a
isso o papel de um curso superior. Mas estamos agora tratando deste aspecto.

Para atingir estes objetivos, os cursos são planejados de maneira a fornecer um


conjunto de conhecimentos que habilitem cidadãos a dominar uma determinada área
de atuação. Por exemplo, para atuar na área de extração de petróleo, devemos
estudar topografia, geologia, petrografia, economia mineral, química etc. Mas estes
campos de estudo não são essenciais, por exemplo, para que um engenheiro de
alimentos ou um engenheiro naval desempenhe suas atividades profissionais mais
clássicas.

1
Texto extraído do livro Introdução à Engenharia – W.A .Bazzzo, L. T. V. Pereira
12

• Formação Básica: comuns a todos os cursos de engenharia e que


constituem a base de uma formação sólida para o restante dos cursos.
o Matemática
o Física
o Química
o Mecânica
o Processamento de dados
o Desenho
o Eletricidade
o Resistência dos materiais
o Fenômenos de transporte

• Formação Geral: objetivam fornecer aos engenheiros conhecimentos que


complementem a sua formação de uma maneira mais ampla. Abrangem, em linhas
gerais, temas de natureza humanística e de ciências sociais.
o Ciências sociais
o Economia
o Administração
o Ciência do ambiente
o Macroeconomia
o Contabilidade e balanço

• Formação Complementar: complementam a formação do engenheiro.


o Estágio Supervisionado
o Inglês
o Atividades complementares
o Visitas técnicas

• Núcleo Profissionalizante ou disciplinas específicas: Os conteúdos


profissionalizantes - cerca de 15% do currículo de um curso - abordam um conjunto
de tópicos como os apresentados no quadro abaixo, sendo definidos por cada uma
das instituições de ensino; por isso variam de uma para outra escola. Cada área da
engenharia estuda alguns desses assuntos (figura 3).
13

Figura 3. Núcleo Profissionalizante ou disciplinas específicas

1.6 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: Leitura das Diretrizes curriculares – fonte MEC. Em função
do plano de ensino exposto, retirar do texto do MEC:
• As habilidades e competências gerais que deverão ser desenvolvidas nesta
disciplina.
• Os tópicos abordados nesta disciplina que pertencem ao núcleo básico de
engenharia recomendado pelo MEC.

ORGANIZAÇÃO ATUAL DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA NO BRASIL


14

No Brasil, o Ministério da Educação e da Cultura (MEC) é responsável pelo


planejamento, coordenação e supervisão do processo de formulação e
implementação da política nacional da educação superior. A estrutura atual do
sistema de educação superior pode ser representada como segue:

Fonte: www.mec.gov.br

As disciplinas são organizadas de forma modular seguindo um sistema de créditos.


A formação proposta na maioria das instituições de ensino superior brasileiras dura
quatro anos e meio a cinco anos. O aluno obtém o diploma de Bacharel em
Engenharia, que deve ser reconhecido pelo MEC, e em seguida ele deve ingressar
em um conselho profissional (sistema CONFEA/CREA) para o exercício da profissão
(no Brasil).

O MEC estabelece diretrizes que norteiam a construção dos currículos nacionais.


Tais diretrizes estão detalhadas no Parecer CNE/CNS 1362/2001 e Resolução
CNE/CNS11/2002, onde destacamos:

“Art. 3º O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do formando


egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e
reflexiva,capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua
atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando
seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética
e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

Art. 4º A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos


conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e
habilidades gerais:

I - aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à


engenharia;
II - projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;
15

III - conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;


IV - planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia;
V - identificar, formular e resolver problemas de engenharia;
VI - desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;
VI - supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;
VII - avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas;
VIII - comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;
IX - atuar em equipes multidisciplinares;
X - compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;
XI - avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental;
XII - avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia;
XIII - assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.

Art. 5º Cada curso de Engenharia deve possuir um projeto pedagógico que


demonstre claramente como o conjunto das atividades previstas garantirá o perfil
desejado de seu egresso e o desenvolvimento das competências e habilidades
esperadas. Ênfase deve ser dada à necessidade de se reduzir o tempo em sala de
aula, favorecendo o trabalho individual e em grupo dos estudantes.

§ 1º Deverão existir os trabalhos de síntese e integração dos conhecimentos


adquiridos ao longo do curso, sendo que, pelo menos, um deles deverá se constituir
em atividade obrigatória como requisito para a graduação.
§ 2º Deverão também ser estimuladas atividades complementares, tais como
trabalhos de iniciação científica, projetos multidisciplinares, visitas teóricas, trabalhos
em equipe, desenvolvimento de protótipos, monitorias, participação em empresas
Junior s e outras atividades empreendedoras.

Art. 6º Todo o curso de Engenharia, independente de sua modalidade, deve possuir


em seu currículo um núcleo de conteúdos básicos, um núcleo de conteúdos
profissionalizantes e um núcleo de conteúdos específicos que caracterizem a
modalidade.
16

§ 1º O núcleo de conteúdos básicos, cerca de 30% da carga horária mínima, versará


sobre os tópicos que seguem:

I - Metodologia Científica e Tecnológica;


II - Comunicação e Expressão;
III - Informática;
IV - Expressão Gráfica;
V - Matemática;
VI - Física;
VII - Fenômenos de Transporte;
VIII - Mecânica dos Sólidos;
IX - Eletricidade Aplicada;
X - Química;
XI - Ciência e Tecnologia dos Materiais;
XII - Administração;
XIII - Economia;
XIV - Ciências do Ambiente;
XV - Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania.

§ 2º Nos conteúdos de Física, Química e Informática, é obrigatória a existência de


atividades de laboratório. Nos demais conteúdos básicos, deverão ser previstas
atividades práticas e de laboratórios, com enfoques e intensividade compatíveis com
a modalidade pleiteada.
§ 3º O núcleo de conteúdos profissionalizantes, cerca de 15% de carga horária
mínima, versará sobre um subconjunto coerente dos tópicos abaixo discriminados, a
ser definido pela IES. [...]”

“[...]Art. 7º A formação do engenheiro incluirá, como etapa integrante da graduação,


estágios curriculares obrigatórios sob supervisão direta da instituição de ensino,
através de relatórios técnicos e acompanhamento individualizado durante o período
de realização da atividade. A carga horária mínima do estágio curricular deverá
atingir 160 (cento e sessenta) horas.
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Parágrafo único. É obrigatório o trabalho final de curso como atividade de síntese e


integração de conhecimento.

Art. 8º A implantação e desenvolvimento das diretrizes curriculares devem orientar e


propiciar concepções curriculares ao Curso de Graduação em Engenharia que
deverão ser acompanhadas e permanentemente avaliadas, a fim de permitir os
ajustes que se fizerem necessários ao seu aperfeiçoamento.

§ 1º As avaliações dos alunos deverão basear-se nas competências, habilidades e


conteúdos curriculares desenvolvidos tendo como referência as Diretrizes
Curriculares.
§ 2º O Curso de Graduação em Engenharia deverá utilizar metodologias e critérios
para acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem e do próprio
curso, em consonância com o sistema de avaliação e a dinâmica curricular definidos
pela IES à qual pertence.”

Tarefas complementares extraclasse:


Leitura complementar: Capítulo I: Introdução à engenharia - W.A .Bazzzo, L. T. V.
Pereira
• Após leitura, fazer um projeto de vida segundo o modelo a seguir:
18

PROJETO DE VIDA
Autor: _________________________________________
Curso: _________________________________________

1. DIAGNÓSTICO
• Quem sou eu?
• O que eu faço atualmente?

2. OBJETIVOS
• O que eu quero ser?
• O que eu quero ter?
• O que eu quero fazer?

3. JUSTIFICATIVA
• Por que eu quero ser isto?
• Por que quero ter essas coisas?

4. ESTRATÉGIA
• Como vou fazer para conseguir atingir os meus objetivos?
• Que meios vou utilizar para isto?
i.Recursos materiais:
ii.Recursos não materiais:

5. METAS
• Quais são os passos que darei para conseguir fazer isto?
• Estes passos devem ser mensuráveis (quantidade, tempo...)

Observação: Este projeto deverá ser guardado para futuras consultas durante todo seu curso. De
tempos em tempos, revise este documento, mas guarde a primeira versão.
19

CAPÍTULO 2

2.1 Chegando ao Ensino Superior2

A Universidade é o local onde as pessoas passam bons momentos em suas vidas,


mas para bem aproveitar, é preciso participação ativa nas atividades.

Uma observação importante que muda ao entrar em um ensino superior é que não
se deve esperar que os professores passem todo o conhecimento relativo ao curso
escolhido. É preciso buscar o conhecimento! Afinal, a qualidade do curso é
proporcional à qualidade do estudante. É preciso estar motivado a cursar o ensino
superior. É preciso que todos tenham em mento que a Universidade deve fazer parte
de um projeto de vida.

A universidade oferece muitas oportunidades para serem exploradas. Para bem


aproveitar a universidade é preciso conhecê-la bem. A UCL oferece aos seus
estudantes muitas opções de atividades extracurriculares que ajudam na formação
geral do estudante. São projetos como o dos Carros Artesanais, Equipe de Robótica,
O DCE, Projetos de extensão e Iniciação Científica, além de esportes e lazer. Mas é
preciso ter tempo para estudar. Adotar uma metodologia de trabalho e ser
responsável.

Ao entrar no Ensino Superior, o estudante passa a ser agente ativo do processo


educacional. Portanto, deve participar das aulas e trocar experiências com os
professores. Por isso tem maior liberdade de escolhas e métodos. Isso traz maior
maturidade e responsabilidade. Diante disso, o professor passa a ser um facilitador,
orientador, e não apenas um educador ou um depositário de conhecimento.

Muitas vezes, ao ingressar no curso superior, o estudante se vê obrigado a se


adaptar aos novos ambientes – moradia, transportes, alimentação. E por isso deve
dar atenção especial à saúde física.

2
Resumo do capítulo equivalente do livro Introdução à Engenharia – W.A .Bazzzo, L. T. V. Pereira
20

2.2 Por que estudar?

A Engenharia pertence à área tecnológica e ciência e tecnologia tem uma evolução


muito rápida, portanto necessita de um conhecimento contínuo e, logo, o engenheiro
deve ter aprendizagem constante. É preciso aprender a estudar com eficiência. Isso
significa saber usar os recursos disponíveis.

2.3 Considerações sobre um método de estudo

Um método de estudo eficaz não é apenas captar um assunto, mas, principalmente,


organizar na mente, com fluidez, continuidade e encadeamento lógico, diversos
tópicos, formando uma postura crítica e coerente. São condições imprescindíveis
para se aplicar um método de estudo: preparação psicológica e programação do
tempo.

2.4 Observações a serem feitas para um estudo eficaz

• Isolar-se quando estuda, intercalando o tempo com pequenos intervalos – mente


cansada não funciona direito.
• Adotar comportamentos diferentes para as diferentes disciplinas – para disciplinas
práticas o melhor é praticar, para matérias teóricas, é melhor ler e escrever.
• Estudar o assunto sob diversos ângulos, compará-los e refletir criticamente sobre
eles – nem todo mundo pensa da mesma maneira, por isso é bom ver outros pontos
de vista.
• Saber fazer perguntas. Perguntas mal formuladas dão respostas sem sentido ou
evasivas.
• É preciso aprender a aprender!!!!! Isto é o que será mais importante a aprender
em um Curso Superior. O aprendizado contínuo é pré-requisito na carreira
profissional do engenheiro. Estamos na era do conhecimento.

2.5 Condições para viabilizar o estudo

Racionalização do tempo.
21

Não estudar apenas o que mais agrada.


Não deixar o lazer prevalecer e prejudicar os estudos.
Se possível, realizar estudos extra-classe.
O horário de estudos deve ser cumprido, não pode ser rígido e inflexível.
O estudante-trabalhador tem bom desempenho quando sabe dividir bem seu tempo
de estudo.
Tempo para descanso e lazer.

2.6 Fases de Estudo

Os objetivos da Engenharia são: estimular a criatividade, fornecer-lhe ferramental


básico e estimular a adoção de uma postura crítica e consciente para com a
sociedade. Por isso é imprescindível adotar um método de estudo eficaz.
Este método de estudo possui 3 fases distintas: preparação, captação e
processamento (veja a figura 4).

Figura 4. fases de estudo

Preparação
É a fase preliminar. Começa com a escolha do ambiente que deve ser arejado,
iluminado, silencioso e agradável. Deve se estudar sentado e apoiado sobre uma
mesa.

É importante estudar sempre, de preferência, nos mesmos lugares e horários, para


que nosso corpo e cérebro “se acostume” com os estudos e assimile bem os
conteúdos.
22

Organizar o espaço de trabalho e disponibilizar os materiais necessários Também é


importante, assim como adotar atitudes psicológicas, como a perseverança.

Ao falhar, procurar onde está o erro e proceder nova tentativa. Conscientizar-se de


seu trabalho árduo. E, por fim, ter sempre em mente que não existem
conhecimentos inúteis!

Captação

A captação ocorre, usualmente:

• Quando da apreensão de conhecimentos trabalhados em sala de aula.


• Quando os conhecimentos são construídos através da leitura de livros
didáticos.
• Através da participação em experiências e observações.

Existem 3 formas de captação:

• Leitura: permite reflexões críticas e perfeita assimilação do conteúdo. Para


ler é preciso: ambiente, motivação e técnica. Devem-se registrar palavras, frases,
ideias e fórmulas.
• Audição: utilizada em aulas, palestras e debates. Deve-se, constantemente,
interrogar-se sobre o tema, organizando ideias. Leitura em voz alta – utilização de
leitura e audição.
• Observação: experiências e visitas. Utilizar de forma sistemática e com
critérios. Para os engenheiros – identificação de variáveis para a execução de
trabalhos.

A captação em sala de aula é o principal período de estudos, mas não se deve levar
dúvidas para casa. Para entender a aula deve-se apreender a sua organização e
objetivos, assimilando a ideia central da explanação do assunto, além de participar
ativamente da aula – captar e anotar ideias com as próprias palavras. Também é
importante estar sempre atento às informações que estão sendo transmitidas.
23

É na captação extraclasse que acontece a recomposição dos assuntos vistos em


sala de aula. Para isso se faz necessário leituras e discussões com colegas para
melhor fixação do conteúdo. É preciso uma boa programação de estudos de acordo
com a necessidade e dificuldade em cada matéria e enfim, não deixar de estudar
nenhuma matéria.

Outras fontes importantes de captação são:

Aulas de laboratório: versatilidade na vida profissional. Verificação da teoria.


Relatório técnico.
Estágios: contato direto com o futuro campo de trabalho. Interação com processos
e equipamentos. Confecção de relatórios.
Trabalho escolar: processo de realização e sublimação intelectual. Pesquisa
bibliográfica. Desenvolvimento de capacidades.

Processamento

Essa fase serve para reter e integrar os assuntos, que se faz com revisões imediatas
logo após as aulas ou leituras de textos, utilizando esquemas ou esboços.
Esquema – todo sintético – simples, claro e objetivo.
Resumo – compactação de um assunto com frases completas. Extração das ideias
principais. Não se deve colocar seu ponto de vista.
Revisões globalizadoras – integração de todos os assuntos estudados para se obter
um todo homogêneo e concatenado.
Avaliações = termômetro do aprendizado.

É Fase que interliga todos os assuntos vistos no curso.

2.7 Projeto de Vida

Como todo projeto, o projeto da nossa vida precisa ser bem elaborado, seguindo o
método e revisando continuamente.
24

Os elementos básicos de um bom projeto de vida são:


Diagnóstico: análise do caminho que percorreu até o momento presente.
Objetivos: o que a pessoa quer ter, o que quer ser e o que quer fazer.
Metas: partes quantificadas do objetivo que se pretende alcançar.
Meios: recursos necessários (materiais ou imateriais) para cumprir as metas e
alcançar seus objetivos

Dicas para seu projeto de vida


Estabelecer metas possíveis.
Flexibilizar e adaptar objetivos e metas (planejamento adaptativo) .
Priorizar e Planejar continuamente (cruzar importância com urgência)
Estabelecer parcerias para seu projeto de vida
(cônjuge/família/amigos/sócios).
Estudar muito - o conhecimento confere competência e autoridade.
Valorizar a solidariedade e a amizade.
Disponibilizar tempo para família, amigos e vizinhos garante uma rede de
proteção.
Desenvolver o espírito acabativo usando “garra” e perseverança.

2.8 Atividades para este capítulo

Tarefas de aula:
• Apresentação dos projetos de vida.
• Discussão sobre os esquemas feitos sobre o capítulo 1 – Chegando à
Universidade.
Leitura complementar: Capítulo II: Bazzo
Tarefa extra classe:
• Entrevista com coordenador de curso
o Cada aluno deverá elaborar 5 questões sobre o curso para ser respondida
pelo seu respectivo coordenador.
• Relatório de visita: Descrição do campus, suas utilidades e laboratórios.
25

CAPÍTULO 3

3.1 A comunicação na engenharia

O bom profissional é aquele que sabe se expressar, sabendo comunicar com


eficácia o seu trabalho, através da comunicação escrita e oral. Na área tecnológica,
a comunicação tem como objetivo: buscar, selecionar e armazenar informações.
Logo, a eficiência do engenheiro pode ser medida pela qualidade de seu trabalho e
sua habilidade de fazer com que as pessoas o entendam.

A escrita é a mais importante forma de comunicação, mas existem outras como:


oral, gráfica ou através de modelos icônicos. Para se escrever bem, tem que ter o
domínio do código isto é, conhecer as regras gramaticais. Para isto é importante a
prática constante da redação e boa leitura. Durante a leitura, para uma melhor
organização, deve-se fazer a documentação de tudo o que é feito durante seu
desenvolvimento e redigir rapidamente para depois revisar. Escrever ajuda a
lembrar, observar, pensar, planejar, organizar e comunicar.

A linguagem técnica deve ser simples, clara e precisa, com frases curtas e palavras
de sentido direto. Devem-se evitar expressões que emprestem atributos. São
características da linguagem técnica:

- impersonalidade  redigir na 3ª pessoa.


- objetividade  evitar o uso de expressões de reserva ou ressalva.
- modéstia e cortesia  não desmerecer outros trabalhos. Sem expressões
prepotentes.
- clareza e precisão  consulta a dicionários

A redação técnica possui alguns artifícios que auxiliam a leitura. São eles:

• Abreviaturas ( e símbolos):
o evita repetições;
o devem ser listados no início do trabalho.
26

• Ilustrações (mapas, gravuras, esquemas, fotografias e gráficos):


o devem ser numerados e legendados;
o próximo do texto que os explica.
• Citações (idéias e frases):
o com referência.
• Notas de rodapé:
o quando a frase ou citação não “combina” com o texto;
o Referências do autor e obra das citações.

Um trabalho acadêmico é o resultado de estudo ou pesquisa de um tema, exigido


por disciplina, estudo independente ou curso. São exemplos, os trabalhos de
graduação, as monografias, as dissertações e as teses. Os trabalhos acadêmicos
possuem estruturas obrigatórias e não obrigatórias:

• Elementos Obrigatórios:
o Capa
o Folha de rosto
o Texto (Introdução, Desenvolvimento e conclusão)
o Referências
• Elementos Opcionais
o Resumo
o Sumário
o Prefácio
o Apêndice
o Índice remissivo
o Outros

Sobre este assunto, veja no anexo as regras da ABNT – Associação Brasileira de


Normas Técnicas (http://www.trabalhosabnt.com/regras-normas-abnt-formatacao)
além de pesquisar as regras da UCL no share point
(https://ww1.ucl.br/prodfor/trabalhos/default.aspx).
27

O Título deve ser conciso e sugerir o assunto. É a última decisão do autor. O uso da
vírgula ou dos dois pontos com a supressão de palavras pode tornar o título mais
incisivo.

A Introdução é a apresentação do trabalho de forma clara e objetiva. Deve colocar o


leitor a par do assunto que é tratado no decorrer do trabalho. Serve para:

Informar o objetivo final;


Informar a relevância do trabalho;
Descrever a forma como o trabalho foi desenvolvido e está organizado.
- indicar a documentação e os dados utilizados;
- indicar a metodologia empregada;
Motivar o leitor a ler o trabalho.
Explicar o tema: anunciar as ideias mestras e colocar o leitor a par do assunto que
é tratado no decorrer do trabalho.

A Conclusão é a apresentação das respostas aos temas levantados no início do


trabalho.

Qualidades fundamentais:
- essencialidade: deve convencer; é resumo das ocorrências mais importantes
extraídas ao longo do trabalho.
- brevidade, é enérgico e exato.
- personalidade, passa a segurança do autor.

Um instrumento de trabalho de muita utilidade para o engenheiro é o desenho.


Todavia, deve-se salientar que o mais importante não é o fato de saber desenhar,
mas sim visualizar os sistemas especialmente. Em substituição à tradicional forma
de executar desenhos, com nanquim, papel vegetal, régua paralela, prancheta etc.
Modernamente o uso da computação gráfica se expande em todas as áreas da
engenharia. Os sistemas CAE, CAD e CAM têm proporcionado agilidade na tomada
de decisões nas empresas que os usam.
28

3.2 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: Leia o texto – “A importância da boa comunicação na


prática da engenharia” * de Maria Regina Leoni Schmid, Rudloff Sistema de
Protensão Ltda.

* O arquivo deste texto está disponível neste link:


..\..\A_importancia_da_boa_comunicacao_na_pratica_da_Engenharia-2007.pdf
Em seguida faça uma conclusão sobre o texto.

Tarefas complementares extraclasse

Redação técnica:

Objetivo: Exercitar a redação de um email profissional.

Cenário proposto: Suponha que você está em vias de concluir o seu Curso de
Engenharia.

O Coordenador do seu curso é o Professor Dr. José João da Silva, conhecido


carinhosamente entre os alunos por Professor Zezinho. Ele recebeu de um ex-aluno,
atualmente trabalhando em uma empresa de desenvolvimento de equipamentos
eletrônicos, a mensagem eletrônica abaixo, ofertando uma vaga de emprego. O
Professor Zezinho distribuiu a mensagem abaixo aos formandos, incentivando-os a
se candidatarem à vaga.

De: Luiz Mehl <mehl@creapr.org.br>


Para: Zezinho <zezinho@ufpr.edu.br>
Data: 13 de maio de 2013
Assunto: Disponibilidade de vaga

Olá Professor Zezinho!


29

Conforme conversamos por telefone no dia de ontem, vamos abrir algumas vagas
no fim do ano aqui na empresa e temos interesse em entrevistar alunos que estejam
se formando ai na faculdade e que tenham interesse em trabalhar com
desenvolvimento de equipamentos digitais. Solicito portanto divulgar a vaga entre os
alunos que tenham condições de se formar no final deste ano.
Por favor, avise-os que não é necessário que eles nos enviem os currículos nesta
etapa inicial. Basta mandar para mim um email com os dados pessoais e uma breve
descrição de alguma experiência anterior de trabalho e/ou estágio. Entre os
interessados, vamos então selecionar alguns para serem entrevistados pelo nosso
Diretor de Recursos Humanos e pelo Diretor Fabril.
Estamos procurando engenheiros que sejam criativos, responsáveis, com
capacidade de iniciativa e que se adaptem facilmente ao trabalho em equipe. São
imprescindíveis conhecimentos de eletrônica digital e programação de
microcontroladores em C/C++.
Também será dada preferência a candidatos com conhecimentos de inglês, uma vez
que trabalhamos com alguns clientes estrangeiros.
A nossa empresa localiza-se em São José dos Pinhais, próximo do Aeroporto, e é
oferecido restaurante no local, Vale Transporte e Assistência Médica e
Odontológica.
Um abraço e obrigado por sua colaboração.
Luiz
--
Eng. Luiz Mehl
mehl@creapr.org.br
Technodigital Equipamentos Eletrônicos Ltda.
Rua Harry Feeken, 1325
83040-420 – São José dos Pinhais – Paraná – Brasil

Tarefa: Interessado em participar da seleção, sua tarefa é enviar (escrever) um


email para o Eng. Luiz Mehl, apresentando-se como candidato à vaga. Referencia-
se ao material fornecido para o estilo e conteúdo de sua mensagem.
30

CAPÍTULO 4

4.1 A comunicação oral

Por que do estudo da comunicação na engenharia? Primeiro, porque comunicar-se é


uma arte e, portanto, poucos sabem, logo, será um diferencial.

Os engenheiros passam 80% do seu tempo de trabalho se comunicando e, embora


não pareçam, as disciplinas “menos” importantes é que acabam fazendo a diferença.

Um das grandes falhas dos engenheiros é incapacidade de comunicar-se,


persuasão, conquistar, convencer, esclarecer e etc. Por isso utiliza-se muito a
linguagem técnica. É uma exigência das empresas.

A comunicação nas empresas é muito importante para o engenheiro e está presente


em todos os setores:

Negociar um prazo.
Apresentar um projeto.
Tranquilizar um líder.
Vender uma ideia.
Dar ordens.
Liderar um projeto.
Resolver conflitos.
Pedir ajuda.

Existem alguns fatores que envolvem a comunicação, que influenciam e que devem
ser dominados:

• Técnicas
• Idiomas
• Saúde
• Disciplina
31

• Autocontrole
• Determinação
• Persistência
• Percepção
• Domínio

No âmbito organizacional, existem algumas barreiras que impedem a boa


comunicação:

Barreiras pessoais - quando o próprio indivíduo tem problemas de comunicação,


como fatores físicos ou psicológicos;
Barreiras administrativas/burocráticas – quando o fluxo de informações não segue
continuamente de maneira eficaz;
O excesso de informações – muita informação acaba “atrapalhando” e dando
ruído.
As comunicações incompletas e parciais – comunicações incompletas podem
gerar equívocos difíceis de reverter.

4.2 A Gestão da informação na engenharia

Planejar é muito importante e a qualidade da informação é fundamental. Para


solucionar problemas e trabalhos científicos (documentação indireta), o engenheiro
utiliza-se dos projetos. Estes precisam de muita criatividade para a escolha das
melhores estratégias. Para planejar, utiliza-se o Benchmarking, que é a busca das
melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior. Não é
simplesmente uma cópia, e sim um processo positivo e pró-ativo por meio do qual
uma empresa examina como outra realiza uma função específica a fim de melhorar
como realizar a mesma ou uma função semelhante. Essa comparação feita é
chamada de benchmarking.

Para a apresentação de uma idéia, projeto, trabalho, pesquisa, reunião, é importante


seguir alguns passos (dicas):
32

• Definir os objetivos
• Saiba quem é o público alvo
• Organize o assunto com antecedência
• Seja Breve
• Simule a sua apresentação
• Conheça o ambiente onde será a apresentação
• Não confie na memória, leve um roteiro como apoio
• Estude bem o assunto de sua apresentação
• Controle a sua emoção
• Use roupas adequadas
• Evite gírias, use uma linguagem simples e palavras de fácil pronúncia
• Use bem a gramática
• Controle o tom de voz.

À respeito da comunicação virtual, tome as seguintes precauções:

• Etiqueta na NET
• Cuidado com as informações via e-mail
• Violação de privacidade
• Você é Senhor daquilo que fala e escravo do que escreve
• Analisar a veracidade das informações
• Criar um e-mail alternativo (privativo)
• Não acessar e-mail pela empresa (e-mail corporativo)
• Evite falar sobre a empresa em msn, chats e etc
• O mundo virtual não tem barreiras físicas, você não é mais senhor daquilo
que escreve.

4.3 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: Leia o texto “Aprender a Aprender”, disponível no link


..\Aprender a aprender.pdf e faça o que se pede:
33

a. Escreva 1 citação direta com até 3 linhas


b. Escreva 1 citação direta com mais de 3 linhas
c. Escreva 1 citação indireta
d. Escreva 1 citação de citação
e. Faça a referência deste artigo
f. Escreva uma conclusão para este artigo.

Leitura complementar: Leia o capítulo III (Bazzo) Origens da Engenharia e faça


uma síntese do capítulo.
34

CAPÍTULO 5

5.1 Evolução histórica da engenharia e personagens importantes

O objetivo deste capítulo é apresentar uma retrospectiva da história da engenharia


no Brasil e no mundo aos e futuros profissionais, mostrando tendências e desafios
desta importante área do conhecimento.

5.2 A história da engenharia3

A história da Engenharia confunde-se com a história da própria humanidade e teve


início há cerca de sete milhões de anos. De acordo com estudos de paleontologia,
os primeiros hominídeos eram carnívoros e, como não possuíam dentes ou garras
afiados, necessitaram de alguma ajuda para superar esse problema. Isto os forçou à
fabricação de ferramentas, que inicialmente eram pedaços toscos de pedras
lascadas para ficarem com a ponta aguçada e se transformarem em objetos
cortantes. Assim, há milhões de anos, teve início o desenvolvimento tecnológico.

Certamente o maior avanço tecnológico e cultural do homem primitivo foi a


habilidade adquirida em lidar com o fogo, ocorrida por volta de 600.000 anos atrás,
possivelmente a partir de algum incêndio causado por raios ou erupção vulcânica. O
fogo significou calor e luz, possibilitando vencer o frio e a escuridão, e, portanto,
abriu caminho para o homem primitivo sobreviver em regiões mais frias, ampliando a
ocupação espacial da terra, além de cozer os alimentos, tornando-os mais
palatáveis.

Somente a partir de 50.000 anos os seres humanos começaram a produzir artefatos


de caça mais elaborados, como os arpões, as lanças, e posteriormente o arco e a
flecha. Este meio mais eficiente de matar a uma distância segura permitiu a caçada

3
Textos provenientes dos trabalhos e artigos de Mattos Junior, Pedro Alcantara de. O Processo de
Compreensão da Norma Através da Técnica, Disponível em: http://www.mrcl.com.br/xivcobreap/tt46.pdf .
Capturado em 29 de janeira do 2013. e Afonso, Ariston Alves e Fleury, Nélio. Para Conhecimento – História
da Engenharia, junho de 2007. Disponível em: http://alexronald.wordpress.com/2007/06/30/para-conhecimento-
historia-da-engenharia/. Capturado em 29 de janeira do 2013.
35

de animais perigosos e de grande porte, capazes de fornecer alimentos para grupos


mais numerosos.

O surgimento da agricultura, que se deu provavelmente no ano 10.000 a.C., assim


como o domínio do fogo ou o advento da fala, foram os acontecimentos mais
marcantes da história da evolução humana. Após a agricultura, veio a domesticação
de animais, explorados de diversas maneiras, como por exemplo, a ordenha para
aproveitamento de leite, a coleta de ovos, a tração animal, além de criar o estoque
alimentar de reserva. Assim, não havia mais necessidade de mudanças frequentes
do local de residência para obtenção de alimentos. Nesse momento o homem
passou a sedentário, e há aproximadamente 8 mil anos um ser humano não caçador
não coletor, foi responsável pela origem das comunidades grandes e
suficientemente permanentes para desenvolver uma arquitetura de tijolos e pedras.
Nesse momento certamente nascia o primeiro engenheiro. Os restos de alguns
destes vilarejos construídos de tijolos chegaram até nossos dias. O mais
desenvolvido é o de Tell es-Sultan (Jericó), no oriente próximo.

Outra mudança significativa que perpassa a era da civilização, foi a descoberta do


uso do metal. A longo prazo, o metal mudou o mundo quase tanto quanto a
agricultura. Entre 7.000 e 6.000 a.C. o cobre, o primeiro metal a ser aproveitado, foi
aplicado inicialmente na elaboração de objetos para ornamentos, mas logo foi
utilizado para fabricação de armas e ferramentas. O ferro passou a ser explorado no
oriente próximo por volta de 1.500 a.C. e só foi amplamente divulgado depois do ano
1.000 a.C.

As primeiras civilizações propriamente ditas que se tem conhecimento surgiram


entre os anos 3.500 e 500 a.C., e a primeira delas é a Suméria, no sul da
Mesopotâmia. As maiores contribuições tecnológicas legadas por ela foram a prática
da irrigação e a construção e o desenvolvimento do sistema de governo. Pouco
depois, sinais de civilização podem ser vistos também no Egito e datam de
aproximadamente 3.000 anos a.C.. Sabe-se que os egípcios primitivos dominavam
várias técnicas dentre as quais, as de construção de barcos de junco, de trabalhar
pedra dura, de moldar o cobre, além de dominarem técnicas de irrigação.
36

Praticavam também a criação do gado para tração e criavam aves. Construíram


obras públicas em pedra, insuperáveis para a época, das quais as mais famosas são
as pirâmides e o primeiro arquiteto conhecido foi Imhotep, chanceler real.

Com o surgimento da escrita foi possível a armazenar e transmitir conhecimentos e


experiências com mais facilidade e precisão, de uma geração a outra. A cultura e a
tecnologia acumuladas gradualmente se tornaram mais efetivas como instrumentos
para mudar o mundo. Ficaram então mais fáceis, o domínio das complexas técnicas
de irrigar as terras, de fazer as colheitas e armazená-las e assim melhorar a
eficiência na exploração dos recursos naturais.

Os gregos com seus conhecimentos de matemática, deram grande contribuição para


o progresso da humanidade e o filósofo Pitágoras (Século VI a.C.), foi uma das
primeiras pessoas a argumentar e forma dedutiva, ou seja, aplicando argumentos
puramente lógicos a princípios e axiomas. Foi na Alexandria egípcia que viveu
Euclides, o homem que sistematizou a geometria e deu-lhe a forma que perdurou
até o século XIX. Esta base matemática foi fundamental para o desenvolvimento dos
cálculos, amplamente utilizados na engenharia.

No entanto, a partir das primeiras civilizações, Egito, Mesopotâmia e outras, as


culturas foram se juntando e com a tecnologia de cada povo começa o processo de
disseminação de técnicas de irrigar as terras, de fazer as colheitas e armazená-las e
de técnicas e materiais de construção. As primeiras técnicas de construção
utilizadas foram os blocos de tijolos ou blocos de pedra que se encaixavam, pois não
era utilizado nenhum tipo de argamassa ou de um «cimento», para sedimentar a
construção. Na Grécia utilizavam-se da madeira para a construção de casas. A
engenharia civil romana foi rica em pontes, aquedutos, túneis, canais e estradas.
Coube aos romanos a invenção do cimento, contudo foi no inicio do século XIX que
apareceu o produto mais próximo ao que se conhece hoje como cimento. O surto
de construção, ocorrido nos séculos XVIII e XIX, conduziria a novas técnicas, como
o cimento hidráulico, o betão armado, o vidro e a utilização do ferro e do aço em
construções.
37

O império romano chegou a dominar todo o mundo mediterrâneo por volta de 50


a.C., e para tornar as cidades conquistadas mais confortáveis, os romanos
construíram estradas, arenas de jogos, casas de banho, esgotos, aquedutos e
cisternas de água potável. Os arquitetos foram os primeiros a se livrarem da
necessidade de se apoiar grandes vãos de telhados em fileiras de pilares,
inventando o teto em forma de abóbada.

Durante a idade média, considerada a idade das trevas, o conhecimento ficou


restrito ao círculo da Igreja e apresentou pequenos progressos. Neste período, as
maiores contribuições foram nas áreas do aprimoramento da tração animal. Outro
avanço ocorreu na construção civil, pois nesse período foram edificadas
surpreendentes obras, que exigiram alta habilidade tanto de engenharia quanto de
escultura em pedra, vistas até hoje nas igrejas paroquiais das ricas regiões italianas
e inglesas. Ao mesmo tempo, o artesanato ganhou notoriedade e com isso,
aumentou o número de artesãos cuja crescente importância pode ser vista no
surgimento de regiões de manufatura especializadas. As mais notórias e ricas se
especializaram na fabricação de artigos têxteis. A joalheria foi prestigiada e pela
primeira vez uma união entre os joalheiros e artesãos, que ocorreu em Florença na
Itália, estabeleceu alguns critérios de padronização.

O aprendizado era feito em casa de um mestre do ofício, onde vários oficiais


integravam uma equipe que resultavam em construção de catedrais, castelos ou
palácios (pedreiros, ferreiros, carpinteiros, vidreiros etc.). Por causa disso o
anonimato caracterizou a autoria da obra, pelo menos, até aos séculos XIII-XIV.

Este núcleo de padronização, que posteriormente foi também aplicado aos


construtores e artesãos da nobreza é o inicio do que viria a ser os Conselhos
Profissionais. Este aglomerado florentino de construtores e artesãos era conhecido
como Guildas e significava ordem ou clã e estabeleceu critérios básicos de estética
e segurança nas construções. Foi a partir deles que em 1406 em Florença na Itália,
surgiram as primeiras escolas e universidades de arquitetura e os primeiros
arquitetos não práticos.
38

A profissão de engenharia, propriamente dita, apareceu no Renascimento


englobando os inventores, utilizadores dos engenhos, empregados da agricultura e
militares. Estes últimos foram responsáveis pela formação técnico-científica por
causa do ensino da arte da guerra, que utilizava as fortificações para a defesa, e os
engenhos como armas de ataque.

Os avanços científicos dos séculos XVI e XVII significaram uma revolução no


pensamento, e os homens procuraram cada vez mais descobrir modos de manipular
e explorar a natureza. A Revolução Industrial -–transição da economia agrária para a
industrialização -–marcou o início d de um novo período da história mundial. A
economia baseada na produção industrial foi a alteração mais importante na história
da humanidade desde o advento da própria agricultura, ou até mesmo da
descoberta do fogo. No século XIX as máquinas começaram a substituir o trabalho
braçal e os resultados puderam ser vistos em diversos seguimentos da economia. O
vapor passou a ser utilizado para movimentar máquinas e puxar arados. Carros,
bondes e bicicletas podiam ser vistos nas ruas das principais cidades, e nas
fábricas, via-se os teares, os tornos e as furadeiras; nos escritórios e lojas apareciam
caixas registradoras e máquinas de escrever. O advento das máquinas reforçou a
preocupação com a maneira pela qual o trabalho era organizado e como eram
moldadas as atividades. Surgiu então um conjunto de novas profissões. O termo
“Engenheiro” teve seu significado ampliado, aparecendo diversas especializações,
como em construção, em mecânica, em eletricidade, em embarcações, em produtos
químicos, etc.

A engenharia ganhou novos espaços com o desenvolvimento da física e na


revolução industrial, os arquitetos e engenheiros tiveram escolas e currículos
disciplinares diferenciados.

Com o aumento populacional e a nova urbanização a partir do século XIX, torna-se


uma preocupação de arquitetos e engenheiros a associação da paisagem
arquitetônica com a qualidade de vida das pessoas. Essa preocupação incluía a
natureza, de modo a constituir um conjunto harmonioso para os indivíduos.
39

Algumas escolas de arquitetura e engenharia merecem destaque e, como a École


des Ponts et Chaussées, para a formação dos quadros superiores das obras
Públicas, e a École des Beaux Arts, a que foi atribuída a concessão dos diplomas de
arquitetura, na França.

Instituições de educação técnica surgiram em muitos países para dar instrução


avançada em engenharia. Algumas universidades começaram a ensinar estas
matérias. Os engenheiros se consideravam como tendo uma profissão e em geral,
se organizavam em associações profissionais que cuidavam dos seus interesses.
Foram os primeiros egressos de cursos superiores a aglutinarem em associações
classistas. A primeira associação formal de profissionais egressos de Universidades
que se tem notícia é o Instituto dos Engenheiros de Londres, fundado em 1840.

A evolução do ensino e das técnicas, juntamente como o desenvolvimento industrial


e, mais tarde, a introdução e a generalização da eletricidade, levaram à
diferenciação dos diversos ramos da engenharia: mecânica, eletrotécnica, química,
entre outras. Mesmo assim, relacionadas com o tronco inicial da engenharia civil,
contêm as tradicionais disciplinas de Resistência dos Materiais, Hidráulica,
Construções Civis, Estradas, Caminhos-de-ferro e Canais e Portos de Mar.

Atrelada à evolução dos caminhos da engenharia e das sociedades modernas, a


preocupação com a responsabilidade civil torna-se um tema necessário para a
proteção do bem-estar e segurança dos indivíduos.

No Brasil, as atividades de profissionais especializados teve início no próprio


descobrimento, ocasião em que foram utilizados conhecimentos de engenharia
naval, de astronomia, de matemática, de cartografia, de medicina, dentre outros,
para conduzir a frota de Cabral até nossas praias. Em seguida, com o advento da
descoberta de minerais como o ouro, as atividades relacionadas com a geologia e a
engenharia de minas foram intensificadas.
40

Com a vinda da família imperial para o Brasil em 1808, o conhecimento foi


incrementado pela existência de diversos tipos de profissionais na comitiva. Logo em
seguida foram criadas as primeiras escolas técnicas na colônia.

Até por volta de 1900, o exercício profissional era livre no país, mas a partir dessa
data, o governo se viu pressionado a elaborar legislações que visavam exercer
controle sobre determinadas atividades profissionais, tentando limitar o exercício
ilegal de algumas profissões.

Assim, a primeira profissão a ser regulamentada foi a de Engenheiro Agrimensor.


Em 1933 regulamentou-se as profissões de Engenheiro Agrônomo e Engenheiro
Civil. Nesse ano foi também criado o Sistema CONFEA/CREA’S.

5.3 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: Elabore uma linha do tempo sobre a História da


Engenharia no Brasil.

Tarefas complementares extra-classe:

1) Elabore uma linha do tempo sobre a História da Engenharia do seu curso


(específico)
2) Escolha um dos grandes nomes da engenharia mundial e faça uma pesquisa
sobre ele. Não esqueça de colocar a introdução, o desenvolvimento, a conclusão e a
referência.
41

CAPÍTULO 6

6.1 Personagens importantes da engenharia4

Ao estudar grandes nomes da engenharia mundial, pode-se perceber a evolução da


mesma e fazer uma análise da importancia da profissão na sociedade.

6.2 A Ciência

Foi na época moderna que ciência alcançou maior prestígio. A partir do final do
século XVIII, a ciência moderna passou a fazer parte de todos os atos da vida do ser
humano. No período histórico denominado "iluminismo", a ciência ocupava papel de
destaque. Era apenas a partir de um rigoroso planejamento científico que os
governantes acreditavam ser possível administrar seus reinos; por isso, davam
grande importância ao estudo e aconselhavam-no a todos que quisessem ocupar
cargos diretivos.

No século XIX, a concepção de ciência começa a se parecer com a que temos hoje.
Entendemos, porém, que tal concepção já estava elaborada desde há muito tempo.
No entanto, há autores que se referem ao período renascentista e outros que
retrocedem à Idade Média para encontrar sua origem.

Os primeiros encontram que vamos ter será com Parmênides de Eleita, no final do
século VI, inicio do século V a.C. . Ele afirmava que há dois caminhos que o espírito
humano pode percorrer: o da "episteme”. (verdade) e o da "doxa " ( opinião ). Este
pensador grego afirmava que o verdadeiro deverá ser uno e imóvel, além de
imutável. Portanto a ciência dos objetivos deste mundo não nos revela a verdade,
somente a contemplação o fará. Contemporâneo a Parmênides encontra Heráclito
de Éfeso, que afirmou que o verdadeiro só é aquilo que se move (ao contrário de
Parmênide) ,pois faz parte do essencial da natureza, o movimento.

4
Texto obtido de ROSSONI, S. A História da Ciência e do Conhecimento: Algumas (in) certezas. Revista de
Ciências Humanas. v. 4, n. 4 (2003). Disponível em
http://www.revistas.fw.uri.br/index.php/revistadech/article/view/228/412, acessado em 01/11/12.
42

Mais tarde (séc. IV a.C.) surgiu Platão, que afirmava que o mundo conhecido por
nós não é a verdade: o múltiplo e o móvel são mera representação do verdadeiro,
que se encontra num mundo à parte, o “Mundo das Idéias’’. Portanto, para se
conhecer a essência das coisas não se deve ir ao encontro da natureza, mas, pela
reflexão filosófica, procurar penetrar no Mundo das Idéias”. Discípulo de Platão,
Aristóteles introduziu uma concepção que perdura até hoje: a de que a essência de
cada coisa está na própria coisa. Como defendia essa concepção, Aristóteles foi um
dos primeiros a fazer pesquisas cientificas, buscando conhecer a coisa na própria
coisa.

Parecia que Aristóteles tinha descoberto o verdadeiro sentido do conhecimento, até


que, idade moderna, René Descartes (1596 -1650) pôs em dúvida o pensamento de
Aristóteles, pois começou a questionar até que ponto conhecia "mesmo" a verdade
da realidade. Os homens se baseavam muito em opiniões, mas estavam longe de
ter certezas. Descartes procurava, então, evidências: "ideias claras e distintas". Daí
sua famosa frase que expressa a primeira evidência a que podemos chegar: "Penso,
logo existo”. A partir desta época surgem as ciências empíricas, e foi o advento do
movimento filosófico chamado Empirismo. De acordo com esta escola só é
verdadeiro aquilo que é demonstrável pela experiência, ou seja, pelos sentidos.

A princípio tudo indicava que os empiristas tinham plena razão, e a física de Newton
vinha comprovar isso. Só que tal posição conduzia inevitavelmente a um ceticismo,
no qual caiu David Hume (1711-1776). Hume não aceitava nem sequer a
compreensão das relações entre os fatos, pois tais relações não podem ser
demonstradas diretamente. Cai a difusão da ciência

No século VIII surge Immanuel Kant que vem afirmar que o conhecimento humano
é relativo ao próprio homem. Ao conhecer algo não é o homem, ou melhor, a mente
humana que vai se adequar ao objeto, mas o objeto que se adapta à mente humana.

6.3 A Técnica
43

No século XVI, com o advento da ciência moderna, a matemática aliou-se às


ciências naturais. Isto permitiu que as leis da natureza fossem explicadas com base
na objetividade e na precisão do cálculo. Progressivamente, a cosmologia valorativa
de Aristóteles e astronomia geocêntrica de Ptolomeu seriam substituídas por uma
nova concepção de universo, que tinha o sol como o centro.

Surge, portanto, a tendência progressiva de colocar as forças da natureza ao serviço


da técnica, na medida em que os conhecimentos fornecidos pelas novas ciências
poderiam explicar como e por quê um determinado dispositivo técnico funcionava.
Na ciência, foi a época de Copérnico, Bacon, Kepler e Galileu; na arte, conviveram
Rafael, Michelangelo e Leonardo da Vinci, este último, síntese perfeita do artista
com o cientista.

Tornada realidade no princípio da Era Moderna, a interação efetiva de ciência e


técnica abriu caminho para Revolução Industrial do século XVIII, quando teve início
a substituição do homem pela máquina.

A transformação decisiva tem lugar em meados do século passado, com o


desenvolvimento da eletrotécnica. Nesse caso, ao contrário do que geralmente
acontecia, na Antigüidade, na Idade Média e no início da própria Era Moderna, os
princípios que regem a ciência e a técnicas escapam à percepção sensorial,
deixando de ser comprometidos pela grande maioria das pessoas. As máquinas
tornam-se cada vez mais sofisticadas, proporcionando enormes benefícios em todos
os setores; o avanço da medicina traz alívio a muitas pessoas, as pesquisas
interplanetárias revelam a existência de novos mundos, expandindo o conhecimento
a limites jamais sonhados.

6.4 Tecnologia

Pode-se definir tecnologia também como a aplicação das descobertas da ciência


aos objetivos da vida prática. De fato, a ciência teve quase sempre um importante
papel no desenvolvimento tecnológico, mas nem toda tecnologia depende da
ciência, pois a relação entre ambas atravessou diferentes estágios. No mundo
44

clássico, tanto no Ocidente quanto no Oriente, a ciência pertencia à esfera


aristocrática dos filósofos que especulavam sobre as raízes e a substância do
conhecimento, enquanto a tecnologia dizia respeito à atividade dos artesãos. A partir
da Idade Média, alguns filósofos e cientistas defenderam a idéia da colaboração
entre as duas disciplinas, com a formulação de uma tecnologia científica e uma
ciência empírica baseada nos mesmos princípios fundamentais. Essa tese frutificou,
sobretudo, no século XIX, quando os grandes inventores se inspiraram em idéias de
cientistas: Thomas Edison desenvolveu os sistemas de iluminação elétrica a partir
dos trabalhos de Michael Faraday e Joseph Henry; Alexander Graham Bell inventou
o telefone com base em Hermann von Helmholtz; e Marconi construiu seu primeiro
sistema de telegrafia sem fio baseado nas pesquisas de Heinrich Rudolf Hertz e
James Clerk Maxwell.

A evolução da tecnologia revela, a cada momento de sua história, uma profunda


interação entre os incentivos e oportunidades que favorecem as inovações
tecnológicas e as condições socioculturais do grupo humano no qual elas ocorrem.
Pode-se dizer que há três pontos principais que determinam a adoção e divulgação
de uma inovação: a necessidade social, os recursos sociais e um ambiente social
favorável.

6.5 Atividades para este capítulo

Tarefas complementares extra-classe:

1. Faça uma pesquisa sobre um grande nome da engenharia brasileira do


século XX. Escreva com suas palavras a pesquisa e ilustre-a com suas obras.
2. Dada a figura 5, identifique cada personagem, o período em que este
personagem viveu e explique o que significa cada ilustração correspondente a cada
personagem, relativo à sua contribuição à Ciência.
45

Figura 5. Cientistas e Ciência. Fonte: http://www.etsy.com/shop/meganlee.


46

CAPITULO 7

7.1 Ciência e tecnologia5

A ciência tem transformado o mundo moderno de maneira profunda e espetacular.


Ela mexeu tanto com cada pedacinho da vida que é impossível escapar às suas
garras, para o bem ou para o mal.

Neste capítulo, o objetivo principal é descobrir o que é ciência. Primeiro, serão


revisados os princípios e significados básicos que têm feito da ciência a melhor
maneira de definir a realidade. Depois, serão introduzidos alguns pensadores do
século XX que destacaram os limites e perigos da ciência. E finalmente será
passada a lição com um olhar sobre aspectos muito específicos da ciência como é
praticada hoje.

No final da lição, você deverá ser capaz de:

1. Compreender o que a ciência é e o que ela não é;


2. Estar consciente de suas forças, mas também de suas limitações;
3. Estar confiante para fazer perguntas sobre a qualidade da ciência aos seus
praticantes.

7.2 Diferentes caminhos para o conhecimento

7.2.1 O que é o saber?6

5
Este texto foi gentilmente cedido pela World Federation of Science Journalists e pode ser encontrado, na sua
forma íntegra, conforme a referência:

Mbarga, Gervais e Fleury, Jean-Marc. Lição 5 - O que é ciência? – Módulo 5 do Curso On line de Jornalismo
Científico da World Federation of Science Journalists. Disponível em:
http://www.wfsj.org/course/pt/pdf/mod_5.pdf. Acesso em: 7 de novembro de 2012.
Curso
6
Nota do tradutor do texto original: A palavra em inglês “know” pode ser traduzida tanto por “conhecer” quanto
por “saber”. A tradução foi feita nesta lição ora por uma palavra, ora por outra, considerando as especificidades
do português.
47

Nesta parte da lição, você vai aprender sobre o método de produção do


conhecimento científico e verá como distinguir a ciência de outras formas de
acúmulo de conhecimento.

É uma preocupação legítima, nesta etapa, perguntar-se o que é essa coisa chamada
ciência, quando ela começa e até onde ela vai.

A ciência começa com: “Eu quero saber”

“Saber” é tão natural e direto que tentar definir o que isso significa pode parecer
estranho. Mas, na verdade, explicar o que se quer dizer com “saber” pode ser
extremamente complexo, já que este conceito pode ter muitos significados.

Se for redigida uma lista de sinônimos, será facilmente verificado que “saber” pode
significar conhecer, compreender, ler ou ver, sentir, avaliar, reconhecer, considerar,
analisar, praticar ou dominar.

“Conhecer” alguém significa que encontramos uma pessoa (pessoalmente ou por


meio de seus feitos), que se pode reconhecê-la dentro de um grupo e que se está
ciente de sua existência. Mas, para realmente conhecer alguém, deve-se conhecer a
pessoa de tal forma que possa prever seu comportamento e suas reações, assim
como compreendê-la o bastante para explicar sua personalidade a terceiros.

“Conhecer” um tema, fato ou fenômeno significa que se pode descrevê-lo visual e


virtualmente, explicar como ele interage com outros objetos ao seu redor e dizer
como ele influencia seu ambiente e é influenciado por ele.

No contexto da ciência, “saber” significa exercitar a curiosidade, observar e coletar


informação suficiente para identificar, distinguir e descrever as diferentes
características da realidade da forma mais verdadeira. Essa “realidade” pode ser
real, virtual, concreta, natural, artificial, abstrata, física ou metafísica.

E o exercício da curiosidade produz conhecimento.


48

Na maioria das vezes, o conhecimento torna possível usar a razão e eventualmente


desenvolver argumentos racionais.

Você é racional ou irracional?

Racionalidade é a essência do que é racional, é o produto da razão. A raiz da


palavra “racionalidade” (do latim ratio) significa “cálculo”. Razão não é o mesmo que
intuição, sensação, reação espontânea, emoção ou crença. A razão começa com o
senso comum e se desenvolve por meio da habilidade de contar, medir, ordenar,
organizar, classificar, explicar e argumentar.

O discurso racional, então, é aquele que é coerente, ponderado e construído numa


espécie de “cálculo” lógico, o que é bem diferente de uma opinião pessoal. Este tipo
de discurso deve ser universalmente verdadeiro.

A irracionalidade, porém, se recusa a estar submetida à razão. Um indivíduo


irracional não segue a lógica e age segundo propósitos desordenados. Suas
decisões são frequentemente incoerentes. O mundo irracional pode ser
relacionado também ao mundo do desconhecido, da superstição, do
misticismo e do inacessível, incluindo o que acontece contra a razão.

Onde começam as crenças?

Se começa a desvendar “qual é o significado do conhecimento” quando há uma


reflexão sobre o que é “conhecer”. O conhecimento objetivo ocorre quando analisa-
se as coisas como elas são, mantendo uma certa distância das próprias opiniões
pessoais. É um modo erudito de conhecimento e avaliação, que traz em si um tipo
de poder de rejeitar, refutar, adotar, manter certa distância e até modificar a maneira
como as coisas são. O conhecimento vem com a obrigação de fazer perguntas e
desafiar a própria ignorância. “Conhecer” alguma coisa torna possível aplicar a
razão, observar e analisar.
49

Uma forma diferente de conhecimento são as crenças. Crenças são uma maneira de
explicar o universo atribuindo-lhe capacidades, qualidades, sentimentos e emoções.
Crenças dão às coisas um significado intrínseco. Por exemplo, para algumas
pessoas, o número 13 é considerado um mau agouro. Em algumas culturas, o arco-
íris é um aviso de que coisas ruins estão para acontecer – ele é a espada de Deus –
, enquanto, em outras, ele pode indicar onde está escondido um tesouro – é,
portanto, um bom presságio.

Crenças requerem aceitação e compromisso imediatos; elas criam raízes no íntimo


de cada um. Crenças religiosas são uma busca pessoal e íntima pela verdade. As
declarações e proposições que vêm com as crenças precisam ser aceitas por seu
valor intrínseco. O conhecimento religioso requer aceitação de fatos e enunciados
que não podem ser demonstrados. A existência de Deus não é um objeto da ciência,
mas uma crença, já que não há maneira de demonstrá-la ou negá-la. Budismo,
judaísmo, hinduísmo, cristianismo e islamismo são algumas das grandes religiões
que influenciaram e continuam influenciando a história da humanidade.

7.2.2 Conhecimento do senso comum ou cotidiano

O que é conhecimento do senso comum? E como ele se difere do


conhecimento científico?

Na prática, “saber” exige fazer perguntas, duvidar e checar os fatos, objetos e ideias.
Mas podem existir diferentes graus de questionamento. Na vida diária, os objetos
com os quais todos interagem dão uma experiência concreta e imediata das coisas.
Os sentidos, por meio do que se pode ver, tocar, cheirar, provar e ouvir
automaticamente – sem pensar –,dão respostas diretas, evidentes e familiares sobre
a realidade. Essas respostas têm sua raiz na tradição.

Esse conhecimento do dia-a-dia também é chamado conhecimento do senso


comum, sensível, primário, empírico ou imediato. Suas explicações são
baseadas em enunciados amplos, a maioria proveniente da tradição oral. Essas
explicações são aceitas sem questionamento. Elas são, frequentemente,
50

generalizações rápidas e brutas. São baseadas em observações simples: É dito que


o Sol levanta-se e se põe, pode-se ver que o céu é muito “alto”. O conhecimento do
senso comum não planeja mudar as coisas.

Como é criado o conhecimento de senso comum

Se constroe o conhecimento de senso comum por meio de acasos com que cada
indivíduo se depara ao longo da vida. Grande parte dele passa de uma geração para
a outra sem evoluir.

O conhecimento de senso comum aparece do contato humano diário com o


ambiente e com a maneira como as culturas descrevem o universo. Ele é construído
e transmitido pelas famílias, parentes, amigos, vizinhos, parceiros, tribos ou
comunidades. É essa comunidade humana, comunidade mais importante, que
compartilha suas formas de viver, alegrias, preocupações, dores, desejos para o
futuro, percepções do presente e lembranças acerca do passado e das tradições. E
esse conhecimento do senso comum envolve superstição.

No que diz respeito ao que se aprende pelos sentidos – no contexto do


conhecimento do senso comum –, atribuí-se à natureza virtudes e emoções,
intenções e reações similares às dos seres humanos.

Apesar das limitações do conhecimento de senso comum da tribo ou comunidade, a


vida não seria possível sem esse conhecimento. Haveria uma possível
racionalização o tempo todo, hesitando e sempre decidindo tarde demais. O
conhecimento de senso comum oferece respostas prontas para questões
corriqueiras, cotidianas, frequentes.

Conhecimentos de senso comum existem em todas as culturas e civilizações. Cada


um entra em contato com o conhecimento de senso comum em suas vidas diárias e
interações com os outros membros da comunidade. Os próprios cientistas começam
com o conhecimento de senso comum, mas vão além dele.
51

Experimente o conhecimento de senso comum

É muito fácil ver ou experimentar o conhecimento de senso comum. Basta comentar


algum achado recente em alguma questão muito comum com um colega. Por
exemplo: “Em algumas estradas alemãs há sinais de redução do limite de
velocidade e estudos mostram que o resultado é um fluxo mais rápido de veículos”.

A primeira reação do seu interlocutor, em geral, é rejeitar essa nova informação e


defender o que ele ou ela acredita como verdade – que reduzir o limite de
velocidade vai resultar num fluxo mais lento de veículos. Este é um exemplo de
conhecimento do senso comum.

7.2.3 Para além das coisas do dia-a-dia

Conhecimento em profundidade?

O conhecimento em profundidade, sistemático ou secundário começa com a decisão


de libertar alguém da ditadura imediata de seus olhos, orelhas, boca, nariz e toque,
e questionar as impressões de “pare” e “continue” que eles fornecem a cada dia.

A pessoa decide, então, observar de forma mais sistemática, por exemplo, dando
mais atenção a detalhes comuns ou imaginando novas dimensões, aprofundando os
detalhes do nosso conhecimento, procurando por características incomuns. Em
outras palavras, vai além das aparências e repetições.

O conhecimento sistemático requer ir além dos caminhos já viajados e de fácil


acesso. Ele não tenta ser definitivo. Aceita ser questionado. Desvenda respostas.
Com o conhecimento sistemático, as coisas e suas descrições são aprimoradas.

O conhecimento exige provas. Gera argumentos. Coloca questões. Nada é


incondicional. O conhecimento põe de novo na berlinda o que era aceito ontem.
Aprofunda-se tanto no desconhecido quanto no que é conhecido. É uma eterna
busca, sem tabus nem áreas proibidas.
52

O conhecimento sistemático é uma construção, está em construção.

Diferentemente do conhecimento cotidiano, que é extraído todos os dias daquilo que


cerca toda a sociedade, o conhecimento sistemático forma instituições. Requer
disciplina pessoal, até sacrifícios. Deve ser aprendido passo a passo em
aprendizagens e formações e tem que ser apoiado pela pesquisa. A aprendizagem
tem de seguir uma pedagogia que será a garantia de que o conteúdo será
transmitido, incluindo as atitudes necessárias de objetividade, humildade diante dos
fatos, paciência e abnegação.

Muitas vezes, a linguagem do conhecimento sistemático é um jargão com palavras


em códigos diferentes da linguagem comum. Frequentemente, ele fornece
referências, diplomas, realizações, recompensas e... metodologias de avaliação.

Como reconhecer o conhecimento sistemático

O conhecimento sistemático pretende criar, imaginar e descobrir o que não se


conhece. Ele não se apoia na tradição e não suporta monotonia. Ele critica. Examina
e questiona sua própria forma de olhar, tocar e sentir. Seu principal instrumento é a
razão e não há lugar para a superficialidade. O conhecimento sistemático
constantemente testa as abordagens que usa para analisar e criar. Ele tem um
método próprio. O conhecimento sistemático está nas mãos de intelectuais,
artistas, artesãos, autores de “trabalhos intelectuais” e cientistas.

Há semelhanças entre cientistas, artistas e escritores, por exemplo Albert Einstein,


Wolfgang Amadeus Mozart e William Shakespeare? À primeira vista, pode não
haver nenhuma. Mas olhe de novo.

Os três observaram, provaram e descreveram o mundo em profundidade por meio


de seu trabalho. Os três se recusaram a ver ou fazer coisas da forma como elas
normalmente eram vistas e feitas. Os três tentaram alcançar novos patamares do
conhecimento em suas respectivas áreas.
53

Mas faz sentido colocar seus estilos de conhecimento numa mesma categoria? Na
verdade, há diferenças entre suas diferentes formas de saber, e o conhecimento
científico tem suas peculiaridades.

7.2.4 Ciência como meio de sistematizar o conhecimento

Introdução ao conhecimento científico

A ciência, como a arte, é uma forma de conhecimento sistemático, mas há


diferenças cruciais entre as duas. Na arte, a sistematização do conhecimento é
baseada em preferências individuais, critérios de beleza ou, se você preferir,
estética e emoções. Grandes artistas e criadores de obras intelectuais vão além
das primeiras impressões, buscando e divulgando mensagens escondidas,
imaginárias e totalmente fictícias, invisíveis aos olhos das pessoas comuns.

Somente uma pessoa dotada de expertise suficiente pode apreciar uma verdadeira
obra de arte. Somente aqueles que podem reconhecer um estilo específico, com
suas formas, simbolismos, locais de produção e período de tempo podem
compreender o que ela significa. Os trabalhos da mente são subjetivos. Eles são
amarrados aos seus autores e deles dependem.

Na ciência, a sistematização é diferente. Se a arte é uma questão de gosto, a


ciência é o esforço de produzir uma descrição verdadeira da natureza. Aqui,
sistematizar significa aprofundar, pesar, medir, cronometrar, argumentar, racionalizar
e construir logicamente, rejeitando o subjetivismo, deixando de lado as preferências
pessoais e mantendo o sujeito fora de questão.

Como reconhecer a ciência

O conhecimento científico pretende entender a natureza e o universo em que


vivemos por meio de elementos conhecidos, concretos e objetivos.
54

Esse tipo de conhecimento tem suas regras.

Cientistas fazem afirmações baseadas em justificativas razoáveis. A abordagem


científica perfeita é a demonstração. Uma demonstração é um argumento claro e
completo. Em ciência, uma demonstração pode ser também algo prático como um
experimento de laboratório, mostrando um fenômeno e estabelecendo causa e
efeito. Uma demonstração mostra resultados certeiros e torna possíveis as
generalizações, levando a previsões. Assim é a ciência moderna, em oposição à
ciência antiga que, com sua proximidade da religião, usava a autoridade para
combater argumentos e questionamentos sobre o “porquê” das coisas.

Ciência moderna experimental

A ciência moderna começa com a dúvida sistemática ou o que o sociólogo norte-


americano Robert K. Merton denominou “ceticismo organizado”.

A ciência moderna surgiu no século XVII – durante o período do Iluminismo – e é


baseada em fatos observáveis. A ciência compara os fatos com a realidade por
meio de experimentos. Por isso, a ciência precisa de laboratórios e ferramentas
para estudar tudo, da mais minúscula partícula ao universo inteiro. A ciência
estabelece metodologias rigorosas com instrumentos confiáveis para acumular
evidências com as quais pode comprovar ou refutar uma hipótese. A ciência avalia
suas próprias metodologias e reexamina suas próprias provas.

Em condições ideais, a ciência experimental é independente da pessoa que faz a


observação ou o experimento. Ela é objetiva e impessoal e está em concordância
com a realidade observada e outros conhecimentos comprovados. A ciência ideal
fornece resultados claros, lógicos e isentos de ambiguidade. Sua validade pode ser
verificada ou refutada usando argumentos e razão (este ponto é abordado com mais
profundidade na seção sobre o conceito de falseabilidade de Karl Popper).
Resultados científicos devem sobreviver a testes duros e meticulosos. Isso é
racionalidade científica.
55

A ciência moderna deduz a verdade a partir de fatos verificados pela


experimentação metódica. Experimentos medem as coisas e os fenômenos, dizem
quanto pesam, quanto tempo duram, em que direção estão indo etc. Experimentos
fornecem informações matemáticas.

Enquanto a ciência antiga procurava explicar o “porquê” das coisas, a ciência


moderna pretende responder “como” as coisas funcionam.

7.2.5 O método científico

Antes de descrever o método científico, verifica-se que outros métodos estão


disponíveis para compreender o mundo.

O que existe além da ciência para dar sentido ao mundo? Os seres humanos
desejam controlar a natureza e explicar o comportamento dos homens. Entre as
muitas abordagens possíveis, a religião forneceu no passado algumas respostas e
foi vista como uma maneira de buscar a verdade, como mencionado anteriormente
usando de autoridade. Ela pretende responder a perguntas como: quem somos nós?
Onde estamos? Para onde estamos indo? Qual é o propósito da vida na Terra?
Ainda hoje, as grandes religiões propõem, cada uma da sua maneira, uma visão do
universo, de sua criação ao fim dos tempos.

A religião, muitas vezes, discorda da ciência. Há casos famosos de cientistas


condenados por terem proposto uma verdade diferente daquela endossada pela
religião. Por exemplo, Copérnico e Galileu foram condenados pela Igreja Católica
porque disseram que a Terra era uma esfera e que não estava no centro do
universo.

Outro meio de oferecer uma compreensão do mundo tem sido o argumento


autoritário. Em essência, isso significa que se um pensador grego famoso e de
prestígio disse alguma coisa, então ela é válida para sempre. Isso aconteceu com o
56

trabalho de grandes filósofos como Platão, Aristóteles e Pitágoras, ou grandes


místicos como Hermes Trismegisto.

Atualmente, em nossas comunidades, temos feiticeiros, curandeiros e monges que


também propõem sua própria visão de mundo. Muitos deles trazem consigo o
conhecimento empírico ou místico de seu meio. Outros seguem certas
superstições e ilusões, enquanto outros, ainda, criam sistemas de conhecimento
paralelos.

Como a ciência funciona?

Em essência, a ciência moderna estabelece o conhecimento por meio dos seguintes


passos:

a. Observação
b. Experimentos
c. Explicação
d. Generalização e previsão

a. Observação rigorosa

Observar significa seguir os seguintes passos:

• Observar cuidadosamente os fatos.


• Deixar de lado opiniões pessoais.
• Abandonar especulações e conhecimentos prévios.
• Abandonar crenças, religião, preconceitos, expectativas e paixões.
• Abandonar expressões de autoridade.
• Formular perguntas lógicas.
• Propor hipóteses.

b. Aferição experimental cuidadosa dos fatos


57

Os fatos são checados ao longo dos experimentos, com métodos e ferramentas


apropriados. O objetivo é conferir a precisão das observações e dos fatos e
demonstrar as relações entre essas observações e esses fatos. A aferição
experimental dos fatos requer que:

• As observações sejam repetidas em diferentes situações por diferentes pessoas.


• Os resultados sejam vitoriosos sobre a ignorância sem se submeter à autoridade.
• As relações inequívocas entre causa e efeito sejam demonstradas.
• Os resultados dêem uma confirmação clara e sem ambiguidades da verdade.
• Os resultados ofereçam uma validação verdadeira e isenta de ilusões.

c. Explicação cuidadosa

Quando os cientistas explicam, eles têm que:

• Discutir observações prévias contraditórias, se houver.


• Demonstrar relações entre as novas observações e as observações prévias.
• Explicar por que certa causa tem determinado efeito.
• Certificar-se de que não há falhas em seu argumento.

d. Generalização e previsão lógica

Quando um certo número de fatos verificados é descoberto, o(a) cientista pode


então prosseguir para a generalização ou indução, na terminologia acadêmica:

• Generalizar as observações.
• Aceitar que os fatos demonstrados descrevem a realidade.
• Estabelecer leis e teorias válidas para situações semelhantes.
• Predizer a evolução e o futuro estado e forma dos fatos e de suas relações.

Ciência “dura” e ciência “leve”


58

Os métodos apresentados anteriormente podem ser aplicados, em princípio, em


todas as ciências – tanto nas ciências naturais (ciências “duras”) quanto nas
humanidades ou ciências sociais (ciências “leves”) como sociologia, psicologia,
ciências políticas, história, geografia, teologia, economia e até medicina.

No entanto, as diferentes etapas do método científico podem levar a certas


dificuldades quando aplicadas a algumas dessas ciências “leves” e seus objetos de
pesquisa. Por exemplo, não se podem realizar experimentos em seres humanos
como se faz com plantas e minerais. Da mesma forma, a ciência que estuda a
sociedade pode encontrar dificuldade ao tentar fazer generalizações e previsões.

Em geral, os princípios básicos da abordagem científica permanecem válidos, mas


as ciências “leves” usam algumas de suas metodologias mais do que outras. Assim,
o método científico permanece válido em todos os campos de estudo que se
pretendem científicos.

O que a ciência não é

O treinamento rigoroso necessário para se tornar cientista e o linguajar específico de


seus métodos têm feito da ciência um domínio exclusivo de uns poucos iniciados. A
ciência se tornou um tipo particular de conhecimento fascinante, mas difícil, e que
supera todas as outras formas de conhecimento, sobretudo porque chega mais perto
da verdade e pode ser usado para transformar a realidade de tal maneira que foi
capaz de moldar o mundo moderno. De forma espetacular, a ciência remodelou a
saúde, as comunicações, as moradias, a energia, a agricultura, a guerra e a própria
vida.

Grande parte de nosso mundo existe como uma manifestação da ciência – e


também pode ser destruída por ela.

Apesar de tudo, a ciência moderna não é uma panacéia ou um livro de mágicas que
pode resolver qualquer problema. Ela não usa métodos misteriosos. Ainda que, às
vezes, alguns resultados de experiências sejam mantidos em sigilo por medo de que
59

sejam roubados, os métodos científicos não são secretos. De forma nenhuma se


apoiam na tradição. Se eles se prendem a qualquer tradição, pelo contrário, é para
destruir qualquer coisa que poderia se tornar uma tradição.

Embora pareça se insinuar por todos os cantos e deter poderes que antes eram
privilégios dos deuses, a ciência não é uma religião e os cientistas não são
sacerdotes de uma seita. A grande e dispendiosa infraestrutura que a ciência requer
parece tê-la tornado exclusiva de alguns países, mas os cientistas não pertencem
a raça, sexo, idade, religião, cor de pele ou classe social determinados.

Mesmo que a ciência busque a verdade, os resultados científicos não são verdades
definitivas nem nada parecido com mandamentos divinos; os cientistas estão
sempre questionando e nunca ficam satisfeitos com sua própria verdade. Além
disso, a publicação de resultados é sempre um convite para que outros
pesquisadores verifiquem sua precisão.

Como um esforço humano, a ciência tem suas fraquezas. Erros, mesmo fraudes,
acontecem. Algumas experiências são compradas e seus resultados, fabricados. É
um mundo com sua parcela de rivalidades, ambições, ilusões e truques sujos,
sobretudo em relação a quem foi o primeiro a inventar isso ou aquilo. Mas a força
única da ciência – e que a distingue – é a sua habilidade de rastrear erros e corrigi-
los com experimentos extras.

7.3 Limites da ciência

7.3.1 Introdução

No século XX, testemunhou-se o triunfo da ciência – culminando com a chegada do


homem à Lua –, mas também sua capacidade de permitir a autodestruição da
humanidade.
60

No início do século, os movimentos eugênicos tentaram melhorar a raça humana por


meio da procriação seletiva, justificando a esterilização de pessoas mentalmente
incapazes. Durante a Segunda Guerra Mundial, as bombas atômicas – assustadores
desdobramentos da genialidade de Einstein, o mais famoso dos cientistas – caíram
sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Atualmente, o poder da informática e da
internet ameaça a vida privada, no mesmo momento em que estamos tornando
nosso planeta inabitável.

Sim, há um lado obscuro e preocupante da ciência.

Essa capacidade ambivalente que a ciência tem de tornar a vida mais fácil e,
simultaneamente, multiplicar nossos meios para acabar com ela torna necessário
avaliar com cuidado essa coisa chamada ciência – “de mãos dadas com o demônio”
ou “fonte de conhecimento”.

Filósofos tentaram determinar a verdadeira natureza da ciência. No final do século


XX, pontos de vista antagônicos sobre a ciência levaram ao que chamamos de
“guerras científicas”. Por sorte, as únicas vítimas foram uns poucos acadêmicos com
credibilidade e prestígio feridos.

Resumindo a história, essas guerras confrontaram, sobretudo, pesquisadores das


ciências naturais e um grupo de sociólogos, historiadores, filósofos e feministas
supostamente de esquerda e que descreviam a ciência como uma ferramenta de
repressão, capitalismo selvagem e machismo. Não interessados em se juntar aos
cientistas, mas em expor os usos excessivos e nefastos da ciência, esses
intelectuais fizeram o melhor que puderam para tirar a ciência do pedestal onde ela
permanecia como único método para encontrar a verdade.

Eles viraram a primeira parte desta lição de cabeça para baixo. Pegaram as
afirmações científicas e voltaram a questionar como elas foram feitas. Para eles, a
ciência não é uma descrição verdadeira da realidade. A ciência é mais uma religião,
com seus rituais, crenças, dogmas, seitas concorrentes e sacerdócios. Eles
assumiram a missão de desconstruir o templo da ciência, expor a verdadeira
61

natureza do conhecimento científico – reduzido ao status de conhecimento comum –


e desmistificar as práticas dos cientistas.

Os parágrafos a seguir vão tentar introduzir, em poucas palavras, o pensamento de


alguns filósofos da ciência contemporâneos e protagonistas das guerras científicas.

7.3.2 Thomas Kuhn (1922–1996)

Apesar da relevância e da efetividade do conceito de falseabilidade de Karl Popper,


que será visto adiante, o mais conhecido dos filósofos da ciência contemporâneos é
Thomas Kuhn, autor de The Structure of Scientific Revolutions (A estrutura das
revoluções científicas), publicado em 1962 e até hoje muito popular.

Kuhn disse que a busca por uma verdade objetiva não é o real objetivo da ciência,
mas que a ciência é, em essência, um método para resolver problemas usando,
para isso, um sistema de crenças da atualidade. Esse sistema de crenças e valores
se manifesta por meio de uma série de procedimentos experimentais que produzem
resultados que, por sua vez, reforçam o sistema original de crenças e valores. Kuhn
chama esses sistemas de paradigmas. De uma maneira geral, os cientistas passam
a maior parte do tempo fazendo ciência normal, ou seja, trabalhando com um
paradigma específico.

Mas, às vezes, pessoas como Nicolau Copérnico, Isaac Newton, Charles Darwin e
Albert Einstein nos trazem novos sistemas de crenças que disparam revoluções
científicas. Respectivamente, seus sistemas remodelaram o universo de forma que
seu centro estivesse ocupado pelo Sol, não pela Terra; submeteram a mecânica dos
corpos celestes às mesmas leis da mecânica terrestre; mudaram de um mundo
criado por deus para outro, sem propósito e sempre inacabado; mudaram de uma
física em que o fluxo do tempo era sempre absoluto e uniforme para uma nova
física, em que o fluxo do tempo é elástico e varia de acordo com as velocidades
relativas do experimentador e do objeto de observação.
62

Kuhn argumentou que novos paradigmas assumem o comando não por causa de
seu mérito científico, mas porque seus adversários eventualmente perecem: a
relatividade geral de Einstein se tornou aceita como uma descrição verdadeira da
natureza após a decadência da ordem proposta por Newton.

Kuhn destruiu um pouco da imagem ingênua segundo a qual a ciência descobriria a


realidade de maneira gradual, linear e racional. A ciência perdeu uma aura que
estava enganando apenas os filósofos; os cientistas inovadores já sabiam muito
bem o quão difícil é fazer com que suas ideias sejam aceitas.

7.3.3 Karl Popper (1902–1994)

Karl Popper ainda tem a definição de ciência mais incisiva e eficaz: a ciência é o
conhecimento que se pode provar ser falso – em seu jargão, ciência é o que pode
ser falseado.

Segundo Popper, a ciência é um exercício contínuo de refutação. Cada experimento


e observação pretende contradizer a teoria aceita. A ciência nada mais é do que o
conjunto de teorias livres dos esforços de falsificação dos cientistas. Popper coloca a
dúvida sistemática como o fundamento da abordagem científica. Os cientistas são
movidos pela ambição de descobrir e publicar as observações que contradizem as
teorias aceitas em seu tempo – o que Thomas Kuhn (o filósofo da seção 3.2)
denomina “paradigma du jour” ou “paradigma do dia”.

Na prática, a maioria dos cientistas se contenta, na maior parte do tempo, em repetir


experimentos e confirmar resultados prévios. Por outro lado, eles também sonham
em encontrar a falha que poderia levar a uma nova teoria. Os milhares de cientistas
que esperam impacientemente o primeiro teste do Grande Colisor de Hádrons (LHC,
na sigla em inglês) da Organização Europeia para Investigação Nuclear (CERN, na
sigla original em francês) estão provavelmente mais interessados em encontrar uma
“nova física” – que abre novos caminhos – do que em usar o colisor para confirmar a
existência do famoso bóson de Higgs, uma partícula elementar prevista pelo Modelo
Padrão da Física.
63

Indução, a mais poderosa e fraca ligação em ciência

Durante a primeira parte deste capítulo, foi verificado que as leis e as teorias
científicas são “generalizações”. Por exemplo, uma barra de cobre aumenta de
volume quando aquecida, assim como uma barra de aço e uma barra de alumínio.
Os três são metais. O método científico leva à generalização e à conclusão de que o
volume de metais aumenta quando eles são aquecidos.

A generalização – ou, para usar o termo técnico, indução – consiste em propor uma
lei científica como “todos os metais aumentam de volume quando aquecidos”,
baseada em uma série de observações em que determinados metais aumentaram
de volume quando aquecidos a diferentes temperaturas e em diferentes ambientes.

A fragilidade da indução começa pelo fato de que qualquer lei baseada nela está à
mercê de uma exceção. Leis científicas não podem invocar o poder da lógica e da
dedução.

Na dedução, a verdade do enunciado “metais aquecidos expandem” é dada como


garantida, como o enunciado “o cobre é um metal”. Então, usando o poder da lógica,
é uma dedução simples que o volume de um pedaço de cobre vai expandir caso
seja aquecido.

A utilidade e os limites da ciência repousam no fato de que a ciência não está no


reino etéreo da pura razão lógica. Ao contrário de uma verdade formal, a ciência
não pode avançar apenas pela lógica; ela é uma verdade material que deve se
basear em conjuntos de resultados experimentais, observações e exemplos.

Como os cientistas nunca podem ter a certeza de que examinaram todos os metais,
a indução abre naturalmente as portas à falseabilidade. A genialidade de Karl
Popper foi fazer dessa vulnerabilidade a essência da ciência.

7.3.4 Método científico


64

Antes de iniciar sobre este assunto, algumas definições devem ser conhecidas:

Pesquisa
É um conjunto de investigações operações e trabalhos intelectuais ou práticos, que
objetiva a descoberta de novos conhecimentos e novas técnicas.

Técnica
É o modo de fazer, de forma mais hábil, segura ou perfeita, uma determinada ação.
Exemplo: Deslocar-se de casa para o trabalho. (método empregado? técnica
empregada?)

Método
Conjunto de processos racionais para fazer qualquer coisa ou obter qualquer
resultado teórico ou prático. Exemplos: Colocar um carro em movimento. Ou:
Conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas para alcançar um
determinado fim.

Lembrando, portanto que: Um mesmo objetivo admite vários métodos e um


mesmo método permite utilizar várias técnicas.

Isso implica em: Um mesmo problema admite várias soluções!

Tecnologia
Através do conhecimento científico procura-se obter instrumentos, processos e
sistemas e planejar linhas de ação.

Desenvolvimento tecnológico
Está relacionado à definição dos procedimentos técnicos para a produção de algum
bem ou serviço.

Desenvolvimento Científico e Tecnológico


65

A ciência, através dos conhecimentos, permite a evolução da tecnologia e a


tecnologia permite à ciência dar corpo às idéias.

Conforme a figura 6 pode-se perceber que o Método Científico é bem objetivo, e


toda o Conhecimento obtida através deste Método é o que conhecemos como
Ciência. Resumidamente, funciona da seguinte forma: O cientista/pesquisador
observa na natureza um problema ou um fato que ainda não obteve explicação.
Com este fato, ele formula uma hipótese sobre como e/ou porque acontece este
fato.

Através de experimentação e/ou observação, ele confirma ou não sua hipótese. Mas
esta etapa é fundamental: Não basta realizar apenas um experimento isolado – o
pesquisador deve usar de técnicas específicas para configurar a veracidade e
acuidade dos experimentos; encontrar os erros nas medições; parâmetros que
podem influenciar nos resultados e etc. Este é um processo que os alunos de cursos
de Engenharia aprendem a fazer em uma disciplina experimental, por exemplo, as
de Física.

Após os testes, experimentos e observações, o pesquisador obtém uma explicação


ao fato estudado. Com estas explicações, formula leis e teorias. Com tais leis e
teorias, usando a indução e dedução, pode fazer previsões sobre outros fatos
similares e finalmente, após publicar no meio científico seus resultados, através de
artigos científicos, teses, dissertações, monografias e etc, obtém-se um fato
científico estabelecido.
66

Figura 6. Diagrama explicativo simplificado sobre como funciona o método Científico. Este diagrama foi adaptado
do livro What is this thing called Science? (O que é essa coisa chamada ciência?), de Alan Chalmers, University
of Queensland Press, Open University Press, 1999.

A figura 6 como os cientistas constroem teorias e leis usando indução e, então,


deduzem novos fatos e novas previsões baseados nessas leis e teorias. Suas
deduções são lógicas, mas essas verdades intelectuais se apoiam em teorias e leis
que são verdades materiais.

Outro ponto importante a ser observado é o tipo de variáveis que o pesquisador


pode usar/encontrar em sua pesquisa: Saber identificá-las e trabalhar com elas é
essencial para o bom desenvolvimento da sua vida como Engenheiro. Conforme
Rauen (2012), Por variáveis definem-se quaisquer eventos, situações,
comportamentos ou características individuais que assumem pelo menos dois
valores discriminativos. Isso permite opô-las às constantes, que se definem por
possuir valores estáticos, naturais ou convencionados. Existem vários tipos de
variáveis, que são independente, dependente, moderadora, espúria, de controle, de
teste, antecedente, componente, interveniente, extrínseca, de supressão e de
distorção. Para um entendimento maiôs sobre estes tipos de variáveis, recomenda-
se a leitura do artigo de Fábio José Rauen, disponível na página:
67

http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/simfop/artigos_IV%20sfp/_F
%C3%A1bio_Rauen.pdf .

7.3.5 Paul Feyerabend (1924–1994)

Agora um leve toque de anarquia. Nos anos 1960, quando era professor em
Berkeley (Estados Unidos), Paul Feyerabend costumava convidar bruxas,
criacionistas, darwinistas e adivinhos para explicar sua “ciência” e debater a verdade
com os alunos. Para Feyerabend: “Tudo vale”.

Segundo Feyerabend, os fins justificam os meios no mundo da ciência. Galileu, por


exemplo, valeu-se de mentiras, distorções de dados e propaganda tanto quanto das
observações que fez pelo telescópio que inventou, disse Feyerabend.

“Galileu”, ele argumentou, “prevalece por causa de seu estilo e de suas técnicas de
persuasão inteligentes, porque ele escreve em italiano e não em latim, e porque
recorre a pessoas que fazem oposição às velhas ideias e aos padrões de
aprendizagem a elas ligados”.

Se os cientistas conseguem argumentos por meio das mesmas ferramentas que


todo mundo, a verdade científica não é mais sólida do que a verdade do astrólogo,
do leitor de mãos ou do místico. Assim, Feyerabend disse que todas essas
abordagens são igualmente válidas – ciência, sobretudo a ciência institucionalizada,
nada mais é do que um fenômeno histórico; dogmas científicos podem ser até
mesmo perigosos; a sociedade deveria quebrar o feitiço dessa ciência totalitária.

O caminho para o construtivismo sociológico estava aberto.

7.3.6 Construtivismo sociológico

Por que não seria um bom objeto para os antropólogos observar o comportamento
dos cientistas como se eles formassem uma tribo particular? A pesquisa
68

antropológica procura minimizar a importância do que as pessoas dizem ou


escrevem, enfatizando o que elas realmente fazem.

Baseado nessa ideia, o construtivismo sociológico afirma que a ciência é um


produto puro da sociedade. Seus adeptos concluem que a sociedade determina em
grande parte as crenças dos cientistas: um cientista pode se apoiar em suas
publicações e seus estudos; é o contexto cultural que determina a crença da
população numa determinada teoria científica.

Construtivistas sociológicos assumem que os cientistas apenas enganam a si


mesmos quando afirmam que conhecem a realidade. O discurso científico é
inteiramente motivado por seus esforços para conseguir poder, e a ciência nada
mais é do que um meio de opressão.

Um exemplo de construtivista sociológico é Bruno Latour, um sociólogo francês que


descreveu o que ele chama de “ciência em ação”, em que a ciência é reduzida à
descrição dos gestos de cientistas em laboratórios.

Em sua descrição de ciência, não está claro o que os cientistas veem quando olham
por um microscópio. Ninguém pode saber realmente. Claro, os cientistas afirmam:
“Vejo bactérias”. Mas bactérias não falam, não se identificam. Para Latour e
partidários da “ciência em ação”, muito da ciência é pura ficção, construção das
mentes dos cientistas.

A abordagem sociológica, como a de Kuhn, pelo menos coloca as descobertas


científicas de volta em seu contexto histórico. Ela explica o que aconteceu com a
descoberta de Gregor Mendel sobre a hereditariedade e a teoria dos movimentos
continentais de Alfred Wegener, as duas muito à frente de seu tempo. Nenhuma foi
levada a sério ou teve muito impacto até décadas depois de terem sido elaboradas.

7.3.7 Relativismo cultural e ciência


69

O conceito de ciência como construção de cada sociedade particular em um período


determinado de tempo se encaixa muito bem à filosofia do relativismo cultural, que
afirma que cada sociedade tem sua própria verdade e que todas são igualmente
válidas.

Os dois autores originais da maior parte do conteúdo deste capítulo viram o reitor da
Faculdade de Ciências da Universidade de Yaoundé (Camarões) abrir um workshop
com a seguinte fala: “Nós, africanos, precisamos inventar o nosso modelo de
átomo”. Outros acreditam que a parcela relativamente pequena dos esforços
científicos que se dedicam a resolver problemas do mundo em desenvolvimento é
uma característica intrínseca da ciência dominada pelo Ocidente. Algumas
feministas têm ponderado que uma ciência com maior participação de mulheres
seria mais benevolente em relação ao meio-ambiente.

Hossein Nasr, um famoso estudioso islâmico que agora leciona em Harvard


(Estados Unidos), diz que a ciência como existe atualmente é o produto de um
mundo ocidental decidido a colocar a natureza a seu serviço, sob “tortura”, se
necessário. Ele diz que uma ciência islâmica seria diferente porque a natureza é
sagrada segundo o Islã. Na Índia, alguns esperam criar uma ciência diferente,
baseada nos conceitos hindus de espaço, tempo, lógica e natureza.

Se a ciência é um produto sociocultural, ela pode ser usada por diferentes grupos
para promover seus próprios interesses, a custo de outras culturas, do ambiente e
da paz?

O que você acha?

7.4 Como a ciência é construída... na vida real!

7.4.1 Introdução

Esta parte da lição introduz a ciência como ela é construída, dia a dia, na vida real, e
como a verdade científica é colocada na prática.
70

O leitor vai aprender como a ciência é construída por meio da publicação de artigos
científicos em revistas especializadas. Vai aprender sobre o mecanismo de
checagem dos fatos em que está baseado o sistema de publicação das revistas
científicas, e vai aprender também sobre suas limitações. Como conclusão desta
parte haverá a apresentação de outro mecanismo científico de busca da verdade
que exerce papel importante nas decisões sobre temas complexos e cruciais para a
humanidade.

A expectativa é que, após esta lição, o leitor domine alguns conceitos que lhe
ajudarão a averiguar a credibilidade de cientistas e suas publicações.

7.4.2 Ciência: é o que está nas revistas científicas

Se o aluno perguntar a um pesquisador ou pesquisadora o que ele ou ela faz, eles


podem responder: “Eu escrevo artigos para revistas científicas”. Podemos dizer,
então, que a ciência é o que está nas revistas científicas.

A validade dessa definição baseia-se no fato de que publicar é vital para qualquer
cientista – eles devem publicar ou perecer. Um cientista que não publica não tem
status, financiamentos e, provavelmente, logo ficará sem emprego. Depois que um
cientista se forma na universidade, sua carreira depende de uma série contínua de
artigos publicados, e, sobretudo, do número de artigos publicados nas principais
revistas científicas – aquelas com maiores índices de citações e fator de impacto.

Artigos científicos publicados nas melhores revistas passam por dois testes.
Primeiro, o editor da publicação avalia por alto a qualidade, mas também a
importância do artigo. Depois, cópias do texto são enviadas para alguns
especialistas do mesmo campo – conhecidos como “pares”; por isso esses artigos e
revistas são chamados “peer-reviewed” (revisados por pares).

Todas as revistas científicas sérias têm seus artigos revistos por pares antes da
publicação.
71

A revisão por pares é o processo pelo qual manuscritos submetidos a revistas


científicas são avaliados por especialistas qualificados (geralmente anônimos para o
autor), de modo a determinar se os textos estão aptos para publicação. Esses
especialistas observam sobretudo a relação entre a metodologia e as conclusões do
artigo.

Um índice de citações é uma base de dados de artigos que indica quantas vezes o
trabalho de um autor foi referido ou citado por outros autores, e onde. Ele é uma
indicação da importância do trabalho.

O fator de impacto mede a frequência com a qual um “artigo médio” da revista tem
sido citado em determinado ano ou período; é um índice calculado pela divisão do
número de citações ao longo de um ano pelo número de itens publicados naquela
revista durante os dois anos anteriores. Ele pretende eliminar as tendências que
favorecem algumas grandes revistas. Fatores de impacto de várias revistas
científicas podem ser conferidos em http://www.sciencegateway.org/rank/index.html .
Esse site, em inglês, é uma mina de informações sobre a produção científica dos
pesquisadores, universidades e países, assim como a página
[http://sciencewatch.com/].

7.4.3 As limitações da revisão por pares

Essencialmente, o fato de um artigo passar pela revisão por pares significa que
outros especialistas na mesma área de pesquisa pensam que o conteúdo do artigo
revisado é compatível com o que é geralmente aceito naquela área.

Mas o verdadeiro teste sobre a veracidade do artigo só vai acontecer quando outros
cientistas obtiverem os mesmos resultados usando as mesmas metodologias. A
validade dos artigos revisados por pares é apenas temporária; enquanto outros
experimentos não tiverem confirmado suas conclusões, é recomendável manter
cautela em relação a elas.
72

Certamente, a revisão por pares não é à prova de enganos, não é impossível de


falsificar. A falha do sistema de revisão por pares mais espetacular dos últimos
tempos é o artigo do sul-coreano Hwang Woo-suk, que fingiu ser o primeiro a clonar
com sucesso um embrião humano e produzir células-tronco a partir dele. A edição
da revista Science, publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência
(AAAS, na sigla em inglês), que continha o artigo foi deliberadamente lançada
simultaneamente à reunião anual da instituição em 2004, em Washington. A
publicação trouxe enorme publicidade para a AAAS e para a Science. Mas o dano à
reputação das duas foi ainda maior quando a fraude foi descoberta.
[http://www.sciencemag.org/sciext/hwang2005/]

John Rennie, editor-chefe da Scientific American, dá quatro conselhos sobre


cuidados a serem tomados em relação às revistas revisadas por pares, afirmando
que elas são suscetíveis a:

• Possibilidade de um erro: O conteúdo de um artigo revisto por pares é


confirmado apenas depois que outros cientistas reproduziram os mesmos resultados
usando a mesma metodologia.
• Fraude: É quase impossível para os revisores desmascarar fraudes deliberadas;
toda a atividade de publicação científica está apoiada na boa fé dos pesquisadores.
Mas os jornalistas científicos são mais complacentes com as revistas científicas
como fontes do que os jornalistas que cobrem economia são com os relatórios
financeiros.
• Preconceitos e desonestidade: Os autores podem ter feito um acordo com
editores e anunciantes com quem têm afinidade – neste caso, editores podem
aceitar publicar materiais que não deveriam ser publicados.
• Pressão política: Por exemplo, quando o governo dos Estados Unidos diz às
revistas que não publiquem artigos do Irã, Líbia ou Sudão.

Porém, mesmo com essas reservas, Rennie conclui que as raras ocasiões em que
revistas científicas revisadas por pares falham não devem impedir os jornalistas de
fazer dessas publicações suas fontes privilegiadas de informação.
73

7.4.4 Verdades científicas por consenso

Governos no mundo inteiro têm que lidar com ameaças relacionadas ao clima, aos
recursos hídricos, às reservas de energia, à vida privada e à saúde. Pessoas
responsáveis por tomar decisões e políticos deparam-se com escolhas vitais com
impactos potenciais enormes em empregos, na saúde, na riqueza e mesmo em
estilos de vida das populações.

Ao mesmo tempo, é quase impossível descobrir o estado exato dos recursos do


planeta em relação a água, comida, petróleo, gás, florestas e terras cultiváveis, e
mais difícil ainda saber com certeza as tendências para esses recursos em curto,
médio e longo prazos, o clima e potenciais soluções tecnológicas.

Diante desses desafios globais sem precedentes, especialistas e governo têm


colocado em prática alguns mecanismos para avaliar os problemas e, às vezes,
fazer recomendações. Essas abordagens unem os maiores especialistas na área e
lhes oferecem apoio para encontrar, investigar e documentar as questões e publicar
suas conclusões e recomendações de forma independente.

Esses mecanismos podem variar de um pequeno comitê convocado para verificar o


estado da arte sobre hábitos alimentares a um comitê de academias nacionais de
ciências, de uma comissão especial formada para descobrir por que uma ponte caiu
a uma equipe mundial de milhares de especialistas como o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que
ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2007.

O IPCC mobiliza milhares de cientistas. Eles não recebem salário e a maioria


trabalha de forma anônima. Eles concordaram em ler e refletir sobre dados
extremamente complexos, escrever artigos de revisão sintetizando textos
especializados, viajar para conferências a fim de estabelecer consensos sobre a
interpretação dos dados, conclusões e recomendações. Além disso, os cientistas do
IPCC precisaram que seus governos aprovassem cada um de seus relatórios. Foi
74

um trabalho cansativo, mas os cientistas participantes tiveram a oportunidade de


avaliar suas pesquisas e inserir-se no que há de melhor no mundo nessa área.

7.4.5 Fontes deste capítulo

Site do IPPC: [http://www.ipcc.ch/]

Outras academias de ciências

Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês)


[http://twas.ictp.it/]
Academia Brasileira de Ciências [http://www.abc.org.br/]

7.5 Atividades para este capítulo

Questão 1:

Responda brevemente às questões a seguir:

a. O que significa ”conhecer” um objeto?


b. Qual é a origem latina da palavra “razão”?
c. Liste algumas das grandes religiões do mundo.
d. O conhecimento cotidiano questiona a si mesmo e crê que é imutável?
e. Os cientistas usam o conhecimento cotidiano?
f. Como adquirimos o conhecimento comum?
g. Quando o conhecimento em profundidade ou sistemático começa?
h. O que distingue o conhecimento sistemático?
i. Alguém pode compreender realmente uma obra de arte?
j. Que tipo de conhecimento profundo a ciência oferece?
k. Quais são as características da ciência experimental?
l. Liste algumas abordagens do conhecimento.
m. Quais são os passos-chave do método experimental?
n. A ciência é um tipo de religião?
75

o. Como você avalia a credibilidade de um cientista?


p. Como avaliar a importância e influência de um cientista?
q. Quais os quatro fatores que podem levar você a ter reservas sobre a qualidade
dos artigos de revistas científicas revisadas por pares?
r. Quais são os prós e contras de um cientista participar de um comitê ou comissão
científica?

Questão 2:

Considere o seguinte e escreva respostas curtas:


a. Você diria que há muitas formas diferentes de “conhecer”?
b. Diferentes populações têm seus próprios tipos de conhecimento?
c. Na sua cultura, o que significa “conhecer”?
d. Você pode listar algumas crenças da sua comunidade?
e. O que significa ser um homem ou mulher “razoável” na sua cultura?
f. A astrologia é uma crença ou uma ciência?
g. Cite um exemplo de conhecimento do senso comum.
h. Se eu disser: “O Sol se levanta toda manhã e se põe toda noite”, que repertório de
conhecimento estou usando?
i. Quem ensinou a você que o Sol se levanta e se põe?
j. Você pode lembrar conhecimentos que você adquiriu na companhia de outras
crianças e amigos?
k. Um físico, um pintor e um escultor têm alguma coisa em comum?
l. É possível aumentar a compreensão de algum fenômeno indo além das
impressões superficiais?
m. Você pode descrever a diferença entre razão e emoção?
n. Há semelhanças entre uma equação matemática e um poema?
o. Há diferenças entre uma equação matemática e um poema?
p. Existe alguma tradição no conhecimento sistemático?
q. Alguém diz: “Vi o Sol se pôr 36 mil vezes no mesmo dia”, enquanto outra pessoa
diz que “o Sol nunca se põe”. Que sentença foi dita por um poeta e que sentença foi
dita por um cientista?
r. Que tipo de pessoas baseia seu conhecimento na estética?
76

s. Que pessoa usa conhecimentos verdadeiros que podem ser demonstrados?


t. Que sentença é neutra, objetiva e universalmente verdadeira?
u. Por que se diz que o conhecimento científico é sua própria crítica e é racional?
v. No seu país, os cientistas também pensam que são artistas?
w. O que é o método experimental?
x. Para que servem laboratórios experimentais?
y. Algum cientista do seu país já explicou seus métodos para você?
z. Que informação você tem sobre a pesquisa científica em seu país: instituições,
laboratórios e instrumentos de pesquisa, cientistas e seus achados, políticas de
ciência e tecnologia?
aa. Liste três razões que fazem da ciência uma ameaça à humanidade e três razões
que fazem da ciência sua salvação.
bb. Descubra quantos artigos científicos são publicados pelos pesquisadores do seu
país.
cc. Cite algumas revistas científicas publicadas em seu país, sendo algumas com
revisão por pares e outras, não.
dd. Você concorda com John Rennie?
ee. Dê um exemplo de fraude científica em seu país.
ff. Cite um comitê científico do seu país.
gg. Dê um exemplo de recomendações científicas que foram aceitas ou rejeitadas
em sua região ou seu país.
hh. O seu país tem uma academia de ciências?
ii. Os comitês científicos e as academias de ciência falam a verdade?

7.6 Respostas das questões (1-2)

Questão 1:

a. “Conhecer” um objeto significa estar apto a descrever suas características visíveis


e invisíveis em relação a outros objetos do mesmo ambiente.
b. A palavra “razão” vem da palavra latina ratio, que significa cálculo. Comportar-se
de forma racional significa agir calculando os efeitos de suas ações.
c. Islamismo, cristianismo, judaísmo, budismo e hinduísmo.
77

d. No conhecimento comum, enunciados acumulados não podem mudar e


permanecem iguais para sempre.
e. Cientistas têm como ponto de partida o conhecimento comum em suas vidas
cotidianas. Eventualmente, “quebram seu feitiço” por meio de seu trabalho.
f. O conhecimento comum é construído e transmitido por nossas famílias, parentes,
amigos próximos, vizinhos, parceiros, tribos e comunidades.
g. O conhecimento sistemático começa quando alguém decide não ficar mais
satisfeito apenas com as informações imediatas de nossos sentidos e deixa de
confiar nelas. Então, temos que cavar um pouco mais fundo. Depois, ficamos
viciados em fazê-lo e começamos a olhar para as coisas de maneira diferente.
h. O conhecimento sistemático busca olhar para as coisas de forma diferente
daquela que a tradição recomenda. Ele nos lança em uma jornada de criação,
imaginação e descoberta. Faz com que rejeitemos a monotonia e paremos de nos
apoiar na tradição. Ele questiona tudo.
i. O verdadeiro trabalho artístico só pode ser compreendido por alguém que conhece
estilos, tipos, formas, simbolismos, locais de produção e história da arte.
j. O conhecimento científico profundo está relacionado à verdade a que a natureza
obedece.
k. A ciência experimental é baseada em fatos. Checa os fatos, é objetiva, impessoal,
universal e racional.
l. A busca da verdade foi algumas vezes respondida pela religião, argumento de
autoridade, misticismo e senso comum (conhecimento comum).
m. A ciência moderna segue esses passos: observação, experimentação,
explicação, generalização e previsão.
n. Embora pareça poderosa e não aparente ter limites, a ciência não é religião. Uma
infraestrutura grande e dispendiosa torna a ciência mais presente em alguns grupos
ou populações, mas os cientistas não pertencem a raça, sexo, idade, religião, cor de
pele ou classe social determinados.
o. Peça cópias de seus artigos e veja se eles foram publicados em revistas
científicas revisadas por pares.
p. Descubra, por um índice de citações, quantas vezes seus artigos foram citados, e
verifique o fator de impacto das revistas em que os textos foram publicados.
78

q. 1) A possibilidade de erros, já que eles lidam com verdades temporárias. 2) A


possibilidade de fraude, por exemplo, com fotos adulteradas. 3) A possibilidade de
serem tendenciosos e desonestos. 4) Pressão política impedindo a revista de usar
apenas critérios científicos para decidir a favor ou contra determinado artigo.
r. Contras: carga de trabalho, muito a ler e sintetizar, pouco reconhecimento,
necessidade de chegar a consenso passando por inevitáveis tensões e conflitos,
viagens frequentemente sem reembolso financeiro. Prós: oportunidade de entrar em
contato com as pesquisas mais recentes e confiáveis,viajar, encontrar com os
melhores especialistas da área e possibilidade de validar a própria pesquisa.

Questão2:

Muitas respostas são possíveis. Discuta-as com o seu grupo e seus colegas em
sala.

7.7 Exercícios (1-6)

Exercício 1:

Descubra o que os cientistas de seu país pensam sobre os jornalistas científicos


locais.

Exercício 2:

Clique no link [http://www.techno-science.net/?onglet=glossaire&definition=2892].


Escreva um artigo breve sobre a pesquisa científica: sua definição, sua história, os
problemas que ela traz à sociedade, sua ética.

Exercício 3:

Entre Kuhn, Popper e Feyerabend, escolha seu filósofo da ciência preferido e diga
por quê.
79

Exercício 4:

Em uma página, explique se a ciência é o produto de uma determinada cultura ou


um conhecimento universal.

Exercício 5:

Entreviste um cientista que tenha artigos aceitos (ou rejeitados) por uma revista
científica revisada por pares. Pergunte por que o artigo foi aceito ou não; se
publicado, quanto tempo demorou para isso e qual foi o impacto em sua carreira.

Exercício 6:

Compare uma revista científica revisada por pares e uma que não faz essa revisão.
Quais são as diferenças?
80

CAPITULO 8

8.1 A engenharia e suas áreas, o engenheiro e suas atribuições

O objetivo deste capítulo é entender as varias áreas da engenharia, suas


especializações e particularidades. Conhecer cada ramo da engenharia leva a uma
certeza do que, realmente, um futuro engenheiro tem pela frente.

Definição de Engenharia:
Aplicação de métodos científicos ou empíricos à utilização dos recursos da natureza
em beneficio do ser humano;

O conjunto de atividades e funções de um engenheiro, que vão da concepção e do


planejamento até a responsabilidade pela construção e pelo controle dos
equipamentos de instalações técnica ou industrial.

Da energia do fogo a energia do átomo,em seu constante relacionamento com a


matéria o homem foi aprendendo a desfrutá-la e modificá-la segundo suas
necessidades e conveniências.

A formação em Engenharia:
Aprendizado de conhecimentos
Ciências e Matemática (requisitos técnicos)
Outras áreas: requisitos não técnicos
Desenvolvimento de habilidades
Trabalho em equipe
Criatividade
Comunicação
Resolver problema de Engenharia
Realizar Projeto de Engenharia

Conteúdos gerais de um curso de engenharia:


Básicos
81

física, química e matemática;


Específicos
topografia, geologia, economia mineral, que são assuntos pertinentes a engenharia
de extração de petróleo;
Profissional
conteúdo de cunho geral, que diz respeito a atuação no mercado de trabalho;
Ciências sociais
Economia
Administração
Ciência do ambiente
Macroeconomia
Contabilidade e balanço
Complementar
Visita técnica
Evento científico
Programa de extensão universitária
Trabalho em equipe
Iniciação científica
Projeto multidisciplinar
Monitoria
Atividade cultural, política e social
Atividade empreendedora
Empresa Júnior

As bases de um curso de engenharia:


O papel do ensino universitário é:
• Estimular o questionamento e a reflexão crítica;
• Esclarecer sobre as possibilidades e limites dos conhecimentos atuais,
mostrando sua eterna provisoriedade;
• Permitir o crescimento intelectual;
• Estimular a criatividade
Tudo isso porque devemos nos preparar para responder a questões novas,
inusitadas e até próprias de um novo momento histórico.
82

As áreas da engenharia:
Os possíveis campos de atuação da engenharia são bastante amplos para que uma
pessoa só possa dominar com excelência: a tecnologia, o embasamento científico e
as técnicas de cálculo. Por isso as várias engenharias.

Engenharia Civil
O engenheiro civil atua:
• Estudando, projetando, fiscalizando, supervisionando trabalhos relacionados
a:
• Pontes;
• Túneis;
• Barragens;
• Estradas;
• Vias férreas;
• Portos;
• Canais;
• Rios;
• Drenagem;
• Irrigação;
• Sistemas de transportes.

Áreas de atuação:
• Indústrias de construção civil;
• Indústrias de materiais de construção;

Pode se especializar em:


• Estruturas;
• Fundações;
• Saneamento;
• Mecânica dos solos;
• Transportes;
• Infraestrutura portuária e aeroportuária.
83

Além das matérias básicas estuda-se também:


• Mecânica dos solos;
• Concreto;
• Madeira;
• Pontes;
• Estabilidade estrutural.

Engenharia de Materiais

O engenheiro de materiais é o profissional que trabalha no:


• Desenvolvimento de novos materiais e produtos industriais;
• Com a ciência dos materiais, polímeros, cerâmicas, metais e metalurgia do
pó;
• Estuda o desenvolvimento de processos de tratamento das matérias-primas;
• Prepara novas ligas metálicas.

Atua em:
• Indústrias públicas e privadas;
• Áreas de siderurgia;
• Petroquímica;
• Automobilísticas;
• Plástico.

Os estudos para formar-se nesta área são em:


• Química;
• Estrutura da matéria;
• Teorias da composição;
• Comportamento dos materiais;
• Processos de fabricação.

Engenharia Mecânica
84

É a área da engenharia que cuida do desenvolvimento, do projeto, da construção e


da manutenção de máquinas e equipamentos. Desenvolve, projeta e supervisiona a
produção de máquinas, equipamentos, veículos, sistemas de aquecimento e de
refrigeração e ferramentas específicas da indústria mecânica. Calcula a quantidade
necessária de matéria-prima, providencia moldes das peças que serão fabricadas,
cria protótipos e testa os produtos obtidos.
Classes:
• Mecânica pesada – turbinas hidráulicas, guindastes, pontes rolantes.
• Produção em série – carros, geladeiras, máquinas de costura.
• Mecânica fina – instrumentos de precisão, como impressoras, instrumentos
de medição, máquinas fotográficas.

Engenharia de Produção
O engenheiro de produção é responsável pelo:
• Planejamento, execução e controle da produção.
• Fixação da escala de produção;
• Estabelecimento de programas de trabalhos e prazos.

É responsável por garantir:


• Produção otimizada e racionalizada;
• Balanceamento da linha de produção – métodos e tempos de montagem,
alocação de pessoal, ferramentas, velocidades de trabalho.
• Visando aumentar a produtividade de uma empresa, aperfeiçoando o
relacionamento entre homem e máquina.

Os estudos para forma-se nesta área são em:


• Economia, meio ambiente, finanças;
• Controle de qualidade;
• Métodos e tempos;
• Gerência de produção;
• Ergonomia e segurança do trabalho;
• Gestão da tecnologia.
85

Engenharia Química
É a área da engenharia voltada para o desenvolvimento de processos industriais
que empregam transformações físico-químicas.

O engenheiro químico cria técnicas de extração de matérias-primas, bem como de


sua utilização ou transformação em produtos químicos e petroquímicos, como tintas,
plásticos, têxteis, papel e celulose. Projeta e dirige a construção e a montagem de
fábricas, usinas e estações de tratamento de rejeitos industriais. Pesquisa e implanta
processos industriais não poluentes, de acordo com a normatização e o
desenvolvimento sustentável.

• Atua em:
• Indústrias químicas;
• Petrolíferas;
• Petroquímicas;
• De papel e celulose;
• Tintas e vernizes;
• Cosméticos e perfumes;

Inspeciona e coordena atividades dos trabalhadores encarregados de trituradores,


misturadores, reatores, evaporadores.

Visando garantir o tratamento químico adequado dos materiais.

Os estudos para formar-se nesta área são em:


• Química orgânica e inorgânica;
• Físico- química;
• Eletroquímica;
• Corrosão;
• Química analítica.

Engenharia Mecatrônica (Controle e Automação)


86

Mecatrônica ou controle e automação é a fusão de duas áreas da engenharia,


mecânica e eletrônica.

Profissionais desta área são responsáveis pelo projeto, operação e manutenção de


processos e sistemas automatizados, comandados por microprocessadores.

Engenharia de Petróleo

O Engenheiro de Petróleo promove a interação da mão-de-obra, matérias-primas e


equipamentos, planejando, acompanhando e controlando o processo, de modo a
obter maior produtividade e qualidade, menores custos e atendendo às
necessidades dos clientes.

Seus serviços são demandados em empresas públicas e privadas dos setores


primário, industrial, comercial ou de serviços. Além destas atividades, este
profissional tem perspectivas interessantes na área docente, tanto em universidades
e faculdades quanto em cursos de formação profissional.

8.2 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: Sentar-se em grupos de 3 a 5 componentes do mesmo


curso e listar as empresas da região da Grande Vitória* ligadas ao seu curso e
descreva as respectivas áreas de atuação do engenheiro em cada uma delas.
* Pode ser de outra região, se o grupo assim desejar.

Tarefas complementares extra-classe: Entreviste 3 profissionais da sua área de


formação que estejam atuando em diferentes funções. Escreva uma conclusão à
respeito destas entrevistas.
87

CAPÍTULO 9

9.1 O engenheiro e suas atribuições

Neste capítulo veremos as atribuições dos engenheiros. Locais de atuação e suas


funções. É importante conhecer o trabalho da profissão escolhida.

Engenheiro é o profissional formado em Engenharia. Contribui para que se garanta


ao homem um trabalho menos árduo e uma vida mais digna. Usa os conhecimentos
empíricos e científicos a criação de estruturas, dispositivos e processos para
converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das
necessidades humanas.

É notória a dependência cada vez mais elevada da sociedade moderna em relação


aos frutos da engenharia. A engenharia esteve presente em praticamente todos os
momentos históricos, desenvolvendo sistemas de transporte e de comunicação por
exemplo. Os engenheiros contribuem para que se garanta ao homem um trabalho
menos árduo e uma vida mais digna.

9.2 O Engenheiro e a sociedade

Para que se tenha uma ideia integrada de seu trabalho com o meio ambiente que o
cerca o profissional precisa ter:
• Visão sistêmica, que lhe confere um bom domínio da realidade física, e por
extensão, das atividades social e econômica.
• Raciocínio analítico, que lhe permite sair-se bem em diversas atividades.
• Ousadia, empregando novas técnicas, novas teorias, contribuindo assim, de
forma mais significativa para e desenvolvimento da profissão, e consequentemente
para o avanço da sociedade.
• Estar preparado para um novo contexto político, social e econômico
(constante desenvolvimento da sociedade).
88

Um engenheiro pode desempenhar inúmeras funções dentro do mercado de


trabalho. De maneira geral ele pode atuar como:
• Autônomo – profissional que estabelece seus horários e condições de
trabalho, atuando geralmente em seu próprio escritório.
• Empregado – atua diretamente para uma empresa, com a qual mantém um
contrato de trabalho prestando serviços técnicos.
• Empresário – É aquele que é responsável por alguma empresa e que contrata
outros profissionais, com vínculos trabalhistas.

9.3 Setores de atuação dos engenheiros

• Indústrias
• Bancos de investimento e desenvolvimento
• Construções
• Escritórios de profissionais liberais
• Instituições públicas e privadas
• Estabelecimento de ensino
• Escritório de consultoria
• Empresas de assessoramento
• Institutos de pesquisa

9.4 Atribuições de um engenheiro, dentro de suas competências técnicas


legais

Administrar Desenvolver Experimentar


Analisar Dirigir Fiscalizar
Assessorar Emitir parecer Gerenciar
Avaliar Ensinar Manter
Construir Ensaiar Operar
Consultar Especificar Pesquisar
Controlar Estudar
Executar
89

9.5 São competências e habilidades dos engenheiros

• Aplicar conhecimentos científicos, matemáticos, tecnológicos e instrumentais


• Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços técnicos.
• Identificar, formular e resolver problemas.
• Comunicar- se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica.
• Avaliar a viabilidade econômica de projetos.
• Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos.
• Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados.
• Desenvolver e utilizar novas ferramentas e técnicas.
• Avaliar os impactos sociais e ambientais de suas atividades.
• Atuar e equipes multidisciplinares

9.6 Qualidades desejáveis em um engenheiro

• Conhecimentos Objetivos
O profissional de engenharia deve possuir bons conhecimentos dos fundamentos
das leis da física, da estrutura da matéria, do comportamento dos fluidos, das
ligações químicas, da conversão de energia.
• Comunicação
Realização de relatórios técnicos;
Discursão de detalhes de um projeto;
Gráficos e tabelas para demonstração de algum sistema;
Uma busca persistente por um aperfeiçoamento desta qualidade deve ser
constantemente exercida.
• Experimentação
Testar protótipos;
Regular o funcionamento de sistemas;
Medir variáveis físicas em processos;
Realizar experiências.
• Aperfeiçoamento contínuo
O bom engenheiro deve estar sempre a par dos avanços da sua área de trabalho.
Por isso a aprendizado deve ser contínuo. Livros, revistas técnicas, períodos,
90

seminários, congressos, mesas redondas, simpósios, feiras industriais, grupos de


estudos e associações de classe são instrumentos de que se deve fazer uso.
• Relações humanas
Trocar idéias com clientes, operários, políticos, diretoria da empresa, usuários, vão
fazer parte do cotidiano do engenheiro.
• Trabalho em equipe
Implica em:
Respeito mútuo entre seus componentes;
Espírito de equipe e vontade de colaborar com os demais membros do grupo, tudo
em prol de um bom resultado final.

9.7 Ética profissional

Implica no comportamento do profissional perante a sociedade, seu empregador,


seus clientes ou concorrentes.

A atuação profissional, baseada em princípios éticos, deve se pautar pelo respeito


ao trabalho de outros e pela adoção de uma postura correta na aplicação dos
conhecimentos técnicos.

Além de todas essas qualidades e habilidades que um engenheiro deve possuir,


ainda deve-se ater aos estudos no campo CTS – sigla para designar Ciência,
Tecnologia e Sociedade. Os estudos sociais da ciência e da tecnologia – CTS –
buscam entender os aspectos sociais do fenômeno científico-tecnológico, seus
condicionantes e consequências sociais a ambientais. Tem por finalidade promover
uma conscientização sadia da ciência e da tecnologia, associada ao juízo crítico e a
análise reflexiva das suas relações com a sociedade.

9.8 Método de solução de problemas em Engenharia

Os engenheiros buscam a solução de problemas; eles são contratados justamente


por suas aptidões para solucionar problemas. Embora seja uma atividade essencial,
é impossível ensinar uma técnica específica que sempre levará à solução de um
91

problema.Mas existe uma sequência de passos que nos permite mais facilmente
“chegar à algum lugar”.

Um problema é uma situação, enfrentada por um indivíduo ou um grupo de


indivíduos, para a qual não há uma solução óbvia. Há diversos tipos de problemas
com os quais nos confrontamos:

• Os problemas de pesquisa exigem que uma hipótese seja comprovada ou


refutada. O problema é projetar um experimento que comprove ou refute essa
hipótese.
• Os problemas de conhecimento ocorrem quando uma pessoa se depara com
uma situação que não entende.
• Os problemas de defeitos ocorrem quando os equipamentos se comportam
de forma inesperada ou imprópria.
• Os problemas matemáticos são geralmente encontrados por engenheiros,
cujo principal objetivo é descrever os fenômenos físicos através de modelos
matemáticos.
• Os problemas de recursos são sempre encontrados no mundo real. Parece
nunca haver tempo, dinheiro, pessoal ou equipamentos necessários para executar
uma tarefa.
• Os problemas sociais podem afetar os engenheiros de diferentes formas.
• Os problemas de projeto são o coração da engenharia. Sua solução exige
criatividade, trabalho de equipe e conhecimento amplo. Um problema de projeto
deve ser adequadamente colocado para não haver erros.

O procedimento para a solução de um problema de engenharia deve seguir uma


forma ordenada e gradual. Por isso, o método segue a seguinte estrutura:

 Reconhecimento da necessidade e requisitos


 Definição do problema
 Geração e análise de alternativas de solução
 Definição de critérios para confronto de alternativas
 Escolha da melhor alternativa
92

 Detalhamento e comunicação da solução


 Construção, operação e manutenção

1. Identificação da Necessidade - O quê incomoda?


Identificação de tudo aquilo que parece insatisfatório no produto ou serviço
2. Definição do problema - Qual o problema?
Com o problema definido, estabelece-se o quê será modificado para eliminar as
insatisfações percebidas.
Obs: Uma vez que a necessidade tenha sido identificada, o problema deve ser
definido. Sem essa etapa, podemos acabar solucionando o problema errado.
3. Geração e análise de alternativas de solução - Quais as soluções?
A busca de soluções exige que os engenheiros gerem ideias que solucionem os
problemas de projeto. A geração de ideias é, inerentemente, um processo criativo.
Não se deve focar em apenas uma única solução, pois ela pode não ser a melhor e
nem a mais viável. É preciso exaurir todas as alternativas para se chegar à melhor
solução.
4. Definição de critérios para confronto de alternativas - Como escolher?
O que vamos estipular para escolher qual será a melhor alternativa? Custo, tempo
de acabamento, atraso, etc são exemplos de critérios que podem ser usados para
escolha de alternativas de solução de problemas.
5. Escolha de melhor alternativa - uma solução
Usa-se o confronto dos critérios para a escolha da melhor alternativa de solução.
6. Especificação da solução - Como fazer?

Descrição completa da solução escolhida. Pode ser usado:


 Esboços
 Desenhos
 Texto
 Diagramas
 Fluxogramas
 Modelos
 Etc.
7. Comunicação da solução - Como “vender”?
93

Apresentação oral e escrita da solução através de relatórios e memoriais.


8. Construção, operação e manutenção – Problema solucionado

9.9 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: formar grupos de 3 a 5 componentes e, seguindo o método


de solução de problemas, solucionar um problema de engenharia relacionado à sua
área de formação.
1. Identificar tudo aquilo que parece insatisfatório no produto ou serviço
2. Estabelecer o quê será modificado para eliminar insatisfações percebidas
3. Dar asas à imaginação para propor soluções inovadoras para o problema
proposto
4. Escolha das alternativas - Neste caso, selecionar por votação.
Cada elemento do grupo vota em 20% das idéias
Adota-se a que obtiver maior número de votos
5. Descrição completa da solução escolhida
Esboços
Desenhos
Texto
Diagramas
Fluxogramas
6. Cada grupo apresenta (5 a 10 min):
Percepções a respeito do produto ou serviço
Definição do objetivo
Solução escolhida
Detalhamento da solução
7. Comparação com as soluções dos demais grupos
Objetividade da definição
Inventividade da solução
Eficácia da apresentação
94

Tarefa complementar: ler o capítulo 2 (págs 34 a 41) do livro de Introdução à


Engenharia do Hotzapple & Reece (Biblioteca) e fazer um resumo.
95

CAPÍTULO 10

10.1 A engenharia, o engenheiro e a solução de problemas em engenharia

Os engenheiros buscam a solução de problemas; eles são contratados justamente


por suas aptidões para solucionar problemas. Embora seja uma atividade essencial,
é impossível ensinar uma técnica específica que sempre levará à solução de um
problema. (HOTZAPPLE & REECE, 2006)
Neste capítulo veremos uma das formas de solucionar problemas.

Apresentação dos trabalhos em grupos.

Trabalho 1 – Método para Resolução de Problemas em Engenharia


Valor: 10 pontos Peso: a definir

Critérios de Avaliação
1. Definição da Necessidade - 2
a. Bem definido;
b. Mal definido;
c. Indefinido.
2. Definição do problema - 2
a. Bem definido;
b. Mal definido;
c. Indefinido.
3. Quantidade de alternativas - 2
a. Muitas alternativas;
b. Poucas alternativas;
c. Única alternativa.
4. Especificação da solução - 2
a. Bem especificado;
b. Mal especificado;
c. Não especificado.
5. Apresentação - 2
96

a. Boa
b. Regular
c. Ruim

Pontos para discussão, debate e comparação de resultados:

 Objetividade da definição
 Inventividade da solução - criatividade
 Eficácia da apresentação
 Solução do problema proposto
97

CAPÍTULO 11

11.1 CRIATIVIDADE7

Ao final deste capítulo, o leitor deverá ser capaz de saber o que é a criatividade,
como ela é importante para a Engenharia, e consequentemente, ao futuro
engenheiro. Deverá ser capaz também de identificar as principais etapas do
processo criativo e ao final, aprenderá sobre as principais técnicas empregadas para
estimular a criatividade.

11.2 CR!AR… CR!AR… CR!AR…

Procurando por definições do que venha a ser criatividade, facilmente serão


encontradas citações que vão desde abordagens psicológicas até o pragmatismo
dos dicionários. Entre tantas, cada uma puxando pra sua área de atuação ou seu
contexto específico, é bem complicado se chegar qual delas seria a mais correta ou
a mais completa.

Galvão (1992) cita algumas delas:

“Criatividade é uma forma de loucura.” (Platão)

“A criatividade nasce de um impulso do Id visando a solucionar um conflito. O


indivíduo criativo sabe afrouxar o ego, fazendo com que os impulsos cheguem aos
umbrais da consciência.” (Freud)

“Inspiração divina.” (Sócrates)

7 Este texto foi gentilmente cedido pelo professor João Ademar de Andrade Lima e pode ser encontrado, na sua
forma íntegra, conforme a referência:

LIMA, João Ademar de Andrade. Criatividade - Universidade Federal de Campina Grande - Centro de Ciências
e Tecnologia - Unidade Acadêmica de Desenho Industrial. Disponível em:
http://www.joaoademar.xpg.com.br/criatividade.pdf. Acesso em: 28 de janeiro de 2013.;
98

“É o processo de produção, pelo qual uma pessoa produz um maior número de


idéias, pontos de vista, hipóteses, soluções, opiniões originais e eficazes do que as
demais pessoas, num espaço mais curto de tempo” (Osborn)

“Além da experiência, criatividade é auto-realização” (Rogers)

“Processo natural que abastece a leis imprevisíveis” (Kant)

“Atividade mental organizada, visando obter soluções originais para satisfação de


necessidades e desejos” (Maslow)

Buscando uma definição mais trivial, pode até se contentar com o dicionário:

Criatividade. s.f. 1. Qualidade de criativo. 2. Capacidade criadora; engenho,


inventividade.

Criar (lat., creare) v.t.d. Criar. v. 1. Tr. dir. Dar existência a, tirar do nada. 2. Tr. dir.
Dar origem a; formar, gerar. 3. Tr. dir. Imaginar, inventar, produzir, suscitar. 4. Tr. dir.
Estabelecer, fundar, instituir. 5. Tr. dir. Come-
çar a ter; adquirir. 6. Tr. dir. Alimentar, sustentar (uma criança). 7. Tr. dir. Educar. 8.
Pron. Crescer, desenvolver-se. 9. Tr. dir. Exercer a pecuária, como atividade
econômica.

Complicado, não?

Será que é isso mesmo que este capítulo oferece aqui?

Ser criativo é uma qualidade essencial para qualquer profissional, em qualquer ramo
de atividade, porém, em algumas profissões essa característica parece ser mais
evidente, assim como na Engenharia.

Solucionar problemas projetuais é, sem a menor dúvida, um ofício eminentemente


criativo. É uma atitude humana e racional, que nem todos os avanços tecnológicos
99

juntos podem substituir. Mas, para atingir um bom “nível” de criatividade, deve-se
“treinar” a mente, exatamente para evitar que ela literalmente “atrofie”. O objetivo
aqui não é traçar toda uma teoria acerca desse assunto, até porque não adianta
“teorizar” criatividade se não a colocá-la em prática. Dessa forma, este capítulo pode
ser entendido muito mais como uma base de consulta – até a título de curiosidade
mesmo – do que como um material de referência absoluta para esta parte da
disciplina, que como será vista no dia-a-dia se mostra bastante atípica, bem
diferente do que o aluno vindo do ensino médio está acostumado.

Assim sendo, o conteúdo aqui será resumido em três itens principais:

1. O conceito de criatividade – que já foi esboçado agora a pouco – e,


principalmente, a sua ocorrência nas pessoas (em TODAS elas!);

2. As etapas do processo criativo; e

3. Técnicas de criatividade.

11.3 Que trem é esse???!!!

Todos nós somos (MUITO!) mais criativos do que acreditamos ser; o fato é que
grande parte das pessoas não sabe ou não assume isso e, dessa forma, passa pela
vida sem sequer ter ciência do seu potencial e de, também, ser encorajado a
despertar e desenvolve-lo.

Todas as pessoas são criativas em diferentes níveis; o que difere é que algumas
pessoas agem segundo suas idéias e outras, simplesmente, as ignoram (até por
medo de serem vistos como loucos, inconseqüentes, “viajantes”!). Esse é o principal
propósito de se treinar a criatividade: desenvolver a habilidade de se gerar e
implementar novas idéias!
100

A criatividade também é uma aptidão, contudo, qualquer um pode ser criativo se


assim o quiser. Como as outras aptidões, a criatividade pode ser desenvolvida,
lapidada.

Muitas vezes as pessoas se intitulam “não criativas” por se basearem em uma ou


outra aptidão (ou talento) que não possuem, por exemplo, não “saber” desenhar;
isso não significa que não possa ser criativo tão, ou mais até, que fosse um exímio
desenhista.

A criatividade é uma habilidade humana básica e cada um de nós pode ser criativo
(ou mais criativo) se reconhecermos nossos talentos únicos e os desenvolvermos.

Mas aí vem a questão: como, então, reconhecer, desenvolver e aumentar a


criatividade?

O primeiro passo é entender e aceitar o fato de que você é, realmente, uma pessoa
criativa e que você é capaz de ser ainda mais criativo! Segundo, para se tornar mais
criativo, você deve alimentar e aprender a escutar sua “voz” interior, sua intuição.
Quando estiver, por exemplo, envolvido com uma atividade que requeira uma
solução criativa, esteja aberto a uma grande variedade de soluções possíveis, sem
limitações advindas de sua própria personalidade, ou de suas crenças, ou de sua
cultura social.

Outra coisa, não tenha medo de falhar! Mesmo um resultado ruim, à primeira vista,
pode conduzir a uma nova idéia ou nova possibilidade!

Outra dica boa é sempre ter um papel ao alcance para registrar as idéias na medida
em que elas ocorram... Utilize softwares que auxiliam seu processo criativo, como o
Sketch Book, por exemplo. Aprenda também a reconhecer, por si só, as suas
habilidades... Só assim você terá algum senso daquelas áreas que – num dado
problema – exigirão mais energia e dedicação na sua resolução.
101

Outra coisa: nem toda solução é possível de ser implementada! Esteja sempre
ciente que, em vários momentos, será necessário “descartar” aquilo que parecia se
uma boa idéia ou solução, especialmente devido às limitações do problema ou
projeto; guarde-as para um outro projeto ou um outro trabalho.

No mais, lembre-se: a criatividade é um estado interior, mas também é um aspecto


social da vida; nós não criamos apenas para nós mesmos (aliás, isso é raríssimo
para Engenheiro, enquanto profissão), se assim fosse, guardaríamos nosso trabalho
dentro de nossa cabeça!

11.4 O processo criativo

Conhecer as etapas que compõem o processo criativo é bastante importante para


qualquer trabalho que pressuponha criatividade – e aí se inclui a Engenharia – de
modo a se permitir, com mais propriedade, adquirir uma maior consciência e controle
dos caminhos que a mente percorre quando “procura” soluções para um dado
problema.

Assim, pode-se elencar nove etapas do processo criativo:

1. Identificação;
2. Preparação;
3. Incubação;
4. Aquecimento;
5. Compreensão/Iluminação;
6. Delineação;
7. Elaboração;
8. Verificação; e
9. Aplicação.

Explicando cada etapa:


102

IDENTIFICAÇÃO → Provavelmente seja essa a fase de maior “dificuldade”; é aqui


que se dá grande parte da solução do problema, desde que ele seja bem
identificado, ou seja, a pergunta “qual é o problema?” tem que ser absolutamente
bem respondida. Nessa etapa, a participação de outras pessoas é um item a
favorecer a sua execução, influindo positivamente na resolução.

PREPARAÇÃO → É a etapa em que se procura selecionar todos os meios


disponíveis e conhecidos para solução do problema detectado. Essa preparação
pode ser direta ou indireta: a primeira ocorre quando se busca somente informações
que contribuam para uma possível solução, enquanto a outra ocorre quando se
procura informações sobre tudo o que possa colaborar para uma solução, ainda que,
à primeira vista, não tenha nenhuma relação óbvia com o problema. Nessa fase se
faz uso também, “ironizando” os meios tradicionais, de fatores como o humor e a
fantasia, que, mesmo não ajudando a resolver “efetivamente” o problema, aliviam o
cérebro e evitam o chamado pré-condicionamento.

INCUBAÇÃO → Aqui se dá a preparação para “germinação” das idéias, uma vez


que os caminhos sugeridos para solução do problema, feitos durante a preparação,
serão manipulados no inconsciente, numa busca de se alcançar satisfatoriamente o
desejado. Aqui o cérebro vai trabalhar através da associação de idéias (tudo
inconscientemente!), portanto é importante sempre encontrar um tempo e um local
para deixar o cérebro trabalhar. Uma atividade manual, um esporte, um passeio, um
hobby etc. ajudam muito nessa etapa, no “desligamento” consciente do problema! A
mente, no plano do inconsciente, começa a trabalhar praticamente sozinha!

AQUECIMENTO → É o que se pode chamar de warm-up, em uma fase claramente


distinta do processo criativo, com a sensação de uma solução próxima. Aqui, as
idéias atravessam a barreira consciente/inconsciente de forma, a princípio,
desordenada, mas caminhando para a solução do problema por meio de
aproximações sucessivas. Sabe-se aqui que a resposta para a questão está ao
alcance da mão, mas ainda não se pode ser inteiramente vista ou compreendida.
103

COMPREENSÃO/ILUMINAÇÃO → É a chave do processo criativo! Se na


incubação, resgata-se a resposta no inconsciente, aqui trabalha-se basicamente
com o consciente, onde ocorre a famosa “eureca”! Embora possa surgir
repentinamente, aparentemente sem muito esforço físico ou mental, a
compreensão/iluminação é o resultado de um bom período de preparação, por vezes
laboriosa, e finda a “angústia” que se sente antes de se achar, efetivamente, a
solução desejada.

DELINEAÇÃO → É a etapa imediata à compreensão que se tem quando encontra


o(s) caminho(s) a seguir em busca do objetivo – é vital que se trabalhe a idéia! Aqui
se utilizam planos gerais, esboços, rascunhos, memoriais, descrições etc. de como o
problema deve ser abordado e elaborado.

ELABORAÇÃO → Aqui, põe-se em execução a idéia, como resultado de todo o


processo anterior; a corporificação (de qualquer que seja a maneira) da(s)
solução(ões) escolhida(s) como a(s) correta(s), colocando-se em prática o
planejado.

VERIFICAÇÃO → É a fase em que se observa se o que foi elaborado como solução


realmente condiz com o esperado, como sendo uma comprovação (ou não) se valeu
a pena todo o esforço e tempo dedicado.

APLICAÇÃO → Nessa última fase do processo criativo, coloca-se em prática, de


forma efetiva, a “descoberta” ou “invenção”... Ou seja, a criação, não apenas
individualmente, mas sob o julgamento do coletivo!

11.4 Técnicas de criatividade

Abaixo, algumas técnicas de criatividade das mais difundidas e aplicadas – cada


uma com sua regra específica – consideradas de grande valia para nós,
Engenheiros, e demais profissionais.
104

BRAINSTORM → A “Tempestade Cerebral” é uma das técnicas mais usadas, talvez


por ser bastante simples, podendo ser feita em grupo e individualmente.
Em grupo, o brainstorming se dá da seguinte forma:

• Reúne-se uma boa quantidade de pessoas, escolhe-se um líder e lança-se um


problema;
• O líder ficará responsável por coordenar o debate e os participantes por
“detonarem” as soluções;
• Todas as idéias lançadas devem ser anotadas pelo líder (de preferências num local
de fácil visibilidade, como um quadro ou lousa);
• Não pode haver censura!
• Ao final, as propostas são avaliadas, fazendo-se uma seleção das melhores;
• Feita a “classificação”, as idéias mais interessantes devem ser revistas e
detalhadas;

Individualmente, o brainstorming obedece praticamente a mesma sequência, só que


aqui deve sempre haver o cuidado para se evitar a “auto-censura”. Nada, nenhuma
idéia, deve ser descartada imediatamente.

REVERSE BRAINSTORM → É o brainstorming ao contrário. Por exemplo, uma


sessão onde se procuram os “defeitos” de um determinado produto, idéia ou serviço,
de modo a, eventualmente, criar ou descobrir novas utilidades ou aperfeiçoar aquilo
que já julgávamos bom o suficiente.

Da mesma forma que no método tradicional, há um líder que anota as sugestões


(nesse caso as críticas). Também não pode haver qualquer censura prévia!

MÉTODO 635 → O método 635 requer, obrigatoriamente, a participação de seis


pessoas. Aqui é feito um formulário, ou tabela, de 3 colunas por 6 linhas
(preferencialmente em papel formato A3), distribuído aos participantes, conforme a
figura 7.
105

Figura 7. Formulário para o método 635.

Após esta distribuição, ocorrem as seguintes etapas:

• Lança-se o problema;
• Cada um gera, através de croquis ou frases, três soluções na primeira linha;
• Depois de um tempo, previamente determinado, o formulário é passado ao próximo
colega, que gera mais três soluções (na próxima linha), e assim sucessivamente;
• A dinâmica termina quando o formulário retornar ao participante original;
• Analisam-se, então, as propostas, escolhendo-se as melhores, que serão
detalhadas.

CAIXA MORFOLÓGICA → É um tipo de Frankenstein, servindo para cobrir o


universo de possíveis soluções através da combinação de componentes e
subsistemas.

Constitui-se de uma matriz, como a mostrada na figura 8, colocando-se na vertical


todos os parâmetros do problema e na horizontal as possíveis soluções, estas
expostas através de outros métodos, como o brainstorming e o 635. Dada as
“propostas” de soluções, é feita uma combinação vertical das parciais (geralmente
as mais apropriadas) e depois se discute, avalia e otimiza os resultados obtidos,
escolhendo-se uma solução final.
106

Figura 8. Exemplo de uma matriz para o método da caixa morfológica

BUSCA DE ANALOGIAS → É uma técnica que busca aumentar as variedades de


soluções para um problema, utilizando casos similares em outras áreas ou
submetendo os componentes a transformações (manipulando-os).

Em outras palavras:

• Imagine utilizar de diferentes maneiras;


• Imagine adaptar casos paralelos;
• Imagine modificar;
• Imagine aumentar;
• Imagine minimizar;
• Imagine reduzir;
• Imagine substituir;
• Imagine recompor;
• Imagine inverter;
• Imagine combinar;
• Imagine outros usos;
• Imagine outras aplicações;
• Imagine um rearranjo;
• Imagine deixar como está!

MORFOGRAMA → Nessa técnica subdivide-se o objeto (ou o problema como um


todo) em zonas características em termos de estrutura formal, depois se apresenta,
107

para cada zona, diferentes soluções ou conceitos formais. É uma espécie de busca
de soluções para cada subproblema, independente dos outros.

BIÔNICA → O método da biônica é aquele que busca solucionar problemas


“artificiais” com inspiração em soluções “naturais”. Em outras palavras, é a busca de
soluções através da natureza. O helicóptero, por exemplo, foi inspirado nos
movimentos do beija-flor; o radar foi concebido através do morcego; o zíper, da boca
do gafanhoto; o parafuso, do pernilongo; a asa-delta, da arraia... etc... etc... etc...

Além de inspiração “funcional”, a natureza pode ajudar numa criação eminentemente


estética, através de elementos meramente formais, como nos exemplos de uma
garrafa térmica em forma pingüim ou de uma luminária “inspirada” com uma mão!!!

REFERÊNCIAS:

BONO, Edward de. Criatividade levada a sério; como gerar idéias produtivas
através do pensamento lateral – uma abordagem passo a passo à criatividade. São
Paulo/SP: Pioneira, 1994.

GALVÃO, Marcelo. Criativa mente. Rio de Janeiro/RJ: Qualitymark, 1992.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional; a teoria revolucionária que redefine o


que é ser inteligente. 68ed. Rio de Janeiro/RJ: Objetiva, 1995.

GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade; projeto < desenho > produto. Santa
Maria/RS: sCHDs, 2001.

MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. Lisboa/Portugal: Martins Fontes, 1981.

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo; o poder da improvisação na vida e na


arte. São Paulo/SP: Summus Editorial, 1993.
108

NOVAES, Maria Helena. Psicologia da criatividade. 4.ed. Petrópolis/RJ: Vozes,


1977.

OECH, Roger Von. Um “toc” na cuca; técnicas para quem quer ter mais criatividade
na vida. São Paulo/SP: Cultura, 1995.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 12.ed. Petrópolis/RJ:


Vozes, 1997.

TAYLOR, Calvin W. Criatividade: progresso e potencial. 2.ed. São Paulo/SP:


IBRASA, 1976.

THOMPSON, Charles. Grande idéia!; como desenvolver e aplicar sua criatividade.


São Paulo/SP:
Saraiva, 1995.

11.5 Algumas dicas para você ter mais criatividade8:

1. NOTE E ANOTE TUDO. Crie o hábito de anotar tudo que você vê, lê ou venha a
lembrar. Tenha sempre à mão – lápis, caneta e papel –, jamais, confie na memória.
"Você está sempre livre para mudar de idéias e escolher um futuro ou um passado
diferente" (Richard Bach).

2. AVALIE AS ANOTAÇÕES. Defina um dia da semana e faça uma avaliação em


suas anotações. Separe as melhores idéias ou coloque-as em ordem de
importância. "A vida não é ter na mão boas cartas, mas sim saber jogar com as
cartas que ela nos dá" (Josh Billinge).

8
Cassan, Gemir. 20 dicas e pensamentos para Você ser mais criativo. Disponível em:
http://www.gemircassan.com.br/not_vis.php?op=19&cod=17, Acesso em: 28 de janeiro de 2013
109

3. FAÇA UM ESTOQUE DE IDÉIAS. Arquive de forma simples e de fácil acesso.


Procure separá-las por assuntos. Idéias para melhorar sua eficiência, sua qualidade
de vida, seu relacionamento com a família e às pessoas. "Transportai um punhado
de terra todos os dias e fareis uma montanha" (Confúcio).
4. VEJA E OUÇA ATENTAMENTE. Aprenda a enxergar nos olhos das pessoas o
que elas gostariam de dizer e ao ouvir perceba as coisas que não foram ditas. "Você
é aquilo que você faz continuamente. Excelência não é uma eventualidade – é um
hábito" (Aristóteles).

5. VEJA AS COISAS COMO SE FOSSE A ÚLTIMA VEZ. Tudo deve ser observado
com cuidado e atenção. O processo criativo passa por algumas fases: preparação,
incubação, iluminação, verificação e avaliação. Ligue-se nos "detalhes" – são eles
que fazem a diferença –, "Aproveite bem as pequenas coisas. Algum dia você vai
saber que elas eram grandes" (Robert Brault).

6. ATIVE A SUA CURIOSIDADE. Veja tudo como se fosse a primeira vez, observe
os lugares e as coisas. Fale com o maior número de pessoas, independente da sua
classificação social, raça ou religião. "Poucos rios surgem de grandes nascentes,
mas muitos crescem recolhendo filetes de água" (Ovídio).

7. CRIAR DEVE ASSOCIAR-SE ÀS PESQUISAS. Acostume-se a fazer perguntar: O


que, Como, Por quê, Onde, Quem, Qual, Quando. "É melhor fazer algumas
perguntas do que achar que sabe todas as respostas" (James Thurber).

8. AMPLIE O SEU CONHECIMENTO. Assista filmes (independente da época que


foram produzidos), faça viagens, leia livros, conheça novas pessoas, assista
transmissões esportivas, musicais, palestras. "As idéias são como filhos errantes:
aparecem quando menos se espera" (Bern Willians).

9. NUNCA "ACHE" NADA. PROCURE "ENTENDER". Não faça julgamentos


precipitados através da "achologia". Ser criativo requer dedicação, metodologia,
determinação e persistência. "A excelência consiste em fazer algo comum de
maneira incomum" (Booker Washington).
110

10. MANTENHA O CÉREBRO LIGADO. Você tem de estar atento à todas


possibilidades. Numa fração de segundos, uma nova idéia poderá passar a sua
frente e a sua mente deve estar aberta para recebê-la. "O ontem, foi-se. O amanhã
pode não vir. O que temos é o agora" (Plutarco).

11. SEJA OTIMISTA E POSITIVO. O ser criativo visualiza insistentemente os pontos


fortes das "coisas"; nas relações profissionais, de lazer e familiar. Pensar e agir com
otimismo, contribui na realização dos objetivos. "O covarde nunca tenta, o
fracassado nunca termina e o vencedor nunca desiste" (Norman Vincent Peale).

12. TODO DIA É DIA PARA PENSAR. Defina um local e separe todos os dias dez
minutos do seu tempo. No final de um mês você terá utilizado 300 minutos ou cinco
horas. "Quem mata o tempo não é um assassino é um suicida" (Millor Fernandes).

13. AS GRANDES IDÉIAS NASCEM DE PEQUENOS "LAMPEJOS". Portanto, seja


persistente. Combine, adapte, altere, diminua, aumente, associe, substitua,
reorganize e se ainda não encontrar a utilização da sua criação, inverta tudo. Nunca
desista. "A visão sem ação não passa de um sonho. A ação sem visão é só um
passatempo. A visão com ação pode mudar o mundo" (Joel Baker).

14. COMBATA OS DESEQUILÍBRIOS DA VIDA MODERNA. Pessimismo, barulho,


tabagismo, alcoolismo, negativismo, fadiga e outros excessos que o levem a
irritação e desequilíbrio. "Tudo de bom acontece às pessoas com disposição alegre"
(Voltaire).

15. CULTIVE O BOM HUMOR. A criatividade depende do seu senso de humor.


Mantenha-se de bem com a sua vida e as coisas que a rodeiam. Veja as coisas com
alegria e desprendimento. "O segredo da felicidade não é fazer sempre o que se
quer, mas querer sempre o que se faz" (Leo Nikolayevich, Conde Tolstoi).
111

16. TENHA CORAGEM E AUTOCONFIANÇA. A coragem deve estar atrelada à sua


determinação "de poder atingir o que deseja, quer e acredita". A autoconfiança,
desenvolvida através de habilidades, atitudes e autodesenvolvimento. "Somos o que
fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos"
(Eduardo Galeano).

17. SAIBA UTILIZAR O SEU TEMPO. Deixe a ociosidade de lado e aproveite ao


máximo o tempo que é só seu. Lembre-se de que a maioria das grandes idéias
foram criadas nos momentos ociosos de seus criadores. "Minhas invenções são
fruto de 1% de inspiração e 99% de transpiração" (Thomas Edison).

18. UM PRODUTO PRONTO DEVE SER APRESENTADO. Mesmo que a sua idéia
não esteja totalmente concluída, coloque-a em prática e vá acertando, até atingir a
finalização. Lembre-se de que é muito melhor colocar uma pequena idéia em prática
que uma grande idéia arquivada. "Nunca é tarde para tentar o desconhecido. Nunca
é tarde para ir mais longe" (D''Annunzio).

19. SAIBA DESCOBRIR OS EVENTUAIS DEFEITOS. Exija do seu subconsciente e


faça-o atuar. Ele precisa dia e noite, ser alimentado de cada passo dado na
finalização das idéias. Reestude. Verifique. Repense. E encontre onde foi cometido
o deslize. "O pessimista é aquele que reclama do barulho, quando a oportunidade
bate à sua porta" (Michael Levine).

20. APROVEITE E DESFRUTE DOS RESULTADOS. A criatividade não deve ser


entendida como um dom ou algo que só os iluminados possuem. Todo ser humano
possui e pode explorá-la. Basta querer fazer com que as idéias fluam e
transformem-se em realizações. Uma vez produzidas é só usufruir. "Não é porque
certas coisas são difíceis que nós não ousamos. É justamente porque não ousamos
que tais coisas são difíceis" (Seneca).

11.7 Atividades para este capítulo


112

CAPÍTULO 12

12.1 O projeto de engenharia

Projeto é a alma da engenharia. Este capítulo tem como objetivos:


• Descrever os principais passos envolvidos no processo de produção de um
projeto;
• Reconhecer a importância do trabalho em equipe, da colaboração e da
comunicação técnica para o sucesso de um projeto.

12.2 Projeto

Introdução
Pode-se definir projeto como sendo um esforço, temporário, para realizar uma
determinada tarefa.
São atividades que antecedem a execução de um produto, sistema, processo ou
serviço.
Projeto em engenharia é o processo criativo de identificar necessidades e assim
encontrar uma solução para estas necessidades.
A criatividade e o comprometimento são peças chaves para concretizar o que foi
determinado dentro do período estipulado. Além disso, essas características devem
estar aliadas à capacidade técnica, para que as idéias saiam do papel.
Tipos de projeto: por evolução e por inovação
Projeto por evolução
- surge da adaptação ou variação de um produto já existente (pode ser de forma ou
dimensão).
Projeto por inovação
Surge da aplicação de conhecimentos não experimentados (descoberta científica
que gera novos conhecimentos técnicos).

12.3 Processo de projeto


O processo do projeto é a aplicação específica de uma metodologia de trabalho na
resolução de problemas, através de um conjunto de procedimentos e especificações
113

que, quando posto em prática, resulta em algo concreto ou em um conjunto de


informações.
É um processo de tomada de decisão em que as ciências básicas, matemática e
ciências da engenharia são utilizadas para transformar recursos para atender um
determinado objetivo. A solução pode ser um produto, uma técnica, um projeto ou
um método.
Quando se desenvolve um projeto dentro de uma empresa, sua realização é voltada
para a resolução de um problema ou para a melhoria de algo, contribuindo assim,
com a transformação de idéias em ações e podendo modificar até mesmo a forma
como a empresa é vista diante do mercado.
A seguir são apresentadas algumas etapas que podem auxiliar no desenvolvimento
do projeto, para alcançar o objetivo traçado.
Etapa 1: Definição do problema
A identificação do problema, ou até mesmo a melhoria, através da otimização de
determinado processo são os pontos iniciais para começar a desenvolver o projeto.
Para isso, realizam-se reuniões com as pessoas que serão responsáveis, ou com
aquelas que estão em contato direto com o problema.
Dessa forma, o projeto torna-se além de uma ferramenta de trabalho um instrumento
gerencial. Durante a reunião, todas as idéias devem ser expostas e anotadas para a
próxima etapa.
Ex.: Houston, We have a problem!
Vídeo Apollo 13
http://br.bing.com/videos/search?q=Houston%2c+We+have+a+problem!&view=detail
&mid=44CE119B79074EC7142344CE119B79074EC71423&first=0&qpvt=Houston%
2c+We+have+a+problem!
O processo inicia quando as seguintes questões surgem:
• Qual é o problema ou necessidade a ser sanada?
• Quem possui o problema?
• Por que é tão importante resolvê-lo?
O problema deve ser escrito de forma objetiva e mais específica possível, pois uma
definição/identificação pobre pode levar a perda de tempo, dinheiro, etc.
Deve-se, então:
• Realizar pesquisa aprofundada
114

• Especificar requisitos

Etapa 2: Geração e análise de alternativas de solução (Proposição de Soluções)


Deve-se propor um conjunto de soluções possíveis, questionando-se quais são as
melhores idéias a serem utilizadas juntamente com os seus prós e contras, além, de
definir a função de cada pessoa que estará envolvida nesse projeto.
As metas a serem alcançadas e o período de desenvolvimento de cada etapa ou
processo, juntamente com o prazo final devem ser determinados.
O plano de trabalho deve sempre ser revisto, pois mudanças podem ocorrer, e
juntamente com elas, podem surgir problemas ou melhorias a serem considerados.
Por isso, é importante avaliar cada etapa realizada e expor o que foi feito e se o
objetivo foi alcançado. Caso detectar uma falha, identificar se esta interferirá na
meta final e como resolvê-la.
Uma técnica para criar novas propostas de solução é através do Brainstorming:
- Encorajar todos os tipos de idéias possíveis (mesmo aquelas aparentemente
impraticáveis);
- Mesclar idéias já apresentadas (encorajar a desenvolver idéias sobre idéias já
colocadas);
- Gerar o máximo possível de idéias;
- Postergar o julgamento - de preferência, o julgamento (seleção da melhor idéia)
deve ser realizado por outro grupo;
Vídeo Apollo 13 – Brainstorming
http://www.youtube.com/watch?v=5tS9aZhB9cs

Etapa 3: Definição de critérios para confronto de alternativas


A própria definição do problema pode trazer alguns destes requisitos. Com o estudo
detalhado de soluções existentes é possível detalhar os requisitos da solução.
Tentar observar onde as soluções existentes falharam em atender os requisitos.

Etapa 4: Escolher a melhor solução (ou melhor alternativa)


Deve-se olhar para cada proposta de solução e verificar se ela preenche os
requisitos do problema;
115

Verificar o quanto as soluções atendem aos critérios universais, que são: elegância;
robustez; custo; estética; recursos; tempo; habilidades requeridas; segurança.
Para definir a melhor solução, pode-se usar um índice para o atendimento de
critérios, por exemplo:
2-Atende completamente, 1-Atende parcialmente e 0-Não atende.

Etapa 5: Desenvolver a Solução


O desenvolvimento envolve o refinamento e aprimoramento de uma solução.
Continua durante todo o processo de projeto e muitas vezes até depois da entrega
do projeto final ao clientes.
Os objetivos do trabalho de desenvolvimento são:
• Fazer o projeto funcionar:
• Reduzir o risco: reduzir a probabilidade de uma solução falhar, para evitar a
perda de tempo. É melhor descobrir que uma possível solução não vai funcionar no
início do processo de projeto, quando as outras soluções ainda estão sendo
consideradas. Uma estratégia é fazer um protótipo de uma pequena parte da
solução potencial, a parte arriscada, para ter certeza que ele vai trabalhar.
• Otimizar: quase sempre há vários requisitos, que podem entrar em conflito
entre eles, totalmente ou em parte. A otimização é o processo de encontrar a melhor
solução, entre os diversos requisitos.
Os métodos de trabalho de desenvolvimento incluem:
Desenhos: Projetistas usam desenhos para registrar as idéias para que estas não
sejam esquecidas, e para comunicar as idéias aos outros. É bom se acostumar a
fazer desenhos mesmo quando os projetos parecem simples e podem ser
visualizados mentalmente, pois à medida que os projetos vão se tornando
complexos, a falta de desenhos adequados passa a ser um problema.
Modelagem: Os modelos podem ser objetos físicos, mostrando todas as partes em
proporção correta. Em geral, modelos em escala real não funcionam. Os projetistas
usam os modelos para visualizar a solução.
Pode ser modelo matemático ou modelo de computador, que permite prever como
uma solução vai funcionar. Para problemas complexos, isto pode ser extremamente
valioso, porque o modelo de computador é geralmente muito mais barato do que
construir a solução em si
116

O processo de projeto pode envolver múltiplos ciclos em torno de sua solução final
e, através de protótipos, por exemplo, é possível testar a sua solução - encontrar
problemas e fazer as mudanças - testar a sua nova solução - encontrar novos
problemas e fazer as mudanças - e assim por diante, antes de chegar ao projeto
final.

Etapa 6: Comunicar/reportar o projeto


A comunicação dos resultados para outras pessoas pode ser um relatório final ou
uma apresentação oral. É importante documentar bem as soluções de modo que
possam ser produzidos em escala e feita, posteriormente, sua manutenção.

Etapa 7: Construção, operação, manutenção


É a fase que materializa tudo aquilo que foi planejado anteriormente. Qualquer erro
cometido nas fases anteriores fica evidente nesta etapa. Grande parte do orçamento
e do esforço é consumida nessa fase.

Exemplo junto com os alunos: Projeto de uma viagem: Fazer uma lista com as
necessidades para se fazer uma viagem.

12.4 Atividades para este capítulo

Tarefa em sala de aula: formar grupos de 4 a 6 componentes e, seguindo o método


de solução de problemas, solucionar um problema de engenharia relacionado à sua
área de formação, com a criação de um NOVO produto.
Etapa 1: Definição do problema
• Identificar tudo aquilo que parece insatisfatório em um produto ou serviço (ou
criar algo novo);
• Estabelecer o quê será modificado para eliminar insatisfações percebidas;
Etapa 2: Geração e análise de alternativas de solução (Proposição de Soluções)
• Dar asas à imaginação para propor soluções inovadoras para o problema
proposto.
Etapa 3: Definição de critérios para confronto de alternativas (Percepções a respeito
do produto ou serviço)
117

• Detalhar os requisitos da solução


Etapa 4: Escolher a melhor solução (ou melhor alternativa)
• Escolha das alternativas: selecionar por votação. (Cada elemento do grupo
vota em 20% das idéias). Adota-se a que obtiver maior número de votos.
Etapa 5: Desenvolver a Solução (Detalhamento da solução)
• Descrição completa da solução escolhida. Usar: Esboços; Desenhos; Texto;
Diagramas; Fluxogramas; etc.
Cada grupo apresentará seu projeto, em 5 a 10 min, na aula seguinte.
Tarefas complementares extra classe: terminar o trabalho em casa para
apresentação em ppt.
Leitura complementar: Capítulo 7: Bazzo
118

CAPÍTULO 13

13.1 Modelo, simulação e otimização

Introdução
Com a globalização, a competição entre as empresas se torna mais acirrada a cada
dia, e qualquer decisão errada, em relação a produtos ou serviços oferecidos, fazem
com que ela se destaque ou se exclua do mercado. Isto se deve a que os
consumidores estão mais exigentes a cada dia e querem sempre o melhor. No
entanto, como acertar nessas decisões? Como melhorar um produto ou serviço? E
não só simplesmente melhorar, como torná-lo perfeito? E o mais importante como
fazer com que essas decisões aumentem o lucro da empresa?
Essas e outras perguntas é que devem ser feitas a todo instante por líderes e
colaboradores de uma determinada instituição empresarial, que visam a melhoria a
cada instante (a cada instante mesmo). Mas, para se chegar a respostas tão
complexas, são utilizadas ferramentas e métodos, que possibilitam melhorias
efetivas.
Ferramentas como Modelo, Simulação e Otimização podem contribuir com esse
processo de evolução, pois possuem recursos e métodos particulares que
possibilitam ao engenheiro desenvolver suas idéias, prever defeitos e fazer avanços
que, através dos serviços ou produtos prontos, seria dispendioso para as empresas.

13.2 Modelo

Um modelo é uma simplificação da realidade e são construídos, geralmente, para


permitir um melhor entendimento sobre o sistema que está sendo construído.
Pode ser um grande risco, ou praticamente impossível, a solução direta de
problemas, sendo a utilização de modelos uma solução para predizer ou descrever o
seu comportamento.
Modelo pode ser a construção de uma maquete ou a dedução de equações
representativas de um sistema. Pode ser também uma descrição formal, no papel,
com esquemas e palavras, daquilo que se pretende construir. Dessa forma, pode-se
representar o produto, usando para isso de artifícios que possibilitam compreender o
119

que de fato ele será na sua essência, seu funcionamento, detalhes construtivos,
operação e manutenção.
Modelo é, então, a representação do sistema físico real (SRF), ou parte dele, em
forma física ou simbólica, convenientemente preparada para predizer ou descrever o
seu comportamento. Modelagem é o ato de modelar, ou seja, é a atividade de
construir o modelo para representar o SFR. A figura 9 mostra exemplos de modelos:
Fachada de uma casa e sua maquete.

Figura 9. Exemplos de modelos: Fachada de uma casa e sua maquete.

A escolha de qual modelo construir tem uma profunda influência em como um


problema é estudado e como uma solução é delineada.
Assim, podem ser usados os seguintes princípios para a definição do tipo de modelo
usar para uma modelagem:
• Todo modelo pode ser expresso em diferentes níveis de precisão.
• Os melhores modelos são os que estão relacionados à realidade.
• Nenhum modelo único é suficiente.
• Todo sistema não trivial é melhor abordado através de um conjunto pequeno
de modelos proximamente independentes.

13.3 Classificação de modelos:


120

Existem quatro tipos de modelos: icônicos, diagramáticos, matemático, e


representações gráficas.
Modelo icônico:
É aquele que representa o SFR, na forma mais fiel possível tendo como principal
característica o alto grau de semelhança com seu equivalente real. Uma grande
utilidade deste tipo de modelo é a possibilidade de se poder alterar o projeto, com
aperfeiçoamentos que melhorem a segurança de operação e manutenção, ou
mesmo definir mais realisticamente detalhes construtivos, antes da construção em
proporções reais.
Esse tipo de modelo pode ser bi ou tri dimensional, podem ser feitos em tamanho
real ou em escalas, tanto reduzida quanto ampliada, mantendo sempre as devidas
proporções. Sempre que há um projeto de visualização complexa usa-se o modelo
icônico para facilitar a visualização. Maquetes e estátuas são exemplos de modelo
icônico.
Modelo Diagramático:
Neste tipo de modelo, um conjunto de linhas e símbolos representa a estrutura ou o
comportamento do SFR. Tem como característica a pouca semelhança como seu
equivalente real. Sistemas de radio e televisão são exemplos de modelos
diagramáticos.
A vantagem desse tipo de modelo é a facilidade com que se representa o sistema
real, uma vez que são isentos de complicações. Mas devido a sua pouca
semelhança com o SFR, esse tipo de modelo só é representado por pessoas
iniciadas no assunto
Modelo Matemático:
Dentre os modelos simbólicos é o de aplicação mais importante dentro da
engenharia. O modelo matemático é uma idealização, na qual são usadas técnicas
de construção lógica, não necessariamente naturais e, certamente, não completas.
Com ele os fenômenos e as variáveis do problema são descritos por elementos
idealizados que representam as características essenciais da situação real, sendo
relacionados através de uma expressão matemática.
Por ser uma representação, os resultados não apresentam garantia de
representatividade, devendo-se realizar constantes verificações. A equação de
121

Torricelli (V²=Vo²+2aS) e a de MRUV (S=So+Vot+at²/2) são exemplos de modelos


matemáticos.
Representação Gráfica:
Este tipo de representação constitui um útil auxílio à visualização, comunicação e
previsão de projetos. Neste caso, segmentos de retas, ou cores, representam uma
propriedade, como temperatura, pressão, velocidade e tempo, por exemplo. Em uma
equação como a do MRUV, pode-se adotar valores para ‘t’ e obter um gráfico
representando e expressão original.

13.4 Objetivos dos Modelos


O objetivo dos Modelos é estabelecer uma correlação entre o modelo e a realidade
correspondente.
Sem os modelos ficaria difícil para a comunicação um com o outro, pois a própria
linguagem humana é altamente dependente da capacidade de utilizar modelos de
forma lógica e bem estruturada.
Os modelos são utilizados na engenharia por que:
• é muito dispendioso, e nada prático, construir todas as alternativas possíveis do
SFR, até encontrar uma solução satisfatória.
• o processo direto de construção de alguns sistemas, além de impraticável, pode
ser destrutivo e perigoso. Vidas humanas podem correr riscos se exaustivos testes
com modelos não comprovarem a segurança do que se pretende construir.
• a precisão do processo pode ser aumentada através do aprimoramento do modelo.
• com a utilização de softwares para auxiliar a modelagem, é possível, em menor
espaço de tempo, fazer um exame da situação de muitas variáveis, determinando
seus efeitos no desempenho do SFR.
• a abstração de um problema do seu equivalente real o leva de um campo
desconhecido para um campo familiar. Desta forma o engenheiro sente-se muito
mais à vontade para trabalhar.
Os objetivos da Modelagem podem ser assim resumidos:
• Abstração: para um melhor entendimento e maior compreensão;
• Visualização: Visualização antecipada antes da implementação e visões
complementares do software;
• Especificação: Descrição precisa do que deve ser feito;
122

• Construção: Geração automática com ferramentas baseadas em modelos;


• Documentação: Comunicação entre equipes nas diferentes fases do ciclo de vida.

13.5 O modelo e o sistema físico real:


Durante a solução de problemas, deve-se ter consciência das limitações que sempre
estarão presentes quando da utilização de um modelo na descrição de um
fenômeno físico ou na previsão do seu comportamento. É necessário fazer esta
ressalva porque sempre aparecerão erros ou diferenças entre os resultados
previstos.
A solução perfeita ou a análise completa de um problema é praticamente impossível.
Em primeiro lugar, porque ninguém pode conhecer todos os fatores relevantes ou
prever todos os seus possíveis efeitos. Em segundo, porque muitos destes fatores,
por serem pouco significativos, têm pouca influência no processo e, portanto, podem
perfeitamente ser desprezados.
Diferenças entre o previsto e o real - de 5% ou mesmo de 10%, para a maioria dos
problemas de engenharia, são perfeitamente admissíveis e, normalmente, não
invalidam a solução. São as hipóteses simplificativas, muito usadas em modelagem.
Deve-se lembrar que, quando forem estabelecidas hipóteses simplificativas para a
solução de um problema, é necessário fazer a sua verificação, pois não se pode
utilizar um modelo sem conhecer o seu grau de representatividade. O modelo é
importante pela sua praticidade e pela previsão que proporciona, e não
necessariamente pela sua precisão.
Com a experiência profissional consegue-se, desenvolver a habilidade para escolher
modelos que representam, de maneira adequada, os sistemas físicos a serem
analisados. Mas, um bom preparo acadêmico pode abreviar sensivelmente este
tempo de maturação profissional.

13.6 Finalidades dos modelos


Os engenheiros utilizam modelos com várias finalidades:
PENSAR - Modelos são instrumentos que ajudam visualizar e pensar sobre a
natureza de um sistema e seu comportamento para conseguir compreendê-los,
como mecanismos, circuitos eletrônicos, sistemas industriais ou processos químicos.
123

COMUNICAR - Os modelos são muito usados para transmitir informações porque


facilitam a descrição da natureza e do funcionamento de criações.
Os modelos diagramáticos e matemáticos - e as representações gráficas - são
fundamentais para a comunicação de trabalhos científicos, relatórios técnicos ou
qualquer outro trabalho de divulgação de resultados.
PREVER – Modelos podem ser usados para decidir a solução mais adequada, sob
algum critério, através de comparação de desempenhos, economizando tempo e
custos. Serve como exemplo, neste caso, o modelo matemático para prever o
deslocamento de uma viga engastada.
CONTROLAR – Alguns modelos são usados para serem seguidos na execução de
um SFR. Por exemplo, o projeto de um edifício, cuja planta é um modelo a ser
seguido na construção; ou a trajetória programada para o vôo de um foguete,
quando são usados complexos sistemas de controle e tenta-se fazer com que o vôo
real coincida com o modelo.
ENSINAR E TREINAR - Os modelos como diagramas, gráficos e plantas são
importantes suportes didáticos. Modelos de simulação são ferramentas que podem
ser usadas para reduzir o tempo e o custo da experimentação de campo, como em
treinamentos de controladores de tráfego aéreo, pilotos e astronautas.

13.7 Simulação
Simular é submeter modelos a ensaios para observar como estes se comportam.
Dessa forma avalia-se a resposta que deve ser esperada do Sistema Físico Real.
A simulação pode envolver protótipos, que são os primeiros exemplares de um
produto, e são utilizados para testes. São, ao mesmo tempo, modelos submetidos a
ambientes físicos reais.
Com a simulação é possível a reprodução, em condições diferentes das reais, do
funcionamento de um determinado sistema, permitindo, assim, a comparação de
diferentes soluções sem incorrer em grandes despesas.
O desenvolvimento de um coração artificial, o projeto de um avião comercial, a
construção de uma grande barragem são exemplos do quanto o uso de simulação é
mais barato.

13.8 Tipos de simulação


124

São três tipos: icônica, analógica, matemática.


Simulação icônica
É aquela que se assemelha à realidade. É representada através de modelos físicos
do Sistema Físico Real e, geralmente, tem dimensões diferentes das reais, e tem o
propósito de verificar como ele funcionará.
Um exemplo típico de simulação icônica são ensaios em túnel de vento para avaliar
a influência da forma de um objeto no seu arraste aerodinâmico, muito usado no
projeto de carros e aviões. Uma forma de simulação bastante usada pelo engenheiro
é a experimentação, com protótipos ou modelos em condições controladas.
Simulação Analógica
É usada quando se faz a comparação de alguma coisa de difícil manipulação com
outra de fácil manuseio e existe pouca semelhança entre os dois sistemas análogo e
real. Assim, é necessário a aplicação da imaginação e bons conhecimentos dos
fenômenos ótica, eletromagnetismo, eletricidade e calor como também das mais
variadas áreas.
As manobras não tripuladas de navios em modelo físico tridimensionais nas
operações de atracação e desatracação em terminais portuários é um exemplo de
simulação analógica. São usados diferentes modelos de navios radio-controlados
por pilotos reais, equipados com sistema de rastreamento e com até quatro
rebocadores,

Simulação Matemática
A simulação do SFR usando a modelagem matemática é um instrumento de
previsão muito útil, na qual as características essenciais dos elementos idealizados
são descritas por símbolos matemáticos.
Neste caso, as variáveis envolvidas nas equações simulam o comportamento do
sistema representado. Isso fornece um modelo de previsão tipo entrada – saída,
onde são introduzidos os dados iniciais e obtém-se, na saída, o resultado final. Este
tipo de simulação pode ser classificado como simbólica.
Um exemplo é o desenvolvimento, na linguagem Pascal, de um modelo matemático
computacional simplificado para a simulação da fase de avanço da água na irrigação
por sulcos, baseado na equação de Manning para movimento uniforme de água em
canais.
125

Tarefas de aula: trocar idéias, em grupo, buscando exemplos de modelos e


simulação de produtos ou serviços, utilizados nos locais de trabalho de cada um
Tarefas complementares extra classe: trazer os exemplos em slides, para mostrar
aos colegas (sorteio para apresentação de alguns grupos)
Leitura complementar: Capítulos 7: Bazzo

13.9 otimização

Otimizar está diretamente relacionado com a melhora ou aperfeiçoamento de


determinado processo, mas até que ponto? A resposta é simples: melhorar até onde
puder, o máximo possível.
São problemas complexos, muitas vezes de difícil solução e que envolvem
significativa redução de custos, melhorias de tempos de processo, ou uma melhor
alocação de recursos em atividades
Porém, aperfeiçoar só é possível se você tem escolhas ou alternativas para se fazer
alguma melhoria. E por sua vez, para realizar uma otimização em um projeto ou em
qualquer outra área, é necessário informação e conhecimento, pois não adianta só
querer aperfeiçoar algo sem saber quais são as ‘falhas’ e o que pode ser
aproveitado.
Assim, um profissional da área que está habituado, e é conhecedor de todo
processo que ocorre durante essa etapa, é o mais indicado para, juntamente com o
seu grupo de trabalho, definir como será feita a otimização. Todas as possibilidades
devem ser analisadas em sua essência avaliando os prós e os contras antes de
serem postas em prática.
Em qualquer empresa uma hora ou outra acaba sendo necessária a otimização de
alguma coisa, como: a otimização de custos, a otimização do funcionamento de um
equipamento, entre outras possibilidades. Para a aplicação de qualquer otimização
deve-se analisar:
-a real necessidade da mesma;
-como poderá ser realizada;
-quais suas conseqüências positivas e/ou negativas;
-custo dessa otimização.
126

Como se pode perceber uma otimização basicamente, segue o mesmo roteiro de


um projeto, pois são dois processos que estão intimamente ligados. Para que cada
ponto definido na otimização alcance a meta traçada, é realizada uma análise e um
projeto para que sejam realizados dentro do prazo definido e sem que nenhuma
etapa deixe de ser realizada.
Um exemplo de otimização voltado para o aperfeiçoamento de algo que vai auxiliar o
trabalhador é tornar o ambiente de trabalho mais aconchegante, ou seja, bem
iluminado, arejado. Dessa forma o funcionário trabalha com uma maior disposição,
rendendo mais no trabalho.

Tarefas de aula: trocar idéias, em grupo, buscando exemplos de modelos e


simulação de produtos ou serviços, utilizados nos locais de trabalho de cada um.
Tarefas complementares extra classe: trazer os exemplos em slides, para mostrar
aos colegas (sorteio para apresentação de alguns grupos)
Leitura complementar: Capítulos 8: Bazzo

Referências
BAZZO, W. A.; PEREIRA, L.T.V. Introdução á Engenharia. 6.ed. Florianópolis:
UFSC. 2005.
GERENT, Juliano Philippi. A simulação analógica de manobras não tripuladas de
navios na otimização de projetos e operações portuárias. Dissertação de
mestrado em Engenharia Civil. USP. 2010.
HOLTZAPPLE, Mark Thomas; REECE, W. Dan. Introdução à Engenharia. Rio de
Janeiro: LTC, 2006. 220 p.
Processo de Projeto em Engenharia. Disponível em: Processo de Projeto em
Engenharia - IF-SC São José.mht. Acesso em 16/11/2012.
127

Referências

BAZZO, Walter Antônio; PEREIRA, Luiz Teixieira do Vale. Introdução à engenharia:


conceitos, ferramentas e comportamentos. 3 ed. Florianópolis: UFSC, 2006.

BENNATON, Jocelyn Freitas. O que é otimizar?, 2001. Disponível em:


http://www.lps.usp.br/neo/jocelyn/que_e_otimizar.htm. Disponível em : 6 de Maio de
2011.

GOES, Juliana; REZENDE, João Batista. A otimização das empresas e suas


técnicas para uma melhor gestão aplicada no setor de automobilismo na cidade de
Marília – SP. n°17, ano IX. Garça/SP: FAEF, 2009. Disponível em:
http://74.125.155.132/scholar?q=cache:wZKG9jtNmrQJ:scholar.google.com/+otimiza
%C3%A7%C3%A3o+em+empresas&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1. Acesso em: 6
de Maio de 2011.

SILVEIRA, Vicente Celestino Pires; QUADROS, Fernando Luiz Ferreira de. Modelos de simulação, uma
ferramenta pouco explorada. XXI Reunião do Grupo Técnico em Forrageiras do Cone Sul – Grupo Campos.
Desafios e Oportunidades do Bioma Campos Frente a Expansão e Intensificação Agrícola. 2006.

Rauen, Fábio José. Pesquisa Científica: Discutindo a Questão das Variáveis, Anais
do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP, Universidade do Sul de
Santa Catarina, Campus de Tubarão, Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012.

http://www.youtube.com/watch?v=LMjq83Y5nLU
http://www.youtube.com/watch?v=FbvWTHKJX84
128

ANEXOS
ANEXO I
Normas da Biblioteca
Empréstimo
O empréstimo é facultado aos professores, funcionários e alunos regularmente
matriculados na UCL. Para o empréstimo, todos terão que apresentar o Cartão de

Acesso, por ser este o documento de identificação de uso obrigatório para o


ingresso na instituição. Também será aceita a Carteira Estudantil da UCL atualizada.

Os prazos9 para empréstimo domiciliar de livros são variáveis, segundo a categoria


de usuário, como segue a tabela abaixo:

Categoria de usuário Quantidade Prazo

Alunos de graduação 02 7 dias

Alunos de pós-
02 15 dias
graduação

Professores 03 15 dias

Funcionários 02 7 dias

Exemplares de Consulta Local


Os exemplares para consulta local (identificados pela tarja vermelha) poderão ser
emprestados na categoria de empréstimo especial, por duas horas, para fins de
fotocópia parcial na reprografia, atividades em sala de aula, etc.

Materiais Não Emprestados


Alguns materiais bibliográficos estão disponíveis apenas para consulta no recinto da
Biblioteca. São eles: obras de referência (atlas, compêndios, dicionários,
enciclopédias, etc.), multimeios (CD e DVD), normas técnicas, materiais especiais

9
A não devolução nos prazos estipulados implicará em multas.
129

(mapas, fotografias, objetos, etc.), monografias, teses, dissertações, artigos


científicos, relatórios técnicos e publicações periódicas.

Devolução e Multa por Atraso


A devolução poderá ser feita por qualquer pessoa na Biblioteca da UCL, não sendo
necessária a apresentação de documento. A multa por atraso na devolução de cada
material é de R$ 2,00 (dois reais) por dia (inclusive sábados, domingos e feriados) e
para livros de consulta local “Tarja Vermelha” é de R$ 1,00 (um real) por hora de
atraso.

O usuário deve apresentar o comprovante do pagamento da multa no balcão de


atendimento, para regularização de sua situação junto à biblioteca. O usuário em
débito com a Biblioteca, além de não poder efetuar novos empréstimos, será
impedido pelo Sistema Acadêmico de efetuar a rematrícula, ou de proceder à
qualquer solicitação junto à secretaria acadêmica. A Biblioteca da UCL não tem fins
lucrativos, o pagamento de multa é de caráter educativo e para a manutenção do
acervo.

Renovação
A renovação do empréstimo é efetuada somente no balcão de atendimento. O
usuário poderá renovar a obra que se encontra em seu poder, desde que ela não
esteja reservada.

O prazo da renovação do empréstimo é pelo mesmo período que a sua categoria


permite desde que a obra não esteja reservada ou com data de devolução vencida.
É vedada a renovação em caso de pendências, itens em atraso ou débito a saldar,
com a Biblioteca.

Reserva
A reserva deve ser solicitada no balcão de atendimento. Só será possível efetuar a
reserva o usuário que estiver regular na Biblioteca da UCL e se todos os exemplares
do material, exceto os de consulta local, estiverem emprestados. Após a chegada do
exemplar reservado, este ficará a disposição do primeiro usuário da lista de reservas
130

por um período de 24h. Depois, é liberado para o próximo da lista ou retorna para a
estante, caso não haja outras reservas.

Extravio ou Dano de Materiais


O usuário é responsável pela conservação do material retirado. Toda obra perdida
ou danificada, ainda que involuntariamente, quando em poder do usuário, será por
ele substituída por novo exemplar da mesma obra.

Kindle
Para visualizar todo o conteúdo disponível (e-Books, trabalhos de conclusão de
curso, monografias, etc.), basta o usuário acessar a home page da Biblioteca Digital
no seguinte endereço: https://bib.ucl.br.

O empréstimo do Kindle é facultado a professores e alunos matriculados e com


situação regular na instituição, mediante assinatura do "Termo de Responsabilidade"
e apresentação de documento de identificação. O prazo do empréstimo domiciliar é
de 15 dias. A devolução deverá ser feita no balcão de atendimento da Biblioteca e
em caso de atraso na devolução do Kindle, a multa é de R$ 5,00 (cinco reais) por
dia (inclusive sábados, domingos e feriados) e de R$ 50,00 (cinquenta reais) após a
data limite semestral, que antecede aos exames finais a cada período letivo.

O usuário que perder ou danificar o Kindle, ainda que involuntariamente, quando em


seu poder, terá de ressarcir a Biblioteca com pagamento do valor de mercado
correspondente à aquisição de um novo equipamento.

Computadores
Os computadores da Biblioteca são de uso restrito às atividades de pesquisa e
estudos desenvolvidos pelos alunos matriculados na UCL. A
utilização dos computadores fica condicionada a assinatura no formulário de
controle. O tempo de uso será 30 (trinta) minutos para cada usuário. Não havendo
outro usuário aguardando sua vez, a permanência será permitida.
131

A Internet deverá ser utilizada somente para fins de pesquisa e a outras atividades
acadêmicas exigidas e/ou orientada pela UCL, sendo proibido o acesso a sites
inadequados para fins não didáticos. O usuário que for flagrado utilizando os
computadores da Biblioteca para jogos, bate-papo, conteúdos impróprios ou
mau uso será advertido e deverá encerrar seu uso.
Será considerado usuário mal intencionado aquele que for reincidente ou pôr em
risco a segurança e conservação dos computadores da Instituição, sendo
identificado e o nome encaminhado a Coordenação para aplicação de medidas
disciplinares.

A Biblioteca não se responsabilizará por qualquer informação arquivada pelos


usuários e procederá a remoção sempre que for necessário.

Salas de Estudo
As Salas de Estudo estão disponíveis de 2ª a 6ª feira, das 09h00 às 21h30 e aos
sábados de 09h00 as 15h30, com exceção dos feriados públicos. Serão
disponibilizadas para grupos de usuários vinculados a UCL, com no mínimo 03 (três)
componentes, pelo período máximo de 2h diárias.

O tempo de uso poderá ser renovado, desde que não haja reserva para outro
usuário. As salas poderão ser reservadas, antecipadamente, pessoalmente e/ou por
telefone. O tempo de tolerância para a ocupação da sala reservada é de 15 minutos.
Na falta da confirmação a cabine poderá ser cedida a outro grupo. A disponibilidade
das salas seguirá a ordem da solicitação de reserva.

A chave da sala será liberada no balcão de atendimento a um responsável pelo


grupo, mediante assinatura do "Termo de Responsabilidade" e apresentação de
documento de identificação. Findo o uso da sala os usuários deverão retirar seus
objetos particulares e as obras do acervo da biblioteca, apagar as luzes, trancar a
porta e devolver a chave no balcão de atendimento, solicitar e acompanhar a baixa
no registro de uso.
132

Guarda-volumes
Para ingressar na Biblioteca da UCL, materiais como bolsas, pastas, mochilas,
sacolas, ou similares, devem ser deixados no guarda-volumes, localizado no
pavimento térreo. O uso do guarda-volume é permitido somente durante a
permanência do usuário na Biblioteca, não sendo permitido sair do recinto com a
chave.

É obrigatória a retirada dos pertences no momento em que o usuário deixar suas


dependências. Os materiais não retirados dos armários serão recolhidos e
devolvidos novamente ao usuário, somente após o pagamento de taxa diária de R$
10,00 (dez reais). A perda ou dano do chaveiro acarretará multa R$ 10,00 (dez
reais). O usuário que efetuar qualquer tipo de dano aos equipamentos de guarda-
volumes ou uso inadequado dos mesmos, deverá ressarcir a Biblioteca pelos
prejuízos causados.

A direção da Biblioteca da UCL não se responsabiliza pelo material deixado no


guarda-volumes.

Normas de Conduta
As normas de conduta visam à preservação do acervo e à manutenção de um
ambiente agradável e tranqüilo, favorecendo a leitura, a reflexão e a pesquisa.
- Entre na Biblioteca em silêncio e de forma ordenada;
- Não atenda ao telefone celular na Biblioteca. Ao entrar, desligue-o ou coloque no
modo “silencioso”, para que não atrapalhe os outros usuários que estão estudando;
- O SILÊNCIO é indispensável para que todos tenham as melhores condições de
utilização da Biblioteca. Por isso, evite conversar, principalmente em voz alta, para
não prejudicar seus colegas.
- Caso isso ocorra, um funcionário irá solicitar sua atenção para observar o
silêncio: atenda-o bem, ele está cuidando do seu próprio benefício!
- Não é permitido fumar, comer e beber no interior nas dependências da Biblioteca;
- Procure retirar das estantes apenas o material que você irá utilizar. Não o coloque
novamente na estante deitado (há um lugar para este fim). Isto facilita o trabalho dos
funcionários que irão atendê-lo;
133

- Ao sair da Biblioteca, deve ter em mãos o material bibliográfico que lhe foi
emprestado, apresentando-o ao funcionário responsável pela fiscalização;
- A biblioteca não é responsável pelos pertences (livros, celular, óculos, etc.)
deixados em seu recinto.

Horário de Funcionamento
Segunda à sexta-feira: das 08h00 às 21h40
Sábado: das 08h00 às 16h00

Contato
Endereço: Rodovia ES 010 - km 6
Manguinhos - Serra - ES - Brasil
CEP: 29173-087
Telefax: (55)-27-3434-0100
biblioteca@ucl.br

A Intranet e o Share Point

A intranet é uma área da internet restrita a alguns usuários, no caso, os alunos, onde
podem interagir com a Faculdade. Lá os alunos tem acesso a uma série de
facilidades proporcionadas pelo sistema web aluno, tais como:
• Notas
• Mensalidades
• Histórico escolar
• Matrícula
• Horário individual
• Manual do aluno
• Entre outros.

O Share point, é uma ferramenta da Microsoft® que, como o próprio nome já diz, é
um ponto de compartilhamento entre os professores e os alunos. Neste local, os
alunos encontram os materiais das disciplinas, as aulas, o plano de disciplina e
também faz a avaliação institucional.
134

Para ter acesso a ambos locais é preciso fazer o login no site da UCL e colocar a
sua senha pessoal.

ANEXO II
NORMAS ABNT PARA TRABALHOS ACADÊMICOS

NORMA BRASILEIRA ABNT NBR 14724:2011


© ABNT 2011 - Todos os direitos reservados 1

Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos —


Apresentação

1 Escopo
Esta Norma especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos
(teses, dissertações e outros), visando sua apresentação à instituição (banca, comissão
examinadora de professores, especialistas designados e/ou outros).
Esta Norma aplica-se, no que couber, aos trabalhos acadêmicos e similares, intra e
extraclasse.

2 Referências normativas
Os documentos relacionados a seguir são indispensáveis à aplicação deste documento.
Para referências datadas, aplicam-se somente as edições citadas. Para referências não
datadas, aplicam-se as edições mais recentes do referido documento (incluindo emendas).
ABNT NBR 6023, Informação e documentação – Referências – Elaboração.
135

ABNT NBR 6024, Informação e documentação – Numeração progressiva das seções de um


documento escrito – Apresentação.
ABNT NBR 6027, Informação e documentação – Sumário – Apresentação.
ABNT NBR 6028, Informação e documentação – Resumo – Procedimento.
ABNT NBR 6034, Informação e documentação – Índice – Apresentação.
ABNT NBR 10520, Informação e documentação – Citações em documentos –
Apresentação.
ABNT NBR 12225, Informação e documentação – Lombada – Apresentação.
Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed. rev. 2002. São Paulo: FEBAB, 2004.
IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993

3 Termos e definições
Para os efeitos deste documento, aplicam-se os seguintes termos e definições.

3.1
abreviatura
representação de uma palavra por meio de alguma(s) de sua(s) sílaba(s) ou letra(s).

3.2
agradecimento
texto em que o autor faz agradecimentos dirigidos àqueles que contribuíram de maneira
relevante à elaboração do trabalho.

3.3
anexo
texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e
ilustração

3.4
apêndice
texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua argumentação, sem
prejuízo da unidade nuclear do trabalho.

3.5
autor
pessoa física responsável pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um trabalho.
136

3.6
capa
proteção externa do trabalho sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua
identificação.

3.7
citação
menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte.

3.8
dados internacionais de catalogação-na-publicação
registro das informações que identificam a publicação na sua situação atual.

3.9
dedicatória
texto em que o autor presta homenagem ou dedica seu trabalho.

3.10
dissertação
documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um
estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o
objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de
literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito
sob a coordenação de um orientador (doutor), visando a obtenção do título de mestre.

3.11
elemento pós-textual
parte que sucede o texto e complementa o trabalho.

3.12
elemento pré-textual
parte que antecede o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do
trabalho.

3.13
137

elemento textual
parte em que é exposto o conteúdo do trabalho.

3.14
epígrafe
texto em que o autor apresenta uma citação, seguida de indicação de autoria, relacionada
com a matéria tratada no corpo do trabalho.

3.15
errata
lista dos erros ocorridos no texto, seguidos das devidas correções.

3.16
ficha catalográfica
ver 3.8

3.17
folha
papel com formato definido composto de duas faces, anverso e verso.

3.18
folha de aprovação
folha que contém os elementos essenciais à aprovação do trabalho.

3.19
folha de rosto
folha que contém os elementos essenciais à identificação do trabalho.

3.20
glossário
relação de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas
no texto, acompanhadas das respectivas definições.

3.21
ilustração
designação genérica de imagem, que ilustra ou elucida um texto.
138

3.22
índice
lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete
para as informações contidas no texto.

3.23
lombada
parte da capa do trabalho que reúne as margens internas das folhas, sejam elas costuradas,
grampeadas, coladas ou mantidas juntas de outra maneira.

3.24
página
cada uma das faces de uma folha.

3.25
referência
conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um documento, que permite sua
identificação individual.

3.26
resumo em língua estrangeira
versão do resumo para idioma de divulgação internacional.

3.27
resumo na língua vernácula
apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto, fornecendo uma visão rápida e
clara do conteúdo e das conclusões do trabalho.

3.28
sigla
conjunto de letras iniciais dos vocábulos e/ou números que representa um determinado
nome.

3.29
símbolo
139

sinal que substitui o nome de uma coisa ou de uma ação.

3.30
subtítulo
informações apresentadas em seguida ao título, visando esclarecê-lo ou complementá-lo, de
acordo com o conteúdo do trabalho.

3.31
sumário
enumeração das divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem e grafi a em
que a matéria nele se sucede.

3.32
tabela
forma não discursiva de apresentar informações das quais o dado numérico se destaca
como informação central.

3.33
tese
documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um
estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em
investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão.
É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa a obtenção do título de doutor,
ou similar.

3.34
título
palavra, expressão ou frase que designa o assunto ou o conteúdo de um trabalho.

3.35
trabalho de conclusão de curso de graduação, trabalho de graduação interdisciplinar,
trabalho
de conclusão de curso de especialização e/ou aperfeiçoamento
documento que apresenta o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do
assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo
140

independente, curso, programa, e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de
um orientador.

3.36
volume
unidade física do trabalho.

4 Estrutura
A estrutura de trabalhos acadêmicos compreende: parte externa e parte interna.
Com a finalidade de orientar os usuários, a disposição de elementos é dada no Esquema 1:

Esquema 1 – Estrutura do trabalho acadêmico

4.1 Parte externa


Deve ser apresentada conforme 4.1.1 e 4.1.2.

4.1.1 Capa
141

Elemento obrigatório. As informações são apresentadas na seguinte ordem:


a) nome da instituição (opcional);
b) nome do autor;
c) título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação
e recuperação da informação;
d) subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação
ao título;
e) número do volume: se houver mais de um, deve constar em cada capa a especificação
do respectivo volume;
f) local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
NOTA No caso de cidades homônimas recomenda-se o acréscimo da sigla da unidade da federação.
g) ano de depósito (da entrega).

4.1.2 Lombada
Elemento opcional. Apresentada conforme a ABNT NBR 12225.

4.2 Parte interna


Deve ser apresentada conforme 4.2.1 a 4.2.3.

4.2.1 Elementos pré-textuais


A ordem dos elementos pré-textuais deve ser apresentada conforme 4.2.1.1 a 4.2.1.13.

4.2.1.1 Folha de rosto


Elemento obrigatório. Apresentada conforme 4.2.1.1.1 e 4.2.1.1.2.

4.2.1.1.1 Anverso
Os elementos devem ser apresentados na seguinte ordem:
a) nome do autor;
b) título;
c) subtítulo, se houver;
d) número do volume, se houver mais de um, deve constar em cada folha de rosto a
especificação do respectivo volume;
e) natureza: tipo do trabalho (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso e outros) e
objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da instituição a que é
submetido; área de concentração;
f) nome do orientador e, se houver, do coorientador;
142

g) local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;


h) ano de depósito (da entrega).

4.2.1.1.2 Verso
Deve conter os dados de catalogação-na-publicação, conforme o Código de Catalogação
Anglo-Americano vigente.

4.2.1.2 Errata
Elemento opcional. Deve ser inserida logo após a folha de rosto, constituída pela referência
do trabalho e pelo texto da errata. Apresentada em papel avulso ou encartado, acrescida ao
trabalho depois de impresso.

EXEMPLO
ERRATA
FERRIGNO, C. R. A. Tratamento de neoplasias ósseas apendiculares com reimplantação de
enxerto ósseo autólogo autoclavado associado ao plasma rico em plaquetas: estudo crítico na
cirurgia de preservação de membro em cães. 2011. 128 f. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

4.2.1.3 Folha de aprovação


Elemento obrigatório. Deve ser inserida após a folha de rosto, constituída pelo nome do
autor do trabalho, título do trabalho e subtítulo (se houver), natureza (tipo do trabalho,
objetivo, nome da instituição a que é submetido, área de concentração) data de aprovação,
nome, titulação e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituições a que
pertencem. A data de aprovação e as assinaturas dos membros componentes da banca
examinadora devem ser colocadas após a aprovação do trabalho.

4.2.1.4 Dedicatória
Elemento opcional. Deve ser inserida após a folha de aprovação.

4.2.1.5 Agradecimentos
Elemento opcional. Devem ser inseridos após a dedicatória.
143

4.2.1.6 Epígrafe
Elemento opcional. Elaborada conforme a ABNT NBR 10520. Deve ser inserida após os
agradecimentos.
Podem também constar epígrafes nas folhas ou páginas de abertura das seções primárias.

4.2.1.7 Resumo na língua vernácula


Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6028.

4.2.1.8 Resumo em língua estrangeira


Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6028.

4.2.1.9 Lista de ilustrações


Elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item
designado por seu nome específico, travessão, título e respectivo número da folha ou
página. Quando necessário, recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de
ilustração (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas, organogramas,
plantas, quadros, retratos e outras).

EXEMPLO
Quadro 1 – Valores aceitáveis de erro técnico de medição relativo para antropometristas iniciantes e
experientes no Estado de São Paulo 5

4.2.1.10 Lista de tabelas


Elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item
designado por seu nome específico, acompanhado do respectivo número da folha ou
página.

4.2.1.11 Lista de abreviaturas e siglas


Elemento opcional. Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas no
texto, seguidas das palavras ou expressões correspondentes grafadas por extenso.
Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo.

EXEMPLO
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
Fil. Filosofia
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
144

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

4.2.1.12 Lista de símbolos


Elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com o devido
significado.

EXEMPLO
dab Distância euclidiana
O(n) Ordem de um algoritmo

4.2.1.13 Sumário
Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6027.

4.2.2 Elementos textuais


O texto é composto de uma parte introdutória, que apresenta os objetivos do trabalho e as
razões de sua elaboração; o desenvolvimento, que detalha a pesquisa ou estudo realizado;
e uma parte conclusiva.

4.2.3 Elementos pós-textuais


A ordem dos elementos pós-textuais deve ser apresentada conforme 4.2.3.1 a 4.2.3.5.

4.2.3.1 Referências
Elemento obrigatório. Elaboradas conforme a ABNT NBR 6023.

4.2.3.2 Glossário
Elemento opcional. Elaborado em ordem alfabética.
EXEMPLO
Deslocamento: Peso da água deslocada por um navio flutuando em águas tranquilas.
Duplo Fundo: Robusto fundo interior no fundo da carena.

4.2.3.3 Apêndice
Elemento opcional. Deve ser precedido da palavra APÊNDICE, identificado por letras
maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título. Utilizam-se letras maiúsculas
dobradas, na identificação dos apêndices, quando esgotadas as letras do alfabeto.

EXEMPLO
APÊNDICE A – Avaliação numérica de células inflamatórias
145

4.2.3.4 Anexo
Elemento opcional. Deve ser precedido da palavra ANEXO, identificado por letras
maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título. Utilizam-se letras maiúsculas
dobradas, na identificação dos anexos, quando esgotadas as letras do alfabeto.

EXEMPLO
ANEXO A – Representação gráfica de contagem de células inflamatórias presentes nas caudas em
regeneração - Grupo de controle I (Temperatura...)

4.2.3.5 Índice
Elemento opcional. Elaborado conforme a ABNT NBR 6034.

5 Regras gerais
A apresentação de trabalhos acadêmicos deve ser elaborada conforme 5.1 a 5.9.

5.1 Formato
Os textos devem ser digitados ou datilografados em cor preta, podendo utilizar outras cores
somente para as ilustrações. Se impresso, utilizar papel branco ou reciclado, no formato A4
(21 cm 29,7 cm).

Os elementos pré-textuais devem iniciar no anverso da folha, com exceção dos dados
internacionais de catalogação-na-publicação que devem vir no verso da folha de rosto.
Recomenda-se que os elementos textuais e pós-textuais sejam digitados ou datilografados
no anverso e verso das folhas.

As margens devem ser: para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2


cm; para o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.

Recomenda-se, quando digitado, a fonte tamanho 12 para todo o trabalho, inclusive capa,
excetuando-se citações com mais de três linhas, notas de rodapé, paginação, dados
internacionais de catalogação na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das
tabelas, que devem ser em tamanho menor e uniforme.

5.2 Espaçamento
146

Todo texto deve ser digitado ou datilografado com espaçamento 1,5 entre as linhas,
excetuando-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referências, legendas
das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que
é submetido e área de concentração), que devem ser digitados ou datilografados em espaço
simples. As referências, ao final do trabalho, devem ser separadas entre si por um espaço
simples em branco.

Na folha de rosto e na folha de aprovação, o tipo do trabalho, o objetivo, o nome da


instituição e a área de concentração devem ser alinhados do meio da mancha gráfica para a
margem direita.

5.2.1 Notas de rodapé


As notas devem ser digitadas ou datilografadas dentro das margens, fi cando separadas do
texto por um espaço simples de entre as linhas e por fi lete de 5 cm, a partir da margem
esquerda. Devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da
primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente, sem espaço entre elas e
com fonte menor.

5.2.2 Indicativos de seção


O indicativo numérico, em algarismo arábico, de uma seção precede seu título, alinhado à
esquerda, separado por um espaço de caractere. Os títulos das seções primárias devem
começar em página ímpar (anverso), na parte superior da mancha gráfica e ser separados
do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. Da mesma forma, os títulos
das subseções devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um
espaço entre as linhas de 1,5. Títulos que ocupem mais de uma linha devem ser, a partir da
segunda linha, alinhados abaixo da primeira letra da primeira palavra do título.

5.2.3 Títulos sem indicativo numérico


Os títulos, sem indicativo numérico – errata, agradecimentos, lista de ilustrações, lista de
abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário, referências, glossário,
apêndice(s), anexo(s) e índice(s) – devem ser centralizados.

5.2.4 Elementos sem título e sem indicativo numérico


Fazem parte desses elementos a folha de aprovação, a dedicatória e a(s) epígrafe(s).

5.3 Paginação
147

As folhas ou páginas pré-textuais devem ser contadas, mas não numeradas.

Para trabalhos digitados ou datilografados somente no anverso, todas as folhas, a partir da


folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, considerando somente o anverso. A
numeração deve figurar, a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos,
no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2
cm da borda direita da folha.

Quando o trabalho for digitado ou datilografado em anverso e verso, a numeração das


páginas deve ser colocada no anverso da folha, no canto superior direito; e no verso, no
canto superior esquerdo.

No caso de o trabalho ser constituído de mais de um volume, deve ser mantida uma única
sequência de numeração das folhas ou páginas, do primeiro ao último volume. Havendo
apêndice e anexo, as suas folhas ou páginas devem ser numeradas de maneira contínua e
sua paginação deve dar seguimento à do texto principal.

5.4 Numeração progressiva


Elaborada conforme a ABNT NBR 6024. A numeração progressiva deve ser utilizada para
evidenciar a sistematização do conteúdo do trabalho. Destacam-se gradativamente os
títulos das seções, utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou sublinhado e outros, no
sumário e, de forma idêntica, no texto.

5.5 Citações
Apresentadas conforme a ABNT NBR 10520.
5.6 Siglas
A sigla, quando mencionada pela primeira vez no texto, deve ser indicada entre parênteses,
precedida do nome completo.

EXEMPLO
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

5.7 Equações e fórmulas


Para facilitar a leitura, devem ser destacadas no texto e, se necessário, numeradas com
algarismos arábicos entre parênteses, alinhados à direita. Na sequência normal do texto, é
148

permitido o uso de uma entrelinha maior que comporte seus elementos (expoentes, índices,
entre outros).
EXEMPLO

5.8 Ilustrações
Qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identificação aparece na parte superior,
precedida da palavra designativa (desenho, esquema, fluxograma, fotografia, gráfico, mapa,
organograma, planta, quadro, retrato, figura, imagem, entre outros), seguida de seu número
de ordem de ocorrência no texto, em algarismos arábicos, travessão e do respectivo título.
Após a ilustração, na parte inferior, indicar a fonte consultada (elemento obrigatório, mesmo
que seja produção do próprio autor), legenda, notas e outras informações necessárias à sua
compreensão (se houver). A ilustração deve ser citada no texto e inserida o mais próximo
possível do trecho a que se refere.

5.9 Tabelas
Devem ser citadas no texto, inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem e
padronizadas conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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