Previdência Social e Informalidade: A Dificuldade da Inclusão
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2 PROBLEMA
Diante do atual quadro do Sistema Previdenciário Brasileiro, que garante direitos
apenas aos trabalhadores formais, ou seja, com carteira assinada, como incluir os milhões de trabalhadores que vivem na informalidade? 5
3 JUSTIFICATIVA
A hipótese norteadora da pesquisa é a de que os trabalhadores informais estão
desprotegidos dos direitos do sistema previdenciário brasileiro, tanto pela ausência de entendimento e compreensão da importância e necessidade da inscrição e contribuição como pela dificuldade financeira de manter sua condição de segurado da previdência social. (FAGUNDES, 2017). O objetivo é contribuir na sistematização do saber acerca da problemática apresentada, a saber a questão da informalidade, que possibilite futuras investigações e continue problematizando esse fenômeno histórico-social. Além disso, essa pesquisa é socialmente relevante porque trará aspectos da relação trabalhador/previdência e das ações realizadas pelo poder público que possam estratégias a serem tomadas tanto pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS no sentido da inclusão da proteção social dos trabalhadores inseridos na informalidade do trabalho. 6
4 OBJETIVOS
4.1 GERAL
Compreender a informalidade como forma de exclusão do Sistema Previdenciário
Brasileiro de milhões de trabalhadores.
4.2 ESPECIFICOS
Apresentar o panorama da informalidade no Brasil;
Discutir o atual modelo de sistema previdenciário na inclusão dos trabalhadores informais; Apontar soluções e propostas que incluam o trabalhador informal na Previdência; 7
5 REFERENCIAL TEÓRICO
Para Druck et al. (2004) o termo informalidade é um dos mais polêmicos no
campo da Economia e da Sociologia do Trabalho e historicamente respondeu a distintos significados. Sem as devidas qualificações torna-se tão genérico, abrangente e impreciso, que mais esconderia e dissimularia a realidade do que revelá-la, dificultando não só o interesse como a própria compreensão do tema. Ainda segundo os autores, a informalidade teria sido explicitada pela primeira vez em estudo sobre a economia do Quênia, no inicios dos anos de 1970. Para Tavares (2012) essa a imprecisão conceitual e o lugar da informalidade na produção capitalista apresenta um debate onde a informalidade do trabalho vai para além de estratégia de sobrevivência da classe trabalhadora, essa na qual não se configura o fim capitalista. Diante da necessidade de reprodução do capital, a informalidade do trabalho está cada vez mais subordinada ao próprio capital, enquanto movimento de valorização do mesmo. Para a autora, tais imprecisões e generalizações contribuem para que surjam concepções teóricas que, além de mascarar o real, cedem lugar a formulações que aprofundam a subordinação do trabalho ao capital. De acordo com Menezes (2012) uma definição bem aceita de informalidade é a ausência de registro na previdência social, onde o mercado de trabalho segmenta- se em ocupações registradas e não registradas. A “registrada” seria a dos trabalhadores que contribuem para a previdência enquanto que a última englobaria todos os que não contribuem. É essa ausência de proteção social que contribui para o crescimento de um setor a margem das instituições. Em que pese visões distintas da informalidade no mercado de trabalho, de modo geral pode-se dizer que para os estudiosos é grave a situação dos trabalhadores informais em relação à Previdência, sistema criado e mantido pela relação de emprego que pressupõe cobertura universal. O notável crescimento das atividades informais nas últimas décadas no Brasil tem gerado efeitos perversos no financiamento da seguridade social, mostrando que os estudos sobre informalidade e exclusão dos trabalhadores informais da relação de emprego tem sido uma preocupação constante. (SASSAKI; VASQUES-MENEZES, 2012). 8
Para Souza (2012) o que vê é a redução cada vez maior do trabalho
regulamentado pelas leis trabalhistas, o trabalho de carteira assinada. Excluídos De direitos como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), seguro- desemprego, dentre outros direitos o trabalhador informal sofre uma dupla exclusão: não-direito ao trabalho formal e o não-direito à proteção trabalhista. Com duas reformas na década passada, a Previdência foi a política mais influenciada pela negação dos direitos, porque tais reformas longe de ampliarem o campo de proteção, restringiram ainda mais o acesso de trabalhadores ao sistema previdenciário, extinguindo a aposentadoria por tempo de serviço, criando o chamado fator previdenciário e estimulando a previdência privada ao impor um teto ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS). O discurso do déficit previdenciário, em que haveria mais aposentados que contribuintes, tornando-se insustentável a partir de 2050, que tem sido bastante usado para uma nova Reforma da Previdência não leva em conta que é justamente a informalidade, que cresceu nas últimas décadas, uma das responsáveis por agravar essa relação. Em muitos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde a população é mais velha não há esse problema, com 3 contribuintes para cada aposentado. Além disso, o atual sistema previdenciário com as péssimas condições de atendimento e gestão, desestimula a contribuição. (CAMARGO, 2005). Conforme Fagnani (2008, p.8) “O desemprego, a informalidade e a queda dos rendimentos reduziram a massa salarial sobre a qual incidem esses encargos. Aí reside a raiz do alegado ‘déficit’ da previdência social.” Sasaki e Vasques-Menezes (2012) realizaram uma pesquisa com 12 trabalhadores ditos por conta própria em Brasília para investigar relação destes com a previdência. Descobriram que o trabalhador individual não dá importância ao benefício previdenciário como garantidor do bem-estar, tanto por motivos econômicos quanto pela desconfiança da forma como o sistema previdenciário lida com eles. De acordo com as autoras Do ponto de vista do trabalhador, os resultados do estudo sugerem que a Previdência Social é percebida como um sistema em que a regra prevalecente é a contribuição compulsória pela empresa, face à legitimidade da relação de emprego conferida pelas normais legais. A contribuição do trabalhador por conta própria é vista como uma obrigação associada à legitimação do seu trabalho e que, por decorrência, pode implicar a obtenção de benefícios. Em outras palavras, a relação entre o trabalhador pesquisado e a previdência não mediada pelas empresas, como na relação de emprego, torna-se, aos olhos do trabalhador informal, burocrática, arriscada e sem retorno, principalmente em relação à aposentadoria. Ademais, a contribuição 9
individual não constitui um seguro contra todos os riscos cobertos pela
seguridade social, como a cobertura do risco do desemprego e a compensação do FGTS, restritos aos trabalhadores empregados com vínculo formal de trabalho. Vale acrescentar que a preocupação com a saúde, constante na fala dos entrevistados, é outro fator que minimiza a não contribuição previdenciária, dado o caráter universal de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é o conjunto de argumentos por trás da resistência dos trabalhadores informais pesquisados em relação ao sistema previdenciário e que se perguntam: contribuir para quê? (SASAKI; VASQUES-MENEZES, 2012, p.189-190).
A Previdência Social levanta preocupações tanto do ponto de vista social, pelo
fato de exercer uma função crucial na subsistência dos indivíduos quando ocorrem perda da capacidade laboral, quanto do ponto de vista fiscal, pois como foi discutido nesse trabalho, o RGPS entrou em uma nova trajetória de aumento de déficit fiscal. Porém, um assunto ainda pouco debatido é o grande contingente de trabalhadores que não contribuem para previdência, constituindo a classe dos informais. Esse trabalho buscou fazer uma revisão de literatura do assunto no Brasil, e levantar pontos a favor da relevância em se discutir o tema. De acordo com Almeida (2016) devido ao carácter contributivo da previdência, deve ser dado maior enfoque a formas alternativas de contribuição para os trabalhadores informais, já que esse grupo é mais afetado por situações que dificultam a sua inserção no sistema previdenciário e o pagamento continuado das parcelas de contribuição. Nesse sentido, alguns governos elaboraram planos de combate à informalidade previdenciária, embora eles apresentem algumas limitações, que ainda são pouco exploradas na literatura. No Brasil, o Plano Simplificado de Previdência Social (PSPS) e o Simples são exemplos de como o governo brasileiro vem tratando o tema nos últimos anos. Esperamos que com o surgimento de debates acerca da previdência nos próximos anos, a inclusão dos trabalhadores informais no sistema previdenciário também possa ganhar destaque. 10
6 METÓDOS E PROCEDIMENTOS
A pesquisa realizada pode ser classificada como qualitativa e descritiva,
através de uma revisão de literatura. O estudo foi desenvolvido utilizando duas pesquisas complementares. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, para melhor explorar o assunto, entender os problemas relacionados e elaborar um objetivo mais abrangente e factível. Após essa fase, foi realizada uma pesquisa descritiva de tema, viando o alcance do objetivo proposto. A pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao estudo e com a finalidade de colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi dito sobre determinado assunto. Na pesquisa descritiva se observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Busca-se conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades complexas. A pesquisa bibliográfica foi realizada em sites de busca como Google Acadêmico e Scielo, além de páginas oficiais de órgão como IBGE. Foram utilizados na busca, além das palavras do título, os seguintes termos: Informalidade, Previdência Social, Direito Previdenciário. Após a coleta da literatura, foi realizada sua organização em pastas eletrônicas no computador. Essas pastas ficaram organizadas por título e a literatura pertinente separada e adicionada a cada pasta específica, visando facilitar o trabalho. Foram elaboradas fichas do material coletado por meio da técnica de fichamento. 11
REFERÊNCIAS
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previdenciária do trabalhador informal. 2016. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado). UnB, Brasília – DF, 2016.
CAMARGO, P.T. A Previdência Social no Brasil. 2005. 41 f. Trabalho de Conclusão
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FAGNANI, E. Previdência Social e Desenvolvimento Econômico. Texto para
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MENEZES, W. F.; DEDECCA, C. S. A Informalidade no Mercado de Trabalho
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SOUZA, M.R. (Des)Proteção Social na Informalidade: o acesso dos trabalhadores à
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TAVARES, M.A. Os fios (in) visíveis da produção capitalista: informalidade e
precarização do trabalho. São Paulo: Cortez, 2004. 12