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Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/10/2018

Número: 0603030-63.2018.6.07.0000
Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Corregedoria Regional Eleitoral Desembargador WALDIR LEÔNCIO JUNIOR
Última distribuição : 23/10/2018
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Abuso - De Poder Político/Autoridade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR (AUTOR) EDWARD JOHNSON GONCALVES DE ABRANTES
(ADVOGADO)
RODRIGO MELO MESQUITA (ADVOGADO)
JUAN VITOR BALDUINO NOGUEIRA (ADVOGADO)
TAYNARA TIEMI ONO (ADVOGADO)
WILLIAN GUIMARAES SANTOS DE CARVALHO
(ADVOGADO)
BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA (ADVOGADO)
Coligação Pra Fazer a Diferença (AUTOR) EDWARD JOHNSON GONCALVES DE ABRANTES
(ADVOGADO)
RODRIGO MELO MESQUITA (ADVOGADO)
JUAN VITOR BALDUINO NOGUEIRA (ADVOGADO)
TAYNARA TIEMI ONO (ADVOGADO)
WILLIAN GUIMARAES SANTOS DE CARVALHO
(ADVOGADO)
BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA (ADVOGADO)
RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG (RÉU)
EDUARDO DUTRA BRANDAO CAVALCANTI (RÉU)
MARCOS DE ALENCAR DANTAS (RÉU)
Ministério Público Eleitoral DF (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
98141 23/10/2018 20:52 AIJE - Ibaneis x Rollemberg - abuso de poder político Petição Inicial Anexa
- coação, exonerações, publicidade vedada e si
EXMO. SR. DESEMBARGADOR CORREGEDOR DO TRIBUNAL REGIONAL
ELEITORAL – TRE/DF

IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR, candidato ao Governo do Distrito


Federal, devidamente registrado junto a este e. TRE/DF (Rcand 0601003-10.2018.6.07.0000,
com endereço para recebimento de intimações situado no SIG, quadra 01, lote 495, Ed.
Barão do Rio Branco, sala 17, Brasília, DF, CEP 70.610-410 e COLIGAÇÃO PRA FAZER
A DIFERENÇA (MDB/AVANTE/PP/PPL/PSL), pessoa jurídica registrada no
DRAP 0601002-25, vêm, por seus procuradores abaixo assinados, nos termos do artigo 22
da Lei Complementar 64/90, propor a presente

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORL


(por abuso do poder político)

Em face de RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG, candidato à reeleição para o


Governo do Distrito Federal, devidamente qualificado no RCAND 0600951-14,
EDUARDO DUTRA BRANDÃO CAVALCANTI, candidato ao cargo de Vice-
Governador do Distrito Federal, devidamente qualificado no RCAND 0600935-60, e
MARCOS DE ALENCAR DANTAS, eleito suplente ao cargo de Deputado Federal,
devidamente qualificado no RCAND 0600945-07, pelos fatos e fundamentos adiante
expostos.

Trata-se ação por meio da qual são apresentados fatos e provas da prática de abuso
de poder político por parte de Rodrigo Rollemberg e Marcos Dantas, decorrente de: (i)
coação de servidores comissionados com objetivo de promover a campanha de Rodrigo
Rollemberg; (ii) exoneração de servidores comissionados que se recusaram a cumprir as
ordens de declarar apoio ao candidato; (iii) uso indevido da comunicação institucional para
promoção pessoal; (iv) execução simulada de programa social para fins eleitorais (entrega de
escrituras fajutas).

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I.1. Da coação a servidores da Administração do Riacho Fundo II

No âmbito da Administração do Riacho Fundo II (RA XXI) vem ocorrendo coação


de servidores comissionados e até mesmo estagiários para participarem de eventos de
promoção da campanha, sob pena de exoneração/desligamento, conforme as seguintes
mensagens trocadas em grupo de whatsapp na semana seguinte ao 1º turno:

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Fica claro que, após sair de reunião com o Governador, a pessoas responsáveis pelos
telefones nº (61) 9992-0013 e (61) 9217-2734, que atendem por “Miza” e “Érika” (as quais

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serão identificadas ao longo da instrução), passam adiante recado do Governador ao dizer
que:
“amanhã terá uma reunião às 10h, com TODOS os servidores.
ACONSELHO a presença de todos. PRECISO DE UM OK DE CADA
UM, e que repassem aos demais. [CABEÇAS] ESTÃO ROLANDO E
IRÃO ROLAR A PARTIR DE AMANHÃ. FICA A DICA. E digo mais,
independente de qual deputado você esteja, AGORA ESTAMOS POR UM
SÓ OBJETIVO, QUE É NOSSO GOVERNADOR RODRIGO
ROLLEMBERG. MAIS UMA DICA.
(...)
Os estagiários também devem comparecer à reunião COM O
GOVERNADOR hoje às 10h.

São claras as ameaças de perda do emprego ou cargo, sendo que as pessoas


responsáveis pelas mensagens falam com a autoridade de quem saiu de reunião com o
próprio Governador onde tal orientação foi exposta.

Além disso, convocou os servidores para tratar da mobilização para campanha de


reeleição do Governador, em caráter obrigatório. As informações do portal da transparência1,
atualizadas até o mês de setembro, dão conta de que tal Administração Regional possui 44
cargos comissionados ocupados.

A compra de apoio aqui se dá da forma mais perversa possível, pois se dá pela ameaça
de causar um mal ao eleitor caso não apoie o candidato Rollemberg. Retira-se por completo
a sua liberdade ao submetê-lo a ter que decidir entre declarar apoio a Rollemberg ou manter
seu trabalho, sustentar sua família e pagar suas contas em dia.

1.2. Da coação a servidores comissionados da Administração do Setor de Indústrias


e Abastecimento – SIA

1 http://www.transparencia.df.gov.br/#/servidores/cargo-comissionado

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Além dos fatos acima, cada um deles suficientes para configurar o abuso do poder
político, também no âmbito da Administração do SIA a mesma prática vem ocorrendo.
Não consta no portal da transparência nenhuma referência sobre o número de servidores
comissionados, todavia, sabe-se que são muitos.

Conforme adiante demonstrado, também aqui se menciona a tal reunião com o


Governador a partir da qual as chefias dos órgãos do GDF passaram a impor apoio ao
candidato à reeleição.

Os vídeos anexos demonstram que comissionados da Administração do SIA foram


convocados para reunião conduzida pelo emissário do Governador, Sr. Marcos Dantas, na
qual foi exigida, inclusive, LISTA DE PRESENÇA dos comissionados, obviamente com
o intuito de deixar claro que a cúpula saberia quem, utilizando-se de sua liberdade, decidiu
não estar presente.

Vale lembrar que o Sr. Marcos Dantas foi candidato e eleito suplente de Deputado
Federal pelo PSB/DF, tendo sido presidente da legenda por vários anos, além de ter
ocupado, desde o início do Governo Rollemberg, diversos cargos de destaque, revelando-se
um dos aliados mais próximos do Governador2. A sua presença foi capaz, por si só, de
demonstrar aos servidores comissionados que seus superiores falavam sério quando
diziam que cabeças iriam rolar e que a ordem partia do próprio Governador.

2 “Veterano dos bastidores, Marcos Dantas vai testar o nome nas urnas
Marcos Dantas é um dos principais nomes que desembarcaram do GDF na última sexta-feira (6/4) para encarar
a disputa eleitoral em outubro. Veterano em articulações políticas, com 30 anos de atuação nos bastidores, ele
vai, pela primeira vez, estampar seu rosto nas urnas e disputar um cargo nas próximas eleições. Tentará uma
vaga de deputado federal pelo PSB, partido que presidiu no DF durante uma década. HOMEM DE
CONFIANÇA DE RODRIGO ROLLEMBERG (PSB), DANTAS ATUOU COMO UM CURINGA
E CHEFIOU TRÊS SECRETARIAS AO LONGO DA GESTÃO DO SOCIALISTA: RELAÇÕES
INSTITUCIONAIS; MOBILIDADE; E CIDADES. Em entrevista à coluna, Marcão, como é conhecido,
fez um balanço da atuação no Executivo e dos planos para o Legislativo. (...)”
https://www.metropoles.com/colunas-blogs/grande-angular/veterano-dos-bastidores-
marcos-dantas-vai-testar-o-nome-nas-urnas

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Ao contrário dos outros casos, nos quais os gestores funcionaram como meros
mandatários do Governador, no caso do Sr. Marcos Dantas, há assunção de posição
decisória, justificando a sua inclusão no polo passivo da demanda.

Percebe-se claramente dos vídeos anexos que servidores foram convocados a apoiar
e replicar o apoio ao candidato Rodrigo Rollemberg por meio de ESCALA DE
TRABALHO de rua, compartilhamento das postagens favoráveis ao Governador,
adesivação de carros, participação em eventos de campanha e outros.

A lista de presença abaixo destaca a participação de 30 servidores na reunião


conduzida pelo Sr. Marcos Dantas em ginásio de esportes:

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Uma simples pesquisa no site da Administração do SIA3 deixa evidente que, de fato,
nos nomes incluídos na lista de presença são de servidores comissionados daquela
Administração Regional, valendo citar alguns:

Os nomes contidos na lista de presença são citados, a princípio, na condição de


vítimas e não de autores do delito, fato que restará esclarecido durante a instrução probatória,
quando alguns deles poderão ser ouvidos.

3 http://www.sia.df.gov.br/category/sobre-a-ra/

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Ademais, não há dúvidas de que se tratou de ato de promoção da campanha de
Rodrigo Rollemberg, com participação exclusiva dos servidores, sem caráter facultativo (a
própria necessidade de lista de presença já demonstra isso). Vejamos os seguintes trechos da
transcrição do vídeo:

“Marcos Dantas (...) nós precisamos agora nos organizar aqui...A


TURMA DA ADMINISTRAÇÃO DEVE PASSAR ALGUMAS
TAREFAS PARA VOCÊS..vamo...acho que todos nós temos como ajudar,
de uma forma ou de outra, primeiro, CONVERSANDO COM TODOS
OS OUTROS, CRIANDO, COMPARTILHANDO NAS REDES
SOCIAIS TUDO O QUE O GOVERNADOR POSTAR, NÃO CUSTA
NADA...VAMO LÁ FAZER UM COMENTÁRIO...É USAR O
NOSSO ZAP, PEDIR VOTO PRO 40...ESSAS COISAS QUE TODO
MUNDO SABE FAZER, NÉ. E A GENTE NÃO PODE PERDER
ESSA BATALHA, SOBRETUDO NAS REDES
SOCIAIS...COLOCAR ADESIVO NO CARRO, COLOCAR
PERFURADE...ISSO AJUDA, ISSO DA VOLUME DE
CAMPANHA...E NAS ATIVIDADES, NÉ, VAMOS ESTAR
PRESENTES...vamos fazer engrossar esse caldo para que no dia 28 a
gente possa, essa...mais ou menos essa hora da noite, a gente ter uma
notícia muito boa.

Da mesma reunião, há, ainda, um 2º vídeo, mais longo, valendo citar:

“Pessoa 2: NESSA REUNIÃO DE TERÇA FEIRA QUE A GENTE


TEVE COM OUTROS ADMINISTRADORES,... governador, vai ter
gente para a gente poder pagar para poder ir pra rua para poder fazer aquela
coisa e o Donizete falou assim... Nós entendemos a importância... A Kátia, a
Eliana também junto, né, o Fábio e demais aqui também da
administração. O Denis e todos mais. Nós só temos, nós, eu falo nós
porque assim, gente, SE NÓS NÃO FORMOS AGORA PARA A RUA.
LITERALMENTE PARA A RUA, ORGANIZADOS POR ESCALA,

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ORGANIZADOS POR HORÁRIO, É, O NOSSO PROGRAMA NÃO
VAI TER NINGUÉM. A campanha não tem dinheiro. Eu quero deixar
isso aqui claro... E essa campanha, e, do nosso governado Rodrigo
Rollemberg não tem isso. Tem sangue. Tem suor. Quando você conversa
com ele, dona Márcia, esposa, rapaz, você vê que é gente séria de verdade.
Vale a pena sim, a gente lutar. Ir pra cima. Eu vou até, a gente tava
conversando, eu e o Donizete, para ver algumas escalas, inclusive
amanhã nós temos 8h30, zoológico. E na feira do Guará também. E AÍ
DONI, VOCÊ VAI VER COMO VOCÊ VAI ESTAR
ORGANIZANDO ISSO LÁ COM O POVO PORQUE A PARTIR DE
AGORA VAI SER DE INTENSIDADE. ENTREGA TOTAL.
PORQUE NÓS PRECISAMOS REALMENTE DE UMA
MILITÂNCIA SÉRIA E NÃO SÓ DE PUBLICAR NAS REDES
SOCIAIS, MAS DE VOCÊ IR A CAMPO. ABORDANDO AS
PESSOAS, CONVERSANDO... Vou te falar...

Pessoa 4: (...) Eu fui administrador, da regional, aqui do Guará, né, na época


era Guará, Estrutural, SIA e eu tinha um conceito de fiscalização que hoje
pode ser melhorado. Enfim, se a gente afrouxa isso aqui tava uma bagunça...

Pessoa 5: (...) Minha gente, acho que é isso, né? Eu queria agradecer
imensamente a presença de vocês. Vamos ter fé aqui tem gente que eu NÃO
TENHO DÚVIDA DE SERVIDORES, TRABALHADORES QUE
PODEM MULTIPLICAR....”

1.2.1. Da efetiva participação dos servidores comissionados nas redes sociais – em


cumprimento à ordem do Governador

As tarefas foram cumpridas à risca por milhares de comissionados, a maioria por


receio de perder seus cargos. Uma das tarefas apresentadas por Marcos Dantas era a de
compartilhar “nas redes sociais tudo o que o governador postar”, “fazer um

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comentário”, “usar o nosso zap” com o objetivo “não perder essa batalha, sobretudo
nas redes sociais”.

Alguns foram muito além e cumpriram a tarefa, inclusive, contribuindo para


disseminação de fake news, tal como o Sr. Fabrício Marinho, comissionado, chefe da
Assessoria de Comunicação da Administração de Santa Maria4, conforme a seguir:

Também no âmbito da Administração do Lago Sul os superiores hierárquicos foram


contundentes em cumprir as ordens da cúpula, utilizando grupo de mensagens da
Administração para postar propaganda negativa contra o candidato Ibaneis. As mensagens a
seguir foram postadas pela Sra. Gabrielle Oliv Gonzaga, Chefe de Gabinete daquela
Administração Regional5:

4
http://www.santamaria.df.gov.br/category/sobre-a-ra/estrutura/

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O problema da disseminação de fake news contra o candidato Ibaneis vem sendo
NOTÓRIO nas eleições do Distrito Federal, fomentado pelo candidato Rodrigo Rollemberg
e disseminadas por diversos comissionados, o que demandou o ajuizamento de diversas
representações junto a este e. TRE/DF, valendo citar as seguintes:

Número da representação Assunto da fake news impugnada


RP 0602875-60.2018.6.07.0000 Ibaneis seria alcoólatra, trairia a esposa,
gostaria de defender bandido, dentre outras
RP 0603007-20.2018.6.07.0000 Acusa Ibaneis de corrupção, grilagem e de
ter atuado no caso do assassinato do índio
Galdino
RP 0603015-94.2018.6.07.0000 Acusa Ibaneis de corrupção

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RP 0603018-49.2018.6.07.0000 Acusa Ibaneis de ter negado carteira de
advogado para Joaquim Barbosa e
concedido a José Dirceu.
RP 0603025-41.2018.6.07.0000 Acusa Ibaneis de grilagem
RP 0603027-11.2018.6.07.0000 Acusa Ibaneis de pedofilia e de
envolvimento com pessoa chamada Lorival
PET 0603026-26.2018.6.07.0000 Denúncia de Ibaneis sobre esquema para
disseminação de fake news o relacionando à
pedofilia

I.3. Da exoneração de servidores na FUNAP – pois se recusaram a cumprir as tarefas


em prol da campanha de Rodrigo Rollemberg

É fácil constatar que a reunião com o Governador (mencionada no grupo da


Administração do Riacho Fundo II e na reunião da Administração do SIA) gerou frutos e
foi capaz de multiplicar em outros órgãos do GDF a dica de que “cabeças iriam rolar”.

No caso da FUNAP – Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso, após o resultado


do 1º turno, foram exonerados os comissionados que fizeram uso de sua garantia
constitucional de voto LIVRE e SECRETO, sendo oportuna a transcrição dos vídeos
anexos:

• Vídeo de Raimunda Maria Furtado Santos


Pessoa que filmava: Pessoal de Brasília, estou aqui com a Raimunda, numa situação
que ela se acha coagida e ela quer passar para população essa situação que aconteceu
com ela.
Raimunda: Bom dia a todos, me chama Raimunda, moradora de Ceilândia e ontem
cheguei na FUNAP e me deparei com uma situação meio triste né, FUI EXONERA
TÁ, POR NÃO APOIAR O ATUAL GOVERNADOR ROLLEMBERG,
FIZERAM UMA REUNIÃO NA FUNAP E PEDIRAM PARA QUE TODOS

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OS FUNCIONÁRIOS COLOCASSEM SEUS CELULARES EM CIMA DE
UMA MESA E COMEÇOU, éé...

Pessoa que filmava: Você se sentiu coagida a trabalhar nessa campanha?


Raimunda: SIM, É NÉ, COMO FOI FALADO LÁ, NÉ, QUE ERA PRA
GENTE COLOCAR OS CELULARES EM CIMA DAS MESAS E QUE A
GENTE FOSSE PRA RUA NÉ, BANDEIRAR, PANFLETAR
ENTENDEU, PARA ATUAL GOVERNADOR E COMO EU NÃO QUIS,
NÃO SOU DE ACORDO, JAMAIS VOTARIA NESSE GOVERNADOR,
NÃO VOTO NELE EM HIPÓTESE ALGUMA, FUI EXONERADA.

Pessoa que filmava: Aconteceu essa situação de exoneração contigo agora, nesse
momento?

Raimunda: Aconteceu ontem dia 17/10, tá, e eu quero deixar o meu repúdio aqui
senhor Rollemberg, porque não é por aí que se, já que você quer se reeleger, não é
por aí que se reelege um governador, você agiu de má fé, EU SOU LIVRE E
TENHO MINHA OPÇÃO DE ESCOLHA, TÁ, ENTÃO, FICA MEU
REPÚDIO, FICA MINHA INDIGNAÇÃO AQUI, POR SUA PARTE NÉ,
AO MEU RESULTADO POR NÃO TE APOIAR, MINHA
EXONERAÇÃO. Muito obrigado a todos

• Vídeo de Kamila Alves Nascimento Campos


Pessoa que filmava: Estamos com a situação aqui da Camila. Ela trabalha no GDF
e se sentiu oprimida pelo GDF e ela vai explicar a situação e acontecido com ela.

Kamila: Bom, estou aqui e me deparei com isso aqui ontem, dia 17 de outubro de
2018, aonde meu nome saiu no diário oficial, Kamila Alves do Nascimento, vocês
podem conferir aqui, com cargo na FUNAP, exonerada. o governador em
desespero, ESTÁ USANDO O PODER DELE, AUTORIDADE DELE NO
PODER PÚBLICO PARA PODER NOS COAGIR, NOS EXONERANDO
PORQUE NÃO FIZEMOS CAMPANHA PRA ELE NESSA ÉPOCA
ELEITORAL. Então eu quero dizer pra você governador, que está desesperado, tá,
que você está agindo de forma ilegal, o que você fez não é correto, VOCÊ ESTÁ
USANDO OS CARGOS PÚBLICOS PARA PODER FAZER CAMPANHA,

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OU SEJA, VAI COLOCAR LÁ DENTRO, PESSOAS QUE ESTÃO
APOIANDO A SUA CAMPANHA, PELO FATO DE EU NÃO QUERER
APOIAR, ENTÃO EU FUI EXONERADA, E EU TENHO MEU
DIREITO, A DEMOCRACIA ESTÁ AÍ PRA ISSO, MEU VOTO É LIVRE,
EU VOTO EM QUEM EU QUISER, APOIO QUEM EU QUISER E ISSO
NÃO DÁ O DIREITO DO GOVERNADOR ME EXONERAR, LÁ
DENTRO MESMO FORAM CRIADAS VÁRIAS SITUAÇÕES PARA QUE
NÓS VIÉSSEMOS APOIAR O ROLLEMBERG E NÓS NÃO TOPAMOS,
EU NÃO TOPEI, ENTÃO ESTÁ AQUI MEU NOME NO DIÁRIO,
EXONERADA.

Pessoa que filmava: Você acha que foi coagida pela situação política:

Kamila: Fica aí minha indignação, FUI COAGIDA E ME EXONERARAM


E USARAM O PODER PÚBLICO PRA ISSO, pelo fato de eu não querer
fazer campanha. Isso não é correto, não é de acordo com a lei, e fica o meu
desprezo por essa situação, que infelizmente aconteceu.

As denúncias são graves e factíveis, tendo em vista que, ao checar o Diário Oficial
do DF do dia 18/10/2018 percebe-se que, de fato, as servidoras foram exoneradas 10 dias
após o resultado do 1º turno das eleições:

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As informações do portal da transparência6 demonstram que a FUNAP é vinculada
à Secretaria de Segurança Pública e Paz Social, a qual possui 614 cargos comissionados
ocupados.
II. Da configuração do abuso de poder político em decorrência dos fatos acima

Os fatos narrados enquadram-se nas hipóteses de abuso do poder político, pois está
claro que o candidato Rodrigo Rollemberg e Marcos Dantas impuseram, de forma
organizada, a obrigação para que servidores comissionados, terceirizados e estagiários,
declarassem apoio, votassem e multiplicassem o voto, chegando a ocorrer exonerações de
caráter punitivo.

Aplica-se o disposto no art. 22 da LC 64/90, segundo qual:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público


Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao
Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas,
indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para
apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico OU DO
PODER DE AUTORIDADE, ou utilização indevida de veículos ou meios
de comunicação social, EM BENEFÍCIO A CANDIDATO ou de partido
político, obedecido o seguinte rito:
(...)
XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a
proclamação dos eleitos, o Tribunal DECLARARÁ A
INELEGIBILIDADE DO REPRESENTADO E DE QUANTOS
HAJAM CONTRIBUÍDO PARA A PRÁTICA DO ATO,
COMINANDO-LHES SANÇÃO DE INELEGIBILIDADE PARA
AS ELEIÇÕES A SE REALIZAREM NOS 8 (OITO) ANOS
SUBSEQUENTES À ELEIÇÃO EM QUE SE VERIFICOU, ALÉM
DA CASSAÇÃO DO REGISTRO OU DIPLOMA DO CANDIDATO
DIRETAMENTE BENEFICIADO pela interferência do poder
econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos
meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao
Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar,
se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências
que a espécie comportar.”

6 http://www.transparencia.df.gov.br/#/servidores/cargo-comissionado

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
A gravidade da conduta7 e a clara quebra de normalidade do pleito se verifica ao se
perceber que milhares de servidores comissionados, terceirizados e estagiários, também
coagidos, não tiveram a possibilidade de suportar o ônus do desemprego para afirmar suas
convicções políticas e exercer a sua liberdade. Acredita-se que esse é o único motivo que
explica a chegada do atual Governador ao 2º turno.

O resultado poderia ter sido outro sem a prática dos abusos, conforme se depreende
do resultado da eleição, haja vista que entre o segundo e o terceiro colocados a diferença foi
mínima8, conforme a seguir:

Candidato Percentual Número de votos


Ibaneis Rocha 41,97% 634.008
Rodrigo Rollemberg 13,94% 210.510
Rogério Rosso 11,24% 169.785

Assim, pode-se afirmar que o ilícito, além de grave, alterou o verdadeiro resultado
que se teria nas urnas, que poderia ter conduzido Ibaneis ao Governo no 1º turno ou ter
elevado o candidato Rogério Rosso ao 2º turno, caso os eleitores-comissionados não
tivessem tido a sua liberdade de escolha cerceada.

O Tribunal Superior Eleitoral já assentou em diversas oportunidades que condutas


como as dos representados configuram abuso de poder político, com pena de cassação
do registro ou eventual diploma, bem como inelegibilidade pelo prazo de 8 anos.
Vejamos:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS REGIMENTAIS. AGRAVOS DE


INSTRUMENTOS. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. ABUSO DO PODER
POLÍTICO. PREFEITO E VICE-PREFEITA. CARACTERIZAÇÃO.
SÚMULA Nº 24/TSE. NÃO PROVIMENTO. Histórico da demanda 1.

7 LC 64/90. Art. 22, XVI. para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o
fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.

8 http://divulga.tse.jus.br

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
Contra o juízo negativo de admissibilidade do recurso especial eleitoral que
interpuseram, exarado pela Presidência do Tribunal Regional Eleitoral de São
Paulo (TRE/SP), manejaram agravo de instrumento Antônio Meira, Renata
Cristina Belufe Moreno Lippaus e Cleudice Aparecida Baldo Meira. 2.
Negado seguimento aos agravos de instrumento, monocraticamente, ausente
a alegada violação dos arts. 93, IX, da Constituição Federal; 1.022, II, III e
parágrafo único, II, do CPC/2015; 275, I e II, do Código Eleitoral; e 105-A
da Lei nº 9.504/1997, aplicadas as Súmulas nos 24, 28 e 30 do TSE. Do
agravo regimental3. Devidamente enfrentadas pelo Tribunal de origem as
questões relevantes ao deslinde da controvérsia, não há falar em afronta aos
arts. 93, IX, da Constituição Federal; 1.022, II, III e parágrafo único, II, do
CPC/2015; e 275, I e II, do Código Eleitoral. 4. Cumpridos os requisitos do
art. 319 do CPC, ausente a inépcia da inicial. Compreensão em sentido
contrário exigiria o reexame de fatos e provas, procedimento vedado pela
Súmula nº 24 do TSE. Precedente.
5. CONFIGURADA A GRAVIDADE DA PRÁTICA
DE ABUSO DO PODER POLÍTICO, DECORRENTE
DE PERSEGUIÇÃO POLÍTICA A SERVIDORES
MUNICIPAIS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO –
COMPROVADA A DESTITUIÇÃO DE FUNÇÃO DE
4 SERVIDORES -, COM O INTUITO DE
OBTENÇÃO DE APOIO À GESTÃO E À
CANDIDATURA À REELEIÇÃO. Conclusão em sentido
diverso encontra óbice na Súmula nº 24 do TSE.
6. Demonstrada a participação indireta dos beneficiários na prática
ilícita ante a presença dos candidatos nas reuniões e a proximidade por
parentesco entre o Prefeito e o agente que praticou a conduta abusiva,
razão pela qual não há falar em violação do art. 22, XIV, da LC nº 64/1990
pelo reconhecimento de inelegibilidade por presunção. Conclusão Agravos
regimentais conhecidos e não providos. (Agravo de Instrumento nº 50402,
Acórdão, Relator(a) Min. Rosa Weber, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Data 20/09/2018)

No precedente acima foi identificada situação semelhante à que ocorreu no âmbito


das Administrações do Riacho Fundo II, do SIA e na FUNAP, valendo comparar o presente
caso e os trechos do voto proferido pela Ministra Rosa Weber no julgamento do citado AI
50402:

Trechos do voto da Min. Rosa Weber no Fatos que embasam a presente ação
AI 50402/TSE
(iii.1) todos os depoimentos testemunhais, colhidos Administração do Riacho Fundo II:

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
sob o crivo do contraditório, são uníssonos nos
detalhes referentes à forma de abordagem, à
“amanhã terá uma reunião às 10h, com
realização das reuniões e o respectivo
TODOS os servidores. ACONSELHO a
conteúdo dos verdadeiros assuntos lá
presença de todos. PRECISO DE UM “OK”
tratados (apoio político aos candidatos
DE CADA UM, e que repassem aos demais.
Antônio e Renata), inclusive à expressão
[CABEÇAS] ESTÃO ROLANDO E IRÃO
reiteradamente utilizada pela recorrente
ROLAR A PARTIR DE AMANHÃ. FICA A
Cleudice Aparecida Baldo Meira de que
DICA.”
'MUITAS CADEIRAS FICARIAM
VAZIAS " (fl. 2.094), destacado que 'tais relatos
encontram perfeita harmonia com o que fora
declarado na fase administrativa do Procedimento
Preparatório Eleitoral - PPE' (fi. 2095); e

(iv) não só as provas orais comprovam o ilícito Administração do Riacho Fundo II:
eleitoral aduzido na exordial. Foi juntado aos
autos uma cópia de uma mensagem de E digo mais, independente de qual deputado
texto (fI. 46) encaminhada por Cleudice você esteja, AGORA ESTAMOS POR UM
Aparecida Baldo Meira para a testemunha Neiy de SÓ OBJETIVO, QUE É NOSSO
Carvalho, via celular, conclamando-a, como GOVERNADOR RODRIGO
filiada ao PT, a dar apoio a Antonio ROLLEMBERG. MAIS UMA DICA.
Meira, com os seguintes dizeres:
..não dá para ficar em cima do muro. [..] Administração do SIA:
Não existe neutralidade, vc está de um
lado ou de outro, O Meira precisa de vc Marcos Dantas: “(...) A TURMA DA
agora [..] Pelo que sei vc é filiada ao PT e, ADMINISTRAÇÃO DEVE PASSAR
portanto, deverá contribuir para que com sabedoria ALGUMAS TAREFAS PARA
ajude a todos decidirem o futuro da cidade e do VOCÊS..vamo...acho que todos nós temos
partido" (fis. 2.095-6); como ajudar, de uma forma ou de outra,
primeiro, CONVERSANDO COM TODOS
OS OUTROS, CRIANDO,
COMPARTILHANDO NAS REDES
SOCIAIS TUDO O QUE O
GOVERNADOR POSTAR, NÃO CUSTA
NADA...VAMO LÁ FAZER UM
COMENTÁRIO...É USAR O NOSSO ZAP,
PEDIR VOTO PRO 40...ESSAS COISAS
QUE TODO MUNDO SABE FAZER, NÉ.
E A GENTE NÃO PODE PERDER ESSA
BATALHA, SOBRETUDO NAS REDES
SOCIAIS...COLOCAR ADESIVO NO
CARRO, COLOCAR PERFURADE...ISSO
AJUDA, ISSO DA VOLUME DE
CAMPANHA...E NAS ATIVIDADES, NÉ,
VAMOS ESTAR PRESENTES
(v) também acompanhou a inicial o e-mail citado Administração do Riacho Fundo II:
pela testemunha Jane Aparecida no seu depoimento,

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no qual é convocada por Cleudice para
PARTICIPAR DE UM MOVIMENTO
Os estagiários também DEVEM
POLÍTICO-PARTIDÁRIO realizado no
dia 18.03.2016, na cidade de São Paulo, uma comparecer à reunião COM O
sexta- feira, conferia plena conotação de
GOVERNADOR hoje às 10h.
exigência de apoiamento político, tanto
que a determina a abonar o dia de
trabalho para possibilitar o
Administração do SIA:
comparecimento: " ... lembrando que vc deverá
estar abonando o dia de trabalho" (fi. 2.096);
(...) se nós não formos agora para a rua.
literalmente para a rua, organizados por
escala, organizados por horário, é, o nosso
programa NÃO VAI TER NINGUÉM. (...)
Eu vou até, a gente tava conversando, eu e o
Donizete, para ver algumas escalas,
inclusive amanhã nós temos 8h30,
zoológico. E na feira do Guará também. e aí
Doni, você vai ver como você vai estar
organizando isso lá com o povo porque a
partir de agora vai ser de intensidade.
entrega total. Porque NÓS PRECISAMOS
REALMENTE DE UMA MILITÂNCIA
SÉRIA E NÃO SÓ DE PUBLICAR NAS
REDES SOCIAIS, MAS DE VOCÊ IR A
CAMPO, abordando as pessoas,
conversando. (...)”

No mesmo acórdão acima citado, vejamos a conclusão do TRE/SP, mantida pelo


TSE no voto da Ministra Rosa Weber:

“(vii) inarredável a manutenção do decisium que julgou procedente a presente


ação, VISTO QUE COMPROVADO O ABUSO DO PODER
POLÍTICO DE FORMA ROBUSTA, consubstanciado no fato de que
Cleudice Aparecida Baldo Meira, na qualidade de Secretária da Educação
da Prefeitura de Hortolândia, ORGANIZOU ENCONTROS,
DURANTE E APÓS O HORÁRIO DE TRABALHO, com os
servidores públicos municipais da área da educação que exerciam
função de supervisor educacional, CONVOCANDO-OS ELA
MESMA, ou por meio de Vera Lúcia Guedes Vieira, PARA, NOS
LOCAIS, DE FORMA VELADA, APONTAR OS MOTIVOS PELOS

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QUAIS DEVERIAM APOIAR A GESTÃO E AS CANDIDATURAS À
REELEIÇÃO de Antônio Meira e de Renata Cristina Belufe Moreno
Lippaus, SOB PENA DE CESSAÇÃO DAS CITADAS FUNÇÕES,
COMO DE FATO OCORREU' (fis. 2.08-9);”

Ainda em relação ao mesmo caso, colhe-se a seguinte fundamentação do acórdão:

“(...) Quanto ao ponto, assentou o TRE/SP: "evidente está o


conhecimento e consentimento dos candidatos Antônio Meira e Renata
Cristina Belufe Moreno Lippaus, pois, conforme se verifica dos depoimentos
testemunhais, ESTES ESTAVAM PRESENTES NAS ALUDIDAS
REUNIÕES E, AINDA QUE NÃO TIVESSE A INTERVENÇÃO
PESSOAL E DIRETA do candidato a Prefeito, É POSSÍVEL A
CARACTERIZAÇÃO DO ILÍCITO em testilha QUANDO O FATO
É PRATICADO POR PESSOA INTERPOSTA QUE POSSUI
LIGAÇÃO COM O CANDIDATO (...)”

Não apenas esse, mas existem inúmeros julgados do TSE e de TRE´s pela
configuração de abuso do poder político nessas hipóteses, não se tratando de hipótese sui
generis/excepcional, mas da prática do abuso político em sua forma clássica, com gravidade
e, embora desnecessária, potencialidade de alterar o resultado do pleito.

II.1 Da configuração do abuso pela exoneração de servidores comissionados na


FUNAP

Conforme narrado acima, servidoras da FUNAP denunciaram a exoneração por não


terem cumprido as ordens de participar ativamente da campanha do candidato Rodrigo
Rollemberg. A violação ao artigo 73, III e V da Lei nº 9.504/97 é clara. Vejamos:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as


seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades
entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...)

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III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta
federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, OU USAR DE SEUS
SERVIÇOS, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido
político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o
servidor ou empregado estiver licenciado;
(...)
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa
causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar
ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir
ou EXONERAR servidor público, na circunscrição do pleito, nos três
meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade
de pleno direito, ressalvados: (...)”

Por certo que o mesmo dispositivo, em sua alínea “a” do inciso V, prevê a
possibilidade de exoneração de servidores comissionados, contudo, qualquer direito deve ser
avaliado sem perder de vista a chance de ser exercido de forma abusiva (pois o abuso de
direito é enquadrado no plano da ilicitude9). Da mesma forma, enquanto ato administrativo,
a exoneração está limitada à finalidade de interesse público, não podendo ser praticada com
interesse privado.

O abuso de direito e o desvio de finalidade estão presentes neste caso, pois a


exoneração representou perseguição política, enquadrando-se no seguinte precedente do
TRE/PA:

RECURSO ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. AÇÃO DE


INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. PREFEITO E VICE-
PREFEITO. PRELIMINAR DE OFENSA AO DEVIDO PROCESSO
LEGAL. AGRAVO RETIDO E PRELIMINAR. NÃO OBEDIÊNCIA
AO ARTIGO 523, CAPUT, E §1º DO CPC. NÃO CONHECIMENTO
DO AGRAVO. TESTEMUNHA REFERIDA. NECESSIDADE-
UTILIDADE VERIFICADAS PELO MAGISTRADO A QUO.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA A PRINCÍPIOS PROCESSUAIS.
PRELIMINAR REJEITADA. MÉRITO. ABUSO DE PODER

9Código Civil. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
POLÍTICO. CONDUTA VEDADA. DEMISSÃO DE SERVIDORES
TEMPORÁRIOS EM PERÍODO VEDADO. VIOLAÇÃO CLARA
DO INCISO V DO ARTIGO 73 DA LEI N.º 9.504/97.
TESTEMUNHAS. PROVAS DA UTILIZAÇÃO DE CARGOS PARA
CAPTAR VOTOS E APOIO POLÍTICO A CANDIDATOS DO
GOVERNO MUNICIPAL. ILÍCITOS CONFIGURADOS. FATOS
GRAVES. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ENTREGA DE
FRANGOS A ELEITOR. PROVAS FRÁGEIS DE COMPRA DE VOTO.
NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO PARA REFORMAR A SENTENÇA.
APLICAÇÃO DE MULTA. CASSAÇÃO DE DIPLOMA.
INELEGIBILIDADE. (...) 3. A quantidade de servidores demitidos
associado ao fato comprovado por testemunhos de que a motivação
das demissões foi eleitoreira – sancionar servidores que não apoiaram
os candidatos do Poder Executivo - denota que o ato foi grave, o que
configura o abuso de poder político bem como a necessidade de, além
da multa, impor a cassação do diploma. (...) (TRE/PA. Recurso Eleitoral
n 53067, ACÓRDÃO n 27119 de 09/12/2014, Relator(a) EVA DO
AMARAL COELHO, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo
234, Data 18/12/2014.

Portanto, as exonerações decorrentes de retaliação política pela ausência de


declaração de apoio se somam aos demais abusos e impõem a condenação dos investigados.

II. Da configuração do abuso pela indevida utilização dos meios de comunicação


institucionais para promoção pessoal do candidato Rodrigo Rollemberg

Em pleno período de campanha eleitoral o site oficial da Administração do Riacho


Fundo II (que se engajou em cumprir a missão de coagir servidores) segue veiculando em
seu site promoção pessoal do candidato Rodrigo Rollemberg, conforme a seguir:10

10
http://www.riachofundoii.df.gov.br/2018/04/06/mais-2-mil-escrituras-sao-entregues-no-riacho-fundo-ii/

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
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Número do documento: 18102320503510200000000096282
Mencionada notícia, embora tenha data de 06/04/18, segue veiculada em pleno dia
23/10/2018, com nítido intuito de promoção pessoal do Governador, em período
vedado pela lei eleitoral. Vejamos:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as


seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades
entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...) VI - nos três meses que antecedem o pleito: (...)
b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham
concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais,
estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade
pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
Ainda que não estivesse em período vedado, a publicidade pretensamente
institucional realizada no âmbito da Administração do Riacho Fundo II, também viola o
disposto no art. 37, § 1o da Constituição Federal, segundo o qual:

Art. 37. (...) § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e


campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou
de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens QUE CARACTERIZEM PROMOÇÃO PESSOAL DE
AUTORIDADES OU SERVIDORES PÚBLICOS.

Propaganda com o mesmo teor (suposta entrega de escrituras) vem sendo veiculada
pelo candidato Rodrigo Rollemberg em seu no horário eleitoral, entrevistas e debates,
ficando evidente que a propaganda institucional ora impugnada configura ato vedado de
promoção pessoal e, no conjunto dos fatos trazidos na presente ação, caracteriza abuso do
poder político, pois é nítida a utilização de diversas esferas da máquina pública em prol de
sua campanha.

III. Da configuração do abuso pela execução simulada de programa social - entrega


de diversas escrituras fajutas

A propaganda do candidato se vangloria de ter entregue, em menos de 4 anos, de


mais escrituras do que todas as escrituras lavradas desde a fundação de Brasília. Claramente
utiliza como parâmetro de comparação escrituras imobiliárias aptas a conferir a propriedade
dos imóveis aos atuais possuidores.

Todavia, o documento entregue NÃO É UMA ESCRITURA de transmissão de


propriedade imobiliária, mas documento que SIMULA uma. O instrumento utilizado para
lesar a população é mero DOCUMENTO PARTICULAR, sem valor jurídico para fins de
transferência de propriedade e sem aptidão para registro no cartório de imóveis.

Enquanto alguns eleitores acreditaram estar recebendo do Governo a propriedade de


seus imóveis, até porque é essa a propaganda eleitoral do candidato, outros, ao tentar efetuar
o registro imobiliário, perceberam que foram ludibriados, pois o documento apelidado de

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
escritura representa apenas NOVO reconhecimento de posse (pois, no caso do Riacho
Fundo II, não ocorreu invasão, e sim parcelamento do solo, devidamente organizado pelo
Poder Público no ano de 1994, tendo sido reconhecido como Região Administrativa em
2003).

Assim, para as pessoas que possuem imóveis ali (e para qualquer pessoa), escritura
imobiliária possui um único significado possível, qual seja, documento com aptidão para
transferência de propriedade imediata.

O documento entregue à população do Riacho Fundo II e outras regiões é mera


“declaração de reconhecimento de ocupação”, tendo sido apelidado de “ESCRITURA” para
evitar o desgaste político de explicar o término do Convênio antes existente com a
ANOREG, que permitia a formalização das escrituras de registro de imóveis gratuitamente
(doc.).

Para não deixar de “cumprir” a promessa, o Governo passou a distribuir declaração


de posse, todavia, maquiada com o nome de escritura, única e exclusivamente para ludibriar
o eleitor e inserir na propaganda a informação de que teriam sido entregues 63 mil escrituras.

Vejamos os seguintes trechos do documento idêntico ao que estava nas mãos do


Governador na foto publicada no site da Administração do Riacho Fundo II:

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
Como se observa, NÃO SE TRATA DA ESCRITURA de doação, cessão ou venda,
pelo contrário, o documento, além de não reconhecer a propriedade, impõe hipóteses de
cancelamento extremamente severas, permitindo ao Estado reaver a posse, a qualquer
momento, por diversos motivos, agora com a anuência do possuidor ludibriado, que, de boa-
fé, acreditou estar finalmente recebendo o título de propriedade de imóvel que já é seu.

Ou seja, NÃO HÁ EFETIVO GOZO DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE,


mas apenas gozo precário da posse. O problema é que as “escrituras” simuladas foram
entregues na forma de programa social, anunciadas como títulos de propriedade, com o único
propósito de promoção pessoal visando a eleição do candidato.

Note-se que algumas das pessoas que receberam as “escrituras” vêm pleiteando o seu
registro imobiliário junto aos cartórios, o que, obviamente, é negado, conforme Nota de

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
Devolução expedida pelo 4º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal, cujo teor é
o seguinte:
“NOTA DE DEVOLUÇÃO
(...)
Título: Escritura particular de reconhecimento de ocupação sobre lote
urbano do Distrito Federal
(...)
Feito o exame, conclui-se que o título não tem acesso ao fólio real.
O INSTRUMENTO APRESENTADO COM O NOME
“ESCRITURA PARTICULAR DE RECONHECIMENTO DE
OCUPAÇÃO SOBRE LOTE URBANO DO DISTRITO FEDERAL”
É APENAS UM TÍTULO PRECÁRIO ONDE O DISTRITO
FEDERAL DECLARA QUE A SENHORA (...) TEM A POSSE DO
IMÓVEL CONSTITUÍDO PELO LOTE (...) do Riacho Fundo”.
Ora, é sabido por todos que trabalham na área jurídica e, também não
é possível ser ignorado pelos entes públicos, que somente podem ter
acesso à matrícula do imóvel títulos expressamente previstos no art.
221 da Lei Federal n. 6015/73, não sendo o caso desse instrumento
elaborado pelo Governo do Distrito Federal por intermédio da
Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal -
Codhab.
Demais disso, tratando-se de imóvel com valor superior a 30 salários
mínimos, por força do art. 108 do Código Civil, assim como por não haver
lei específica autorizando a Codhab a praticar o ato aqui em exame,
também, sob essa ótica, não se poderia fazer qualquer alteração na
matrícula do imóvel: nem registro nem averbação, tendo em vista
tratar-se de ato nulo, para esse efeito. (...)”

Fica claro que as pessoas estão sendo ludibriadas com o objetivo de gerar votos para
o candidato à reeleição, que anuncia incansavelmente a suposta entrega de 63 mil escrituras.
A conduta abusiva atrai a aplicação de precedentes da Justiça Eleitoral, tal como o seguinte:

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
RECURSO ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL
ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. SIMULAÇÃO DE COMPRA E VENDA
DE IMÓVEIS. CONDUTA VEDADA. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE
SUFRÁGIO. ABUSO DE PODER. CONFIGURAÇÃO. RECURSO
IMPROVIDO. 1 - A transferência de imóveis pelo Município de Bom Jardim
de Goiás a terceiros, mediante escritura pública de compra e venda, sem a
contraprestação onerosa pelo particular, configura simulação, prevista no art.
167, §1º, II, do Código Civil, realizada a fim de camuflar doações irregulares
pelo candidato à reeleição. 2 - O registro das transações em cartório na
presença de notário possui presunção juris tantum, ilidida pelos depoimentos
dos próprios adquirentes, ao afirmarem a ausência de pagamento ao ente
público pela aquisição dos imóveis, o que confirma a falsidade ideológica
do conteúdo das escrituras públicas.
3 - Conquanto seja dever do administrador público obedecer aos ditames da
Lei nº 6.766/79 e do Estatuto da Cidade, não há se falar em regularização
fundiária quando inexistente autorização legislativa específica para esse fim.
TRATA-SE, NA VERDADE, DE ARTIFÍCIO DE QUE
LANÇA MÃO O AGENTE PÚBLICO, EM ANO
ELEITORAL, COM A INDISFARCÁVEL FINALIDADE
DE OBTENÇÃO DE VOTOS. 4 - A distribuição gratuita de bens
imóveis em ano eleitoral, fora dos casos que a lei excepciona, configura
conduta vedada, nos termos do § 10 do art. 73 da Lei nº 9.504/97. (..) 6 - A
PRÁTICA DE CONDUTA ILÍCITA (SIMULAÇÃO)
ALHEIA AO INTERESSE PÚBLICO COM A
FINALIDADE DE OBTER VANTAGEM NA DISPUTA
ELEITORAL REVELA ABUSO DO PODER POLÍTICO
E DE AUTORIDADE. 7 - A gravidade da conduta deve ser
avaliada de acordo com as circunstâncias do caso concreto, que restou
configurada, in casu, em grau suficiente para justificar a cassação do
diploma dos Recorrentes, tendo em vista o efeito multiplicador da
conduta. 8 - Recurso desprovido. (TRE-GO. INVESTIGAÇÃO
JUDICIAL n. 40990, ACÓRDÃO n 13945 de 22/08/2013, Relator(a) ABEL
CARDOSO MORAIS, Publicação: DJ - Diário de justiça, Volume 1, Tomo
165, Data 27/08/2013)

Na presente hipótese, havia previsão legal para promoção do programa social, o que
demandaria a sua execução, portanto, as escrituras de transferência DEVERIAM ter sido
entregues. Ocorre que, identificando suposta dificuldade operacional de executar o
programa, optou-se por SIMULAR a sua execução com a entrega de tais escrituras.

A conduta é grave pois não apenas desequilibra o pleito eleitoral, mas lesa a
população supostamente beneficiada. Certamente que se a prática fosse realizada por

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Número do documento: 18102320503510200000000096282
empresa do ramo imobiliário, haveria contundente apuração pelos órgãos de proteção ao
consumidor.

IV. Dos pedidos

1. O recebimento e a autuação da presente Ação de Investigação Judicial Eleitoral de


acordo com o rito do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90;

2. Citação dos réus para, querendo, apresentar defesa, conforme o art. 22, inciso I, alínea
a, da Lei nº 64/90;

3. Intimação do Distrito Federal para que apresente a relação de todas as exonerações


ocorridas a partir de 08/10/2018 (data do 1º turno das eleições);

4. Intimação do Departamento de Recursos Humanos da FUNAP – Fundação de


Amparo ao Trabalhador Preso11, para que informe os dados cadastrais das ex-servidoras
comissionadas RAIMUNDA MARIA FURTADO SANTOS e KAMILA ALVES
NASCIMENTO CAMPOS, que já ficam arroladas como testemunhas;

4.1. A intimação do Departamento de Recursos Humanos da FUNAP – Fundação de


Amparo ao Trabalhador Preso, para que informe se havia contra as pessoas acima
procedimento de sindicância/disciplinar e, se caso positivo, qual foi a conclusão;

5. Intimação da empresa “whatsapp” (Facebook Serviços online do Brasil ltda.)12 para


que informe os dados das proprietárias dos números de telefones (61) 9217-2734 (Érika) e
(61) 9992-0013 (Miza), vinculadas à Administração do Riacho Fundo II, ficando, desde já,
arroladas como testemunhas;

11 Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso - FUNAP/DF SIA Trecho 02 Lotes 1835/1845 1º Andar -
CEP: 71200-020 Telefone: 3233-8215 | E-mail funapdf@yahoo.com.br
12 Facebook Serviços on line do Brasil. CNPJ nº 13.347.016/0001-17, com endereço na cidade de São Paulo/SP,

na rua Leopoldo Couto de Magalhães Junior, nº 700, 5º andar, Itaim, Bibi, CEP: 04542-000

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6. A intimação da CODHAB (Companhia de Desenvolvimento Habitacional do
Distrito Federal) para que informe a quantidade de documentos entregues por Rodrigo
Rollemberg intitulados “ESCRITURA PARTICULAR DECLARATÓRIA DE
RECONHECIMENTO DE OCUPAÇÃO”;

7. A oitiva do Ministério Público Eleitoral.

8. Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, tanto documentais


quanto testemunhais;

9. Ao final, que seja julgada procedente a presente ação para que os representados sejam
condenados nas penas previstas no art. 22, inciso XIV, da Lei Complementar nº 64/9013.

Pede deferimento,
Brasília, 23 de outubro de 2018.

Bruno Rangel Willian Guimarães


OAB/DF 23.067 OAB/PI 2.644

Taynara Tiemi Ono Juan Nogueira


OAB/DF 48.454 OAB/DF 59.392

Rodrigo Mesquita Edward Johnson Gonçalves


OAB/DF 41.509 OAB/DF 59.088

13LC 64/90. Art. 22. (...) XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos
eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a
prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8
(oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato
diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de
autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral,
para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras
providências que a espécie comportar.

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