Professional Documents
Culture Documents
Caro aluno,
Além disso, vamos observar como os fatos históricos influenciaram o surgimento da sociologia
em função das mudanças pelas quais a sociedade passou nos séculos XVIII e XIX. Os primeiros
sociólogos se debruçaram sobre o problema da constituição da sociedade e seu
funcionamento a partir de uma perspectiva científica. Esse fato não significa que
anteriormente, a criação da sociologia não teve nenhuma tentativa de explicar as relações
sociais e o funcionamento da sociedade. O que difere os trabalhos da Sociologia das
especulações filosóficas são a delimitação de um objeto de estudo e uma análise a partir de
métodos científicos.
Assim, a ciência social se distanciará do "senso comum" a partir do que o sociólogo Wright
Mills chama de "Imaginação Sociológica". Essa imaginação é o que possibilita buscar conexões
entre as realidades individuais e a realidade social, em que o sociólogo é aquele cientista capaz
de perceber e explicitar essas conexões.
Veremos também, nesta unidade, como a sociologia surge a partir das ideias positivistas de
Auguste Comte, que sugere a sua criação com o intuito de organizarmos a sociedade em torno
de valores que seriam cientificamente embasados.
Unidade 1
Estimule seu conhecimento prévio refletindo sobre as questões abaixo:
1) Qual o contexto do surgimento da Sociologia?
2) De que forma a Sociologia se apresenta como disciplina científica?
3) Quais são os principais problemas abordados pela Sociologia?
O Nascimento do Pensamento Sociológico
As diferentes ciências modernas têm como característica principal a criação de um objeto de
pesquisa específico, que dá a identidade daquela ciência. A ideia de "Logus", de onde deriva a
palavra "logia", se refere à lógica e está associada à compreensão do funcionamento do objeto
elegido. Seguindo essa ideia, a biologia é o estudo do funcionamento da vida; a mineralogia,
do funcionamento dos minerais e assim por diante.
Para um conhecimento constituir uma ciência, é necessário que ele seja universal, objetivo e
falseável. As ideias sociológicas derivam da compreensão da sociedade como uma realidade
observável, com regras que podem ser ordenadas e apreendidas a partir do método científico.
Ou seja, é possível produzir conhecimento a respeito do funcionamento da sociedade que seja
universal, objetivo e falseável.
O pensamento sociológico tem suas origens nos séculos XVIII e XIX, com o surgimento da
sistematização de um conhecimento sobre o funcionamento da sociedade com bases
científicas, ou seja, não apenas com especulações filosóficas.
Pode-se destacar três questões básicas para a fundamentação do pensamento social, às quais
diversos sociólogos se dedicarão a responder, de uma forma ou de outra.
A partir destas questões, vamos discutir vários conceitos ligados à socialização e aos processos
sociais, aspectos que permeiam nossa vida social, isto é, que permitem a interação entre
indivíduos.
O entendimento de conceitos básicos que veremos daqui para frente nos permitirá abordar
teorias mais complexas da sociologia.
3 - A Revolução Francesa de 1789, como a principal revolução política da época. Por meio dela,
foi sugerido que as pessoas são responsáveis pela organização da sociedade e que a
intervenção humana pode solucionar problemas sociais. A série de revoluções políticas
democráticas sugeriram que as pessoas poderiam controlar a sociedade.
Essas revoluções, assim como outros acontecimentos da época, fizeram nascer a imaginação
sociológica, que pode ser definida como a "qualidade mental que nos possibilita perceber as
relações entre problemas pessoais e estruturas sociais" (BRYM, et al., 2010).
Conceitos Importantes
Estrutura Social: Padrões estáveis de relações sociais que formam a base para as interações
entre indivíduos.
Método Científico: Método científico é um conjunto de regras básicas que têm como objetivo
obter conhecimento baseado na observação sistêmica e controlada. O método científico é
uma maneira de confirmar ou refutar uma hipótese sobre determinada realidade.
Ao compreender que o porteiro não estaria tão cedo de volta, tratei eu mesmo de tocar o
interfone no apartamento que iria visitar. Meu tio abriu o portão eletrônico e eu entrei.
Porém, o condomínio possui dois portões de entrada: o primeiro, que é da rua para o pátio; e
um segundo, do pátio para dentro do prédio de apartamentos. Por alguma razão, o segundo
portão fechou e eu fiquei no pátio, sem poder entrar no prédio e sem poder me comunicar
com meu tio novamente.
Passados alguns minutos, o porteiro voltou e abriu o segundo portão. Eu disse a ele que, para
evitar aborrecimentos, seria conveniente deixar o segundo portão sempre aberto no horário
de almoço. E ele me respondeu:
Não muito satisfeito com a resposta, subi para o apartamento indignado. Depois de algum
tempo, pensando sobre o acontecido e aplicando uma boa dose de imaginação sociológica,
cheguei à conclusão que a minha indignação era tão justificada quanto a resposta que havia
recebido do porteiro.
Estar sempre disponível, seja para uma ligação ou nas redes sociais em seu smartphone,
deixou de ser excepcional; muito pelo contrário, hoje a exceção é estar incontatável. Essa
disponibilidade constante, no entanto, pode gerar ansiedade e agitação.
A tecnologia, em todos os seus setores, traz mudanças rápidas a normas antigas. Essas
transições, no entanto, podem transformar relações interpessoais e globais de maneiras nunca
antes vistas. Hoje, no caso dos smartphones, pode-se dizer que pecamos pelo excesso.
Caro aluno,
O Fato Social é classificado por Dukheim como maneiras de pensar, agir e sentir que são
relativamente generalizáveis na sociedade. As instituições sociais são as responsáveis pelo
ensinamento do Fato Social para as diferentes gerações.
As Instituições sociais podem ser identificadas como aquelas organizações que atingem a
condição de estruturas relativamente permanentes na sociedade. A Igreja, a escola, a família,
o Estado são todos exemplos de instituições fornecedoras de regras de conduta aceitas e
legitimadas socialmente.
Como Durkheim estava em busca da legitimação da Sociologia como ciência, ele buscou nas
ciências biológicas as analogias para suas explicações sobre o funcionamento da sociedade. A
ideia de fisiologia, na qual se estuda as funções do corpo biológico, inspirou o paradigma da
integração social: há diversas funções que devem ser exercidas numa sociedade para que a
mesma se mantenha estável e em funcionamento. Dessa forma, há uma tendência dos
indivíduos coordenarem suas ações sociais com as de outros níveis da estrutura do "corpo
social". Assim, a sociedade tende a um equilíbrio, graças à integração de suas partes.
O que une as diferentes partes e coordena essas ações são os laços de coesão e solidariedade,
que assumem diferentes representações de acordo com a sociedade e a época. Porém,
invariavelmente, essas manifestações são nada mais, nada menos que os fatos sociais. Ou seja,
os fatos sociais são responsáveis pelo compartilhamento de normas e padrões de ação na
sociedade, independentes das manifestações individuais.
Para uma análise sociológica que seja de fato científica, os fatos sociais devem ser tratados
como coisas, ou seja, algo externo aos indivíduos e sem relação com o pesquisador. A
dificuldade de tal empreitada é que nós internalizamos e naturalizamos atitudes que são
aprendidas na coletividade. No censo comum, os fatos sociais são vistos como algo inerente
aos seres humanos, como, por exemplo, os comportamentos ligados ao gênero: as posturas
diferenciadas entre homens e mulheres são atribuídas como naturais, porém há evidências
que elas são de fato aprendidas a partir da convivência coletiva. São assim fatos sociais, pois
são externos aos indivíduos; são generalizados; e exercem coerção sobre as consciências
individuais.
Dizer que fatos sociais exercem coerção sobre as consciências individuais significa dizer que há
uma pressão social para que o indivíduo assuma uma maneira de pensar e agir que está de
acordo com o padrão difundido na sociedade. Pessoas que fogem a essa regra de
comportamento podem sofrer sanções formais ou informais. As leis de um Estado são um
exemplo de sanções formais. As brincadeiras com o diferente, piadas sobre determinados
tipos de comportamento, como a homossexualidade, são exemplos de sanções informais. Nem
sempre a coercitividade é percebida. Pensando nos comportamentos atribuídos aos sexos,
homens e mulheres, quando atendem ao comportamento padrão da sociedade, dificilmente
têm dúvidas quanto ao tipo de roupa que gostariam de usar.
Um bom exemplo de fato social que contempla as três caraterísticas é o dinheiro. Ele é externo
aos indivíduos, ou seja, não é uma criação pessoal. Ele é generalizado, o seu uso atinge a todos
que estão integrados àquela sociedade e é coercitivo, pois se alguém desejar fazer uma
transação comercial, terá, obrigatoriamente, de utilizar a moeda vigente naquela sociedade.
De acordo com Durkheim, o fato social é necessário para a integração dos indivíduos à
sociedade. Se o indivíduo não age de acordo com os fatos sociais vigentes, ele se torna
excluído.
Os fatos sociais levam à solidariedade social a partir da regulação social e integração social,
assim, se referindo ao sentimento de pertencimento ao grupo, como falamos no início. O grau
de solidariedade varia de acordo com a sociedade, que possui dois estágios: o mecânico, típico
de sociedade primitivas que são pouco complexas; e o orgânico, de sociedade complexas e
com alto grau de divisão social do trabalho.
Conceitos Importantes
Fato Social: "toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada,
apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa
ter". Os Fatos Sociais são " (...) maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo,
dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõe. " Também podem ser
definidos como "maneiras de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem
suscetíveis de exercer influência coercitiva sobre as consciências particulares". O Fato Social
tem, portanto, três características básicas: externalidade, coercitividade e generalidade.
Solidariedade social: refere-se à combinação de: regulação social, ou o grau segundo o qual os
membros de um grupo compartilham normas, crenças, valores e integração social, ou a
intensidade e frequência de suas interações. A segunda conceituação que aborda a integração
social é o principal explorado por Durkheim na teoria do suicídio.
Fonte: ARAÚJO, Silvia M. et al.. Sociologia: um olhar crítico. São Paulo: editora contexto, 2015.
O ataque terrorista em Paris, que resultou em 129 mortos, também acabou chamando
atenção quanto à situação do país: o presidente francês François Hollande afirmou, numa
declaração, que acreditava que o atentado teria sua origem na Síria. No entanto, a análise da
situação síria não é tão simples: mais de 200 mil pessoas já morreram na guerra que assola o
país árabe, e o número de refugiados já alcança os 4 milhões.
O que era um conflito político se tornou um conflito generalizado, onde grupos como o Estado
Islâmico, rebeldes e até as tropas do governo sírio estão envolvidas. O Estado Islâmico,
presente no embate desde 2014, enfrenta todos os outros grupos sociais do país, sejam
radicais, moderados ou conservadores.
No Ocidente, os Estados Unidos e aliados (França, Irã, Turquia, entre outras nações do Golfo
Pérsico) se envolvem de diferentes maneiras nesta guerra, visando o fim de todo este
antagonismo. A Rússia, por sua vez, já iniciou operações de bombardeio, alegando estar
combatendo diretamente o Estado Islâmico.
Fonte: Adaptado de ENTENDA: quem luta contra quem na Síria. G1 Mundo. Disponível em:
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/11/entenda-quem-luta-contra-quem-na-
siria.html>. Acesso em: 29 jan. 2016