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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

DEPARTAMENTO DE FÍSICA, DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS


LABORATÓRIO DE FÍSICA EXPERIMENTAL IV

CORPO NEGRO

ALUNOS: IGOR PEIXOTO RODRIGUES


CRISTINA PANZERA GONÇALVES
THOMAS ROBERTO CAIRES DA SILVA

PROFESSOR(A): ANA CLAUDIA M. CARVALHO

SÃO JOÃO DEL REI


MINAS GERAIS – BRASIL
ABRIL/2018
1. INTRODUÇÃO

O fim do século XIX foi marcado pelo estudo de um conjunto de fenômenos para os quais a
teoria clássica inferia um resultado diferente do observado experimentalmente. Dentre esses
fenômenos os que tiveram grande relevância para a elaboração da teoria, hoje, conhecida como antiga
mecânica quântica foram:
(1) a emissão de luz por objetos quentes, chamada radiação de corpo negro;
(2) o efeito foto elétrico, definido como a emissão de elétrons a partir de uma superfície metálica
sobre a qual se incide luz;
(3) espectros de emissão dos gases que evidenciam a luz por eles emitida ao serem
eletronicamente excitados.
O físico alemão Max Planck é considerado o pai física quântica por, em 14 de dezembro de
1900, ter publicado o artigo “Sobre a Teoria da Lei de Distribuição de Energia do Espectro Normal”
que revolucionou as ideias vigentes, auxiliando a explicação coerente dos fenômenos citados. Um
quarto de século mais tarde a mecânica quântica moderna, base da concepção humana atual da
natureza, é desenvolvida por Schroedinger e outros cientistas.

2. TEORIA
Radiação térmica é a radiação emitida por qualquer corpo devido à sua temperatura. Todos
os corpos emitem e absorvem esse tipo de radiação para o meio em que se inserem. Quando o corpo
está a maior temperatura ele absorve menos radiação do que emite, quando o meio está a maior
temperatura a taxa de absorção do corpo é maior que a de emissão e quando ambos estão a mesma
temperatura taxa de absorção e emissão são iguais.
O espectro de emissão dos corpos nos estados líquido e sólido é continuo tendo variações
mínimas para diferentes corpos, independentemente de sua constituição, mas variando
consideravelmente com a temperatura dos mesmos. Majoritariamente, para qualquer temperatura, a
radiação térmica está na frequência do infravermelho. Quanto maior a temperatura corpórea mais
radiação térmica é emitida e maior é a frequência na qual essa radiação é mais intensa. Graças a essa
característica do espectro é possível estimar a temperatura de um corpo ao observar sua cor ou a faixa
de frequência por ele emitida.
Corpos negros são aqueles que absorvem toda a radiação térmica incidente sobre eles.
Independente de sua composição, a uma mesma temperatura, o espectro de emissão de qualquer corpo
negro é igual. Essa universalidade do espectro dos corpos negros confere grande interesse sobre as
propriedades da radiação por eles emitida.

1
A radiância espectral, RT(ν), é o parâmetro que mostra a distribuição de energia irradiada por
um corpo negro em função da frequência dessa energia. Ela é uma função definida de forma que
RT(ν)dν seja igual à energia emitida por unidade de tempo, em radiação de frequência expressa na
faixa de ν e ν + dν, por unidade de área de uma superfície a determinada temperatura T.

𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎


𝑅𝑇 (ν)dν = =
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑥 á𝑟𝑒𝑎 á𝑟𝑒𝑎
Equação 1

Experimentalmente o comportamento de RT(ν) em função de ν e sua relação com a T é apresentado


na Figura 1. A análise da curva experimental permite depreender que:

 A frequência em que a radiância é


máxima aumenta proporcionalmente
com a temperatura;
𝜈𝑚𝑎𝑥 = 𝑎𝑇 + 𝑏
Equação 2
 Se a frequência é próxima de zero,
em um intervalo dν, há pouca potência
irradiada. Se a frequência é nula a
potência emitida também é;
 Uma variação pequena de
frequência, intervalo dν, faz com que a
Figura 1 - Radiância espectral de corpo negro em função da potência irradiada cresça muito
frequência da radiação, mostrada para a temperatura de 1000K,
1500K e 2000K. rapidamente;
 Cada valor de temperatura tem um
valor de frequência para a qual a potência irradiada é máxima. A partir desse ponto a medida que a
frequência cresce a potência tende a zero;
Integrando a radiância espectral sobre todas as frequências do espectro eletromagnético
obtemos a energia total emitida por unidade de área e tempo, a uma determinada temperatura T.


𝑅𝑇 = ∫ 𝑅(𝜈)𝑑𝜈
0

Equação 3

2
Na equação 3, RT cresce rapidamente com o aumento da temperatura. Esse resultado foi obtido
experimentalmente por Joseph Stefan em 1879:
𝑅𝑇 = 𝜎𝑇 4
Equação 4
Onde σ = 5,67 x 10-8 W/m2K4 é a chamada constante de Stefan-Boltzmann. Essa constante recebe
esse nome pois, em 1884, Boltzmann deduziu teoricamente o resultado se Stefan.
O gráfico da Figura 1 também evidência o deslocamento do espectro de corpo negro para
maiores frequências à medida que a temperatura aumenta. Essa é a chamada lei de deslocamento de
Wien que, escrita em função do comprimento de onda, λ, é:
𝜆𝑚𝑎𝑥 𝑇 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
Equação 5
Onde λmax é o comprimento de onda para o qual a radiância espectral atinge seu valor máximo em
dada temperatura T. O valor experimental da constante de Wien é 2,898x10-3 mK.

O CUBO DE LESLIE
Equipamento criado no final do século XIX pelo físico escocês
John Leslie, é utilizado para pesquisa da radicação térmica emitida por
um corpo em função de sua temperatura, cor e propriedades de seus
compostos. Cada face do cubo é constituída por um material e em seu
interior há uma fonte de calor. Como diferentes substâncias reagem de
maneira distinta à radiação sobre ele incidente, emitido diferentes
frequências sob as mesmas condições, um termo detector é posicionado
a uma distância fixa de cada uma das faces fornecendo a medida da
Figura 2 - Cubo de Leslie
radiação emitida por cada substância por meio de um valor de
voltagem.

LEI DO INVERSO DO QUADRADO DA DISTÂNCIA

A lei do inverso do quadrado está presente em vários fenómenos físicos, como na atração
gravitacional, nas interações elétricas entre cargas pontuais ou na atenuação da radiação e do som no
espaço a partir de fontes pontuais. Ela afirma, por exemplo, que a intensidade da radiação emitida por
uma fonte de luz, ou seja, sua potência gerada por unidade de área, é inversamente proporcional ao
quadrado da distância até a fonte.

3
Considere um meio no qual a radiação se
propaga com a mesma velocidade em todas as direções e,
consequentemente, terá uma frente de onda de forma
esférica a cada instante. A área da superfície esférica que
representa a frente de onda aumenta quadraticamente com
o aumento da distância à fonte, essa propriedade é

Figura 3 - Propagação da radiação luminosa a claramente observável na Figura 3.


partir de uma fonte pontual S.
A energia proveniente da fonte pontual se distribui
por uma área total cada vez maior, resultando em uma atenuação da radiação recebida a maiores
distâncias da fonte. Portanto a lei do inverso do quadrado para uma fonte emissora de radiação térmica
temos que:

𝑃
𝐼=
4𝜋𝑟²
Equação 6
Essa relação pode ser verificada em uma experiência com uma lâmpada incandescente sendo
considerada fonte pontual de radiação para distâncias maiores que as dimensões do seu filamento. A
medida da intensidade da radiação é feita por uma termo-pilha.

3. OBJETIVOS
Os experimentos realizados têm como objetivo:
 Estudar a radiação de corpo negro;
 Verificar a lei do inverso do quadrado da distância para a radiação;
 Verificar a validade da lei de Stefan-Boltzmann para altas temperaturas.

4. MATERIAIS

Os materiais utilizados para a realização dos experimentos:


 Sensor de radiação térmica;  Fonte de tensão (máximo 13V- 3A);
 Multímetros;  Cubo de Leslie;
 Régua;  Lâmpada de tungstênio.

4
5. PROCEDIMENTOS
RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO
1) Monte o aparato experimental como na Figura 4;

Figura 4 - Aparato experimental

2) Pré-aqueça o cubo de Leslie fixando o botão de ajuste da potência na posição 5, mantendo o


mesmo nesta posição por cerca de 20 minutos;
3) Caso o equipamento não estiver pré-aquecido, ajude o botão de controle de potência na
posição “HIGH”. Quando o ohmímetro indicar aproximadamente 40 kΩ (aproximadamente 40ºC)
ajuste o botão na posição 5;
4) Iniciar as medidas (botão de ajuste de potência em 5) com o sensor de radiação para a face
escura (preta). Para tanto, posicionar o sensor de radiação de tal forma que o pino existente na
extremidade do mesmo fique em contato com a superfície do cubo de Leslie. Este procedimento
assegura que a distância do elemento sensor à superfície é a mesma para todas as medidas em todas
as superfícies.
5) Anote a medida de voltagem do sensor de radiação para a face preta, bem como o valor da
resistência fornecida pelo ohmímetro;
6) Repetir os procedimentos (4) e (5) para cada face do cubo;
7) Após efetuar as medidas, repetir os procedimentos de (4) a (6) para o botão de controle da
potência ajustado em 6,5, 8,0 e “HIGH”. Para cada ajuste espere o cubo entrar em equilíbrio térmico;
8) Anote os valores medido,
9) Colocar o sensor de radiação aproximadamente 5cm da face preta do Cubo de Leslie. Botão
de controle de potência ajustado em 6,5. Medir a radiação emitida;
10) Posicionar diferentes materiais entre o sensor e o cubo de Leslie (vidro, papel, flanela,
plástico, polarizador, etc);
11) Medir e anotar a radiação emitida.

LEI DO INVERSO DO QUADRADO DA DISTÂNCIA


1) Monte o aparato experimental como na Figura 5;

Figura 5 - Aparato experimental

2) Verificar se o zero da régua ou da escala está alinhado com o centro do filamento. Este
procedimento define a posição de uma fonte emissora “pontual” equivalente;
3) Verificar se o sensor de radiação térmica está alinhado, ou seja, se a altura do elemento sensor
(termo-pilha) está no mesmo nível do filamento da lâmpada de Stefan-Boltzmann. Estes devem
permanecer alinhados durante todo o deslocamento do sensor. Os cuidados neste procedimento são
essenciais para a minimização dos erros experimentais na verificação da lei do inverso do quadrado
da distância;
4) Conectar o sensor de radiação ao milivoltímetro;
5) Medir a temperatura ambiente;
6) Com a lâmpada desligada deslizar o sensor de radiação térmica e anotar os valores da radiação
térmica ambiente para as posições 10, 20, 30, ..., 100 cm. Calcular o valor médio da radiação térmica
ambiente;
7) Conectar a lâmpada de Stefan-Boltzmann a uma fonte de tensão estabilizada. Ao ligar a
lâmpada em hipótese alguma ultrapasse o valor da tensão de alimentação de 13 V. Valores maiores
que 13 V danificam o filamento da lâmpada de Stefan-Boltzmann.
8) Ligar a lâmpada de Stefan-Boltzmann e ajustar a tensão de alimentação da mesma em
aproximadamente 10 V;
9) Efetuar as medidas da radiação térmica emitida pela lâmpada;
10) Calcular os valores e anotar.

1
LEI DE STEFAN-BOLTZMANN PARA ALTAS TEMPERATURAS
1) Monte o aparato experimental como a Figura 6;

Figura 6 - Aparato experimental

2) Antes de ligar a lâmpada efetuar a medição da temperatura ambiente 𝑇𝑟𝑒𝑓 em graus Kelvin
bem como da resistência da lâmpada 𝑅𝑟𝑒𝑓 , i.e., a resistência do filamento a temperatura ambiente.
Conecte o voltímetro diretamente nos contatos da lâmpada de Stefan-Boltzmann a fim de minimizar
a resistência de contato;
3) Colocar o sensor de radiação alinhado com o filamento da lâmpada com a face frontal do
mesmo localizada a aproximadamente 6 cm do filamento (veja Figura acima). O ângulo de entrada
da radiação da termo-pilha não deve permitir a medida da radiação térmica proveniente de nenhum
outro objeto radiante além da lâmpada de Stefan-Boltzmann;
4) Ligar a fonte de tensão e variar a tensão aplicada sobre a lâmpada de 1 V em 1 V até o valor
de 12 V;
5) Para cada valor de tensão ajustado medir simultaneamente os valores da corrente sobre o
filamento e a tensão fornecida pelo milivoltímetro conectado na termo-pilha;
6) Utilizar a relação 𝑅𝑇 = 𝑉/𝑖 para determinar o valor da resistência do filamento para cada
valor aplicado de tensão. Para altas temperaturas, 𝑅𝑇 é o valor da resistência do filamento para cada
temperatura;
7) Calcular os valores da temperatura do filamento utilizando a fórmula:
𝑅𝑇 − 𝑅𝑟𝑒𝑓
𝑇= + 𝑇𝑟𝑒𝑓
𝛼𝑅𝑟𝑒𝑓
8) Calcular o valor de 𝑇 4 ;
9) Anotar os valores da tensão aplicada sobre o filamento da lâmpada, a corrente, o valor da
tensão fornecida pela termo-pilha, o valor calculado de 𝑅𝑇 , o valor da razão 𝑅𝑇 /𝑅𝑟𝑒𝑓 , o valor de T e
o valor de 𝑇 4 .
2
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS

RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO


Para estudar a radiação de um corpo negro foi montado o aparato experimental como mostra
a Figura 7.

Figura 7 - Montagem do aparato experimental. A direita e esquerda temos um multímetro, ao centro


temos a termo-pilha encostada na parede do cubo de Leslie

Ajustou-se diferentes potências no cubo de Leslie. Mediu-se o valor da resistência associada


a cada potência e determinou-se uma temperatura para a lâmpada de acordo com a Tabela 1 do roteiro
experimental. Posteriormente leu-se a radiação transmitida por cada face do cubo com auxílio da
termo-pilha, que forneceu essa grandeza em diferença de potencial. Os valores de voltagem,
resistências e temperaturas associadas foram anotados na Tabela 1.

Tabela 1 – Radiação de corpo negro. Sensor encostado nas paredes do cubo de Leslie.

Potência do Resistência Temperatura Potência do Resistência Temperatura


cubo de cubo de
Leslie Leslie
5,0 (6,3 ±0,1) kΩ ( 101 ±1º)C 6,5 (4,5 ±0,1) kΩ ( 107 ±1º)C
Superfície Leitura do sensor Superfície Leitura do sensor
Preta (9,7 ±0,1)mV Preta (11,9 ±0,1)mV
Branca (9,6 ±0,1)mV Branca (11,8 ±0,1)mV
Alumínio polido (0,0 ±0,1)mV Alumínio polido (0,2 ±0,1)mV
Alumínio poroso (1,0 ±0,1)mV Alumínio poroso (1,4 ±0,1)mV

3
Potência do Resistência Temperatura Potência do Resistência Temperatura
cubo de cubo de
Leslie Leslie
8,0 (2,8 ±0,1) kΩ ( 122 ±1º)C 10,0 (1,9 ±0,1) kΩ ( 135±1º)C
Superfície Leitura do sensor Superfície Leitura do sensor
Preta (19,0 ±0,1)mV Preta (20,2 ±0,1)mV
Branca (18,7 ±0,1)mV Branca (20,1 ±0,1)mV
Alumínio polido (0,9 ±0,1)mV Alumínio polido (1,3 ±0,1)mV
Alumínio poroso (2,8 ±0,1)mV Alumínio poroso (3,1 ±0,1)mV

Por fim, colocou-se o sensor de radiação térmica a uma distância de aproximadamente 5cm
da face preta do cubo de Leslie. Ajustou-se a potência do cubo em 6,5 e mediu-se a radiação sem
nenhum material entre a face preta do cubo e o sensor, logo após, posicionou-se diferentes materiais
entre o sensor e o cubo de Leslie. Os dados obtidos foram dispostos na Tabela 2.

Tabela 2- Radiação de corpo negro, Sensor térmico a 5cm da parede preta do cubo de Leslie

Sem barreira Papel


Superfície Leitura do sensor Superfície Leitura do sensor
Preta (15,1 ±0,1)mV Preta (1,3 ±0,1)mV
Plástico Vidro
Superfície Leitura do sensor Superfície Leitura do sensor
Preta (0,3 ±0,1)mV Preta (0,3±0,1)mV

Analisando a Tabela 1 nota-se que para as superfícies de alumínio preta e branca os valores
de radiância são muito próximos. Esse fato se justifica devido às superfícies branca e preta irradiarem
termicamente em maiores comprimentos de onda, ou seja, mais próximos do infravermelho, com
radiações de intensidades semelhantes. Superfícies brancas e p/retas emitem radiação infravermelha
da mesma forma, seu comportamento só difere se a radiação for na região do visível. Quando são
comparados os valores das faces de alumínio polido e poroso observa-se menor emissão para a face
polida que para a porosa. Por suas características físicas, o alumínio polido é mais reflexivo a radiação
que o opaco. Superfícies metálicas irradiam, consideravelmente, menos.
Ao analisar a Tabela 2, verifica-se que a leitura da termo-pilha varia de acordo com o material
posicionado entre a fonte de radiação e a mesma. Cada material tem uma característica óptica para
determinada radiação que incide sobre ele. Como considerado anteriormente a radiação emitida pela
4
face preta está principalmente na faixa do infravermelho. Os valores para o plástico e o vidro foram
baixos por esses materiais absorvem radiação nesse comprimento de onda, enquanto o papel transmite
melhor essa radiação.

LEI DO INVERSO DO QUADRADO DA DISTÂNCIA


Para verificar a lei do inverso do quadrado da distância para a radiação foi montado o aparato
experimental como mostra a Figura 8.

Figura 8 – A esquerda: fonte de tensão, ao centro: fonte pontual emissora de radiação térmica, a direita:
termo-pilha ligada ao multímetro e a régua.

Antes de iniciar o procedimento, foi tomado o valor da temperatura ambiente e consultado na


Tabela 1 do roteiro do experimento o valor da resistividade térmica associada a essa temperatura. Os
dados coletados foram:

Temperatura Resistividade térmica


( 297 ± 1)K 104.800 Ω

Ainda com a lâmpada desligada variou-se a distância do sensor de radiação térmica de 10 em


10 cm e verificou-se que para qualquer valor da distância não há medida de radiação, 〈𝑅2 〉 = 0 .
Ligou-se a lâmpada e ajustou-se a tensão de alimentação em aproximadamente 9,2V. Variou-se a
distância da termo-pilha em relação a lâmpada e foram medidos os valores da radiação como mostra
a Tabela 3.

5
Tabela 3 - Medida da radiação em função da distância
Distância (D) Radiação (𝑅1 ) 1/𝐷2 (𝑅1 − 〈𝑅2 〉)
( 2,50 ± 0,05)cm (59,4 ± 0,1)mV (0,1600) cm-2 (59,4 ± 0,1)mV
( 3,00 ± 0,05)cm (47,7 ± 0,1)mV (0,1111) cm-2 (47,7 ± 0,1)mV
( 3,50 ± 0,05)cm (44,7 ± 0,1)mV (0,0816) cm-2 (44,7 ± 0,1)mV
( 4,00 ± 0,05)cm (27,3 ± 0,1)mV (0,0625) cm-2 (27,3 ± 0,1)mV
( 4,50 ± 0,05)cm (22,0 ± 0,1)mV (0,0494) cm-2 (22,0 ± 0,1)mV
( 5,00 ± 0,05)cm (17,6 ± 0,1)mV (0,0400) cm-2 (17,6 ± 0,1)mV
( 6,00 ± 0,05)cm (12,9 ± 0,1)mV (0,0278) cm-2 (12,9 ± 0,1)mV
(7,00 ± 0,05)cm (9,7 ± 0,1)mV (0,0204) cm-2 (9,7 ± 0,1)mV
( 8,00 ± 0,05)cm (7,5 ± 0,1)mV (0,0156) cm-2 (7,5 ± 0,1)mV
( 9,00 ± 0,05)cm (5,8 ± 0,1)mV (0,0123) cm-2 (5,8 ± 0,1)mV
( 10,00 ± 0,05)cm (4,7 ± 0,1)mV (0,0100) cm-2 (4,7 ± 0,1)mV
( 12,0 ± 0,05)cm (3,8 ± 0,1)mV (0,0069) cm-2 (3,8 ± 0,1)mV
( 14,0 ± 0,05)cm (2,3 ± 0,1)mV (0,0051) cm-2 (2,3 ± 0,1)mV
( 16,0 ± 0,05)cm (1,8 ± 0,1)mV (0,0039) cm-2 (1,8 ± 0,1)mV
( 18,0 ± 0,05)cm (1,3 ± 0,1)mV (0,0031) cm-2 (1,3 ± 0,1)mV
( 20,0 ± 0,05)cm (1,1 ± 0,1)mV (0,0025) cm-2 (1,1 ± 0,1)mV
( 25,0 ± 0,05)cm (0,5 ± 0,1)mV (0,0016) cm-2 (0,5 ± 0,1)mV
( 30,0 ± 0,1)cm (0,2 ± 0,1)mV (0,0011) cm-2 (0,2 ± 0,1)mV
( 35,0 ± 0,1)cm (0,0 ± 0,1)mV (0,0008) cm-2 (0,0 ± 0,1)mV

Utilizando os dados da
Tabela 3, foi montado
60
o Gráfico 1 da
Intensidade da Radição (mV)

50 intensidade da
40 radiação em função da

30
distância, D, do sensor
à fonte.
20

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Distância (cm)
Gráfico 1 - Intensidade da radiação em função da distância.
6
Ao observar o Gráfico 1 nota-se um comportamento em que a intensidade cai com 1/𝐷2 . Partindo
disso montou-se o Gráfico 2, onde temos a intensidade da radiação em função de 1/𝐷2 , verificando
a proporcionalidade esperada.

70
R² = 0.9913
Intensidade da radiação (mV)

60

50

40

30

20

10

0
0.0000 0.0200 0.0400 0.0600 0.0800 0.1000 0.1200 0.1400 0.1600 0.1800
1/𝐷² (cm-2)

Gráfico 2 - Intensidade da radiação em função de 1/𝐷2

LEI DE STEFAN-BOLTZMANN PARA ALTAS TEMPERATURAS


Para verificar a lei de Stefan-Boltzmann para altas temperaturas foi montado o aparato
experimental como descrito na sessão 5.3.
Antes de iniciar o procedimento, foi tomado o valor da temperatura ambiente. Posteriormente
𝑅
utilizando os dados da Tabela 6 do roteiro foi montado o Gráfico 3, sendo este em função da
𝑅300𝐾

temperatura, afim de obter uma equação que relacione os dois parâmetros.

6
y = 0.005x - 0.5754
5

4
𝑅/𝑅_300K

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura em K

Gráfico 3 - Relação temperatura e resistividade para a lâmpada de Tungstênio.

7
Obteve-se a seguinte equação: 𝑦 = 0,005𝑥 − 0,5754. Associando a temperatura ambiente
medida foi possivel obter a resistência de referência. Os dados obtidos foram:

Temperatura Resistência 𝑅𝑟𝑒𝑓


( 297 ± 1)K 0,9096

Iniciou-se o experimento variando a tensão aplica na lâmpada e mediu-se simultaneamente os


valores da corrente sobre o filamento e da tensão fornecida pela termo-pilha. Utilizando a relação
𝑉
𝑅𝑇 = obteve-se os valores da resistência do filamento para cada valor aplicado de tensão. Para
𝑖

calcular os valores da temperatura do filamento utilizou-se a fórmula


𝑅𝑇 − 𝑅𝑟𝑒𝑓
𝑇= + 𝑇𝑟𝑒𝑓 , onde 𝛼 = 4,5 ∙ 10−3 . Posteriormente foi calculado o valor de
𝛼𝑅𝑟𝑒𝑓

𝑇 4 . Os erros para cada medida foram feitos usando a propação de erros. Os dados obtidos foram
dispostos na Tabela 4.

Tabela 4 - Medidas de Voltagem, Corrente, Radiância, Resistência e Temperatura para o


experimento de Stefan-Boltzmann para altas temperaturas.
Voltagem Corrente (A) Radiância (mV) Resistência (Ω) Temperatura 𝑇4
(V) T (K)
1,0 (0,93 ± 0,01)A (0,3 ± 0,1)mV (1,1 ± 0,1) Ω (338 ± 1)K 1,30E+10
2,0 (1,19 ± 0,01)A (1,3 ± 0,1)mV (1,7 ± 0,2) Ω (486 ± 1)K 5,56E+10
3,0 (1,41 ± 0,01)A (3,6 ± 0,1)mV (2,1 ± 0,2) Ω (595± 1)K 1,25E+11
4,0 (1,62 ± 0,01)A (6,5 ± 0,1)mV (2,5 ± 0,3) Ω (676± 1)K 2,12E+11
5,0 (1,80 ± 0,01)A (10,1 ± 0,1)mV (2,8 ± 0,3) Ω (754± 1)K 3,22E+11
6,0 (1,98 ± 0,01)A (14,6 ± 0,1)mV (3,0 ± 0,3) Ω (815± 1)K 4,42E+11
7,0 (2,13 ± 0,01)A (19,0 ± 0,1)mV (3,3 ± 0,3) Ω (878± 1)K 5,94E+11
8,0 (2,30 ± 0,01)A (24,4 ± 0,1)mV (3,5 ± 0,4) Ω (925± 1)K 7,31E+11
9,0 (2,44 ± 0,01)A (29,1 ± 0,1)mV (3,7 ± 0,4) Ω (976± 1)K 9,08E+11

Afim de encontrar a constante de Stefan-Boltzmann foi necessário:


 obter a área da abertura da termo-pilha,
Área da abertura da termopilha

(2,25± 0,03) ∙ 10−7 m²

 multiplicar o valor da radiância pelo valor de 0,16mV, para converter grandezas volts em
watts,
8
uma vez que a radiância é dada por:
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎
𝑅𝑇 (ν)dν = =
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑥 á𝑟𝑒𝑎 á𝑟𝑒𝑎
Dessa forma foi montada a Tabela 5 onde encontram-se os dados da 𝑇 4 e da radiância. E
posteriormente montando o Gráfico 4.

Tabela 5 – Radiância e temperatura


25000.00

Radiância (W/m²) 𝑇4
20000.00
213,5 ± 0,1)W/m² 1,30E+10
Radiância -(W/m²)
925,3 ± 0,1)W/m² 5,56E+10 15000.00

2562,3 ± 0,1)W/m² 1,25E+11


10000.00 y = 2E-08x - 262.48
4626,3 ± 0,1)W/m² 2,12E+11 R² = 0.9988
7188,6 ± 0,1)W/m² 3,22E+11
5000.00
10391,4 ± 0,1)W/m² 4,42E+11
13523,1 ± 0,1)W/m² 5,94E+11 0.00
17366,5 ± 0,1)W/m² 7,31E+11 0.00E+00 5.00E+11 1.00E+12
𝑇4 (K4)
20711,7 ± 0,1)W/m² 9,08E+11

Gráfico 4 – Radiância em função da T4.

Analisando a linearização apresentada no Gráfico 4, verifica-se a validade lei de Stefan-


Boltzmann. Sendo a constante de proporcionalidade esperada igual a σ = 5,67x10-8 W/m2K4 e o valor
experimental dado pelo coeficiente angular da reta igual α = 2,00x10-8 W/m2K4. A precisão foi cerca
de 65%. A justificativa para discrepância das medidas deve-se: a grande aproximação para encontrar
o valor da temperatura, o que se acentua ao elevá-la a quarta potência; ao grande número de medidas
experimentais associadas as grandezas finais da equação, ou seja, a radiância e temperatura; além dos
erros na execução do experimento (posicionamento da termo-pilha em relação ao centro do filamento
e a distância do mesmo).

7. CONCLUSÃO

A realização desses experimentos permitiu analisar os efeitos da radiação térmica sobre a


matéria e verificar as leis do quadrado das distâncias para radiação e a de Stefan-Boltzmann. A
realização do experimento radiação de corpo negro permitiu concluir que um mesmo material com
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características físicas distintas (cor, opacidade e porosidade) pode assumir diferentes
comportamentos dependendo da radiação/ temperatura a que esteja sujeito: as faces branca e preta
reagem de forma parecida ao infravermelho e tem comportamentos antagônico em relação à radiação
visível. O mesmo é notado quando o material é sujeito a uma radiação externa. Dependendo da
frequência da radiação um material irá absorver ou transmitir mais: o vidro e o plástico são mais
absorvestes do que o papel quando todos estão sujeitos à radiação infravermelha. Os gráficos plotados
para a lei do quadrado das distâncias evidenciaram com grande precisão, na linearização R = 0,9913,
a atenuação da radiação com o afastamento da fonte pontual. O valor experimental para a constante
de Stefan-Boltzmann foi igual α = 2,00x10-8 W/m2K4. Uma precisão de cerca de 65%. A justificativa
para discrepância das medidas deve-se: a grande aproximação feita para encontrar o valor da
temperatura, o que se acentua ao elevá-la a quarta potência; ao grande número de medidas
experimentais associadas as grandezas finais da equação, ou seja, a radiância e temperatura; além dos
erros na execução do experimento (posicionamento da termo-pilha em relação ao centro do filamento
e a distância do mesmo).

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] BROWN, Theodore L.; LeMAY, Eugene H.; BRUSTEN, Jr. Bruce E.; Química a ciência central,
9ª edição, São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2005.

[2] EISBERG, Robert; RESNICK, Robert; Física quântica, Rio de Janeiro: Campos,1979.

[3] Disponível em: http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/corpo-negro3.jpg;


Acesso em 18 de abril de 2018.

[4] Disponível em: https://azeheb.com.br; Acesso em 18 de abril de 2018.


[5] VOULO, J. H,; Fundamentos da teoria de erros; 2° edição, Editora Bluncher Ltda.

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