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2016
D
R.
A.
S.
6
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
2016
Faria, Ricardo António da Silva
F224e Estrutura populacional e parâmetros genéticos da
característica classe de tempo em corridas de equinos da Raça
Quarto de Milha / Ricardo António da Silva Faria. – – Jaboticabal,
2016
xvi, 69 p. : il. ; 28 cm
CDU 636.082:636.1
Dedico
A minha família, a minha avó Dona Emilia.
Ao meu anjo da guarda Maria da Graça, Graciete, Rui, Iago, António,
Matias, Ricardo, Lino, Bertinho, Francisco, primo(a)s, tio(a)s e amigos.
Principalmente em memorium dos que partiram saudoso Professor Marcílio.
Os que me deixaram sem nunca mais lhe pode dar um abraço, Tio Bertaço
mais que um Pai… muitas vezes !!!
Ao mano Rui (Chinês) com quem mais mensagem partilhava a distancia e que
no dia de meu aniversário dizia “Parabéns ***” poucos o podem ele não mais !!!
iii
Agradecimentos
Ao Professor Dr. Augusto II, por tudo e tudo engloba ensino, oportunidades,
camaradagem, partilha, amizade, dedicação e não menos importante as chamadas
de atenção “foco Ricardo, estuda…” o meu mais sincero Obrigado por tudo... Seu
efeito ambiente comprovam todas as suas conquistas e nas que participa !!!
Aos meus amigos que longe sentem um pouquinho menos que eu rsrs a
eterna saudade que não nos larga, abreijos meus trengos !!!
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – Considerações gerais ......................................................................... 1
Introdução ................................................................................................................ 1
Objetivo .................................................................................................................... 3
Revisão de Literatura ............................................................................................... 3
Melhoramento genético de cavalos ...................................................................... 3
Raça Quarto de Milha em Corridas de velocidade ............................................... 6
Integralidade do pedigree ..................................................................................... 7
Coeficiente de parentesco e endogamia............................................................... 8
Intervalo de gerações ........................................................................................... 9
Vida útil ............................................................................................................... 11
Probabilidade de origem do gene ....................................................................... 12
Índice de conservação genética ......................................................................... 13
Estatística F ........................................................................................................ 14
Característica tempo final de corrida .................................................................. 15
Bibliografia ............................................................................................................. 17
CAPÍTULO 2 – ESTRUTURA POPULACIONAL EM EQUINOS DA RAÇA QUARTO
MILHA NO BRASIL. .................................................................................................. 24
RESUMO ............................................................................................................... 25
Introdução .............................................................................................................. 27
Material e métodos................................................................................................. 28
Resultados e discussão ......................................................................................... 33
Bibliografia ............................................................................................................. 47
CAPÍTULO 3 – PARÂMETROS GENÉTICOS DA CARATERISTICA CLASSE DE
TEMPO EM CORRIDA DE EQUINOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA ................... 51
RESUMO ............................................................................................................... 53
Introdução .............................................................................................................. 55
Material e métodos................................................................................................. 56
Resultados e discussão ......................................................................................... 59
Bibliografia ............................................................................................................. 66
vi
ABSTRACT – The Quarter Horse (QH) had its first specimens bred in Brazil in
1956, whose parents were imported from the United States, with its breeder
association founded in 1969, totaling more than 415,000 registered animals and of
these 45% are purebred. The breed is versatile in what concerns performance,
conformation and racing, attributes that make the QH the breed of choice among
breeders and makes it the largest national equine population. In spite of that, few
studies have been conducted about the breed, particularly on the genetic variability
of strains. The aim of this study was to gather information about the population
structure and estimate the genetic parameters of the trait class time (CT) related to
performance in different QH racing distances, contributing with results that enable
their use in the design of animal breeding programs aimed at maintaining the
variability of the breed and decreasing race times. The score applied to CT, ranks
animals based on comparing percentage winning time of each match. The analyzed
data originates from the Brazilian Association of Breeders of Quarter Horse and
Jockey Clube de Sorocaba’s hippodrome, in Sao Paulo. The preparation of the initial
data and statistical base was done using SAS software, the population parameters
with the ENDOG software and the (co) variances and genetic parameters
components with the THRGIBBS1F90 software. The CT characteristic was
established in racing with 301 (CT301), 320 (CT320), 365 (CT365) and 402 (CT420)
meters distances and analyzed by threshold animal model. The obtained population
parameters were 0.49% of inbreeding, 0.29% of kinship, 9.3-year generation interval,
The probability of origin of genes with value 333 related to effective number of
founders, the total genetic variability is explained by 7,254 ancestors, with 161
ancestors responsible for 50%. The estimates later heritability and repeatability
obtained in multi-trait analysis were 0.52 ± 0.04 and 0.85 ± 0.04 (CT301), 0.48 ± 0.06
and 0.97 ± 0, 01 (CT320), 0.56 ± 0.04 and 0.88 ± 0.06 (CT365) and 0.45 ± 0.06 and
0.78 ± 0.04 (CT420), respectively. The values obtained indicate that CT feature can
be used as selection criteria and obtain rapid genetic gain. The low genetic variability
in the Quarter Horse breed was evidenced, suggesting to breeding insertion breeders
in the herd.
ABREVIATURAS
TABELAS
Tabela 6. Intervalo de geração, desvio e erro padrão entre pais e filhos/as que
reproduziram no total de animais e população P2000, em equinos de raça Quarto de
Milha .......................................................................................................................... 37
Tabela 7. Vida útil média em meses de reprodutores pela última progênie e por sexo,
em equinos de raça Quarto de Milha ........................................................................ 38
FIGURAS
Introdução
A evolução dos cavalos até aos dias de hoje e ao longo dos milhões de anos
é notória, sendo a sua base de formação (seleção e cruzamentos) realizada de
forma natural, em que prevaleciam os mais fortes, mais resistentes (Andrade, 1986)
e melhor adaptabilidade aos efeitos do ambiente.
Apesar da aplicação da seleção e cruzamentos nos cavalos por parte do
homem existir a milhares de anos, foi nas últimas décadas, com a evolução das
tecnologias, que permitiu melhor estudar geneticamente os por menores de cada
uma das raças equinas. A realização de pesquisas capazes de acompanhar a
evolução funcional das raças equinas demonstra ausência de estudos (Andrade,
1986).
No Brasil, a criação de cavalos cresceu nas últimas décadas, principalmente
visando modalidades desportivas, destacando-se a raça Quarto de Milha. A raça tem
origem no norte do continente Americano, surgindo do cruzamento de garanhões
oriundos das Arábias e Turquia, que possuíam características de resistência e
elegância, com matrizes rápidas e musculosas da Inglaterra, originando cavalo
compacto, musculoso com agilidade no campo e capacidade para corridas de curtas
distâncias, principalmente de ¼ de milha (402 m), e que deu o nome da raça,
“Quarto de Milha”.
Animais com grande disponibilidade física, capacidade de competirem
oficialmente em 15 modalidades equestres (Regulamento geral de concursos e
competições de 2015 – ABQM) no Brasil, são destaque no continente Americano,
estando presente no século XXI em outras regiões do mundo, como Alemanha,
Itália, Austrália entre outros. A raça apresenta-se como versátil para trabalho,
conformação e corrida, atributo que a tornam como de escolha entre os criadores e
cavaleiros, tornando-a na maior população equina nacional, segundo dados
observados nas maiores associações de cavalo no Brasil.
Atualmente são 35 os países com associações oficiais da raça Quarto de
Milha (AQHA, 2015). No Brasil, os primeiros animais foram importados do Texas,
2
Objetivo
Revisão de Literatura
não acontece em grande escala. Somente alguns criadores têm objetivos definidos
para seus programas que vão além da próxima estação de nascimento de potros
(JONES, 1987).
Por falta de interesse, criação por lazer ou sem objetivos finais, o registro de
dados possíveis de obter dos animais são observados, mas não mensurados ou
registrados corretamente, sendo uma das principais dificuldades encontradas por
parte dos pesquisadores em todo o mundo.
O estudo realizado por Almeida e Silva, (2010), sobre o progresso científico
da equideocultura durante a primeira década do século XXI, indica melhorias e
crescimento da produção científica nas áreas ligadas aos equinos, no Brasil e nos
demais países onde o agronegócio do cavalo é fração importante da sociedade.
De acordo com Lima et al. (2006), no ano de 2004, existiam 34 grupos de
pesquisa inscritos no CNPq, com a participação de equinos. Em estudo similar,
Almeida e Silva (2010) verificou em 2010 aumentos, com 60 grupos inscritos no
CNPq envolvendo equinos. Apesar da base de dados do CNPq indicar aumento
constante dos grupos de pesquisa em equinos, registrando em 2015 um total de 84
grupos, utilizando a palavra “equino” na sua linha de pesquisa, quando os termos
são “melhoramento genético de equinos” ou “melhoramento de equinos” o número
cai para apenas dois (2) grupos, Genética Molecular e Melhoramento em Bovinos e
Equinos (Unesp) e Melhoramento animal (UFPEL).
Com relação a publicações envolvendo equinos, como destacado no estudo
de Almeida e Silva, (2010), somente o periódico Livestock Production
Science/Livestock Science, tem na área de genética e melhoramento o maior
número de artigos publicados (52%), demonstrando a inclusão de pesquisadores em
programas de melhoramento para competição/desporto e preservação das raças
equinas.
O depositar confiança nas décadas de oitenta e noventa do século XX em
pesquisadores e programas de melhoramento, por parte das associações e
criadores de cavalos na Europa, reflete-se nos 100% de vitórias obtidas em todas as
provas equestres disputados nas ultimas três olimpíadas, Atenas 2004, Pequim
2008 e Londres 2012, de animais nascidos nesse continente.
5
Integralidade do pedigree
O parentesco surge da relação existente entre indivíduos que têm pelo menos
um ancestral em comum (Malecot, 1948). Endogamia significa o acasalamento de
indivíduos relacionados por ascendência (FALCONER; MACKAY, 1996).
De acordo com Malecot (1948) o coeficiente de parentesco (fAB) entre dois
indivíduos, A e B é a probabilidade de um gene tomado ao acaso do individuo A seja
idêntico por descendência a um gene tomado ao acaso do individuo B, e coeficiente
de endogamia (F) é a probabilidade de dois alelos em um loco sejam idênticos por
descendência, ou seja, de um ancestral em comum.
A soma do coeficiente parcial de endogamia (probabilidade de um animal ser
homozigoto para um alelo com origem em determinado fundador) de todos
fundadores de um animal é igual ao coeficiente de endogamia desse individuo
(LACY et al., 1996).
Acasalamento de animais aparentados possibilita mudanças nas frequências
genotípicas das progênies, aumento de homozigotos e diminuição de heterozigotos,
este último traduz-se na redução do valor da combinação gênica, do valor genotípico
e do valor médio fenotípico do caráter na população.
A necessidade de controlar a F, não se deve exclusivamente pelo fato da
menor endogamia possibilita melhor uso da variabilidade genética e redução na
depressão endogâmica dos caráteres selecionados, mas, além disto, existe redução
da performance dos caráteres selecionados (MEUWISSEN; WOOLLIAMS, 1994).
9
Intervalo de gerações
Vida útil
Estatística F
animais tem influência da importância do páreo, não podendo ser verificado somente
o tempo em si.
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Introdução
Material e métodos
Dados
Parâmetros Populacionais
partir da fundação da ABQM (1969 até 2008). Dos meses de nascimento foram
calculados a distribuição média de nascimentos ao longo dos anos.
Número médio de progênies por reprodutor foi calculado pela média de filhos
que cada reprodutor produziu, sendo também obtida moda, mediana, máximo e
mínimo.
A vida útil (VU) foi calculada pela diferença em meses, da data de nascimento
da última progênie e a data de nascimento do progenitor. Assim calculada, a VU
caracteriza o tempo médio que cada reprodutor permaneceu no rebanho e contribuiu
para a formação futura de equinos da raça QM.
Os parâmetros populacionais foram calculados por meio do programa
ENDOG (GUTIÉRREZ; GOYACHE, 2005) sendo obtidos os intervalos de gerações
(IG), integralidade do pedigree (I), número equivalente de gerações conhecidas (g e),
número máximo e total de gerações rastreadas, número efetivo da população (Ne),
coeficientes de parentesco (AR) e endogamia (F), índice de conservação genética
(ICG), Estatística F, probabilidade de origem do gene (f e, fa e fg) e contribuições
marginais e totais dos ancestrais.
O intervalo de gerações (IG) foi obtido de duas formas distintas, apresenta
valores com base na média de idade dos pais ao nascimento das progênies que
reproduziram (JAMES, 1972), e outro valor fornecido pela média de idade dos pais
ao nascimento de todas as progênies (FALCONER; MACKAY, 1996),
independentemente se deram ou não origem a descendentes. Ambos os cálculos
foram realizados a partir dos passos: pai-filho, pai-filha, mãe-filho, mãe-filha e total
pais-filhos/as.
O nível de integralidade da informação do pedigree (I) sintetiza a proporção
de ancestrais conhecidos em cada geração ascendente por descendente, conforme
proposto por MacCluer et al. (1983) em que:
Resultados e discussão
Tabela 6. Intervalo de geração, desvio e erro padrão entre pais e filhos/as que
reproduziram no total de animais e população P2000, em equinos da raça
Quarto de Milha
Intervalo de gerações (ano)
Total P2000
N Média ± DP EP N Média ± DP EP
Garanhão – Filho 6.813 9,83 ± 4,78 ± 0,06 1.318 11,40 ± 5,45 ± 0,15
Garanhão – Filha 23.862 9,42 ± 4,49 ± 0,03 3.982 10,94 ± 4,87 ± 0,13
Matriz – Filho 7.343 9,27 ± 4,12 ± 0,05 1.314 10,34 ± 4,32 ± 0,12
Matriz – Filha 23.455 9,05 ± 4,18 ± 0,03 3.876 10,19 ± 4,24 ± 0,12
Total / Média 61.473 9,30 ± 4,37 ± 0,02 10.490 10,65 ± 4,68 ± 0,05
N, número de observações; DP, desvio padrão; EP, erro padrão.
A vida útil (VU) dos 34.548 reprodutores apresentou média de 120 meses,
quando separado por sexo, a diferença foi de 21 meses a mais para as matrizes
(Tabela 7). Segundo Ricard e Fournet-Hanocq, (1997), não devem ser retiradas
conclusões nas diferenças de idade entre machos e fêmeas, com base no início
reprodutivo diferenciado durante a carreira desportiva. A carreira das éguas é
interrompida para reprodução, enquanto garanhões podem reproduzir e competir
simultaneamente, consequentemente se torna mais difícil de interpretar nas fêmeas,
de salientar que a maior raça de cavalos de corridas (PSI) somente permite
reprodução por acasalamento natural, contrariamente a raça QM, em que é
permitido o uso de técnicas de inseminação artificial.
Ricard e Blouin (2011) em cavalos de desporto francês (salto de obstáculos),
sugerem que a longevidade desportiva dos animais que começam mais cedo a
competição é maior (14 meses) que os que iniciam mais tarde, animais de corrida
começam a sua vida desportiva bastante cedo (máximo 3 anos), enquanto animais
de saltos de obstáculos iniciam entre os 4 e 6 anos. O tempo de vida em competição
é maior nos animais de saltos de obstáculos, derivado as menores exigências
fisiológicas, limitando o tempo em competição dos animais de velocidade.
Na literatura, a média de vida útil de cavalos Puro sangue Inglês avaliados por
Dworin et al., (1990), com base na data de nascimento do último filho, foi de 95
meses nos garanhões e 132 meses nas matrizes. Valor próximo ao obtido nas
matrizes QM estudadas e com diferença de um ano a menos nos seus garanhões.
38
Tabela 7. Vida útil média (meses) de reprodutores pela última progênie e por sexo,
em equinos de raça Quarto de Milha
N VU ± DP (meses) Mínimo (meses) Máximo (meses)
Garanhão 8.005 109 ± 59 24 450
Matriz 27.550 130 ± 61 23 386
N, número de observações; VU, Vida útil em meses; DP, desvio padrão;
(2012) analisando a raça Puro Sangue Lusitano, obtendo 9,9 de Ge. Deve ser
observado que os dados avaliados da raça QM comportam os primeiros quarenta
anos do seu livro genealógico, que pode ser considerado recente, ao contrário de
raças como o Puro Sangue Inglês e Puro Sangue Lusitano, que possuem dados dos
séculos XVIII e XIX.
observados nos equinos de raça QM. A base de dados P2000 apresenta menores
valores (Tabela 10) em todos os parâmetros da probabilidade de origem do gene.
Estes resultados sugerem concentração da população em número reduzido de
reprodutores e perda de variabilidade genética na população mais recente.
Ross et al. (2015), Delgado et al. (2014) e Vicente et al. (2012), apresentaram
valores menores na probabilidade de origem do gene nas raças, Holstein (fe de 50,
fa de 29 e fg de 17), Puro sangue Árabe (fe de 30, fa de 13 e fg de 6) e Puro sangue
Lusitano (fe de 28, fa de 12 e fg de 6), respectivamente. Valores próximos surgem
na raça Pantaneiro (fe de 312 e fa de 297) por McManus et al. (2013). Maiores
valores observados, somente em alguns dos parâmetros, foram apresentados por
Bartolomé et al. (2011) e Siderits et al. (2013), nas raças cavalo de desporto
Espanhol (fe de 963, fa de 407 e fg de 254) e Paint-horse (fe de 561, fa de 208 e fg
de 139). Os maiores valores sugerem maior uso de animais na formação das
respectivas raças.
A diversidade de raças observada na literatura pelos valores da probabilidade
de origem do gene demonstram iguais preocupações as observadas nos equinos da
raça QM, sendo que, a variação de valores entre os três parâmetros neste estudo é
menor.
Os valores de fe, fa e fg são considerados baixos com base no número total de
animais trabalhado na raça QM, e quando comparados entre si, indicam o quanto
dos fundadores (fe) conseguem permanecer no rebanho como ancestrais (fa) e
genes fundadores (fg). Quanto menor o número de fe e fa maior é a presença dos
animais fundadores na população ao longo das gerações.
Considerando o fe igual a 333 e como cem por cento do tamanho efetivo dos
fundadores, que explicam a diversidade da raça QM no Brasil, observa-se
participação de 100% > 99% > 92% para o conjunto Total e 100% > 98% > 89%
para P2000. O percentual entre os três parâmetros indica presença elevada dos
fundadores ao longo do tempo, consequentemente manutenção de grande parte da
diversidade genética.
A comparação com a literatura deve ser cuidadosa, visto que cada população
estudada tem as suas próprias características, devendo ser comparadas dentro da
45
A contribuição genética dos principais ancestrais foi obtida com base na maior
contribuição marginal, a fim de conhecer os animais responsáveis pela variabilidade
genética atual. Na Tabela 10 são apresentadas as contribuições acumuladas da
população total e da P2000, com as contribuições de 5, 50 e 500 ancestrais. O
número de animais que explica 50% da diversidade genética da raça QM apresenta
resultados reduzidos com apenas 2,2% (Total) e 2,1% (P2000) dos ancestrais que
explicam a total diversidade da raça.
Os estudos observados nas raças Andaluz (VALERA et al. 2005), Mangalarga
(MOTA et al. 2006), Hanoveriano (HAMANN e DISTL, 2008), Paint-horse (SIDERITS
et al. 2013) e Pantaneiro (MCMANUS et al. 2013) indicam 5, 6, 31, 124 e 152
ancestrais respectivamente, relatando metade da diversidade genética das suas
populações. Valores considerando os cinco principais ancestrais foram descritos por
Mota et al. (2006) com 49,8% em animais da raça Mangalarga, por Cervantes et al.
46
(2008) com 44,5% na raça Puro sangue Árabe, e por Valera et al. (2005) com 46,1%
na raça de Cavalos Andaluza.
A partir dos números e percentuais apresentados (Tabela 10) sugere-se que
os equinos de raça QM demonstram maior diversidade genética e maior número de
ancestrais na formação da sua população comparado aos trabalhos citados da
literatura.
Por meio da Estatística F, calculado com os dados do pedigree, foram
avaliadas as diferenças genéticas presentes na população e subpopulação. Os
valores apresentados na Tabela 11 fornecem resultados com base nos níveis de
endogamia entre o individuo, população e subpopulação, apresentando baixos todos
os valores e indicando mínimas diferenças entre os níveis. A média de
coancestralidade indica reduzida variação genética entre a população e as
subpopulações.
Conclusão
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ABSTRACT - The aim of this study was to estimate genetic parameters of the trait
class time (CT), related to performance in race horses in the Quarter race (QM). 3,904 races
data were used provided by the Jockey Club of Sorocaba, for the years 1981 to 2011,
containing 17,364 finish time information. The CT characteristics was divided into four
distances related to 301 (CT301), 320 (CT320), 365 (CT365) and 402 (CT402) meters. The
components of variances and co variances were obtained through THRGIBBS1F90 program
in animal models threshold. They were considered in the model the systematic effects of
match, sex and age class in the race, in addition to the additive effects and permanent
environmental and residual. Estimates the posterior of heritability and repeatability
obtained in multi-trait analysis were 0.52 ± 0.04 and 0.85 ± 0.04 (CT301), 0.48 ± 0.06 and
0.97 ± 0, 01 (CT320), 0.56 ± 0.04 and 0.88 ± 0.06 (CT365) and 0.45 ± 0.06 and 0.78 ± 0.04
(CT420). Estimates of genetic correlation of CT traits ranging from 0.33 (between CT301 and
CT320) to 0.62 (between CT365 and CT402). Based on the genetic parameters obtained for
the characteristics Time class, indicate that if used as a selection criterion, faster genetic gain
to be achieved in Quarter horses.
Introdução
Material e métodos
Dados
O arquivo de pedigree foi montado a partir dos 4.263 animais com registros
de velocidade em corrida, obtendo o parentesco dos ascendentes até a sexta
geração, com base em arquivo do livro de registros fornecido pela Associação
Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto Milha (ABQM). O arquivo de pedigree final
continha 6.284 animais, filhos de 873 garanhões e de 2.051 matrizes.
A análise considerou o desempenho em corrida, a partir dos tempos finais de
cada páreo. O desempenho foi registrado no hipódromo em segundos, onde o
menor tempo indica o vencedor, sendo registrado de forma automática, no qual o
relógio é ativado automaticamente por um dispositivo de partida, sendo registrado
automaticamente a sua chegada ou temporizado por análise de foto, quando
existem dúvidas do tempo de chegada.
O escore aplicado para a característica Classe de Tempo (CT), classifica os
animais baseado na comparação percentual de tempo do vencedor de cada páreo.
O cálculo para formação das classes de animais que participaram de determinado
páreo foi a seguinte:
Classe 5 (C5) - animais com tempo final menor ou igual a 0,10% em relação ao
tempo final do vencedor, incluindo o vencedor;
Classe 4 (C4) - animais com tempo final entre 0,11% e 1,00% em relação ao tempo
final do vencedor;
Classe 3 (C3) - animais com tempo final entre 1,01% e 3,00% em relação ao tempo
final do vencedor;
Classe 2 (C2) - animais com tempo final entre 3,01% e 5,00% em relação ao tempo
final do vencedor;
Classe 1 (C1) - animais com tempo final maior do que 5,01% em relação ao tempo
final do vencedor.
A característica CT foi avaliada nas distâncias de 301, 320, 365 e 402 metros,
ou seja, foram avaliadas quatro características denominadas CT301, CT320, CT365
e CT402, respectivamente. A descrição da base de dados está apresentada na
Tabela 12.
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Análise estatística
Primeiramente, para observação dos valores iniciais, como sugerido por Kass
et al. (1998), as estimações dos componentes de variâncias das características CT
foram estimados por Inferência Bayesiana sob modelo limiar animal uni
característica. As análises foram realizadas utilizando o programa THRGIBBS1F90
(MISZTAL et al., 2015a), que estima os componentes de (co) variâncias, bem como
as soluções para os efeitos sistemáticos incluídos nos modelos. Os resultados pós
amostragem de Gibbs foram realizados com o programa POSTGIBBSF90 (MISZTAL
et al., 2015b).
O modelo estatístico utilizado para as características incluiu os efeitos de
páreo, sexo e classe de idade do animal no páreo, além dos efeitos genéticos
aditivo, de ambiente permanente do animal e residual.
A representação matricial geral dos modelos utilizados segue abaixo:
(y|β, a, c, R) ~ N[Xβ + Zα + Wc, INR]
As análises uni e multicaracterísticas assumiram modelo de limiar para as
características CT. Para o modelo de limiar foi assumido distribuição normal
contínua, descrita como U|Ɵ~N(WƟ, Ie2), onde U é o vetor da escala subjacente de
ordem r; Ɵ’=(β’, a’, c’) é o vetor de localização dos parâmetros de ordem s, com β
sendo definido como efeito sistemático e a e c são os efeitos aditivo e de ambiente
permanente de animal, respectivamente; W é a matriz de incidência conhecida de
ordem r por s; I é a matriz identidade de ordem r por r; e e2 é a variância residual.
As características categóricas são determinadas por variáveis contínuas não
observáveis em uma escala subjacente, em que os valores iniciais dos limiares são
fixos: t1 < t2 ... < tj-1, com t0 = -∞ e tj = ∞, onde j é o número de categorias.
Os dados observados são dependentes da variável subjacente, que são
limitadas entre dois limiares não observados (GIANOLA; FOULLEY, 1983). Assim,
as categorias ou escores de yi (característica CT), para cada animal i, são definidas
por Ui na escala subjacente:
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1 se t0 < Ui ≤ t1
2 se t1 < Ui ≤ t2
Yi = 3 se t2 < Ui ≤ t3
4 se t3 < Ui ≤ t4
5 se t4 < Ui ≤ t5 i = 1, ..., n
Resultados e discussão
dados da raça PSA além de Buttram et al., (1988) analisando equinos da raça QM,
observaram que as estimativas de parâmetros genéticos tenderam a diminuir com o
aumento da distância na característica continua tempo final. Esta diferença, segundo
Corrêa e Mota, (2007) se deve ao fato de que todos os animais, com exceção do
QM no Brasil, iniciam as competições em distâncias mais curtas e, somente após a
confirmação de seu desempenho passarão a competir em distâncias mais longas.
A diferença entre h2 e t (ignorando os efeitos de dominância e epistasia) é a
proporção da variância total imputável aos efeitos de ambiente permanente, sendo o
menor valor observado na característica CT365 (0,13). Esta variação encontrada é
devido aos efeitos de ambiente permanente que foi aplicado no início da fase das
suas vidas (Mota et al., 1998).
Conclusão
Com base nos parâmetros genéticos obtidos para as características Classe
de Tempo, indicam que se utilizado como critério de seleção, rápido ganho genético
deve ser alcançado nos equinos da raça Quarto de Milha.
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