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ALBUQUERQUE. José Lima.

Gestão ambiental e responsabilidade social: conceitos,

ferramentas e aplicações. 1 ed. Atlas. São Paulo, 2009.

70-92p

Capitulo 4. Desenvolvimento Sustentável

A relação do homem-natureza se deu a partir do momento em que ele se fixa numa


propriedade e estabelece interações no meio social. O crescimento econômico está atrelado à
produção industrial, que por muito tempo se baseou na exploração dos recursos naturais com a
percepção de eram ilimitados sem se preocupar em preservar tais recursos e nos efeitos
gerados pelo sistema de produção ao meio ambiente.
Esse modelo de desenvolvimento industrial capitalista da sociedade moderna se
mostrou insustentável por promover a necessidade de expansão infinita, provocando impactos
ambientais negativos.
Não dá para dissociar o ecossistema natural do ecossistema industrial, pois um é parte
integrante do outro, e ambos são interdependentes. Essa relação fica evidente quando
observamos os efeitos nocivos causados pelo homem ao meio ambiente, o autor dar exemplos
citando alguns acontecimentos marcantes envolvendo acidentes ambientais graves (vazamento
de petróleo no mar dizimando espécies marinhas) e acidentes nucleares (a explosão de um dos
reatores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia). Contudo, tais eventos contribuíram para
que o homem refletisse sobre o desenvolvimento e o meio ambiente que resultou em estudos e
publicações, e movimentos em defesa das questões ambientais.
Gradativamente, vários acontecimentos tornaram o tema meio ambiente importante.
Com a publicação da obra “Os limites do Crescimento” do Clube de Roma, que derrubou a ideia
de que os recursos são ilimitados, culminando da primeira Conferencia das Nações Unidas sobre
o Meio ambiente, de 1972, em Estocolmo, que reuniu lideres de 113 países, foi um marco que
introduziu o termo desenvolvimento sustentável nos documentos oficias dos órgãos
internacionais. Ainda nessa conferencia, distinguiu-se dois pensamentos contrários entre países
ricos e pobres, o primeiro, principal responsável pela degradação ambiental, percebeu a
necessidade de controlar o processo de industrialização e recuperar o meio ambiente, já o
segundo, compreendeu isso como uma formar de frear seu desenvolvimento; destacou-se que a
principal causa dos problemas ambientais é a exploração discriminada dos recursos naturais em
detrimento do crescimento industrial; e também, foi determinado direções da política ambiental
para os próximos 20 anos com o estabelecimento do PNUMA – Programa de Meio Ambienta
das Nações Unidas. Dois anos depois, em Cocoyoc, no México, vários especialistas se reuniram
para discutir sobre “Padrões de utilização de recursos, meio ambiente e estratégias de
desenvolvimento”.
A cada década o grau de conscientização ambiental da sociedade foi se consolidando.
Além dos eventos e estudos citados anteriormente, ainda na década de 70, a sociedade passa a
buscar como alternativas novas fontes energéticas renováveis, após a crise do petróleo; o
surgimento do sistema de rotulagem com as certificações como “selo verde” / “selo ecológico”
e o “selo anjo” para identificar os produtos ecologicamente corretos; surgem, também, diversas
leis e regulamentos.

Em 1992, acontece a Conferência do Rio de janeiro – ECO 92 ou Cúpula da Terra com


178 estados representados e 118 chefes de estados. Os frutos dessa reunião foram vários
acordos firmados, dentre eles a Agende 21; e a instituição da Comissão de Desenvolvimento
Sustentável das Nações Unidas – CDS- que tem por função acompanhar o progresso da
aplicação da Agenda 21 e ligar os objetivos relativos ao meio ambiente ao desenvolvimento. Em
1997 foi realizada uma reunião de revisão da Agenda 21 pela CDS.
Na África do sul, mas precisamente em Johanesburgo, em 2002, é realizada a II
Conferência Mundial de Desenvolvimento Sustentável, que contou com mais 22.000
participantes, embora tenha ocorrido após um momento conturbado (atentados terroristas),
resultou na geração de um plano de implementação para que os Estados compatibilizassem
suas metas de desenvolvimento com o meio ambiente. Também, como fruto dessa conferência,
um tratado internacional, o Protocolo de Kyoto, foi estabelecido em que os países assumiram o
compromisso de reduzir (5,2% até 2012 em relação a 1990) da emissão de gases poluentes que
provocam o efeito estufa, e consequentemente, o aquecimento global; entrando em vigor em
2004, após diversas revisões. Contudo, entre 2008 e 2012, uma série de medidas (o autor cita
algumas delas) necessárias para que o tratado fosse posto em prática.

Para o autor, dois eventos foram importantes para ampliar o conceito de


desenvolvimento sustentável como o intuito de difundi-lo mais facilmente pelos órgãos
competentes e para educar a sociedade. O primeiro foi o Relatório Brundtrand, ou também
“Nosso Futuro Comum”, esse documento expressa que o desenvolvimento só é sustentável
quando ocorre em sua totalidade, ou seja, quando se considera as dimensões (social, econômica
e ecológica). O relatório usa a definição de desenvolvimento sustentável, segundo World
Commission on Environment and development -WCED- (que foi base para a elaboração desse
documento) como aquele que atende as necessidades das gerações presentes sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades.

O documento alerta que o desenvolvimento econômico em todos os países precisa ser


alterado para se ajusta em direção à sustentabilidade, sem essa mudança o desenvolvimento
sustentável é inviável. Ele aborda três dimensões do desenvolvimento sustentável: proteção
ambiental, crescimento econômico e equidade social, que já foram citadas por outros
estudiosos da área (o autor cita tais estudiosos e seus conceitos de desenvolvimento
sustentável). No referido relatório, o conceito de desenvolvimento sustentável é dinâmico e
pode ser entendido por diversas perspectivas, haja vista suas dimensões, no entanto, deve haver
equilíbrio entre elas para que o sistema se mantenha.

O segundo evento é a Agenda 21, um dos documentos mais importantes produzidos


pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), é
composto por 40 capítulos com mais 800 páginas, é uma plano de ações que discorre sobre o
meio ambiente (despoluição do planeta) e desenvolvimento (um modelo de desenvolvimento
sustentável), envolve tratados sobre diversas áreas que interfere na relação meio ambiente e
economia. Está dividido em quatro seções: dimensões sociais e econômicas, conservação e
gestão dos recursos para o desenvolvimento; fortalecimento do papel dos principais grupos
sociais; meios de implementação. A agenda 21 é uma agenda para o desenvolvimento
sustentável a fim de promover um novo modelo de desenvolvimento, é um documento ético
que estabelece um compromisso entre as nações e não uma obrigação, e também político.
Embora tenha sido constituído pelos Estados, é a sociedade civil e a mídia que tem pressionado
os órgãos competentes a assumirem a agenda. Tem por objetivo final alcançar o
desenvolvimento sustentável através da mudança de padrões de consumo e de produção que
não agrida o meio ambiente e que atenda as necessidades humanas, sendo, portanto,
sustentáveis.

Abrangendo ainda mais o tema, sobre a perspectiva das empresas, não basta apenas às
organizações se preocuparem com a produção e o uso eficiente dos recursos naturais para ser
sustentável, mas é preciso uma atuação social. Esse novo cenário de mudanças globais requer
das empresas um novo olhar do administrador, adequação as restrições legais para sofre
penalidades e incorrer em custos financeiros e de imagem, e a adoção de uma eficiente gestão
ambiental como uma vantagem competitiva.
Uma empresa pode ser sustentável estrategicamente em três estágios, segundo Hart,
adotando ações de prevenção da poluição; que produz um produto rastreável; e que investe em
tecnologia limpa. Mantendo tais atividades a longo prazo com o objetivo de minimizar os
impactos ao meio ambiente. Além das estratégias de desenvolvimento, por abaixo o conceito
de “fim de tubo” que visa apenas minimizar a poluição sem alterar o processo para evitar a
poluição, incorporando a conceito como ecoeficiência. As mobilizações da sociedade em favor
do meio ambiente também tem direcionado as ações das organizações para o viés ambiental.

O autor cita ainda, a abordagem de Sachs, que estabelece cinco dimensões do


desenvolvimento sustentável (social, econômica, ecológica, espacial e cultural) que devem ser
considerada de forma simultânea e integrada. Uma nova prática ambiental para construir uma
nova estrutura nas empresas, além da ecoeficiência, é a produção mais limpa, uma estratégia
preventiva da poluição no processo produtivo, além de ser uma maneira eficiente de utilizar os
recursos naturais, promove o bem estar da sociedade. Embora seja desejável e benéfico que as
empresas adotem uma postura proativa em relação ao meio ambiente, são poucas as empresas
que demonstram responsabilidade ambiental, a menos que o mercado exija delas.

Conclusão, a ideia de que desenvolvimento e meio ambiente eram coisas distantes,


foram ligada pelo conceito de desenvolvimento sustentável, sendo construído ao poucos num
processo histórico e ganhado formas cada vez mais abrangentes. Constou-se que um novo
modelo de desenvolvimento precisava ser implantado, pois o que vinha perdurando a década
se mostrava insustentável diante da escassez e a degradação dos recursos naturais.

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