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Existencialismo

de Vladimir Cerqueira | trabalhosfeitos.com

Existencialismo

– e seus principais pensadores –

1. O que é Existencialismo

O Existencialismo surgiu em meados do século XIX com o pensador dinamarquês


Kierkegaard e difundiu-se como o pensamento mais radical a respeito do homem na
época contemporânea.

Trata-se de é uma vertente da filosofia que assimilou a influência da fenomenologia e


alcançou o seu apogeu após a II Guerra Mundial, adquirindo importância na Europa e
rapidamente espalhou-se pelos Estados Unidos.

O movimento nasceu da resistência francesa à ocupação alemã e seus mais articulados


porta-vozes foram Jean-Paul Sartre e Albert Camus. Sartre era um brilhante estudante
de Sorbone que se tornaria mais tarde um eminente filósofo, escritor e jornalista.
Camus, natural da Algéria, ficou famoso como romancista e ensaísta.

Assim, nascido no século XIX, através das ideias do filósofo dinamarquês Kierkegaard,
esta vertente filosófica e literária conheceu seu apogeu na década de 50, no pós-guerra,
com os trabalhos de Heidegger e Jean-Paul Sartre. A contribuição mais importante desta
escola é sua ênfase na responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre-
arbítrio.

Origina-se no âmbito da filosofia – e desde aqui se estende para as ciências humanas,


em particular para a psicologia, sendo incorporada pelo Serviço Social brasileiro no
meado da década de 1970 sob a influência da Fenomenologia.
Propõe, portanto, uma concepção elaborada de homem, que se encontra desenvolvida
nas grandes figuras deste movimento (singularmente em Hiedegger, Kierkegaard,
Sartre, Buber).

Todos estes pensadores se colocam uma questão fundamental: Qual é o ser do


homem?

Esta é a chamada questão ontológica.

O homem é existência: esta é a resposta.

O próprio do homem é sua existência. Resta então estabelecer as características


peculiares da existência.

Não se trata de uma única doutrina. Entretanto, existe algo de comum entre eles, que é
a preocupação em compreender e explicar a existência humana.

O existencialismo moderno surgiu na França e na Alemanha há mais de 40 anos. Parece


não haver dúvidas em que o pensamento filosófico existencial procede das meditações
de Kierkegaard, mas Heidegger, Sartre, Jaspers, Nietzsche, Buber são também nomes
importantes na expressão da convicção de que a realidade última somente pode ser
encontrada na existência individual e concreta.

Seus seguidores não crêem, assim, que o homem tenha sido criado com um propósito
determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua caminhada
existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em
que vivemos, pois não se pode racionalizar o mundo como nós o percebemos. Esta
visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e
conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do
Existencialismo, a qual não se pode negar.

Coube a Sartre batizar esta escola filosófica com a expressão francesa ‘existence’, versão
do termo alemão ‘dasein’, utilizado por Heidegger na sua obra Ser e Tempo.
Para os existencialistas, a existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto
o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser. O
indivíduo, no princípio, somente tem a existência comprovada. Com o passar do tempo
ele incorpora a essência em seu ser. Não existe uma essência pré-determinada.

Com esta frase, os existencialistas rejeitam a idéia de que há no ser humano uma alma
imutável, desde os primórdios da existência até a morte. Esta essência será adquirida
através da sua existência. O indivíduo por si só define a sua realidade.
A corrente existencialista assimilou ainda uma influência da fenomenologia cuja figura
principal, Husserl, propõe a descrição dos fenômenos tais como eles parecem ser, sem
nenhum pressuposto de como eles sejam na verdade. Para o existencialismo, a
fenomenologia de Husserl significou um interesse novo na fenômeno da consciência.
Apesar do precursor do existencialismo, Soren Kierkegaard, ser profundamente cristão,
os principais filósofos que desenvolveram e divulgaram o existencialismo, Martin
Heidegger e Jean-Paul Sartre, eram ateus.

Culturalmente, há dois grupos principais de existencialistas: Alemão-Dinamarquês


Anglo-Francês.

2. Existencialismo Fenomenológico

A despeito das diferenças no pensamento de Kierkegaard, de um lado, e de Husserl, de


outro, existe apesar de certa concordância entre ambos. Esta talvez se mostre melhor
na resistência dos dois pensadores ao atomismo ou elementarismo a respeito do
homem e do mundo. O homem não é qualquer coisa igual a um átomo!
O modo, porém, como tal resistência se desenvolve diferente: Kierkegaard fala sobre o
homem, ao passo que Husserl se limita praticamente à consciência ou conhecimento.

Soren Kierkegaard (EXISTENCIALISMO)

Fundador do existencialismo e dificilmente poderia ser chamado fenomenólogo.


Fala sobre o homem, legando ao existencialismo a ideia central da liberdade do homem,
Concebe o homem como existência, como sujeito-em-relação-a-Deus. Não é um átomo
auto-suficiente e espiritual, mas como sujeito só é autenticamente ele mesmo em sua
relação ao Deus da Revelação.

Na concepção de Kierkegaard, entretanto, a existência é de todo original e irrepetível,


radicalmente pessoal e única. Frisa a unicidade e "excepcionalidade" da existência, em
detrimento do aspecto da universalidade no conhecimento (exigida por toda "ciência")
quando se trata do pensamento acerca do homem.

O pensamento de Kierkegaard é consciente e deliberadamente "anticientífico".

Edmund Husserl (FENOMENOLOGIA)

Lançou a fenomenologia e não é um existencialista.


Limita-se praticamente à consciência ou conhecimento, por isso afirma a importância
dos fenômenos da consciência os quais devem ser estudados em si mesmos “Tudo que
podemos saber sobre o mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos ideais
que existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua
essência, sua ‘significação’”.
Tendo sido a princípio matemático e físico, Husserl, irritou-se com as diferenças de
opiniões e confusão de linguagem no terreno da filosofia. Para ele, a filosofia ainda não
é ciência, pelo que lançou sua fenomenologia como tentativa para tornar também a
filosofia uma ciência de rigor.

No entanto, Husserl não pretende que a "cientificidade" da filosofia deva ser a mesma
que a das ciências positivas. Ao contrário. A filosofia não pode deixar que, p. ex., a física
lhe prescreva seus métodos, ou orientar-se, para garantir sua própria "cientificidade",
pela física. A filosofia não é uma ciência positiva.

Com Husserl, a Fenomenologia ganha um significado mais subjetivo, passa-se a


compreendê-la como ciência rigorosa que busca a descrição do mundo, da experiência
vivida tal como ela aparece na consciência, assim, pode-se defini-la como a “Ciência do
Vivido”

FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL
ou
EXISTENCIALISMO FENOMENOLÓGICO.

Houve um tempo em que se tinha de distinguir do existencialismo a fenomenologia.


Agora se fala da fenomenologia existencial ou do existencialismo fenomenológico.
A concepção husserliana da consciência ou conhecimento como intencionalidade
evidencia uma inegável semelhança com a que Kierkegaard tem do homem como
existência. Ambos voltam-se contra a ideia atomística do homem e sua consciência

Mas Husserl insiste nos problemas de teoria do conhecimento, enquanto Kierkegaard


acentua as questões teológico-antropológicas. Existencialismo e fenomenologia
estavam ainda distintos.

Não durou, contudo, muito tempo tal situação. No Sein und Zeit (Ser e Tempo) de
Heidegger juntaram-se o existencialismo de Kierkegaard e a fenomenologia de Husserl
para servir de base à filosofia que se chama hoje geralmente "fenomenologia
existencial"

Em HEIDEGGER encontramos uma filosofia do homem, que não mergulha nas ilusões
do idealismo ou do positivismo.

Sob o influxo da teoria do conhecimento da fenomenologia e do ideal fenomenológico


de "ciência", o existencialismo abandonou sua posição anticientífica, e a fenomenologia,
como teoria do conhecimento, enriqueceu-se por tomar emprestados numerosos
temas ao existencialismo de Kierkegaard, a fim de se desdobrar numa filosofia do
homem.

Assim surgiu o movimento de união do pensamento fenomenológico-existencial, de que


são mestres sobretudo Heidegger, Sartre (ainda que não em todos os sentidos),
Merleau-Ponty e a Escola de Lovaina (uma instituição de ensino superior sediada na
cidade de Lovaina, Bélgica).

Entretanto, a atitude anticientífica do existencialismo foi continuada por Karl Jaspers e


Gabriel Marcel, com o que ambos se colocaram mais ou menos fora do aludido
movimento, apesar de muitos pontos de contato.

3. Os Existencialistas

As pessoas listadas representam os maiores pensadores existencialistas. Este gráfico


está em ordem filosófica, não na de publicação ou vida.

Nome Filosofia/Fé Contribuição


Soren Kierkegaard Existencialista, Protestante Considerado o primeiro existencialista,
seu trabalho foi popularizado por Heidegger

Friedrich Nietzsche Darwinista, Anti-Cristão Suas idéias influenciaram Heidegger e Sartre

Edmundo Husserl Fenomenologista Desenvolveu os conceitos de essência e existência


Martin Heidegger Fenomenologista, Existencialista Assistente de Husserl, tradutor de
Kierkegaard

Franz Kafka Absurdista, Judeu Semelhante a Camus, Sartre, na representação do destino


cruel

Jean-Paul Sartre Existencialista, Ateu Estudante de Heidegger, colega e amante de


Beauvoir

Simone de Beauvoir Existencialista, Feminista Amante de Sartre, amiga de Camus,


Merleau-Ponty

Maurice Merleau-Ponty Fenomenologista, Existencialista Amigo de Sartre, Camus.


Partidário da Fenomenologia Hursseliana

Albert Camus Existencialista, Absurdista, Ateu Membro da Resistência Francesa durante


a II Guerra com Sartre, Merleau-Ponty, de Beauvoir
Karl Jaspers Existencialista Contemporâneo de Sartre, Camus.

Fonte: http://www.oocities.org/athens/olympus/7979/visao.htm

4. As linhas do existencialismo

Há duas linhas famosas de existencialistas.

1. A primeira, de Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger é agrupada intelectualmente.


Esses homens são os pais do existencialismo e dedicaram-se para estudar a
condição humana.

2. A segunda, de Sartre, Camus e Beauvoir, era uma linha política, até Sartre e
Camus provarem que brigas mesquinhas e orgulho não podem ser sustentadas
pela filosofia.

Enquanto outras pessoas entraram e entraram nesses grupos, esses seis indivíduos
definiram o existencialismo.

Metafísicos

As potências intelectuais por trás do existencialismo concentraram suas obras na


metafísica. Esses homens perguntaram-se se havia um Criador. Se sim, qual é a relação
entre a espécie humana e esse criador? As leis da natureza já foram pré-definidas e os
homens têmque se adaptar a elas? Esses homens estiveram tão dedicados aos seus
estudos que tornaram-se anti-sociais, enquanto se preocupavam com a humanidade.
Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger são os primeiros existencialistas intelectuais e
metafísicos. Os dois primeiros se preocupavam com a mesma questão: o que limita a
ação de um indivíduo? Kierkegaard chegou à possibilidade de que o cristianismo e a fé
em geral são irracionais, argumentando que provar a existência de uma única e
suprema entidade é uma atividade inútil. Ele acreditou que o mais importante teste de
um homem era seu compromisso com a fé apesar do absurdo dessa fé.

Nietzsche, freqüentemente caracterizado como ateu, foi mais precisamente um crítico


da religião organizada e das doutrinas de seu tempo. Ele acreditou que a religião
organizada, especialmente a igreja católica, era contra qualquer poder de ganho ou
auto-confiança sem consentimento. Nietzsche usou o termo rebanho para descrever a
população que segue a igreja de boa vontade. Ele argumentou que provar a existência
de um criador não era possível nem importante.
Políticos

Pode ser um pouco injusto chamar os existencialistas franceses de políticos, mas eles
eram politicamente ativos e, freqüentemente, motivados. A França foi o centro do
existencialismo político. Os filósofos alemães, até a II Guerra, estavam isolados das
brigas políticas diárias. Até mesmo durante das duas guerras mundiais, eles apenas
podiam imaginar os horrores dos campos de concentração. A Resistência Francesa, por
outro lado, erao refúgio de alguns dos maiores pensadores franceses.
Sartre e Camus, eventualmente reconhecidos como os dois existencialistas mais
influentes; ambos eram ativos na Resistência Francesa. Camus tinha sido um
politicamente ativo na Algéria, sua terra natal, tendo nascido na pobreza, o que resultou
na sua participação em grupos socialistas na faculdade. Sartre foi mais político depois
da II Guerra. Sua família, de uma alta posição social, o manteve longe dos assuntos
políticos. A guerra transformou esses dois homens em ativistas. Sartre tornou-se um
líder defensor da União Soviética, enquanto que Camus promoveu o que ele chamava
de "socialismo humanista" ou socialismo com compaixão.

Ambos eram partidários do marxismo e usaram sua fama de escritores de ficção para
promover suas idéias. Os metafísicos não teriam considerado tal auto-promoção.

Camus aceitou o Prêmio Nobel da Literatura em 1957, julgando-o como uma


ferramenta para argumentar pelos direitos humanos. Curiosamente, Sartre, que amava
ser o centro das atenções, recusou-se a receber o prêmio em 1964. Essa recusa pública
provavelmente atraiu muito mais atenção para ele!

5. A existencialista Hannah Arendt

Sem desconsiderar o destaque que ganhou a escritora, filósofa existencialista e


feminista francesa Simone de Beauvoir no existencialismo moderno, gostaríamos aqui
de evidenciar outra mulher que também se destacou neste campo. Trata-se de Hannah
Arendt, conhecida no ocidente com pensadora da política e da liberdade, que deposita
na política a dimensão centralda vida humana
Pensadora nascida na Alemanha em 14/10/1906 numa rica e antiga família judia alemã,
emigrou para os EUA quando começaram as perseguições nazistas contra os judeus,
onde faleceu em 4/12/1975. vítima de um ataque cardíaco.

Foi na Alemanha que Hannah Arendt fez os seus estudos universitários, Estudando
Filósofa política alemã e teologia. Foi uma precursora da moderna ciência política, mas
enfatizando sempre suas preocupações em torno dos valores humanos, notadamente a
liberdade e os direitos civis.

Foi uma teórica política alemã, muitas vezes descrita como filósofa, apesar de ter
recusado essa designação .
Conhecida como a pensadora da liberdade, Hannah Arendt vivenciou grandes
transformações políticas do século XX, o que fez com que estudasse a formação dos
regimes autoritários (totalitários) instalados nesse período: o nazismo alemão e o
comunismo soviético.

Estudos estes que a levaram à defesa incondicional da liberdade, da política como


dimensão fundante da condição humana em contraposição às sociedades de massa e
sua tendência à privatização dos indivíduos na vida em sociedade, potencializando os
crimes contra a pessoa.

Nesta perspectiva, sua obra é fundamental para entender e refletir sobre os tempos
atuais, dilacerados por guerras localizadas e por nacionalismos.
Para ela, compreender significava enfrentar sem preconceitos a realidade e resistir a
ela, sem procurar explicações em antecedentes históricos.

Arendt estudou filosofia com o filósofo Martin Heidegger na Universidade alemã


deMarburgo, com quem teve um relacionamento amoroso (passional) e intelectual.
Posteriormente Arendt foi estudar em Heidelberg, onde formou-se em filosofia, tendo
escrito na respectiva universidade uma tese de doutoramento sobre a experiência do
amor na obra de Santo Agostinho, sob a orientação do filósofo existencialista Karl
Jaspers.

A tese foi publicada em 1929. Ano em que o mundo mergulhava na recessão causada
pela quebra da Bolsa de Nova York, Arendt ganhou uma bolsa de estudos e muda-se
para Berlim.

Em 1933 (ano da tomada do poder de Hitler) Arendt foi proibida de escrever uma
segunda dissertação que lhe daria o acesso ao ensino nas universidades alemãs por
causa da sua condição de judia.

Neste mesmo ano, o nacional-socialismo de Hitler subiu ao poder, em 1933, Arendt


conseguiu escapar saiu da Alemanha e foi para Paris, a capital francesa, onde entrou em
contato com intelectuais como o escritor, crítico literário e místico Walter Benjamin
vindo a tornou-se amiga deste marxista.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo francês de Vichy colaborou
com os invasores alemães e, por ser judia, Hannah foi enviada a um campo de
concentração como "estrangeira suspeita". Porém, conseguiu escapar durante a
ascensão do nazismo na Alemanha e emigrou para os Estados Unidos, aportando em
Nova York, em maio de 1941.

Exilada, ficou sem direitos políticos até 1951, quando conseguiu a cidadania norte-
americana.
Então começou realmente sua carreira acadêmica, que duraria até sua morte. Em 1968,
tornou-seprofessora de filosofia em uma Universidade em Nova York.

Combateu com toda a alma os regimes totalitários e condenou-os em seus livros


"Eichmann em Jerusalém" e "As origens do totalitarismo".

Sua mais famosa obra é


"ORIGENS DO TOTALITARISMO" (1951)

A autora de origem judia, perseguida pelo regime de Adolf Hitler, construiu uma obra
fundamental para a compreensão da política e da condição humana.
Consolida o seu prestígio como uma das figuras maiores do pensamento político
ocidental.

É importante saber desse aspecto porque Hannah dedicou toda sua vida a
compreender o destino do povo judeu perseguido por Hitler.

Descreve em Origens do Totalitarismo a formação de um aparato de destruição no


continente europeu, que acabou conduzindo ao terrível episódio do Holocausto.
Arendt assemelha de forma polêmica o nazismo e o stalinismo, como ideologias
totalitárias. Demonstrando como estas dependem de alguns fatores: da falta de uma
perspectiva crítica em relação ao discurso oficial; da manipulação das massas; ou da
banalização de atos de terror.

Isto é, com uma explicação compreensiva da sociedade mas também da vida individual,
e mostra como a via totalitária depende da banalização do terror, da manipulação das
massas, do acriticismo face à mensagem do poder.

Sob esse ponto de vista, líderes como Hitler ou Stalin podem ser encarados como faces
de uma só moeda, que subiram ao poder graças a uma bem-sucedida exploração da
"solidão organizada" das massas populares.

Já no polêmico Livro
EICHMANN EM JERUSALÉM

Arendtanalisa a personalidade do nazista Karl Adolf Eichmann, formulando o conceito


da "banalidade do mal".

O livro surgiu de uma série de cinco grandes reportagens escritas por encomenda da
revista a The New Yorker, prestigiado veículo de imprensa para a qual Arendt cobriu, em
1961, o julgamento de Eichmann, que no ano anterior fora localizado e capturado por
agentes da Mossad, serviço secreto de Israel, em uma operação realizada na Argentina.
Em seus depoimentos, Eichmann disse que cumpria ordens e considerava desonesto
não executar o trabalho que lhe foi dado, no caso, exterminar os judeus.
Hannah concluiu que ele dizia a verdade: não se tratava de um malvado ou de um
paranóico, mas de um homem comum, incapaz de pensar por si próprio, como a maior
parte das pessoas. Essa afirmação é um eco da frase do filósofo e matemático francês

Publica "A CONDIÇÃO HUMANA", em 1958

Neste livro enfatiza a importância da política como acção e como processo, dirigida à
conquista da liberdade. Em seu prólogo, discorre brevemente sobre eventos históricos
que marcaram e transformaram a vida do homem no século XX: o lançamento de um
satélite (p. 9), em 1957 ao universo e também sobre o irrestrito desenvolvimento
científico (Bebê de proveta, p. 10) e tecnológico (advento da automação, p. 12) com suas
possibilidades, limites e perigos engendrados à existência humana.

Hannah Arendt nos parágrafos finais afirma que seu objetivo é propor uma
reconsideração da condição humana “à luz de nossas mais novas experiências e nossos
temores maisrecentes, presentes em nosso tempo”.

O que proponho, portanto”, diz a filósofa, “é muito simples: trata-se apenas de refletir
sobre o que estamos fazendo.

“O que estamos fazendo”, segundo a autora (p. 9-14), é o tema central do livro que
aborda as manifestações mais elementares da condição humana e que estão ao alcance
de todo ser humano: são elas as atividades do labor, do trabalho e da ação.

Hannah Arendt assegura que o homem habita o mundo condicionado por estas três
atividades e que elas são a própria tessitura (ou organização) da Vita Activa. Para a
pensadora, essas atividades se distribuiriam em dois espaços: o público e o privado.

Com efeito, nos afirma Arendt: “Com a expressão vita activa, pretendo designar três
atividades humanas fundamentadas; o labor, o trabalho e a ação. Trata-se de atividades
fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condições básicas
mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra” (ARENDT, 2007, p. 15).

Ao tomar como referência em sua reflexão a Grécia antiga, Arendt enfatiza que na
esfera privada estariam compreendidas as atividades do trabalho e do labor. Assim, no
âmbito privado os homens eram forçados a buscar formas de garantir coletivamente
sua subsistência tanto na confecção de alimentos quanto na procriação da espécie
humana através do labor, que outra finalidade não tem senão a manutenção e
reprodução da vida biológica no homem.

Na ESFERA PÚBLICA o homem podia realizar e falar o que ninguém ainda realizara ou
falara, isto é, trazer à tona o novo em açãoe discurso, de sorte que ao fazê-lo, cada um
podia tornar-se imortal, e, assim, estar um pouco mais próximo dos deuses, senão em
sua eternidade, certamente em sua imortalidade.
Contudo, a partir do que já foi comentado, pode-se indagar: o que exatamente seria a
ação e o que seria o espaço público, no pensamento arendtiano?

Por AÇÃO, a filósofa entende a atividade exercida entre os homens, a própria expressão
do ser destes, que sem o discurso que a acompanha, ficaria totalmente desprovida de
sentido.

O espaço público, neste contexto, poderia ser entendido enquanto a própria realidade
circundante na qual tudo o que vem ao público pode ser visto e ouvido por todos, isto é,
seria a totalidade dos fenômenos apreendidos por todos e que é reconhecida enquanto
realidade.

Hannah Arendt acreditava que só é possível dar um significado ao mundo, na medida


em que os homens tomarem consciência de que o mundo, este mundo no qual
vivemos, é resultado de artefatos humanos que trazem em seu bojo individualidades,
que somadas formam um constructo coletivo.

Tem-se assim, demarcada a linha que divide o espaço privado do público. Enquanto o
primeiro é o lócus da violência – destruição do alimento no labor; destruição da matéria
na confecção do que é útil ou belo; a própria condição de escravidão –, o outro (o
espaço público) é o lócus da ação, da liberdade, da imortalidade e da pluralidade
daqueles que habitam em pé de igualdade um mundo comum.

É a partir da emergência da modernidade que se observa a profanação deste senso


comum,abrindo assim, a possibilidade de crise do mundo, da realidade e em todos os
âmbitos da existência humana.

Em suma, pode-se concluir, a partir das reflexões tecidas por Arendt, que a VIDA
PÚBLICA, isto é, o próprio mundo, é um constructo coletivo, elaborado por meio do
senso comum, que também se presta para julgar, discernir e manter a ética, a moral e a
lei no espaço público e, assim, assegurar sua sobrevivência às presentes e futuras
gerações.

Para Arendt, as três atividades acima descritas possuem ainda estreita relação com as
condições mais gerais da existência humana: com as condições de nascimento e morte
ou natalidade e mortalidade:

Em primeiro lugar, porque o LABOR assegura não somente a sobrevivência vital do


indivíduo, mas também a vida da espécie;

Em segundo lugar, porque o TRABALHO e, em conseqüência, o seu produto (artefato


humano) emprestam maior permanêcia e durabilidade à “futilidade” e fugacidade da
vida mortal e ao caráter efêmero do tempo humano.
Em terceiro lugar, destaca-se a AÇÃO que, segundo a filósofa, nos possibilita pensar a
preservação dos corpos políticos como também garante a perpetuação da História.

Arendt regressaria depois à Alemanha e manteria contato com o seu antigo mentor
Martin Heidegger, que se encontrava afastado do ensino, depois da libertação da
Alemanha, dadas as suas simpatias nazis. Envolver-se-ia, pessoalmente, na reabilitação
do filósofo alemão, o que lhe valeria novas críticas das associações judaicas americanas.
Do relacionamento secreto entre ambos ao longo dedécadas (inclusive no exílio nos
Estados Unidos) seria publicado um livro marcante, "Lettres et autres documents"
(Cartas e outros documentos), 1925-1975, Hannah Arendt, Martin Heidegger, com
edição alemã e tradução francesa.

O trabalho filosófico de Hannah Arendt abarca temas como a política, a autoridade, o


totalitarismo, a educação, a condição laboral, a violência, e a condição de mulher. Sua
obra se inscreve em um debate amplo e atual sobre o significado e o conceito de
política. Em seu conjunto pode ser compreendida como a tentativa de responder a
seguinte questão: qual o espaço da política na sociedade?

Ainda sobre a política como dimensão fundante da condição humana, de acordo com
Hannah Arendt no livro “Entre o passado e o futuro (p. 34-35):

[...] outra geração volta-se para a política como solução de perplexidades filosóficas e
tentara escapar do pensamento para a ação. Foi essa geração que, mais tarde, se
tornou porta voz e criadora do que ela mesma chamou de EXISTENCIALISMO [...].

[...] pois o EXISTENCIALISMO, ao menos na sua versão francesa, é basicamente uma fuga
dos impasses da Filosofia moderna para o compromisso incondicional com a ação.

o EXISTENCIALISMO, rebelião do filósofo contra a Filosofia, não surge ao revelar-se a


Filosofia incapaz de aplicar suas próprias regras à esfera das questões políticas;

Neste momento crítico, a AÇÃO, com seu envolvimento e compromisso, seu


engajamento, parecia abrigar a esperança, não de resolver quaisquer problemas, mas
de fazer com que fosse possívelconviver com eles sem se tornar, como disse Sartre
certa vez, um salaud, um hipócrita.

As principais obras de Hannah Arendt são: 1) Verdade e Política. Lisboa. 2) Eichmann em


Jerusalém - Uma reportagem sobre a banalidade do mal. 3) O Sistema Totalitário. 4) O
Conceito de Amor em Santo Agostinho. 5) A Vida do Espírito. Vol.I. 6) A Vida do Espírito.
Vol.II. 7) Sobre a Revolução. Lisboa. 8) Compreensão Política e o Futuro e Outros
Ensaios. 9) O Homem em Tempos Sombrios. 10) A Condição Humana. 11) A Crise da
República. Sua obra póstuma O que é a Política? (1993)
FONTE CONSULTADA:

ARANHA, M.L. de & MARTINS, M.H.P. A fenomenologia: a liberdade situada. In:


Filosofando: introdução à filosofia. 4ed. São Paulo: Moderna, 2009, (cap 19, p.241-246).
BELLO, Angela Ales. Introdução à Fenomenologia. São Paulo: EDUSC, 2006. (Introdução,
capítulos 1, 2, e 8).
HANNAH, Arendt. A Condição Humana. 11ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2010.
_________. Entre o passado e o Futuro. 2.ed. Coleção Debates: Política. São Paulo:
Perspectiva, 1972.
CASTRO, João Cardoso de. Castro, Murilo Cardoso de. Existencialismo, fenomenologia,
fenomenologia existencial. Disponível em:
http://www.filoinfo.bemvindo.net/filosofia/modules/smartfaq/faq.php?faqid=264.
Acesso em 01/04/2013.

Autor Anônimo. Visão Geral do Existencialismo. Disponível em:


http://www.oocities.org/athens/olympus/7979/visao.htm. Acesso em
Roberta Cristina Blog. Existencialismo.
http://robertacristina.wordpress.com/2011/03/16/existencialismo/. Acesso 24/03/2013.

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