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1 – Na perspectiva dos textos lidos até então, faça uma sistematização do conteúdo relativo a

três questões básicas trabalhadas no curso.

- Pode-se ter como base do oficio do historiador três questões básicas: o tempo, o lugar e a
memória, essas por sua vez, se inter-relacionam na construção do saber histórico. O tempo é o plano
de fundo para a ação do homem, e é nele que, junto ao lugar, é possível uma inteligibilidade de um
contexto. Esse tempo é, por natureza, continuo e está em perpétua mudança, dado processo se
nomeia historicidade. Um exemplo a ser usado para ilustrar tal ideia de tempo, é a modernidade. A
modernidade, um recorte de tempo do século XV ao XVIII, foi plano de fundo para uma profunda
transição de forma de ação do sujeito histórico: do homem medieval ao moderno. Além de sua
evidenciada historicidade, a forma que o pensamento dos homens daquela época foi se alterando a
medida que a exploração do oceano acontecia, e com ela, o contato com novas culturas.

O lugar, segundo Relph, é o centro profundo da existência humana. Ele provém da relação
entre os homens e com seu ambiente, essas relações tornam o lugar um núcleo de valores. É
justamente nesse ponto que acontece a diferenciação ao espaço; o espaço é o lugar sem um valor e
significação. Logo, o lugar é construção social do homem, marcado por sua subjetividade e que tem
caráter fundamental em sua identidade, tanto individual como social, formada pela sua dinâmica de
historicidade junto ao tempo.

A memória é uma forma de preservação do tempo, que dialoga diretamente com as duas
questões já abordadas. Por meio da memória da histórica, tem-se a relação também ao lugar, uma vez
que é fixada a uma sociedade por meio de seus mitos, relatos, registros; valores da dinâmica social
humana em seu espaço vivido, assim, servindo de suporte para uma identidade coletiva. (Importante
ressaltar o necessário caráter plural da memória histórica, construído pela pluralidade de suas fontes,
afim de evitar a indesejada história única ou seletiva).

A relação entre essas três questões, torna possível o oficio do historiador. Com o tempo e o
espaço se tem o recorte do fragmento escolhido como objeto de estudo (como proposto por Bloch), e
juntamente a memória, o contexto social desse fragmento. Esse contexto torna possível a construção
de uma identidade, de caráter individual, mas também coletiva, que integra o homem como sujeito
do processo da construção da história; feita por meio do reconhecimento das semelhanças e a
afirmação das diferenças, que situa o sujeito histórico, diante ao seu grupo social.

2 – Como o anacronismo pode ser definido, para além das metáforas “pecado do historiador”
ou “tabua de salvação”
- O anacronismo é um dos recursos utilizados pelo historiador para se ter essa construção
intelectual, ele se dá, segundo Loraux, a partir da contraposição entre dois diferentes tempos: o
presente é o mais eficaz dos motores de impulsos para perguntas, essas direcionadas ao passado. O
anacronismo suspende a barreira da temporalidade; tal suspensão acontece por meio de, segundo
Bloch, apesar da historicidade inerente ao humano e suas sociedades, um fundo permanente (como
exemplo a capacidade do humano de produzir sentido histórico, modificar seu ambiente) e por um fio
condutor para o tempo passado, os problemas que ligam duas temporalidades diferentes: um exemplo
desse fio condutor, é a permanência do racismo acerca dos negros no Brasil, que provém da sociedade
escravista colonial, a questão do racismo será o fio condutor para o passado. A apreensão desse fundo
permanente provém da escolha do historiador, o recorte de seu objeto de estudo. Para ir ao tempo
passado, é necessário a alteridade, junto a compreensão da condição de historicidade para com o
sujeito histórico, isto é, reconhecer o outro em sua integridade. Sem a alteridade, seria um mero
espelhamento, uma imposição do eu presente ao sujeito histórico, logo, não se teria uma tradução
correta desse sujeito. Portanto, o anacronismo (com as particularidades necessárias já abordadas) é
um recurso que possibilita uma ida e volta ao passado, ida essa impulsionada por perguntas feitas do
presente, e com o retorno ao presente, com os devidos lastros, assim, uma construção do
conhecimento histórico. Por fim, a sua importância pode ser compreendida segundo uma frase de
Bloch: compreender o presente pelo passado e o passado pelo presente.

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