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CONVÊNIO
Niterói
Rio de Janeiro
2008
A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA GOVERNAMENTAL NAS
Niterói
Rio de Janeiro
2008
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
SUPLENTES:
Agradeço
ao professor José Maria Jardim porque, mais que o orientador deste meu
doutoramento, tem sido uma referência profissional desde o início de meus estudos na
graduação em Arquivologia. Agradeço, ainda, porque a sua orientação acadêmica é inspirada
e inspiradora. E, além de tudo, agradeço ao professor José Maria Jardim por repartir o seu
conhecimento de forma generosa e bem humorada.
à minha mulher, Rosiane, pela paciência com que me ouviu e pelas inúmeras
sugestões de redação, sempre acompanhadas das respectivas explicações e justificativas
baseadas na norma culta do idioma.
Deus pode fazer o que quiser. Para ele não há compreensão nem crítica. É a
entrega pura e simples do escravo. (...) É o diabo quem inspira aos homens o
desejo da ciência e foi esse desejo que causou o pecado original. (...) A ciência
e a técnica procuram produzir na terra o céu longa e desanimadoramente
prometido pelo messianismo.
Oswald de Andrade, A Crise da Filosofia Messiânica. Tese para
concurso da cadeira de Filosofia da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 1950.
This research investigates the preservation of the governmental information (records and
archives) of the Brazilian federal Executive Branch between 1995 and 2005 in its relationship
with an Archival public policy. The preservation of the archival information stated-owned,
procedure, is conditioned by the formulation of a pertinent public policy. This thesis studies
the actions developed by the Brazilian National Archives Council and the National Archives.
It concludes that without an Archival public policy will be more difficult to preserve and to
offer access to the governmental information of the Executive Branch. It also concludes that a
group of isolated and intermittent preservation actions is not capable to assure permanence
and durability to the governmental, and that an Archival public policy is not rendered without
financial resources.
information.
SUMÁRIO
página
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 21
3 POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................ 67
3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITUAÇÃO GERAL E HISTÓRICA......... 68
3.2 ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL................................. 80
3.3 A QUESTÃO POLÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS............................... 89
7 AS ENTREVISTAS......................................................................................... 240
7.1 CONARQ, POLÍTICA NACIONAL DE ARQUIVOS E PRESERVAÇÃO... 245
7.2 PRESERVAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE DOCUMENTOS................ 253
7.2.1 A questão conceitual da preservação......................................................... 253
7.2.2 A preservação e a gestão de documentos................................................... 257
7.2.3 A preservação e as políticas, públicas e institucionais............................... 260
7.2.4 O significado da expressão “acervo preservado”...................................... 262
7.3 O ARQUIVO NACIONAL E A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO
ARQUIVÍSTICA DO EXECUTIVO FEDERAL............................................. 264
7.4 PRESERVAÇÃO, ARQUIVO NACIONAL E OS RECURSOS
ORÇAMENTÁRIOS......................................................................................... 267
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 281
APÊNDICES.................................................................................................... 297
A – Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo
Federal por órgão e unidade orçamentária..................................... 297
B – Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo
Federal por programa.................................................................... 307
C – Planos Plurianuais – programas de preservação de acervos
documentais.................................................................................... 325
D – Sites do Governo que apresentam as dotações orçamentárias dos
programas e ações analisados......................................................... 339
E – Datas das atas e resoluções CONARQ entre 1995 e 2005............. 343
F – Os conselheiros do CONARQ, as instituições que representam e
a freqüência de participação nas plenárias..................................... 344
G – Síntese das atas e resoluções do CONARQ................................... 346
H – Comunicações em Congressos, artigos de periódicos e
dissertações e teses que abordam o tema pesquisado..................... 390
I – A íntegra das entrevistas................................................................ 398
1 INTRODUÇÃO
A pergunta mais difícil de ser respondida é aquela
cuja resposta é óbvia.
Bernard Shaw
encerra a introdução.
tratamento que tendem a considerar não apenas o documento, mas principalmente a função
preservar, mas o que e por que preservar. Esta tese pretende analisar o estágio atual das
pesquisa aponta para o papel crescente que as políticas públicas podem passar a desempenhar
convencional e acumulada há décadas não é ainda uma questão resolvida no Brasil. Ou seja,
os arquivos públicos brasileiros ainda têm sérios problemas de preservação dos documentos
tradicionais sob sua custódia, que vão desde ataques de fungos, térmitas, anóbios, acidez do
etc. De outro lado, o advento dos documentos digitais na administração pública tem sido um
suportes óticos/magnéticos se dão da mesma forma que as perdas dos registros nos
e as estratégias adotadas não têm sido suficientes e eficazes para assegurar durabilidade e
informação arquivística do Executivo federal deve ser tratada como uma questão de Estado e
indivíduo (sociedade civil, no conceito ampliado de Estado de Gramsci) terá, pelo menos de
23
forma potencial, a possibilidade de, por meio do acesso à informação produzida e preservada
pelo Estado (sociedade política, no sentido estrito, no mesmo conceito de Gramsci), buscar e
participação política e distribuição da riqueza social. Seria essa, pois, uma função de Estado
governo. E é a preservação dessa informação arquivística que poderá garantir, tanto esse
tema e em que grau e extensão têm investido em políticas públicas voltadas para a
Arquivo Nacional - AN, órgão federal integrante da estrutura da Casa Civil da Presidência da
preservação que leva em conta o uso e o acesso dos registros informacionais do Estado e do
materiais, uma intensa atividade intelectual, que não acontecerá anonimamente nem de uma
hora para outra. Os atores devem se apresentar e o produto será resultado de um processo de
Administração.
p. 101) percebeu que as relações interdisciplinares entre essas áreas do conhecimento são
mais fortes no Brasil do que no restante do mundo. A homogeneidade com que teses e
25
pesquisador no complexo universo das idéias e dos sentidos. A questão conceitual foi
recorrente em todo o trabalho. Isto é, aparece nesta tese em vários momentos e em diferentes
graus de profundidade. Está nas seções iniciais, que dão forma ao quadro teórico-conceitual, e
vêm ocupando com cada vez mais freqüência e abrangência a pauta de organismos
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO 2, realizada
em Paris, em 1997, cuja versão final foi compilada e redigida em 2004 3 por Paul F. Uhlir, são
1
No original: Policy guidelines for the development and promotion of governmental public domain information.
A informação governamental de domínio público é aquela parcela da informação do Estado que é publicamente
acessível e cuja utilização não infringe quaisquer restrições de segurança do Estado, da sociedade e da vida
privada, nem qualquer direito legal ou obrigação de confidencialidade (UHLIR, 2006, p. 28).
2
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - fundada em 1945, é uma agência
especializada das Nações Unidas, que, por meio da Educação, Ciências Sociais e Naturais, Cultura e
Comunicação, funciona como um laboratório de idéias e como uma agência de padronização para formar
acordos universais nos assuntos éticos emergentes. A UNESCO também serve como uma agência do
conhecimento – para disseminar e compartilhar informação e conhecimento – enquanto colabora com os
Estados-membro na construção de suas capacidades humanas e institucionais em diversos campos. Em suma, a
UNESCO promove a cooperação internacional entre seus 191 Estados Membros e seis Membros Associados
nas áreas de educação, ciências, cultura e comunicação. Disponível em:
<http://www.unesco.org.br/unesco/nomundo/index_html/mostra_documento>. Acesso em: 13 set. 2006.
3
A tradução brasileira é de 2006.
26
França, Geórgia, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Lituânia, México, Países Baixos e Paquistão, o
National Academy of Engineering dos EUA. O Brasil, apesar de país membro, não se
manifestou.
4
A informação de domínio público refere-se à informação publicamente acessível, cuja utilização não infringe
qualquer direito legal, ou qualquer obrigação de confidencialidade. Refere-se, portanto, por um lado, ao
domínio de todos os trabalhos, ou objetos de direitos relativos, que podem ser explorados por todos sem
qualquer autorização, por exemplo quando a proteção não é concedida por lei nacional ou internacional, ou
devido à expiração do termo de proteção. Refere-se, por outro lado, a dados públicos e informações oficiais
produzidos e voluntariamente disponibilizados por governos ou organizações internacionais (UHLIR, 2006, p.
12).
5
“[...] a discussão mais recente do conceito de governance ultrapassa o marco operacional para incorporar
questões relativas a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais
que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico (Hollingsworth,
Schmitter e Streeck apud Melo, 1999). Incluem-se aí, não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e
27
valioso aparece como a frase inicial do primeiro princípio do documento da UNESCO. Nas
sociedades democráticas, um dos aspectos que mais caros à cidadania é a prestação de contas
fundamental para a boa governança e para o controle dos governos, evidencia sua disposição
recurso e meio para, por exemplo, aumento de receita e de investimentos de um país, com
uma subseqüente melhora nos serviços sociais prestados, pode e deve ser considerado não
apenas por seus aspectos de ordem prática, mas também pelo componente político desse fato.
Investir na preservação da informação governamental não é exatamente uma idéia nova, mas,
nos termos acima apresentados, pode tornar-se um fator decisivo para a recomposição dos
articulação de interesses, tais como partidos políticos e grupos de pressão, como também redes sociais
informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos.” (SANTOS, 1997)
Ou ainda: “Governança refere-se à capacidade governativa em sentido mais amplo ‘envolvendo a capacidade
da ação estatal na implantação das políticas e na consecução das metas coletivas’, incluindo ‘o conjunto dos
mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade’”(DINIZ, 1996, p.
12-13 apud JARDIM, 2000a, grifo do autor).
28
informação, ou de arquivos.
apenas pelo público, mas pelo próprio governo, indicam, segundo a UNESCO, a necessidade
permanente. De que maneira tais características poderiam ser asseguradas, fora de uma
históricos e de memória, mas por que protegeria direitos legais e financeiros. A destinação de
depende da disposição do governo de, entre outras escolhas, destinar-lhe recursos financeiros
também de forma sistemática e contínua. É, portanto, uma escolha política. Inclusive, para
documento da UNESCO.
governo remete ao componente político dessa decisão. Da mesma forma, o alerta de que uma
política de informação requer uma infra-estrutura técnica, o que implica verbas, investimentos
e financiamentos, remete ao papel que o orçamento de um país tem nessa circunstância. O que
O enfoque dado nesta pesquisa deriva dos pressupostos acima arrolados. Isto significa
sob a ótica das escolhas e decisões epistemológicas, orçamentárias e políticas produzidas para
6
A UNESCO define apenas “informação do setor público” como sendo qualquer informação que seja produzida
por uma entidade do setor público. Por entidade do setor público, a UNESCO entende todo órgão
governamental de nível nacional, regional ou local, salientando que a noção de setor público difere de país para
país, profundamente influenciada pelas respectivas cultura e história. Assim, podem abranger desde
organizações encarregadas por lei com autoridade estadual ou funções de serviço público; por organizações
especificamente definidas para fazer parte do setor público em uma lei específica; ou por todos os órgãos
substancialmente financiados com recursos públicos (UHLIR, 2006, p. 25).
30
informação arquivística do Executivo federal, objeto desta pesquisa. São abordados, portanto,
arquivos e na Arquivologia.
Estado brasileiro, considerado este em sua dimensão informacional. Para isso, elegeram-se
da sociedade, e pelo Arquivo Nacional, órgão federal integrante da estrutura da Casa Civil da
criticados.
CONARQ e do Arquivo Nacional, entre 1995 e 2005. O objetivo geral desdobrou-se em seis
objetivos específicos:
1995 e 2005;
31
A tese que norteia esta pesquisa é que a preservação contínua e a longo prazo da
informação arquivística produzida e acumulada pelo Poder Executivo federal do Brasil está
seu acesso a longo prazo. As ações empreendidas entre os anos 1995 e 2005 pelo Arquivo
Aparece tanto em setores da sociedade política como em parte da sociedade civil. Surgiu nos
últimos 20 anos. Pode ser associado, portanto, à democratização do país. Está presente em
de animais ameaçados de extinção. Passa pela arquitetura urbana com argumentos prós e
tombamento de monumentos e cidades históricas cada vez mais ocupa espaço na mídia e
freqüenta as discussões cotidianas dos cidadãos. Faz parte das preocupações de técnicos de
está redigida em estatutos de muitas instituições públicas e é identificada como uma das
valor reconhecido, tanto pelo Estado (sociedade política, conforme Gramsci) como pela
brasileiro tem sido incapaz, historicamente, de garantir a sua preservação, apesar de suas
legislação para o tema, da Constituição federal de 1988 à Lei no 8.159, de 1991, entre tantas
7
Entendidos como tentativas fundadas num conjunto de valores comuns e destinadas a definir as formas de ação
social e a influir nos seus resultados. (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 787).
33
outras. Destina anualmente recursos do Orçamento Geral da União8 para programas e projetos
disso, constata-se que a informação arquivística governamental não tem assegurada a sua
preservação e acesso.
Conselho Nacional de Arquivos em 1991, não foram capazes de alterar esse quadro. O Estado
Estado brasileiro de tratar a questão de forma periférica. Realidade que não se verifica em
países como, por exemplo, a França e os Estado Unidos, onde a preservação é uma questão de
Estado.
ausência de uma política pública de arquivos dificulta a preservação contínua e a longo prazo
8
O Orçamento-Geral da União é o instrumento utilizado pelo Governo Federal para definir como os recursos
arrecadados dos cidadãos por meio dos tributos (impostos, taxas etc.) são aplicados em projetos e políticas
públicas, que visam melhorar a vida do brasileiro, pelo atendimento de necessidades ou de demandas da
sociedade. No conjunto do Orçamento-Geral da União, cada órgão federal é beneficiado com orçamento
próprio, para que possa desenvolver aquelas atividades relacionadas à sua área de atuação.
(Advocacia Geral da União. Disponível em:
<http://www1.transparencia.gov.br/TransparenciaCliente/execucao.jsp?CodigoOrgao=20114&TipoOrgao=2>.
Acesso em: 15 nov. 2006.
34
cognitivos e institucionais.
expostos a seguir alguns elementos específicos dos métodos e das técnicas de pesquisa que
subsidiaram este trabalho. Antecipa-se, entretanto, que nas seções da tese discorre-se sobre
outro são muitas e variadas as alterações de forma e de conteúdo. À dificuldade de lidar com
números e cifras contábeis se juntam as constantes mudanças nas denominações utilizadas nas
36
tabelas orçamentárias: o que era “dotação”, passa a ser “dotação anual”, depois, “dotação do
exercício” ou “dotação para o exercício”; “execução” passa a ser “despesa liquidada”, a qual é
acrescido “valor pago” etc. Um outro problema é que, à medida que se retroage no tempo, fica
mais difícil ter acesso aos relatórios orçamentários do governo. Os relatórios a partir do ano
de 1999 estão quase todos disponíveis em sites dos Ministérios, na internet. O mesmo já não
ocorre com aqueles dos anos anteriores. Exemplo disso, têm-se em relação aos dois principais
primeiro tipo (Execução Orçamentária - MF) estão disponíveis em sites do governo federal
desde 1995. Já os relatórios do PPA (MPOG) estão disponíveis somente a partir do segundo
Um outro problema diz respeito a algumas cifras e valores apresentados, que nem
referirem à mesma rubrica, apresentam valores diferentes das registradas nos relatórios do
que nem sempre batem com os dos Ministérios. De todo modo, apesar dessas e outras
dificuldades, este estudo foi facilitado pelo recurso da internet. Os dados e cifras das rubricas
gráficos que, por sua vez, subsidiaram as abordagens qualitativas dos dados do OGU. A opção
subsídio que as relações quantitativas nas contas públicas proporcionam à análise qualitativa
A leitura das atas e das resoluções do CONARQ iniciou-se com a busca das palavras-
que se investiga e são fundamentais para a defesa da tese. Todas as atas e resoluções do
CONARQ estão disponíveis na internet. Isso possibilitou o uso de ferramenta digital na busca
que tais palavras foram usadas e para a interpretação do contexto a que se referiam. Com isso
foi possível criticar tais documentos. As frases das atas do CONARQ consideradas mais
importantes para a pesquisa foram transcritas na seção. Dessa forma, deixou-se explícito o
contexto frasal em que cada palavra-chave aparece. No Apêndice G desta tese há uma síntese
disponibilizados pelo próprio Arquivo Nacional na forma de impressos sobre papel. São onze
relatórios anuais com um total de 348 páginas seqüenciais, constituindo uma unidade de
9
“Documento(s) tomado(s) por base, para fins de classificação, arranjo, armazenamento e notação” (ARQUIVO
NACIONAL, 2005, p. 167).
38
profissionais que atuaram no CONARQ e/ou no Arquivo Nacional no período delimitado pela
estrutura redacional da tese. Esta tese compõe-se de seis seções: as três primeiras seções
empírico perquirido.
A seção dois trata do universo em que se deu a pesquisa – Estado, Sociedade Civil,
realizada e trazer as questões para o campo dos estudos da informação. A seção quatro
arquivística.
(Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Nacional
dados e fatos registrados nas atas, resoluções, relatórios de atividades e orçamentos fornecem
resultado das entrevistas com membros do CONARQ e com dirigentes do Arquivo Nacional,
revelando a fala de seus principais atores e tratando de identificar o que dizem e fazem e o
mediação informacional nas relações entre Estado e políticas públicas. Mesmo que a relação
entre Estado e políticas públicas esteja evidente para aquele que se propõe a tratar do tema, é
pesquisa em si. Nem tão evidente é a relação de dependência entre a formulação do quadro
circunstância.
identificam hoje uma certa flexibilidade nas fronteiras territoriais tradicionais e nas políticas
convencionais das nações que acabam afetando a noção que se tem de Estado. Entre outros,
um dos elementos causadores disso é o advento e o crescimento no uso das novas tecnologias
de informação e comunicação - TICs, tanto pela sociedade civil como pelos governos. O uso
das TICs na mobilidade de capitais faz com que as nacionalidades sejam cada vez mais
entendidas em sua dimensão cultural e menos em sua dimensão econômica. Tal circunstância,
de um lado, dá uma boa medida do que é conhecido como a crise do Estado-nação, e de outro,
faz com que o papel das políticas públicas de cada país ganhe relevância no atendimentos dos
De partida, por que o Estado pode e deve ser entendido como o terreno onde
nesse cenário de luta que a definição das questões podem ser buscadas e onde posições
De chegada, por que a formulação de políticas públicas pode ser percebida como
resultado e produto desses embates. Sua efetiva implementação se dará também nesse terreno.
Terreno este onde deverão ser ainda avaliadas. É o caso das políticas públicas arquivísticas
políticas públicas abrem a possibilidade de identificar que elementos levam o Estado a agir
1
Atributo do Estado, que consiste na presença, em uma parcela significativa da população, de um grau de
consenso capaz de assegurar a obediência sem a necessidade de recorrer ao uso da força, a não ser em casos
esporádicos” (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 675).
2
O Dicionário brasileiro de terminologia arquivística publicado pelo Arquivo Nacional em 2005 não inclui o
verbete “gestão da informação”. No entanto, é cada vez mais freqüente na literatura arquivística o uso de
“gestão da informação arquivística”. Isso deriva das discussões sobre o objeto da Arquivologia ser os arquivos,
os documentos de arquivo ou, mais recentemente, a informação arquivística. Autores como Jardim (1999, p.
29), Fonseca (2005, p. 59), Couture e Rosseau (1998, v. 30, p. 24, 64-67) e Thomassen (1999), entre outros,
abordam o tema. O próprio CONARQ, na Carta para Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital, utiliza
tanto o termo “informação arquivística” como “documento arquivístico”. É usual ainda a expressão “gestão
documental”
42
Estado. O direito de acesso à informação passa pela preservação física da informação a ser
impõe como um dos aspectos a ser perscrutado. A opacidade do Estado, observada por
A questão de partida que tem norteado esta pesquisa pode ser assim expressa: Por que
informacionais, que elementos levariam a uma nova postura que assegure a preservação da
considerada apenas como um recurso potencial para prover um possível celeiro da memória
Estado.
significado que a informação assume nas relações entre sociedade política e sociedade civil. O
estudo das relações entre o Estado (no caso, o Estado brasileiro) e as estruturas e agências
estatais de informação possibilita identificar o grau de influência e domínio que decorre dessa
circunstância.
E, se, como afirma Jardim (1999, p. 24), as políticas públicas de informação são um
as políticas públicas para a preservação da informação para a gestão do Estado são temas
no Brasil.
governo como o conjunto de pessoas que exercem o poder político, bem como o complexo
dos órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder. Os órgãos do governo são, entre
as instituições estatais que organizam a política da sociedade, aqueles que têm a missão de
553)
44
A que Estado estamos nos referindo? A questão do Estado é uma necessária escolha
teórica, mas também política daquele que investiga. Distinguir o que é o discurso dos agentes
Para Bordieu (2005, p. 91), de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, todos
são “estatais” e, portanto, corre-se o risco de “não compreender a verdade mais fundamental
do Estado”. Bordieu diz que uma ruptura é, ao mesmo tempo, necessária e difícil e que o
cientista social deve estar atento para isso quando trabalhar com a questão do Estado.
oficial do oficial, ou seja, pela representação de Estado. Bordieu sugere que quando se pensa
de Estado, e que, em última análise, o cientista social deve “usar contra o Estado a liberdade
(relativa) que o próprio Estado lhe garante”. Para Bordieu, além da violência física do Estado
pensamento. (BORDIEU, 2005, p. 97) O que leva a Jardim (1999, p. 44) observar que a
de maneira tão poderosa por que é o próprio Estado que aponta as estruturas cognitivas
de consciência esclarecida, como era para Weber, mas está enraizada em estruturas
síntese, o que se aprende com Bordieu é que para estudar a dimensão simbólica do poder
É por isso mesmo que Bordieu (BORDIEU, 2005, p. 92) alerta que nunca duvidamos
demais quando pensamos na questão do Estado. Esse ponto de vista é também um ponto de
vista formado no e pelo Estado, o que implica na possibilidade perigosa, segundo Bordieu
(BORDIEU, 2005, p. 91), de sermos pensado por um Estado que acreditamos pensar.
Munido da relativa liberdade que o Estado garante ao pesquisador que pensa o Estado
(BORDIEU, 2005, p. 97), o Estado e, no caso deste trabalho, o Estado brasileiro, se apresenta
em que tal é sujeito e objeto do universo investigado. Nesta tese, considera-se o Estado
brasileiro como o conjunto das estruturas burocráticas com o poder de coerção (sociedade
política) e dos ambientes ideológico, cultural e epistemológico (sociedade civil), como será
A fina linha fronteiriça entre o tratamento político de uma questão que é e quer ser
p. 92-93), não pode ser desconsiderada. O que se quer esclarecer é que a necessária e difícil
ruptura com o pensamento de Estado, a desnaturalização das coisas, fatos e idéias de Estado e
46
político do processo.
Isto posto, parte-se para conhecer o conceito de Estado. Como ensina Bornheim (2003,
volta a assumir, para Bornheim (BORDIEU, 2005, p. 225), um caráter absolutista com a
proliferação das ditaduras, inclusive, as de esquerda, indo além das “violências simbólicas”
Morris (2005, p. 89) lembra de uma tradição na filosofia política: tende-se a escrever
morrer. Por isso diz que é possível que a atenção dada hoje ao Estado seja um prenúncio de
que seu crepúsculo não esteja muito distante. De qualquer forma, o que importa para Morris é
que se busque uma justificativa para a existência do Estado moderno. Para isso, entende ser
forma de organização política que “varreu o mundo”, mas que nem sempre foi assim. “Por
47
Morris (2005, p. 23) tem uma concepção instrumental de Estado. Concebido de forma
“artificial”, o Estado “deve ser entendido como criado para nossos fins, nossa proteção e
defesa”. Isso pressupõe a existência de um direito natural anterior a essa criação artificial de
Estado. Morris denomina tais direitos naturais de “direitos prévios”, no sentido de que os
“muitos negam a existência de tais direitos e supõem que todos os direitos são criados pelo
Estado”. (MORRIS, 2005, p. 26-27) O que leva Morris (2005, p. 41) afirmar que “não
podemos supor que exista uma única noção de Estado”. Assim, Estado, para Morris (2005, p.
humano é ser um agente e ser um agente é ter poder. O poder significa a capacidade
alterá-los”. Os sistemas sociais são sistemas de poder. Daí ser necessário estudar os modos de
dominação para investigar o poder. Para Giddens (2001, p. 35, 72), o poder pode ser
alarmante quando utilizado como represália, mas é mais intenso e durável quando se faz
Nesse sentido, um dos conceitos mais utilizados nas Ciências Sociais é o conceito de
Gramsci, que, no entanto, como alerta Jardim (1999, p. 33), não dedicou qualquer de seus
48
conceituais entre Sociologia e Ciência Política, que Gramsci (1968, p. 87) afirma que o
Estado
sociedade civil e sociedade política”, Gramsci (1968, p. 149) produz o que ficou conhecido
alargamento à concepção de Marx, para quem a sociedade civil era sinônimo de sociedade
burguesa, isto é, uma sociedade emancipada do Estado, formada por sujeitos independentes,
na esfera das relações econômicas. O conceito de Gramsci, que não abandona a concepção
econômica de Marx, oferece algo mais que o complexo dessas relações materiais, ao
acrescentar que a sociedade civil compreende todo o complexo das relações ideológico-
finalidade a transmissão dos valores, por meio dos quais a classe dominante exerce a
uma dicotomia, uma vez que a “sociedade civil” é uma das partes na luta pelo poder
Gramsci (apud JARDIM, 1999, p. 34) deixa claro que “o Estado não se reduz a uma simples
máquina de opressão”, mas que a sociedade dos homens, como um todo, é parte indissociável
termos por Nogueira (2004, p. 87, grifo do autor), para quem a questão do Estado aparece
Para Nogueira (2004), a crise do Estado é uma crise essencialmente política porque
supõe soberania popular, regras para todos, livre competição política e participação nas
Mas este tipo de cidadão não é um cidadão “natural”. Pelo contrário, é constantemente
instituições, estruturas e procedimentos para governar, para organizar o poder, para realizar a
cidadania. A idéia de Nogueira de um “Estado para uma sociedade civil” depende de que a
protagonista politizada, mais longe das amarras dos interesses particulares, e próxima dos
interesses gerais. Isto é, dos interesses do Estado, conforme o sentido ampliado de Gramsci.
Nogueira salienta que sem Estado, sem vínculo com o Estado e sem uma perspectiva de
Estado, não há sociedade civil, nem hegemonia. Nenhuma sociedade civil é imediatamente
50
sociedade civil, por ser um “território de interesses” tanto do tipo “bons e justos” como dos
escusos, perversos, egoísticos, deve ser percebida como um campo de resistência não-unitário
e múltiplo. Tal projeto democrático implica em gestão participativa com papel preponderante.
reforma do Estado surgem como questões pautadas quer pela insatisfação social e decepção
com a gestão pública, quer como resultado da “desmontagem” do Estado pelo projeto
Estado.
O Estado, na lei do Brasil, é um ente personalizado ou, de acordo com o Código Civil,
uma pessoa jurídica de Direito Público, formado por três elementos indissociáveis e
1988 registra, no seu preâmbulo, ter instituído um Estado democrático de direito a que
denomina República Federativa do Brasil. A partir do seu Título III “Da organização do
Estado”, a Constituição federal passa a usar o termo União para designar a República
Federativa do Brasil. Jorge Miranda (1990, p. 138 apud MORAES, 2003, p. 35), ao definir
diferentes significados. Interessa aqui discuti-lo a partir da perspectiva recente com que se
Brasil no ocaso da ditadura militar, iniciada em 1964. Surge, então, com forte sentido de
recuperam o conceito Gramsci para sociedade civil, ainda que este muitas vezes tenha sido
usado e aplicado de forma equivocada, assumindo “traços de uma dicotomia radical, marcada
ademais por uma ênfase maniqueísta.”. Isso, que Coutinho chama de “deslizamento
conceitual”, acabou por resultar, de um lado, em uma compreensão simplificada das relações
e, de outro, abriu espaço para a hegemonia das forças liberais na reconstrução da democracia,
Para Coutinho, a
Este quadro é percebido também por Sorj (2004, p. 68-71), para quem o debate sobre
“sociedade civil” no Brasil foi promovido por cientistas sociais para introduzir uma dimensão
3
Em crítica ao livro Gramsci e a sociedade civil, de Giovanni Semeraro (2006). Disponível em:
<http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv93.htm>. Acesso em: 22 ago. 2006.
4
Disponível em: <http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv93.htm>. Acesso em: 22 ago. 2006.
52
que se autodefiniam, então, como “sociedade civil” resultou em uma espécie de sacralização
da noção, fazendo com a “sociedade civil” ocupasse o imaginário social e político como a
deslegitimado. Quer dizer, por oposição a um Estado violento e corrupto se contrapõe uma
virtuosa e monolítica “sociedade civil”. No entanto, Sorj alerta que na vida social, as virtudes
risco de se criar a ilusão de uma “sociedade civil” que poderia existir voltando as costas para
o Estado, separada do sistema político, dos partidos, do parlamento representativo etc. (SORJ,
2004, p. 71)
internas e próprias, que a compõem. Relações e forças na luta pelo poder. Compõe, assim,
Regime político é definido por Bobbio, Matteucci e Pasquino (2004, p. 1081) como
um conjunto de instituições que regulam a luta pelo poder e pelo seu exercício, bem como a
53
prática dos valores que animam tais instituições. A escolha de um regime político implica na
hegemônica do poder, quer pela força, quer pelo consenso buscado, é exercido pela classe
dominante em função de tais valores terem sido propalados e incorporados pela sociedade
de uma sociedade civil, no escopo de um Estado, não podem refletir senão esses valores
dominantes.
Melo (1999, p. 65 – nota 10) registra que os estudos universitários no Brasil, que
relacionam o regime político com a produção de políticas, foram alimentados também pela
influenciara a formulação de políticas públicas, Melo (1999, p. 80) constata que a pesquisa
acadêmica universitária produzida então passa a abastecer o que chama de “projeto reformista
da Nova República”. É nessa situação que começam a aparecer expressões, e seus respectivos
valorização dos elementos formais da democracia. Mas, ao mesmo tempo, Melo observa que
o fim do regime autoritário não foi suficiente para superar os problemas de desigualdade e
pobreza, nem para fomentar a implementação de políticas sociais (MELO, 1999, p. 81), o que
reforça o quadro acima desenhado por Coutinho. Mudou o regime político brasileiro, mas o
Estado continuou sendo visto pela própria sociedade como algo a que a sociedade civil deve
se opor. Dessa forma, a sociedade civil continua percebendo-se como algo estranho ao
Lembra-nos Dahl (2001, p. 61) que, antes de tudo, uma democracia pressupõe que
seus cidadãos uma liberdade pessoal mais ampla, a possibilidade do consenso e do dissenso,
humano amplo. Países democráticos, ao formarem uma força de trabalho instruída, têm mais
grande parte da comunicação, é mais fácil procurar e trocar informação em uma democracia
Para Jardim (1999, p. 81) a cidadania está relacionada à luta contra as desigualdades e
à ampliação dos direitos. O cidadão mantém um vínculo com o Estado, que lhe garante uma
dessa cidadania passiva (BENEVIDES, 1994, p. 14 apud JARDIM, 1999, p. 83) outorgada
pelo Estado, há uma cidadania ativa, onde o cidadão é criador de direitos. Jardim observa que
política depende, pelo menos em parte, de educação política. A informação é perpassa todos
A defesa do Estado constitucional de direito e a defesa dos direitos públicos, entre eles
civil. A vontade política racional expressa em políticas públicas quase sempre é resultado do
Ainda que o Estado constitucional de direito seja reconhecido como uma realidade dada,
Portugal, Silva e Ribeiro (2002) propõem uma definição para o termo “informação”.
cientificamente.
56
assuntos formalizados e expressos por um código lingüístico, mas não se confunde com este
26).
Ao que perguntam:
Ambos tentam, assim, traçar a linha que separa a “essência” (informação) de sua mera
base instrumental.
dificuldade de se reconhecer que a informação, nesse sentido, seja capaz de portar valores
econômico e financeiro.
dessa informação. Não percebe, em linhas gerais, que a informação governamental é pública e
que, portanto, lhe pertence. Serve, entre outras coisas, tanto para garantir a sua própria
cidadania, como para a administração do país em que vive. A ameaça à informação pública,
de alguma forma, ameaça os próprios alicerces da democracia, ou como afirma Schiller (1986
democracia desaparecem”.
58
contemporâneo e introduzir alguns aspectos mais gerais das políticas de informação. Dessa
forma, prepara-se o terreno para a discussão mais específica sobre informação dos itens
seguintes.
modernas foram desde o início “sociedades de informação”, assim como todos os Estados
diminuir o tempo necessário para percorrer trajetos de um ponto a outro existirem desde o
século XVIII, foi apenas no fim do século XIX que uma rede de estradas organizadas
proporcionou um transporte comercial ágil e barato. Foi também nesse momento que surgiram
centro das organizações modernas”. Mesmo assim, os efeitos da mecanização dos transportes
seriam mais limitados sem a invenção do telégrafo e das demais comunicações eletrônicas.
5
O padrão mundial de tempo foi criado em 1884, mas apenas na conferência Internacional sobre o Tempo, em
Paris, em 1912 é que se definiu um método uniforme de especificar sinais de tempo e transmiti-los pelo mundo
(GIDDENS, 2001, p. 196-197).
60
comunicação da informação passava a não mais depender dos transportes (GIDDENS, 2001,
p. 195-196).
(aqueles que precedem os Estados-nação) faz uma distinção entre meios de comunicação que
“enfatizam o tempo” são mais duráveis, mas mais pesados (pedra, cerâmica, pergaminho).
Isto é, são materiais difíceis de transportar, mas mais resistentes fisicamente às ações do
tempo, mas não contribuem para a geração de poder administrativo se utilizados em vastas
extensões de espaço. Os meios de comunicação que “enfatizam o espaço” não têm tanta
durabilidade e permanência, mas, por serem mais leves, possibilitam o seu transporte de
maneira mais fácil, são mais facilmente reproduzíveis e têm maior alcance espacial (são
avanço profundo nas operações de vigilância do Estado e foi essencial para o Direito. As leis
passaram a ser mais difundidas. Os códigos de leis impressos, então, em um ambiente cultural
mudanças para além da esfera das leis, pois registros, relatórios e coleta rotineira de dados
passaram a fazer parte das operações diárias do Estado. Surgiram as estatísticas oficiais,
da metade do século XVIII, passaram a ser guardadas por todos os Estados. Giddens (2001)
afirma que “O poder administrativo gerado pelo Estado-nação não poderia existir sem a base
de informação que são os meios de sua auto-regulação reflexiva”. Há inclusive reflexos nas
Ciências Sociais, que passaram a usar as estatísticas oficiais para interpretar processos sociais.
Giddens salienta que as estatísticas oficiais não são apenas um universo de objetos e eventos
sociais, mas partes constitutivas destes. Isto leva a uma persistente relação ente as Ciências
Sociais e o fenômeno que estas se propõem a estudar. Assim, no século XIX, a economia, a
armazenamento e o controle da informação são considerados por Giddens como o meio básico
2001, p. 199-202).
Giddens (2001, p. 205) vincula a lei e a ordem aos desvios para dizer que o “poder
os arquivos constituem parte significativa – continua como um fator decisivo para a produção
informação governamental são partes do projeto de gestão hegemônica, como afirma Jardim
(1999, p. 47). Ao analisar a questão, Sorj (2001, p. 84) pensa que, no Brasil, a limitada
nação periféricos, Cubillo (2003) diz que se o terreno das políticas públicas em geral é frágil,
América Latina como Argentina, Brasil, Chile e México, o que faz com que se recorra a
textos e autores de países centrais. Isso nem sempre produz os resultados esperados, uma vez
países são muito diferentes. A simples relativização dos conceitos utilizados não é garantia de
um das dimensões das políticas públicas informacionais, Jardim (2003, p. 39) entende que a
simultaneamente técnico-científicos e legais, uma vez que tais políticas existem para
das informações são partes constituintes do Estado, quer como referenciais teóricos e
conceituais que podem contribuir para a compreensão de processo, quer como possibilidades
como uma condição para a visibilidade do Estado, conforme Jardim, e um recurso para
No fim da década de 1990, Jardim (1999, p. 29) constatava que a noção de informação
expressão informação arquivística vinha aparecendo com maior freqüência nos discursos e
É o que constata, em 2005, Fonseca (2005, p. 10) quando afirma que a informação não
[...] a arquivologia parece, hoje, como uma disciplina cuja razão de ser
situa-se no seio da gestão da informação, recurso vital das
organizações. Todos os membros da organização têm necessidade de
informação para cumprir suas funções respectivas. As informações
necessárias serão buscadas no interior ou no exterior da organização.
Estas informações podem ser verbais ou registradas sobre suportes
como, por exemplo, o papel, a fita magnética, o disco ótico ou o
microfilme. Podem ser orgânicas, quer dizer, elaboradas, expedidas
ou recebidas nos quadros das funções do organismo, ou não
orgânicas, quer dizer, produzidas fora do quadro das funções do
organismo. As informações registradas orgânicas nascem no arquivo
do organismo (COUTURE; ROUSSEAU; DUCHARME, 1998, P. 53-
54 apud FONSECA, 2005, p. 11, grifo do autor).
questão terminológica da área um “território bastante delicado, uma vez que a relação entre
realizado pelo Arquivo Nacional do auditório do BNDES, Rio de Janeiro, em 2000, dizia não
arquivística” (ou informação de arquivo) não é irrelevante. Pelo contrário, pois pressupõe uma
A expressão “informação arquivística” não consta na Lei no 8.159, conhecida com a Lei de Arquivos, de
666
1991, nem é verbete do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, publicado em 2005, pelo Arquivo
Nacional, apesar de o principal programa orçamentário do Arquivo Nacional intitular-se Democratização do
Acesso à Informação Arquivística Governamental.
65
entre “informação arquivística” e “informação bibliográfica”. Para Silva, o fato é que a falta
sua aplicação, ao mesmo tempo em que desautoriza a crescente proliferação de seu uso na
Arquivologia contemporânea.
Tais cuidados são tomados por Jardim quando discute o tema. Ao abordar a noção de
informação arquivística, para Jardim, o que Ampudia Mello (1988) chama de “informação
se relaciona ao fato de que tal informação é produzida a partir de uma estrutura organizacional
arquivística governamental.
brasileira em suas relações com as políticas públicas não deixa ao pesquisador da Ciência da
Informação alternativa que correr o risco de se aventurar por conceitos de outras áreas. Isto
implica reconhecer que essas questões são objeto específico de estudo e estão contempladas
Informação, por sua característica interdisciplinar, ao mesmo tempo em que justifica tal
incursão, poderá vir a se beneficiar dos resultados obtidos. Assim, a idéia central que esta
civil são aspectos incontornáveis e alicerce para uma análise deste tipo. Ao privilegiar-se com
uma seção exclusiva o universo teórico e conceitual das políticas públicas pretendeu-se
sinalizar o grau de relevância que o tema tem para a pesquisa em curso, mas, principalmente,
Por isso, o enfoque aqui adotado se aproxima do que Muller e Surel (2004, p. 10)
do “Estado em ação”, isto é, as políticas públicas. No caso específico desta tese, tais políticas
públicas foram pensadas tendo como pano de fundo a preservação da informação arquivística
cenário e campo informacional e, portanto, pode ser entendido como uma unidade de análise.
68
públicas, uma vez que é no âmbito destas que a preservação contínua e a longo prazo melhor
conceitual que sustente uma investigação sobre políticas públicas e, de outro, a identificação
dos elementos políticos que compõem uma política pública e, assim, pensar as conseqüências
O estudo das políticas públicas se insere, hoje, nos esforços para compreender o papel
existentes nas diferentes formas de mútua intervenção entre Estado e sociedade, identificar as
relações existentes entre os diversos atores e compreender a dinâmica da ação pública. Apesar
de ser relativamente recente 1, o estudo atual das políticas públicas já comporta uma mudança
1
A literatura da área dá os anos de 1950, nos Estados Unidos, como a data e local quando e onde as políticas
públicas passaram a ser objeto de preocupação e estudo.
69
inicial para aproximar-se de uma abordagem cognitiva, na qual as políticas públicas são
menos, parte dela, por meio da informação e do conhecimento, tende a apropriar-se de novas
A língua inglesa recorre a três termos para identificar as nuances do tema: polity, para a esfera
atividade política na disputa por cargos políticos, o debate partidário etc.; policies, para a ação
Dagnino (2002) reconhece essa circunstância e, junto com outros autores, se esforça
para formular um conceito de política. Cita Easton (1953, p. 130) que afirma ser uma política
(policy) “uma teia de decisões que alocam valor”; Heclo (1972, p. 84-85) entende que “uma
política [policy] pode ser considerada como um curso de uma ação ou inação (ou ‘não-ação’),
mais do que decisões ou ações específicas”; para Jenkins (1978, p. 15) é um “conjunto de
2
Do conceito de Gramsci de “Estado ampliado” formado pela sociedade política mais a sociedade civil.
70
dentro de uma situação especificada”; para Wildavsky (1979, p. 387) é “um processo de
tomada de decisões, mas, também, o produto desse processo” e para Ham e Hill (1993, p. 13)
uma “política envolve antes um curso de ação ou uma teia de decisões que uma decisão”
clareza se essa construção for explicitada também como uma representação do pesquisador.
Isso obriga o pesquisador a definir e expor claramente o que entende por política.
gama de expressões que buscavam situar a questão das políticas públicas em termos
científicos, mas que muito mais sinalizam para o que o termo tem ainda de contraditório e de
revisada como: área, campo disciplinar, disciplina, subdisciplina, tema, objeto, especialização,
disciplina científica.
71
É preciso ressaltar que a literatura que trata do tema o faz quase em sua totalidade do
ponto de vista do que é denominado de “análise das políticas públicas” e não das políticas
públicas como objeto cognoscível em si mesmo. Isso sugere que as preocupações dos
estudiosos de políticas públicas referem-se muito mais aos efeitos de políticas formuladas e
e da circunstância política em que estas são pensadas e decididas. Ou seja, tal abordagem se
concentra na identificação do que é considerada uma política pública e nos custos e efeitos
por ela produzidos ou não. E traz uma conseqüência: uma extensa gama de citações apud que
confirma o caráter incipiente dos estudos na área e que se estende também ao conceito de
“políticas públicas”.
Dagnino (2002, p. 4), por exemplo, não conceitua “políticas públicas”, mas sim a
diversas disciplinas das ciências humanas utilizados para buscar resolver ou analisar
problemas concretos em política (policy) pública”. Da mesma forma, isso aparece nos autores
citados por Dagnino, como Wildavsky (1979), para quem a análise da política tem o propósito
atenção ao processo de formulação de política”; para Dye (1976), “fazer ‘Análise de Política é
descobrir o que os governos fazem, porque fazem e que diferença isto faz’. Para ele, ‘Análise
Para Ferri Durá (2004), Baena define políticas públicas ao afirmar serem estas “toda
necessárias para a sua continuidade e execução”. No entanto, Ferri Durá percebe que, por sua
vez, Subirats não chega a produzir uma definição concreta, pois apenas lista as características
e qualidades de uma política pública ao afirmar que uma política pública “Normalmente
implica uma série de decisões. Decidir que existe um problema. Decidir que se deve tentar
72
resolver. Decidir a melhor maneira de resolver. Decidir legislar sobre o tema”. O mesmo
ocorre quando Ferri Durá cita Mény e Thoening, para dizer que a doutrina francesa prefere
citado por Ferri Durá (2004), consideram uma “definição teórica” a que fazem para política
pública
Kostka Fernández (2004) confirma esse panorama ao dizer que as políticas públicas
Dror para quem as políticas públicas são “uma supradisciplina orientada para a busca do
recolhida por Frances Pallares, na qual consta que as políticas públicas são “o conjunto de
atividade das instituições de governo, atuando diretamente ou através de agentes, e que são
direcionadas a ter uma influência sobre a vida dos cidadãos”, para imediatamente explicar
que, segundo Pallares, essa “concepção genérica” exige que lhe sejam acrescentadas algumas
das políticas públicas. Isso implica que muitos autores afirmem que as políticas públicas são
meras “categorias analíticas” (JONES, 1970 apud MULLER; SUREL, 2004, p. 15)
73
construídas pelos pesquisadores que dela se ocupam ou pelos atores políticos envolvidos na
sua formulação e implementação. Ou seja, a definição precisa do que venha a ser políticas
públicas não fica estabelecida. Pelo contrário, a própria natureza do tema é identificado como
Afirmando que intuitivamente todos têm uma noção do que pode ser uma política
pública, Muller e Surel (2004, p. 38) chamam atenção para uma certa tendência em se
associar políticas públicas com textos legislativos e reguladores. Um conjunto de textos legais
ou reguladores de uma determinada atividade ou setor não é suficiente para caracterizar uma
política pública. Jardim reconhece na legislação um dos fundamentos das políticas públicas
(no caso, arquivísticas), mas para que aquela não acabe em “letra morta”, a legislação deve
ser questionados e prejudicados em seus efeitos por uma declaração precipitada de uma
autoridade do setor, por exemplo. Ou seja, o texto legal regulador poderia ter os seus
SUREL, 2004, p. 15). O registro literal de uma lei, regulamento ou norma, impresso e
publicado em qualquer meio não tem o caráter e o componente dinâmicos de uma política
pública. A letra “morta” da lei possibilita interpretações múltiplas, o que exige, com
freqüência, mediação. Tende, assim, a se afastar daquilo que se entende por política pública.
Por outro lado, mesmo na ausência de uma estrutura governamental especializada para
a formulação e implementação de uma política pública, esta pode existir. As políticas de meio
ambiente existiam antes da criação dos ministérios do meio ambiente (MULLER; SUREL,
2004, p. 15).
Observa-se, assim, que muitas vezes aquilo que é denominado, inclusive, pelos
próprios governos que a formulam, como uma política pública, nem sempre configura-se
74
como tal e, de outro lado, alguns programas e projetos governamentais, com todas as
características de uma política pública não são assim anunciados ou assumidos pelos governos
que os implementam.
resultados práticos e efetivos das políticas públicas, privilegiando e expondo seus aspectos
Dagnino (2002) enxerga uma tensão entre o descritivo e o prescritivo na análise das
políticas públicas e apresenta uma classificação formulada em 1993 por Ham e Hill, na qual
as abordagens e perspectivas dos estudos de análise política são divididas em duas categorias:
Ainda que uma classificação desse tipo possa indicar elementos objetivos importantes
políticas públicas e que, portanto, são também partes dessas políticas públicas. A análise de
uma política pública tem, portanto, uma dimensão política, uma vez que o processo de
Nessa circunstância, alguns autores entendem que os estudos das políticas públicas são
muito mais uma “categoria analítica” do que um objeto em si, cuja análise e compreensão
de investigação. Analogamente ao que escreveu Habermas sobre as leis, poderíamos dizer que
no estudo das políticas públicas em uma democracia importa mais saber como essas políticas
algumas características comuns às políticas públicas ainda que estas ocorram em diferentes
entre seus vários aspectos e níveis (federal, estadual e municipal); programas e projetos
Uma política pública é, portanto, dinâmica e mutante. Isto significa que ela tende a ir
conceito de “política”:
Muller (2004, p. 22), por sua vez, recorre a Yves Mény e a Jean-Claude Thoenig para
implementação das políticas públicas, é o caminho apontado por Muller e Surel (2004, p. 20)
para que o pesquisador consiga superar dois impasses teórico-metodológicos observados nos
Ao sugerirem uma abordagem cognitiva das políticas públicas, Muller e Surel (2004,
p. 34-41) reconhecem que a questão do Estado voltou à pauta pelo viés das políticas públicas.
Esses autores percebem duas perspectivas no campo da teoria do Estado: “a abordagem estatal
inevitável à explosão.” Por isso, propõem uma via alternativa a esses dois extremos como
A abordagem cognitiva, considerada como uma corrente de análise, “se esforça para
poderão inscrever sua ação.” Essa linha de investigação prioriza em sua análise o peso das
idéias, dos preceitos gerais e das representações sobre a evolução social, partilhando de “um
social da realidade na determinação dos quadros e das práticas socialmente legítimas num
instante preciso” (MULLER; SUREL, 2004, p. 47). Trata-se de um processo cognitivo que
Bordieu de alguma forma corrobora essa idéia quando ensina que o “real é relacional”
(2005, p. 16). O modelo que apresenta trata de prevenir contra uma leitura substancialista (o
modo de pensar do senso comum), adjetivada como “ingenuamente realista”, toda a vez que
uma atividade humana é considerada por si mesma ou em si mesma, numa relação mecânica
Muller (2004, p. 5-7, tradução nossa) formula três questões de pesquisa, entre outras,
que pareceram pertinentes. A primeira tem um sentido mais geral, aborda a relação do Estado
com as políticas públicas e procura saber o que levou ao advento do problema das políticas
públicas na contemporaneidade:
políticas públicas:
Muller e Surel (2004) entendem ser possível esclarecer a influência exercida pelas
modelo proposto se firma sobre a convicção de que é possível identificar valores e princípios
gerais que definem uma visão de mundo, bem como identificar princípios específicos que
instrumentais. Dessa forma, Muller e Surel (2004, p. 50) entendem ser possível “isolar,
caso do Estado”.
Com isso, seria possível colocar à luz a existência de uma matriz cognitiva e
uma política de seu interesse. Um outro aspecto dessa matriz cognitiva seria a possibilidade
interpretação do mundo a ser percebido pelo pesquisador, o que lhe permitiria compreender as
formuladas e implementadas.
Por sua vez, para caracterizar, latu sensu, as políticas públicas, Melo (1999, p. 3) vai à
idéia de Jobert e Muller (1989) de “o Estado em ação”, chamando atenção para que essa linha
governo. Da mesma forma que os anteriormente citados Muller e Surel, Melo entende que é
difícil defender a análise das políticas públicas como uma disciplina acadêmica, stricto sensu.
No entanto, discorda de ambos, quando diz que, ao contrário do que “um conjunto influente
de autores” afirma, não se pode falar em volta do tema Estado nas preocupações acadêmicas
das Ciências Sociais. Melo recorre ao caso do Brasil para dizer que a história do pensamento
político e a questão do Estado se confundem ao longo do século XX. O que Melo percebe é
uma alteração cognitiva na abordagem do Estado, pelo menos no caso brasileiro, que passa de
uma compreensão monolítica do Estado para uma visão mais flexível, não globalizante, na
80
qual as políticas públicas são privilegiadas. Atribui a isso uma maior especialização na
produção científica e ao advento do liberalismo, mas não considera que isso signifique uma
Ao passar a tratar das políticas públicas, Melo (1999, p. 65) assegura que a recente
expressão seria resultado direto da onda liberal que cunhou um “termo engenhoso” para
sugerir uma aproximação entre governo e sociedade, justamente por ser uma expressão mais
palatável do que leis, estatutos e éditos. Mesmo assim, a popularização do tema “políticas
públicas”, com reflexos na academia, revela, para Melo (1999), novos valores na cultura
política, como a noção de necessidade de publicização das decisões e a distinção entre esfera
pública e esfera estatal. A essa constatação, poderíamos acrescentar ainda como novos valores
3
De acordo com o Tribunal de Constas da União: “A troca de informações entre governo e sociedade deve ser
um processo contínuo, uma via de mão dupla, com o intuito de defender o Erário e cobrar dos gestores de
recursos públicos uma aplicação eficiente, eficaz e efetiva dos recursos da sociedade. Portanto, a
Administração Pública tem o dever de prestar contas perante a sociedade e esta tem o direito de controlar a
ação do governo. Este é exatamente o conceito de accountability, próprio do sistema anglo-saxão, que
contribui fortemente para as discussões do controle social e, embora sem possuir uma tradução exata para a
língua portuguesa, tem por finalidades fundamentais:
a. direcionar e orientar a ação administrativa;
b. aferir o desempenho e os resultados da gestão pública; e
c. garantir sua probidade e integridade.
O conceito pressupõe, ainda, a integração dos meios de controle formais e informais e a soma das
prestações de contas oficiais exercidas pelas casas legislativas e pelos tribunais de contas com a fiscalização
direta da sociedade. Os dois tipos de controle devem ser sobrepostos, de modo que ocorra uma superexposição
da administração pública, e esta deve ter suas contas submetidas anualmente ao exame dos fiscais, em
linguagem técnica e, também diariamente, a toda a população, por meio de demonstrativos de fácil
compreensão. [...] Accountability é, então, o processo pelo qual os indivíduos responsáveis pelas entidades do
81
Um segundo alerta faz Melo (1999, p. 66), em nota de rodapé, quando registra que no
Brasil, a análise das políticas públicas está, em grande medida, restrita à burocracia pública
Reconhece que isso vem diminuindo, ainda que de maneira insuficiente, pelo advento das
brasileiras.
entre o Estado e as políticas públicas, Melo (1999, p. 67) arrola três subconjuntos:
Fiel ao título geral da obra (O que se ler na Ciência Social brasileira 1970-1995), Melo
(1999, p. 75), entre outras citações, menciona o trabalho de Wanderley G. dos Santos que
setor público são chamados a prestar contas de todos os aspectos de seu desempenho como administradores
públicos. Essa obrigação do administrador de prestar contas pela responsabilidade que lhe é conferida como
gestor público é, também, um direito do cidadão comum, ou seja, é o exercício pleno da cidadania.” Disponível
em: <http://www2.tcu.gov.br/portal/page?_pageid=33,494540&_dad=portal&_schema=PORTAL>. Acesso
em: 5 jan. 2008.
4
Regime político é definido no Dicionário de Política de Bobbio, Matteucci e Pasquino (2004, p. 1081) como um
conjunto de instituições que regulam a luta pelo poder e pelo seu exercício, bem como a prática dos valores que
animam tais instituições. A escolha de um regime político implica na escolha de determinados valores e a
organização e a seleção da classe dirigente determinam a formação da vontade política.
82
Naquele momento (1979), tais demandas estavam centradas nos direitos das profissões e na
promoção da eqüidade.
Por que alguns tipos de demanda sociais resultam em políticas públicas e outras não?
Quais são as características dessas demandas que resultam em políticas públicas? Ou mais
despontar como uma nova demanda social. De um lado, uma pequena parcela da sociedade
questão do acesso aos documentos públicos. Alguns sinais dessa situação podem ser
abertura dos arquivos da repressão 5, ora em pauta, apesar dos percalços intermitentes.
públicas, Melo (1999, p. 79) estranha o pouco uso da literatura da sociologia das organizações
para os estudos no Brasil das políticas públicas, salientando que, mesmo os estudos sobre a
burocracia pública e agências burocráticas não fizeram uso dessa literatura. Isto pode ser
considerado como um terceiro alerta, e ser interpretado como uma janela metodológica para
5
Sem apresentar resultados, a Justiça Militar brasileira encerrou o inquérito que apurava a incineração de
documentos do período da ditadura militar (1964-1985) na Base Aérea de Salvador (O Globo de 21/11/2006, p.
9).
83
Da mesma forma, é interessante quando Melo (1999) registra que os estudos que
democratização dos anos 80. Apesar de estar se referindo apenas ao Brasil, é possível
perceber que essa relação ocorre na América Latina mais ou menos nos mesmos parâmetros,
conforme será visto e comentado mais adiante, a partir de texto de Pedro Medellín. Na
públicas no Brasil, Melo (1999) constata que a pesquisa produzida então passa a abastecer o
que chama de “projeto reformista da Nova República”. É nessa situação que começam a
organização comunitária, o que acaba provocando uma valorização dos elementos formais da
democracia. Mas, ao mesmo tempo, Melo observa que o fim do regime autoritário não é
de políticas sociais. A constatação desse fato estimula, mais uma vez, os estudos sobre
A questão da cultura política não tarda a aparecer, e vem expressa, por exemplo, na
pergunta que tenta saber se é a cultura política que determina o desenho institucional ou se é o
incipiente 6. Ao abordar esse tema, muitos são induzidos a uma visão simplista das relações de
poder. Qualificando este tipo de reflexão como “apressada e ‘redentora’ da sociedade civil”,
Melo (1999, p. 82) lembra que isso chegou a levar Boschi (1999) a cunhar a frase “a quem
Para Melo (1999), falta à análise das políticas públicas um programa normal de
pesquisa no sentido de Kuhn. A expansão horizontal da área, com o advento de novos objetos
empíricos, é desproporcional à sua verticalização teórica. Melo chama também atenção para a
proximidade da disciplina com órgãos do governo, o que pode levar a agenda de pesquisa ser
pautada pela agenda do governo, o que lembra Bordieu (2005, p. 91) para quem corremos o
estudo das políticas públicas em países de frágil desenvolvimento político e institucional. Para
Medellín, as políticas públicas não devem ser estudadas de forma independente dos regimes
melhorar a vida dos cidadãos. O pesquisador de políticas públicas que estuda o regime
político em que elas são produzidas, tem a possibilidade de perceber o grau de persistência e
em produzir tais políticas públicas. Medellín (2004, p. 5) parte da hipótese de que “a natureza
dos regimes políticos. É o que se pode depreender do que Medellín (2004, p. 31) diz:
políticas públicas em países com estruturas políticas frágeis e instituições arbitradas pela
85
simplesmente a de se abordar uma questão com alto grau de complexidade em um país cuja
públicas consigam modificar a vida política. Medellín (2004, p. 8) chama atenção para a
sobre o tema, realizada pelos países centrais. Seria possível falar em políticas públicas em
países com estruturas frágeis da mesma forma que se trata do assunto em países com
fato de que este marca os limites e as possibilidades de estruturação das políticas públicas,
que proporciona uma compreensão melhor da democracia que as origina, bem como
estrutura hierarquicamente o poder que rege e regula a ação do Estado. É o regime político
que garante a ordem interna e externa do Estado. É por meio do regime político que o Estado
confere poder e autoridade formal aos governantes para que estes decidam, fiscalizem e
Estudar políticas públicas implica ainda compreender os governos, uma vez que é o
governo que articula os regimes políticos e as políticas públicas. Isto é, o governo é a forma
concreta pela qual os regimes políticos se expressam e exercem o poder político, definem as
prioridades e tentam conduzir a sociedade por meio das políticas públicas. Assim, nos estudos
das políticas públicas tão importante quanto perceber que as políticas públicas dependem da
poder institucional ao governante para que suas decisões sejam aceitas pelos governados. Em
relação ao modo de governar, como prática cultural, estão implicados tanto a cultura como o
projeto político que prevalece em determinada sociedade. Essa cultura política e institucional
definição e gestão dos assuntos políticos e institucionais, no modo como são adotadas táticas e
exigido para realizar os propósitos definidos. No limite, o exercício do governo sinaliza para a
democracia alcançado.
Ainda de acordo com Medellín, as políticas públicas são os dispositivos que o governo
tem para tocar a máquina governativa e para resolver, em certo grau, conflitos sociais. E é
assim que as políticas públicas acabam sendo determinadas pelo modo como os governos
decidem usar e usam os recursos institucionais e culturais na sua relação com a sociedade
87
(MEDELLÍN, 2004, p. 16). A comunicação e a informação são exemplos desses recursos, das
quais surgem questões como accountability, transparência, e o uso das novas tecnologias de
informação.
conforme SANTOS, 1997 apud Jardim, 2000a) como referencial único e concreto na
existentes entre os estudos das políticas com o estudo do Estado. Ou seja, estudar as políticas
públicas a partir da ação governativa possibilita conhecer o sentido, o alcance, a natureza das
públicas, ou seja, o objeto das políticas públicas está situado na relação entre sociedade e
7
Governança: capacidade de implementar políticas públicas; Governabilidade: condições institucionais de
legitimação (NOGUEIRA, 2004, p. 41).
8
De uma maneira geral, a bibliografia lida considera esses termos como equivalentes. Apenas em Londres
Fonseca (1997, p. 21 e na nota 11 de fim de capítulo) a autora faz distinção entre os dois termos, construído por
ela como um “recurso analítico para esclarecer certos aspectos da questão do patrimônio”. Essa distinção
apresenta-se como um “pressuposto fundamental” para Londres Fonseca. Política estatal seria a atividade
concentrada e conduzida no interior do aparelho estatal e política pública, uma atividade vinculada aos
interesses múltiplos da sociedade, articulada por mecanismos informais e formais. O que Fonseca pretende com
essa distinção é, ao trabalhar com políticas públicas de preservação do patrimônio nacional (ou, como no
88
produção de contextos, nos quais interesses, tensões e conflitos estão sempre mudando.
Caminha-se, assim, para estender o estudo das políticas públicas em países de “frágil
bem como a razão de ser das políticas públicas. A compreensão da extensão e do alcance
gestão e recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal,
pela preservação e acesso dos documentos sob sua guarda, e por acompanhar e implementar a
subtítulo do livro, “política federal de preservação no Brasil”), que estas sejam consideradas não apenas do
ponto de vista daquilo que é formulado e implementados pelo aparato estatal (sociedade política, em Gramsci)
mas também, e principalmente, do ponto de vista daquilo que é mais caro à sociedade, ou seja, aquelas
representações da diversidade cultural brasileira efetivamente apropriadas pela sociedade. Em síntese, para
Londres, uma política estatal de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional se tornaria em uma
política pública de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional quando estas estivessem
diretamente relacionadas às práticas sociais e à construção das identidades coletivas, com os inerentes
interesses conflitantes, entre si e entre o projeto estatal. Em outras palavras, o sentido dado por Londres
Fonseca a essa distinção remete que uma política estatal de preservação teria como objeto aquilo que o Estado,
sentido estrito, estabelece como patrimônio oficial e uma política pública de preservação contemplaria o
patrimônio das realizações ordinárias da sociedade.
89
realidade social. O poder social seria medido pela capacidade de impor seus interesses
organizados, por meio dos partidos e de eleições. O poder político implementaria as políticas
pluralista entenderia que todos os atores coletivos organizados teriam a mesma chance de
influir nos processos de decisão que lhes interessam. Esse equilíbrio social do poder faria
pressupor que a política levaria em consideração “um amplo leque de interesses simétricos”.
Habermas sugere que a revisão dessa circunstância levou à teoria da elite, isto é, que a luta
pelo poder é uma luta entre as elites, e que o papel do processo democrático fica reduzido à
eleitores passivos no processo, “a única garantia de que as funções do Estado visam ao bem
comum reside na racionalidade das elites capazes de decidir”. A sociologia vê que “nasce
determina, de forma mais ou menos própria, as funções e fins políticos”. Para atender as
9
Pluralismo é a “concepção que propõe como modelo a sociedade composta de vários grupos ou centros de
poder, mesmo que em conflito entre si, aos quais é atribuída a função de limitar, controlar e contrastar, até o
ponto de eliminar, o centro do poder dominante, historicamente identificado com o Estado” (BOBBIO;
MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 928).
90
relevantes, uma vez que o Estado não seria dirigido pelo poder social. Assim, o sistema de
concepção surge e evidências passam a indicar que o sistema administrativo operaria num
espaço muito estreito e agiria “mais no nível reativo de uma política que tenta contornar crises
públicas brasileiras não podem ser consideradas como políticas públicas, stricto sensu,
Uma política pública não é apenas um conjunto de decisões. Uma política pública é
(2004) estudar uma política pública pressupõe levar “em conta o conjunto dos indivíduos,
grupos ou organizações cuja posição é afetada pela ação do Estado”, naquilo que Cobb e
Elder (1983) chamaram de o “público” de uma política, por extensão, estudar uma política
pública significa também estudar os “indivíduos e/ou grupos, que são os atores, homens
22).
Assim, temos, de um lado, uma realidade que é relacional (BORDIEU, 2005, p. 16) e,
de outro, mas complementar, um território que é político, algo mais que formular e aprovar
dinâmica que a noção de público remete tanto aos beneficiários de uma política como aos
variam no tempo e no espaço, assim como a sua capacidade de influenciar. Os fatores que
questão política que, como vimos, implica e relaciona confiança, influência, divergências e
convergências.
92
Habermas (1992, p. 95) lembra que foi Parsons (1967) quem introduziu a ‘influência”
como uma forma simbolicamente generalizada de comunicação que regula interações através
Habermas (1992, p. 96) chama atenção para a diferença entre atores que surgem na
esfera pública e para os atores que já ocupam uma esfera pública constituída. Estes últimos
atuariam com o fim oportunista, com a intenção de influenciar o sistema político por meio da
esfera pública.
10
“A esfera pública pode ser descrita como uma rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de
posição e opiniões; nela os fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados a ponto de se condensarem em
opiniões públicas enfeixadas em temas específicos” (HABERMAS, 1992, p. 92).
93
Habermas (1992, p. 104-105) recorre a Cohen e Arato (1992), para lembrar que, na
esfera pública liberal, “os atores não podem exercer poder político, apenas influência” e que
“essa influência pública e política tem que passar antes pelo filtro dos processos
poder comunicativo e infiltrar-se numa legislação legítima [...]” para só depois ser capaz de
E acrescenta
Habermas (1992, p. 106) comenta que essa autolimitação da sociedade civil não
em novos arranjos institucionais nas atitudes de governo. Isto significa que o foco se desloca
p. 65).
e pretendem surtir efeito, sua implementação depende de planejamento estratégico, o que, por
sua vez, significa também atuação política sustentada e prolongada no tempo. Este é um
arquivística governamental.
de Oliveira (2006) que analisa a relação entre planejamento e políticas públicas. Oliveira
(2006, p. 190) parte da pergunta/título do estudo “Repensando as políticas públicas: por que
públicas deve ser visto como um processo e não como um produto técnico somente. Para
transformar, deixando de ser entendido como um instrumento técnico para ser um instrumento
sociedade no processo, cujo resultado seria obtido por consenso e, de outro, o planejamento
interessadas e influenciadas pelas decisões. Com isso, Oliveira (2006, p. 200) assegura que o
95
planejamento deixa de ser encarado como uma ferramenta para prever e controlar o futuro e
Uma política pública com vistas à preservação não surtirá efeito no curto prazo, o que
resulta num complicador nas decisões políticas sobre políticas públicas. Isto é, os benefícios
dos investimentos em preservação eventualmente feitos agora somente serão obtidos no longo
prazo. Assim, uma política pública nesses moldes, requer investimentos e recursos de
implementadas no longo prazo. Ainda que uma política pública seja muito mais que apenas
ocorrem fora do âmbito de uma política pública, mas uma política pública para a preservação
na arena política, onde, mais uma vez, a capacidade de influenciar aparece. Em países de
desenvolvimento lento, a distribuição dos poucos recursos orçamentários que não estão de
principalmente, naquelas que, ou ainda não foram sequer formuladas, ou naquelas carentes de
planejamento 11.
11
Tratando do caso específico das emendas individuais ao orçamento da União, o deputado José Carlos Aleluia,
líder da minoria, no jornal O Globo de 3/8/2006, p. 2, diz que “Emendas só podem ser feitas, como é prática
em outros países, dentro de um programa, uma política pública em execução, obedecendo a planejamento,
diagnóstico de necessidade e benefício”.
96
dos governos e o regime político dentro do marco temporal traçado como parâmetro para
macro e no microcosmo, aquilo que é público com o que é privado. A soma de uma cultura
explicitada, entre inúmeros outros aspectos, pelo alto índice de renovação de funcionários
públicos a cada eleição. Isto leva à desvalorização das agências e instituições públicas e a
informacional não esteja contemplada nem pelo governo, nem pela sociedade, nem pelo
Estado.
se nos Estados capitalistas centrais e não nos países periféricos de frágil cultura política,
97
análise política das políticas públicas. Uma coisa é avaliar e descrever os resultados
social, cultural e político em que foram formuladas as políticas públicas sob análise.
12
Muller (2004, p. 3) diz que a tradução literal para o Francês da expressão inglesa public policy soa como um
pleonasmo, uma vez que, para os franceses as políticas seriam sempre públicas.
13
No original: “Hernon and Relyea also note its complex nature: ‘information policies tend to address specific
issues and at times, to be fragmented, overlapping, and contradictory.’ Recognizing that there is ‘no single all-
encompassing policy,’ Hernon and Relyea do present a good working definition from which to view the
concept: ‘Information policy has been defined as a set of interrelated principles, laws, guidelines, rules,
regulations, and procedures guiding the oversight and management of the information life cycle: the creation,
collection, organization, distribution/dissemination, retrieval, use and preservation of information. No artigo de
Andrychuk, a referência bibliográfica dessa citação, sem a data, é “Peter Hernon and Harold C. Relyea,
“Information Policy”, in Encyclopedia of Library and Information Science, 2nd ed.: 1300”. É provável que a
citação completa seja “Peter Hernon and Harold C. Relyea, "Information Policy," in DRAKE, Miriam A.
Encyclopedia of Library and Information Science. New York: Marcel Dekker, 2003. 2nd ed., p. 1300”.
Disponível em:
<http://www.slais.ubc.ca/courses/libr559f/03-04-wt2/projects/S_Andrychuk/Content/InformationPolicy.pdf>.
Acesso em: 19 dez. 2006.
98
Uma segunda definição dos mesmos autores para Information policy aparece em outra
obra. Observe-se que a palavra preservation não consta desta segunda definição, na qual é
Ao afirmar que as políticas públicas arquivísticas constituem uma das dimensões das
políticas públicas de informação, Jardim (2003, p. 40) observa que, no Brasil, ambas se
ignoram e se desconhecem e estranha que assim seja, por entender que políticas públicas em
geral, ou uma política pública de informação, em particular, podem ser difusas, mas devem
ser explícitas. A não ser que, tornar uma política pública implícita, seja uma “política”, como
observa Briquet de Lemos citado por Jardim. Por reconhecer que as políticas públicas de
tecnologias da informação, Jardim conclui que uma política pública de arquivo é assim parte
de uma política pública de informação. Isto significa que ambas as políticas, apesar de
política pública de informação se dá tanto pelas especificidades de cada uma dessas políticas
Jardim (2003, p. 38) não somente reconhece como entende ser a preservação um
elemento integrante das políticas públicas arquivísticas, para quem estas são
14
No original: “Information policy then is a set of interrelated principles, laws, guidelines, rules, regulations, and
procedures guiding the oversight and management of the information life-cycle: the production, collection,
distribuition/dissemination, retrieval, and retirement of information. Information policy also embraces access
to, and use of, information” (HERNON; RELYEA, 1991. p. 176-204).
99
Jardim (2003, p. 39) enumera outras características de uma política pública de arquivo,
como o “alto grau de transversatilidade, ou seja, interseção com outras políticas públicas”; a
existência de políticas públicas de arquivo como resposta a problemas políticos do campo dos
p. 38) percebe que não são raros os equívocos que levam a acreditar que uma legislação
arquivística anteceda e controle uma política pública de arquivo. Pelo contrário, Jardim
convergências no ambiente democrático. E que mais do que controlar uma política pública, a
legislação pertinente é muitas vezes produto de uma política. Jardim indica ainda que, mesmo
assim, uma legislação somente provoca impactos quando vai além de princípios conceituais
definição e implementação de políticas públicas arquivísticas, mas alerta que tal legislação
arquivística.
4 PRESERVAÇÃO NOS ARQUIVOS E NA ARQUIVOLOGIA
ou monumentos, com o sentido de recuperação física de suporte, surge nos museus como
restauração e assume um sentido de intervenção estética, concentrado nas obras de arte e nos
monumentos arquitetônicos.
artístico, da memória e da herança cultural dos povos. Raras são as que contemplam a
arquivística. O reflexo mais evidente disso é que a terminologia da área mantém-se com um
Ward (1992, p. 67) chama atenção para os limites e significados poucos nítidos entre
restauração.
por meio do adequado controle ambiental e/ou tratamento físico ou químico”. Quando inclui
restauração para documentos de arquivo, deixando de lado a tendência mundial que considera
que envolve opções políticas e tecnológicas, como, por exemplo, a reformatação de suporte
Para Conway (2001, p. 14), a preservação, hoje, é uma noção que abarca inúmeras
conteúdo intelectual.
apresentadas ao longo desta seção procuram refletir, prioritária, mas não exclusivamente, o
“estado da arte” da preservação nos arquivos. A seção está dividida em três partes. A primeira
segunda parte da seção trata das políticas públicas de preservação no Brasil, em seu sentido
International Conferences of the Round Table on Archives – CITRA, uma reunião anual de
periódicos como o COMMA, também do ICA, além de periódicos brasileiros como a Revista
Arquivistas Brasileiros.
os aspectos mais relevantes para esta pesquisa. A interpretação dos trechos citados levou em
conta o contexto em que foram produzidos ou aos quais se referiam. A riqueza dos relatos e
noções está, portanto, vinculada à conjuntura em que foram formulados e às experiências dos
103
autores citados. A revisão de literatura foi dos aspectos mais amplos e genéricos da questão à
descrever, recuperar, disseminar e dar acesso à informação arquivística que esteja registrada e
de preservação em arquivos nacionais revelou que muitos desses arquivos consideravam que a
existência de legislação de arquivos em seus países ou até mesmo a simples existência de uma
instituição de arquivo era prova de que alguma política de preservação havia sido
implementada. Na verdade, essa pesquisa apenas confirmou algo possível de ser observado
investimento financeiro de longo prazo. E essa é ainda uma questão delicada. Mesmo em um
reconhecida cultura política, como o Reino Unido, essa não é uma idéia facilmente aceita,
frente à disputa por verbas para a educação e saúde, por exemplo. A questão pode ser
104
quantificar custos e prover benefícios de uma forma mais sofisticada e precisa para
entender que o acesso à informação é um valor não apenas monetário. E que manter a
informação acessível tem um custo a ser pago, de um jeito ou de outro. É nesse sentido que
Forde percebe que a preservação está inexoravelmente associada a todas as outras funções de
um arquivo. Sem estratégias de preservação, o acesso aos documentos não será possível e
nem mesmo reparar documentos danificados. Preservar, como a própria origem latina 1 do
termo sugere, é antecipar, proteger ou evitar os perigos das perdas e da deterioração, entende
restringe apenas à informação de valor permanente, mas deve considerar todo o ciclo vital da
informação.
termos semelhantes a Innis (1950, p. 7 apud GIDDENS, 2001, p. 199), como registrado
anteriormente.
1
Praeservare: prae (antes); servare (salvar) (GONZÁLES-VARAS, 1999, p. 543)
105
Assim, de acordo com tais entendimentos desta tese, a preservação reúne medidas para
garantir a transmissão da informação através dos tempos, e, a partir dessas medidas, assegurar
estando disponível para todos que a queiram usar. Estes elementos têm aparecido nas
definições de “informação” produzidas nos últimos anos, como, por exemplo, no conceito de
Para Grimard, a razão de ser da preservação pode ser resumida em quatro palavras:
framework é “tanto o aparato judicial como o arsenal de normas e padrões que regulam a
(1999, p. 33) chama atenção que, em geral, na legislação referente aos arquivos nacionais, a
preservação não consta tão explicitamente quanto outras funções arquivísticas, lembrando que
Ketelaar já afirmava em 1986 que a atenção dada à conservação nas legislações em vigor
estava na razão inversa da importância dessa função primordial da arquivística. Assim, além
2
“Informação é o conjunto estruturado de representações mentais codificadas (símbolos significantes)
socialmente contextualizadas e passíveis de serem registadas num qualquer suporte material (papel, filme,
banda magnética, disco compacto, etc.) e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidireccionada”
(SILVA; RIBEIRO, 2002, p. 37).
106
conservação preventiva. O desafio passou a ser não mais produzir uma “obra-prima de
preventiva, por ser um tratamento que leva em conta a massa e o conjunto do acervo, é
desenvolvida de forma contínua. Visa retardar a degradação dos materiais que contêm a
informação, por meio da melhoria das condições do meio ambiente nas áreas de guarda de
recurso extremo da restauração, uma intervenção corretiva (realizada após o dano ter
ocorrido), com altos custos financeiros e que demanda tempo de execução (GRIMARD, 1999,
p. 37).
A terceira e última estrutura, que Grimard (1999, p. 39, tradução nossa) denomina de
não sucumbe ao discurso que tende privilegiar a preservação dos documentos digitais. Pelo
exatamente novo e que os desafios hoje enfrentados em relação à preservação dos documentos
digitais também não são inteiramente novos. Grimard (1999) cita um artigo do The New
Yorker em que Alexander Stille 3 apresenta “duas verdades” sobre a questão. A primeira, é
que há uma relação direta entre o surgimento de uma nova tecnologia e a sua fragilidade. Isto
3
Stille é um escritor e jornalista norte-americano especializado em política e sociedade italianas, com livros
premiados (Benevolence and Betrayal: Five Italian Jewish Families under Faciscm, 1992), que escreve
regularmente para jornais como The Boston Globe, The New Yor Times e The New Yorker e que publicou em
2002 o livro “The future of the past” um extenso estudo sobre vários aspectos que envolvem a herança cultural
da humanidade, com reflexões sobre memória, esquecimento, permanência e transitoriedade.
107
é, toda nova tecnologia tem aspectos frágeis exatamente por ser nova. 4 A segunda, é que a
perfeitamente ou não funciona de jeito algum. Este segundo elemento tem sido motivo de
preocupação nas instituições que utilizam a informática para produzir e gerenciar informações
planejamento. Estas são medidas que devem ser assumidas de forma contínua e a longo prazo,
Krikhaar (1999, p. 109), ao analisar o Plano Delta 5, registra que a preservação somente
General’s Office foi encarregada de verificar a correta aplicação do dinheiro vindo dos
impostos. O relatório da auditoria foi publicado em 1988 e apresentou uma avaliação nada
gerenciamento era frágil, havia poucos instrumentos administrativos que dessem suporte às
fatores apontados por Krikhaar (1999) para o surgimento do Plano Delta. O primeiro,
relatório surgiu pouco antes de uma eleição e da subseqüente formação de um novo governo.
Conseqüência disso foi um aumento no orçamento da área cultural. O segundo fator estava
4
A respeito disso e como exemplo Grimard relata as preocupações de um monge beneditino com a durabilidade
do papel que, com o advento da imprensa no séc. XV, começava a substituir o pergaminho nos mosteiros
(GRIMARD, 1999, p. 41).
5
O Plano Delta foi desenvolvido na Holanda entre 1990 e 2000 para preservar o patrimônio cultural holandês e
durante essa década foi o tema central na política governamental para arquivos e museus.
108
vinculado à atuação dos técnicos e funcionários dos arquivos e museus. Isto é, o relatório
conservação dos acervos. Assim, como o assunto já era conhecido pelos especialista técnicos,
foi mais fácil e rápido fazer um mapeamento das dimensões do problema, bem como apontar
financeiro com dinheiro público foi obtido. O State Archive Division holandês se empenhou
em 140 de 170 km de documentos foram realizados; pesquisas foram desenvolvidas; foi dada
maior atenção por parte dos arquivistas, funcionários públicos, à conservação dos acervos;
um maior número de pessoas e mais bem treinadas passaram atuar na conservação dos
prioridades originais do Plano Delta. Entre as novas prioridades, a conservação não constava.
Duas outras questões surgiram então: como preservar os ganhos obtidos com o Plano Delta e
como lidar com novos problemas de conservação que adviriam. A conclusão de Krikhaar é
que dinheiro ajuda muito, mas mais que isso, é fundamental que os administradores de
acervos tenham condições de seguir uma equilibrada e integrada política de coleções. Esta é
uma atuação que não pode ocorrer de forma isolada: a preservação deve ser parte de uma
Apesar do sucesso do Plano Delta, os seus dez anos de existência revelam que ele não
tem tentado referir, e mesmo considerando ser a Holanda um país de capitalismo e regime
político desenvolvidos e uma democracia consolidada, o Plano Delta tampouco, nos moldes
pode ser considerado uma política pública de preservação assumida no e pelo Estado. Isto por
que, apesar dos altos investimentos financeiros de recursos públicos, no momento em que
que, em um primeiro momento pode denotar pessimismo em relação à preservação, deve ser
implementá-las. Uma vez definidas, por exemplo, em uma política pública de arquivo, mais
preservação a qual os arquivos possam seguir. Mesmo assim, e apesar de não estarem escritas,
políticas de preservação existem na forma de normas e diretrizes básicas criadas por arquivos
país mostrou que a maioria das equipes dos arquivos desconhecia ou estava desatualizada em
relação aos problemas e medidas de preservação. A constatação de que maioria dos danos aos
1999, p. 121).
Albrecht-Kunszeri (1999) relata que foi a Associação dos Arquivistas Húngaros que
optou por fazer um amplo levantamento para identificar inadequações e necessidades nos
110
uma longa e diversificada lista de providências a serem tomadas, com custos diversos. Muitos
dos problemas apontados pela pesquisa, vieram não da falta de orçamento, mas da lacuna no
conhecimento sobre preservação. O resultado imediato dessa movimentação nacional foi uma
maior aceitação por parte dos políticos da importância da preservação do patrimônio cultural.
responsabilidade de avaliar as solicitações de verbas. Ainda sem uma política formal (escrita)
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 50, tradução nossa), no estudo que
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 52) afirmam que uma das razões
específicas para a preservação dos arquivos é que eles contribuem para a boa governança por
meio da manutenção dos documentos e que isso é essencial para um efetivo e eficaz sistema
de administração pública. Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 52) chamam atenção
para o importante papel dos levantamentos e pesquisas nacionais e internacionais que podem
preservação. Dão como exemplo as pesquisas realizadas entre 1978 a 1999, em países do
Oriente Médio, da Ásia, da África e da América Latina que constataram que poucos países
tinham uma política de preservação para materiais de arquivos e bibliotecas. Em uma outra
ficou claro “[...] que fatores como forças econômicas, acontecimentos políticos e desastres
terminológico da área, a que denominam de uma verdadeira Torre de Babel. Por isso dizem
que é importante que autores e conservadores definam seus próprios termos de forma clara
para que todos possam entender o que querem dizer. Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen
área de, a cada vez que o tema vem à tona, apresentar ou promover mais um novo termo ou
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 66) dizem que o Estado somente investirá
sua tradição escrita. E que o conhecimento técnico é um pequeno fragmento do processo, pois
6
O Programa Memória do Mundo da Unesco tem por objetivo identificar documentos ou conjuntos documentais
considerados em situação de risco que tenham valor de patrimônio documental da humanidade. Disponível em:
<http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em:10 jan. 2008.
113
informação provocaram uma nova crise na preservação. Lavoie (2005, p. 43, tradução nossa)
tradicionais, mas constata que “Um conjunto significativo de materiais caiu em um estado de
refinamento de técnicas pelas quais seja possível manter essas matérias frágeis por longos
períodos de tempo”, mas adverte que os processos técnicos são apenas um aspecto que
permanência aos suportes que contêm a informação. Tais ações constituem um amplo
preservação é caracterizada por ser uma intervenção abrangente e que requer continuidade no
tempo. Isso se torna premente com as novas tecnologias de informação e comunicação, por
que a recuperação da informação registrada nesses novos suportes exige que, além da
114
lógicos (software, aplicativos, sistemas operacionais, redes etc.). Para isso, a preservação não
pode mais ser realizada de forma intermitente e inconstante. A preservação contínua e a longo
Por isso, para Lavoie (2005), a preservação no século XXI apresentará uma ruptura
com as práticas tradicionais vigentes. Os processos técnicos deverão estar concatenados com
objetivos da preservação. Lavoie (2005, p. 44) prevê que, de uma perspectiva econômica, a
e 3) organização.
luz dos resultados alcançados, determinem o nível dos recursos, quando e se estes forem
definidos. Abstrai-se daí que a destinação de recursos em diferentes níveis para a preservação
seja uma escolha política, o que é sugerido, inclusive, pelo uso da expressão “if any” (se
algum), uma vez que o autor insinua que a decisão poderá ser por nenhum recurso à
preservação.
7
Os materiais de que são compostos e com os quais são fabricados os suportes da informação, tanto os
considerados suportes analógicos/convencionais – pergaminho: produzido do couro de animais; papel:
produzido de fibras de celulose de plantas têxteis ou de árvores; tintas: corantes e pigmentos; fotografia:
gelatina e sais de prata; filmes e fitas: produzidas, inicialmente, de celulose quimicamente modificada, e,
depois, de matéria plástica (policloreto de vinila) com micro-agulhas de ferro e cromo etc. –, como os suportes
óticos/magnéticos – fitas-rolo magnéticas (inicialmente): produzidas com matéria plástica (policloreto de
vinila) e micro-agulhas de ferro e cromo; CDs e DVDs: plástico transparente (policarbonato), alumínio, silício,
ouro, prata, acrílico e corantes como cianina e ftalocianina; HDs: alumínio, vidro e ferro magnetizável
(Disponível em: <http://www.itl.nist.gov/div895/carefordisc/CDandDVDCareandHandlingGuide.pdf>. Acesso
em: 10 set. 2006) – são passíveis de decomposição química e física ocasionadas pelo manuseio, por fatores
intrínsecos (manufatura/industrialização na origem) e extrínsecos (fatores ambientais como temperatura,
umidade do ar, luz e poluentes do ambiente de guarda), pela passagem do tempo, o que, em última análise, põe
em risco a informação ali registrada. Nos caso dos suportes óticos/magnéticos, a deterioração da informação
produzida em formato eletrônico/digital pode ocorrer com a decomposição ou com as obsolescências dos
elementos lógicos usados na sua produção (softwares), de forma independente ou simultânea com a degradação
do suporte físico.
115
digital envolverão mais do que as duas partes tradicionais do processo: (a) as instituições
Nesse sentido e especificamente nos arquivos, tende a desaparecer a divisão entre records
permanentes/históricos).
2 Incentivos: considerando que a preservação hoje não pode mais ficar restrita a
(2005) defende que cada tomador de decisão deverá ser incentivado a participar do processo
de preservação. A preservação passa a ser entendida como um processo contínuo e não mais
não um evento (LAVOIE, 2005, p. 46). A expressão “incentivos” é usada por Lavoie (2005)
Isto implica em dois caminhos: de um lado, o aumento dos recursos a serem aplicados
em preservação; de outro, tornar esses recursos disponíveis de forma contínua e não mais de
um conjunto delas a contribuir para alcançar os objetivos da preservação, devem refletir esses
dois novos imperativos. Lavoie (2005, p. 47) chama atenção para que embora seja cada vez
recursos são cada vez menos certos e garantidos. Isto é, antes, com os acervos tradicionais,
uma instituição era a titular, a proprietária ou recebia para custódia um acervo. Dessa forma,
promovia o acesso a esse acervo, garantida pelos direitos legais de propriedade e uso do
acervo. Hoje, as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs criaram uma brecha entre
acesso e a sua disseminação (websites, redes, bases de dados), mas não necessariamente têm
sua posse física, os incentivos para preservar e os direitos de preservar têm de ser distribuídos,
e envolvem múltiplas instituições. Assim, para que um acervo ameaçado seja realmente
preservado é necessário analisar a forma e o grau dos incentivos para preservar que os que
decidem recebem como partes interessadas (no Inglês, stakeholders) 8 na preservação desses
acervos. Quer dizer, para preservar um acervo, é preciso conhecer os incentivos que os que
decidem, ou não, pela preservação, recebem. Nesse sentido, Lavoie (2005) lista 3 aspectos
direito de preservar, no sentido de estar investido da autoridade para permitir (ou não
8
Nas Ciências Sociais, este neologismo algumas vezes é traduzido como “partes interessadas” e outras como
“grupos de interesses”. Grupos de interesses é, segundo Truman (1951 apud BOBBIO; MATTEUCCI;
PASQUINO, 2004, p. 564) “qualquer grupo que, à base de um ou vários comportamentos de participação, leva
adiante certas reivindicações em relação a outros grupos sociais, com o fim de instaurar, manter ou ampliar
formas de comportamento que são inerentes às atitudes condivididas.”
117
2005, p. 48) Lavoie sugere, a partir de Darnton (2002), a criação de uma agência nacional
governo, no qual as instituições públicas tradicionais cedem espaço e poder de decisão para
agências nacionais.
O meio em que a informação é registrada vem se tornando cada vez mais sofisticado e
funcional, mas também mais frágil e dependente da tecnologia. Por isso, o horizonte de tempo
transformando-se em algo como uma pequena indústria, sustentada por um pequeno grupo de
emergência desse consenso eliminará muito da natural idiossincrasia que hoje caracteriza a
nível nacional, ainda não conseguiram equacionar como evitar a preservação duplicada de
centralizada, diversas instituições públicas realizam, quase sempre com financiamento público
direto ou via incentivo fiscal, programas e projetos de preservação, reproduzindo, por meio da
De toda maneira, a preservação sempre será uma atividade cara. Deverá ser vista como
um investimento a longo prazo, cuja relação custo/benefício poderá levar décadas para ser
monetário, mas em relação às incalculáveis perdas na destruição de parte dos acervos que não
necessitarão assegurar que esses investimentos sejam garantidos ao longo dos anos (LAVOIE,
2005, p. 50).
Schouten (2005, p. 200) registra que a Holanda é o único país do mundo em que o governo
Schouten (2005) lista diversos outros aspectos que influem na preservação dos acervos
anteriormente devem ser avaliados por especialistas para verificar o que houve de bom e de
por ex.; produção de inventários; criação de uma plataforma na internet para discutir o
Holanda por muitos anos, o que acaba chamando atenção dos políticos. Schouten reconhece
que, no início dos anos 90, havia na Holanda um certo grau de preocupação da política e dos
holandês deu algum recurso para pesquisa e para a produção de inventários. Para a
preservação dos arquivos e museus surgiu o Plano Delta com grandes recursos públicos. Em
1996, este cenário estava construído e decisões políticas foram tomadas: o ministério proveu 8
Mas para isso, o ministério exigia saber o número exato de quantas obras seriam preservadas
em 4 anos e qual seria o quadro depois da conclusão do projeto. Somente instituições que já
Um dos fatores de sucesso do Programa foi a sua divulgação. Duas equipes dedicavam
forma constante. Schouten relata que explicar a necessidade do Programa apenas uma vez não
foi suficiente. Foi preciso contar a mesma história muitas vezes às instituições do patrimônio,
aos políticos e ao público em geral. O Programa foi desenvolvido em parceria com o Fundo
mais tempo e maior atenção dos técnicos, que acabavam deixando de lado outras atividades
Schouten conclui que alguns fatores devem ser levados em conta em um programa de
preservação. Entre outros, o de que é preciso obter recursos do governo e que, para isso, é
proverá bilhões de Euros e nenhum governo financiará um projeto que não esteja bem
Schouten como importante. Os resultados alcançados pelo programa devem ser claros,
tangíveis e visíveis e capazes de explicar de maneira clara ao governo o que foi feito com o
Apesar de um certo caráter prescritivo dessas observações, elas são elementos a serem
tomadas.
121
tombamento no Brasil, uma política pública de preservação. Fonseca (1997) usa diversas
preservação, política federal de patrimônio, política pública, política estatal e política federal
Essa distinção é, para Fonseca (1997, p. 21, 24), um “pressuposto fundamental” de sua
reflexão, construída como um “recurso analítico para esclarecer certos aspectos da questão do
estatal e política pública, uma atividade vinculada aos interesses múltiplos da sociedade,
articulada por mecanismos informais e formais. O que Fonseca (1997) pretende com essa
como no subtítulo do livro, “política federal de preservação no Brasil”, que essas sejam
consideradas não apenas do ponto de vista daquilo que é formulado e implementado pelo
ponto de vista daquilo que é mais caro à sociedade, ou seja, as representações da diversidade
interesses conflitantes, tanto entre si como com o projeto estatal. O sentido dado por Londres
Fonseca a essa distinção remete a que uma política estatal de preservação teria como objeto
aquilo que o Estado, sentido estrito, estabelece como patrimônio oficial. Uma política pública
artísticos nacionais é uma prática característica dos Estados modernos que delimitam um
conjunto de bens no espaço público em função do valor que lhes é atribuído como
manifestação cultural ou símbolos da nação. Por isso, seriam merecedores de proteção, de tal
Fonseca (1997, p. 13) alerta para o alcance limitado desse poder simbólico que, apesar
Para Fonseca (1997, p. 14), o IPHAN surge nessa e dessa circunstância que vigorou,
sem maiores contestações, até a década de 1970, quando o seu caráter nacional e elitista
grupos sociais marginalizados e o Estado. Fonseca (1997, p. 16) vê aí que “[...] o grande
desafio, ainda hoje [1997], de uma política federal de preservação no Brasil é desenvolver,
numa sociedade como a brasileira, uma política de patrimônio que seja, efetivamente, uma
política pública”. Fonseca questiona se tais políticas não teriam funcionado como uma forma
Fonseca (1997, p. 16-18) observa que a questão cultural raramente aparece na agenda
dos partidos políticos e nos discursos dos candidatos e que os cargos públicos da área não
Brasil.
pelo viés cultural e do patrimônio em seu sentido amplo. Não se refere, especifica e
explicitamente, ao universo dos arquivos. No entanto, tal abordagem proporcionou a esta tese
Artístico Nacional – SPHAN, hoje, IPHAN, lança o Pró-Documento, um programa que tinha
valor permanente. [...] Isso se fará através de uma política nacional, que está consubstanciada
possível perceber que o próprio Pró-Documento considera-se uma política nacional, o que
dos arquivos privados de interesse público, mas também reconhece e explicita que, apesar da
“legislação citada, nem o Estado nem a sociedade civil ofereceram uma proteção efetiva” à
Para o Pró-Documento
condução de uma política de preservação implica que o Estado, por meio da legislação,
e Arquivo Nacional, entre outras) de acervos privados de interesse público. Como alternativa,
sugere que o Estado financie a conservação dos acervos no seu local de produção. Apesar de o
própria sociedade civil” não há, no entanto, menção no Pró-Documento a qualquer instituição,
empresa ou organismo da sociedade civil. Todos os órgãos citados são públicos e estatais
diretrizes gerais da Secretaria de Cultura do MEC para o setor cultural com a tarefa de
125
verdade, assume-se, não como uma política nacional em si, mas como um recurso para
gerência dos bens culturais [...] que lhe pertence” e de que “é adequado chamar-se devolução
à orientação que deve presidir os trabalhos”, não há qualquer sinal no Pró-Documento que
Pelo contrário, a leitura do programa revela o seu caráter normativo, estatal e tutelar,
Em uma mesa-redonda realizada em 1987, portanto três anos após a criação do Pró-
políticas de preservação no Brasil, sejam elas institucionais, estatais ou públicas não têm
reconheceram que
para uma questão crucial da preservação não apenas dos acervos recolhidos, mas também dos
que estão sendo e que serão produzidos. Ainda hoje, 20 anos depois, essa questão não só não
instituições entre junho e novembro de 1995. Tinha como “finalidade servir de base para que
cada instituição cultural crie sua própria política de preservação.” Sua formulação partiu “[...]
9
Documento arquivístico codificado em dígitos binários, produzido, tramitado e armazenado por sistema
computacional. São exemplos de documentos arquivísticos digitais: textos, imagens fixas, imagens em
movimento, gravações sonoras, mensagens de correio eletrônico, páginas web, bases de dados, dentre outras
possibilidades de um vasto repertório de diversidade crescente (Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do
CONARQ). Disponível em:
<http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/2007glossario_set2007__reuni
o_ctde.pdf>. Acesso em: 31 out. 2007.
127
os museus) são todas públicas (federais, estaduais ou municipais). Apesar da publicação trazer
“política de preservação”.
Bellotto (2002), por sua vez, entende que os arquivos têm também uma função cultural
e defende uma política cultural e educativa para divulgação cultural dos acervos arquivísticos.
Citando Vasquez (1991), Bellotto (2002, p. 14) indica que objetivos específicos de uma
Bellotto conclui que, assim, uma política cultural, não pode ignorar o papel do
arquivo:
(ZÚÑIGA, 2005, p. 1). Registre-se que os acervos de bibliotecas e arquivos, cuja preservação
é considerada por Zúñiga (2005, p. 51) como responsabilidade do MinC, são tratados nessa
tese como acervos culturais, protegidos sob a ótica do patrimônio, sendo o Estado um “agente
cultural”. No entanto, Zúñiga (2005, p. 71) constata que “No Brasil as políticas públicas
raras exceções, desenvolver-se de forma eficaz [...]”, e que a Fundação Vitae, ao atuar
deixado pelos poderes públicos” e acaba, na prática, por implementar o que seria uma política
de preservação.
realizado em 1991 em São Paulo 10, constitui uma dimensão fundamental da cidadania e está
política de proteção aos bens culturais, a preservação da identidade cultural são considerados
preciso “saber quem somos” (TOLEDO, 1984, p. 29 apud ZÚÑIGA, 2005, p. 57).
A partir desses pressupostos, Zúñiga (2005) sinaliza que uma política de preservação
tudo o que o homem produz, em termos culturais. Segundo sua interpretação, isso ocorre tanto
nos EUA, onde há a força do associativismo, como na França, onde o Estado é mais presente,
Zúñiga (2005, p. 92-93) verificou que a tentativa do SPHAN de implantar uma política
cultural em 1937 é a mais conhecida, e, de acordo com Miceli (1987, p. 44) a mais bem
sucedida. No entanto, Zúñiga (2005) afirma que uma política de Estado voltada à preservação
do acervo documental nunca chegou a ser formulada no Brasil e que apenas “políticas
de acervos documentais”, Zúñiga (2005, p. 204) informa que as atividades do CONARQ não
foram tratadas em sua tese porque estão fora dos marcos da pesquisa, mas identifica a criação
10
“Congresso do Patrimônio Histórico e Cidadania”. A esse respeito ver São Paulo (1992).
130
Apesar de citada como uma das responsabilidades dos arquivos ou mesmo como
preservação como uma das funções arquivísticas específicas. Os estudos que associam a
ao acesso e uso social das informações apenas começam a serem produzidos. Sem ocupar uma
arquivística, no entanto, tem sido mencionada, com relativa freqüência, em artigos que tratam
Estima-se que a maioria desses profissionais seja formada em outras áreas do conhecimento,
como Museologia, História, Belas Artes, Biblioteconomia, Química etc. De outro lado, só
recentemente começaram a ser incluídos nos currículos dos cursos universitários brasileiros
conservação preventiva. 11
11
A respeito desse tema, consultar a dissertação de mestrado “O ensino da preservação documental nos cursos de
arquivologia e biblioteconomia: perspectivas para formar um novo profissional”, de Ingrid Beck, desenvolvida
neste Programa em 2006.
131
documentos, de suas funções, processos e transações no século XXI. Lembra que o pós-
modernismo se preocupa também com a preservação dos arquivos, mas chama atenção para
um fator adicional a ser preservado nos arquivos: o contexto e a ordem original dos
documentos de arquivo. Com isso, Cook (2000) vai além da preocupação com a preservação
dos aspectos físicos dos documentos ou da informação registrada nos documentos. Ao apontar
para a necessidade de se preservar um tipo de informação que, apesar de não estar registrada
em nenhum suporte, é parte essencial do arquivo, Cook (2000) explicita a preservação como
uma função arquivística. Cook refere-se ao contexto em que os documentos de arquivos são
produzidos e à sua ordem original. A preservação desse contexto e dessa ordem é considerado
por Cook como mais um dos objetivos da preservação nos arquivos. Ora, nesse sentido, o
Em outro artigo, Cook (1997b, tradução nossa) esclareceu melhor esse aspecto.
Cook (2000, p. 13) chama também atenção para a alteração das intervenções de
ganha destaque. Pensa que a preservação tradicional deverá ser substituída por uma que
garanta a permanência da leitura, uso e compreensão com o passar do tempo também dos
reparos, da conservação ou da guarda do meio físico (suporte), para a migração contínua dos
quadro, a conservação aparece como uma função arquivística específica, junto à avaliação e à
12
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, a avaliação, um dos procedimentos da gestão
de documentos, é o “Processo de análise de documentos de arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a
destinação, de acordo com os valores que lhes são atribuídos” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 41).
133
Richard Cox tem papel de destaque. Para Cox, as funções arquivísticas de avaliação e seleção
são a base para a preservação na Arquivologia. Muito mais do que apenas preocupar-se com
os prazos e a sua relação com as idades do ciclo documental, Cox preocupa-se com a
qualidade da pesquisa a ser feita para identificação dos documentos que receberão os
13
A respeito dessa relação no Brasil, ver Fonseca (2005).
134
acervos arquivísticos. Nem que deva constar da grade curricular dos cursos de Arquivologia,
como sugerido por Couture e Martineau (2000). No entanto, uma vez considerada como uma
função arquivística (tanto quanto a classificação e a avaliação, por exemplo), como frisou Cox
anteriormente, a preservação ensinada nos cursos de Arquivologia deve voltar-se mais para os
suportes materiais. Estas, devem ser reservadas aos conservadores. Aos arquivistas cabe
da informação arquivística ao dizer que apesar de a sociedade, como ente coletivo, não criar
documento algum, incentiva a criação e a preservação dos documentos porque percebe que
eles têm a função de registrar a “memória dos indivíduos, das organizações e da sociedade” e
Por fim, na visão de Delmas (2001, p. 29, 36) as expectativas da sociedade alteraram,
com o passar do tempo, os objetivos da preservação nos arquivos. Há novos usos dos
institucional; mais tarde, passou a fonte da história. Hoje, o uso dos arquivos remete a uma
enorme gama de possibilidades, e a preservação somente tem sentido se for para assegurar a
suporte da informação. Isso implica que as diferenças de suporte não são mais determinantes
Esses são indícios que permitem afirmar que a preservação da informação arquivística
começa a superar diretrizes metodológicas tradicionais que têm reduzido o campo de suas
arquivos produzidos hoje, será resultado mais da gestão de documentos e do controle do fluxo
Ciência da Informação. Em 2002, ambos entendiam que a preservação não seria uma função
como intervenção na estrutura material dos suportes. Dessa forma, a esse cientista da
mencionadas.
136
Quatro anos depois, essa compreensão se amplia. Silva passa a considerar que as
Se, na Ciência da Informação proposta por Silva, a preservação estaria apenas nesse
da Ciência da Informação, autores como Terry Cook, Theo Thomassen, Carol Couture, Daniel
Ducharme, Bruno Delmas, Jocelyne Martineau, Eric Ketelaar, Maria Odila Fonseca, José
Maria Jardim afirmam que a preservação é um dos elementos do fazer e pensar arquivísticos.
Dessa forma, diferentemente do que propõe Malheiro da Silva, não apenas o último, mas os
dois últimos “planos” fariam parte da Arquivologia, entendida esta como uma área do
Ciência da Informação no Brasil ainda é de pequena monta. Foram analisados 2.231 títulos e
Arquivologia no Brasil;
Dos sete títulos 17 que relacionam “preservação, políticas”, quatro são dissertações e
Revista Acervo, do Arquivo Nacional. Os cento e vinte e seis títulos de trabalhos sobre
da preservação sob o ponto de vista das políticas, uma vez que do total de 134 trabalhos sobre
14
A metodologia do levantamento consistiu na leitura dos títulos e subtítulos registrados nos sumários com a
programação dos Congressos e nos sumários das revistas pesquisadas. Em relação aos Programas de Pós-
Graduação, a busca foi feita nos sites de cada programa em links que listam as dissertações e teses defendidas.
Os títulos e subtítulos com a expressão “política de preservação” não foram considerados na contagem para a
identificação da ocorrência dos termos “preservação/conservação/restauração”.
15
Publicada pela Associação dos Arquivistas Brasileiros – AAB.
16
Publicada pelo Arquivo Nacional.
17
Para conhecer a lista completa dos 134 trabalhos identificados, ver Apêndice H desta tese.
138
dois trabalhos que relacionam “arquivo, informação, políticas”, 40,6% (13 títulos) aparecem
considerado o montante da produção analisada (2.231 trabalhos), o total dos títulos (165) que
então, introduzem o tema das políticas brasileiras de arquivos, que só volta dez anos depois,
conservação preventiva” que relaciona, pela primeira vez, preservação e política. O primeiro
artigo sobre política arquivística foi publicado em 1987, na revista Acervo (“Política
Janeiro”) e sobre preservação e política, foi publicado em 2004, na mesma revista (“Ciência e
Quadro 1
18
Disponível em: <http://www.ibict.br/anexos_secoes/rel.diss.atual.2004nov.doc>. Acesso em: 02 nov. 2007.
19
Disponível em: <http://www.ibict.br/anexos_secoes/teses.doutor.atual2005.doc>. Acesso em: 02 nov. 2007.
20
Disponível em: <http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/resultado-tdes-
prog.php?ver=1&programa=1&ano_inicio=&mes_inicio=&mes_fim=&ano_fim=2007&grau=Todos>. Acesso
em: 02 nov. 2007.
21
Disponível em: <http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Disserta%E7%F5es>. Acesso
em: 02 nov. 2007.
22
Disponível em: <http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Teses>. Acesso em: 02 nov.
2007.
23
Disponível em: <http://www.unirio.br/memoriasocial/estante/dissertacoes/dissert.htm>. Acesso em 02 nov.
2007.
24
Disponível em: <http://www.ppgcom.ufrgs.br/ted.php>. Acesso em: 02 nov. 2007.
25
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/area_pesquisa.php?area=27143>. Acesso em: 02 nov. 2007.
26
Disponível em: <http://polo1.marilia.unesp.br/pos-
graduacao/stricto_sensu/ci/index.php?Meio=dissertacoes.php>. Acesso em: 02 nov. 2007.
27
Disponível em: <http://www.posici.ufba.br>. Acesso em: 02 nov. 2007.
28
Disponível em: <http://www.cin.ufsc.br/pgcin/pgcin.htm>. Acesso em: 02 nov. 2007.
140
do conceito de política defendido nesta tese. O segundo, em 1992, é também uma dissertação
terceiro e último, é a tese defendida em 2005 neste Programa, intitulada “Documentos como
Uma das conclusões que Fonseca (2005, p. 98) chega em sua tese de doutorado é que a
Arquivologia não pensa a Arquivologia, ou seja, que “os limites e a configuração disciplinar
carece de reflexões mais profundas sobre si mesma, a preservação, entendida como uma
só tempo, reconhece que a preservação é uma função basilar da área, indica que o
área.
arquivística, fazendo com que a preservação nos arquivos acabe sendo percebida,
141
tratamento de conservação, por exemplo. Este recurso equivocado é ainda bastante utilizado
sabe-se os melhores resultados são obtidos quando investe-se na preservação, sentido amplo,
Essa circunstância começou a ser alterada pelo advento das novas tecnologias de
desenvolvidas nos arquivos, entre elas, a preservação, o que levou a comunidade arquivística
De acordo com Jardim (2000b), o acesso à informação nessa nova circunstância exige
necessidade de renovar funções históricas, uma vez que a ênfase na gestão da informação
Nogueira (2004, p. 123) descreve com propriedade essa circunstância quando indica
que a inovação tecnológica é fator importante que pressiona fortemente a gestão pública,
diversas conseqüências, entre elas, a amplificação das informações. O governo eletrônico 29,
por exemplo, surge nessa circunstância e pode ser entendido como uma forma adotada pelo
Estado na tentativa de acompanhar a tal aceleração no ritmo de vida. Nogueira (2004) afirma
serviços” para dar conta da impaciência e pressa decorrentes dessa aceleração de ritmo de
vida.
ainda com sérios problemas de deterioração. Por isso, para Jardim (2000b), não basta a
simples adoção de uma abordagem pós-custodial nos arquivos. Também é fundamental que os
direcionados para os usuários’, enfatizando, cada vez mais, que arquivistas não servem aos
29
“Governo Eletrônico é uma noção que ainda carece de maior aprofundamento teórico. Na literatura a respeito,
é freqüentemente identificado com a estratégia pela qual os governantes fazem usos das novas tecnologias para
oferecerem à sociedade melhores condições de acesso à informação e aos serviços governamentais” (JARDIM,
2004, p. 13).
143
Como, por exemplo, a avaliação arquivística. Ou seja, muitos dos acervos recolhidos
Uma vez considerados “arquivos permanentes”, passaram a ser considerados também como
patrimônio arquivístico, pelo simples fato de fisicamente terem sido depositados em arquivos
públicos, sem que ter sido avaliados e selecionados anteriormente. Isto é, foram “tornados”
Jardim (1995a, p. 7) chama atenção para o assunto, pelo menos, desde 1995:
esses acervos são resultado de uma decisão política: uma decisão pela inação ou “não-ação”,
também pelas instituições arquivísticas públicas. Para Gonçalves (2002, p. 8), analisar o
patrimônio significa não tratá-lo como um dado histórico, cultural ou natural, mas como uma
para constatar que a noção de “apropriação” desempenha uma função central nos discursos do
patrimônio. Apropriar-se de alguma coisa implica uma atitude de poder, de controle sobre
aquilo que é objeto dessa apropriação. Apropriar-se seria, assim, sinônimo de preservação.
Preservar um patrimônio pressupõe que alguém, algum sujeito individual ou coletivo, esteja
considerados como “patrimônio arquivístico” nessa literatura são aqueles tidos como de valor
públicas, onde supostamente recebem proteção. Não há evidências da existência dos critérios
30
A esse respeito, ver a seção Políticas Públicas desta tese.
145
que determinam quais acervos formam tal “patrimônio arquivístico”. Como não são claros os
submetidos esses acervos. De um modo geral, basta que alguma instituição arquivística se
130, grifo do autor). O Dicionário registra ainda um verbete para “patrimônio arquivístico
mais unidades territoriais, não podendo ser dividido sob pena de perda de sua integridade”.
Preservar para garantir o acesso” propõe a noção de “patrimônio arquivístico digital” nos
arquivístico digital;”.
envolvem, não tem se apresentado, historicamente no Brasil, como a melhor opção para
ainda mais grave, é continuar, hoje, a tratar a informação arquivística digital, como
“patrimônio arquivístico”. Isso pode se constituir em um risco sério para a sua preservação,
uma vez que não há mais como esperar pela acumulação de documentos, nem, sequer, pela
avaliação de documentos.
forma explícita, à gestão de documentos. Permanece entendida como uma operação típica dos
Jardim (2000b) observou que “O uso das diversas possibilidades das tecnologias da
informação têm como requisito políticas públicas de informação. Caso contrário, todo aparato
se reproduzir com os acervos arquivísticos digitais o que foi feito com os acervos
convencionais.
preconizados na Constituição federal e nas leis aqui referidas (o valor histórico, probatório,
contexto e as razões nas quais se baseiam as decisões administrativas e políticas (ou as não-
decisões) de governo, quando das escolhas para a preservação. Em outras palavras: conhecer
como e por que os governos decidem ou não pela preservação dos registros informacionais,
pode evidenciar, por exemplo, que as prioridades naquele momento histórico são outras. As
União - OGU no período entre 1995 e 2005 com o objetivo de demonstrar que o estudo do
OGU é um dos elementos que podem contribuir para a compreensão do que ocorre com a
preservação eventualmente feitos no presente somente serão obtidos e visíveis no longo prazo.
Tem-se tentado demonstrar que essa circunstância vincula a preservação às políticas públicas,
o que requer, entre outros elementos, investimentos e recursos financeiros. Assim, estudar a
perene. Sabe-se que uma política pública é muito mais do que investimento financeiro, mas
defende-se que este é um elemento a ser considerado na análise das políticas públicas de
e ocorrem fora do âmbito de uma política pública, mas a preservação contínua e a longo prazo
pelo Poder Legislativo na forma de três leis orçamentárias: o Plano Plurianual - PPA, a Lei de
1
Disponível em:
<http://www1.transparencia.gov.br/TransparenciaCliente/execucao.jsp?CodigoOrgao=20114&TipoOrgao=2>.
Acesso em: 15 nov. 2006.
150
Freitas (2003, p. 19) chama atenção para outro aspecto importante estipulado também
instituição dos Planos Plurianuais. No Brasil, os PPAs foram concebidos com a duração de
quatro anos. Assim, o primeiro Plano Plurianual referia-se ao planejamento para o período
instrumento político cuja obtenção dos recursos orçamentários e definição das rubricas
produzidos pelo governo federal: Relatório de Avaliação dos PPAs e Relatório da Execução
2
Observou-se a falta de padrão na forma e no conteúdo dos relatórios consultados, disponíveis na Internet em
sites do governo. Os relatórios de 1995 e 1996, por exemplo, estão disponíveis na Internet na forma de imagem
de documento, ou seja, o documento original foi datilografado e depois escaneado. Há, inclusive, páginas
escaneadas fora da ordem seqüencial. Há relatórios com pouco mais de 40 páginas e relatórios com quase duas
mil páginas. Alguns têm poucas dezenas de KB outros chegam a mais de 50 MB. Alguns estão em formato
PDF outros em HTML. Os títulos e os conteúdos das colunas da tabelas dos relatórios variam, de ano para ano,
como também varia o uso de um ou dois zeros após a vírgula nas colunas com percentuais.
151
Dos Relatórios de Avaliação dos PPAs, usou-se, basicamente, as tabelas com os dados
da execução financeira dos programas, subprogramas (ou projetos) e ações (ou atividades)
os dados das tabelas denominadas “Demonstrativo da Execução das Despesas por Unidade
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei do Orçamento Anual (LOA) e execução financeira
é o gasto efetivo do dinheiro de acordo com a previsão orçamentária. Assim, se não houver
previsão de gasto no orçamento, mesmo que haja dinheiro, este não poderá ser realizado. A
Orçamento Geral da União foi possível verificar algumas prioridades e opções do Estado
3
Programa, subprograma ou projeto, atividade ou ação são subdivisões dos níveis orçamentários. Assim, um
programa pode ser composto por mais de um subprograma, que, por sua vez, pode ser composto por várias
ações ou atividades. No entanto, nos relatórios estudados, uma mesma atividade aparece denominada de ação
ou mesmo de subprograma, sugerindo que todas essas denominações indicariam um mesmo nível
orçamentário. Apenas com o passar do tempo essa nomenclatura se consolida e se uniformiza, como de resto
acontece com os relatórios em si.
4
Notas Explicativas, p. 6 do Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal de 2005. Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume1.pdf>. Acesso em: 23
mar. 2007.
152
Dessa forma, a análise orçamentária nesta seção está dividida em quatro partes:
• a primeira parte traz uma breve visão geral do orçamento brasileiro entre
acervos;
período;
algumas palavras-chave significativas para esta pesquisa. Os termos procurados na leitura dos
relatórios foram:
• Política
153
• Preservação
• Conservação
• Restauração
• Patrimônio Histórico
• Patrimônio Cultural
• Documentação(ões)
• Informação(ões)
governo federal em cada ano pesquisado. A terceira linha registra a dotação orçamentária
dotação orçamentária total em relação ao ano anterior. Desse modo, é possível acompanhar a
Quadro 2
Evolução na quantidade total de programas na dotação orçamentária anual existente nos Relatórios da Execução
Orçamentária do Governo Federal entre 1995 e 2005
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total de programas 58 59 57 57 57 360 360 360 360 369 267
Dotação
orçamentária total 357 221 338 345 363 393 438 468 560 646 698
em bilhões de Reais
Variação da dotação
- -38% +53% +2% +5% +8% +11% +7% +20% +15% +8%
orçamentária
Fonte: O autor.
154
• Serviços de Informações 6;
• Política Exterior.
Os três programas foram desconsiderados por esta análise porque não dizem respeito
Nos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal dos três anos seguintes
(1997, 1998 e 1999), a tabela de programas foi desdobrada em uma tabela de subprogramas.
Assim, além dos três programas acima citados, a busca pelas palavras-chave resultou na
• Documentação e Bibliografia 7
• Conservação do Solo
• Conservação de Rodovias
5
Ver Apêndice B desta tese para conhecer a lista completa dos programas identificados pela pesquisa e suas
respectivas dotações orçamentárias.
6
A rubrica Serviços de Informações à época referia-se às chamadas “atividades de inteligência” da Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE) que, em 1990, sucedeu ao Sistema Nacional de Informações (SNI). Hoje, essas
atividades são desenvolvidas pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
7
Nos Relatórios de Acompanhamento dos PPAs (produzidos pelo Ministério do Planejamento) o “subprograma
Documentação e Bibliografia” é denominado de “ação Documentação e Bibliografia”, em mais um sinal da
falta de padrão nos relatórios governamentais, como mencionado anteriormente.
155
• Restauração de Rodovias
da Execução Orçamentária do Governo Federal 9: nesse ano, o OGU distribuiu recursos para
orçamentária total do país em 2000 teve um aumento de apenas 8%. Ou seja, passou de R$
363 bilhões (1999) para apenas R$ 393 bilhões (2000). A desproporção entre o aumento no
número de programas listado pelo relatório (631,57%) e o aumento no montante dos recursos
Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal a partir do ano 2000, mas não a
programas com uma das palavras-chave procuradas. Desses 31, vinte e quatro programas
indica, por si só, uma alteração instigante na forma e conteúdo do orçamento, e sugere uma
janela de pesquisa.
8
Este subprograma/ação é detalhadamente abordado mais adiante ainda nesta seção no item “5.4 O Arquivo
Nacional no Orçamento Geral da União”.
9
Disponível em:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_
Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto2000.PDF>. Acesso em: 18 mar. 2007. 74 páginas –
798,85 KB.
156
Os outros sete programas com uma das palavras-chave pesquisadas que completam a
acervos do Arquivo Nacional foram desenvolvidas entre 2000 e 2003, como será visto mais
adiante.
denominação dos programas do OGU. Do total de 369 programas listados, 51 programas têm
em seu título pelo menos uma das palavras-chave pesquisadas, ou seja, vinte programas a
mais do que em 2000. Entre esses 51 programas, o termo “Política” está presente em 38, isto
é, são 14 programas a mais que em 2000 que recorrem ao termo para batizar suas atividades, o
10
Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2007.
157
• Sociedade da Informação;
Governamental;
Cultural;
contemplados no objeto desta pesquisa, relacionam-se com o universo temático estudado. Mas
Apesar do termo política aparecer no OGU diversas vezes para batizar programas
com variados objetivos, estranha-se que não haja no OGU, no período pesquisado, qualquer
“Gestão de uma política de arquivos” (como nas rubricas orçamentárias da Gestão da Política
de Governo..., entre outras tantas), não pode ser desprezada. Pelo contrário, permite abstrair o
não.
Foram escolhidas para o estudo comparativo que segue, além do Arquivo Nacional,
Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Estas cinco instituições têm a missão regimentar de
extramuros. Possuem, ainda, importantes acervos públicos e privados sob sua custódia, o que
República 11 (até junho de 2000, o Arquivo Nacional fazia parte da estrutura do Ministério da
Justiça). De acordo com o seu Regimento Interno 12, o Arquivo Nacional tem por finalidade
cultural.
da produção intelectual do País, tem por finalidade adquirir, preservar e difundir os registros
criação literária nacional, no País e no exterior, em colaboração com as instituições que a isto
11
Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em: 17 abr. 2007.
12
Disponível em: <http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/RegimentoInterno.pdf>. Acesso em: 17
abr. 2007.
13
Jardim (1999, p. 124, em nota de rodapé) chama atenção para o que sugere ser “um equívoco, no mínimo,
jurídico” entre o Art. 1º da Portaria no 496, de 06 de agosto de 1996 e o Art. 18 da Lei no 8.159, de 08 de
janeiro de 1991, uma vez que “a função de gestão e recolhimento do Arquivo Nacional refere-se
exclusivamente à documentação do Poder Executivo Federal” e não do patrimônio documental do País. A
versão do Regimento Interno do AN, atualmente “em tramitação na Casa Civil da PR [Presidência da
República]”, como informa o site do AN, mantém os mesmos termos da Portaria 496, criticada por Jardim.
Disponível em <http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/RegimentoInterno.pdf>. Acesso em: 26
jun. 2007.
160
Incentivo à Leitura de que trata o Decreto nº 519, de 13 de maio de 1992; coordenar o Sistema
Ministério da Cultura, que tem por finalidade o desenvolvimento da cultura, por meio da
brasileira, sob sua guarda, por intermédio de ações exemplares continuadas de conservação,
preservação e acesso aos bens culturais; e promover estudos e cursos sobre temas pertinentes
cultural. 15
com base na Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, vinculada ao Ministério da Cultura, tem por
14
Conforme os artigos 1º e 2º do Estatuto da FBN aprovado pelo Decreto nº 5.038, de 7 de abril de 2004 -
Disponível em: <http://www.dji.com.br/decretos/2004-005038/2004-005038.htm>. Acesso em: 26 jun. 2007.
15
Conforme os artigos 1º e 2º do Estatuto da FCRB aprovado pelo Decreto nº 5.039, de 7 de abril de 2004 -
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5039.htm>. Acesso em:
26 jun. 2007.
161
no que diz respeito aos direitos do autor e direitos que lhe são conexos; prestar orientação
âmbito de suas competências, a FUNARTE adotará linhas programáticas de ação que atendam
País. 16
é uma autarquia federal constituída pelo Decreto nº 99.492, de 3 de setembro de 1990 e pela
Lei no 8.113, de 12 de dezembro de 1990, com base na Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990. É
16
Conforme os artigos 1º, 2º e 3º do Estatuto da FUNARTE, aprovado pelo Decreto nº 2.323, de 9 de setembro
de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/decreto/1997/D2323.htm>. Acesso em: 28
jun. 2007. A FUNARTE foi instituída em virtude da Lei nº 6.312, de 16 de dezembro de 1975, conforme o
Decreto no 77.300, de 16 de março de 1976 - Disponível em:
<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=206417>. Acesso em: 28 jun. 2007.
162
Quadro 3
Subordinação hierárquico-administrativa e a natureza jurídica das instituições públicas de preservação
pesquisadas
NATUREZA
INSTITUIÇÃO SUBORDINAÇÃO JURÍDICA
Arquivo Nacional Presidência da República Administração direta
Fundação Biblioteca Nacional Ministério da Cultura Fundação pública
Fundação Casa de Rui Barbosa Ministério da Cultura Fundação pública
Fundação Nacional de Artes Ministério da Cultura Fundação pública
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Ministério da Cultura Autarquia federal
Fonte: O autor.
estruturas organizacionais ao longo dos 11 anos estudados nesta pesquisa foram considerados
acervos também públicos foram feitos pelo governo federal do Brasil no período. Observe-se
que quatro dessas cinco instituições são subordinadas ao Ministério da Cultura. Apenas o
Arquivo Nacional é órgão da administração direta e, de acordo com o seu Regimento Interno
e respectiva Portaria, tem sob sua responsabilidade acervos tais que devem ser preservado,
(como visto na seção anterior), e não restrita aos arquivos permanentes, de sentido e uso
17
Conforme os artigos 1º e 2º da Estrutura regimental do IPHAN - Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/seges/decretos_estruturas/dec_4811_190803_anexo_I.pdf>
. Acesso em: 26 jun. 2007.
163
instituições ao longo do período estudado evidenciou alguns aspectos que apontam para o que
se tenta demonstrar.
orçamentárias analisadas pela pesquisa entre 1995 e 2005. Os dados demonstram que no
período, o setor obteve uma melhora, em termos gerais, no volume das dotações
orçamentárias por unidades orçamentárias, sem que isso significasse a superação dos graves
Quadro 4
Valores da dotação por unidade orçamentária e sua variação percentual em relação ao ano anterior com os
respectivos totais
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 TOTAL
R$ mi 10,9 9,2 9,6 9,6 11,3 11,1 13,3 30,3 18,2 21,6 26,1 171,2
AN
% -6,4 +4,3 0 +17,7 -1,7 +19,8 +127,8 -39,6 +18,6 +20,8
R$ mi 18,5 22,2 26,3 22,0 24,6 26,1 27,0 30,9 32,9 38,4 62,5 331,4
FBN % +20,0 +18,4 -16,3 +11,8 +6,0 +3,4 +14,4 +6,4 +16,7 +62,7
R$ mi 4,8 6,7 7,1 8,6 9,0 9,8 11,8 13,0 13,1 16,6 17,3 117,8
FCRB
% +39,5 +5,9 +21,1 +4,6 +8,8 +20,4 +10,1 +0,7 +26,7 +4,2
FUN R$ mi 20,7 20,6 33,2 25,5 24,9 24,6 31,7 29,1 32,2 33,5 34,8 310,8
ARTE % -0,48 +61,1 -23,1 +2,3 -1,2 +28,8 -8,2 +10,6 +4,0 +3,8
R$ mi 58,2 65,6 92,5 62,2 67,2 64,6 74,1 82,6 90,2 103,6 111,3 872,1
IPHAN
% +12,7 +41,0 -32,7 +8,0 -3,8 +14,7 +11,4 +9,2 +14,8 +7,4
R$ mi 113,1 124,3 168,7 127,9 137,0 136,2 157,9 185,9 186,6 213,7 252,0 1.803,3
TOTAL
% +9,9 +35,7 -24,1 +7,1 -0,58 +15,9 +17,7 +0,37 +14,5 +17,9
Fonte: O autor.
totalizaram mais de 1,8 bilhão de reais. Observou-se, ao longo desses anos, algumas variações
nas dotações orçamentárias por unidade. Em termos gerais, apenas os anos de 1998 e de 2000
apresentaram totais menores na soma das dotações das cinco instituições analisadas em
comparação aos respectivos anos anteriores. Em 1998, a dotação total teve um recuo
significativo em relação a 1997, tendo sido 24,1 % menor. Em 2000, o recuo foi de apenas
0,58 %.
164
que em 1996 (AN e FUNARTE), em 1998 (FBN, FUNARTE e IPHAN) e em 2000 (AN e
Em 1998, apenas a FCRB teve um aumento nos valores de sua dotação orçamentária
(mais 21,1% sobre 1997). Todas as outras três instituições tiveram um decréscimo nos
respectivos orçamentos, sendo que o Arquivo Nacional recebeu a mesma dotação de 1997.
Os dados do Quadro 4 mostram ainda que, nos 11 anos analisados, a FCRB foi a única
instituição das cinco analisadas que não teve diminuição nos valores de sua dotação
orçamentária no período. Por quatro vezes (1996, 1998, 2000 e 2002), a FUNARTE, e, por
duas vezes, o IPHAN (1998 e 2000), tiveram seus orçamentos diminuídos. A dotação
orçamentária do Arquivo Nacional foi minorada em duas vezes: 1996 (6,4 % em relação a
1995) e em 2000 (menos 1,7 % do que em 1999), sendo que em 1998 a sua dotação
orçamentária não se alterou, nem para mais nem para menos, em relação a 1997.
Entre 1995 e 2005 (Quadro 5), foram gastos, portanto, mais de um bilhão e oitocentos
1995 com os recursos destinados onze anos depois (2005), novas constatações são possíveis.
Quadro 5
Variação entre as dotações orçamentárias do ano de 1995 e a do ano de 2005 na Execução Orçamentária do
Governo Federal nas unidades orçamentárias analisadas pela pesquisa.
1995 2005 Variação
Unidades Unidades
R$ bilhões Orçamentárias R$ bilhões Orçamentárias R$ bilhões %
Governo Federal 357,06 355 698, 95 370 + 341,89 + 95,75
analisadas tiveram suas dotações aumentadas no período. A maior variação percentual foi a da
a variação foi de 139,4% a mais de recursos, sendo, portanto, 43,65 pontos percentuais maior
do que a evolução do valor total da Execução Orçamentária do Governo Federal, mas menor
que o conjunto das dotações orçamentárias dessas unidades no período não apenas
como, proporcionalmente, tiveram aumentos maiores do que a variação do total dos recursos
multiplicou em mais de três vezes e meia os valores ali investidos, considerados os anos de
1995 e 2005, apesar de ser esta instituição a menor estrutura entre as cinco analisadas, com
166
116 servidores efetivos 18, atuando em uma única sede localizada à rua São Clemente na
cidade do Rio de Janeiro. Assim, observa-se que a Fundação Casa de Rui Barbosa - FCRB:
(1) foi a única instituição que em nenhum dos anos do período analisado teve sua dotação
orçamentária diminuída; (2) foi a instituição com o maior aumento percentual de seu
visualmente no Gráfico 1. As linhas tornam claro, graficamente, o aumento das dotações por
Gráfico 1. De forma menos acentuada, mas também com tendência crescente, a dotação
sua nova sede. Comparada com a dotação de 1995, o Arquivo Nacional teve a sua dotação
orçamentária multiplicada por quase duas vezes e meia em 2005. A FUNARTE, entre as
cinco instituições analisadas, foi a que se manteve, principalmente, entre 2001 e 2005, com as
menores variações dos valores investidos, mas ainda assim, em uma tendência crescente.
18
Disponível em:
<http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/ralat_gest/FCRB_Relatorio_de_Gestao2006.pdf>. Acesso
em: 02 jul. 2007. Dados de 2006.
167
Gráfico 1
Evolução das dotações por unidade orçamentária entre 1995 e 2005 em milhões de Reais
115,0
110,0
105,0
100,0
95,0
90,0
85,0
80,0
75,0
70,0 AN
65,0 FBN
60,0 FCRB
55,0 FUNARTE
50,0 IPHAN
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Fonte: O autor.
das dotações de cada unidade orçamentária, ano a ano. Percebe-se que a dotação orçamentária
restauração da nova sede do Arquivo. Mesmo assim, permanece, em 2002, um pouco abaixo
do orçamento da BN (cerca de R$ 600 mil – ver Quadro 4). O Gráfico 2 permite perceber com
Gráfico 2
Comparação proporcional das dotações de cada unidade orçamentária entre 1995 e 2005
115,0
110,0
105,0
100,0
95,0
90,0
85,0
80,0
75,0
70,0
65,0
60,0 AN
55,0
50,0 FBN
45,0 FCRB
40,0 FUNARTE
35,0
30,0 IPHAN
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Fonte: O autor.
168
destinados às cinco instituições analisadas cresceram entre 1995 e 2005. E cresceram mais do
respectivos acervos se mantêm. Isso permite abstrair que as prioridades institucionais para a
destinação dos recursos são de outro tipo que não a preservação dos acervos. Ou então, como
públicas pertinentes.
2007. Esse relatório reforça de maneira explícita e direta a vinculação entre recursos
MinC, como a Fundação Biblioteca Nacional, a Fundação Nacional de Artes e a Casa de Rui
desempenho conforme o previsto no PPA. No entanto, uma das Recomendações que encerra
preservação e o orçamento, relatada acima, é um dos aspectos que se tem tentado demonstrar
nesta tese. Um outro aspecto implícito é a relevância da análise das questões orçamentárias
Muitos e variados são os exemplos e fatos ocorridos nos últimos anos 20, fartamente noticiados
dotações orçamentárias das instituições analisadas, antecipa e oferece elementos que ajudam a
1995 e 2005. Segue, assim, uma análise dos programas do Arquivo Nacional em função de
20
Furtos no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional, na Mapoteca do Itamarati, no
Museu Chácara do Céu e no Museu de Arte de São Paulo, entre muitos outros no interior do Brasil.
170
ações empreendidas pelo Arquivo Nacional ao longo dos 11 anos analisados, os programas a
que essas ações estavam subordinadas e os respectivos vínculos orçamentários. Esse quadro
Quadro 6
As principais ações/atividades finalísticas do Arquivo Nacional ente 1995 e 2005
Subprograma / Atividade / Ação Tema / Programa Vínculo
1995 Serviços de Documentação e Comunicação Ministério da Justiça AN-MJ
1996 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ
1997 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ
1998 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ
1999 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ
2810 - Preservação do Acervo do Arquivo
2000 0167 - Brasil Patrimônio Cultural AN / MinC
Nacional
2810 - Preservação do Acervo do Arquivo
2001 0167 - Brasil Patrimônio Cultural AN / MinC
Nacional
2810 - Preservação do Acervo Documental de
2002 0167 - Brasil Patrimônio Cultural AN / MinC
Interesse Público
2810 - Preservação do Acervo Documental de
2003 0167 - Brasil Patrimônio Cultural AN / MinC
Interesse Público
1030 - Democratização do Acesso à
2004 2810 - Preservação do Acervo Nacional AN-CC-PR
Informação Arquivística Governamental
1030 - Democratização do Acesso à
2005 2810 - Preservação do Acervo Nacional AN-CC-PR
Informação Arquivística Governamental
Legendas: AN-MJ – Arquivo Nacional - Ministério da Justiça
AN / MinC – Arquivo Nacional e Ministério da Cultura
AN-CC-PR – Arquivo Nacional - Casa Civil da Presidência da República
Fonte: O autor.
subprogramas e ações. Na segunda coluna, estão os valores totais dos recursos recebidos pelo
Arquivo Nacional a cada ano. Na terceira coluna, estão as dotações da atividade Serviços de
percentuais, as variações, para mais ou para menos, das dotações orçamentárias dos
recebido, anualmente, pelo Arquivo Nacional. Por fim, a sexta coluna registra o total dos
Acesso à Informação Arquivística Governamental” nos anos em que passaram a existir (2000
e 2004, respectivamente.
Quadro 7
Valores orçamentários dos programas, subprogramas e ações do Arquivo Nacional
valores em Reais
Variação Percentual
percentual da entre as
Arquivo dotação do dotações dos
Nacional Subprograma / subprograma/ação subprogramas Programas
Atividade / Ação sobre o ano / atividades /
anterior ações e as do
AN
Serviços de
Documentação e
Comunicação
1995 10.935.000,00 19.000,00* -- 0,17 % -
Documentação e
Bibliografia
1996 9.267.000,00 140.826,00** + 641,18% 1,51 % -
1997 9.637.000,00 670.000,00 + 375 % 6,95 % -
1998 9.662.000,00 126.000,00 - 81 % 1,30 % -
1.565.000,00 / + 1.142 % 13,78 %
1999 11.353.000,00 437.564,00 + 247 % 3,85 % -
0167 Brasil
Ação 2810 Patrimônio
Cultural
2000 11.146.000,00 628.239,00 - 60 % / + 43 % 5,63 % 21.041.000,00
2001 13.362.000,00 246.959,00 - 60 % 1,84 % 33.986.000,00
2002 30.330.000,00 1.310.018,00 + 430 % 4,31 % 39.123.000,00
2003 18.280.000,00 373.230,00 - 71 % 2,04 % 57.776.000,00
1030
Democratização
do Acesso a
Informação
Arquivística
Governamental
2004 21.666.000,00 1.120.507,00 + 200 % 5,17 % 19.652.000,00
2005 26.110.000,00 961.956,00 - 14 % 3,68 % 23.938.000,00
ações do Arquivo Nacional. Estranha-se ainda que o Arquivo Nacional apareça em um item
21
A Lei no 8.173 (Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8173.htm>. Acesso em: 04 jan.
2008), de 30 de janeiro de 1991 (publicada no Diário Oficial da União em 31/01/1991), que “Dispõe sobre o
Plano Plurianual para o qüinqüênio 1991-1995” (este PPA foi o único cujo planejamento considerou o
período de 5 anos), é um dos raros documentos disponíveis sobre o primeiro PPA do Brasil. Não foram
localizados Relatórios de Acompanhamento do PPA 1991-1995. Dessa forma, a Lei no 8.173 e a Lei no 8.931
(de 22 de setembro de 1994, publicada no Diário oficial da União de 23/09/1994) foram os principais
documentos de análise do ano de 1995, último ano do primeiro PPA e primeiro ano do marco temporal desta
pesquisa. É importante lembrar que entre 1991 e 1995 o Brasil teve três Presidentes da República (Fernando
Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso) e três moedas (Cruzeiro: de 16/03/1990 a
31/07/1993; Cruzeiro Real: de 01/08/1993 a 30/06/1994; e Real: desde 01/07/1994. Banco Central do Brasil.
Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?MCEDMOEBR>. Acesso em 05 jan. 2008).
22
Páginas 121 a 127 do Anexo II da Lei 8.173, de 30 de janeiro de 1991. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1989_1994/anexo/ANL8173-1991.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2008.
173
Entre essas “condições estruturais e técnicas” estava a preservação, como pode ser lido
implementação. O segundo aspecto, é que não há, nos relatórios analisados da Execução
23
Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf> Dados Financeiros > Objetivo >
Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o
Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1996. Acesso em: 28 mar. 2007.
24
Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf >Análise Temática > Tema > Justiça,
Segurança, Cidadania. Acesso em: 28 mar. 2007.
174
nas cifras registradas. Na comparação dos valores nos dois primeiros anos analisados
contatou-se que o valor destinado, em 1996, à ação Documentação e Bibliografia foi 641,18
375% a mais que em 1996, mas executou R$ 186.000,00, o que significa a realização de
apenas 27,7% da dotação prevista. 25 O valor executado de centro e oitenta e seis mil reais,
bastante próximo da dotação de 1996, que havia sido de pouco mais de centro e quarenta mil
reais, parece ser bem mais realista do que a dotação orçamentária prevista de 670 mil reais.
orçamentária do subprograma para o ano seguinte reforça essa percepção: em 1998, a dotação
milhão, quinhentos e sessenta e cinco mil reais) 26, o que significa 1.142% a mais do que em
1998, um salto que alçou o subprograma à casa do milhão de reais. A realização orçamentária
25
Disponível em:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_
Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto97.PDF>. Acesso em: 19 mar. 2007 - 57 páginas – 522,96
KB – p. 36.
26
Disponível em:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos
_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto99.PDF>. Acesso em: 19 mar. 2007 - 66 páginas – 510,6
KB – p. 43.
175
trinta e sete mil, quinhentos e sessenta e quatro reais) 27, uma diferença de R$ 1.127.436,00
(um milhão, cento e vinte e sete mil, quatrocentos e trinta e seis reais) para os dados do
mas ainda significativa, uma vez que os recursos destinados ao subprograma/ação chega a
relação ao percentual de 1998 (que foi 1,30 pontos percentuais). Nada foi encontrado que
esse programa e Ministério que, nos anos 2000, 2001, 2002 e 2003, a principal ação de
27
Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1999.nsf> Dados Financeiros > Objetivo >
Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para
o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1999. Acesso em: 28 mar. 2007.
176
preservação (Ação 2810) desenvolvida pelo Arquivo Nacional esteve subordinada. O número
identificador da ação (2810) permanece o mesmo até hoje, mas a sua denominação variou
nesses anos.
Em 2000 e 2001, essa ação teve o nome de “Ação 2810 - Preservação do Acervo do
Arquivo Nacional”. A primeira dotação orçamentária da Ação 2810 (ano 2000 28) foi de 628
mil reais, ou seja, 43% a mais do que o ano anterior. Isso, se for considerada para comparação
Planejamento. Se for tomada para comparação o valor de 1999 informado pelo Ministério da
Fazenda (R$ 1.565.000,00) a dotação orçamentária para a Ação 2810 corresponde a cerca de
qual estava subordinada, como em relação à dotação total do Arquivo Nacional no ano
(2001) 29 como ainda em relação à dotação no ano anterior (2000). Em termos percentuais, a
dotação da Ação 2810 passou de 3% (em 2000) para 0,72% (em 2001) do total do Programa
que, nos dois anos em que Ação 2810 foi denominada Preservação do Acervo do Arquivo
Nacional, a relação entre os recursos investidos na Ação para o tratamento do acervo e o total
dos recursos orçamentários do Arquivo Nacional foi desproporcional. Enquanto que a dotação
orçamentária do AN aumentou 19,8% de 2000 para 2001, os recursos destinados à Ação 2810
28
Em junho de 2000, o Arquivo Nacional deixava a estrutura administrativa do Ministério da Justiça e passava a
fazer parte da Presidência da República.
29
Disponível em: <http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/07/02/prog0702_anexo1.htm>.
Acesso em: 13 mar. 2007.
177
foram 60% menores, passando de 5,63% em relação ao total do AN em 2000 para 1,84% em
2001. Em valores absolutos, em 2001, o Arquivo Nacional recebeu dois milhões duzentos e
dezesseis reais a mais do que em 2000, e a Ação 2810 Preservação do Acervo do Arquivo
Nacional recebeu trezentos e oitenta e um mil duzentos e oitenta reais a menos do que em
representa 3,34% do Programa Brasil Patrimônio Cultural e 4,31% da dotação total que o
de 430% em relação ao valor recebido em 2001. Neste ano, o Arquivo Nacional recebeu a sua
maior dotação orçamentária, em razão das obras de restauração de sua nova sede. Foram trinta
milhões, trezentos e trinta mil reais, dos quais quinze milhões e seiscentos mil repassados pela
operações especiais, entre elas, a Ação 2810 Preservação do Acervo Documental de Interesse
Público. O valor destinado à Ação 2810 (R$ 1.310.018,00) representou 29,14% desses R$
30
Disponível em:
<http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002/content/av_prog/089/prog089_anexo1.htm>. Acesso em:
13 mar. 2007.
31
Aqui, torna-se necessário um esclarecimento. Em relação aos dados do próximo parágrafo, deixa-se de lado os
relatórios até então citados como fonte (Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal e Relatório
de Acompanhamento do PPA) para recorrer-se ao Relatório de Atividades do Arquivo Nacional de 2002.
Justifica-se essa decisão por que é no Relatório de Atividades do Arquivo Nacional que as cifras do ano 2002
aparecem detalhadas, o que contribui decisivamente para o que está se pretendendo analisar. Para mais detalhes
sobre o relatório de Atividades do Arquivo Nacional do ano de 2002, ver a próxima seção desta tese.
178
significa que quase 1/3 dos recursos para tratamento do acervo do AN foram destinados à
preservação.
fizeram com que a dotação da Ação em 2003, de R$ 373.230,00, fosse 71,5% menor,
pelo seu desenvolvimento. O Programa 1030 tem sob sua responsabilidade orçamentária,
entre outros projetos e ações, a Ação 2810, que passa, então, a ser denominada Preservação do
Acervo Nacional.
Governamental é
República, tendo o Arquivo Nacional como a unidade administrativa responsável. Com isso, o
Arquivo Nacional passa a ser a unidade administrativa responsável também pelas respectivas
dotações orçamentárias.
32
Nos onze anos analisados de relatórios com a Execução Orçamentária do Governo Federal, o Programa 1030 é
o único cuja denominação faz referência explícita a um termo relativo a arquivos.
33
Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>.
Acesso em: 27 mar. 2007. p. 70.
179
dotação prevista para a Ação 2810 Preservação do Acervo Nacional foi de R$ 1.120.507,00
(5,17% do Programa), tendo sido realizado R$ 1.101.729,00 35, o que significou um saldo não
utilizado de R$ 18.778,00.
Governamental, implantado em 2004, é formado por nove ações propostas pelo Arquivo
Apesar de indicar como público alvo o governo e a sociedade e ter como indicador o
“atendimento à demanda de acesso à informação por parte dos cidadãos e órgãos públicos”,
das nove ações orçamentárias propostas, cinco solicitam recursos orçamentários para atender
Uma outra ação orçamentária mescla solicitação de recursos para a manutenção da frota de
34
Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2007. p. 85.
35
Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf>.
Acesso em: 22 mar. 2007. 1.924 páginas – 4,84 MB – p. 604.
180
Quadro 8
Identificação das ações orçamentárias que compuseram o Programa 1030 - Democratização do Acesso à
Informação Arquivística Governamental em 2004 36
Ações
Contribuição da União, de suas Autarquias e Fundações para o Custeio do Regime de Previdência dos
1
Servidores Públicos Federais
2 Assistência Médica e Odontológica aos Servidores, Empregados e seus Dependentes
3 Assistência Pré-Escolar aos Dependentes dos Servidores e Empregados
4 Auxílio-Transporte aos Servidores e Empregados
5 Auxílio-Alimentação aos Servidores e Empregados
6 Gestão e Administração do Programa
7 Preservação do Acervo Nacional
8 Sistema de Atendimento ao Usuário
9 Capacitação de Recursos Humanos na Área de Informação Documental
Fonte: O autor.
do ano de 2004, a Casa Civil relata que o Programa 1030 - Democratização do Acesso à
36
Disponível em: <http://sidornet.planejamento.gov.br/docs/cadacao/cadacao2004/downloads/1030.PDF>.
Acesso em: 29 out. 2007.
37
Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>.
Acesso em: 27 mar. 2007. p. 5.
181
frisa que a avaliação dos resultados fica comprometida pela impossibilidade de aferição mais
precisa do Programa 1030. O Relatório informa que a instalação da nova sede do Arquivo
formal que avaliasse de forma mais apurada a satisfação dos seus beneficiários, o que
serviços arquivísticos governamentais” uma vez que, apesar de constar na Lei 8.159/91 e no
Decreto 4.073/2002, essa atividade não aparece explicitada no conjunto atual de ações do
programa. Da mesma forma, aponta para a necessidade de se criar uma ação específica que
38
Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>.
Acesso em: 27 mar. 2007. p. 70.
182
1030 criar novas ações em razão das funções sociais e legais do Arquivo Nacional, esteja
abrindo uma janela orçamentária para investimentos de recursos públicos nessas novas ações.
Até onde alcançou esta pesquisa, essas novas ações não foram criadas.
exige que se aperfeiçoe a forma de articulação com outros Ministérios por meio do
Arquivo Nacional se articule com estados e municípios, o relatório do PPA indica ser
relatório fica comprometida uma vez que o CONARQ ainda não formulou tais políticas,
de Atendimento ao Usuário), o Arquivo Nacional foi além das metas traçadas, utilizando um
volume de recursos menor do que o inicialmente previsto. Ou seja, o relatório informava que
o Arquivo Nacional preservou mais com menos recursos. Esta observação acaba provocando
um efeito perverso, uma vez que pode ser interpretada como um sinal de que não há
a par da realidade precária em relação à preservação dos acervos sob sua custódia, tal
constatação acaba por ser uma ameaça a mais à preservação dos acervos em pauta.
2004, na página 35, informa que R$ 113.000,00 foram remanejados da atividade Preservação
portanto, a quantia de R$ 69.711,00. Assim, pelo segundo ano consecutivo do novo programa,
confirmando, de alguma forma, que o OGU tem destinado mais recursos para a preservação
do que o necessário, ou, pelo menos, mais do que a capacidade do Arquivo Nacional em
utilizá-los.
Nos onze anos estudados, foram destinados mais de cento e setenta e um milhões de
reais de recursos públicos orçamentários para o Arquivo Nacional, que, por sua vez, desse
montante, destinou pouco mais de seis milhões de reais para ações de preservação do acervo
39
O diretor-geral do Arquivo Nacional, entrevistado nesta pesquisa, explicou o fato, como pode ser lido na
página 271 desta tese.
40
Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2005.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2007. 100 páginas – 6,54 MB – p. 86.
41
Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf>.
Acesso em: 23 mar. 2007. 863 páginas – 61 MB – p. 516.
184
de 548 mil reais por ano. Isso significa que, nesses onze anos, apenas 3,51% da dotação total
Quadro 9
Soma das dotações orçamentárias do Arquivo Nacional e das diferentes ações de preservação ao longo de 11
anos, entre 1995 e 2005
Total 1995-2005
Arquivo Nacional 171.748.000,00
Ações de Preservação 6.034.309,00
Proporção 3,51%
Fonte: O autor.
2810 nesses anos permanecem praticamente os mesmos, com uma tendência de queda, como
Gráfico 3
Linhas comparativas da evolução e da proporção da dotação orçamentária do Arquivo Nacional e dos recursos
aplicados nas ações de preservação.
32
31
30
29
28
27
26
25
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
-1
-2
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
AN
Documentação e Comunicação / Documentação e Bibliografia / Ação 2810
Fonte: O autor.
185
acervo são transpostos para um gráfico em separado, onde a unidade principal da escala do
eixo dos valores (Y) tem um intervalo maior, a flutuação dos valores destinados ao
Gráfico 4 mostra que essas oscilações são constantes e significativas. Apenas entre 1998 e
2000 houve uma breve seqüência contínua de aumentos na dotação orçamentária da ação (de
126 mil para 437 mil e para 628 mil reais). No restante do período, as dotações oscilam,
alternadamente, entre mais verbas e menos verbas. Analisando todos os valores do período,
observa-se uma leve tendência de aumento nos recursos destinados ao subprograma e à ação,
principalmente, a partir do ano 2001, quando o patamar mais baixo foi de 247 mil reais,
sendo, a partir daí, sempre maior. Isto parece indicar que, de qualquer forma, ainda que com
têm sido e tendem a ser maiores com o passar do tempo, ainda que não acompanhem
Gráfico 4
Variação das dotações orçamentárias dos subprogramas / ações Serviços de Documentação e Comunicação e
Documentação e Bibliografia, e da Ação 2810, realizadas pelo Arquivo Nacional (valores R$ mil)
1400
1300 1.310
1200
1100 1.120
1000 962
900
800
700 670
600 628
500
400 437
373
300
247
200
100 141 126
19
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
governamental, a disputa por mais e maiores dotações orçamentárias se repete a cada ano.
Mercê dessa disputa, estão as políticas públicas, que dependem de investimento financeiro, se
não para a sua formulação, certamente, para a sua implementação. Em relação à preservação,
a simples decisão legal (Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual, Planos
como se tentou demonstrar: a preservação deve ser contínua, e isso depende de planejamento.
Planejar significar considerar o médio e o longo prazo, o que remete, por sua vez, à
Esquadrinhar o OGU não foi uma tarefa simples. Da falta de padrão na apresentação
dos dados apresentados a cada ano ao intricado conjunto de números, valores e cifras, cujas
parcelas nem sempre coincidem com os totais, aumentaram os riscos de quem se aventurou
em um percurso desse tipo. Por isso, a opção de encerrar a seção com uma síntese, onde
preservação de acervos. Nos relatórios do governo federal, para prestar contas do resultado
“acervo preservado” ou “bem preservado” na coluna “Produto” da tabela com as cifras dos
187
quando pode se considerar que um acervo está preservado, sem desconsiderar que a passagem
do tempo e o cumprimento da função social da informação por meio do acesso são fatores
estratégica do Arquivo Nacional não deve ser vista ou considerada fora da capacidade
dá.
garantir a aplicação dos recursos obtidos pelo Arquivo Nacional. Uma metodologia assim
político para a manutenção nos níveis dos recursos destinados ao tratamento da informação
sentido, o papel de uma política pública de arquivos que concatene e explicite conceitos,
42
Essa questão é um dos aspectos levantados nas entrevistas realizadas por esta pesquisa (ver seção 7).
188
• Por fim, o acentuado grau de oscilação percentual e a enorme variação nas cifras
são suficientes? Não utilizar todos os recursos financeiros disponíveis e, mesmo assim,
Executivo federal brasileiro não está devidamente assegurada, entre outros motivos, pela
o marco empírico da pesquisa. A análise apresentada nesta seção toma como referência as
brasileiro.
O recorte pela informação arquivística do Executivo federal se justifica não apenas por
Poder Executivo no Brasil é, dos três poderes, o que maior influência exerce sobre os
do Executivo sobre o Legislativo brasileiros resulta no que Pereira e Muller (2000, p. 46)
Pereira e Muller (2000) entendem que o Executivo brasileiro detém significativo poder
1
O líder do PSB, Alexandre Cardoso, constatou que na legislatura 2002-2006, na Câmara federal, os deputados
apresentaram cerca de 7.500 propostas de lei, tendo sido aprovadas apenas 70 delas (0,93%). O Executivo
federal apresentou 400 propostas e aprovou duzentas (50%). Concluiu o deputado: “Na verdade, o Executivo
executou e legislou” (O GLOBO, 05/12/2006, p. 2).
191
preferências. Entre muitos outros dados e estatísticas, Pereira e Muller (2000, p. 47) informam
que
Se levarmos em conta que a informação arquivística, objeto deste trabalho, tem origem
nas atividades próprias e específicas de governo para a realização dos objetivos de governo e
Arquivo Nacional.
As seções anteriores desta tese evidenciaram que, em linhas gerais, as más condições
de preservação dos acervos podem ser caracterizadas, entre outros aspectos, pela guarda ou
informação dos documentos arquivísticos custodiados por instituições públicas com essa
Nacional). Além disso, viu-se que são insuficientes as rubricas e parcos os recursos do
governamental de forma fragmentada e com valores que oscilam de ano para ano. Instituições
como o Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa etc.,
preservação de uma informação que é pública, produzida pelo governo federal e custodiada
pelo Estado.
reconhecer que, em sentido geral, é importante preservar. Existem leis que tratam da questão.
um conselho nacional para tal, o Arquivo Nacional existe desde 1838, diversas ações isoladas
e tem sido objeto de ações no Estado, mas isso não se configura em políticas públicas que
atuação do CONARQ e do Arquivo Nacional. O texto que segue divide-se em três partes: a
primeira, começa com a apresentação do CONARQ e continua com a análise de suas atas e
2
O mecenato é um mecanismo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313/91), conhecida como Lei
Rouanet. A Lei Federal de Incentivo à Cultura permite o investimento em projetos culturais mediante doações,
patrocínios, ou contribuições ao Fundo nacional de Cultura, com a possibilidade do abatimento no imposto de
renda devido do contribuinte investidor. O contribuinte pessoa física pode aplicar até 6% e o contribuinte
pessoa jurídica até 4% do imposto de renda devido.
(Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC. Disponível em:
<http://www.cultura.gov.br/apoio_a_projetos/lei_rouanet/index.php?p=233&more=1&c=1&pb=1>. Acesso
em: 16 nov. 2006.
193
esquadrinhamento de seus relatórios de atividades. Conclui-se a seção com uma síntese crítica
nos 13 anos de sua existência e atuação, o CONARQ não formulou a Política Nacional de
Arquivos, sob a qual deveriam estar contempladas diretrizes para a preservação da informação
3
Câmara Técnica de Normalização da Descrição Arquivística - Câmara Técnica de Classificação de Documentos
- Câmara Técnica de Avaliação de Documentos - Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos - Câmara
Técnica de Conservação de Documentos - Câmara Técnica de Capacitação de Recursos Humanos.
4
Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/conarq/legisla/casacivil-port5.htm>. Acesso em: 19 dez.
2006.
194
O CONARQ tem como sua estrutura básica o Plenário, as Câmaras Técnicas (entre
elas, a Câmara Técnica de Conservação de Documentos, que foi criada e passou a atuar em
8.159, determina em seu Art. 4º que “Caberá ao Arquivo Nacional dar o apoio técnico e
– COACO, uma pequena estrutura administrativa que ocupa uma sala no segundo andar do
remunerado por DAS) e por outros sete funcionários do AN. A COACO aparece no
5
Câmara Setorial sobre Arquivos Privados - Câmara Setorial sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou em
Processo de Privatização - Câmara Setorial sobre Arquivos Médicos - Câmara Setorial sobre Arquivos do
Judiciário - Câmara Setorial sobre Arquivos Municipais.
6
Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em: 23 out.
2007.
7
Disponível em: <http://portalan.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5&sid=24>. Acesso
em: 23 out. 2007.
196
O plenário se reúne, pelo menos, a cada quatro meses. As Câmaras Técnicas são de
de acordo com o cronograma estabelecido por seus membros. De cada reunião do plenário,
das Câmaras Técnicas, das Câmaras Setoriais e das Comissões Especiais será lavrada uma ata
outros fatores, por ainda não haver sido formulada e implementada uma política pública
8
Disponível em: <http://portalan.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=24>. Acesso em: 25
out. 2007.
197
Como, no Brasil, não existe uma política pública de informação, e a Política Nacional
não sistemática e restrita, que tentam, na maioria das vezes, resolver problemas imediatos e
para a preservação da informação arquivística digital e explicitar isso em oito tópicos nas
cinco páginas da Carta, registrando, inclusive, que cabe ao CONARQ a formulação de tais
qualquer política pública. Ou seja, a Carta não tem uma política a que esteja referida.
9
Disponível em:
<http://www.arquivonacional.gov.br/conarq/cam_tec_doc_ele/preservacao/cartapreservacao.asp>. Acesso em:
15 nov. 2006.
198
pública em 2004 e teve como base a Carta para a Preservação do Patrimônio Digital da
aprovar a Carta, o CONARQ permite abstrair que a preservação dos demais tipos
próprio Arquivo Nacional, seria uma questão resolvida. Não é. Ao mesmo tempo em que o
suporte, o próprio texto da Carta salienta e confirma que cabe ao CONARQ definir a Política
informação está registrada. Ao reconhecer a necessidade de políticas, observa que isso “só
será possível se houver uma ampla articulação entre os diversos setores comprometidos com a
estratégias e políticas”, a Carta apresenta uma série de indicações, mas não chega a definir o
que chama de “estratégias e políticas”, como também não diferencia umas das outras, nem diz
o que são ou como podem ser aplicadas. O documento se encerra, registrando que
compromisso de forma explícita na Carta, não foram ainda formuladas. Constata-se isso com
relacionados sistematicamente neste texto pretendem subsidiar uma análise que permita
Nacional de Arquivos, uma política pública em cujo escopo deveria estar contemplada, entre
em 5 de dezembro de 2006. Atualmente, o CONARQ se reúne duas vezes por ano, na sede do
Arquivo Nacional. 10 Foram produzidas e estão disponíveis no site institucional 42 atas dessas
reuniões, sendo que as atas da 17ª e 18ª reunião são apenas extratos das atas. 11 No mesmo
período de tempo (1995-2005), o CONARQ produziu vinte e duas resoluções. Todas estão
extensão e grau com que os termos “preservação” e “política” aparecem nas atas das reuniões
plenárias e nas resoluções emitidas pelo CONARQ entre 1995 e 2005. Como todas as atas e
resoluções estão em formato digital, optou-se por fazer uma busca automática via
10
Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm> Reuniões do
CONARQ. Acesso em: 11 abr. 2007.
11
Disponível em <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm> Reuniões do
CONARQ > Atas. Acesso em: 10 abr. 2007.
12
Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm> Legislação
Arquivística Brasileira > Resoluções do CONARQ. Acesso em: 10 abr. 2007. O Apêndice E desta tese
apresenta um quadro resumido com as datas das reuniões plenárias e das resoluções do CONARQ.
200
Quadro 10
Palavras-chave e suas derivações pesquisadas
Palavra-Chave Radical Pesquisado
Preservação
Preservada(s) Preserva
Preservado(s)
Política(s)
Polític
Político(s)
Fonte: O autor.
e assim identificar o número de vezes que esses termos e suas derivações aparecem nas atas e
nas resoluções analisadas, bem como conhecer o sentido e o contexto em foram produzidas e
a relação entre ambas. Entendeu-se que a identificação de tais palavras-chave indicaria com
temas pesquisados. Após a busca automática das palavras-chave, foi realizada a leitura
integral de cada ata e resolução, na tentativa de identificar aspectos relevantes para a pesquisa
Produto desse trabalho, o texto a seguir compõe-se, primeiramente, dos dados que
partir daí, analisar aquelas falas que, registradas em ata, abordaram a questão da preservação
foram grafadas nas atas do CONARQ a cada ano. Os algarismos entre parênteses indicam o
produzidas.
Quadro 11
Totalização das expressões pesquisadas nas Atas do CONARQ
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total
(3) (3) (3) (2) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (39)
Preserva
(cão/do/da) 6 21 21 10 7 3 17 21 17 11 12 146
Polític (o/a) 7 15 10 3 9 11 15 9 3 0 6 88
Totais 13 36 31 13 16 14 32 30 20 11 18 234
Fonte: O autor.
longo de onze anos mantém-se praticamente estável, apenas com leve aumento nos últimos
anos como mostra o Gráfico 5. Os anos de 1996, 1997 e 2002 foram aqueles em que a
palavra-chave “preservação” mais vezes foi usada (21 vezes), sendo que em 1996 e 1997
preservação aparece apenas três vezes nas quatro reuniões realizadas então. A média do
emprego do termo foi de 3,7 por reunião. No entanto, essa média cai para 2,7 quando se
considera que pelo menos uma vez por reunião a palavra preservação é grafada para indicar a
Gráfico 5
Linha de tendência do uso da palavra-chave “Preservação” nas Atas do CONARQ
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
(3) (3) (3) (2) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4)
Fonte: O autor.
Constata-se assim que o tema preservação, de alguma maneira, freqüenta com uma
passa para nove citações, depois para três vezes em 2003, e em 2004, em quatro reuniões
realizadas, a palavra-chave “política” não foi registrada em ata alguma, voltando, em 2005, a
ser citada seis vezes. A média de emprego do termo foi de 2,2 por reunião, portanto inferior à
média do uso da palavra preservação. Apesar de nos dois últimos anos analisados o uso do
termo ter aumentado, o Gráfico 6, por considerar todo o período, indica uma clara linha de
Gráfico 6
Linha de tendência do uso da palavra-chave “Política” nas Atas do CONARQ
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
(3) (3) (3) (2) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4)
praticamente no mesmo nível, apenas com um leve crescimento ao fim do período, a linha de
CONARQ, mostra, nitidamente, uma diminuição acentuada do uso do termo, o que pode ser
interpretado como um indicador de que o tema “política” tenha sido menos debatido nas
plenárias do CONARQ com o passar do tempo. Outra leitura sugere e permite abstrair que a
pesquisadas e identificar o sentido em que foram aplicadas, optou por uma classificação a
partir da leitura da ata e da análise da frase em que a palavra foi empregada. Como toda
classificação, esta também tem um grau de arbitrariedade. No entanto, considera-se que esta é
apenas uma entre outras estratégias metodológicas utilizadas pela pesquisa para tentar
conhecer de que maneira as plenárias do CONARQ abordaram o tema, e que, portanto, não
204
chega a comprometer o esforço feito. A consulta ao Apêndice G desta tese possibilita que se
preservação e política aparecem nas atas do CONARQ de acordo com o sentido ou o contexto
em que são usadas e o que cada um desses usos representam percentualmente em relação ao
Quadro 12
Contexto e sentidos em que aparece a palavra-chave Preservação 13
Contexto / sentido Quantidade Percentual
1 Presença de representantes e/ou profissionais da área de preservação 39 26,71 %
2 Preservação como prescrição legal, normativa, regimental 33 22,60 %
3 Preservação de patrimônio / acervo / documento / informação 25 17,73 %
4 Preservação como função técnica 13 8,90 %
5 Carta de Preservação do Patrimônio Digital 11 7,53%
6 Preservação e memória 7 4,79 %
7 Preservação e orçamento / financiamentos / investimentos 4 2,73 %
8 Instituições de preservação 4 2,73 %
9 Preservação e acesso 3 2,73 %
10 Preservação e tecnologia 3 2,05 %
11 Preservação, política e financiamento 2 1,36%
12 Preservação e política 1 0,68 %
13 Preservação como conceito 1 0,68 %
Total 146 100 %
Fonte: O autor.
analisadas, com treze sentidos ou contextos diferentes. O maior número de vezes do termo
Preservação (39 vezes – 26,71%) é utilizado para identificar a(s) pessoa(s) da área que
proferida por esse representante ou profissional, cuja fala foi identificada com de um
representante da área de preservação. Logo a seguir, o termo Preservação aparece trinta e três
vezes (22,60%) em textos de leis, normas e regimentos (“...face ao disposto no Cap. III, arts.
12 e 15, da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e da Lei nº 8.394, de dezembro de 1991, que
13
Para conhecer as frases das atas na íntegra, ver Apêndice G desta tese onde os parágrafos com a palavra-chave
“preservação” foram reproduzidos.
205
dispõe sobre a preservação, organização e proteção dos acervos documentais dos presidentes
documental.”). Outras treze vezes (8,90%), a palavra é usada para indicar a função técnica de
trabalho de preservação.”). Por onze vezes (7,53%), o termo preservação aparece quando a
Quadro 13
Sentido em que aparece a palavra-chave Política 14
Contexto / sentido Quantidade Percentual
1 CONARQ e a Política Nacional de Arquivos 17 19,31 %
2 CONARQ e política 11 12,50 %
3 Política na legislação 10 11,36 %
4 “Subsídios para a implantação de uma política municipal de arquivos” 10 11,36 %
5 Política municipal de arquivos 8 9,09 %
6 Política, Arquivística/Arquivologia, arquivos 5 5,68 %
7 Política e informação 4 4,54 %
8 Política, movimentos e organizações 3 3,40 %
9 Política nacional de saúde 3 3,40 %
10 Relação “político-administrativa” 3 3,40 %
11 Política e gestão de documentos 2 2,27 %
12 Política e governo 2 2,27 %
13 Política, preservação e financiamento 2 2,27 %
14 Política e preservação 1 1,13 %
15 Política e técnica 1 1,13 %
16 Política e profissões 1 1,13 %
17 Projeto político 1 1,13 %
18 Objetivos de uma Política Nacional de Arquivos 1 1,13 %
19 Política e tecnologias 1 1,13 %
20 Configuração política do Estado 1 1,13 %
21 Exploração política 1 1,13%
Total 88 100 %
Fonte: O autor.
14
Para conhecer as frases das atas na íntegra, ver Apêndice G desta tese onde os parágrafos com as palavras-
chave “política” foram reproduzidos.
206
com vinte e um sentidos ou contextos diferentes. O maior número de vezes do termo Política
(17 vezes – 19,31%) é utilizado para reafirmar o principal objetivo e função do CONARQ,
isto é, a Política Nacional de Arquivos (“...tendo presente que o Conselho é responsável pela
aparece também vinculada ao CONARQ, mas, dessa vez, chamando atenção para o papel
político (11 vezes – 12,50%) do CONARQ (“A seguir, informou sobre as ações políticas que
Paulo...” ou “A Conselheira [...] sugeriu que o CONARQ desenvolva ações políticas junto às
arquivos...”). Em dez vezes (11,36%) o termo “política” está registrado nas atas do CONARQ
na legislação citada ou transcrito nas atas (Art. 1º - [...] Parágrafo único - Integram
arquivos” é citado.
de nove órgãos de sua estrutura administrativa, o que totaliza 67 presenças nas reuniões
15
Para conhecer nominalmente os conselheiros, os organismos que representavam e o número de reuniões nas
quais estiveram presentes, ver Apêndice G desta tese.
207
Planejamento, Orçamento e Gestão, presente em dez reuniões (27%). Todas as reuniões foram
Quadro 14
Os conselheiros com o maior número de presença nas plenárias do CONARQ entre 1995 e 2005
Conselheiro Órgão Freqüência
Jaime Antunes da Silva Presidente do Conselho Nacional de Arquivos 37 - (100%)
Maria Izabel de Oliveira Arquivo Nacional 36 - (97,2%)
Célia Maria Leite Costa Centro de Pesquisa e Documentação de História 18 - (48,6%)
Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas
Ivana Denise Parrela Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte 16 - (43,2%)
Francisco Maurício da Paz Senado Federal 15 - (40,5%)
Francisca Helena Barbosa Lima Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 14 - (37,8%)
Júnia Guimarães e Silva Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro 13 - (35,1%)
Rosemary de Almeida Supremo Tribunal Federal 12 - (32,4%)
Antonio Alberto de Carvalho Senado Federal 12 - (32,4%)
Maria Hilda Pinto de Araújo Associação dos Arquivistas Brasileiros 12 - (32,4%)
Ismênia de Lima Martins Associação Nacional dos Professores Universitários de 12 - (32,4%)
História
Geraldo Mártires Coelho Arquivo Público Estadual do Pará 11 - (29,7%)
Mariza Bottino Associação dos Arquivistas Brasileiros 11 - (29,7%)
Maria Odila Kahl Fonseca Universidade Federal Fluminense 11 - (29,7%)
Lana Lage Gama Lima Associação Nacional dos Professores Universitários de 11 - (29,7%)
História
Maria Celina D'Araújo Associação Nacional de Pós-Graduação em Pesquisa e 11 - (29,7%)
Ciências Sociais
Oswaldo Noman Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 10 - (27,0%)
Eliane Braga de Oliveira Universidade de Brasília 10 - (27,0%)
Fonte: O autor.
existentes nas atas das reuniões plenárias do CONARQ entre 1995 e 2005.
aquelas que relacionaram a preservação a aspectos políticos e financeiros. Estas falas estão
estritamente técnico de intervenção, que apesar de importante, não é objeto desta pesquisa.
financiamento, registradas nas atas do CONARQ no período, são raras (apenas 7 vezes) e
intermitentes (uma, em 1995, outra em 1996, duas em 2001, duas em 2002 e uma em 2003),
Quadro 15
Cronologia dos registros em ata que relacionam preservação, políticas e financiamento
Ano Reunião Assunto
1 1995 4ª Preservação e prejuízos financeiros
2 1996 5ª Preservação e dotação orçamentária
3 24ª Preservação e obtenção de recursos financeiros
4 2001 24ª Preservação, política e obtenção de recursos financeiros
5 25ª Preservação, políticas públicas e linhas de financiamento
6 2002 25ª Preservação e políticas públicas
7 2003 29ª Preservação e investimentos a serem aplicados
Fonte: O autor.
assim tentar demonstrar a necessidade ou não de aumentar o valor das rubricas orçamentárias
para a preservação. No entanto, tal metodologia ainda não existe e sequer é motivo de
209
discussão. Usada nos relatórios financeiros para indicar o produto realizado (como visto na
seção anterior e como pode ser lido na próxima seção), a noção de “acervo preservado”
Célia Corsino, do IPHAN, organismo que viria a integrar o CONARQ representando o Poder
Executivo federal, e que participava dessa reunião como convidada, ponderou que “a questão
relativa à obtenção dos recursos é política”, e que o argumento a ser utilizado para a obtenção
desses recursos deveria ser a “preservação do acervo cultural, que é ação do governo por estar
de dezembro de 2001).
de 2002, ratificando, mais uma vez, a relação entre preservação, orçamento e política. Isso
ocorreu no momento em que foi discutida a constituição de uma Comissão Especial para
210
arquivos públicos.
público. No entanto, nas 15 atas seguintes, até 40ª reunião em dezembro de 2005, não há
qualquer registro que informe se essas linhas de financiamento foram obtidas ou não. Nem
“política”. No entanto, como é possível ler abaixo, essa relação é fruto de uma mera citação
aplicados visando à preservação dos acervos” (CONARQ, Ata da 29ª reunião – 19 de maio
As sete citações destacadas por esta pesquisa não apenas deixam clara a relação entre
contraditoriamente, a discussão sobre o tema não progride nas reuniões do CONARQ. Diga-se
a propósito, que a análise das atas das reuniões plenárias do CONARQ possibilitou perceber
uma certa tendência de o plenário não retomar as discussões sobre temas que ficaram
exclusivas das discussões sobre a preservação de acervos. Raras são as vezes que uma
Conselho lembrava que o CONARQ era “responsável pela definição da Política Nacional de
Paulo Lemos Machado [MARE], Célia Maria Leite Costa e Priscila Moraes Varella Fraiz
normativa, bem como articular e estimular ações que visem ao desenvolvimento da Política
para essas conselheiras, a Política Nacional de Arquivos estaria ainda por ser desenvolvida.
212
de que tal política ainda não havia sido até então formulada: “[...] desejando ao Arquivo
Nacional de Arquivos a ser desenvolvida em parceria com a sociedade”. A Ata registra que
colaborar nessa missão”. Assim, até o primeiro aniversário do CONARQ (dezembro de 1995),
data das manifestações acima, o plenário reconhecia que a Política Nacional de Arquivos
Estaduais, informou que nesse evento “foram divulgadas as ações desenvolvidas pelo
dos documentos produzidos e acumulados pela sua Câmara Municipal, nos séculos XVIII e
XIX, e que estavam sob a guarda do Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, consta
que
A frase contém uma das raras afirmações explícitas formuladas no CONARQ sobre o
que seria o objetivo de uma Política Nacional de Arquivos. Resta saber se, hoje, esse
Sobre esse aspecto, um parecer elaborado pela Conselheira Marisa Delapievi Rossi, da
[ABADI], ainda sobre a referida disputa pela custódia dos documentos de Ouro Preto,
interesse do município pela preservação de sua memória local, ser esta questão “de ordem
Muito mais do que uma indagação de ordem legal, doutrinária, técnica ou mesmo
política, a situação registrada na Ata indica as lacunas deixadas pela ausência de uma política
destaque em um ambiente onde uma política pública de arquivos não foi ainda formulada e
Mas esse tipo de contradição não é atípico, nem exclusivo das reuniões do CONARQ.
Em 2003, Jardim dizia que a legislação e as políticas públicas andam juntas e se influenciam
mutuamente e que muitas vezes são os processos políticos que ocasionam o surgimento de
alternativas legais.
Aspectos legais, doutrinários, técnicos e políticos são elementos distintos, mas formam
lembra que a instituição que custodiar o acervo terá que dispor, além de instalações adequadas
brasileiros, preocupados com a preservação de sua memória, o que pode ser interpretado
como um sinal da crescente expectativa social de uma Política Nacional de Arquivos, cuja
Conselheira Maria das Graças Nascimento, do STF, disse que “o presidente do STF está
sensível à questão documental e tem demonstrado toda a sua preocupação com a preservação
215
dos documentos” ao mesmo tempo em que a Conselheira Angela Castro Gomes, da SBPC,
propôs que o Fórum Nacional sobre Arquivos do Poder Judiciário desenvolva uma reflexão
“sobre o que é a própria Política Nacional de Arquivos”, sinalizando que a Política Nacional
de Arquivos, na interpretação do Poder Judiciário, no mínimo, não estava bem definida. Mais
Nacional de Arquivos já havia sido formulada e implementada e que era preciso, então,
apenas consolidar essa política e, de outro lado, que pareceres individuais de conselheiros
fariam parte de uma Política Nacional de Arquivos. Uma política nacional pode ser
presidente do CONARQ afirmou que a terceirização dos serviços de arquivos públicos não
encontra amparo legal, e que, para afirmar isso, baseou-se nos “aspectos legais vigentes, não
legais criados então seriam elementos importantes dessa construção, o que não confere com o
dados recolhidos.
Na Ata da 26ª reunião do CONARQ, de 3 de julho de 2002, sete anos e meio após a
transformado em órgão político e deixar de ser vinculado ao Arquivo Nacional, passando a ser
vinculado à Casa Civil da Presidência da República, sairia fortalecido como “órgão político e
de tal proposta que, para o seu presidente, o CONARQ não formulara a Política Nacional de
Arquivos por não ser um órgão político e por estar vinculado ao Arquivo Nacional. Contrária
CONARQ propôs então que o plenário estudasse a questão e que voltasse à discussão. Não foi
localizado nas atas analisadas qualquer registro de retomada da discussão. Mais uma vez, as
atas do CONARQ não revelam o desfecho para uma matéria de relevância como essa. Fica-se
sem saber se os estudos propostos pelo presidente foram realizados. E, em caso de terem sido
CONARQ, ao tratar do Decreto nº 4.553, de 2002, que dispõe sobre a salvaguarda de dados,
217
Estado, no âmbito da Administração Pública Federal, e dá outras providências, diz que entre
a Política Nacional de Arquivos já havia sido formulada, faltando, apenas, ser implementada.
Isso não confere com o que foi constatado nesta pesquisa. E, se o estudo das atas do
CONARQ indica que a Política Nacional de Arquivos não foi formulada, resta buscar nas
Entre 1995 e 2005, o CONARQ produziu vinte e duas resoluções, mas nenhuma
registradas nas resoluções do CONARQ em cada ano. Os algarismos entre parênteses indicam
Quadro 16
Totalização das expressões pesquisadas nas Resoluções do CONARQ
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total
(3) (2) (4) (0) (3) (0) (2) (1) (4) (2) (1)
Preserva
(cão/do/da) 5 0 0 0 0 0 0 0 2 8 0 15
Polític (o/a) 0 0 1 0 0 0 3 0 1 2 1 8
Totais 5 0 1 0 0 0 3 0 3 10 1 23
Fonte: O autor.
Em dois anos (1998 e 2000), nenhuma resolução foi emitida pelo CONARQ. Das 22
Quadro 17
Apresenta os assuntos das resoluções do CONARQ em vigor
Dispõe sobre Quantidade Resolução
Código de Classificação de Documentos e Tabela de Temporalidade 3 no 1, 14, 21
Eliminação de documentos 2 no 5, 7
CONARQ 2 no 3, 16
Transferência e recolhimento de acervos 1 no 2
Terceirização de serviços arquivísticos 1 no 6
Microfilmagem (sinaléticas ISO) 1 no 10
Política municipal de arquivos, construção de arquivos e websites 1 no 13
Arquivos privados 1 no 17
Documentos digitais 1 no 20
Avaliação de documentos de instituições de saúde 1 no 22
Documentos de empresas desestatizadas 1 no 19
Revoga resolução 1 no 15
Total 16
Fonte: O autor.
suas competências, a sua composição e as suas principais atividades. De acordo com esse
Confirma-se, seis anos mais tarde, o que Jardim constatou em 1999: a atuação do
política (JARDIM, 1999, p. 144), o que acaba refletido e expresso na inexistência da Política
219
preservação.
importante papel como órgão irradiador de normas, procedimentos e diretrizes técnicas que
país.
Diretoria-Geral
Gabinete da Diretoria-Geral
Coordenação de Gestão de Documentos - com a competência de
prestar orientação técnica a órgãos e entidades da Administração Pública
Federal quanto à implantação de programas de gestão, analisar códigos
de classificação, tabelas de temporalidade e destinação de documentos.
16
Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br>. Acesso em: 23 dez. 2006.
220
1995 e 2005 e sua respectiva análise possibilitaram conhecer, de uma maneira geral, as
identificar que tipo de dados e informações foi privilegiado pela instituição para constar de
seus relatórios anuais. A análise dos Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional teve por
pelo Arquivo Nacional e relatados pela instituição. Foram analisadas as versões finais 17 dos
17
Conforme a assistente da direção-geral do AN, Maria Elisa Bustamante.
221
Optou-se por apresentar, inicialmente, um panorama geral dos relatórios, com os tipos
de estrutura utilizados e os principais elementos que os compõem 18, para somente então expor
aquelas atividades e dados considerados relevantes para esta pesquisa. Tal panorama
possibilita que se tenha uma noção de todos os temas abordados nos relatórios, as
classificações adotadas e as alterações que a estrutura dos relatórios sofreu ao longo do tempo.
A configuração dos onze Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional analisados varia entre
2. ASSISTÊNCIA TÉCNICA
3. GESTÃO DE DOCUMENTOS
3.1 Subprograma Gestão de Documentos Federais
3.2 Subprograma Avaliação e Seleção de Documentos
3.3 Subprograma Entrada de Documentos
6. CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS
18
Foram desconsiderados itens dos relatórios como Sumário, Apresentação, Introdução, Histórico da Instituição,
Missão etc.
222
8. SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS
8.1 Subprograma Segurança, Manutenção e Melhorias das Instalações
8.2 Subprograma Ampliação da área de Estocagem
8.3 Subprograma Gestão de Recursos Humanos
4. AÇÕES INSTITUCIONAIS
4.1 Preservação do Acervo (em 2000) e Preservação do Acervo Documental de
Interesse Público (em 2001)
4.2 Implantação de Sistema de Informações Arquivísticas
4.3 Capacitação de Recursos Humanos na Área de Informação Documental
4.4 Reaparelhamento do Arquivo Nacional
4.5 Sistema de Atendimento ao Usuário
4.6 Restauração do conjunto Arquitetônico Tombado
4.7 Divulgação do Acervo Documental
5. SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS
No item “5. Serviços Administrativos” do relatório de 2001, pela primeira vez foram
Execução Financeira. Por outro lado, o item intitulado “Política Nacional de Arquivos”,
existente nos relatórios dos quatro anos anteriores, não consta dos relatórios de 2000 e 2001.
3. AÇÕES ADMINISTRATIVAS
Não há dados da Execução Financeira nos relatórios de 2002, 2003 e 2004. Os dados
Nacional 19. Neste relatório, todas as atividades desenvolvidas pelo Arquivo Nacional estão
Governamental” que, por sua vez, está subdividido em “Ações Institucionais Orçamentárias”
2. OBJETIVOS E METAS
2.1 PROGRAMA: 1030 - DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À
INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA GOVERNAMENTAL
2.1.1 - Ações Institucionais Orçamentárias
Ação: 2810 – Preservação do acervo nacional
Ação: 4900 – Capacitação de recursos humanos na área de informação
documental
Ação: 4282 – Sistema de atendimento ao usuário
Ação: 2272 – Gestão e administração do programa
19
Disponível em: <http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/Relatoriodeatividades2005.pdf>. Acesso
em: 29 mar. 2007.
224
AN consideram a preservação como uma das linhas de ação do Arquivo Nacional, cujas
particularidades sobressaem.
relatadas como do SINAR se referem a atividades do CONARQ, apesar deste constar em item
normas 20 que foram produzidas pelo CONARQ ou por suas Câmaras Técnicas. Tais
resoluções e normas emitidas pelo CONARQ foram consideradas pelo relatório como de
Relatório de Atividades de 1995, p. 1/40) 21 Entretanto, o relatório não explica ou justifica por
20
Resoluções no 1, 2 e 3 e Código de Classificação e Tabela de Temporalidade da Atividade-meio da
Administração Pública.
21
Os Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional, disponibilizados para esta pesquisa, têm duas numerações
de páginas: a original, impressa, iniciada a cada relatório; e uma atribuída posteriormente, manuscrita, e que
numera em seqüência contínua todas as páginas de todos os relatórios (1995 a 2005) de 1 a 348. Optou-se,
neste trabalho, fazer referência às duas numerações separadas por uma barra, onde o primeiro algarismo é o da
página original e o segundo, a numeração atribuída posteriormente à subsérie arquivística.
225
que o CONARQ aparece sob a rubrica do SINAR, nem por que essas resoluções e normas
relatório, para implementar tal política, o Arquivo Nacional teria “amparo legal para
desenvolver amplo programa de ação técnica junto aos órgãos e entidades da Administração
Pública Federal” para orientar no gerenciamento de seus arquivos. Mais adiante, o relatório
registra que o Arquivo Nacional tem, como a sua primeira linha de ação, a “interveniência
que essa política já existia então, necessitando apenas ser acompanhada. Como se tem tentado
demonstrar, ainda hoje não há uma Política Nacional de Arquivos; (2) o relatório não faz
Política Nacional de Arquivos, o que torna inevitável questionar se são políticas diferentes ou
não.
Arquivos”, o relatório ratificou que “as ações com vistas à consolidação da Política Nacional
Nos relatórios de 1997 e de 1998 não foram percebidos quaisquer fatos que
um Plano Plurianual para informar que as ações e projetos implementados pelo Arquivo
Internacionais;
Em todos os onze relatórios analisados, esta foi a única menção feita ao Programa
Brasil Patrimônio Cultural. No item sobre a Política Nacional de Arquivos, informa-se que o
CONARQ funciona
22
Estas foram atividades do Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos – CPBA, fruto da
cooperação interinstitucional entre o Arquivo Nacional, FUNARTE, Fundação Getulio Vargas, com
financiamento da Fundação Vitae, do Brasil e a The Andrew Mellon Fundation e a Commission on
Preservation and Access, dos Estados Unidos.
227
que o CONARQ, por meio de suas Câmaras Técnicas e Comissões Especiais, produziu “uma
existência de tal política. Informa ainda que o Arquivo Nacional tem investido na sua
nos informem, via WEB, dados estratégicos sobre os acervos públicos por eles gerados e
política federal de arquivos.” Frisa que outra estratégia importante para a “consolidação de
anual, “via WEB”, do Cadastro Nacional de Arquivos Federais. Mesmo assim, o diretor-geral
área de informática não foram desenvolvidos, entre outros fatores, por questões
acervo é considerada como uma atividade que “visa à gestão de documentos junto aos órgãos
procedimentos da gestão de documentos, ainda que na Lei no 8.159 conste de modo diferente.
orçamentária”. Em relação ao CONARQ, este é citado uma única vez no relatório para
para Implantação de uma Política Municipal de Arquivos: o arquivo municipal a serviço dos
cidadãos, aprovado e distribuído pelo CONARQ como uma “estratégia para a divulgação do
tema junto às Prefeituras e Câmaras de Vereadores dos mais de 5.507 municípios brasileiros,
importância dos recursos orçamentários para o alcance dos objetivos traçados, e depois, que
Documental de Interesse Público, o relatório assinala que “os recursos investidos priorizaram
laboratório de digitalização de imagens” e alerta que os “dados físicos previstos para essa
atividade no PPA 2000/2003 foram subestimados quando este foi elaborado, em 1999”
Ou seja, em 1999, quando o PPA 2000/2003 foi concebido, previu-se preservar 9.500
documentos em 4 anos (de 2000 a 2003) a um custo total previsto para os 4 anos do PPA de
relatório do Arquivo Nacional, apenas nos dois primeiros anos do PPA (2000 e 2001) foram
inicialmente previstos, para o que foram gastos R$ 946.262,00 (novecentos e quarenta e seis
mil duzentos e sessenta e dois reais), ou seja, 296,54% a mais do que os R$ 319.106,00
(trezentos e dezenove mil cento e seis reais) previstos. Se for considerado somente o ano de
2001, a discrepância dos números apresentados é ainda maior. Segundo o relatório, em 2001
recursos financeiros inicialmente previstos para a preservação dos 2.100 documentos era de
R$ 263.478,00 (duzentos e sessenta e três mil quatrocentos e setenta e oito reais). Entretanto,
segundo o relatório, foram gastos R$ 246.958,83 (duzentos e quarenta e seis mil novecentos e
cinqüenta e oito reais e oitenta e três centavos), o que significa que foram utilizados cerca de
23
Segundo o relatório, em 2001, o Arquivo Nacional tinha 286 funcionários ativos (11 funcionários a menos que
em 2000), sendo 3 arquivistas, 11 técnicos de arquivo e 43 agentes administrativos. (ARQUIVO
NACIONAL, 2001, p. 13-15).
230
(dezesseis mil quinhentos e dezenove reais e dezessete centavos) a menos do que o previsto.
Ou seja, o relatório informa que, em 2001, apesar de se ter “preservado” 398.696 documentos
O alerta feito pelo Arquivo Nacional de que os dados “foram subestimados” minimiza
a questão, uma vez que a dimensão e a proporção das diferenças é muito grande, como
Além disso, os relatórios do Arquivo Nacional são documentos públicos e para o consulente
Quadro 18
A ação “Preservação do Acervo Documental de Interesse Público” 2000 e 2001 no Plano Plurianual 2000-2003
Previsto Realizado
Físico/Documentos Financeiro/Reais Físico/Documentos Financeiro/Reais
1.928 699.303,17
2000 2.000 55.628,00 - 3,6 % + 1.157,10 %
400.796 246.958,83
2001 2.100 263.478,00 + 19.085 % - 6,27 %
402.724 946.262,00
2000-2001 4.100 319.106,00 + 4.239,20 % +296,54 %
Fonte: O autor.
suplementado com financiamentos via Mecenato obtidos por convênios entre o Ministério da
3/220) uma vez que o acesso aos documentos passaria a ser feito pelas reproduções
24
A respeito desse assunto, ver a seção 7 desta tese.
231
No entanto, os relatórios não informam se isso foi efetivamente alcançado, nem qual a
proporção do acervo está disponível para ser acessado por meio de reproduções
microfilmadas e digitalizadas.
distribuídos:
25
Observou-se que a soma das parcelas e o total apresentado pelo Relatório do AN não conferem. A totalização
das parcelas que constam do relatório resulta em R$ 29.366.545,00, uma diferença a menos de R$ 963.000,00
(ARQUIVO NACIONAL, 2002, p.16/250).
232
relação a uma possível Política Nacional de Arquivos, uma vez que o Censo refere-se a
Arquivo Nacional; considerando que essa ação tem por “objetivo a realização de eventos
provocados pelas lacunas deixadas pela não formulação e implementação da Política Nacional
de Arquivos.
233
2003 que tem, entre outras finalidades, “preservar o patrimônio documental arquivístico da
administração pública federal”. O SIGA, da mesma forma que o CONARQ, é presidido pelo
diretor-geral do AN. Assim, três organismos passam a orbitar o Arquivo Nacional: o Sistema
seja, o órgão central do SINAR é o CONARQ. O CONARQ, por sua vez, é vinculado ao
Arquivo Nacional e presidido pelo diretor-geral do Arquivo Nacional que, em 2004, passa
também o órgão central. Assim, o Arquivo Nacional centraliza poder e influência sobre os
três principais organismos existentes no Brasil para tratar da questão dos arquivos públicos
centro dessas órbitas? Como visto anteriormente, o próprio diretor-geral do Arquivo Nacional,
26
Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>.
Acesso em: 27 mar. 2007. p. 70.
234
Neste item, o relatório de 2004 informa ainda que a Lei no 11.010, de 17 de dezembro
transporte aos servidores do Arquivo Nacional.”. Essa decisão exige que se pergunte quais os
critérios que levaram a essa escolha e decisão? Por que a rubrica escolhida foi a de
Preservação do Acervo? Isso significa que há excesso de recursos para a preservação ou então
onde consta que a ação “reúne uma série de atividades que visam criar condições técnicas que
27
A respeito desse aspecto, ver a seção 7 desta tese.
235
das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura – UNESCO, mas alerta que
Mesmo assim, os dados são realistas e proporcionais, o que não ocorreu em 2001,
(oitocentos e noventa e dois mil duzentos e quarenta e quatro reais), 92,75% do total previsto
de R$ 961.956,00.
relatadas em “Ações institucionais não orçamentárias”, o relatório informa que a Ação 2272 –
236
financeiro para que sejam empreendidas atividades de suma importância para a instituição
como as executadas pelo Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ, seu Plenário e suas
Câmaras Técnicas e Setoriais;” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 13/330). Esta foi a única
referência encontrada em todos os estudos feitos e documentos analisados nesta pesquisa que
Por fim, o relatório registra que o total da dotação orçamentária do AN em 2005 foi de
Dotação orçamentária
(Lei no 11.100 de 25/01/2005): R$ 25.092.544,00
Crédito suplementar para remuneração de
pessoal (Decreto de 26/10/2005): R$ 1.015.000,00
Crédito suplementar para remuneração de
pessoal (Decreto de 03/11/2005): R$ 1.832,00
(ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2005, p. 13/330
e p. 14/331)
Mais uma vez, ressente-se a falta de detalhes sobre a destinação e aplicação de verbas
específicas, inter-relacionadas, retomadas aqui em vista de sua relevância para esta tese.
28
Mesmo não estando explícito no relatório, é possível se deduzir que a Ação 2272 refere-se à gestão e
administração do Programa 1030 – Democratização do Acesso à Informação Arquivística Governamental que
encerra e engloba todas as atividades do AN desenvolvidas em 2005 e apresentadas no respectivo Relatório de
Atividades.
29
Novamente, há um erro na soma, pois o total das parcelas apresentadas resulta em R$ 26.109.376,00, uma
diferença de menos R$ 403,00 (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2005, p. 13/330 e p.
14/331).
237
que envolve escolhas e decisões políticas. Embora essa maneira de se posicionar na arena
política não seja necessariamente improdutiva, é preciso considerar que os discursos carregam
consigo doses de conteúdo ideológico que, muitas vezes, acabam por contaminar as próprias
ações que se está discutindo. Isso foi constatado nas atas do CONARQ quando diversas vezes
as falas sugerem a existência de uma Política Nacional de Arquivos, muitas vezes referindo-se
a ela como se efetivamente existisse. De fato, na ausência de tal política, o CONARQ acaba
A iniciativa da Câmara Técnica do CONARQ que formulou a referida carta é elogiável. Essa
era e é a sua competência, e o papel regimentar assumido foi cumprido. O problema é que
uma ação desse tipo, com um razoável grau de visibilidade e glamour, tende a se sobrepor à
esforços para outras ações e confirmando a preferência do CONARQ por ações de sentido
assistencialista, acima referido. Continua-se, dessa forma, preso a estratégias do tipo “apaga
incêndio” com prejuízo dos debates e esforços para a formulação da Política Nacional de
técnicas de produção.
quantificação dos itens tratados. Os relatórios não registraram, explicitamente, relações entre
públicas arquivísticas. Raras foram as referências aos programas que constam do Orçamento
Finais” 30, nos quais o diretor-geral do Arquivo Nacional relata, na primeira pessoa do
singular, suas impressões sobre as atividades institucionais desenvolvidas. Em três dos onze
relatórios (1997, 1999 e 2000), produzidos com o Arquivo Nacional ainda sob a hierarquia do
Nesse sentido, algumas questões tomaram forma no decorrer da análise. Ainda que
entrevistas.
Assim, indaga-se:
30
O item “Considerações Finais” do Relatório de 1997 está em branco.
239
• Se não há uma Política Nacional de Arquivos no Brasil, por que não há, após 13
formulou a Política Nacional de Arquivos por que ser um órgão técnico e não
atuação política?
pública de arquivo?
na próxima seção desta tese, trataram de buscar esclarecimentos para algumas dessas lacunas
e dúvidas.
7 AS ENTREVISTAS
Cada qual é livre para dizer o que quer, mas sob a condição de
ser compreendido por aquele a quem se dirija. A linguagem é
comunicação, e nada é comunicável se o discurso não é
compreendido. Toda mensagem deve ser inteligível.
Jean Cohen, Structure du langage poétique
“lado de dentro” em relação às atividades e decisões tomadas nas respectivas instituições onde
atento, de modo que as suas intervenções provoquem reações que tragam elementos de análise
não ser inteiramente aberta, nem com grande número de perguntas precisas, mas sim
segundo Powney e Watts, da entrevista clínica, pois ambas são orientadas para a resposta, isto
que as entrevistas se desenrolam, a revelação que lhe permita testar as hipóteses que
Nesta tese, foram entrevistados cinco profissionais que tiveram participação nos
processos decisórios do CONARQ e/ou do Arquivo Nacional entre 1995 e 2005. São eles 1:
14/11/2007, das 16h às 17h20 (80 minutos) na sede do Arquivo Nacional, no Rio de
Janeiro;
• Célia Maria Leite Costa (CMC): conselheira do CONARQ entre 1995 e 2006,
Vargas do Rio de Janeiro na quota das instituições que congregam profissionais que
1
As siglas entre parênteses reúnem as iniciais dos nomes dos entrevistados e identificam as falas citadas mais à
frente.
242
Entrevista realizada em 21/11/2007, das 14h20 às 14h58 (38 minutos) na sede Lapa do
• Marilena Leite Paes (MLP): foi assessora do diretor-geral do Arquivo Nacional para a
em 13/11/2007, das 10h45 às 11h35 (50 minutos), em sua residência particular, no Rio
de Janeiro;
mestre em Memória Social - Entrevista feita em 22/11/2007, das 14h15 às 15h17 (62
temporal da pesquisa.
representante da sociedade civil, tendo sido o segundo conselheiro com maior freqüência 2
(48,6%) nas reuniões plenárias do CONARQ. Marilena Leite Paes, o quarto entrevistado,
além de ter atuado como assessora da direção-geral do Arquivo Nacional para a implantação
plenárias do CONARQ estudadas pela pesquisa, seja secretariando as reuniões, seja redigindo
O tempo total das entrevistas foi de 5h26min de gravação, o que dá, em média, pouco
mais de uma hora (1h05min) por entrevistado. Foi produzido um roteiro norteador que desse
se procurando saber de quatro dos entrevistados (um dos entrevistados não havia
atuado no CONARQ) se, no seu entendimento, o CONARQ havia cumprido com a sua
2
Para conhecer a freqüência dos conselheiros, ver o Quadro 14 na página 207 desta tese.
3
As perguntas e a íntegra de cada uma das entrevistas encontram-se no Apêndice I desta tese.
244
públicas,
federal brasileiro do ponto de vista de sua preservação, bem como sobre a mudança da
A seguir, apresenta-se o que se obteve dos entrevistados: o que dizem e fazem; o que
Política Nacional de Arquivos, quatro dos entrevistados iniciaram suas respostas falando
para, logo a seguir, manifestarem insatisfação em relação ao modo com que foi implantado o
CONARQ. Isto é, na visão dos entrevistados, o CONARQ teria sido concebido originalmente
como um órgão de natureza política, subordinado à Casa Civil, mas foi implantado com um
Nacional de Arquivos. Essa questão volta à discussão quase oito anos depois da implantação
do CONARQ. O plenário não chega a uma conclusão, e o presidente propõe que se analise o
problema. Transparece das falas que a inexistência de tal rubrica orçamentária determina a
Ou seja, quando perguntados se o CONARQ havia cumprido com sua função regimentar de
4
Ata da 26ª reunião do CONARQ – 3 de julho de 2002.
247
orçamento e estrutura operacional próprios, não opera satisfatoriamente, isto é, não formula a
E eu acho que nós temos de ter uma outra estrutura no CONARQ para
trabalhar. Eu senti uma enorme dificuldade depois que eu saí do
Arquivo Nacional para continuar trabalhando. Em vários momentos
eu sugeri que a presidência [da Câmara Técnica de Conservação de
Documentos] do CONARQ voltasse para uma pessoa de dentro do
Arquivo Nacional [...] Eu poderia colaborar perfeitamente como
membro da Câmara Técnica, mas, como presidente, não estando
dentro do Arquivo, eu não tenho mais acesso a uma série de
facilidades que eu tinha antes para levar esse trabalho à frente. [...] Eu
acho que a estrutura não é adequada. Não é satisfatória. A gente não
tem o apoio. Nós estamos realmente trabalhando com orçamento zero.
É o meu e-mail, é o meu telefone, é o meu papel, é tudo meu, meu e
dos meus colegas [de Câmara Técnica] [...] Se o CONARQ é
nacional, ele deveria ter uma estrutura diferente, de não estar só com o
apoio do Arquivo Nacional. (IB)
(resoluções, normas, portarias, consultorias). No entanto, essa não é a questão. O que está em
há uma lei que determina que o CONARQ formule a Política Nacional de Arquivos e que o
Ainda que não tenha cumprido a sua principal finalidade regimentar, isto é, a de
CONARQ tem de definir a Política Nacional de Arquivo e não a base dessa política.
De uma maneira geral, as falas obtidas com as entrevistas manifestam uma posição
bastante próxima da constatada nos registros textuais das atas das reuniões plenárias do
Conselho, analisadas na seção anterior desta tese. As falas dos entrevistados oscilam entre o
para as conseqüências dessa lacuna. Isto é, não afirmam explicitamente que não há uma
condição.
Essa é uma pergunta que não está acabada. Acho que esta pergunta
não está pronta para ser respondida. [...] Eu estou colecionando
definições sobre política. [...] Eu já tenho em casa algumas definições.
[...] Porque até hoje eu não consegui achar nenhuma definição que me
satisfizesse. Por que? A gente abre a televisão e você vê... qualquer
coisa neste país que está com dificuldade, que é difícil, que não anda,
eles dizem que é falta de uma política de. Então, você não tem uma
política de transporte, por isso que as estradas estão do jeito que estão,
você não tem uma política de educação, por isso que a educação está
250
nessa situação, não tem política de saúde, por isso a saúde está
péssima... Tudo o que não dá certo, é por que falta uma política. Aí eu
pergunto: o que é política? Por isso é que eu estou colecionando.
(MLP)
Arquivos, tais como: a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, aprovada pela Portaria
n.o 710, de 10 de junho de 1999, do Ministério da Saúde 5; a Política Nacional de Defesa Civil
Política Nacional de Museus – memória e cidadania 10, entre outras. No exterior, os Arquivos
Nacionais do Reino Unido 11, (Austrália 12 e Canadá 13) e da Nova Zelândia 14 possuem material
5
Disponível em: <http://sisvan.datasus.gov.br/documentos_sisvan/pnan.pdf> ou em: <http://www.anvisa.gov.br/
legis/portarias/710_99.pdf>. Acesso em 23 out. 2007.
6
Disponível em:
<http://www.defesacivil.gov.br/download/download.asp?endereco=/publicacoes/publicacoes/pndc.pdf&nome_
arquivo=pndc.pdf>. Acesso em 23 out. 2007.
7
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/institucional/conselhos1/conselho-nacional-de-assistencia-social-cnas-
1/resolveUid/775358a172747cc5b2ec731e9e898027>. Acesso em: 23 out. 2007.
8
Disponível em:
<http://www.integracao.gov.br/download/download.asp?endereco=/pdf/desenvolvimentoregional/pndr.pdf&no
me_arquivo=pndr.pdf>. Acesso em: 23 out. 2007.
9
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/decreto/D3505.htm>. Acesso em: 28 out. 2007.
10
Disponível em: <http://www.museus.gov.br/politica_apresentacao.htm>. Acesso em: 07 ago. 2007.
11
Disponível em: <http://www.nationalarchives.gov.uk/documents/preservation_pol.pdf>. Acesso em: 22 nov.
2007.
12
Disponível em: <http://www.naa.gov.au/images/naa%20rk_policy%202005_tcm2-4905.pdf>. Acesso em: 22
nov. 2007.
13
Disponível em: <http://www.collectionscanada.gc.ca/preservation/1304_e.html>. Acesso em: 22 nov. 2007.
<http://www.collectionscanada.gc.ca/preservation/1304/docs/preservationpolicy_e.pdf>.
Acesso em: 22 nov. 2007.
<http://www.tbs-sct.gc.ca/pubs_pol/ciopubs/tb_gih/pim-pgi01_e.asp#pim-pgi1>. Acesso em:
22 nov. 2007.
14
Disponível em: <http://www.natlib.govt.nz/about-us/policies-strategy/our-policy-about-preservation>. Acesso
em: 22 nov. 2007.
251
desejo dos indivíduos envolvidos no esforço de melhorar a situação dos acervos arquivísticos
no Brasil.
necessariamente, às políticas, mas que este tema é ainda pouco explorado e compreendido, e
(como registrado anteriormente nesta tese) acabam refletidas nos depoimentos dos
política, preservação, gestão, que aqui se está tratando, acaba por reduzir as possibilidades de
do Poder Executivo federal brasileiro. No entanto, o diagnóstico de qualquer situação pode ser
entendido como o primeiro passo para a reversão dos problemas de uma área. Em outras
Os três subitens a seguir reúnem trechos das falas dos entrevistados sobre o conceito e
dos entrevistados. É o que se constata na falas. Mesmo que tratada com relativa imprecisão, a
254
preservação é percebida como uma necessidade. No entanto, essa percepção não tem sido
dessa informação, por exigir continuidade e alcance a longo prazo, terá mais possibilidades de
sucesso se implementada no escopo de uma política pública perene, ainda que dinâmica. No
processo que envolve a formulação e implementação de uma política pública de arquivos que
certo grau de precisão é uma das condições iniciais. No entanto, verificou-se que, mesmo na
é a palavra usada pelo entrevistado). Isto é, a preservação em seu sentido amplo, que reúne
as pessoas envolvidas têm de influenciar nas decisões, tanto nas escolhas técnicas, como, e
considerado pelo entrevistado ainda mais importante quando trata-se de preservar acervos
arquivísticos.
Nesse sentido, um dos aspectos que necessita ainda ser mais bem explorado é
tratamento físico dos suportes; e, de outro, ela permanece restrita aos arquivos permanentes (a
15
O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística define ciclo vital de documentos como as “Sucessivas
fases por que passam os documentos de um arquivo, da sua produção à guarda permanente ou eliminação”
(ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 47).
258
longo prazo da informação arquivística digital somente tem alguma chance de acontecer se as
documentos).
registro.
procedimentos da gestão de documentos, mas também reconhecem que isso não é explicitado.
Eu não sei te dizer por que a palavra [preservação] não aparece, mas
se você for pegar cada uma [resoluções e portarias do CONARQ],
certamente, a preservação vai estar presente. [...] A preservação está
presente em tudo. Se você for ler os capítulos das leis, dos decretos,
está lá: preservar a informação, etc e tal... creio eu. Não precisa estar
no enunciado... acho eu. Porque, no final das contas, tudo isso que se
faz visa a preservar. [...] É, de fato, eu não sei te dizer por que [a
preservação] não aparece explicitamente. Eu sei que a preocupação
está presente. Por que você faz isso tudo? É claro que é para preservar.
[...] Eu estaria mentido se eu dissesse que essa questão, do jeito que
você está explicitando, tenha sido uma preocupação minha em algum
momento. Está tão embutido na minha cabeça. Eu estou dizendo que
260
como um procedimento da gestão de documentos e que ainda não esteja implantada como
prática cotidiana dos setores de arquivos correntes das instituições do governo federal
a reproduzir o que foi dito sobre a relação entre preservação e gestão de documentos. A
relação é reconhecida pelos entrevistados, embora não esteja explicitada. Isto é, para os
Então você veja que isso é uma coisa que a gente vê muito também
como um reflexo do que é o CIA, que também publica, tem as suas
Câmaras Técnicas para preparar os manuais de boas práticas. E isto
pode ser muito importante, desde que você tenha, antes disso, uma
política institucional. Se não, você não consegue nem implementar
isso. [...] Preservação, então, passa a ser apenas possível se você tem
um planejamento. Um planejamento abrangendo todos os tipos de
acervos, as urgências em cima das fragilidades, fator risco, fator
segurança, fator risco de perda de informação... Então, em cima disso
você tem que ter um plano de ações, uma conversa conjunta, um
acordo conjunto do planejamento... Isso aí, você só consegue fazer se
você tem uma política institucional. O programa institucional só vai
acontecer no momento em que você tiver uma política implementada.
Então, você acha que deveria o CONARQ parar toda essa parte da
prática do bom fazer e pensar, talvez, em trabalhar em política,
discutir uma política [...] A preservação está dentro da Política
Nacional de Arquivos. [...] Mas eu acho que ainda nos falta em todos,
em todos os setores da Câmara Técnica falta exatamente essa questão
da política. Eu acho que isso tem que ser muito bem enfatizado. (IB)
entre preservação e políticas públicas de arquivo e, ainda que não literalmente, indicam que
tais políticas também não existem. Na ausência de políticas públicas, a preservação restringe-
e a longo prazo.
expressão reflete a realidade dos fatos. Essa preocupação decorre do entendimento que a
passagem do tempo e o uso social dos acervos impossibilita que um conjunto documental seja
dado como “preservado”. As implicações de um entendimento desse tipo são muitas, mas no
possa ser dado como “preservado” pode levar à compreensão de que, tendo-se alcançado o
objetivo de produzir um “acervo preservado” (como consta dos relatórios), não haja mais
Existe aí, também uma questão conceitual, que foi também o que me
mobilizou a fazer o mestrado, que foi uma busca de uma linguagem
comum, que não existe até hoje no Arquivo Nacional. As pessoas
continuam se referindo à área de preservação como sendo restauração,
como sendo conservação... Quer dizer, as pessoas não sabem
exatamente como aplicar adequadamente o conceito. Eu concordo
com você que o documento preservado é um termo muito “megalô”,
porque o “preservar” é aquela história que eu discuto na minha
dissertação, é o “para sempre” e o “para sempre” não existe. Então, na
verdade, esse conceito de sustentabilidade me parece bem porque ele
denota uma continuidade, um processo, uma coisa que está sempre em
curso. Eu acho que é a Conservação Preventiva que nos dá esse
fôlego. [...] Durante muitos anos, os nossos relatórios eram numéricos,
eram quantitativos. Ainda é assim, mas você já consegue explicitar
melhor no que consiste aquele trabalho. Quando você dá uma palestra
para conscientizar os funcionários que eles não devem se alimentar
nas salas de trabalho, não devem fumar no interior do edifício, que
eles devem observar se tem algum tipo de contaminação, avisar a
área... Isso tudo é trabalho que você não quantifica em itens de
documentos preservados. Isso é uma questão que é do próprio governo
federal que, desde o Fernando Henrique, estipulou uma metodologia
de planejamento, o famoso Plano Plurianual, que é como uma camisa
de força que agente tem de se encaixar ali. (ACH)
Resolução no 14, de 24 de outubro de 2001 17, que dispõe sobre o Código de Classificação é
brasileiro.
preservação como uma função arquivística vinculada à gestão de documentos, aplicada desde
os arquivos correntes e não destinada exclusivamente aos documentos recolhidos aos arquivos
permanentes.
16
“Dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública:
Atividades-Meio, a ser adotado como um modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR., e aprova os prazos de guarda e a destinação de
documentos estabelecidos na Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo
Relativos às Atividades-Meio da Administração Pública.”
17
“Aprova a versão revisada e ampliada da Resolução nº 4, de 28 de março de 1996, que dispõe sobre o Código
de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública: Atividades-Meio, a ser adotado
como modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos
(SINAR), e os prazos de guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela Básica de
Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos as Atividades-Meio da Administração
Pública.”
265
Por que a meta era isso: ‘Livre-se dos fungos, livre-se dos ácaros,
antes. Se você não pode ter ambiente empoeirado, não tem mais
espaço, microfilme que os seus arquivos estão organizados’. O que era
um blefe, mas, tudo o que é ‘muderno’ em tecnologia, o administrador
embarca, como se aquilo fosse a panacéia de todos os males e
resolução de todos os problemas. Como acontece, também, com o uso
da digitalização, que é o mesmo processo. [...] O que é melhor para a
preservação? O que é melhor para a retenção e preservação do
acervo? E o que é melhor em termo de custo/benefício para a própria
administração? [...] O que a gente vem percebendo, é que
progressivamente, os ministérios começam a implantar os seus
programas de gestão documental, alguns mais avançados, outros
menos. (JAS)
intervenção bem sucedida, ainda que a preservação, estrito senso, não esteja entre os
como classificação e avaliação, mas a preservação nos arquivos correntes não é mencionada.
Executivo federal.
Ao mesmo tempo em que se confirma uma nova posição do Arquivo Nacional, surgem
que vão desde o uso de novas tecnologias, de formação de uma mentalidade mais engajada,
Olha, eu acho que isso ainda não está resolvido, não só no âmbito do
Arquivo Nacional, mas em termos da tecnologia em si. Nós temos
hoje um sistema de armazenamento que é o ponto vulnerável de
qualquer projeto, de qualquer programa de digitalização, que é o
armazenamento. [...] Existe uma falta de visão dos nossos
governantes. Acho que o Arquivo Nacional tem sido bastante pró-
ativo, em se fazer visível, em se fazer reconhecido. Acho que existe
um trabalho, um crescimento institucional muito grande do Arquivo
Nacional nos últimos anos, mas, de forma alguma, ainda não é
suficiente para nada. [...] O que realmente impressiona, é o charme
que é a preservação, o charme que é o Arquivo Nacional, cada visita
que vem aqui, de ministros a Clara Sverner [pianista famosa], todos
ficam absolutamente encantados com essa coisa da memória... Tem
um apego das pessoas a esse trabalho da gente, existe toda uma magia
que cerca o Arquivo Nacional... Mas eu acho que aquele projeto de
modernização, que foi tão falado na época da Celina Vargas [diretora-
geral do Arquivo Nacional entre 1980 e 1990] ainda não alcançou a
cabeça das pessoas, a forma de trabalhar, os métodos... Isso não é uma
questão do Arquivo Nacional... Eu acho que existe uma grande crise
nas instituições... [...] Falta um novo modelo de gestão. Não estou
falando de Arquivo Nacional, estou falando em termos, realmente, de
Brasil. (ACH)
267
Federal é apontado como um fator diferencial, capaz de concretizar o que não foi conseguido
até então, uma vez que é entendido como um elemento catalisador da Lei no 8.159.
para equacionar a questão dos arquivos: o Arquivo Nacional e o SIGA – Sistema de Gestão de
arquivística do governo federal do Brasil avance. Entretanto, a simples criação de mais uma
estrutura governamental não tem se mostrado a melhor solução para enfrentar o problema.
prazo. Do ponto de vista dos dois especialistas em preservação, o orçamento público é tido
como uma condição inicial para a preservação e entendido como um processo que não admite
interrupções.
Você veja, nos EUA, o Arquivo Nacional dos EUA, toda a questão
normativa está dentro do Arquivo Nacional dos EUA. O Arquivo
Nacional dos EUA assina os termos de qualidade técnica dos serviços,
ele é responsável pela normalização. Eu acho que o Arquivo Nacional
[do Brasil] poderia fazer isso no âmbito federal, desde que ele tivesse
realmente um orçamento, uma estrutura mais adequada para isso. [...]
O orçamento não é entendido para a preservação como um orçamento
que cuida da questão profilática, o orçamento não é planejado, no
sentido da preservação, no sentido da profilaxia... Porque, no Brasil,
com essas condições, só é aceitável um investimento de preservação
na forma de profilaxia. Eu estou me referindo à conservação
preventiva, mesmo. Só ela é possível economicamente, ela tem um
resultado, um benefício, uma eficácia a longo prazo, muito mais
justificável... Ela só implementada a partir de um planejamento que
depende de uma política estabelecida. (IB)
orçamentários destinados ao Arquivo Nacional para a preservação do acervo sob sua custódia,
dois depoimentos são significativos para se entender a aplicação dos recursos financeiros
destinado ao AN. No primeiro caso, mais genérico, aparece o problema da forma como os
recursos devem ser aplicados, o que nem sempre atende às expectativas da área.
Em outra situação, mais específica, mas que também remete a um certo grau de
de acervos acabam sendo remanejados para atender outras demandas fora dessa área18, revela-
18
O Relatório de Atividades do Arquivo Nacional de 2004, à página 35/315, registra que R$ 113.000,00 foram
remanejados da atividade Preservação do Acervo para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos
servidores do Arquivo Nacional (Lei no 11.010 de 17 de dezembro de 2004, que aprovou um crédito
suplementar nesse valor).
270
salto gigantesco de mais de dezenove mil por cento19 na previsão inicial para a preservação de
19
A esse respeito, ver página 230 desta tese.
271
status do Arquivo Nacional quando subordinado ao Ministério da Justiça e depois, sob a Casa
Para dois dos entrevistados, ao passar para a estrutura da Casa Civil, o Arquivo ganha
Eu não tenho dúvida, como já não tinha na década de 80, que uma
instituição se projeta se ela está no centro do comando, junto com
quem tem poder, para bater na chapa e dizer: é isso. [...] aqui [na Casa
Civil], o Arquivo promove a gestão, e isso é um braço importante
político para a própria Casa Civil, na medida em que o Arquivo tem
tentáculos em todos os ministérios. (JAS)
Mas é o aumento nas verbas orçamentárias o elemento mais citado na análise da sua
os entrevistados chamaram atenção para o avanço nas técnicas, nas operações e na legislação
arquivísticas nas últimas décadas. No entanto, esses avanços não têm sido suficientes para
e nem eximem o CONARQ de cumprir a lei, isto é, formular a Política Nacional de Arquivos.
8 REFLEXÕES FINAIS
significa entrar em uma área de pouca visibilidade. Mais problemático ainda é abordar essa
CONARQ e do Arquivo Nacional, entre 1995 e 2005, terá possibilidades de ser alcançada a
todo, porque capaz de dar acesso a longo prazo à informação arquivística governamental,
Em vista dos objetivos traçados nesta tese, as reflexões finais aqui expostas trazem dois
arquivística.
assessorias e visitas técnicas etc.) entre 1995 e 2005 não foram suficientes para alterar
quadro.
reforça a proposta defendida nesta tese de que a questão orçamentária é um dos elementos a ser
nenhum suporte financeiro, mas a formulação e implementação de uma política pública têm
profundos vínculos com algum suporte financeiro. Ainda que uma política pública seja muito
mais do que apenas investimento financeiro, este é um elemento a ser considerado na análise
ocorrer e ocorrem fora do âmbito de uma política pública, mas uma política pública que tenha
como um dos seus objetivos a preservação da informação não se concretiza sem recursos
financeiros. O governo federal brasileiro nos últimos 10 anos (1995-2005) não formulou
com áreas consideradas vitais como saúde, educação e segurança públicas. Ainda assim, algum
brasileiro. Raras são as informações sobre como são e em que são aplicados tais recursos, ou
ainda quais são os resultados obtidos e qual a relação custo/benefício entre os recursos
aplicados e os efeitos obtidos. Esta avaliação também não é uma questão posta na área. Se
relatórios existem, dando conta desses números, eles não são divulgados. A avaliação dos
1
Disponível em:
<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/cartapreservpatrimarqdigitalconarq2004.pdf>.
Acesso em: 08 dez. 2007.
276
maioria das vezes para melhor, mas, ainda assim, não são suficientes para garantir a
Arquivo Nacional não devem ser consideradas como políticas públicas. A simples soma de
ações de agências governamentais não constitui uma política pública que garanta a preservação
da informação arquivística governamental, nos moldes do que frisou Jardim (2003, p. 40) em
Desde a sua criação em 1991 e de sua instalação em 1994, o CONARQ, na prática, mais
formulou a Política Nacional de Arquivos. Como visto, as carências são múltiplas e resistentes,
ações claras e urgentes, entre elas, a definição de uma política pública de arquivos.
A análise das atas do CONARQ levou à percepção de que vários assuntos tratados nas
Sem definir a Política Nacional de Arquivos, não há o que se implementar, função que,
por lei, cabe ao Arquivo Nacional. Da mesma forma, sem uma política pública de arquivo não
pelo governo federal brasileiro. O reconhecimento e o enfrentamento desse quadro, bem como
institucional e conceitual.
São fortes os indícios detectados pela pesquisa que apontam para a necessidade do
sucesso na disputa por recursos orçamentários para a preservação dos acervos, quase sempre
menores do que as necessidades, destinados de maneira irregular e com grandes variações nos
valores programados entre um ano e outro, poderá ser alcançado se pensado no escopo de
estratégias mais abrangentes, de maior alcance, cujos objetivos sejam mais nítidos e
podem diminuir se planejadas a partir da visão integradora de uma política pública de arquivos.
hoje, nem o CONARQ nem o AN tornaram-se o que deveriam ser em suas respectivas
riscos decorrentes. Um dos aspectos dessa fragilidade institucional explicita-se na relação entre
atuar como uma instituição de assessoramento do Estado em relação aos arquivos públicos e
privados. Pela lei, o papel do CONARQ e do AN está dado. Cabe tão somente que ambos,
Não há “acervo preservado”. Não há como se considerar uma intervenção de preservação como
preservação, por ser necessariamente contínua, vincula-se hoje muito mais ao planejamento e
às decisões e escolhas políticas do que a intervenções pontuais para a recuperação de danos nos
acervos. A compreensão disso faz a diferença naquilo que se entende e se pretende como
preservação. A preservação está muito mais próxima dos que tomam as decisões, promovem as
CONARQ, afirma ser fundamental preservá-los desde a sua produção. Ou, na terminologia
arquivística, desde a idade corrente do ciclo vital de documentos. Isto pode e deve ser estendido
a todos os demais tipos de documentos. No entanto, há indicadores de que tal não ocorre nos
arquivos correntes da administração pública federal. A preservação não está sendo aplicada e
279
nem é percebida como uma função arquivística que deve iniciar-se nos arquivos correntes e
acompanhar todo o ciclo vital dos documentos. Isso não acontece com a informação
arquivística digital do governo federal brasileiro, hoje, como raramente aconteceu ao longo do
tempo com os outros tipos de documentos. A preservação tem sido entendida como uma
operação restrita aos arquivos permanentes. A alteração desse quadro passa por tratar,
de acessá-la no futuro.
Por fim, o terceiro elemento conceitual desta abordagem prospectiva é o que envolve a
noção de política pública, e, por extensão a de Política Nacional de Arquivos. Essa não é uma
questão nova. Em 1995, Jardim (1995b, p. 142), ao analisar o Sistema Nacional de Arquivos,
constatou uma “escassa densidade teórica na abordagem de alguns tópicos.”, entre estes, a
noção de Política Nacional de Arquivos. Quatro anos mais tarde, em 1999, ao estudar a
Jardim chegou foi que “A discussão sobre as políticas públicas de informação encontra-se
praticamente ausente da agenda política dos governos pós-85, além de ignoradas pela sociedade
civil” (JARDIM, 1999, p. 197). Em 2007, contata-se que, em ambos os casos, pouco se
avançou no Brasil.
informação governamental não ocupa lugar de destaque. No entanto, isso não significa menor
relevância da questão. Pelo contrário. Cabe aos agentes e instituições responsáveis pela
Arquivo Nacional, deixar de ver a preservação como momentos ou fragmentos, para começar a
280
construí-la de maneira permanente. Atuar politicamente também significa demonstrar
claramente que os resultados dos investimentos financeiros, humanos e tecnológicos feitos hoje
e exigem mais pesquisa. Exemplo disso é a questão que relaciona preservação, patrimônio
arquivístico, gestão de documentos e arquivos permanentes, nos termos explorados nesta tese.
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297
APÊNDICES
Todos os apêndices desta tese são partes de documentos originais e foram produzidos
durante esta pesquisa e no seu interesse. Isto significa que tais apêndices não existem em
qualquer outro lugar na forma como estão aqui. Eles reúnem as partes mais significativas dos
documentos originais consultados. São, portanto, frutos da escolha do pesquisador. Optou-se
por integrá-los a esta tese por conterem informações complementares relevantes e, muitas
vezes, contextualizarem os fragmentos citados.
Apêndice A
Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal por órgão e unidade
orçamentária
1995
MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL - STN
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Execução orçamentária do Governo Federal
Portaria no 064 de 26 de fevereiro de 1996.
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto95.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 43 páginas – 3,30 MB.)
(A) VALOR % %
(...)
Arquivo Nacional (p. 24) 10.935 10.409 0,0 95,2
Fundação Casa Rui Barbosa (p. 25) 4.873 4.731 0,0 97,1
Biblioteca Nacional (p. 25) 18.546 18.195 0,0 96,1
Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural* (p. 25) 58.279 53.535 0,0 91,9
Instituto Brasileiro de Arte e Cultura** (p. 25) 20.794 19.189 0,0 92,3
(...)
FONTE: SIAFI - CCONT/STN
* Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, a partir do Orçamento de 1997.
** Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, a partir do Orçamento de 1997
Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 355
Total da Dotação de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 357.065.745.000,00
1996
MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL - STN
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Execução orçamentária do Governo Federal
Portaria no 86 de 28 de fevereiro de 1997.
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto96.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 48 páginas – 5,44 MB.)
1997
MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL - STN
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal
Port. nr. 082, de 04 de março de 1998
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto97.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 57 páginas – 522,96 KB)
1998
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal
Port. n.° 052, de 25 de fevereiro de 1999
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/conjunto98.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 64 páginas – 524,95 KB)
1999
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SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Execução Orçamentária do Governo Federal
Portaria no 81 CCONT/DINCO de 02 de março de 2000.
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto99.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 66 páginas – 510,6 KB)
2000
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COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Execução Orçamentária do Governo Federal
Portaria no 46 CCONT/DINCO de 16 de fevereiro de 2001.
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto2000.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 74 páginas – 798,85 KB)
[OBS.: As funções e subfunções do Ministério da Justiça estão espalhadas por vários itens da tabela,
impossibilitando a identificação com precisão daquelas que efetivamente estão subordinadas ao Ministério da
Justiça e, nessa condição, participam do orçamento total da pasta.]
2001
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COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal
Portaria no 54 de 29 de janeiro de 2002.
(Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/eodez01.pdf. Acesso em: 15/03/2007 – 82 páginas – 756,33 KB)
IPHAN (p. 40) 67.541 74.186 72.675 72.675 0,0 98,0 71.440
FUNARTE (p. 40) 27.991 31.721 28.873 28.873 0,0 91,0 28.871
(...)
FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC
*Neste demonstrativo de despesas, o Arquivo Nacional aparece logo abaixo do Gabinete da Presidência da
República, sinalizando para a sua nova subordinação a esse órgão.
2002
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GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos
Portaria nº 21, de 29 de janeiro de 2003
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2002.pdf.
Acesso em: 15/03/2007 – 96 páginas – 1,26 MB)
2003
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GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos
Portaria nº 60, de 29 de janeiro de 2004
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2003.pdf.
Acesso em: 16/03/2007 – 96 páginas – 521,83 KB)
2004
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GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos
Portaria nº 57, de 26 de janeiro de 2005.
305
2005
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GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos
Portaria nº 165, de 27 de janeiro de 2006.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2005.pdf.
Acesso em: 16/03/2007 – 100 páginas – 6,64 MB)
Apêndice B
Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal por programa (e
subprograma)
RELATÓRIO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO GOVERNO FEDERAL – 1995 a 2005
Disponível em:: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/gestao_orcamentaria.asp.
Acesso em: 15/03/2007.
1995
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DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
R$ milhares
DOTAÇÃO DOTAÇÃO EMPENHO
SUBPROGRAMA INICIAL DO EMITIDO EXECUÇÃO %
EXERCÍCIO
A B C D % D/B
(...)
Documentação e Bibliografia (p. 43) 1.565 1.565 1.320 1.320 0,0 84,3
Informação Cientifica e Tecnológica 9.740 11.080 10.530 10.530 0,0 95,0
(p. 43)
Execução da Política de Preços
Agrícolas (p. 43) 809.100 809.100 508.904 475.647 0,1 58,8
Serviços de Informação e Contra-
Informação (p. 43) 191 191 185 185 0,0 97,1
Patrimônio Histórico, Artístico e
Arqueológico (p. 44) 88.344 85.636 71.060 71.060 0,0 83,0
Conservação de Rodovias (p. 45) 87.617 90.927 87.100 87.100 0,0 95,8
Restauração de Rodovias (p. 45) 312.042 451.582 331.609 331.609 0,1 73,4
(...)
F O N T E : S IA F I - C C O N T /S T N
2000
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COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT
DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
A B C D % D/B E
(...)
Gestão da Política de
Saúde (P. 52) 43.768 42.668 38.403 38.403 0,00 90,0 25.215
Gestão da Política de
Educação (p. 52) 10.435 10.496 9.342 9.342 0,00 89,0 8.465
Gestão da Política de
Assistência Social (p. 52) 6.363 7.148 6.863 6.863 0,00 96,0 5.996
Gestão da Política de
Previdência Social (p. 53) 4.976
5.235 4.545 4.545 0,00 86,8 2.720
Gestão da Política de
Trabalho e Emprego (p.
53) 21.785 21.785 16.768 13.088 0,00 60,1 11.387
Gestão da Política
Fundiária (p. 53) 6.401 6.401 6.147 6.147 0,00 96,0 5.795
Gestão da Política de
Direitos Humanos (p. 53) 211 211 0 0 0,00 0,00 0
Brasil Patrimônio
Cultural (p. 53) 15.550 21.041 17.075 17.075 0,00 81,2 10.048
Gestão da Política de
Cultura (p. 53) 2.221 1.796 1.667 1.667 0,00 92,8 1.390
Gestão da Política de
Transportes (p. 54) 27.507 30.305 16.064 16.064 0,00 53,0 11.296
Gestão da Política de
Energia e Mineração (p.
54) 1.773 1.773 0 0 0,00 0,00 0
Gestão da Política de
Desenvolv. Urbano (p. 54)
2.311 2.311 1.645 1.645 0,00 71,2 1.462
Gestão da Política
Agropecuária (p. 54) 25.703 25.173 19.092 19.092 0,0 75,8 14.691
Conservação de Solos na
Agricultura (p. 54) 6.490 6.490 5.281 5.276 0,00 81,3 4.839
Gestão das Políticas de
Ind., Comércio e Serviços
(p. 55) 5.138 5.138 3.986 3.986 0,00 77,6 3.500
Gestão das Políticas de
Esporte e Turismo (p.55) 4.533 4.360 3.291 3.291 0,00 75,5 2.455
Sociedade da
Informação–Internet II
312
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COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
R$ milhares
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA VALORES
PROGRAMA INICIAL P/O % PAGOS
EXERCÍCIO
EMPENHADA LIQUIDADA
A B C D % D/B E
(...)
Gestão da Política de Saúde
(p. 52) 54.830 54.780 52.761 52.761 0,00 96,3 52.736
Gestão da Política de
Educação (p. 52) 15.154 15.100 12.439 12.439 0,00 82,4 12.329
Gestão da Política de
Assistência Social (p. 52) 6.829 7.912 6.594 6.594 0,00 83,3 6.536
Gestão da Política de
Previdência Social (p. 53)
16.387 16.387 15.482 15.482 0,00 94,5 11.797
Gestão da Política de Trabalho
e Emprego (p. 53)
35.731 31.731 17.429 17.429 0,00 54,9 17.166
Gestão da Política Fundiária
(p. 53) 6.916 6.916 6.476 6.476 0,00 93,6 6.433
Gestão da Política de Direitos
Humanos (p. 53) 323 323 321 321 0,00 99,4 321
Brasil Patrimônio Cultural
(p. 53) 36.671 33.986 31.134 31.134 0,00 91,6 30.363
Gestão da Política de Cultura
(p. 53) 2.194 2.239 2.076 2.076 0,00 92,7 2.039
Gestão da Política de
Transportes (p. 54) 50.674 49.857 28.243 28.243 0,00 56,6 27.430
Gestão da Política de Energia
e Mineração (p. 54)
16.868 16.819 15.611 15.611 0,00 92,8 15.611
Gestão da Política de
Desenvolvimento Urbano (p.
54) 4.099 4.099 2.820 2.820 0,00 68,8 2.703
Gestão da Política
Agropecuária (p. 54) 12.722 13.715 13.259 13.259 0,00 96,7 13.178
Conservação de Solos na
Agricultura (p. 54) 8.446 0,0 8.686 7.579 7.576 0,00 87,2 6.545
Gestão das Políticas de Ind.,
Comércio e Serviços (p. 55)
7.445 7.445 6.510 6.510 0,00 87,4 6.193
Gestão das Políticas de
Esporte e Turismo (p.55) 5.238 6.397 5.758 5.758 0,0 90,0 4.132
Sociedade da Informação-
Internet II (p. 55)
93.768 102.318 54.775 54.775 0,00 53,5 53.817
Gestão da Política de Ciência
e Tecnologia (p. 55)
14.079 11.379 7.342 7.342 0,00 64,5 6.611
Conserv.[ação] Ambiental de
Regiões Mineradas (p. 56)
2.274 0,0 2.123 1.351 1.351 0,00 63,6 1.351
Gestão da Política do Meio
Ambiente (p. 56) 28.913 28.442 23.622 23.622 0,00 83,1 23.615
Gestão da Política das Forcas
Armadas (p. 56) 50.579 54.773 45.543 45.543 0,00 83,1 43.075
Gestão da Política Externa (p.
57) 2.679 2.679 2.163 2.163 0,00 80,7 2.163
314
2002
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SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
R$ milhares
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA % VALORES
PROGRAMA INICIAL ATUALIZADA PAGOS
EMPENHADA LIQUIDADA
A B C D % D/B E
(...)
Gestão da Política de
Saúde (p. 76) 61.998 79.854 73.402 73.402 0,02 91,92 68.335
Gestão da Política de
Educação (p. 77) 17.590 17.954 14.423 14.423 0,00 80,33 13.405
Gestão da Política de
315
Assistência Social (p. 77) 8.145 8.916 8.347 8.347 0,00 93,62 7.388
Gestão da Política de
Previdência Social (p. 77) 5.036
10.821 10.229 7.831 7.831 0,00 76,56
Gestão da Política de
Trabalho e Emprego (p. 22.226
78) 28.895 28.895 22.245 22.245 0,01 76,99
Gestão da Política
Fundiária (p. 78) 9.038 9.038 8.127 8.127 0,00 89,92 7.377
Gestão da Política de
Direitos Humanos (p. 78) 1.097 988 402 402 0,00 40,69 302
Brasil Patrimônio
Cultural (p. 78) 41.292 39.123 18.795 18.795 0,00 48,04 16.080
Gestão da Política de
Cultura (p. 78) 3.214 3.123 2.677 2.677 0,00 85,72 2.413
Gestão da Política de
Transportes (p. 79) 89.747 248.855 167.827 167.827 0,04 67,44 119.864
Gestão da Política de
Energia (p. 79) 11.699 12.039 825 825 0,00 6,85 733
Gestão da Política de
Desenvolvimento Urbano
(p. 79) 7.384 8.988 5.140 5.140 0,00 57,19 4.930
Gestão da Política 11.315
Agropecuária (p. 80) 11.245 11.162 11.162 0,00 99,26 10.721
Conservação de Solos na
Agricultura (p. 80) 9.720 9.720 7.985 7.724 0,00 79,47 7.259
Gestão das Políticas
Industrial, de Comércio e
de Serviços (p. 81) 7.912 7.892 6.726 6.726 0,00 85,23 6.285
Gestão das Políticas de
Esporte e Turismo (p. 81)
33.676 37.172 36.661 36.661 0,01 98,63 36.638
Sociedade da
Informação- Internet II
(p. 81) 89.270 89.270 65.473 65.473 0,01 73,34 59.896
Gestão da Política de
Ciência e Tecnologia (p.
81) 16.886 16.886 12.869 12.869 0,00 76,21 12.634
Conservação Ambiental
de Regiões Mineradas (p.
82) 2.587 2.587 1.014 1.014 0,00 39,20 934
Gestão da Política do
Meio Ambiente (p. 82) 26.870 27.762 23.937 23.937 0,01 86,22 17.820
Gestão da Política de
Defesa Nacional (p. 83) 15.740 15.787 15.340 15.340 0,00 97,17 14.431
Gestão da Política Externa
(p. 84) 3.120 3.160 1.494 1.494 0,00 47,28 1.471
Gestão da Política na Área
da Justiça (p. 84) 735 735 302 302 0,00 41,09 292
Gestão da Política de
Comunicação de Governo
(p. 84) 147.099 177.928 122.297 122.297 0,03 68,73 110.139
Gestão da Política de
Integração Nacional (p.
84) 57.929 57.929 31.210 31.210 0,01 53,88 22.000
Gestão das Políticas
Monetária, Cambial e de
Crédito (p. 84) 6.779 6.779 5.008 5.008 0,00 73,88 728
Gestão da Política de
316
Administração Financeira
e Contábil da União (p.
84) 97.763 109.963 80.704 80.704 0,02 73,39 71.114
Gestão da Política de
Regulação de Mercados
(p. 84) 7.282 7.282 4.591 4.591 0,00 63,05 4.161
Gestão da Política de
Controle Interno do Poder
Executivo Federal (p. 84)
10.835 10.835 8.815 8.815 0,00 81,36 8.631
Informações Estatísticas e
Geográficas (p. 85) 49.262 29.710 27.642 27.642 0,01 93,04 24.209
Informação e
Conhecimento em
Políticas Públicas (p. 85) 11.984 10.354 4.326 4.326 0,00 41,78 4.256
Monumenta:
Preservação do
Patrimônio Histórico (p.
85) 16.021 16.715 12.098 12.098 0,00 72,38 6.167
Governo Eletrônico (p.
85) 71.777 84.618 48.562 48.562 0,00 57,39 34.885
Gestão da Política de
Comunicações (p. 85) 5.580 5.580 0 0 0,00 0,00 0
(...)
FONTE: SIAFI - ST N/CCONT/GEINC
2003
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
R$ milhares
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA VALORES
PROGRAMA INICIAL ATUALIZADA % PAGOS
EMPENHADA LIQUIDADA
A B C D % D/B E
(...)
Gestão da Política de
Saúde (p. 76) 77.295 83.355 81.894 81.894 0,02 98,25 64.716
Gestão da Política de
Educação (p. 77) 19.551 17.848 12.185 12.110 0,00 67,85 10.493
Gestão da Política de
Assistência Social (p. 77) 8.550 9.098 7.370 7.371 0,00 81,02 5.324
Gestão da Política de
Previdência Social (p. 77)
19.454 14.261 3.386 3.386 0,00 23,74 1.638
317
Gestão da Política de
Trabalho e Emprego (p.
78) 20.315 16.315 9.833 9.833 0,00 60,27 9.378
Gestão da Política
Fundiária (p. 78) 9.038 9.000 7.420 7.420 0,00 82,44 7.278
Gestão da Política de
Direitos Humanos (p. 78) 1.057 1.057 0 0 0,00 0,00 0
Brasil Patrimônio
Cultural (p. 78) 58.108 57.776 40.261 40.253 0,01 69,67 21.812
Gestão da Política de
Cultura (p. 78) 3.718 4.247 2.952 2.952 0,00 69,51 1.982
Gestão da Política de
Transportes (p. 79) 131.472 189.291 152.571 152.571 0,03 80,60 126.470
Gestão da Política de
Energia (p. 79) 13.096 13.096 247 247 0,00 1,89 206
Gestão da Política de
Desenvolvimento Urbano
(p. 79) 4.655 6.369 2.997 2.997 0,00 47,06 875
Gestão da Política
Agropecuária (p. 80) 56.897 56.897 22.085 22.085 0,00 38,82 20.337
Conservação de Solos na
Agricultura (p. 80) 8.482 8.482 7.516 7.516 0,00 88,61 6.076
Gestão das Políticas
Industrial, de Comércio e
de Serviços (p. 81) 7.280 7.280 4.923 4.923 0,00 67,62 4.772
Gestão das Políticas de
Esporte e Turismo (p. 81)
34.196 38.780 35.742 35.742 0,01 92,17 35.505
Sociedade da
Informação- Internet II
(p. 81) 73.253 100.853 94.660 94.559 0,02 93,76 74.404
Gestão da Política de
Ciência e Tecnologia (p.
81) 19.846 21.346 19.582 19.582 0,00 91,74 17.983
Conservação Ambiental
de Regiões Mineradas (p.
82) 2.303 12.303 496 496 0,00 4,03 414
Gestão da Política do
Meio Ambiente (p. 82) 28.160 24.133 12.082 12.082 0,00 50,06 11.487
Gestão da Política de
Defesa Nacional (p. 83) 14.648 15.639 15.304 15.304 0,00 97,86 13.699
Gestão da Política Externa
(p. 84) 3.038 2.552 2.437 2.412 0,00 94,51 2.411
Gestão da Política na Área
da Justiça (p. 84) 1.150 1.150 228 228 0,00 19,83 77
Gestão da Política de
Comunicação de Governo
(p. 84) 111.905 109.305 70.978 70.978 0,01 64,94 50.137
Gestão da Política de
Integração Nacional (p.
84) 109.433 109.433 17.839 17.839 0,00 16,30 1.504
Gestão das Políticas
Monetária, Cambial e de
Crédito (p. 84) 11.825 8.225 6.699 6.699 0,00 81,45 6.454
Gestão da Política de
Administração Financeira
e Contábil da União (p.
84) 88.348 95.316 78.106 78.106 0,02 81,94 75.086
Gestão da Política de
318
Regulação de Mercados
(p. 84) 6.277 6.277 3.782 3.782 0,00 60,25 3.663
Gestão da Política de
Controle Interno do Poder
Executivo Federal (p. 84)
12.001 19.667 12.654 12.648 0,00 64,31 8.807
Informações Estatísticas e
Geográficas (p. 85) 26.224 26.246 26.001 26.001 0,01 99,07 25.583
Informação e
Conhecimento em
Políticas Públicas (p. 85)
57.046 61.196 56.690 56.690 0,01 92,64 56.089
Monumenta:
Preservação do
Patrimônio Histórico (p.
85) 21.078 21.078 14.517 14.417 0,00 68,40 7.239
Governo Eletrônico (p.
85) 67.986 46.894 16.879 16.879 0,00 35,99 14.255
Gestão da Política de
Comunicações (p. 85) 3.395 3.233 1.000 1.000 0,00 30,93 1.000
(...)
FONTE: SIAFI - ST N/CCONT/GEINC
2004
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
R$ milhares
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA DESPESA LIQUIDADA VALORES
PROGRAMA INICIAL ATUALIZADA EMPENHADA PAGOS
(a) (b) (c) Valor % % (e)
(d) (d/total (d/b)
d)
(...)
Gestão da Política de
Saúde (p. 79) 147.008 138.612 96.367 96.367 0,02 69,52 73.814
Gestão da Política de
Assistência Social (p.
79) 8.625 6.325 5.227 5.227 0,00 82,64 4.131
Gestão da Política de
Previdência Social (p.
79) 13.871 12.892 10.225 10.225 0,00 79,31 9.633
Integração das
Políticas Públicas de
Emprego, Trabalho e
Renda (p. 79) 9.305.104 9.884.235 9.562.637 9.562.637 1,76 96,75 9.396.717
319
Gestão da Política de
Trabalho e Emprego
(p. 79) 144.805 160.369 135.787 135.787 0,02 84,67 125.761
Gestão da Política de
Desenvolvimento
Agrário (p. 79) 14.104 13.192 11.710 11.710 0,00 88,77 10.691
Gestão da Política de
Direitos Humanos (p.
79) 321 215 175 175 0,00 81,40 54
Brasil Patrimônio
Cultural (p. 80) 56.885 56.344 32.937 32.937 0,01 58,46 12.087
Gestão da Política de
Cultura (p. 80) 17.470 15.924 15.000 15.000 0,00 94,20 10.373
Gestão da Política de
Transportes (p. 80) 175.769 263.077 165.519 165.519 0,03 62,92 141.318
Gestão da Política de
Energia (p. 80) 34.597 52.597 19.671 19.671 0,00 37,40 18.287
Gestão da Política de
Desenvolvimento
Urbano (p. 81) 15.456 14.223 11.888 11.888 0,00 83,58 9.135
Gestão da Política
Agropecuária (p. 81) 21.931 28.996 25.242 25.204 0,00 86,92 23.310
Manejo e Conservação
de Solos na
Agricultura (p. 81) 5.641 5.641 3.307 3.307 0,00 58,62 2.724
Gestão das Políticas
Industrial, de Comércio
e de Serviços (p. 81) 18.742 28.742 9.203 9.203 0,00 32,02 8.006
Gestão das Políticas de
Esporte e de Lazer (p.
81) 1.744 1.694 1.254 1.254 0,00 74,03 1.143
Sociedade da
Informação (p. 82) 71.751 66 .954 65.393 65.393 0,01 97,67 57.998
Gestão da Política de
Ciência e Tecnologia
(p. 82) 24.440 23.965 21.331 21.331 0,00 89,01 20.101
Gestão da Política
Nacional de Recursos
Hídricos (p. 82) 7.401 7.951 5.398 5.398 0,00 67,89 5.078
Conservação, Uso
Sustentável e
Recuperação da
Biodiversidade (p. 82) 21.008 23.683 16.238 16.230 0,00 68,53 10.626
Gestão da Política do
Meio Ambiente (p. 84) 38.789 45.626 33.208 33.208 0,01 72,78 20.965
Gestão da Política de
Defesa Nacional (p. 10.043 23.934 23.898 23.898 0,00 99,85 19.896
83)
Gestão da Política
Externa (p. 83) 16.200 26.200 21.908 21.908 0,00 83,62 18.482
Gestão da Política na
Área da Justiça (p. 84) 2.640 1.990 867 867 0,00 43,57 404
Gestão da Política de
Comunicação de
Governo (p. 84) 118.000 146.050 135.942 135. 942 0,03 93,08 121.226
Gestão da Política de
Desenvolvimento
Regional e
Ordenamento (p. 84) 8.960 7.916 6.053 6.053 0,00 76,47 4.212
320
Política Externa
Brasileira (p. 88) 3.937 4.358 3.759 3.759 0,00 86,26 3.215
Conservação, Uso
Racional e Qualidade
das Águas (p. 88) 27.130 26.379 10.046 10.046 0,00 38,08 1.018
Conservação e
Recuperação dos
Biomas Brasileiros (p.
88) 1.525 4.085 3.310 3.310 0,00 81,03 1.145
Revitalização de Bens
do Patrimônio
Histórico Nacional (p.
89) 500 500 0 0 0,00 0,00 0
Gestão da Política de
Comunicações (p. 89) 22.611 22.115 11.394 11.394 0,00 51,52 8.295
Governo Eletrônico
(p. 90) 42.304 61.619 55.979 55.979 0,01 90,85 36.286
(...)
FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC
2005
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE
GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
R$ milhares
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA DESPESA LIQUIDADA VALORES
PROGRAMA INICIAL ATUALIZADA EMPENHADA PAGOS
Valor % %
a b c d d/total d/b e
d
(...)
Gestão da Política de
Saúde (p. 81) 240.045 215.419 185.264 185.264 0,03 86,00 125.446
Gestão da Política de
Previdência Social
(p. 81) 149.651 41.648 31.578 31.578 0,01 75,82 26.987
Integração das
Políticas Públicas de
Emprego, Trabalho e
Renda (p. 81) 10.641.503 11.517.418 11.464.036 11.464.036 1,89 99,54 11.44
2.716
Gestão da Política de
Trabalho e Emprego
(p. 81) 147.664 158.481 149.452 149.452 0,02 94,32 144.866
Gestão da Política de
322
Desenvolvimento
Agrário (p. 81) 15.339 15.338 14.366 14.366 0,00 93,66 11.474
Gestão da Política de
Direitos Humanos (p.
81) 1.972 1.972 1.624 1.624 0,00 82,35 991
Brasil Patrimônio
Cultural (p. 81) 57.080 53.503 33.028 33.028 0,01 61,7 314.121
Gestão da Política de
Cultura (p. 82) 35.845 58.001 53.540 53.540 0,01 92,31 51.376
Gestão da Política de
Transportes (p. 82) 224.773 279.902 236.437 236.437 0,04 84,47 163.859
Gestão da Política de
Energia (p. 82) 177.270 177.270 81.355 81.355 0,01 45,89 74.196
Gestão da Política de
Desenvolvimento
Urbano (p. 82) 31.549 31.549 29.400 29.400 0,00 93,19 27.954
Gestão da Política
Agropecuária (p. 83) 54.066 53.671 43.330 43.318 0,01 80,71 37.286
Manejo e
Conservação de
Solos na Agricultura 3.655 2.251 2.046 2.046 0,00 90,89 619
(p. 83)
Gestão das Políticas
Industrial, de
Comércio e de 16.553 16.035 12.189 12.189 0,00 76,01 9.301
Serviços (p. 83)
Gestão das Políticas
de Esporte e de Lazer
(p. 83) 7.900 7.854 3.550 3.550 0,00 45,20 3.473
Sociedade da
Informação (p. 83) 106.645 105.413 96.182 96.182 0,02 91,2 481.815
Gestão da Política de
Ciência e Tecnologia
(p. 83) 31.284 26.384 21.506 21.506 0,00 81,51 19.033
Gestão da Política
Nacional de
Recursos Hídricos 7.966 7.966 6.959 6.959 0,00 87,36 6.409
(p. 83)
Conservação, Uso
Sustentável e
Recuperação da
Biodiversidade (p. 35.383 35.383 23.731 23.717 0,00 67,03 14.803
84)
Gestão da Política do
Meio Ambiente (p. 55.612 55.673 32.485 32.485 0,01 58,35 24.252
84)
Gestão da Política de
Defesa Nacional (p. 41.834 41.952 40.782 40.782 0,01 97,21 21.184
84)
Gestão da Política
Externa (p. 85) 37.261 32.890 24.974 24.974 0,00 75,93 24.206
Gestão da Política na
Área da Justiça (p. 13.374 7.821 493 493 0,00 6,30 356
85)
Gestão da Política de
Comunicação de
Governo (p. 85) 131.841 162.050 146.884 146.884 0,02 90,64 82.395
Gestão da Política de
Desenvolvimento
323
Regional e
Ordenamento (p. 85) 25.801 25.661 22.046 22 046 0,00 85,91 10.557
Gestão das Políticas
Monetária, Cambial
e de Crédito (p. 85) 18.074 18.074 8.068 8.068 0,00 44,64 8.029
Gestão da Política de
Administração
Financeira e Contábil
da União (p. 85) 307.902 333.175 172.860 172.860 0,03 51,88 168.662
Gestão da Política de
Regulação de
Mercados (p. 86) 5.891 5.891 3.488 3.488 0,00 59,21 2.910
Informações
Estatísticas e
Geocientíficas (p. 43.450 40.432 29.936 29.936 0,00 74,04 22.517
86)
Prospecção e
Avaliação de
Políticas Públicas 79.710 93.884 79.564 79.564 0,01 84,75 78.385
(p. 86)
Monumenta (p. 86) 37.240 47.240 37.880 37.880 0,01 80,19 25.725
Gestão da Política de
Turismo (p. 86) 21.270 21.137 14.606 14.606 0,00 69,10 11.916
Gestão da Política na
Área de
Planejamento (p. 86) 77.975 79.186 50.513 50.513 0,01 63,79 32.514
Gestão das Políticas
de Governo (p. 86) 8.700 8.700 3.820 3.820 0,00 43,91 3.442
Gestão da Política de
Segurança Alimentar
e Nutricional (p. 86) 37.505 38.114 37.980 37.980 0,01 99,65 37.812
Democratização do
Acesso a
Informação
Arquivística 22.920 23.938 21.347 21.3 47 0,0 89,18 18.407
Governamental (p.
86)
Democratização do
Acesso a
Informação
Jornalística,
Educacional e 157.239 161.357 140.914 140.914 0,02 87,33 136.079
Cultural (p. 86)
Gestão da Política de
Educação (p. 87) 569.998 492.943 463.651 463.651 0,08 94,06 451.916
Gestão da Política de
Gênero (p. 87) 5.155 5.155 3.275 3.275 0,00 63,53 3.091
Gestão da Política
Mineral (p. 87) 13.565 13.565 10.694 10.694 0,00 78,84 10.103
Democratização do
Acesso a
Informação 1.100 1.100 3 3 0,00 0,27 3
Legislativa (p. 87)
Avaliação de
Políticas Sociais do
Governo Federal (p. 1.300 1.300 1.300 0,00 100,00 1.300
87)
Conservação e Uso
Sustentável de
Recursos Genéticos
324
Apêndice C
Planos Plurianuais – programas de preservação de acervos documentais
PPA 1992-1995
Não foram encontrados dados disponíveis sobre este PPA.
PPA 1996-1999
Brasil em Ação
1996
9
9 Estatais 0 0 0
6
Outros Recursos 0 0 0
TOTAL 140.836 140.836 140.836
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo >
Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o
Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1996. Acesso em: 28/03/2007)
________________
1997
[Cultura]
Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE
Tema: Educação, Cultura e Desporto
Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
Objetivo: Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim
de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
R$ 1,00
ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 Fiscal Seguridade 14.839.689 14.610.803 11.897.238
9
9 Estatais 0 0 0
7
Outros Recursos 0 0 0
TOTAL 14.839.689 14.610.803 11.897.238
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf, Dados Financeiros > Objetivo >
Educação, Cultura e Desportos > Patrimônio Artístico, Histórico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio
Cultural... > Resumo 1997. Acesso em: 28/03/2007)
[Justiça]
Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE
Tema: Justiça, Segurança e Cidadania
Ação: Documentação e Bibliografia
Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou
Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do
País
Escolha a Informação Desejada
1996 1997 1998 1999 Acumulado
Fiscal Seguridade Clique Aqui * * * Clique Aqui
Estatais * * * * *
Outros Recursos * * * * *
Resumo Clique Aqui * * * Clique Aqui
* - Sem Informação
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf, Dados Financeiros > Objetivo > Justiça,
Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o
Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional.... Acesso em: 28/03/2007)
______________
1998
[Cultura]
Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE
Tema: Educação, Cultura e Desporto
Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
Objetivo: Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim
de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
327
R$ 1,00
ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 Fiscal Seguridade 6.854.098 6.854.098 6.854.098
9
9 Estatais 0 0 0
8
Outros Recursos 0 0 0
TOTAL 6.854.098 6.854.098 6.854.098
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1998.nsf, Dados Financeiros > Objetivo >
Educação, Cultura e Desporto > Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio
Cultural... > Resumo 1998. Acesso em: 28/03/2007)
[Justiça]
Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE
Tema: Justiça, Segurança e Cidadania
Ação: Documentação e Bibliografia
Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou
Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do
País
Escolha a Informação Desejada
1996 1997 1998 1999 Acumulado
Fiscal Seguridade Clique Aqui * * * Clique Aqui
Estatais * * * * *
Outros Recursos * * * * *
Resumo Clique Aqui * * * Clique Aqui
* - Sem Informação
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo >
Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o
Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional.... Acesso em: 28/03/2007)
_____________
1999
[Cultura]
Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE
Tema: Educação, Cultura e Desporto
Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
Objetivo: Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim
de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
R$ 1,00
ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 Fiscal Seguridade 40.674.617 38.082.913 32.019.901
9
9 Estatais 0 0 0
9
Outros Recursos 0 0 0
TOTAL 40.674.617 38.082.913 32.019.901
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1999.nsf > Dados Financeiros > Objetivo >
Educação, Cultura e Desporto > Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio
Cultural... > Resumo 1999. Acesso em: 28/03/2007)
[Justiça]
Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE
Tema: Justiça, Segurança e Cidadania
Ação: Documentação e Bibliografia
Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou
328
PPA 2000-2003
Avança Brasil
2000
2001
1
Mantém-se código do projeto, mas altera-se a denominação do programa em relação a 2001.
331
2003
PPA 2004-2007*
Brasil de Todos
*(de acordo com o marco temporal da pesquisa, foram considerados apenas os anos de 2004 e 2005)
2004
2005
Apêndice D
Sites do Governo que apresentam as dotações orçamentárias dos programas e ações analisados
1995
Execução Orçamentária do
Governo Federal - Portaria no 064
de 23 de fevereiro de 1996 -
Disponível em: Não há relatório de acompanhamento
Programa/Subprograma/Ação http://www.tesouro.fazenda.gov.br/co ou de avaliação do PPA 1992-1995
ntabilidade_governamental/execucao
_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativo
s/Conjunto95.PDF,
acessado em 19/03/2007 - 43 páginas
– 3,30 MB
Documentação e Bibliografia -------- --------
1996
Execução Orçamentária do Relatório de Acompanhamento do
Governo Federal - Portaria no 86 de PPA 1996-1999 - Disponível em:
28 de fevereiro de 1997 - Disponível http://aplicativos.planejamento.gov.br
em: /Siappa1997.nsf > Dados Financeiros
Programa/Subprograma/Ação http://www.tesouro.fazenda.gov.br/co > Objetivo > Justiça, Segurança e
ntabilidade_governamental/execucao Cidadania > Documentação e
_orcamentaria_do_GF/Balancos_De Bibliografia > Criar Condições
monstracoes/Quadros_Demonstrativo Estruturais e Técnicas para o
s/Conjunto96.PDF. Acesso em: Desenvolvimento das Atividades do
19/03/2007 - 48 páginas – 5,44 MB Arquivo Nacional... > Resumo 1996.
Acesso em: 28/03/2007
1999
Relatório da Execução Relatório de Acompanhamento do
Orçamentária do Governo Federal PPA 1996-1999 - Disponível em:
- Portaria no 81 CCONT/DINCO de http://aplicativos.planejamento.gov.br
02 de março de 2000 - Disponível /Siappa1999.nsf > Dados Financeiros
Programa/Subprograma/Ação em: > Objetivo > Justiça, Segurança e
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/co Cidadania > Documentação e
ntabilidade_governamental/execucao Bibliografia > Criar Condições
_orcamentaria_do_GF/Balancos_De Estruturais e Técnicas para o
monstracoes/Quadros_Demonstrativo Desenvolvimento das Atividades do
s/Conjunto99.PDF. Acesso em: Arquivo Nacional... > Resumo 1999.
19/03/2007 - 66 páginas – 510,6 KB Acesso em: 28/03/2007
R$ 19,6 milhões
Programa 1030 - (contemplado)
Democratização do Acesso a R$ 19.652.000,00 (dotação – p. 85) R$ 19 milhões (realizado)
Informação Arquivística (p. 70 – Disponível em:
http://www.planejamento.gov.br/arquiv
Governamental os_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliac
ao_ex2005/000_PR.pdf acessado em
27/03/2007 – 48 páginas – 150,15 KB)
R$ 23.937.560,00 (autorizado)
Programa 1030 - R$ 21.346.876,00 (liquidado)
Democratização do Acesso a R$ 23.938.000,00 (dotação – p. 86) (p. 1.412 - Disponível em:
http://www.planejamento.gov.br/arquiv
Informação Arquivística os_down/spi/relatorio_anual_2006/Vol
Governamental ume1.pdf. Acesso em: 23/03/2007 –
1.568 páginas – 52 MB)
Apêndice E
Datas das atas e resoluções CONARQ ente 1995 e 2005
Apêndice F
Os conselheiros do CONARQ, as instituições que representam e a freqüência de participação
nas plenárias
Apêndice G
Síntese das atas e resoluções do CONARQ
AS ATAS
Ata da 2ª Reunião do CONARQ – 25 de maio de 1995
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
“(...) estando presentes os seguintes Conselheiros: (...) representantes de
entidades não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO
Preserva 2 ou acesso a fontes documentais (...)”
(ção/do/da) “Quanto às instituições não-governamentais que congreguem profissionais que
atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes
documentais julgou-se oportuna a participação da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência - SBPC.”
Polític -
(a/o)
Conservação -
TOTAL 7
Conservação -
TOTAL 6
Política -
352
(a/o) apresentadas. (...) o Conselheiro (...) informou que não se manifestaria sobre o
questionamento do Ministério da Aeronáutica e que, na próxima reunião do
CONARQ traria uma posição oficial do Poder Executivo Federal. O Tenente-
Coronel (...) endossou a posição do Conselheiro (...). A propósito do assunto,
lembrou que, na 5ª reunião do Conselho, já manifestara sua posição contrária
aos trabalhos da Comissão Especial de Acesso à Informação de Arquivos do
CONARQ, sem a articulação com o representante do Ministro da Justiça no
Grupo Técnico Interministerial - GTI, criado para elaborar uma proposta de
POLÍTICA Nacional de Privacidade e Sigilo das Informações e Comunicações
(Dec. 1906/96), temendo pelos resultados de iniciativas distintas e das quais
participava diretamente, a saber: a do CONARQ e a do GTI”
“ANEXO 2
PARECER TÉCNICO RELATIVO AOS QUESTIONAMENTOS
APRESENTADOS PELO MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA, SOBRE O
DECRETO Nº 2.134, DE 24 DE JANEIRO DE 1997, APROVADO PELO
PLENÁRIO DO CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, EM SUA
REUNIÃO ORDINÁRIA, REALIZADA NO RIO DE JANEIRO, NA SEDE
DO ARQUIVO NACIONAL, EM 13 DE MAIO DE 1997.
(...)
Item 7 - No que diz respeito à definição de área sigilosa considera-se que
não cabe a um Decreto, que regula aspectos da POLÍTICA nacional de
arquivos públicos, legislar sobre a matéria.[AH! ISSO ENTÃO
SIGNIFICA QUE JÁ EXISTE UMA PNA(P)?
(...)
Não compete a um decreto relativo a aspectos de uma lei sobre a
POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados, como é o caso,
regulamentar o "emprego de criptografia (segurança das comunicações e
do equipamento, material e controle)".”
A Comissão Especial constituída por Portaria nº 23, de 30 de abril de
1997, pelo Presidente do CONARQ, é de parecer que o Decreto nº 2.134,
de 24 de janeiro de 1997, fruto de quatro meses de trabalho da Comissão
Especial de Acesso à Informação de Arquivos, constituída por 15
membros e aprovada pela plenária do CONARQ e pelo próprio Ministério
da Justiça, é imprescindível para o pleno desenvolvimento de uma
POLÍTICA nacional de arquivos. A manutenção da integridade do seu
texto é essencial para garantir os direitos da sociedade, do Estado e do
cidadão, contribuindo para o processo democrático e compreensão dos
atos do Poder Público, atualmente empenhado em garantir sua
transparência administrativa, conforme preceitua a Constituição de 1988.”
Decreto n , de de 1997
Regulamenta os artigos 7 e 11 a 16 da Lei n 8. 159, de 8 de janeiro de 1991,
que dispõem sobre os arquivos públicos e de instituições de caráter público e
sobre os arquivos privados de interesse público e social.
(...)
Art. 3º - Compete às instituições de caráter público a responsabilidade
pela PRESERVAÇÃO adequada dos documentos produzidos e recebidos
no exercício de atividades públicas.
Art. 4º - (...)
Parágrafo único - A declaração de interesse público e social de que trata
este artigo não implica a transferência do respectivo acervo para
instituição arquivística pública, nem exclui a responsabilidade por parte de
seus detentores para com a guarda e a PRESERVAÇÃO do acervo.
(...)
Art. 10 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados
de interesse público e social devem manter PRESERVADOS os acervos
sob sua custódia, observada a responsabilidade prevista no art. 25 da Lei
nº 8.159/91.
Art. 11 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados
de interesse público e social poderão firmar convênios, ajustes e acordos
com o CONARQ ou com outras instituições, objetivando o apoio para o
desenvolvimento de atividades relacionadas à organização,
PRESERVAÇÃO e divulgação do acervo.”
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 11
“A seguir, deu início à leitura, item por item, do referido documento, anexado a
esta ata, o qual foi objeto das alterações que se seguem. Acrescentar, no
Política 2 preâmbulo, em seguida à expressão Regimento Interno, de conformidade com
deliberação do Plenário, em 12 de julho de 1999. O primeiro "Considerando"
passou a ter a seguinte redação: Considerando a Lei Federal nº 8.l59, de 8 de
365
Polític -
(a/o)
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 2
matéria.”
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 1
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 5
não deixa claro se o acervo daquele órgão estaria sob risco iminente de perda, o
que poderia justificar a terceirização da guarda do acervo. Daí a proposta do
Conselheiro (...) condenando a terceirização.”
“Dando prosseguimento aos itens da agenda, o Presidente passou a palavra à
Assistente Jurídica do Arquivo Nacional Drª (...) para relatar o resultado dos
estudos realizados, relativamente ao projeto de lei submetido ao Plenário do
CONARQ pelo Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, dispondo sobre a
POLÍTICA municipal de arquivos públicos e privados, e sobre o acesso aos
documentos públicos municipais. O parecer da Drª (...) foi anexado à ata desta
reunião, passando a integrá-la.”
“Caberá, ainda, ao Grupo definir métodos de arquivamento, especialmente
digital, e propor reformas para o Arquivo Geral. No mérito, para a efetiva
aplicabilidade da lei e o conseqüente êxito do alcance da POLÍTICA municipal
de arquivos, há que se considerar quais são realmente as competências da
Superintendência de Documentação, em vista das atribuições que se quer
conferir ao Arquivo Geral. Com efeito, feita tal distinção, é recomendável que a
nova lei mencione expressamente quais os dispositivos do decreto municipal
que estabelece as competências daquela Superintendência que serão objeto de
revogação.”
“A Conselheira (...) disse que, sob seu ponto de vista a iniciativa do Município
de apresentar um projeto de lei dispondo sobre a POLÍTICA municipal de
arquivos, embora não esteja claro, tem também por objetivo dotar o Arquivo da
Cidade de personalidade jurídica própria.”
“A propósito, a Conselheira (...) questionou o fato do Conselho Municipal de
Arquivos, proposto no art. 18, não ter incluído representantes dos órgãos
municipais e nem da Câmara de Vereadores. O âmbito do Conselho, na sua
opinião, deverá ser melhor definido, incluindo também, como argumentou o
Presidente do CONARQ, representantes do Poder Legislativo Municipal. Por
outro lado, lembrou que o Conselho Municipal de Arquivo não é deliberativo. É
apenas consultivo, cabendo ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro baixar
normas sobre gestão de documentos e implementar a POLÍTICA municipal de
arquivos. De qualquer forma, porém, há uma lacuna. Dever-se-ia, pois, sugerir
a ampliação do âmbito desse Conselho, incluindo, também, representação do
Poder Legislativo.”
“Dando prosseguimento, o Presidente passou ao exame do Capítulo IV - Da
POLÍTICA Municipal de Arquivos, comentando que, embora o art. 18
estabeleça que o referido Conselho tem função consultiva, no art. 19 o
Conselho aparece com função deliberativa, quando estabelece que "caberá ao
Conselho Municipal de Arquivos avaliar(...)., emitir parecer, encaminhando-o
ao Secretário(...).", o que configura uma contradição (...)”
“Concluindo, o Presidente apresentou um resumo dos principais pontos
discutidos pelo Plenário, sugerindo que fosse enviada correspondência ao
Diretor do Arquivo da Cidade, encaminhando as sugestões propostas pelo
CONARQ conforme se segue. Seria informado ao Diretor do Arquivo da
Cidade que, pela proposta encaminhada evidenciou-se a necessidade do
Arquivo ter maior autonomia e que o CONARQ julgou importante que o
mesmo seja cabeça do Sistema Municipal de Arquivos ou da Rede Municipal
de Arquivos e que, para isso, precisaria definir melhor sua competência, vez
que conflita com a da Superintendência de Documentação da Secretaria
Municipal de Administração. A nova legislação poderia corrigir essa situação.
Seria recomendável que o Arquivo, face a sua função normativa, estivesse
vinculado a uma Secretaria de decisão POLÍTICA e que lhe desse neutralidade
na sua ação.”
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 9
370
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 10
“(...) alertou para o fato de que o CONARQ já iniciou um trabalho junto aos
municípios brasileiros com a edição da publicação "Subsídios para a
Polític 2 Implantação de uma POLÍTICA Municipal de Arquivos: o arquivo municipal
(a/o) a serviço dos cidadãos".”
“(...) considerou que a questão relativa à obtenção dos recursos é POLÍTICA,
uma vez que eles existem no Fundo Nacionais de Cultura.”
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 8
375
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 13
Polític _
(a/o)
Polític _
(a/o)
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 2
diagnóstico e guia dos acervos das empresas; no segundo ano, um encontro dos
representantes dos arquivos e, no terceiro ano, dimensionar os investimentos a
serem aplicados visando à PRESERVAÇÃO dos acervos. O Presidente do
CONARQ esclarece que o mesmo procedimento relativo à resolução sobre a
declaração de interesse público e social será dado à resolução que dispõe sobre
os arquivos públicos que integram o acervo das agências reguladoras, das
empresas em processo de desestatização, das empresas desestatizadas, das
concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços públicos, e das
pessoas jurídicas de direto privado.”
Polític _
(a/o)
380
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 8
Polític _
(a/o)
Polític _
(a/o)
Polític _
(a/o)
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 7
Polític _
(a/o)
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 1
Polític _
(a/o)
382
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 5
Polític 1 “Informou, também, que a prefeitura de Passa Quatro, em MG, criou o Arquivo
(a/o) Público Municipal e instituiu a POLÍTICA municipal de arquivos.”
383
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 2
documentais(...)”
“O presidente agradeceu aos membros da Câmara Técnica de Documentos
Eletrônicos por mais essa importante contribuição visando a PRESERVAÇÃO
da memória digital do Brasil e solicitou à secretária (...) que fizesse constar
como parte integrante desta ata a minuta da resolução apresentada e o texto
Preserva 4 consolidando todas as alterações incluídas e aprovadas nesta sessão.”
(ção/do/da) “Assim, o conselheiro Manuel [CNPq] informou que a Constituição Federal
dispõe que o Estado deve amparar a ciência e a tecnologia, utilizando-se, para
isso, da classificação das áreas do conhecimento científico e tecnológico. Essa
classificação tem sido feita pelo CNPq desde a 2ª Guerra Mundial. Segundo o
conselheiro, a referida classificação está defasada pois tanto a ciência como a
tecnologia mudam muito. A Tabela atual registra 72 áreas do conhecimento, as
quais são divididas em centenas de sub-áreas. A reclassificação em estudos
deve ampliar esse grupo de áreas, seja para contemplar os interesses do Estado
ou da comunidade científica que apresenta produção científica relevante como,
por exemplo, a bioética. Continuando, disse que, quando propuseram a inclusão
da Arquivologia como Área, a primeira reação foi da Comissão Especial de
Estudos, alegando que a Arquivologia não tem programa de pós-graduação, não
tem produção científica, não tem um corpo de pesquisadores. Sua contra-
argumentação foi no sentido de que a Arquivologia é fundamental para a
PRESERVAÇÃO da memória brasileira. Por isso, ela deve ser amparada,
impulsionada, induzida. (...) Ainda a propósito da inclusão da Arquivologia
como Área da Tabela de Classificação do CNPq, Maria Odila [UFF} prestou
esclarecimentos sobre as especialidades das Áreas. Concluindo, o Conselheiro
Manuel [CNPq] propôs ao plenário do CONARQ que se enviasse ao Presidente
do CNPq e à Ministra da Casa Civil da Presidência da República ofício
recomendado a inclusão da Arquivologia como Área do Conhecimento na
Tabela do CNPq, fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico
dessa Área, para a PRESERVAÇÃO do patrimônio documental do país,
destacando que tal proposição partira de um Conselheiro do CONARQ, que é
também o Presidente da Comissão Especial de Estudo do CNPq. A proposta foi
aprovada por unanimidade.”
Conserva _
(cão/do/da)
TOTAL 5
AS RESOLUÇÕES
Resolução nº 1, de 18 de outubro de 1995
Dispõe sobre a necessidade da adoção de planos e ou códigos de classificação de documentos nos
arquivos correntes, que considerem a natureza dos assuntos resultantes de suas atividades e funções.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
Preserva _
(ção/do/da)
Polític _
(a/o)
Conserva --
(cão/do/da)
TOTAL --
385
Conserva --
(cão/do/da)
TOTAL --
Resolução nº 11, de 7 de dezembro de 1999 (revogada pela Resolução nº 18, de 28 de julho de 2003)
Resolução nº 12, de 7 de dezembro de 1999 (revogada pela Resolução nº 17, de 25 de julho de 2003)
Apêndice H
Títulos dos trabalhos que relacionam “Preservação e Políticas”, “Arquivo, Informação e
Políticas” e “Preservação/Conservação/Restauração” levantados em sumários de programas
oficiais de congressos, em sumários de dois periódicos de Arquivologia e nas listagens dos
Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação de Universidades brasileiras entre
1972 e 2007.
1º CBA - 1972
Nenhum título sobre os temas pesquisados.
2º CBA - 1974
Não foi localizado o programa oficial.
3º CBA - 1976
“Arquivo, Informação e Políticas”
1. Política Brasileira de Arquivos - José Pedro Pinto Esposel.
2. Sistema estadual de arquivos: plano diretor para uma política de organização e reorganização dos
arquivos públicos brasileiros - Cléa Dubeus Pinto Pimentel.
“Preservação/Conservação/Restauração”
1. Projetos de preservação e restauração de documentos da Biblioteca Nacional - Luzia Rodrigues
Contardo
2. Critérios de conservación de los bienes culturales - Vicente Viñas Torner
3. Contribuição para o estudo de fatores que influem na durabilidade e conservação do papel - Manuel
Pinheiro Machado.
4º CBA - 1979
Nenhum título sobre os temas pesquisados.
5º CBA - 1982
Não foi localizado o programa oficial.
6º CBA - 1986
“Arquivo, Informação e Políticas”
3. O Arquivo Nacional e a Política Nacional de Arquivos - Celina do Amaral Peixoto Moreira Franco
4. A política nacional de desenvolvimento científico e tecnológico e os arquivos - Antonio Agenor Briquet
de Lemos
“Preservação/Conservação/Restauração”
4. Programa Nacional de Preservação da Documentação Histórica - Gilson Antunes da Silva
5. Preservação das fontes primárias para a pesquisa histórica em Juiz de Fora - Fundação Cultural Alfredo
Ferreira Lage
6. Preservação e arquivamento de filmes no exterior: um depoimento - Clóvis Molinari Jr
7. Uma experiência didática na área de restauração de papéis - Maria Luisa Ramos de Oliveira Soares
8. A preservação do patrimônio histórico-cultural do RGS e as fontes sobre a Revolução Farroupilha - Eni
Barbosa
9. Conservação de arquivos especiais: uma abordagem comparativa entre diversas tecnologias de registro
e armazenagem de informações - Klaus Hendricks
10. Conservação de acervos fotográficos no Brasil: o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica,
Sérgio Burgi
11. Preservação de arquivos especiais: microfilmes, Wilson Camusso
12. A utilização de novas tecnologias de registro de informações em arquivos sob o ponto de vista de sua
estabilidade e preservação - Klaus Hendricks
391
7º CBA - 1988
“Arquivo, Informação e Políticas”
5. Política Brasileira de Organização dos Arquivos Judiciários - Aurélio Wander Chaves Bastos,
“Preservação/Conservação/Restauração”
16. Programa Preservação da Memória da Imprensa Paulista - Viviane Tessitore e Aparecida S. Linares
Botani,
17. Preservação de Documentos em Instituições de Direito Privado: o Exemplo do Conselho de Reitores da
Universidade de Brasília – CRUB - Zenaide Scotti Hirson, Maria Goretti Caixeta Rossi e Nivardo
Barros M. Filho
18. La legislación peruana sobre la conservación documental - Aida Luz Mendonza Navarro
19. O Centro de Preservação na Memória dos Serviços Estaduais de Saúde - Jandira Lopes de Oliveira,
20. Aplicación de materiales locales en la restauración de bienes documentales y bibliográficos en el
Ecuador - Nelly Peralta de Moreno
21. Preservar a imagem: uma visão ao alcance do seu Arquivo. O projeto de preservação e conservação do
acerto fotográfico do Arquivo de Rui Barbosa - Maria Lúcia Horta Ludolf Mello
22. Programa Nacional de Preservação da Documentação Histórica- PRÓ-DOCUMENTO: estrutura e
atuação - Carlos Augusto Silva Ditadi e outros
23. Restauração e transcrição dos livros da Câmara de São Luís dos séculos XVII, XVIII e XIX - Luiz
Phelipe de Carvalho Castro Andrès e outros
24. As atividades de conservação e restauração de documentos da Câmara dos Deputados: um trabalho que
se inicia - Neuma Pinheiro Salomão Gonçalves
25. Arquivo fotográfico do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia: uma experiência de
conservação e preservação do acervo - Zeny Duarte de Miranda Magalhães dos Santos
26. Preservação do acervo no Arquivo Nacional - Ingrid Beck
27. As condições de trabalho no campo da Conservação e Restauração de Documentos no Brasil e América
Latina - Ingrid Beck
28. Iniciativa Interamericana de treinamento na área de Conservação da Universidade de Colúmbia - Allert
Brown-Gort
29. O Microfilme. Será essa a Salvação para Preservar a Memória Documental? - Júlio José Fratus,
8º CBA - 1990
“Preservação/Conservação/Restauração”
30. Os arquivos na preservação da memória cientifica nacional: a biblioteca e arquivo de documentação em
história da ciência - Eliane Morelli
31. O centro de memória - Unicamp: a preservação da memória regional e o fundo Coletoria de Rendas de
Campinas - Fernando Antonio Abrahão
32. Leitura dos documentos históricos e sua conservação - Maria Helena Flexor
33. Conservação de documentos: uma demonstração do modelo francês no armazenamento dos documentos
de arquivo - José João Magalhães Ferreira dos Santos e Zenir Duarte
34. A preservação como meta institucional - Ingrid Beck
35. Microfilmar para preservar - Mário Guimarães de Mendonça Camões
9º CBA - 1992
“Preservação/Conservação/Restauração”
36. Conservação preventiva em acervos arquivísticos - Ozana Hannesch
37. Preservação da memória judaica - Iara leão
38. Primeiro socorros em conservação e restauração de documentos - Maria Aparecida Remédio
39. Catalogação e preservação de materiais especiais - Maria Aparecida Remédio e Miriam Paula Manini
“Preservação/Conservação/Restauração”
392
40. Preservação e acesso às coleções especiais no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro: implantação
de bancos de imagens - Rita de Cássia de Mattos
41. Preservação e conservação de documentos - Ingrid Beck
42. Plano de ação para o gerenciamento e a melhoria da qualidade nos serviços de preservação do acervo
documental do Núcleo de Documentação da Universidade Federal Fluminense - Gilson Cruz de
Oliveira
43. Uma experiência de formação na área de conservação de arquivos - Gloria Cristina Motta
44. Agentes nocivos na conservação de acervos: toxicologia - PUGA, Flavio Rodrigues Puga
45. Agentes nocivos na conservação de acervos - Dione Seripierri
46. Criação e implantação do Laboratório de Restauração e Oficina de Encadernação da Biblioteca Central
da UFPB - Ana Isabel de Souza Leão Andrade
47. Tratamento técnico e preservação de arquivos fotográficos - Joaquim Marçal Ferreira de Andrade
48. O desenvolvimento dos estudos, a aplicação prática e a normalização sobre a conservação e a
restauração de documentos fotográficos na França - Zeny Duarte
“Preservação/Conservação/Restauração”
49. Arquivos de Movimentos Sociais: uma Proposta de Microfilmagem de Preservação - S. S. Femandes
“Preservação/Conservação/Restauração”
50. Planejamento de Preservação em Arquivos - Ingrid Beck
51. Princípios básicos de preservação de fotografias - Márcia Melo
52. Conservação preventiva de filmes, fitas magnéticas e discos - Clóvis Molinari Júnior
53. Conservação preventiva e ferramentas de controle ambiental - Sérgio Conde de Albite Silva
54. Sistemas híbridos: multimídia e divulgação para a preservação de documentos - Esther Caldas Bertoletti
55. A tecnologia do papel: o atual estado da questão de preservação - Maria Luisa Soares
56. Preservação de imagens - Sergio Burgi
57. Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos - Ingrid Beck
58. Direitos humanos e arquivos: acesso à informação e preservação da intimidade - Margareth Silva
59. Institucionalização de Arquivos Municipais e a preservação do patrimônio documental do RS - Jorge
Ennriquez E. Vivar
60. Banco de Dados e imagens: preservação, organização e acesso - M. M. S. Pinto
61. O 5s e a conservação preventiva do acervo documental do sistema de arquivos da UFG – M. T. C.
Santan e R. B. Silva
62. Implementação da conservação de documentos no Arquivo Público do Estado do Paraná - S. Bojanoski
63. Elementos básicos para o planejamento e implantação de programas de preservação - O. Hannesch
64. Os edifícios de arquivos em clima tropical úmido: arquitetura, preservação de acervos e conservação de
energia - Cláudia S. R. de Carvalho
65. Documentos ópticos e eletrônicos: recomendações básicas para a conservação - N. R. Martins e A.
Remi
66. A coleção Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sua inserção na Comissão Luso Brasileira de
Preservação Documental: estudo de caso - Regina M. M. P. Wanderley
67. A disciplina Conservação e Restauração de Documentos nos cursos de graduação em Arquivologia no
Brasil - Gilson Cruz de Oliveira
393
“Preservação/Conservação/Restauração”
68. Requisitos conceituais para a preservação de documentos autênticos em sistemas eletrônicos: resultados
preliminares do Grupo de Trabalho InterPARES - Heather Mac Neil
“Preservação/Conservação/Restauração”
69. Developing a digital preservation framework at the UK National archives - Adrian Brown
70. O ensino da preservação digital - Ingrid Beck
71. Preservação de documentos eletrônicos: o papel dos formatos de arquivos - Ernesto Carlos Bodê
72. Preserving to ensure access - Adrian Brown
73. Seminar on digital archives: preserving to ensure access - Fynnette Eaton
1º CNA - 2002
“Preservação e Políticas”
2. Políticas públicas, vontade política e conscientização dos níveis decisórios para preservação – Solange
Sette Garcia de Zúñiga
“Preservação/Conservação/Restauração”
74. Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos: necessidades e perspectivas – Ingrid Beck
75. Gestão, preservação e acesso a documentos digitais: patrimônio cultural e diversidade – Pedro Paulo de
Abreu Funari
76. A preservação da informação – Sérgio Conde de Albite Silva
77. Preservação da memória arquivística nos municípios do estado de Goiás - Eliane Braga de Oliveira,
Conceição Aparecida Braga, Cristina Barros Freyer, Edna Vilas Boas Silva e Vanessa Mendes Santos
78. Museu Pedagógico: a intervenção acadêmica como ação de preservação de fontes para a história da
educação do sudoeste da Bahia - Ana Palmira Bittencourt Santos Casimiro, Lívia Diana Rocha
Magalhães e Ruy Hermann de Araújo Medeiros
79. Digitalização de documentos: normatizando procedimentos e preservando registros - Alex Ricardo
Brasil
80. Preservação e acesso aos documentos arquivísticos produzidos em meio eletrônico e em outras mídias
na Câmara dos Deputados: Um Estudo do Acervo da Coordenação de Arquivo - Daniela Francescutti
Martins Hott
81. Preservação de documentos digitais: a fragilidade do suporte cd-rom para a preservação - Humberto C.
Innarelli e Paulo Sollero
82. Teses e dissertações eletrônicas (ETD): preservação e disseminação de informações científicas - Jayme
Leiro Vilan Filho
2º CNA - 2006
“Arquivo, Informação e Políticas”
14. A implantação e implementação da política de gestão documental no Ministério Público do Rio Grande
do Sul: um relato de estratégias que deram certo - Luciana Baggio Bortolotto
15. Execução da política de gestão no Ministério Público do RS: uma proposta de intervenção na massa
documental acumulada (MDA) -Vanessa Berwanger Sandri
394
16. Política de gestão da informação no Ministério Público do RS: a caminho de uma política pública de
acesso à informação - Julio Cesar Finger
17. As políticas públicas e o Conselho Nacional de Arquivos - Jaime Antunes da Silva
18. O arquivista e as políticas públicas - Renato Tarciso Barbosa de Sousa
19. Identidad nacional, ciudadanía, y políticas archivísticas públicas - Alicia Casas de Barran
20. Política e arquivologia: algumas considerações sobre a legislação de sigilo - Cristiane da Cruz Honório
“Preservação/Conservação/Restauração”
83. Formatos de arquivo e a preservação de documentos digitais - Ernesto Carlos Bodê
84. Preservação do patrimônio documental e bibliográfico com ênfase na higienização de livros e
documentos - Mirian Yamashita e Fátima Paletta
85. Preservação da memória institucional e gestão documental no TRF/4ªRegião - Susane Reolon e Rita
Vieira da Rosa
86. Arquivo intermediário e permanente da SAA/SDO/FOUSP: proposta de reestruturação, conservação e
preservação. Maria Isabel Neves da Silva Odina
87. A arquivística na preservação do acervo documental da Escola de Teatro Leopoldo Fróes - Tassiara
Jaqueline Fanck Kich
88. Preservação digital dos acervos audiovisuais: a experiência multimídia do Senado Federal - Edna de
Souza Carvalho
89. A preservação da memória política e de documentos na Assembléia Legislativa do estado de Minas
Gerais - Maria Cecília Rubinger de Queiroz e Terezinha de Fátima Camarota M. Naves
90. Ciência da conservação: a constituição de uma disciplina - YacyAra Froner Gonçalves
91. Qué saben los que deciden en conservación? - Suzana Meden
92. Formação em preservação/conservação de bens culturais: um desafio - Solange Zuñiga
93. Curso de especialização em conservação de documentos: a experiência da Universidade Federal do
Paraná – Suely Deschemeier
94. Novas diretrizes para o ensino da preservação documental nos cursos de Biblioteconomia e
Arquivologia - Ingrid Beck
95. A preservação de documentos nos currículos da graduação de Arquivologia no Brasil: realidade e
desafio - Zeny Duarte
96. Retrospectivas e prospectivas no ensino da preservação de acervos como disciplina acadêmica - Sérgio
Conde de Albite Silva
97. Arquivo permanente: preservação da memória documental da JT Mineira - Maria Aparecida Carvalhais
Cunha
agosto de 1977 – v. 5, n. 2
“Preservação/Conservação/Restauração”
98. Preservación e restauración de fondos documentales - Mariano de Echazé Lezia
jan./jun. 2005 – v. 4, n. 1
“Preservação/Conservação/Restauração”
395
102. Rumo a uma teoria arquivística de preservação digital: as descobertas conceituais do Projeto
InterPARES – Luciana Duranti
103. A importância do planejamento de preservação – Ingrid Beck
104. Digitalización para la preservación del Archivo Sonoro de Casa de las Américas – Arien González
Crespo
jan./jun. 2006 – v. 5, n. 1
“Preservação/Conservação/Restauração”
105. Gestão arquivística e preservação de documentos digitais no Brasil: estado da arte – Rosely Curi
Rondinelli e Claudia Lacombe Rocha
106. A preservação da informação na Arquivística contemporânea – Sérgio Conde de Albite Silva
jul./dez. 2006 – v. 5, n. 2
“Arquivo, Informação e Políticas”
21. Políticas públicas arquivísticas: princípios, atores e processos – José Maria Jardim
“Preservação/Conservação/Restauração”
107. Dois aspectos da formação em preservação documental – Ingrid Beck
“Preservação/Conservação/Restauração”
108. Pesquisa científica e os arquivos: problemas de conservação em Honduras – Victor C. Cruz Reyes
jul.dez. 1988 – v. 3, n. 2
“Preservação/Conservação/Restauração”
109. Novas perspectivas para a restauração de documentos do Arquivo Nacional – Ingrid Beck
jul.dez. 1989 – v. 4, n. 2 e v. 5, n. 1
“Arquivo, Informação e Políticas”
23. A legislação e a política de arquivos no Brasil – Aurélio Wander Chaves Bastos e Rosalina Corrêa de
Araújo
“Preservação/Conservação/Restauração”
114. Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital – Claudia Lacombe Rocha e Margareth da
Silva
UFRJ-IBICT - http://www.ibict.br/anexos_secoes/rel.diss.atual.2004nov.doc
http://www.ibict.br/anexos_secoes/teses.doutor.atual2005.doc
“Preservação e Políticas”
4. 2005 - ZÚNIGA, Solange Sette Garcia de. Documentos como objeto de políticas públicas em
preservação e o acesso à informação: o caso das bibliotecas e arquivos. 31 mar. 2005. Tese (Doutorado
em Ciência da Informação) - CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientador: Geraldo Moreira
Prado.
“Preservação/Conservação/Restauração”
115. 2002 - BRITO, Verônica Martins de. A preservação de memória científica da FIOCRUZ: a visão de
quem faz ciência. 11 nov. 2002. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – MCT/IBICT-
UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadores: Maria Nélida González de Gómez e Flávio Coelho Eldler.
116. 1996 - BAPTISTA, Antônio Carlos Nunes. Biblioteca e memória: preservação no limiar do ano 2000
subsídios a partir da análise conceitual da Biblioteca Nacional. 31 maio 1996. Dissertação (Mestrado
em Ciência da Informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadora: Lena Vania
Ribeiro Pinheiro.
___________________________
UNB - http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/resultado-tdes-
prog.php?ver=1&programa=1&ano_inicio=&mes_inicio=&mes_fim=&ano_fim=2007&grau=Todos.
“Preservação e Políticas”
5. 1991 - Clarimar Almeida Valle. Subsídios para uma política de preservação e conservação de acervos
em bibliotecas universitárias brasileiras. 23/06/1991.
397
“Preservação/Conservação/Restauração”
117. 2000 - Neide Aparecida Gomes. O ensino de conservação, preservação e restauração de acervos
documentais no Brasil. 10/03/2000.
_______________________
UFMG - http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Disserta%E7%F5es
http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Teses
“Preservação e Políticas”
6. 1992 - Mônica Erichssen Nassif. Subsídios para a formulação de políticas de preservação de acervos de
bibliotecas: um estudo de caso. Orientador: Sônia de Conti Gomes. Data de defesa: 24/07/1992.
“Preservação/Conservação/Restauração”
118. 1995 - Rosana Carla Froes. Obras raras no Brasil: estudo dos critérios de raridade bibliográfica,
tratamento técnico e preservação das coleções. Orientador: Marysia Malheiros Fiúza. Data de defesa:
22/12/1995.
119. 2004 - Katia de Padua Thomaz. A preservação de documentos eletrônicos de caráter arquivístico:
novos desafios, velhos problemas. Orientador: Maria Eugênia Albino Andrade. Data de defesa:
16/12/2004.
___________________________
“Preservação/Conservação/Restauração”
120. 1991-1995 - Violeta Cheniaux. A formação do museólogo no controle da luz e da umidade para a
preservação e conservação de acervos:um estudo a partir de museu da Fundação de Artes do Rio de
Janeiro. Orientado por Arno Wehling.
121. 1991-1995 - Maria Arminda Castro Mendonça de Souza. Modernidade e preservação: Balbina - o
Amazonas e sua primeira hidrelétrica. Orientado por Liana Ocampo.
122. 1998-1999 - Marilene Nogueira Barbosa. A preservação da memória social e da oralidade: os atuais
contadores de Histórias. Orientado por Maria Teresa Toríbio Brites Lemos.
123. 2000-2001 - Lia Motta. Patrimônio urbano e memória social: práticas discursivas e seletivas de
preservação cultural (1975/1990). Orientador por Paulo André Leira Parente.
124. 2000-2001 - Maria de Fátima Araújo di Gregório. Memória coletiva: estratégias de preservação da
identidade cultural do imigrantes italianos. Orientador por Maria José Wehling e Arno Wehling.
125. 2000-2001 - Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho. Estratégias de preservação da memória dos ternos
de reis da região de Jequié. Orientador por Charles Feitosa.
_________________________
UNESP Marília
http://polo1.marilia.unesp.br/pos-graduacao/stricto_sensu/ci/index.php?Meio=dissertacoes.php
“Preservação/Conservação/Restauração”
126. 2002 - LOPES, Maria Aparecida. Preservação de acervos em bibliotecas universitárias: proposta de um
modelo para implantação de uma divisão. 2002. 140f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Informação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2002.
398
Apêndice I
A íntegra das entrevistas realizadas.
Entrevistado
Nome: JAIME ANTUNES DA SILVA
Formação: bacharel em História e em Arquivologia
Cargo / função entre 1995 e 2005: presidente do CONARQ e diretor-geral do Arquivo Nacional
Entrevista feita em 14/11/2007, das 16h às 17h20 (80 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a finalidade de formular a Política Nacional de Arquivos?
• A Lei 8.159, de 1991, o Decreto 4.915 (SIGA), de 2003, e a mais recente Resolução do CONARQ, a de
no 25, de 2007, não incluem a preservação no conjunto de procedimentos e operações técnicas da gestão
de documentos.
• Em termos globais, qual é a situação da informação arquivística do Executivo federal brasileiro do
ponto de vista de sua preservação?
• O Relatório de Atividades do AN de 2004 informa que a Lei 11.010 de 17/12/2004 aprovou um
“crédito suplementar no valor de R$ 113.000,00, sendo o mesmo remanejado da atividade Preservação
do Acervo, para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do Arquivo Nacional.”. Por
que a rubrica escolhida foi a de Preservação do Acervo? Quais os critérios que levaram a essa escolha e
decisão?
• No Relatório de Atividades do AN de 2001, previu-se que seriam preservados 2.100 documentos ao
custo de R$ 263.478,00, mas foram preservados 400.796 documentos (19.085% a mais do que o
previsto) a um custo de R$ 246.958,83, isto é, R$ 16.519,17 a menos do que o previsto. Ou seja, foram
preservados 398.696 documentos a mais com 6,27 % menos dinheiro do que o previsto. O que houve?
• Qual a sua avaliação sobre a mudança da vinculação do Arquivo Nacional para a Casa Civil?
Respostas
administração pública... [interrupção para atender ao telefone] estava na cabeça de cada administrador, que
avaliava o que queria. Embora, já desde meados dos anos 80, já tivesse havido um diagnóstico da situação dos
arquivos, ou da situação dos serviços arquivísticos governamentais, que apontava uma série de deficiências,
inclusive, ausência de dados normativos, carência de pessoal, serviços governamentais abaixo da crítica, nenhum
critério na avaliação de documentos... Então, era um diagnóstico de situação que o Arquivo tinha, mas ele não
tinha nenhum amparo legal para ele intervir nisso. Dependia do sabor de cada um. O projeto de Lei de Arquivos,
quando ele começa então a ser maturado nos anos 80, na segunda metade dos anos 80, e ele vai para o Congresso
Nacional num período de rebeldia da própria direção do Arquivo Nacional, que não concordava com as
tendências que o Ministério da Justiça punha e ele foi apresentado como um projeto oriundo do Congresso
Nacional e não do Executivo. E tramitou... Ele tramitou nos anos 90... Nos anos 90, geria o Ministério da Justiça,
o coronel Jarbas Passarinho, dirigia o Arquivo Nacional, Maria Alice Barroso, e ele disse que não admitiria
aprovar um projeto de lei em que o Arquivo Nacional passava para a Presidência da República, e deixava de ser
um órgão subordinado ao Ministério da Justiça. Que ele não pactuaria com um ato legal que subtraísse do MJ, o
Arquivo Nacional. Nesse projeto, que foi encaminhado ao Congresso Nacional, o Arquivo passava para a
Presidência da República, o que foi ocorrer em junho de 2000, muitos anos depois, por uma outra... uma coisa
não planejada, por uma contingência e tomada de decisão do Governo em função de uma política de segurança
pública, e o Arquivo então passou à Presidência. O Conselho Nacional de Arquivos era um órgão da Casa Civil
da Presidência da República [no tal projeto], mas que ele não teria a composição que ele tem hoje. A visão era
um Conselho Superior de Arquivos do qual participava o ministro-chefe da Casa Civil, e teria representantes dos
ministérios, e dos tribunais, e dos outros, mas num nível político. E aí, com a posição do Jarbas Passarinho, que
não admitia que o Arquivo Nacional saísse, o que foi feito? Uma emenda onde lia-se ‘O Arquivo se subordina à
Presidência da República’ ficou ‘O Arquivo se subordina ao Ministério da Justiça’, uma reafirmação na lei de
uma coisa que ele era, mas para remendar o tal ‘Presidência’. E o que dizia que o CONARQ estaria vinculado à
Casa Civil, virou ‘O Conselho está vinculado ao Arquivo Nacional’. Ou seja, o que era um Conselho superior
não podia estar vinculado ao órgão que seria o órgão executivo da Política [Nacional de Arquivos]. O Arquivo
seria a secretaria-executiva do colegiado político. Tomou uma decisão... A decisão é essa quanto à avaliação, ou
quanto à produção de documentos eletrônicos, quem acompanharia isso, era o Arquivo Nacional, em âmbito
nacional da Política de Arquivos. Isso não aconteceu, e aí virou [o CONARQ] um órgão técnico, mas que assim
mesmo, cumpriu uma função importantíssima, para o momento de ausência de instrumentais básicos de
avaliação de documentos, de uma normativa mais adequada para a microfilmagem, de metodologias para
destinação de acervos, ao mesmo tempo, questões voltadas para as questões de preservação lato sensu, às
questões ligadas à gestão de documentos eletrônicos... Ou seja, o Conselho foi composto tecnicamente pelas
direções de arquivos dos tribunais superiores, pela direção de arquivo do Poder Legislativo, Senado e Câmara,
os gestores de arquivos dos ministérios, os diretores de arquivos estaduais, os diretores de arquivos municipais,
representantes das escolas mantenedoras de Arquivologia, e a representação das associações profissionais, e das
entidades voltadas para ensino, pesquisa etc. Então, o Conselho tomou uma outra configuração, mas que, na
minha avaliação, foi oportuno, também. Por que? O Conselho... começamos a trabalhar na regulamentação do
Conselho em 92, por que a Lei é de 91, na gestão da Maria Alice... as coisas não avançavam, não avançavam...
Retomamos a discussão em 93, e em junho de 94 sai a primeira regulamentação do Conselho Nacional de
Arquivos. E ele é instalado pelo ministro da Justiça, que era o Duperat, que é um mineiro, ele é instalado em
400
dezembro de 1994, quando começam os trabalhos. Então, esse é o caminho. O que foi feito na composição do
primeiro plenário do Conselho? Primeiro, uma análise... Primeiro, uma discussão de uma proposta de seu
regulamento interno, que foi um trabalho feito dentro do Arquivo Nacional para que pudéssemos ter matérias
para a discussão do Conselho Nacional de Arquivos, em 94. Delineamos a necessidade de que o Conselho
deveria ter, para auxiliar o plenário, Câmaras Técnicas. Criaram-se, então, nesse momento, as Câmaras Técnicas
voltadas para a gestão, mas que era dividida em duas, uma de avaliação, uma de classificação, não é para secreto
ou ultra-secreto, era para implantar código de classificação, uma voltada para capacitação de recursos humanos,
uma voltada para documentos eletrônicos, uma de preservação... Eram cinco Câmaras Técnicas. O que, aquilo
que eu já relatei a você que foi uma ação da SEDAP [Secretaria de Administração Pública da Presidência da
República], que era uma coisa, que é hoje... que foi o Ministério da Administração, depois o Ministério do
Planejamento, e que se voltava para a questão da administração pública, racionalização da administração pública,
que fez aquele diagnóstico. Ao mesmo tempo, uma equipe do Arquivo Nacional, ligada à gestão de documentos,
começou um trabalho de formiguinha junto com outros ministérios para pensar um código de classificação e uma
tabela de temporalidade para a atividade-meio. Então, isso começou... Implantado o CONARQ, o que se fez? Se
trouxe essa reflexão desenvolvida pelo Arquivo Nacional em parceria com os outros ministérios para que ela
pudesse ser aprofundada em termos de análise e consolidação dentro das respectivas Câmaras de classificação e
de avaliação de documentos. E, com isso, começam a surgir as resoluções do Conselho. E aí dá origem à
Resolução número 4, que é o código de classificação e tabela de temporalidade para atividade-meio, por que nós
tínhamos um levantamento feito, que havia uma quantidade enorme de acervos acumulados, e que desde a Lei de
Arquivos não podiam mais ser eliminados ao critério do administrador, sem que a instituição arquivística pública
autorizasse a sua eliminação. E sob que parâmetros, ou sob que normativa, o Arquivo analisaria as tabelas de
temporalidades dos órgãos? Enquanto não tivesse, nós não podíamos fazê-lo. Então, estimulamos para que isso
avançasse e aí dá origem então à Resolução no 4. A partir daí o Arquivo começa a receber não mais o que a
administração queria mandar para cá, mas sim a gente começou a ter contato com o que a administração estava
produzindo na sua fase corrente. Havia uma coisa dicotômica: o corrente era antagônico do intermediário e do
permanente, e não a coisa encarada como um único fluxo informacional do processo de documentar, do processo
arquivístico. As coisas eram estanques: até este ponto, cabe a esse órgão; esse órgão não falava com o Arquivo
[Nacional]; daqui em diante, cuida o Arquivo. Então, havia a partir daí... não, tivemos que começar a dizer ...
olha, está havendo invasão de área, isso não é bem assim, nós temos que agora ter dados, que os órgãos
começaram a enviar ao Arquivo Nacional para análise, com base na Resolução no 4, pelo menos, o que era da
atividade-meio. E o que era da atividade-fim, que nos mandavam, cada um tinha uma análise específica e se
pairasse dúvida, aos arquivistas, aos historiadores da Casa [Arquivo Nacional] se demandava diligência ao órgão
produtor. Então, a partir daí, começa a se criar uma nova relação mais orgânica, com uma identificação mais
clara, do que cabia ao Arquivo Nacional no processo de promover a gestão documental dos órgãos e entidades
do Poder Executivo federal. Então, isso começou dessa maneira. A partir daí, o Conselho começa a ver que
coisas se aplicariam, subsidiariamente, a um programa de gestão. Tem a microfilmagem. A Lei da
Microfilmagem, que é muito anterior à Lei de Arquivos, havia um decreto, mas que ele precisava ser
reformulado. Não se criou... (não reformular a lei, se reformular o decreto, regulamentar). Não se reformulou a
lei, mas se reformulou o decreto, a partir de uma comissão especial. Chamaram-se especialistas em
microfilmagem para que se pudesse discutir dentro dos parâmetros e limites que a Lei do Microfilme impunha,
401
como se poderia dar uma normativa mais contemporânea, para a questão da microfilmagem e, ao mesmo tempo,
a demonstrar que a microfilmagem é ainda uma técnica estável aplicado aos arquivos, como um processo que
pode ser utilizado subsidiariamente ao processo de avaliação: em se reter documentos por amostragem, se
microfilmar determinados conjuntos, de uma forma mais ordenada. E não como aconteceu no boom da
microfilmagem nos anos 60, que se microfilmava o caos, se jogava fora o documento, e hoje se tem películas aos
caos, que agora, com a facilidade da digitalização de uma película por meio digital, você pode criar por
metadados, começar a criar um processo de ligação entre um documento que estava microfilmado aqui, mas que,
muitas vezes, a continuidade dele estava 50 fotogramas adiante. Por que a meta era isso: ‘Livre-se dos fungos,
livre-se dos ácaros, antes, se você não pode ter ambiente empoeirado, não tem mais espaço, microfilme que os
seus arquivos estão organizados’, o que era um blefe, mas, tudo o que é ‘muderno’ em tecnologia, o
administrador embarca, como se aquilo fosse a panacéia de todos os males e resolução de todos os problemas.
Como acontece, também, com o uso da digitalização, que é o mesmo processo. Embora eu ache que hoje já há
um grau de consciência técnica maior entre os agentes públicos, entre os servidores e entre os profissionais, que
são formados pelas Universidades, que têm uma informação muito mais consolidada dos riscos que se tem com a
aplicação inadequada de uma tecnologia de informação, aplicada sem nenhum planejamento, sem absolutamente,
medir as conseqüências, nem examinar o custo/benefício disso. O que é melhor para a preservação? O que é
melhor para a retenção e preservação do acervo? E o que é melhor em termo de custo/benefício para a própria
administração?”
“Então, este conjunto de ações direcionadas propositalmente para a gestão era para desafogar o gargalo
que se tinha, por que a partir de 91, com a indicação nas cláusulas finais da Lei, de que uma pessoa que
eliminasse um documento de valor permanente, ou um documento privado de benefício social, sem nenhuma
preocupação, e era permanente, comprovadamente considerado, estava sujeito a ações penais e administrativas
no âmbito da Lei. Então, isso, de alguma maneira, começaram os ministérios a dizer: ‘Como é que a gente faz,
como é que a gente examina, como é que a gente elimina, como é que a gente avalia’. E havia todo um processo
educativo que dizia: ‘Olha, a avaliação não é para eliminar. A avaliação é para identificar, dentro do que foi
produzido pela administração, aquilo que realmente tenha valor probatório e informativo, que venha a defender
interesses dos agentes que atuavam nesse cenário, dos cidadãos que se relacionavam com aquele órgão ou com
aquela entidade e para a história e defesa do próprio órgão e entidade. Ou seja, para a defesa do cidadão e do
Estado, em síntese.”
“A partir dessas questões todas, saíram resoluções sobre sinaléticas de microfilme, textos sobre
preservação. Isso, de alguma maneira, criou um conjunto de indicativos técnicos que delineiam as diretrizes que
estão na competência do CONARQ para a Política Nacional de Arquivos, no que tange à gestão, à preservação, e
aos mecanismos de difusão da informação. O input, o processo e o output dessa informação pública. E o
Conselho Nacional de Arquivos, nesse período, eu não tenho dúvida de que ele foi e tem sido um instrumento
extremamente importante para a gestão da informação pública do país. Não só em nível nacional, mas também,
por que, do que se atua, do que se executa, do que se aplica em nível nacional acaba replicando em outros níveis,
principalmente, estaduais. Estaduais, que a gente viu durante esse processo uma tomada de fôlego em muito
estados, que começaram a trabalhar suas tabelas, suas políticas, suas normas, seus programas de gestão com
bases nessas diretrizes e instrumentais técnicos que foram produzidos. Então, o que eu percebo, e que é a nossa
missão 2008, é uma sistematização de todas essas questões, voltadas em um texto que seja a... a... de que forma
402
esses instrumentais todos se aplicam dentro de uma política de arquivos, para que a gente tenha um documento
basilar que sirva de referência, no qual envolva não só a questão dos documentos tradicionais, mas também as
questões dos documentos digitais. Então, isso é a missão do CONARQ em 2008, é a produção, primeiro, de um
grande texto que seja a Política Nacional de Arquivos a serviço da visibilidade do próprio Estado. Além de
avançar nas questões que estão pendentes, dos instrumentais, é a gente ter, dentro do bojo do convênio de
cooperação que a gente tem com a UNESCO, é traçar uma série de texto que culminem, primeiro, com a questão
da Política [Nacional] de Arquivos e o uso da informação pública, a serviço do Estado e do cidadão, como
instrumental democrático, e resgate da função social dos arquivos, as questões voltadas para sistematizar dados
ligados à preservação, à segurança, à gestão... Enfim, uma série de textos, que de alguma maneira, contribuam
dentro do Sistema Nacional de Arquivos para um texto de referência para os integrantes desse sistema.”
“Um outro fator, quer dizer, terminada aquela etapa mais pesada sobre a gestão, embora prossiga na
gestão do documento digital, que é uma ação, passamos a nos preocupar de que forma poderíamos cruzar
informação, termos informação, integrar informacionalmente os arquivos públicos que detenham patrimônio
documental. Para isso, a gente foi acompanhando, a par e passo, o que avançava em nível internacional, no
Conselho Internacional de Arquivos, nas questões voltadas para a estandartização da informação, no processo de
descrição. A gente precisava criar alguma coisa que amalgamasse essa informação, por uma razão muito
simples: a formação do patrimônio documental brasileiro, enquanto macro-análise, ele é..., ele nem sempre..., o
princípio da autoridade, ao qual aquele conjunto deveria estar, tecnicamente, subordinado, foi respeitado. Isso,
por diversas razões, razões de ordem política, de abrangência territorial... Então... A própria ação do Arquivo
Público do Império, que levou as diversas províncias do Estado brasileiro independente, os agentes auxiliares da
direção do Arquivo do Império, que eram advogados, escritores, que iam para as províncias capturar acervos
para formar o arquivo da nação brasileira. Então, o Arquivo tem a totalidade do acervo, mas ele tem documentos
que deveriam estar em arquivos municipais, documentos que deveriam estar em arquivos estaduais, há
documentos que estão em arquivos municipais que deveriam estar no arquivo estadual, há documentos em
arquivos estaduais que deveriam estar nos municípios... Ou seja, este processo de formação das instituições
arquivísticas do país levou à oportunidade de salvaguarda, quando podiam, de documentos, que, muitas vezes,
não eram de sua jurisdição. E aí, nós precisávamos, de alguma maneira, criar instrumentos para identificar onde
estava o que. E aí, o Arquivo Nacional e o Conselho Nacional de Arquivos organizaram, em 1999, uma Mesa-
redonda Nacional de Arquivos que tinha como objetivo traçar uma série de questões voltada para a integração
dos arquivos de terceira idade, de que forma isso poderia se consolidar, como fazer um bom diagnóstico nos
arquivos privados, como estava o segmento dos arquivos da Igreja, como é que funciona a questão dos arquivos
privados de interesse público e social, como é que isso se integra... E, na proposta do documento dessa mesa,
ficou definido que seria necessário criar, a partir do que se discutiu, e do primeiro diagnóstico, nem muito
perfeito, mas que eu acho que dava um bom subsídio para a discussão, feito pela Fundação Tavera - essa mesa
foi desenvolvida entre o CONARQ, o Arquivo, o Banco Mundial e a Organização dos Estados Americanos - era
de que forma a gente criaria, aprofundava uma avaliação disso. Há diversos textos disponíveis na página para
acesso, são publicações virtuais com os resultados dessa mesa, e diversas cabeças fizeram diagnóstico ou
diagnose da situação dos arquivos municipais, estaduais etc., para ver de que forma ficava. E saiu daí um
produto, uma proposta, que era a criação de um Censo Brasileiro de Arquivos Públicos e Privados. Esse Censo
Brasileiro de Arquivos Públicos e Privados, que conta até hoje com ajuda do Governo espanhol, mas que contou,
403
no seu nascer, com uma boa contribuição do Ministério da Cultura da Espanha, que apóia em toda a América
latina a realização do censo guia. Embora o Brasil não tenha sido colonizado pelos espanhóis, mas a direção dos
Arquivos Estatais da Espanha disse ‘Não, Jaime, vocês façam o projeto e a gente ajuda o Brasil também’. E o
produto dessa informação está disponível naquele íbero-arquivo, disponível naquele site do Ministério da
Cultura, que a gente faz alimentação on line em Português. Nós estamos revendo agora, por que o questionário
brasileiro tem muito mais campos do que tem o questionário estandartizado espanhol. E esse projeto surge,
também, no momento em que caminhava-se para a aprovação da ISAD(G), que, efetivamente, ocorreu no ano
2000, no Congresso Internacional de Sevilha, e que essa ISAD(G) estimulava que os países tivessem suas
normas próprias. Vítor Fonseca participou, desde o início, desse grupo de normas, e que estão estudando hoje,
outras normas, além da ISAAR(CPF). Então, este trabalho já foi desenvolvido visando um campo normatizado
da informação, embora, esteja neste momento em fase de revisão para fazer um ajuste pleno à NOBRADE, a
Norma Brasileira de Descrição.”
fomos. Eu nem sabia, por que eu estava no Ministério da Justiça no meio da sala do povo de orçamento,
discutindo orçamento do Arquivo Nacional, e de repente, diz: ‘Vai ter uma coletiva’, paramos todos na diante da
televisão e lá no meio, eu sei, enquanto diretor do Arquivo Nacional e presidente do Conselho, que fora a medida
provisória que implantava o plano de segurança pública preliminar do país, nos itens finais, estávamos, Arquivo
Nacional e Imprensa, passando para a Presidência da República, que, de alguma maneira, se fez cumprir o que o
Arquivo planejou na década de 80, que, por teimosia do Jarbas Passarinho, não aconteceu. E que naquela época,
eu acho que já mencionei, a Maria Alice chamou os técnicos e disse: ‘Olha, tem esse impasse. O ministro propõe
veto e engaveta o projeto. O que vocês me aconselham?’ Então, a decisão foi a seguinte: é melhor ter a Lei,
ficando no Ministério da Justiça do que não ter Lei e a gente não ter força alguma. Embora a vinculação do
Conselho Nacional de Arquivos ao Arquivo Nacional é uma excrescência normativa. Então, embora conscientes
disso, nós tínhamos de fazer o besouro voar. Por que o besouro, na aerodinâmica do vôo, ninguém imagina que
aquilo possa voar. Um treco redondo, asinha curta, barrigudinho, pesado... como é que aquilo balança a asa e
voa? Nós tínhamos que fazer voar, de qualquer maneira, mesmo sabendo que o ideal era termos um órgão
político. Mas, eu não tenho dúvida, que, mesmo sendo um órgão técnico que tem que definir a base da política,
ele fez um trabalho meritório para as questões voltadas para as normas gerais, as diretrizes gerais da gestão da
informação arquivística muito mais do que se avançou em termos de bibliotecas e de museus, que veio mais
tardiamente, com uma definição de políticas, mas que, na realidade, está no papel, mas não tem instrumentais
produzidos, como o Conselho [Nacional de Arquivos] tem. O Conselho não tem no papel, mas tem na prática, as
diretrizes que tem que ser acompanhadas e seguidas para a implantação das questões determinadas em lei, para
que haja cumprimento da norma. Então, isso é um dado da história da instituição, mas essa passagem, que
cumpriu um pouco o que se pretendia nos anos 80, veio em um momento em que nós mesmos não esperávamos.
E a partir daí, o Arquivo, como Arquivo Nacional, muito mais que como Conselho Nacional de Arquivos, vem
experimentando um processo de modernização, de queima de etapas que não experimentamos nos anos 80. Nos
anos 80, tivemos gestão de recursos humanos, mas, muitas vezes, nós não tínhamos orçamento, nós não
tínhamos estrutura, disputava-se verbas com Carandiru, com levante Ianomâmi, tinha que fazer pajelança no
pátio para o ministro poder aparecer. Enfim, era sempre mais difícil. Na Casa Civil, a gente vem
experimentando, até hoje, um processo de investimento, que nós não teríamos se tivéssemos ido parar, seja no
Ministério do Planejamento, seja no Ministério da Cultura, como era o anseio do Weffort [Francisco Weffort,
Ministro da Cultura do Governo Fernando Henrique Cardoso]. O Weffort pleiteou ao Presidente da República
que o Arquivo fosse para a Cultura. E aí, ficamos no impasse entre junho e setembro [de 2000] que nem a
Presidência da República fazia nada pelo Arquivo e nem o Ministério da Cultura, por que nós estávamos no
limbo. Aí, eu disse: ‘Olha, ministro, eu não fico em cima do muro nessa história’. ‘Ah, mas o ministro Weffort
apresentou...’ Fizemos razões pelas quais o Arquivo deve permanecer num campo neutro. Por que? A visão que
se tinha antes era o Arquivo depósito de documentos e nós queríamos um Arquivo, não paciente, mas agente de
transformação para a modernização dos serviços arquivísticos governamentais, como previa a Lei, etc., etc. E na
Cultura, nós seríamos vistos, fatalmente, como um aparelho cultural. Então, eu pedi ao ministro Pedro Parente,
que me agendou uma audiência com o ministro Weffort, e eu, terceiro escalão, sei lá que escalão é na
administração, fui conversar com o ministro da Cultura para dizer a ele, delicadamente, por que o Arquivo não
tinha que ir para lá.”
405
está presente nisso, por que, quando você usa os bons recursos, e de forma adequada, a tecnologia da informação
aplicada aos arquivos, você tem uma meta da preservação e da difusão, mas você está prevendo aumentar a
longevidade dos materiais por outras técnicas que, muitas vezes, o suporte contemporâneo tem uma fragilidade
inerente à sua própria produção, dada a fragilidade dos papéis contemporâneos, ou a fragilidades das técnicas ou
métodos utilizados na produção de outros registros documentais, como fotografia, como produção de filmes, de
vídeos, que se nós não tivermos um bom processo de preservação e de estocagem desse material, a longevidade
desses materiais está em risco. Da mesma forma que a baixa qualidade de nossos papéis, a baixa qualidade da
tinta, a baixa qualidade da forma como se faz o registro da informação contemporânea vai nos levar a perder
esses documentos contemporâneos com muito mais rapidez que os documentos feitos com papel de trapo e com
tinta permanente. Então, eu acho que no conjunto... é... Por isso eu tenho a expectativa desses textos que criarão
os enlaces entre as diversas ações para que a gente tenha um documento mater do qual eu interligo todos os
penduricalhos, criando, nessa realidade, átomos para formar um conjunto, associando essas questões todas, por
que todos voltam... Por que uma boa gestão leva a uma boa qualidade informacional do que vai ser retido. Por
isso a minha conversa com o Weffort. Primeiro, o Arquivo tem de cuidar de 100% da produção documental para
saber conduzir tecnicamente o que vai ser eliminado para que a gente tenha bons espólios informacionais a
serviço da cultura. Por isso que nós precisamos estar em um lugar que um lado não ultrapasse o outro, embora
toda a documentação pública foi produzida para atender primeiramente à administração e ao cidadão, e,
secundariamente, à cultura. Mas o que se deseja é que uma boa gestão leve a um bom espólio informacional
adequado. Se os acervos já entram organizados no Arquivo, mais agilmente se coloca a informação no circuito a
serviço da cultura e da produção do conhecimento.”
“Há uma proposta do Ministério da Saúde de fazer a mesma coisa com os hospitais federais em
conjunto com a Câmara Setorial de Arquivos Médicos, o Arquivo Nacional e o Conselho e que depois saiam
resoluções específicas para esse fim, da mesma forma que saiu uma resolução para a tender as necessidades de
documentação de pessoal militar. Por que os comandos disseram que a Resolução 14, que é a revisão da
Resolução 4, não atendia na gestão de pessoal militar, as classes que estavam lá. Fizemos 26 reuniões com os
milicos no Arquivo Nacional, levamos, sei lá, um ano e meio, dois anos, até eles se ‘consensarem’ e foi levado
ao CONARQ e se baixou uma resolução complementar à Resolução 16, implantando uma classe especial para
documentos de administração de pessoal.”
“Há uma discussão com o setor elétrico de encaminhar questões semelhantes, de buscar junto com a
Memória da Eletricidade, algo que seja comum e que venha a virar um certo padrão, que facilite o trabalho de
avaliação e de destinação.”
“Logicamente, tudo isso significa dar cumprimento ao parágrafo segundo do artigo 216 da Constituição
federal que cabe à administração pública fazer sua gestão para atender as suas necessidades de informação e um
arquivo com um bom programa de gestão codificado e temporalizado. Em algum momento poderemos
implementar, via o SIGA, os códigos de classificação da atividade-meio, que já os temos, das atividades-meio
mais específicas, como é o caso do pessoal militar, mas para que os documentos possam nascer codificados e
temporalizados. Dá certo na Alemanha, mas, de repente, pode dar certo nos trópicos.”
“E com isso, o SIGA é o instrumento importante. Por que a nossa relação com a administração pública
se fazia na determinação dos ditames da Lei 8.159 e um pouco no varejo. Agora, não. A gente tem uma comissão
do SIGA, uma comissão de coordenação que define uma série de questões voltadas para o interesse dos arquivos
da administração pública federal.”
“E, ano que vem, nós vamos ter que trabalhar junto com a SLTI [Secretaria de Logística e Tecnologia
da Informação, do Ministério do Planejamento] ou com outras instâncias de governo, uma infovia que possibilite
a comunicação das centenas de sistemas que cada órgão da administração tem e que cada um acha o seu o mais
porreta do que o outro. Ninguém quer abrir mão. Havia uma proposta, primeiro, do Planejamento, que discutia
com a gente implantar um sistema único, e eles mesmos chegaram à conclusão que era impossível. Que quem já
tinha um sistema estruturado, não queria abrir mão. Tivemos uma discussão este ano [2007], e a idéia é
intensificar o ano que vem, é que a gente precisa, já que o SIGA é identificado pelo governo como um dos
sistemas estruturadores da administração pública. O SIGA é uma dos sistemas estruturadores. E a gente tem que
interagir, criar uma interoperabilidade que ligue essa informação que tramita para atender o cidadão, mas, ao
mesmo tempo, a informação que tramita para saber onde está o que, como isso pode ser acelerado em função de
também dar cumprimento a outros ditames constitucionais, que é o direito do cidadão acessar a informação
pública corrente, produzida pelo Estado.”
“A implantação dessa rede de cooperação, falando em uma linguagem comum, entre os arquivos, vai
possibilitar socializar a informação de terceira idade, ou a informação histórica de uma forma também articulada,
já que a formação do nosso patrimônio, como eu disse, ela se formou, de uma maneira oportunística. Aquele
arquivo que tinha condições de guardar aquela documentação, guardava. Mas aquilo era federal e estava em um
arquivo estadual. Eu acho que não faz sentido ficarmos reivindicando: isso é um problema federal, estadual ou
municipal. Está se tratando de patrimônio. Por isso, o Censo é um dado importante para amalgamar essa
informação. Ele foi aplicado na totalidade do Rio de Janeiro, mas ele está sendo aplicado em treze capitais, para
408
que agente possa, no momento oportuno, ter uma rede. E em função de um projeto contemporâneo, um projeto
que visa integrar um segmento da informação pública, somada à produção documental privada de interesse para
estudos do período de 64-85. Esse Centro, que vai ser implantado pela ministra Dilma no Arquivo Nacional,
chama Memórias Reveladas. Por que o Arquivo Nacional, desde 2005, vem recebendo uma quantidade enorme
de acervos de órgãos federais sobre o período da ditadura. Então, a idéia é integrar os arquivos públicos
estaduais que são detentores de [documentos do] DOPS, depois os centros de documentação de universidades
que tem arquivos privados de interesse para estudar essa temática. A equipe de TI da Casa [tecnologia da
informação do Arquivo Nacional] está costumizando o nosso sistema de informação com base na Norma
Brasileira de Descrição para um teste de alimentação on line pelas diversas instituições de um instrumento
padrão. Se isso dá certo, e é potencializado como instrumento, a idéia é que isso seja retrabalhado numa
plataforma..., por que ele está em uma plataforma proprietária, por isso é que ficaria aqui, numa plataforma livre,
para que as instituições possam trabalhar usando a Norma Brasileira de Descrição e a gente possa integrar em
um ciberespaço essa informação. Por que com isso, essa colcha de retalhos, que, às vezes, tem um paninho solto
aqui, um paninho solto aqui, se costura, por meio de um projeto específico, que depois pode, quem sabe, ser...
aumentar sua abrangência para outros fundos documentais que não seja disso. E, com isso, a gente cria uma rede
de cooperação, onde todo mundo é responsável por aquilo que alimenta. Só que alimentamos e temos um
vocabulário, de alguma maneira, comum, de cruzamento dessa informação.”
“Então, eu acho que os instrumentos que o Conselho vem aprovando, vem nos possibilitando que se
aplique, para determinados segmentos, a sua incorporação dentro do cotidiano dos diversos profissionais, normas
e reflexão, que são os produtos de pesquisa arquivística e de produção de conhecimento arquivístico. O negócio
não surge assim, Surge por que tem equipes que se dedicam, estudam, produzem, elocubram e estão fazendo
pesquisa arquivística, como você desenvolve qualquer produto científico para a sua aplicação. Então, eu vejo
nisso, que todos os instrumentos produzidos no âmbito do Conselho, de alguma maneira, eles têm, no seu
escopo, a questão da preservação e do acesso. Por que não adianta você ter acesso sem ter a preservação, e
também você tem que preservar com vista a instrumentalizar melhor esse acesso. Quer dizer, essa é uma visão
muito geral.”
Sobre orçamento do AN
“Se deu o seguinte. Havia uma previsão feita pela área de preservação de uma quantidade de recursos
para contratação de serviços de terceiros. E serviços de terceiros, a gente não pode fazer. Então, na realidade, a
gente até teve serviços de terceiros contratados pelo projeto da UNESCO, mas eu não posso contratar... Eu posso
contratar assim: um serviço de... Se eu pudesse contratar assim: um serviço tem início, meio e fim voltado para
uma coisa excepcional na área de preservação e que eu não tivesse recursos. Mas o que no orçamento se discutia
e se previa no bojo dele, era a contratação de serviços para terminar a organização de um acervo X. Então, como
esse recursos, nós tínhamos certeza que nós não iríamos utilizar voltados para esse fim, por que as equipes foram
contratadas pela UNESCO. Então, o dinheiro da UNESCO supriu esse recurso que estava na preservação e que
nós não poderíamos executar. Então, remaneja-se e vai para a gestão e administração do programa, o que é
melhor do que perder. A gente tem análise progressiva da aplicação orçamentária e a área que está com uma
certa dificuldade de uso, ou por que aquilo foi planejado além do que se podia, a gente tem que promover...
Alguns são feitos por decreto e outros são feitos com projeto de lei que vai ao Congresso Nacional para ser
remanejado, o que é sempre um risco. Então, nesse caso, nós não tínhamos ainda o concurso, nós tínhamos
409
equipes contratadas, e, na realidade, era o dinheiro que estava programado para fazer a contratação de uma
equipe para organizar o arquivo X, por que não tinha pessoal. Por que a gente só ganha reforço de pessoal, a
partir de agosto de 2006. No concurso foram aprovados 23. Por isso, há um remanejamento sempre que
necessário para que não haja perda, que pode vir... Por exemplo, se a gente conseguir desenvolver na área de
capacitação uma série de capacitação, de auto-capacitação interna, o que foi feito no planejamento na área de
desenvolvimento humano, se não vai usar, se remaneja para uma outra área que está mais necessitada. Por isso
que o remanejamento foi da área de preservação. Não que eles foram desfalcados, por que, na realidade eles já
estavam supridos, por outro mecanismo e nós precisávamos reforçar todas. Não foi ‘guindou da preservação’.
Saiu da preservação por que havia... a área estava suprida e não teria capacidade operacional de gastos e a gente
remaneja para que não haja perda.”
O AN na CC
“Eu não tenho dúvida, como já não tinha na década de 80, que uma instituição se projeta se ela está no
centro do comando, junto com quem tem poder, para bater na chapa e dizer: é isso. A ida para a Casa Civil... nós
também contamos com a ajuda dos titulares da Casa Civil, por que se não, nós não avançávamos. Quem plantou
a semente, muito bem plantada, foi o ministro Pedro Parente, que planta o Arquivo dentro da Casa Civil, e no
qual em sucessivas reformas e fases que discutiam a estrutura da Casa Civil, nós, conseguimos... De quando em
vez, aparecia a história: ‘Ah, eu acho que o Arquivo deveria...’ E aí, tínhamos que... Depois se convenciam de
que não era isso... Por que, o que eu dizia era o seguinte: aqui [na Casa Civil], o Arquivo promove a gestão, e
isso é um braço importante político para a própria Casa Civil, na medida em que o Arquivo tem tentáculos em
todos os ministérios. Ele tem lá, setoriais, não do Arquivo, mas do Sistema. Primeiro, não estruturado, agora
estruturado, mas o Arquivo tem contatos em todos. Então, para o Arquivo Nacional, orçamentariamente, de
visibilidade, eu não tenho dúvida de que nós não estaríamos neste patamar, hoje, se nós continuássemos no
Ministério da Justiça. Efetivamente. Estamos lá, por que também empreendemos coisas com uma relativa
competência. Por que também não pode ser só porque está lá, por que se você não tem diretriz para onde você
quer chegar, não adianta de absolutamente nada. Você pode estar no ministério mais forte, ter o melhor
orçamento, se você não tem visão, perspectiva do que você quer atingir, também não adianta nada. Tem, por que,
de qualquer maneira, o Arquivo conta com um corpo de servidores que, na sua maior parte, são extremamente
engajados na missão da instituição, defendem o seu trabalho, tem gosto de dizer o que fazem, para quando se
visita. Isso também é positivo, por que também uma administração não se faz só no gabinete, se você também
não tem um bom amparo dado por quem executa. Isso não significa que nós chegamos no patamar ótimo. A
gente tem de estar sempre buscando o melhor, a melhoria, as condições de melhoria. Por exemplo, todos os
investimentos que começam a ser feitos agora no F [prédio F] é para transformar os depósitos para que eles
tenham mais qualidade de preservação. E está dentro do escopo do programa de modernização do Arquivo, que é
esse projeto que está gerido com a UNESCO, que termina, infelizmente, em dezembro de 2008. E aí, fecha. Mas
aí, o Arquivo já terá feito os investimentos necessários para que ele possa ir conquistando, progressivamente,
ampliação orçamentária. Embora seja disputado no tapa, o orçamento, dentro da Casa Civil também, mas é
substancial a nossa melhoria orçamentária em relação ao que se tinha dentro do Ministério da Justiça. Todos os
ministros adoravam o Arquivo, mas dinheiro que é bom, nada.”
____________________
Entrevistado
Nome: CÉLIA MARIA LEITE COSTA
Formação: bacharel em Serviço Social, especialista em Arquivos, mestre em Sociologia, doutora em História
Social. Atuou 30 anos no CPDOC da Fundação Getulio Vargas e atualmente é diretora técnica
do Museu da Imagem e do Som do Estado do Rio de Janeiro.
Cargo / função entre 1995 e 2005 – conselheira do CONARQ representando o CPDOC, na quota das instituições
que congregam profissionais que atuem nas áreas de ensino,
pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais.
Entrevista feita em 21/11/2007, das 14h20 às 14h58 (38 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a sua finalidade de formular a Política Nacional de
Arquivos?
411
Respostas
“Quando o CONARQ surgiu..., eu participei já do primeiro CONARQ. O fato de Celina [Vargas do
Amaral Peixoto, diretora-geral do Arquivo Nacional entre 1980 e 1990] ter passado para o Arquivo Nacional fez
um pouco a ponte entre o CPDOC e o Arquivo Nacional. E, como eu era a cabeça da documentação do CPDOC,
eu fui coordenadora do setor, eu tive muito contato com o Arquivo Nacional, e logo cedo fiquei próxima do
Jaime e desse pessoal todo, participei das discussões do pré-projeto [para a criação do CONARQ], mesmo com a
Celina, ainda, no Arquivo Nacional. Quando saiu a legislação, que a gente começou a discutir em seminários, eu
estava nas cabeças, ali, participando de todas as discussões. Foi feito o convite ao CPDOC e eu fui indicada para
ser membro pelo CPDOC. Na legislação do CONARQ, tem a participação de instituições que congregam
profissionais que atuam na área de ensino, pesquisa, preservação e acesso. Minha entrada é por aí, Então, eu fui
conselheira do CONARQ... Atualmente, não sou mais conselheira, por que não estou mais no CPDOC, e o MIS
não integra... (...) Mas o fato é que não estou mais no CPDOC. A vaga que eu tinha lá era do CPDOC. Agora, eu
integro a Câmara Técnica. Aí, sim, eu estou como profissional. A Câmara Técnica de Descrição Arquivística.
Fiquei [como conselheira do CONARQ] até dezembro do ano passado [2006]. Nesse período, nós temos o que?
Onze anos de CONARQ? Treze anos... é, eu devo ter ficado uns oito anos. Uns sete, oito anos, de mandato,
assim, entra e sai... Agora, eu tive uma atuação grande nessa parte que eu te falei, de legislação e acesso,
sobretudo. Eu participei das duas Comissões de acesso à informação... Por que o CONARQ atua, sobretudo,
através de Câmaras Técnicas e Comissões especiais... Eu participei da Comissão de Acesso à Informação, a
primeira, logo, aquela que resultou no famoso dois mil [Decreto nº 2.910, de 29 de dezembro de 1998,
revogado pelo Decreto nº 4.553, de 27.12.2002, que estabelecias normas para a salvaguarda de documentos,
materiais, áreas, comunicações e sistemas de informação de natureza sigilosa, e dava outras providências.]
Aquele que Fernando Henrique defenestrou. E depois eu participei do outro, da consolidação da legislação, de
outra Comissão... Participei da Comissão sobre arquivos privados sobre a questão da classificação da
documentação de interesse público. E agora eu estou na Câmara Técnica de Descrição Arquivística.”
Sobre a PNA
“Eu acho que a gente saiu de um estado de total ausência de uma política pública nesse setor, e de... um
certo estado de... como é que eu diria... Uma ausência total de consciência sobre a importância de arquivos... As
pessoas não sabiam o que era arquivo, neste país. Então, era uma tarefa difícil. O Arquivo Nacional era uma
instituição sem nenhum prestígio. Uma instituição enfiada no Ministério da Justiça. A gente brincava, mas era
como se arquivo fosse um caso de polícia. E não um caso de informação, de subsídio para a ação do Estado, e
muito menos de memória, enfim. Eu acho que a gente andou léguas, mas tem muito para fazer ainda. Eu penso
que a gente começou, engatinhou, está engatinhando, ainda, no sentido de estabelecer políticas públicas, de
definir uma Política Nacional de Arquivos, por exemplo, por que hoje, bem ou mal, a gente tem uma legislação
para recolhimento da documentação. A gente tem tabela de temporalidade, ao menos para atividade-meio,
412
funcionando em diversos órgãos públicos. Isso não tinha... Ah, por que falta isso, falta aquilo... Naquela época
não tinha nada disso. Nada. Eu lembro que há mais de dez anos atrás eu fui chamada, - o CPDOC estava nas
cabeças naquele tempo, e era uma loucura, por que chamavam a gente para ver documentação pública – eu fui
avaliar a documentação do Ministério da Fazenda. Eram dois ou três andares de documentos. O Arquivo
Nacional não tinha fôlego nem competência para enfrentar aquilo. Hoje, bem ou mal, o Arquivo ocupa esse
espaço. Tem dificuldades, por que ainda não tem um quadro técnico suficiente para... Eu acho que ainda não
ocupa uma posição de força na constelação do poder, mas acho que já é muito mais ouvido, muito mais
chamado para... E tem uma legislação em curso que está sendo... Tem coisas para serem feitas ainda, mas eu
acho que a gente andou. Resoluções, portarias, que são muitas.”
“Eu acho que [a Política Nacional de Arquivos] é precária, ainda. Ainda é precária, precisa fortalecer.
Sobretudo, eu acho que a gente precisa conscientizar o Estado da importância de uma Política Nacional de
Arquivos, importância do Arquivo Nacional como instituição dentro do Estado. Ainda tem que fazer muito, mas
o trabalho está começando, mas eu acho que existe. Existe e já tem uma diferença enorme de quando eu comecei
a trabalhar com arquivo há mais de 20 anos atrás. Então, eu acho que o papel do CONARQ, nesses dez anos...
Trabalhou como um louco, fez muita coisa. Aqui [mostra um encadernado], tudo isto é legislação. Discutida, de
qualquer forma, com diversos setores do Estado, com representações da sociedade civil... Quer dizer, a gente
pode fazer mil críticas, pode melhorar, mas não dá para dizer que não existe... um interesse, hoje, nessas
questões.”
Desvinculação do CONARQ
413
“Isso é importante. Eu nunca vi com bons olhos essa vinculação. O Arquivo Nacional pode até ocupar a
presidência do Conselho, como instituição cabeça do sistema, mas não do jeito que é, que a legislação vincula.”
Voltando à preservação
“Eu estou entendendo a preservação, assim como você está colocando, como medidas políticas. Impedir
que a documentação vá para o brejo. Eu acho... na minha opinião, apesar de eu achar que o CONARQ tem
colaborado com a gente a preservar a informação... o CONARQ começou na década de 90, não esqueça... eu
acho que a documentação do Século XX é extremamente comprometida. Eu te confesso. Eu não sei se ela existe,
ou em que dimensão a gente tem essa documentação, sobretudo, a da segunda metade... Eu acho que muita coisa
foi recolhida... Não muita coisa, mas bastante coisa foi recolhida. Na época em que a Celina assumiu, por
exemplo, eu lembro que 18 quilômetros de documentação foram identificados e recolhidos. Depois, começou a
ser dar... eu não posso fazer tudo ao mesmo tempo... um vazio completo em termos de política do Arquivo
Nacional, de uma Política Nacional de Arquivos. Agora, eu acho que a segunda metade do Século XX... Não
sei... Não sei como é que andam as coisas agora por que não dá para você acompanhar tudo. Eu acho que o
Arquivo Nacional está começando a estar presente nas avaliações... Quer dizer, as comissões de avaliação estão
surgindo. Aqui e acolá tem uma documentação que está sendo recolhida... Mas não há uma política sistemática,
apesar de existir legislação, apesar de o Arquivo estar presente, há ainda muito...”
“A preservação está presente em tudo. Se você for ler os capítulos das leis, dos decretos, está lá:
preservar a informação, etc e tal... creio eu. Não precisa estar no enunciado da... acho eu. Por que, no final das
contas, tudo isso que se faz visa a preservar. Quando você... peguei por acaso [uma lei]... quando você cuida do
registro da fiscalização da atividade de microfilmagem de documentos, por exemplo, você regulamenta essa
questão, é visando o que? Microfilmagem no meio de uma política arquivística é visando preservar, sobretudo.
(...) Eu não sei te dizer por que a palavra [preservação] não aparece, mas se você for pegar cada uma [resoluções
e portarias do CONARQ], certamente, a preservação vai estar presente. E há a outra preservação, a preservação
física ela é objeto, inclusive, de uma Câmara Técnica, coordenada pela Ingrid. Que, aliás, tem feito um belo
trabalho. Mas, de fato, eu não sei te dizer por que... O CONARQ assina as resoluções e portarias, mas a
legislação sobre arquivo toda que você encontrar aqui, ela passou pelo plenário e foi encaminhada pelo
presidente do CONARQ para o Executivo... Todos os decretos... É, de fato, eu não sei te dizer por que [a
preservação] não aparece explicitamente. Eu sei que a preocupação está presente. Por que você faz isso tudo? É
claro que é para preservar. A própria Política de Arquivos é uma política de preservação. E acesso. A questão do
acesso, essa sim, aparece bastante, é bastante contemplada. E você não dá acesso sem preservar. E você acha que
isso [a preservação não aparecer explicitamente] nas políticas de arquivos? Se interfere...? Eu nunca pensei sobre
isso, para ser honesta. Para mim é tão óbvio que você trabalha no sentido de preservar...”
está preservado, e que você preserva para acessar, para disponibilizar. Eu estou dizendo que eu nunca pensei.
Você está me colocando uma questão que eu vou começar a pensar agora. É possível que a gente pare para
pensar e veja que, de fato, é preciso que a gente coloque isso na ordem do dia. Você está fazendo alguma
comparação? Não sei. Como é que isso está na legislação, por exemplo, de outros países? Se isso aparece de
forma explícita. Aí, se você me disser: ‘ah, isso interfere’, a gente pode começar a se perguntar. É isso que eu te
falei, eu acho a documentação do Século XX complicada. Apesar de eu achar que foi feita muita coisa, mas essa
muita coisa que foi feita é uma gota d’água. A gente não tinha nada. São duzentos anos de atraso, em relação à
Europa, por exemplo. Quando a gente começou a pensar em políticas de arquivos neste país, a gente estava com
duzentos anos de atraso. Então, em dez, em quinze, que seja, não dá para se fazer grandes coisas. Eu acho que a
gente saiu, assim, do limbo. Saiu do limbo... estamos começando... há promessas... Este governo agora, com
todas as dificuldades que a gente teve, das heranças aí, das políticas do Fernando Henrique, agora, neste
momento da Dilma [Rousseff, ministra da Casa Civil] eu acho que o CONARQ e o Arquivo Nacional estão um
pouco mais fortalecidos. É a impressão que me dá. Apesar que há um ano que eu estou fora do CONARQ, não
estou mais acompanhando essas questões. Fui chamada pelo Jaime [Antunes, diretor-geral do Arquivo Nacional]
para integrar uma comissão... Agora, neste ano, em 2006, eu ter integrado uma comissão para estudar essa
legislação toda de acesso, pós o decreto do Fernando Henrique e enviar à Casa Civil uma nova proposta de
decreto, vamos supor, assim, provisório, a idéia que a gente incumbiu a [inaudível] enquanto se discute a idéia
de uma lei de informação. Eu acho que é isso que a gente tem que pensar. Sair dessa esfera de decretos e
começar a discutir uma lei de informação. Então, esses estudos, a gente mandou para a Casa Civil tem alguns
meses... Participei junto com a Ismênia Martins, Jaime... tem mais alguém... Não tem nada ainda alinhavado. Se
está, eu estou por fora. Eu acho, inclusive, que tem pessoas neste país que pensam esta questão... Tem um cara,
por exemplo, chamado Paulo Cavalcanti Filho, que é um advogado que foi do gabinete de Fernando Lyra,
quando era ministro da Justiça, que é um sujeito muito maluco, muito inteligente e que é muito preocupado com
essa questão e eu sei que ele tem um belo projeto de lei de informação, na gaveta, que nunca saiu da gaveta.
Apesar de ele ter sido chefe de gabinete do ministro, mas o Sarney não topou encaminhar a lei para o Congresso
[Nacional]. Ele vive me dizendo: ‘Célia, quando quiser é só me chamar e tal’. Eu acho que a gente tem de
chamar pessoas desse tipo, juristas e outras pessoas da sociedade civil e começar a pensar em uma lei de
informação para este país. Uma lei de informação ampla. Uma lei como a gente tem nos EUA, no Canadá, que
pegue toda a área do patrimônio, a área da cultura, de uma maneira geral.”
______________________
Entrevistado
Nome: MARILENA LEITE PAES
Formação: bacharel em Biblioteconomia. Atuou como arquivista da Fundação Getulio Vargas durante 38 anos.
Cargo / função entre 1995 e 2005: assessora do diretor-geral do AN para implantar o CONARQ e coordenadora
da Coordenação de Apoio ao CONARQ.
Entrevista feita em 14/11/2007, das 14h05 às 15h31 (86 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a sua finalidade de formular a Política Nacional de
Arquivos?
• O CONARQ emitiu 25 resoluções, mas nenhuma sobre preservação. Qual a sua avaliação sobre o
papel do CONARQ em relação à preservação da informação arquivística governamental?
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• A Lei 8.159, de 1991, o Decreto 4.915 (SIGA), de 2003, e a mais recente Resolução do CONARQ,
a de no 25, de 2007, não incluem a preservação no conjunto de procedimentos e operações técnicas
da gestão de documentos. Ao mesmo tempo, é rara na literatura da área a relação entre preservação
e políticas públicas. Como a senhora vê o trinômio “preservação – políticas públicas – gestão de
documentos”?
Respostas
Sobre o CONARQ
“A messe é grande, e os operários são poucos. Até segunda feira, eu já marquei com o Jaime, vamos
fazer uma reunião para fazer um balanço do CONARQ. Tem muita coisa... as Câmaras, precisam ser
reformuladas, por que as coisas mudam também. É complicado trabalhar no CONARQ. Por que? Por que esse
pequeno grupo que trabalha aqui para funcionar, o pessoal ajuda na ajuda na parte estrutural, mas, você vê, é um
espaço pequeno... Nós somos, atualmente, seis... agora a Adriana, que era da área de preservação, que veio para
cá... Na verdade, somos seis pessoas... um arquivista, mais dois novos, três... tem uma moça que ela está aqui,
que o MEC... ela pediu para vir pra cá... mas eu não sei... Ela não é arquivista, ela era da Imprensa Oficial, mas
quando acabou a Imprensa, ela veio para o Rio, que a família mora aqui... Ela veio para o Ministério da
Educação, mas não tinha nada que ela gostasse de fazer, então ela veio conversar com o Jaime, e o Jaime botou
ela no CONARQ e depois a gente vê uma coisa melhor... Temos então os três arquivistas, depois do concurso, eu
e dois agentes. E agora, a Adriana que veio para me ajudar. Então, a equipe é muito pequena, mas, na verdade, o
nosso grupão, mesmo, são mais de 150 pessoas, são cerca de 140, 150 pessoas envolvidas nas Câmaras Técnicas,
nas Câmaras Setoriais e os próprios conselheiros... só de conselheiros são 32 pessoas. Então, é um trabalho,
grande, difícil, a gente não para... E é aquela história, com o CONARQ... vão descobrindo o CONARQ, à
medida que a gente vai falando, você precisa ver... isso aqui é tudo e-mails que chegam. Tem arquivo público,
tem gente de consultoria, arquivos públicos de todos os níveis... E agora nós temos também muita consultas do
Judiciário (...)”
“Na área federal você tem o AN, é o grande órgão que pode dar normas, tem os arquivos estaduais que
podem baixar as normas no âmbito estadual, municipais a mesma coisa. No Judiciário não há subordinação
alguma. (...) Quem está fazendo mais consultas [ao CONARQ] são os tribunais do trabalho, a Justiça também
tem consultado, bastante. Já estão tomando também muitas iniciativas com relação aos seus arquivos, de
organização (...).”
que as estradas estão do jeito que estão, você não tem uma política de educação, por isso que a educação está
nessa situação, não tem política de saúde, por isso a saúde está péssima... Tudo o que não dá certo, é por que
falta uma política. Aí eu pergunto: o que é política? Por isso é que eu estou colecionando. Isso aqui você tem de
misturar em um panelão, para fazer depois... eu não tenho também a definição de política. A minha cabeça está
aberta. Para mim, na minha cabeça... isto é puramente meu, não está baseado em nada cientificamente. É um
sentimento que eu tenho. Para mim, uma política não é uma missão, não é só diretriz, não é só norma, nada
disso... Não é nem missão, eu acho que é... Política para mim é um conjunto, é quase um sonho, sabe? Na minha
cabeça, é quase que um sonho. Por que o sonho... ele tem... você quer traçar um objetivo... é difícil você dizer
quais são essas partes que compõem o sonho, as várias etapas do sonho. Para mim, quase que um sonho. Por que,
realmente, é difícil. O Zé Maria critica muito isso, eu entendo até, mas... que não é só norma, que o CONARQ só
faz norma... Por que o CONARQ faz norma? Por que quando nós criamos o CONARQ os arquivos eram todos
depósitos, depósitos, arquivos acumulados, acumulados, e até hoje tem muita coisa que as pessoas não sabem o
que fazer, por que não tinha normas. As pessoas não sabiam como tratar os acervos, como fazer avaliação, como
fazer seleção, como classificar, como descrever... Eu até tenho um artigo que eu escrevi há muito tempo, eu nem
me lembro qual foi o artigo, o Jaime acho que tem também... durante muito tempo a gente pensava assim, o
Arquivo como se fosse uma grande Câmara Técnica, por que era a nossa expectação justamente de fazer
instrumentos, fornecer instrumentos de trabalho, para que as instituições tivessem como trabalhar, como dar
vazão a esses acervos que estavam sendo acumulados. A verdade é essa, não sabiam fazer... as pessoas não
sabem fazer classificação... Até utilizar a classificação, às vezes, até utilizam mal... mas fazer uma classificação,
as pessoas não sabem como fazer, misturam um pouco. Então, a gente tinha que dar uma orientação. Então,
nesse sentido, eu acho que a gente trabalhou, sim, muito tempo, perseguindo essa coisa para dar instrumentais de
trabalho para as pessoas. Por que, eu não vou dizer a você... a pergunta objetivamente que você fez, eu não sei
responder, se a gente está cumprindo, se não está... Eu acho, primeiro, o CONARQ não tem orçamento. Então,
como é que você vai fazer um certo tipo de planejamento? Você conta com que? Tem que contar com a boa
vontade do Arquivo que tem pela Lei a obrigação de nos dar assistência. Nós não temos quadro de pessoal. Os
funcionários são do Arquivo Nacional colocado à disposição do CONARQ. Então, essa é uma outra questão... aí
já é uma questão... eu penso assim, nós temos discutido... o Jaime também... O CONARQ, ele crescesse,
acabasse se transformando, ou seja, ele passasse a se vincular não mais ao Arquivo Nacional, mas vinculado à
Casa Civil, à ministra-chefe da Casa Civil... [Isso foi discutido em ata, mas não foi aprovado. Por que?] Pois é,
por que tinha um grupo... que até... a gente ficou com medo de mexer na Lei. Por que, por outro lado, a gente
sabia que tinha uma corrente de pessoas da nossa área, que não eram assim, muito da nossa... Tinham outra
maneira de pensar que estavam muitas vezes querendo aproveitar a abertura... ao se abrir outra vez a Lei, e o
resto começar a mexer na legislação. Então, realmente, foi estudado isso que você viu na ata. Deu-se assim uma
parada, por que nós sentimos que tinha esse monte de gente interessada em mexer na Lei. E a gente custou tanto
para ter uma Lei de Arquivos que, bem ou mal, eu acho que é uma lei didática, é uma lei que ainda segura muita
coisa, e que, se você abre de repente, enquanto a coisa não estiver mais consolidada, você corre o risco de
começarem a mexer nas leis, como mexeram nos nossos decretos todos de sigilo que eram tão bons, que
funcionaram muito bem durante muito tempo, mas que tinham pessoas interessadas. Quando tiveram
oportunidade, baixaram um decreto às escondidas, no final do governo, no dia 27 de dezembro, o Fernando
Henrique, que já estava no fim de governo e estava de saco cheio daquele general chato, assinou, mas foi
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esperto... ele apresentou um novo decreto que revogava aquele nosso que estava vigindo, que era muito bom, que
satisfazia, não era perfeito, mas era bom, estava dando conta... E introduziu... inclusive, contra a Lei... No Brasil,
acontece isso tudo: um decreto muda a lei. E todo mundo aprovar? Era uma coisa incrível. Eu já apresentei um
trabalho em um Congresso, no Glória [Hotel Glória, no Rio de Janeiro, sede do XI Congresso Brasileiro de
Arquivologia, em 1996] onde, em que eu falei... e isso que o presidente da mesa era o Secretário-executivo do
Ministério da Justiça ao qual a gente estava subordinada à época, e ele me disse ‘Isso é uma coisa muito grave
que a senhora está denunciando, a senhora encaminha”, eu já encaminhei, isso também já foi falado. Mas eu
estava tratando muito dos conflitos de leis. Vem uma lei, vem um decreto, o decreto manda que a lei e aí a coisa
atropela... É muito complicado. Então, nós ficamos com receio. De vez, em quando, nós mesmos, aqui, entre
nós, a gente conversa sobre isso. Qual seria assim, vamos dizer, que a gente pensaria que seria o melhor? Talvez,
seja... pegar o CONARQ e vincular à Casa Civil, à ministra, à ministra da Casa Civil e criar uma espécie de
secretaria-executiva, com orçamento, com área de pessoal etc. e que aí, sim, o secretário-executivo poderia ser o
diretor do Arquivo Nacional. Quer queira ou não, o Arquivo Nacional é uma instituição que ainda tem
penetração, goza de reputação, goza de visibilidade etc. E aí você teria autonomia. Por que? O que aconteceria?
O que a gente pensa? Quando eu apresentei isso... que a gente falava o seguinte... No CONARQ, nós temos uma
dificuldade, por exemplo, na hora de convidar as pessoas para serem conselheiros... O que está acontecendo?
Tem que ter um representante do Poder Executivo federal, além do Jaime, que por lei, o diretor [do Arquivo
Nacional] é o presidente do CONARQ, tem que ter dois do Poder Judiciário, dois do Poder Legislativo, dois dos
Arquivos estaduais e por aí vai etc. Quando você escreve para o órgão pedindo para designar um representante
do Poder Executivo para trabalhar, ser conselheiro, quem que eles indicam? É a diretora de um arquivo tal...
Ninguém indica um secretário-executivo de um Ministério, por exemplo. Poderia botar, por exemplo, o
secretário-executivo do Ministério do Planejamento, poderia ser não só o secretário, como o Comandante da
Marinha, do Exército, da Aeronáutica, sei lá... Por que não valorizam. Agora, se a presidente fosse a ministra-
chefe da Casa Civil, quando ela convocasse uma reunião, você acha que eles teriam coragem de mandar um
arquivista, um pobre coitado? Da Câmara, certamente, viria um deputado, do Senado, um senador, da Justiça, um
ministro... O nível... Por que? O CONARQ seria um órgão mais político, teria essa representação política, que é
importantíssima. Com a secretaria-executiva e com as suas Câmaras etc., você faria a parte técnica. Esse é um
sonho que eu também tenho. Não sei se a gente..., se vai ser possível. Ou aparecer um outro formato mais
interessante do que esse. Mas, se não é com esse nome, não é dessa forma, a conceituação na minha cabeça, que
eu penso, era isso. Quer dizer, a cúpula ser mais política, depois você ter os órgãos mais técnicos. Teríamos
órgãos técnicos. E esses órgãos produziriam os trabalhos técnicos. Aí sim, nós produziríamos uma política de
alto nível para levar à plenária do CONARQ que seria constituída dessas personalidades que aí teriam uma
penetração muito maior nos órgãos públicos. Eu digo isso, por que eu vejo a influência, que o Arquivo Nacional,
não o CONARQ, mas o Arquivo Nacional ainda tem muita influência. Por que? Na hora em que conseguimos
que o Arquivo passasse a Casa Civil, ele era um [inaudível]. Agora, baseado neste fato, eu fui a Alagoas dar um
curso lá, falei, falei, andei visitando autoridades, com um grupo que era muito bom, tinha historiadores... Era um
grupo grande, umas 20 pessoas. Pessoal da ANPUH, da Universidade (...) E o mais interessante é que foi um
trabalho ético, que ninguém fez nada à revelia do diretor do arquivo [do estado], que era um problema ético. O
que resultou disso aí? Eu fui em outubro, bem final de outubro, já tinha tido eleição, então já tinha ganho o
Teotônio Vilela Filho. Uma das visitas que nós fizemos, foi por sugestão da presidente da Casa de Teotônio
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Vilela. Ela disse ‘Amanhã, nós vamos ter uma reunião com a pessoa que parece que vai ser indicada para a Casa
Civil do Governo [estadual]. Então era bom vocês terem uma conversa lá com ele’. Aí fomos o grupo todo
conversar com ele. Depois que todos falaram eu, disse ‘Eu fui visitar, ontem, o secretário de Educação e fiquei
muito preocupada com a situação do arquivo daqui do estado [Alagoas]. Por que? Se a educação não tem
dinheiro nem para ela, a cultura não tem dinheiro para ela, e a administração não está absolutamente ainda
interessada nos arquivos, você colocar o arquivo em qualquer uma dessas secretarias, não vai funcionar’. Então,
o Arquivo Nacional que está vivenciando agora esta experiência, depois de mais de cem anos subordinado à
Justiça, nós estamos sentindo a diferença. Como é que um órgão maior, dentro do âmbito federal, que tem que
baixar as normas de gestão, de procedimentos, etc., ele vai ser bem aceito pelos outros órgãos? Eles vão dizer:
‘Ele é do Ministério da Justiça, por que eu sou obrigado a seguir as normas que ele vai baixar?’. Se já estivesse
na Casa Civil, não. A Casa Civil engloba todo mundo. Não fica vinculado a uma determinada secretaria. Então,
eu digo, não é que a gente queira ficar perto do poder, não. O poder é muito bom. Mas não é por isso. É
absolutamente uma coisa técnica, funcional. Por que se não, não vai ser possível. Eu percebi que ele de vez em
quando escrevia algumas coisas, às vezes ele perguntava... E veio a ser mesmo o chefe da Casa Civil [do
governo do estado de Alagoas]. Na época, o governo ainda não tinha tomado posse. (...) E não deu outra. Logo
em janeiro, quando tomou posse, essa pessoa mesmo, chamou uma das pessoas do grupo, que já administrava o
arquivo do Judiciário lá, e convidou para ser o diretor do arquivo estadual. (...) O que eu percebo hoje é que
custa muito a desabrochar, esses anos todos, muita dificuldade, uma conquistazinha daqui, uma conquistazinha
dali, mas tudo muito suado, muito difícil. De repente, eu estou percebendo que as coisas estão ficando mais
ativas. Por exemplo, depois do Memórias Reveladas, o projeto que o Jaime tem, do Arquivo Nacional, com a
Casa Civil. Isso tudo são coisas que vão se somando.”
“De um modo geral, esses estados, alguns, São Paulo tem dinheiro, mas a maioria não tem, os
municípios não têm muitos recursos orçamentários. Então, na hora em que ele pega e vai construir uma pracinha,
não digo nem uma escola, antes fosse, mas vai construir uma praça, uma ponte, tem muito mais visibilidade do
que dar dinheiro para arquivo. (...)”
“Agora, você veja, o CONARQ... Eu até gostaria mesmo que o Zé Maria me desse uma definição de
política dele. Eu não conheço. Confesso que não conheço. Eu queria entender um pouco o raciocínio dele
quando ele se refere a essa falta de uma política. Eu gostei do que você escreveu aqui [mostra uma transparência
minha de uma aula que dei no AN sobre preservação e políticas públicas], que envolve, por que é o que sinto na
prática. E agora, eu também tenho que ver, eu sou obrigada a reconhecer que é lento o trabalho, é lenta
metamorfose, mas como eu disse as coisas vão se juntando. Até pelo o apelo que elas mesmas têm. Por exemplo,
Memórias Reveladas tem um apelo todo especial, esse projeto que o Arquivo Nacional está fazendo com a Casa
Civil. O interesse da Casa Civil de recolher toda essa documentação sigilosa toda do país. Estamos fazendo
convênios com todos os estados para o recolhimento de documentos. Quer dizer, não é recolhimento, é para a
criação de uma rede com os DOPS, uma rede de informação, com os aparelhos de repressão, com DOPS etc. Já
estão sendo assinados alguns convênios com os estados, como os governadores dos estados, por que são
secretarias dos estados. E, com isso tudo, movimenta, isso tudo mexe. As pessoas começam a ver o trabalho,
também... As pessoas não têm noção do que é um trabalho de arquivo. Pensam que é guardar papel. Então, eu
acho que são várias coisas que vão dando visibilidade. Eu acho que quando começou o CONARQ, o Arquivo
não tinha a visibilidade que tem hoje, o Arquivo Nacional. Eu acho que o CONARQ deu uma visibilidade ao
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Arquivo Nacional. Por que? Não é que a gente trabalha bem, que a gente é respeitada... Não. É que o trabalho do
CONARQ não é interno, o trabalho do CONARQ é para fora. Nós temos representantes... o nosso trabalho é
para fora, não é para dentro. Para dentro, também, mas, basicamente, para fora. Então, começou a aparecer com
a base de dados da gente... Até o outro dia a Denise estava dizendo, a gente vai a alguns eventos e o CONARQ,
às vezes, é até mais conhecido do que o Arquivo Nacional. É a estrutura do próprio CONARQ, ele foi criado
para ser esse contato para fora, e o Arquivo recebe as coisas. Se bem, que também orienta na área do Poder...
[Executivo]. Então, eu acho que... agora, não. Agora, eu acho que já houve uma sintonia, quer dizer, o CONARQ
deu visibilidade, agora o Arquivo também dá visibilidade para o CONARQ. Então, já está havendo uma
simbiose disso, e está sendo mais respeitado... Até pela Justiça. A Justiça agora sempre chama a gente. O
CONARQ e o Arquivo. Agora, a política, para fechar. O dia que eu chegar a uma conclusão eu dou prioridade a
você para dar a minha definição. Eu acho que tem ainda um caminho para fazer. As coisas estão muito... Eu não
sei se você acha isso também em relação ao que falei de que a política é tudo nesse país. Eu também acho que
não tem um consenso muito grande. Tudo o que eu já li de política... Eu confesso a você que eu termino como
comecei, sem tirar conclusões que me satisfaça. A única coisa que me satisfez um pouco mais foi este teu
trabalho aqui. Que mais se coadunou com o que eu penso. E se você ler algumas dessas definições aqui, é, mais
ou menos, o que o CONARQ faz: ... [lendo a transparência] ‘um processo de tomada de decisões, mas, também,
o produto desse processo’ [Wildavsky, 1979], ... ‘conjunto de decisões inter-relacionadas, concernindo à seleção
de metas e aos meios para alcançá-las, dentro de uma situação específica’ [Jenkins, 1978]. De certa forma, a
gente atinge essas metas.”
para frente... É uma questão também de sensibilização, que custa muito, ainda custa, mas eu acho que elas têm
de caminhar juntas.”
Preservação e políticas
“Eu não sei bem o que você está pensando... Eu acho que esse conjunto de resoluções, mesmo que não
esteja explicitamente citado isso, no fundo, no fundo, a intenção disso é o cuidado de preservar a memória
nacional, nesse sentido. Por que? As coisas ficam jogadas nos depósitos, por várias razões, ou políticas ou de...
Os políticos não têm sensibilização, não dão prioridade, quer dizer, arquivo não é prioridade, até para recursos,
para ações governamentais, nada disso. Mas tudo que a gente faz no CONARQ, a nossa idéia é a preservação do
patrimônio documental. O nosso interesse nos arquivos municipais, uma cartilha que nós fizemos, é a
preservação, sempre voltada para a preservação do patrimônio documental do país. Pode não estar escrito lá na
resolução que a preservação..., mas todas as ações são voltadas para preservar. O medo e o perigo que os órgãos
estão correndo se não preservarem a documentação. É a preservação... então, tudo o que tem que ser feito, é para
a preservação. A preservação é o principal. Você tem que preservar para dar acesso. Para mim, esse é o ponto
chave, dar acesso. Para mim..., em aula mesmo eu costumo dizer, a mim não me interessa se a fichinha está
bonitinha, se está feia, se está num pedaço de papel aproveitado, é claro que a gente quer que tudo esteja bem
organizado, bonito e tal, mas se você não tiver material e tiver que aproveitar papel para fazer uma ficha bem
feita, bem estruturada, com as informações, isso é o que importa. Eu acho que a palavra ‘arquivamento’ não
devia ser usada, devia ser ‘achamento’. Por que eu acho que tudo que se faz em matéria de arquivo só tem um
objetivo: preservar para dar acesso. Preservar e, quando eu digo preservar, inclui, preservar, descrevendo
corretamente, para dar acesso, a disponibilização pelos meios de divulgação que a gente tem hoje disponíveis.
Então, às vezes, é difícil você definir, por que eu não vejo preservação separada. Eu vejo junto. Acho que
precisava ficar explícito. Eu vou fazer uma releitura e vou ficar atenta nisso. Mas, como matéria, modo de
pensar, como eu vejo isso, eu não consigo separar essas coisas. Eu vejo tudo muito junto. Mas eu priorizo o
acesso. Quer dizer, você preserva, preserva bem para você dar acesso. Mas para dar acesso, você tem que
localizar com rapidez, para isso você tem que ter rede, aí você tem que usar computador, tem que usar
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microfilmagem, usar a digitalização, tudo o que você puder usar de tecnologia... Não para substituir. Aí entra a
preservação. Um outro aspecto também, é que as pessoas, ultimamente, estão com muita mania da digitalização.
E digitalização para eliminar os documentos originais. Como se a digitalização fosse perene, perpétua etc.
Então, é nessa hora que a gente já está pensando na preservação. Você digitaliza, sim, mas se for para facilitar o
acesso. Para agilizar o acesso, é bárbaro, mas você não vai eliminar o original. Então ela é válida. Mas é curiosa
essa sua observação, eu vou dar uma releitura, dessa questão explícita. Existem muitos documentos... quando a
gente escreve, quando a gente fala, fala muito nisso, a preservação do patrimônio documental do país. (...)
É a questão da coisa implícita. Quer dizer, você faz a eliminação, elimina aquilo que já é considerado, aquilo que
não tem mais interesse, e você recolhe aquilo que é para ser guardado, por que é patrimônio documental. Você
só recolhe por isso. Mas tem que ter, sim... Que os arquivos correntes discriminassem... Tem que ter
preservação. Com certeza. Isso tem na nossa cabeça, mas não está materializada em uma coisa escrita. A minha
filosofia é que se você organiza bem o arquivo corrente, o arquivo permanente sai de graça. (...) O arquivo
permanente é o mais charmoso, é o lugar onde você recebe os especialistas, o pessoal que está fazendo tese, os
doutores, quando você fala em arquivo corrente, a pessoa pensa que é um trabalho menor. (...) Se você não
cuidar dessa documentação que está chegando todos os dias... Às vezes, as pessoas convidam você para
organizar o arquivo permanente, ‘estou com um arquivo acumulado...’. Aí, a primeira coisa que eu pergunto é
‘como está o teu arquivo corrente? Você tem normas? Como é que funciona? É classificado, não é classificado?’
Eles falam então ‘Não, não é não’. ‘Então você vai esperar um bocadinho, eu vou primeiro dar uma acudida no
arquivo corrente.’. Se não, você fica sempre organizando o arquivo permanente e nunca vai chegar ao fim do
trabalho. (...) A gente dá uma olhada, bota uma equipe, até treina e aí é que vai para o permanente. Eu gosto de
relacionar o arquivo com a vida do ser humano. Eu acho que o arquivo é um reflexo do ser humano. (...) Mas eu
vou ficar atenta a essa observação. Em alguns trabalhos que a gente faz, a gente fala muito na preservação do
patrimônio documental como objetivo final. O objetivo é preservar para você poder dar o acesso.”
“(...) O pessoal pede muito a opinião do Arquivo. Mas eu não sou o CONARQ. Eu sou coordenadora do
CONARQ, um órgão de apoio. O CONARQ é o plenário. E eu não posso falar em nome do plenário, nem Jaime.
Agora, quando pedem opinião... a Lei diz isso, o decreto diz aquilo, a gente não está interpretando, a gente está
só mencionando a legislação, mas chegou a um ponto, e é outra coisa que virou moda hoje em dia, a propósito da
preservação, principalmente, nos arquivos dos tribunais... Como está suspensa a vigência desse artigo que dizia
para queimar depois de cinco anos, mas a Justiça do Trabalho, mesmo depois que foi suspenso esse artigo do
Código de Processo [Civil], eles fizeram uma legislação específica para a Justiça do Trabalho, nos mesmos
termos que estava no Código. Então, eles continuam até hoje... [queimando documentos após cinco anos], por
isso que foi boa uma reunião na Justiça do Trabalho... As próprias pessoas da Justiça do Trabalho, horrorizadas,
muitas jogando fora por que a lei diz que depois de cinco anos pode queimar... A documentação judiciária é
muito mais volumosa que a do Poder Executivo. Nem se compara, a do Judiciário é muito maior. Por isso é que
eu fui falar, fiz um histórico dessa confusão toda. (...) Este aqui é um projeto aqui que já foi aprovado pelo
plenário do CONARQ e já foi encaminhado para a Casa Civil. É sobre o arquivo da Justiça. Este projeto foi
elaborado pelo CONARQ. Fomos nós aqui da Coordenação com a participação do pessoal da Câmara Setorial
dos Arquivos do Judiciário. Nós demos um grande empurrão neles. Eles fizeram isso há muito tempo, antes de
ter a Câmara. [O Judiciário] tem dois representantes [no plenário do CONARQ], mas participam pouco.
Algumas, você pode até ver na época disso aqui, até aparecem um pouco... Isso aqui está aprovado tem uns três
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ou quatro anos... Só que no dia em que foi aprovado... Quando foi aprovado, alguns conselheiros sugeriram,
como isso aqui envolviam os órgãos da Justiça, quem sabe não seria mais político, a gente podia encaminhar ao
Supremo Tribunal Federal, que embora não seja um órgão de cúpula, mas é um órgão maior, que ele pode
também encaminhar ao Congresso Nacional a legislação, o que poderia dar mais força por que era da área deles,
da Justiça e tal... Mas ai ficou lá rolando, rolando... Também por que... Era o que eu dizia no início... Que
quando você tem representantes de um Poder que são arquivistas, é o diretor do arquivo daquele tribunal, ele não
tem, muitas vezes, como aqui neste caso, o topete de chegar ao presidente do... ele é funcionário do tribunal, e
pedir para o presidente para recebê-lo que ele quer discutir um assunto. Ele vai fazer isso? Não vai. Por que, a
Justiça também é um pouco tensa. E eu dizia para o rapaz, o representante: você não vai dizer que você é o
Marcelo, que é funcionário do tribunal. Você vai pedir ao gabinete uma entrevista para o presidente da Câmara
Setorial de Documentos de Arquivos do Judiciário, que quer discutir isso com ele. E você tem que chegar lá, se
ele receber você, você não vai que falar como funcionário: ‘Eu sou o presidente da Câmara Técnica. Nós
estamos com este processo, viemos saber...’. Isso seria o ideal. Mas ele não tinha, eu ficava com pena coragem,
mesmo, acabou que isso ficou lá cozinhando, cozinhando... Quando eu perguntava, ele dizia ‘Ainda não chegou
resposta’ e tal... Aí chegou uma hora eu disse: Olha, Jaime, quer saber de uma coisa, já tem três anos essa
moleza, vamos pegar encaminhar pelos trâmites normais pela Casa Civil. E fizemos isso no começo deste ano
[2007] e agora em junho, julho, eles responderam da Casa Civil que como a matéria diz respeito a documentos
do Judiciário, que eles gostariam de ouvir a Controladoria Geral, a Advocacia Geral da União... três órgãos. Até
hoje não tivemos uma resposta. Aí, de vez em quando, a gente dá aquelas catucadas, quando a gente vai ter uma
reunião, em tal data, isso assim... Escreve para a Casa Civil, lógico. Será que não teria condição de pedir e tal.
Durante muito tempo, o que prendeu foi exatamente... Isso aqui que é importante. Por que na Lei diz que quem
vai autorizar as tabelas de temporalidade são as instituições arquivísticas das esferas de competência. Então, se
for um órgão federal, tem de ser o Arquivo Nacional, se for um órgão estadual, é o arquivo do estado, se for
municipal, arquivo municipal... Caso não tenha arquivo municipal, aí até pode ser o arquivo do estado. Mas na
Justiça não tem essa instituição arquivística que represente. A Justiça é muito autônoma. Então era isso que
estava faltando. Então, a gente pegou cada tribunal e estabeleceu quem é que ia fazer. Serão aprovados pelos
seguintes órgãos: Supremo Tribunal Federal fará aplicação no seu âmbito de competência; Supremo Tribunal de
Justiça... de acordo com a hierarquia dele. Então, esse é um trabalho também do CONARQ que está andando.
Esse apareceria, principalmente, por que pressiona os arquivos do Judiciário a querem doar para as
Universidades, que eles tinham separados para eliminar. A teoria é a seguinte: já que vai eliminado, então por
que eles não podem dar? Por que aí os alunos aproveitam. Aí, vai entrar o que? Sigilo. Por que, nesses
processos... Agora, não pode nem queimar, por que a lei não permite... A lei de meio-ambiente. Eu não posso
responder, interpretando. O Jaime também não pode. Então, pela experiência em que eu estou nessa história, às
vezes, eu não dou por escrito, por que por escrito é uma coisa. Aí, eu peço para a pessoa me ligar, aí eu dou
orientação por telefone. eu digo: ‘Olha, isso aqui é uma opinião pessoal minha. Eu acho que é assim, assim, eu
estou orientando você.’ Aí um dia eu cheguei e disse: Jaime, o que você acha de eu fazer um parecerzinho, e a
gente leva o parecer ao CONARQ. Se eles aprovarem, amanhã ou depois eu encaminho para as pessoas. Não é
meu, é do CONARQ, aprovado. E assim fiz. E eu trabalhei... falando em preservação, olha aqui [mostrando uma
cópia do parecer]. Está embutido, eu não me lembrava. Acaba repetindo o artigo da Lei [8.159, que ao definir
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gestão, não inclui a preservação como um dos procedimentos ou operações técnicas. Passa a detalhar o parecer].
(...)”.
“Eu acho que a gente não pode dizer: ‘Ah, por que eu sou do CONARQ...” Eu falo muito das atividades
do CONARQ, que eu acho que realmente, nós temos prestado muito bons serviços. Eu acho que vale a pena. Eu
não estou dizendo com isso que nós somos perfeitos, por que eu acho que tem muita coisa por fazer. Agora, eu
acho que é importante a teoria, mas às vezes, a gente é obrigada a dar mais atenção até para a prática do que para
a teoria para salvar os acervos. Por que tem muita coisa para fazer, eu não tenho a menor dúvida. Agora, eu
continuo pesquisando o que é a política arquivística.”
___________________
Entrevistado
Nome: INGRID BECK
Formação: bacharel em Museologia, especialista em conservação e restauração de documentos, mestre em
Ciência da Informação.
Cargo / função entre 1995 e 2005: presidente da Câmara Técnica de Conservação de Documentos do CONARQ
(1995-2007) e chefe do Laboratório de Conservação e Restauração do Arquivo Nacional,
depois, coordenadora da Coordenação de Preservação do Acervo do Arquivo Nacional até 2000,
quando se aposentou.
Entrevista feita em 13/11/2007, das 10h45 às 11h35 (50 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a sua finalidade de formular a Política Nacional de
Arquivos?
• O CONARQ já emitiu 25 resoluções, mas nenhuma sobre preservação. Qual a sua avaliação sobre
o papel do CONARQ em relação à preservação da informação arquivística governamental?
• No Brasil, predomina a idéia que a preservação dos arquivos é uma questão técnica. Como você vê
a relação entre preservação e políticas públicas?
• Os Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional e o OGU usam a expressão “acervo preservado”
ou “documento preservado” para se referirem aos resultados alcançados. Nesse sentido, o que
significa um “acervo preservado”?
Respostas
“Eu posso falar da minha área [da preservação]. Eu vejo toda essa demanda não atendida. Não estou
nada satisfeita. Nós estamos apenas começando. A dificuldade é enorme. O CONARQ tem um grupo de pessoas
que trabalham dentro das suas possibilidades. Todos têm seus próprios trabalhos, suas próprias instituições, as
suas cobranças... O trabalho para o CONARQ vai ser... essa colaboração vai ser dada na medida que a pessoa
tenha condições, que tenha tempo, tenha possibilidades... Ainda temos a dificuldade das pessoas que vem fora do
Rio de Janeiro... O CONARQ não dá o apoio para passagens, estadia, quando vem pessoas de fora... É sempre
uma grande dificuldade conseguir esse tipo de apoio... Eu não sei como isso funciona com os conselheiros, se
existe algum apoio, mas com os membros da Câmara Técnica para a movimentação deles, transporte, estadia,
não existe apoio. Por essa razão, como eu tenho, sempre tive pessoas de fora do Rio de Janeiro, trabalhando,
colaborando nesse trabalho, pessoas muito ativas em alguns casos, eu resolvi começar a trabalhar apenas por
correio eletrônico, passando textos, repassando, passando tarefas, e conseguimos dessa maneira, formular este
segundo caderno [mostra “Recomendações para a produção e o armazenamento de documentos de arquivo”,
424
2005], que este primeiro [mostra “Recomendações para a construção de arquivos”, 2000] foi feito ainda quando
eu estava trabalhando no Arquivo Nacional, que é uma orientação para a construção e reforma de edifícios de
arquivos. Posteriormente, nós elaboramos este que está associado a toda a questão da preservação junto à gestão,
a segurança e gestão dos acervos. Mas, na verdade, este trabalho, ele foi apenas uma estrutura... A minha
intenção nem era que ele fosse publicado, eu queria que ele estivesse disponível on line para ele receber
críticas... E isso é apenas uma estrutura, por que ele não tem sentido... ele não é aplicável se você não tem toda
uma metodologia associada a ele. Por exemplo, com relação à parte de produção e acesso [lendo] ‘Nos processos
de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados específicos, de acordo
com os diferentes gêneros documentais...’. Isto tem estar associado exatamente à parte de produção, tramitação...
à metodologia. Isso é somente a parte da aplicação dessas recomendações. Toda a parte de aplicação das
recomendações, por que isso é um guia de recomendações, e se refere à prática do armazenamento, é à prática
mesmo. Ele se relaciona à melhoria das condições ambientais, à questão da implementação de ações... Só que
quando você diz monitoramento... o monitoramento, ele precisa, em primeiro lugar, ter um conceito associado a
esse termo e uma metodologia de monitoramento. A parte de acondicionamento, a mesma coisa, de manuseio,
transporte, e assim... Falta um item aqui, que é a parte das condições de higiene dos acervos... Estou falando de
questões práticas. Este manual trabalha a questão do tratamento do acervo, da prática de conservação associada à
gestão, à toda a tramitação do acervo, como deve ser feita... Agora, eu sei que a sua preocupação está com a
política. E eu acho que nesse ponto o CONARQ ainda não fez muita coisa. Eu não sei se... por exemplo, a parte
de preservação documental, você acha que a política está contemplada? Uma política de preservação
documental? Você considera satisfatório? Pois é... então, da minha parte, eu posso te dizer que nós [da Câmara
Técnica] tivemos dez anos em que nós trabalhamos não só pelo CONARQ, mas pelo Projeto Conservação
Preventiva em Bibliotecas e Arquivos..., fizemos um trabalho de conscientização... Hoje em dia existe uma
consciência de preservação, as pessoas entendem melhor o que é preservação, no sentido mais amplo... Mas não
sabem como implementá-la. Mesmo essas ações... eu sinto a dificuldade enorme, mesmo que elas estejam de fato
associadas à metodologia que garantiria uma certa orientação para a aplicação, monitoramento de condições
ambientais, que leva à melhoria de condições ambientais... Mas atrás disso tem de haver, por parte da instituição,
uma política, que oriente essas ações, que estabeleça parâmetros, que estabeleça diretrizes, que dê uma
normalização adequada à realidade da instituição, que seria a política institucional. E o CONARQ ainda não
trabalhou nessa questão. Nem na da preservação dos documentos em suporte papel, suportes tradicionais... Eu
acho que, assim, como há dez anos atrás, nós não sabíamos sequer o que era preservação, só se entendia uma
palavra chamada “restauro”... Hoje em dia a gente entende a preservação como uma ação completamente
abrangente, e impregnada dentro das diferentes ações da Arquivística... Nós ficamos na questão da prática, da
boa prática, do fazer, e não estamos preocupados... E não vamos conseguir implementar nada disso, na verdade,
por que nós não cuidamos de uma outra questão que se chama ‘política’.”
“Você tem toda razão, da sua preocupação... Eu acho que o seu trabalho vai nos ajudar enormemente a
esclarecer essa questão.”
“Nós temos, por exemplo, algumas iniciativas, por parte de instituições que querem implantar um plano
de desastres. Então, essas instituições vão pesquisar outras instituições que já tem um plano de desastres... Você
acredita que nem instituições do porte de Arquivo Nacional, de Biblioteca Nacional, têm um plano de desastres
escrito? E muito menos, um plano de preservação, e muito menos, o que vem acima disso, que é uma política
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institucional de preservação, que abrangeria isso tudo, que daria as diretrizes, que estabeleceria em que níveis
deveria haver a integração de todas as áreas de tratamento arquivístico com a preservação... Então, não existe, na
verdade, uma política de preservação. Nós temos isso já bastante disseminado... Eu posso citar, por exemplo, a
política nacional... a política de preservação dos arquivos da Austrália, da Nova Zelândia, do Canadá, do Reino
Unido, dos EUA... Esses países já têm uma política de preservação. Está ali, com todos os conceitos para que
possa ser entendido o que é preservação, as suas diferentes ações, a quem cabe a responsabilidade pelas
diferentes seções desse grande trabalho de preservação. E essa política de preservação, se ela for incorporada
pela instituição, aí sim, a instituição adquire ferramentas de fato para instrumentalizar, planejar, implementar, ir
aos detalhes técnicos, a metodologia, estabelecer o escopo do trabalho, estabelecer a diversidade do trabalho, os
diferentes níveis de profissionais que estão envolvidos nisso, os planos cooperativos interinstitucionais... Então,
eu acho que nós temos muito o que fazer.”
“E eu acho que nós temos de ter uma outra estrutura no CONARQ para trabalhar. Eu senti uma enorme
dificuldade depois que eu saí do Arquivo Nacional para continuar trabalhando. Em vários momentos eu sugeri
que a presidência [da Câmara Técnica de Conservação de Documentos] do CONARQ voltasse para uma pessoa
de dentro do Arquivo Nacional, que fosse do Arquivo Nacional, do corpo, da equipe... Por que teria mais
disponibilidade... Eu poderia colaborar perfeitamente como membro da Câmara Técnica, mas, como presidente,
não estando dentro do Arquivo, eu não tenho mais acesso a uma série de facilidades que eu tinha antes para levar
esse trabalho à frente.”
“Eu acho que, se o Arquivo Nacional tivesse uma estrutura específica para isso, tivesse um orçamento
para isso [para o CONARQ], este estaria muito bem no Arquivo Nacional. Você veja, nos EUA, o Arquivo
Nacional dos EUA, toda a questão normativa está dentro do Arquivo Nacional dos EUA. O Arquivo Nacional
dos EUA assina os termos de qualidade técnica dos serviços, ele é responsável pela normalização. Eu acho que o
Arquivo Nacional [do Brasil] poderia fazer isso no âmbito federal, desde que ele tivesse realmente um
orçamento, uma estrutura mais adequada para isso. Eu acho que a estrutura não é adequada. Não é satisfatória. A
gente não tem o apoio. Nós estamos realmente trabalhando com orçamento zero. É o meu e-mail, é o meu
telefone, é o meu papel, é tudo meu, meu e dos meus colegas [de Câmara Técnica]. Isso ainda é suportável, mas
trazer um membro de fora, já é impossível. E é muito complicada a questão de vocês conseguir patrocínio. Por
que no momento em que você está numa fase de definição de políticas, de definição de procedimentos, você ter
patrocínio por empresas, a gente acaba se sentindo, de certa forma, constrangido. Uma sensação de que poderia
haver um favorecimento, ou qualquer coisa assim. E eu estou muito, muito insatisfeita com o que eu e minha
equipe produzimos até agora. Muito, muito insatisfeita. Acho que nós poderíamos ter produzido mais, por culpa
minha, por não ter toda a estrutura para trabalhar, por não ter tempo também de dedicação, um tempo
estabelecido de dedicação a isso, e também de não poder contar com as pessoas de uma maneira mais
sistemática.”
“Agora, nós temos duas tarefas. Você fala da política. Eu acho que nós temos de ter, em primeiro lugar,
por parte do CONARQ, uma orientação para que todas as Câmaras Técnicas trabalhem nisso [na política]. Não
adianta eu, sozinha, preparar uma política de preservação, se ela não abrange apenas o campo da preservação,
mas permeia todas as atividades da Arquivística. Se você lê o que é a política de preservação, por exemplo, do
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Arquivo do Canadá, ele te dá os conceitos, em que ele coloca preservação... E ele não diz ‘preservação digital é
isso, preservação de documentos textuais é aquilo’, ele diz que ‘preservação é isto, isto e isto”, e pega o escopo
todo da preservação. E aí você vê como nós temos que trabalhar. Se não, não tem sentido. Não existe sentido
em... Vamos voltar, novamente, para a boa prática se a gente não tiver como pano de fundo uma política
institucional. Agora, como implementá-la? Como as instituições implementam uma política? Se o CONARQ é
nacional ele deveria ter uma estrutura diferente, de não estar só com o apoio do Arquivo Nacional.”
“Nós estamos presentes em todas as reuniões... sempre relatando o nosso trabalho, mas realmente... eu
acho que nós temos que avançar muito nessa parte... Eu não vejo meios de trabalhar...”
talvez, em trabalhar em política, discutir uma política... Sabe o que é? Pergunte às pessoas o que é uma política.
Esse teu trabalho, essa tua pesquisa, tem que ser publicado imediatamente, por que as pessoas não sabem
sequer... confundem política com estratégia, com programa, com projeto, com plano... Esses conceitos precisam
primeiro ser trabalhados. Talvez o CONARQ deveria partir do trabalho, da conceituação, de tudo o que ela
denomina ali, para que a gente tenha clareza do que é política. Você tem uma política, CONARQ? Você
produziu uma política para preservação de arquivos, ou para a gestão? A preservação só tem sentido se você
pensa no todo.”
“Você, no momento em que trabalha com a gestão você está fazendo preservação. No momento em que
você dá acesso, você está trabalhando com preservação. Você não justifica um trabalho de preservação se você
não tem uma finalidade, que é o acesso. Tudo isso é um grande plano. É algo completo, é um conjunto. A
preservação está dentro da Política Nacional de Arquivos. E ela é totalmente integrada, integradíssima. Então é
isso que eu acho que nós temos que fazer. Por exemplo, a Câmara Técnica de Documentos Digitais está muito à
frente de todas as outras Câmaras Técnicas, no sentido da produção, do que conseguiram de ganhos, políticos e
tudo... A de gestão, também, a de descrição também está muito avançada... São Câmaras Técnicas que
trabalharam de uma maneira fantástica, mas sempre na prática do bom fazer. Então, todos nós estamos nessa. Eu
perguntei exatamente isso a uma colega da Câmara Técnica de Documentos Digitais se todo esse trabalho que
estão fazendo está realmente dando instrumentos para que as instituições comecem a produzir documentos com
todas as garantias de integridade, de segurança, etc e tal. Se é isso que está orientando a digitalização, a produção
de documentos eletrônicos de uma maneira segura. E ela também ficou nessa dúvida. Se o que estava sendo feito
era suficiente. Quer dizer, depois, tinha-se que produzir manuais, cursos etc., etc. e tal, mas aí os técnicos, os
profissionais vão estar instrumentalizados para um bom trabalho, uma boa prática. Mas eu acho que ainda nos
falta em todos, em todos os setores da Câmara Técnica falta exatamente essa questão da política. Eu acho que
isso tem que ser muito bem enfatizado. Eu acho que vai ser fantástico este teu trabalho para que a gente possa...
até para que nós tenhamos uma diretriz de produção. Esse trabalho pode orientar o CONARQ de uma maneira
correta. Por que o conceito de política não está ainda incorporado por ninguém, por ninguém.”
no centro do Rio de Janeiro. Como quando eu fiquei monitorando, quando eu trabalhei lá na Candelária, é só um
exemplo, onde a umidade era altíssima associada a isso uma poluição intensa, com dióxido de enxofre o tempo
todo na atmosfera, associado a umidade excessiva... Você tem, então, um banho de ácido sulfúrico nos
materiais... A absorção da umidade é feita cumulativamente nos materiais, a impregnação de acidez do ar úmido
é violenta. Nós temos uma condição, tanto climática como de poluição extremamente violenta no Rio de
Janeiro... Se você pensa que preservar é só restaurar 2 mil itens... cadê o orçamento para manter as condições...
isso é preservação... o orçamento para manter a estabilidade, o monitoramento, a melhoria das condições através
de ventiladores, de desumidificadores, embalagens especiais... O benefício de uma embalagem de boa qualidade
é tão grande, tão enorme... você cria uma estabilidade, dentro de uma embalagem, fantástica, que você poderia
apenas com investimento em um bom sistema de acondicionamento... você reduz, assim, em décadas, o processo
de envelhecimento de um acervo, talvez até mais. Então, eu acho que nós estamos completamente equivocados
em todo o conceito de preservação.”
“Voltando ao texto da política de preservação do Arquivo Nacional do Canadá, tem um caderno com ‘n’
número de folhas só com a conceituação, o que é preservação, todos os seus diferentes entendimentos de
preservação. A política só é possível de ser estabelecida se você associa a ela a conceitos. Por que você pode ter
uma política escrita, maravilhosa, mas se ela não se refere a um único conceito, se cada um entende preservação
de um jeito, é impossível implementar de uma maneira uniforme essa política.”
“O orçamento não é entendido para a preservação como um orçamento que cuida da questão profilática,
o orçamento não é planejado, no sentido da preservação, no sentido da profilaxia... Por que, no Brasil, com essas
condições, só é aceitável um investimento de preservação na forma de profilaxia. Eu estou me referindo à
conservação preventiva, mesmo. Só ela... ela é possível economicamente, ela tem um resultado, um benefício,
uma eficácia a longo prazo, muito mais justificável... Ela só implementada a partir de um planejamento que
depende de uma política estabelecida. Então, você tem um orçamento para restaurar... Ainda estamos pensando
não só na prática do bom fazer, mas na prática do restauro...”
“Há dez anos atrás o projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos tratou disso exatamente
para abrir esse conceito, mostrar o que é preservação, a preservação nas suas diferentes ações, a importância da
conservação preventiva, como o único meio de você salvaguardar os acervos a longo prazo. Se isto ainda não
está entendido pelos dirigentes é por que falta o conceito. Você escrever uma política e não fechar o conceito
você também não tem essa política assegurada. Cada um vai entendê-la de uma maneira diferente. E a
preservação, novamente, vai ser compreendida de uma maneira... Um vai entender preservação como restauro,
outro vai entender preservação como microfilmagem, ou isso, ou aquilo, ou apenas como práticas e não como
uma necessidade de se tentar preservação dentro de um escopo bem mais amplo, dentro das atividades dentro de
uma política arquivística, mesmo. Por que as instituições não conseguem estabelecer políticas? Por que eles não
conseguem escrever? Não conseguem. Por que existe, realmente, um desconhecimento do próprio conceito.
Quando o CONARQ diz que a sua função é criar a Política Nacional [de Arquivos], por que ele até hoje não
escreveu a Política Nacional? Por que não? Não escreveu por que não entende o que é política. Não existe um
consenso do que é política. Só que já existe um consenso internacional... já existe clareza do que é uma política.
Esses termos, é só abrir um dicionário que se vê o que é política. Mas nós não conseguimos transferir isso para a
nossa realidade. É muito mais fácil você trabalhar no miudinho, viu? É muito mais fácil. E nós estamos todos
trabalhando no miudinho. Mas se a gente não tiver esse macro... que seria praticamente uma norma, uma
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normalização, uma padronização de procedimentos... Se nós não tivermos uma padronização de entendimento e
de procedimentos, de conceitos, a gente não pode ter uma política.”
___________________
Entrevistado
Nome: ADRIANA COX HOLLÓS
Formação: Museóloga, especialista em Educação e mestre em Memória Social.
Cargo / função entre 1995 e 2005: chefe do Laboratório de Restauração do Arquivo Nacional (1988-1999),
assistente da coordenadora e depois coordenadora da
Coordenação de Preservação de Acervo do Arquivo
Nacional (2000-2007). Atualmente é assessora da
coordenadora da Coordenação de Apoio ao CONARQ.
Entrevista feita em 22/11/2007, das 14h15 às 15h17 (62 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o Arquivo Nacional cumpre com a sua finalidade regimentar de preservar e dar acesso à
informação arquivística do Executivo federal?
• Os Relatórios de Atividades do AN e o OGU usam a expressão “acervo preservado” ou “documento
preservado” para se referirem aos resultados alcançados. Nesse sentido, o que significa um “acervo
preservado”?
• Os recursos orçamentários disponíveis para a preservação dos acervos do Arquivo Nacional eram
suficientes em sua gestão?
• No Brasil, predomina a idéia que a preservação dos arquivos é uma questão técnica. Como você vê a
relação entre preservação e políticas públicas?
• O Relatório de Atividades do AN de 2004 informa que a Lei 11.010 de 17/12/2004 aprovou um
“crédito suplementar no valor de R$ 113.000,00, sendo o mesmo remanejado da atividade Preservação
do Acervo, para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do Arquivo Nacional.”. Por
que a rubrica escolhida foi a de Preservação do Acervo? Quais os critérios que levaram a essa escolha e
decisão? (DOC 1)
• No Relatório de Atividades do AN de 2001, previu-se que seriam preservados 2.100 documentos no ano
ao custo de R$ 263.478,00, mas foram preservados 400.796 documentos (19.085% a mais do que o
previsto) a um custo de R$ 246.958,83, isto é, R$ 16.519,17 a menos do que o previsto. Ou seja, foram
preservados 398.696 documentos a mais com 6,27 % menos dinheiro do que o previsto. O que houve?
(DOC 2)
Respostas
“Eu começo com a questão da seleção, que sempre foi uma questão muito delicada na relação dos
conservadores com os arquivistas. O que selecionar para preservar? Como a gente sabe que o documento
arquivístico é diferenciado do documento biblioteconômico e museológico, por que ele está relacionado com o
todo orgânico, a tendência do arquivista é tratar cada fundo de uma vez. E esta é uma questão muito complicada
para nós, conservadores, uma vez que a gente não tem fôlego para tratar cada fundo como uma unidade, como
um todo. Eu acredito que o Arquivo Nacional talvez seja uma das instituições brasileiras, hoje, que esteja mais
bem aparelhada em termos de infra-estrutura, de pessoal... são 70 conservadores trabalhando na COPAC
[Coordenação de Preservação do Acervo]. Existe uma prioridade, por parte da seleção, muito grande nessa área
de preservação, inclusive com investimentos altos. Eu acredito que, nestes sete anos, mais de 5 milhões de reais
tenham sido investidos no aparelhamento da preservação, onde hoje a gente se preocupa, cada vez menos, com o
item original, específico, para trabalhar uma conservação no nível de um pequeno reparo, de uma forma
integrada com a microfilmagem ou com a digitalização. A gente evita, em termos de uma política de
preservação, fazer a microfilmagem e a digitalização ao mesmo tempo. A microfilmagem se dedica aos
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documentos monocromáticos, que não tem nenhuma informação de cor, por que aqueles que tem informação de
cor serão digitalizados. Existem ainda alguns problemas nessa política, principalmente, na digitalização que é a
questão do acesso. Nós temos um sistema de informação arquivístico que tem problemas e que ainda não está on
line na página do Arquivo e isso é um problema. Embora, para nós, na época, quando eu era a coordenadora e fui
responsável pela implantação desse laboratório, uma coisa que eu tinha muito clara, em mente, é que a gente
tinha que começar com uma infra-estrutura muito robusta para fazer frente a um cenário que eu já imaginava que
não seria muito harmônico. Então, a gente continua tendo uma infra-estrutura de qualidade, os equipamentos
ainda não se tornaram obsoletos. O Arquivo Nacional fez um investimento agora muito bom na área de
armazenamento digital, onde foi comprado um sistema que é o Linear Tape Open, que é uma fita magnética de
leitura linear. Cada fita custa, aproximadamente, 50 dólares e armazena 800 Gb de informação comprimida ou
400 Gb de informação não comprimida. [Detalhes técnicos sobre os equipamentos e sobre as técnicas de
intervenção] (...) Por que [os arquivistas] nunca reconheceram a importância do conservador nessa seleção de
prioridades. Essa é uma questão que me mobilizou a ponto da minha dissertação ter trabalhado muito em cima
disso. O quanto que isso me afetava na minha capacidade gerencial de poder pensar no acervo do Arquivo
Nacional como um todo. Então, apesar de termo tido e ainda termos uma ênfase, uma importância muito grande
da direção da casa que reconhece a capacidade de trabalho, que reconhece a competência da equipe e investe em
tecnologia para a gente poder atender cada vez melhor e conciliar essa questão da preservação e acesso... Nós,
conseguimos, por exemplo, durante 4 anos, termos um profissional na área de design para poder pensar na
questão do acondicionamento.” [Detalhes técnicos] (...)
que ter um programa que dê conta pelo menos da estabilização do processo de degradação o máximo possível.
Ao mesmo tempo, você, para conciliar essa preservação com o acesso, tem hoje a tecnologia digital que vai
favorecer esse acesso. Um acesso, inclusive, muito mais amigável e que hoje a gente percebe, cada vez menos a
presença do usuário pressionando a direção ou a sala de consulta, a consultar os originais por que não se
satisfaziam com a qualidade do microfilme. Por outro lado, a gente tem ainda o desafio da preservação do
documento digital nascido digital. Então, eu acho que hoje para a área de preservação documental, e não é à toa
que ela tem sido cada vez mais valorizada e respeitada, eu acho, é exatamente por isso. A gente está precisando
repensar o nosso papel para poder equilibrar o nosso orçamento de modo que você não negligencie nenhum
desse três objetos da preservação.”
trabalho da preservação documental. Por que? Durante muitos anos, os nosso relatórios eram numéricos, eram
quantitativos. Ainda é assim, mas você já consegue explicitar melhor no que consiste aquele trabalho. Quando
você dá uma palestra para conscientizar os funcionários que eles não devem se alimentar nas salas de trabalho,
não devem fumar no interior do edifício, que eles devem observar se tem algum tipo de contaminação, avisar a
área... Isso tudo é trabalho que você não quantifica em itens de documentos preservados. Isso é uma questão que
é do próprio governo federal que, desde o Fernando Henrique, estipulou uma metodologia de planejamento, o
famoso Plano Plurianual, que é como uma camisa de força que agente tem de se encaixar ali. Tem um lado,
vamos dizer assim, dissertativo, onde a gente pode falar das coisas mais relevantes. Agora, uma coisa que eu
acho muito interessantes e é contraditório... Tem uma grande contradição aí, do lugar da preservação, o lócus da
preservação... no organograma, eu acho que ele sintetiza bem esse lugar, em que há uma grande contradição, por
que o PPA, ele tem lá um item, que é “preservação documental”. Nós entendemos a preservação documental
como um grande guarda-chuva que inclui, inclusive, o processamento técnico. O processamento técnico é uma
atividade subordinada à preservação. Isso não quer dizer que seja subordinada ao conservador. Não é isso. Mas a
uma atividade que vai buscar um ambiente favorável para que aquele documento dure o máximo tempo possível
e esteja acessível ao maior número de pessoas interessadas. Como é que você faz isso em uma coordenação, em
uma estrutura que você não tem o reconhecimento das atribuições que lhe são pertinentes. Ainda existe
duplicidade de funções, ainda existem problemas que estão na área de engenharia e arquitetura, que deveriam
estar integradas, no mínimo, para a gente. E esse foi o trabalho que a gente fez durante esses anos [da sua gestão]
e que há uma continuidade por conta de um grupo que foi criado também na minha gestão, que é um grupo de
planejamento que pensa a preservação de uma forma assim até mesmo heterodoxa, trabalhando a questão da
reciclagem dos materiais utilizados no Arquivo Nacional. Eu acho que a gente não ter que ser preservacionista,
limitado ao documento arquivístico. Eu acho que a gente é preservacionista em um sentido mais amplo da
palavra. Então, a gente tem aqui dentro um trabalho de responsabilidade social, junto com uma ONG, onde a
gente capacita jovens na área de cartonagem. A gente dá conteúdo de encadernação, mas sem trabalhar com
documento histórico... Para fazer álbuns, cadernos de notas... O que eu acho que precisa ser feito é o
empoderamento da preservação documental, não dos conservadores, mas da preservação de uma forma que ela
possa ter cada vez mais uma atuação mais sistêmica, abrangente. Por que não há outra forma de você garantir. O
tempo todo você tem que estar olhando o todo. Não tem outra possibilidade de você... Eu sempre disse que
dirigir um departamento como o da COPAC era como dirigir um carro, onde você não pode olhar só para frente,
você tem de estar o tempo todo, olhando pelo retrovisor, vendo o que está à sua volta, quem está dirigindo ali...
Tem de ficar o tempo todo ligado no que está à sua volta. Ou a gente corre o risco de voltar a ser um balcão de
serviço, onde a gente está tão bem equipado, tão bem aparelhado, que seremos capazes de fazer um milhão de
folhas a cada ano, e digitalizar outros tantos, e microfilmar outros tantos e ficar em um trabalho muito...
bitolado.”
um termo muito fácil de ser assimilado pelas pessoas. Eu não vejo nenhum texto do Arquivo Nacional que não
saia, como sua missão precípua a divulgação e a preservação como os dois grandes desafios. A missão do
Arquivo é preservar e divulgar o acervo arquivístico nacional. No entanto, na hora que você transpõe esse termo,
que é um termo cotidiano, para uma situação de uma organização que trabalha com a preservação dos acervos,
você percebe que existe uma tentativa de manter uma atividade no nível operacional, no nível técnico-
operacional. Eu acho que isso tem a ver com a minha própria saída da coordenação, passa por isso, por... um
desinteresse de ficar brigando em campo. Eu não quero mais essa briga de campo. Estar ali naquelas discussões
que não tem consistência, que não tem repercussão, que não tem impacto. E eu acho que a educação... (...) A
educação é aquele vetor que tem o maior impacto sobre todas as coisas de sua vida. (...) É a partir da educação
que você consegue a melhoria dos outros itens de desenvolvimento humano. Da mesma forma em relação à
preservação, eu acredito que através de programas de capacitação, de treinamento, de formação profissional a
gente vai mudar isso de uma forma muito mais efetiva do que ficar lá, gritando, berrando, brigando, como eu
fiquei durante todos esses anos. Não tenho nenhuma modéstia, tenho certeza que o meu trabalho foi muito
bacana ali. A equipe é o sinalizador desse trabalho, mas eu resolvi ir para o CONARQ por que eu acho que
através do Conselho Nacional de Arquivos eu posso contribuir de uma forma mais consistente, mais efetiva, para
difundir o conceito da preservação, não como uma coisa meramente técnica e operacional, mas como um campo
fértil, onde tudo ali dentro converge para você poder o tempo todo estar na inter-relação com os seus colegas das
mais diversas áreas. Eu acho impressionante como a preservação é aquela que congrega o maior número de
profissionais trabalhando juntos. Ainda não sabem trabalhar juntos. Não é o Arquivo Nacional, eu vejo isso em
todas as áreas, é difícil. Tem até um educador, que é consultor da UNESCO, Jacques Delors, que fala dos quatro
pilares da educação, e um deles é o ‘aprender a trabalhar junto’, que é realmente difícil. As pessoas querem fazer
valer a sua opinião e acham que isso... Eu, quando quis valer, eu quero fazer valer a minha opinião... não é uma
opinião, é um argumento, tem um embasamento. Por isso a minha decisão de ter ido estudar para sair da mera
opinião e partir para uma coisa mais consistente. A minha ida para o CONARQ é como sair de um campo de
batalha e ir para a fonte. Através da fonte, fazendo parte da Câmara Técnica de Capacitação de Recursos
Humanos, eu espero poder contribuir para que essa mentalidade muito... não só no Arquivo Nacional, mas em
todo o Sistema Nacional de Arquivos. Por que o CONARQ tem esse impacto, tem esse potencial para impactar
todas essas instituições. E o que agente precisa agora, no âmbito da Câmara Técnica de Capacitação, é pensar
qual a melhor estratégia para alcançar um número maior de arquivos em termos de uma política que está
delineada através dos trabalhos e das próprias Câmaras Técnicas, mas elas não estão articuladas para dizer que
existe uma política, uma Política Nacional de Arquivos. Tem aí um campo fértil muito grande no CONARQ, não
só para mim para ‘n’ outros profissionais, que precisam realmente produzir. E não é produzir o que você fala em
uma reunião técnica, não. É produzir como as Câmaras produzem: a Câmara Técnica de Documentos
Eletrônicos, foi lançado agora o e-ARQ [Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão
Arquivística de Documentos - e-ARQ Brasil – Resolução no 25 do CONARQ de 27/04/2007], a Câmara Técnica
de Descrição Arquivística, com a NOBRADE... Por aí é que agente vai conseguir mudar essa idéia que os
arquivistas pensam com a cabeça, os conservadores pensam com as mãos, e os jogadores de futebol com os pés.
Eu acho que isso existe cada vez menos, mas ainda existe. Eu vejo isso pelas assistências técnicas que eu dei
Brasil afora. O perfil do conservador é: o cara não tem nem escolaridade, mas ele é habilidoso. Então, basta ter
uma habilidade manual que... (...) E a gente até treina mesmo esse cara para ele poder fazer um mínimo, para
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fazer uma higienização adequada, para ele ficar atento para uma contaminação, para evitar janelas abertas em dia
de chuva ou a janela aberta quando o sol estiver incidindo sobre os documentos... Eu acho que tem lugar para
todo mundo. Agora, essa área de administração em preservação é que realmente precisa ter mais... tem que atrair
mais pessoas com um nível intelectual, acadêmico, social, cultural... E aí me preocupa... Os cursos de formação
na área de conservação, por que continuam formando técnicos... A Universidade... a Biblioteconomia, a
Arquivologia e a própria Museologia não dão conta de formar conservadores, no sentido de gestor. Se o
arquivista traz para si a responsabilidade sobre preservação, então ele deveria ser formado para isso. No final, a
gente não tem nada. Por que nem o arquivista é formado para trabalhar na administração de um programa de
preservação, e nem o conservador tampouco. Por que o que ele tem de opção hoje é a Estácio de Sá
[Universidade Estácio de Sá que oferece um curso de especialização em conservação e restauração] onde ele sai
especialista em doze tipos de restauração-conservação diferentes. Tem a ABER [Associação Brasileira de
Encadernação e Restauro, São Paulo, SP] que forma técnicos de nível médio, mas também de sentido
interventivo, embora tenha conteúdos de planejamento... Eu acho que a ABER, apesar de ser de nível médio, é a
que ainda é a que melhor forma. E, agora, começando, não conheço ainda o conteúdo curricular, a grade
curricular, é o curso do CECOR [Centro de Conservação e Restauração da Universidade Federal de Minas
Gerais], que me parece vai ser muito para cada suporte, para cada objeto, em um sentido restaurativo, que tem
muito a ver com museu. Arquivo é uma lógica diferente, por esse todo orgânico, pelo volume documental com
que a gente trabalha. A gente tem que ter uma abordagem diferente e menos estética, menos preciosista, a gente
tem que ser muito pragmático nessa administração. E isso não me parece bem entendido. Eu acho que o
conservador... Eu não sei... Eu terminei a minha dissertação com essa sensação. Eu não sei o que vai ser da gente
não, em termos de um futuro profissional daqui a uns 30 ou 40 anos. É uma profissão que mal chegou a existir e
daqui a pouco está acabando. Não que não tenha esse estoque material para ser restaurado, conservado, mas em
relação a essa questão do gerenciamento do programa eu acho muito complicado. E política de preservação... A
gente fala da Política Nacional de Arquivos... Se não tem uma Política Nacional de Arquivos, tampouco tem uma
política de preservação. O que tem são iniciativas, que foram tomadas pelo grupo de conservadores do Arquivo
Nacional, em inter-relação, porque gente não vive sozinho, com todas as outras áreas do Arquivo e em uma
permanente negociação... Então, nós temos hoje um programa compreensível da preservação, um programa
interno. E que também não está escrito. Tem um artigo que eu escrevi quando assumi junto com o Túlio Saeta,
que era o meu assistente nessa época, onde escrevemos uma espécie de uma carta de intenções. Quase tudo ali a
gente conseguiu colocar em prática. (...) Existe uma falta de visão dos nossos governantes. Acho que o Arquivo
Nacional tem sido bastante pró-ativo, em se fazer visível, em se fazer reconhecido. Acho que existe um trabalho,
um crescimento institucional muito grande do Arquivo Nacional nos últimos anos, mas, de forma alguma, ainda
não é suficiente para nada.”
Sobre o orçamento
“Eu não diria que [os recursos orçamentários] foram insuficientes [em sua gestão], mas não foram
suficientes para fazer tudo o que precisava fazer, como, por exemplo, a adequação deste prédio F para a guarda
com qualidade de preservação. Onde era a nossa intenção, ou o nosso sonho... não sei bem em que nível colocar
isso... compartimentar os depósitos, fazer toda uma revisão das esquadrias, deixar cada depósito com a qualidade
requerida. Isso é uma coisa que vai ser feito em parte. Vai ser feita a compartimentação, o que vai ser muito
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bom, por que, por exemplo em um caso de um incêndio vai ter menos chance de o incêndio se alastrar, no caso
de uma contaminação biológica de um besouro, esse tipo de insetos bibliófagos que atacam a nossa
documentação, a gente também vai poder controlá-los, limitá-los a determinado lugar. Mas ainda falta muito
para que este prédio tenha a qualidade de preservação requerida. Em termos de materiais do dia-a-dia, de
recursos humanos, isso tudo a gente tem. Acabamos de receber aproximadamente, vinte e tantos funcionários
novos concursados. Um problema, por que nenhum deles veio já capacitado como conservador. Então, a gente
teve que fazer um trabalho inicial. Tem de nível médio e superior, também. O que também foi outra questão para
ser debatida. Ter um argumento enorme para justificar cada arquivista que foi trabalhar com a gente. Não ganhei
nada de graça. Cada um que foi para mim [COPAC], eu tinha um plano, uma justificativa, por que um arquivista
e não um agente administrativo. Então, hoje nós temos 5 arquivistas na Coordenação, temos 12 técnicos de
arquivo, alguns com nível superior, mas que se sujeitaram a fazer o concurso de nível médio e outros tantos
agentes administrativos. O que realmente impressiona, é o charme que é a preservação, o charme que é o
Arquivo Nacional, cada visita que vem aqui, de ministros a Clara Sverner [pianista famosa], todos ficam
absolutamente encantados com essa coisa da memória... Tem um apego das pessoas a esse trabalho da gente,
existe toda uma magia que cerca o Arquivo Nacional... Mas eu acho que aquele projeto de modernização, que foi
tão falado na época da Celina Vargas [diretora-geral do Arquivo Nacional entre 1980 e 1990] ainda não alcançou
a cabeça das pessoas, a forma de trabalhar, os métodos... Isso não é uma questão do Arquivo Nacional... Eu acho
que existe uma grande crise nas instituições... No Brasil, então, nem se fala. Você não tem as suas necessidades
básicas supridas, você tem milhões de problemas paras resolver... Eu me sentia uma ‘coordenadora
interrompida’, por que eu não conseguia fazer nada um dia todo. Eu tinha de fazer cinqüenta milhões coisas. No
final das contas, eu tinha até a satisfação de dizer ‘Puxa, hoje eu consegui concluir, fechar um projeto’, mas tinha
várias outras coisas picotadas. Falta um novo modelo de gestão. Não estou falando de Arquivo Nacional, estou
falando em termos realmente, de Brasil.”
“Você veja o PAC [Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal], eles têm lá o dinheiro e
as pessoas não conseguem gastar. Por que? São tantos impedimentos. É projeto básico que você tem de fazer,
você tem que ter uma descrição pormenorizada de cada item. Por exemplo, nós tivemos isso para comprar um
escaner de negativos de multiformato. Fizemos tudo, todo o dever de casa perfeito. Conseguimos. Por que era o
único equipamento existente no mercado, nós fizemos uma descrição muito detalhada do projeto básico, que é
aquilo que vai instruir o processo de licitação. E quem ganhou não foi o revendedor autorizado, vamos dizer
assim. Foi alguém que recomprou e que agora não é capaz de dar a assistência técnica. Então, tem pequenas
armadilhas no serviço público, que, por mais que você queira o seu trabalho bem feito, você tem dificuldades de
conseguir as coisas. É complicado. O PAC não anda, está empacado... Tem quinze milhões [de Reais] lá, foram
gastos dois, e o ano já está acabando. Aí, o dinheiro vai para ‘restos a pagar’, e tem de esperar o Congresso
[Nacional] e aí começa tudo de novo. Existe uma coisa que precisa ser reinventada e os servidores públicos
acabam sendo um pouco reféns dessa má gerência. Que não é a gerência interna do Arquivo Nacional, mas que é
a gerência no sentido de fazer a coisa acontecer.”
“Na verdade, o que existe é uma estrutura organizacional, onde a Coordenação de Preservação de
Acervos era subordinada a uma outra Coordenação, que é a Coordenação Geral de Processamento Técnico e
Preservação do Acervo, que não é gerenciada por especialistas da área. Com exceção do primeiro coordenador,
que era arquivista, teve uma outra coordenadora que era historiador e agora é uma da área de Serviço Social. São
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pessoas competentes, bons gerentes, mas que não conhecem as especificidades da Arquivologia, da Preservação,
no nível especializado. E eles é que são os ordenadores de despesas. Esse tipo de informação [sobre
remanejamento de verbas orçamentárias] não passava pelo âmbito da minha coordenação. Por outro lado, a
rubrica “preservação do acervo” não atende apenas a área de preservação. Por exemplo, houve um problema na
época com o edifício. Queriam um remanejamento. Eu escrevi um parecer justificando o que o edifico tem a ver
com a preservação. De uma forma coerente, eu concordei que o edifício é um envoltório de proteção do acervo, e
que valia a pena justificar dessa maneira... Não lembro mais qual era a razão... alguma infiltração, alguma coisa
emergencial... então retiraram. (...) Sobre a sua questão, ela foi uma decisão tomada em outro nível da
administração. No final das contas, eu te diria que não fez falta, por que isso foi feito... [no fim do ano] para
evitar restos a pagar. É aquilo que você não conseguiu gastar, por que as áreas fizeram um planejamento,
estipularam que iam gastar tanto e acabaram não gastando e aí já estava no final de dezembro e então se justifica,
para não perder esse dinheiro e voltar para o Tesouro Nacional. Não é assim nenhuma coisa de outro mundo. É
uma decisão administrativa, por que em 17 de dezembro você não tinha mais como...”
“Isso é um problema do planejamento. Daquilo que você estabelece como meta e aquilo que você
realmente executa. Principalmente, por que aí, quando chegou nesse valor de 400 e tantos mil [documentos
preservados], eu lembro bem disso, por que juntaram tudo. Por exemplo, um documento preservado, no meu
ponto de vista é... Voltamos à questão da seleção, a questão da integração entre a área de processamento técnico
e a área de preservação. Você está lá trabalhando com o processamento técnico, com o plano intelectual do seu
acervo. Você faz 263 mil e pega esse material e manda para mim, não necessariamente os 263 mil. Você me
manda 163 mil e mais cem de outros para que a gente pudesse fazer a conservação, a microfilmagem tal, tal,
tal... Na hora que você junta... é pelo valor unitário, é pelo item, não é pela qualidade desse item... Como é que
eu posso dizer... não é pelo documento em si. Teria de haver um sistema de aferição, de quantificação para você
dizer que aqui nesses 400 e tantos mil documentos, que são itens... Esses dois mil e cem [documentos], foram
baseados no ano anterior. Outra metodologia. Na hora, a pessoa responsável por essa consolidação, somou os
números. Um mais um, mais um, mais... e chegou a 400 mil documentos. Que existe um problema na hora que
você planeja, que você estabelece uma meta irreal para baixo e que depois você cumpre e ‘Nossa, estou de
parabéns, por que eu fiz dezenove mil por cento a mais’, na verdade, o que você demonstra com isso, é uma
incompetência, uma falta de capacidade de planejar. Eu acho que, na verdade, não é alguma coisa que preocupe
na preservação dos documentos, mas é uma questão administrativa de uma metodologia que hoje isso já se
aperfeiçoou. A gente já consegue chegar a uma coisa mais razoável. Até por que, no PPA, o ordenador de
despesas, o responsável por aquela rubrica, que, no caso, é a coordenadora geral, que é a Inez Stampa, ela tem
uma senha... A coordenação [COPAC] é considerada como coordenação técnica e o coordenador geral é
responsável, no caso da Inez Stampa, pela área de documentos escritos, documentos audiovisual e pela
preservação. Foi uma tentativa na época que me pareceu interessante, de buscar integração entre estes três, essas
três áreas, mas que na prática não funcionou, por que sempre houve, eu não sei exatamente por que, uma certa
cizânia entre os arquivistas e os conservadores. Eu até entendo. Eu fui ler lá os relatórios do Século XIX, e essa
nossa identidade [dos conservadores] foi sendo construída ao longo da própria história do Arquivo Nacional...
Éramos os pretos de ganho, enfim... O que eu vejo, é que a preservação não entendeu. A gente está bem
equipado, tem material de consumo, recursos humanos... O que falta para gente é uma questão muito mais
política, de um empoderamento, de uma responsabilização da área de preservação, para poder atuar de uma
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forma mais autônoma em relação ao todo e, ao mesmo tempo, integrada. Mas, no meu ponto de vista, jamais a
preservação poderia estar presa nessa estrutura. Eu acho que a preservação deveria se constituir como uma
coordenação geral com especialistas para fazer essa administração do programa. Não foi assim que aconteceu e
por isso eu resolvi ir para a fonte, publicar, organizar publicações, organizar cursos, eventos em nome do
CONARQ, juntando com a atividade de assistência técnica, que, agora é responsabilidade minha dentro do
CONARQ na área de preservação.”