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A reflexão exterior
Por que é preciso passar da reflexão absoluta (unidade de reflexão ponente e reflexão
pressuponente) para a reflexão real?
Colocar a questão sobre como a duplicação (Verdoppelung) da reflexão se realiza e qual forma
ela assume (uma vez é o pressuposto...outra vez é a reflexão que se relaciona consigo como
negativa).
Em primeiro lugar, a reflexão exterior se relaciona ao imediato pressuposto de modo que este
aparece como o não-ser dela. A diferença entre reflexão e imediatidade pressuposta é
constitutiva da reflexão exterior. (ver §2).
Em segundo lugar, essa diferença, se considerada de perto, não é uma diferença absoluta, pois
a reflexão absoluta produz, em sua autossuprassunção, essa relação externa entre reflexão e
imediatidade pressuposta. A reflexão exterior é o produto do tornar-se externo a si da reflexão
absoluta. (ver §4).
A pressuposição permanece uma forma estável do outro. A reflexão exterior pode retornar a si
somente de tal maneira que ela inicia de um outro, que, apesar do retorno a si da reflexão,
permanece conservado como pressuposição. Enquanto retorno para dentro de si, a reflexão é,
decerto, “o negar desse seu negativo”, mas a determinação da alteridade e exterioridade da
pressuposição não é tocada por esse negar. Com isso, produz-se uma situação da negação
duplicada autorrelacional, mas no contexto da reflexão exterior e no terreno da relação de
alteridade. A reflexão exterior, enquanto retornar a si, preenche ambas as condições do
conceito de reflexão, o repelir-se de si e o retornar a si. Além disso, ela é pôr, mas seu pôr
acontece sob as condições do subsistir de uma pressuposição (aparentemente) ineliminável.
A contraposição entre reflexão exterior e imediatidade pressuposta tem uma estrutura análoga
à contraposição conforme o entendimento entre infinito e finito na “esfera do ser”.
Enquanto o §2 tematiza “primeiramente” a reflexão exterior enquanto reflexão que tem uma
pressuposição e lida com ela, o §4, “em segundo lugar”, faz com que “o atuar da reflexão
exterior” se desenrole a partir da perspectiva do pôr. Assim, contra a exterioridade, Hegel faz
valer o fato de que a reflexão exteriormente pressuponente é, de igual modo, essencialmente
pôr.
O pôr implicado pelo pressupor é um pôr específico. Nele, a reflexão exterior se despoja de sua
própria exterioridade, isto é, de si mesma. O “pôr que nega a si mesmo” é um pôr excelente,
pelo qual a reflexão determina a si mesma como idêntica ao negativo, ao imediato, que ela
pressupunha. O pôr se torna o juntar-se consigo com seu negativo e no negativo. Esse juntar-se
constitui a “imediatidade essencial’. Portanto, a reflexão que nega a si mesma e a imediatidade
são ambas postas como idênticas no lado da imediatidade. A reflexão se relaciona não mais
exteriormente com sua pressuposição, mas está posta como a “reflexão imanente’ da própria
imediatidade.