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ISSN 2317-661X Vol. 14 – Num. 01 – Fevereiro 2018

UM OLHAR SOBRE A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA AUTISTA NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

Angélica Cabral RIBEIRO1; Elaine Cristina Balbino de FARIAS1; Iane Araujo de


ANDRADE1; Isabelle de Araújo PIRES2.
1
Alunas do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UVA/UNAVIDA. angelicarafa.95@gmail.com
2
Orientadora. Professora. Professora de Letras - Língua Portuguesa da UVA/UNAVIDA.
issapires@hotmail.com

RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de discutir e compreender o processo de
aprendizagem das crianças autistas na Educação Infantil - seus comportamentos, o modo como pais e professores
lidam com a conjuntura e o que compreende alguns métodos de ensino, como o ABA e TEACCH. De
embasamento teórico para esta pesquisa, utilizamos alguns autores, a saber, Cunha (2012), Rodrigues (2016),
Castilho (2018), Wing (1979), Silva (2012), entre outros. O estudo tem cunho teórico qualitativo, descritivo e
exploratória, contou ainda com uma observação em sala de aula de Educação Infantil feita com dois alunos
autistas, sendo o aluno A, que apresenta autismo de grau leve e aluno B, com autismo de grau severo. Na
pesquisa foi possível analisar o comportamento dos agentes da educação aluno e professor em sala de aula, assim
como as atividades propostas para os dois alunos pesquisados. O estudo propõe que é possível incluir o aluno
autista na sala de aula, desde que o professor tenha propriedade para fazê-lo de forma eficaz, através de recursos
necessários, como também apontar o proeminente papel da família nesse processo. Dessa forma, nossa pesquisa
assinala um olhar especial para as crianças autistas, tendo em vista asseverar que é possível no processo
educativo de crianças autistas, superar as dificuldades encontradas em sala de aula.

Palavras-chave: Autismo. Ensino. Aprendizagem.

ABSTRACT: This work was developed with the aim of discussing and understanding the learning process of
autistic children in Early Childhood Education - their behavior, how parents and teachers deal with the situation
and what comprises some teaching methods, such as ABA and TEACCH. From a theoretical background for this
research, we use some authors, namely, Cunha (2012), Rodrigues (2016), Castilho (2018), Wing (1979), Silva
(2012), among others. The study has a qualitative, descriptive and exploratory theoretical framework. It also had
an observation in the classroom of Infant Education made with two autistic students, being student A, who
presents mild autism and student B, with severe autism. In the research it was possible to analyze the behavior of
the agents of the student and teacher education in the classroom, as well as the proposed activities for the two
students studied. The study proposes that it is possible to include the autistic student in the classroom, provided
that the teacher has the property to do it effectively, through the necessary resources, as well as to point out the
prominent role of the family in this process. Thus, our research points out a special look at autistic children, in
order to assert that it is possible in the educational process of autistic children to overcome the difficulties found
in the classroom.

Keywords: Autism. Teaching. Learning.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como foco discutir sobre o processo de aprendizagem das
crianças autistas, assim como mostrar alguns métodos necessários para se trabalhar com esses
alunos em sala de aula e observar o papel da família e do professor na inclusão desses
educandos. Sabe-se que o autismo tem sido estudado e debatido há muitos anos. Trata-se de

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um transtorno que pode afetar o processo de comunicação, comportamento e na sociabilização


das crianças e que geralmente pode ser diagnosticado a partir dos dois anos de idade.
Tanto para os pais, como também para os professores, é importante saber ministrar
bem esse assunto, pois a família e a escola precisam caminhar juntas, afinal, não é um papel
fácil lidar com crianças autistas que, muitas vezes, acabam sendo agressivas e nem
reconhecem seu próprio nome. Dessa forma, é importante que se tenha algumas estratégias de
ensino, para que essas crianças não sejam prejudicadas com relação à sua aprendizagem.
Nosso aporte teórico se constitui de estudiosos sobre o autismo, entre eles, Cunha (2012),
Rodrigues (20016), Castilho (2018), Wing (1979), Silva (2012), entre outros.
O trabalho se divide em três tópicos. O primeiro aborda aspectos conceituais,
caracterização e tratamento da criança autista. No segundo tópico, veremos o autismo e sua
aprendizagem, no qual discutimos estratégias de ensino, intervenção e métodos de abordagem
para autistas (TEACCH e ABA). Elencamos ainda, no terceiro tópico, o modo como os pais e
profissionais da educação lidam com o autismo, apontando sugestões de atividades e a análise
tecida de duas crianças autistas observadas durante a pesquisa, sendo o aluno A, autista de
grau leve e o aluno B, autista de grau severo.
Por fim, assinalamos os resultados obtidos, a partir dos trabalhos desenvolvidos,
mostrando como os professores lidam com as crianças autistas e quais as dificuldades de
ambos (professor e aluno) em sala de aula. O estudo é relevante, pois promove reflexão sobre
a inclusão do aluno autista na sala de aula, apontando-o como epicentro do processo de ensino
e aprendizagem e a necessidade de preparação deste para obter sucesso na inclusão dos
alunos.

2. DESENVOLVIMENTO

O autismo é um transtorno que vem afetando o desenvolvimento de aprendizagem das


crianças, esse termo tem origem grega (autós), que significa- por si mesmo, que foi dita por
Eugen Bleuler1, no qual foi a primeira pessoa a definir o autismo. Este transtorno prejudica as
crianças a reagirem entre elas, afetando sua capacidade de comunicação, no qual pode ocorrer
um grau elevado ou baixo e ter várias características, segundo Cunha (2012):

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Paul Eugen Bleuler foi um psiquiatra suíço notável pelas suas contribuições para o entendimento da
esquizofrenia.
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Aparecendo nos primeiros anos de vida, provenientes de causas genéticas ou por uma
síndrome ocorrida durante o período do desenvolvimento da criança, o autismo possui
no seu espectro as incertezas que dificultam, na maioria dos casos, um diagnóstico
precoce. Ele tem demandado estudos e indagações, permanecendo ainda desconhecido
de grande parte dos educadores. Não há padrão fixo para a forma como ele se
manifesta, e os sintomas variam grandemente. (CUNHA, 2012, p.19).

Com isso, podemos afirmar que existem vários graus de dificuldade que as crianças
autistas possuem e quando o grau é leve, acaba dificultando o diagnóstico precoce, pois os
sintomas mudam conforme cada criança e seu desenvolvimento. Assim, outros pesquisadores
desenvolveram estudos sobre o autismo, um deles foi Leo Kanner2, que em 1943,
desenvolveu uma teoria que dizia que a mãe da criança autista era culpada por não dar carinho
necessário ao seu filho, o que resultava em uma relação fria entre eles, e por este fator a
criança desenvolvia o autismo.
Por um bom período acreditava-se que esta teoria era verdadeira, mas com o passar do
tempo ele percebeu que essas crianças já nasciam com esta doença. Dessa forma, apesar de
não saber exatamente a causa do autismo, não se deve culpar os pais por esta doença ter
desenvolvido na criança. Kanner estudou onze pacientes com diagnóstico de esquizofrenia, ou
seja, crianças que tinham prejuízos nas áreas da comunicação, da interação social e do
comportamento e pôde perceber que elas não pertenciam a um grupo com deficiência mental.
Sendo assim, chamou de autismo as crianças que tinham um grande prejuízo na
interação social e que é percebida nos primeiros anos de vida. Ele também observou alguns
sintomas que surgiam precocemente, como aponta Rodrigues (2006):

Kanner, em 1949, refere-se ao quadro com o nome de autismo infantil precoce,


evidenciando suas dificuldades de contatos com pessoas, ideia fixa em manter os
objetos e situações sem variá-los, fisionomia inteligente, alterações de linguagem do
tipo de inversão pronominal, neologismo e metáforas. (RODRIGUES, 2006, p.18).

Portanto, Kanner observou que os sintomas eram diferenciados com relação a psicoses
infantis, como a Esquizofrenia Infantil, por exemplo. Mas, houve bastante dificuldade em
saber o diagnóstico do autismo, devido ao trabalho publicado por Eugênio Bleuler.

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Leo Kanner foi um psiquiatra austríaco, radicado nos Estados Unidos e diretor de psiquiatria infantil do Johns
Hopkins Hospital.
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Entretanto, em 1944, surgiu outro pesquisador e psiquiatra chamado Hans Asperger3,


ele observou que o comportamento era desenvolvido principalmente em meninos que
apresentavam dificuldades em interagir com as outras crianças, com isso, tinham baixa
capacidade de fazer amizade, além de movimentos sem nenhuma coordenação motora. Ele
começou a chamar as crianças autistas de pequenos professores, pois tinham habilidades
detalhadas, assim, esse quadro foi denominado como Síndrome de Asperger.

Em 1998, a revista Lancet4, publicou um artigo do cientista inglês Andrew


Wakefield5, no qual afirmava que as vacinas do sarampo, catapora e rubéola, eram uma das
causas que poderiam desenvolver o autismo. Estudos esses foram totalmente descartados e no
ano de 2014, o médico perdeu seu registro, e a revista Lancet, retirou o estudo de seus
arquivos, pois nada comprovava os resultados que o cientista sugeriu. Com isso, foram feitos
mais de 20 estudos, provando que de fato, essas vacinas não desenvolviam o autismo.

Nesse contexto, o autismo se torna complexo, pois variam os sintomas e graus de


dificuldades. Podendo perceber que existem vários pesquisadores com diversas teorias para
explicar tal conceito.

2.1. SOBRE O AUTISMO - CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

O autismo vem sendo bastante debatido nos dias atuais, isso porque é um transtorno
que afeta as crianças no desenvolvimento, prejudicando a sua aprendizagem. De forma geral,
o autismo possui algumas características que podem ser observadas nos primeiros anos de
vida. Lorna Wing6 (1979), definiu o autismo como uma síndrome que apresenta
comprometimentos em três importantes domínios do desenvolvimento humano: a
comunicação, a sociabilização e a imaginação. A isto, ela deu o nome de tríade.
Os desvios da comunicação são chamados assim, por afetar a comunicação verbal e a
linguagem não verbal, que incluem (expressões faciais, ritmos, gestos, linguagem corporal e
3
Hans Asperger, foi um médico austríaco no qual foi o primeiro a registrar as tendências autistas em crianças
com QI elevado.
4
Lancet é uma revista científica sobre medicina publicada semanalmente e é uma das mais antigas e conhecidas
revistas médicas do mundo e descrita como uma das mais prestigiadas. É publicada pela Elsevier no Reino
Unido pelo Lancet Publishing Group. O periódico foi fundado em 1823 pelo cirurgião e membro do parlamento
inglês Thomas Wakley (1795 - 1862), que manteve-se como editor até à velhice, auxiliado e sucedido por um de
seus filhos.
5
Andrew Jeremy Wakefield foi um ex-pesquisador e ex-cirurgião britânico que esteve na origem da controvérsia
sobre o papel das vacinas no autismo. Em 1998, ele publicou um artigo fraudulento intitulado MMR vaccination
and autism na revista The Lancet, no qual estabelecia uma suposta relação entre a vacina tríplice e o autismo.
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Lorna Wing foi uma médica psiquiatra inglesa, conhecida por seus estudos sobre autismo.
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modelação na linguagem verbal). Assim, podem ocorrer casos graves de crianças com mais de
três anos de idade sem linguagem verbal e sem reconhecer a não verbal, incluindo uso de
gestos ou qualquer tipo de expressão facial.
Wing (1979), ainda afirma que em algumas crianças, podem apresentar a linguagem
verbal, ou seja, repetir palavras que foi dita, mas nesse caso, é uma linguagem repetitiva e não
comunicativa. Sendo assim, muitas vezes as crianças autistas repetem palavras ou até mesmo
frases frequentemente de forma clara, porém, o tom da voz soa estranho.
O outro desvio que Wing define são os qualitativos na sociabilização, que são as
dificuldades que as crianças com autismo possuem em relação à interação social, ou seja,
impedem que elas se relacionem com as outras, incluindo compartilhar sentimentos, emoções
e gestos. Em muitos casos, as crianças autistas costumas abraçar e se aproximar das pessoas
independentes de quem seja, tendo assim, gestos repetitivos que aparentam ser afetivos, mas
não existe nenhuma troca de afeto.
Essa dificuldade de socializar que os autistas possuem, é pelo fato de ter uma pequena
capacidade de imitar e de compreender o outro. Dessa forma, quando um bebê típico nasce,
ele costuma olhar diretamente para o rosto dos pais e obter motivação para aprender. Já o
bebê autista quando nasce, costuma observar objetos e não o rosto dos pais, isso faz com que
tenham um atraso no seu desenvolvimento.
E por último, é o desvio da imaginação, que são as dificuldades que as crianças
autistas têm na linguagem e no comportamento em várias áreas do pensamento. A forma de
brincar, por exemplo, acaba tendo pouca criatividade e exploram o brinquedo de forma
singular, ou seja, passam horas observando sua textura, fixando sua atenção por muito tempo
em uma coisa só.
Lorna Wing (1979), observa que existem outras características que incluem
movimentos estereotipados (pular, cabeça mexendo, andar na ponta de pés), anomalias de
postura podendo segurar suas mãos para fora ao andar ou dobrar seus braços e dedos de forma
incomum, além do mais, a criança autista pode ter bastante dificuldade em praticar esportes,
principalmente quando se trata de jogos em equipe.
Portanto, além da grande variedade de características que as crianças autistas possuem,
também existem várias pesquisas para saber quais as causas do autismo, mas continuam
desconhecidas. Em alguns casos, por exemplo, pode ser fator genético, ou seja, podendo ser
hereditário. Outros fatores são os ambientais/biológicos, que é o desenvolvimento do feto na

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gestação quando a mãe passa por muito estresse, infecções e complicações durante a gestação,
podendo levar a criança a desenvolver o autismo.
Cunha afirma que “o autismo pode se manifestar por volta dos dezoitos meses, porém
o diagnóstico só pode ser fechado após os três anos de idade e realizado por profissionais da
área de saúde, psicólogos e/ou psiquiatras” (CUNHA, 2012, p.15).
Contudo, apesar dos cientistas fazerem várias pesquisas sobre o autismo, ainda não foi
desenvolvida nenhum tipo de vacina e não há cura, porém, existem métodos que podem ser
desenvolvidos para que as crianças autistas tenham uma qualidade melhor de vida, ajudando
as mesmas em seu desenvolvimento.

2.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO AUTISMO

O reconhecimento dos sintomas manifestados pela criança com autismo é fundamental


para conseguir um diagnóstico precoce. Geralmente, as manifestações são percebidas por
pais, cuidadores, familiares ou pessoas próximas que notam comportamentos atípicos na
criança, em alguns casos, essas pessoas já têm conhecimento das características do transtorno
e das necessidades básicas que essas crianças enfrentam ao realizar atividades comuns do dia
a dia. Diante disso, é fundamental que a criança seja submetida a um profissional com
experiência no assunto e que seja especialista em comportamentos infantis. Apenas assim
haverá um diagnóstico adequando, conforme aponta Gaiato (2012):

Para as crianças com autismo, o diagnóstico precoce é de fundamental importância.


Por isso, os pediatras precisam observá-las com muito critério desde o nascimento e,
a qualquer alteração notada, devem encaminhá-las a um especialista mesmo que não
tenham certeza do diagnóstico [...]. (GAIATO, 2012, p.137).

Assim, os sinais se manifestam de forma variável e geralmente iniciam-se antes dos


três anos de idade, e vão surgindo ao passar dos anos. A criança com autismo apresenta uma
tríade singular, que se caracteriza pelas dificuldades e prejuízos percebidos na comunicação
verbal e não verbal, na interatividade social e na limitação do seu ciclo de atividades e
interesses. Neste tipo de transtorno, podem também fazer parte dos sintomas, movimentos
estereotipados e ações repetitivas, assim como padrão de inteligência variável e temperamento
extremamente variável.

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Portanto, é uma situação que desencadeia alterações na vida familiar devido às


necessidades de acompanhamento da criança para seu desenvolvimento. O diagnóstico de
uma doença crônica no âmbito familiar, especialmente em se tratando de crianças, constitui
uma situação de impacto, podendo repercutir na mudança da rotina diária, na readaptação de
papéis e ocasionando efeitos diversos no âmbito ocupacional, financeiro e das relações
familiares.
Por apresentar uma grande variedade de sintomas diferentes, não serem conhecidas as
causas e pela complexidade do transtorno não existe ainda um tratamento padronizado para o
autismo, existem vários métodos e formas de trabalhar a criança, como fora dito. No entanto,
os profissionais partem da mesma opinião que quanto antes se detecte, maiores efeitos
positivos haverão sobre os sintomas e atitudes. Contudo, o tratamento pode envolver desde o
controle com remédios até acompanhamento fonoaudiológico, psicológico e terapia
ocupacional, pois “o esforço em uma dessas áreas influencia diretamente a outra”. (GAIATO,
2012, p.156).
Assim, o tratamento do autismo, apesar de não curar esta síndrome, é capaz de
melhorar a comunicação, a concentração e diminuir os movimentos repetitivos, melhorando
assim a qualidade de vida do próprio autista e também da sua família.

2.3 AUTISMO E APRENDIZAGEM

Ao deparar com crianças autistas e imaginar o processo de aprendizagem delas,


devemos pensar o quanto é importante um trabalho coletivo entre os profissionais que os
atendem, tanto na escola como fora dela. Essa prática coletiva é imprescindível para atender
as demandas do autista e para que ele possa alcançar melhorias em seu desenvolvimento sócio
cognitivo.
O Decreto de Regulamentação da lei 12.764/2012, conhecida também como Lei
Berenice Piana, aprovada no Congresso Nacional (2012), em vigor deste a sua publicação, foi
uma conquista de pais de autistas, como também dos seus familiares, e de outros segmentos
da sociedade. Esta lei garante que as pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista)7
sejam protegidas e tenham direitos ao acesso a vagas nas escolas públicas, assegurando um
diagnóstico precoce e assistência integral sem depender da idade.

7
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) refere-se a uma série de condições caracterizadas por desafios com
habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não verbal, bem como por forças e
diferenças únicas. Nosso trabalho irá utilizar-se dessa sigla ao se referir ao Autismo.
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Com isso, é importante que as pessoas com deficiência principalmente na rede regular
de ensino, que o Estado garanta atendimento especializado, garantindo assim, um bom futuro
profissional e incluindo as mesmas na sociedade.
No tocante ao ensino escolar desses alunos, deve-se verificar a necessidade de um
modelo de ensino que vai além da presença no âmbito escolar, se apropriando inclusive de
terapias que promovam maior envolvimento do aluno com o meio, encontrando um caminho
para participação e aprendizagem efetiva da criança. É bastante relevante esse olhar
diferenciado e ajustamento no modo de ensinar, considerando como ponto importante a
presença, a participação e a aprendizagem, como coloca Booth (2013),

Presença: sem classes separadas ou outra segregação, se o aluno participa de práticas


conjuntas ou separadas de seus colegas, como a frequência desse aluno na escola, o
local que esse aluno está inserido, correspondência entre o ano escolar e a idade
cronológica; Participação: qualidade de experiências educacionais; tais como o
engajamento do aluno em atividades conjuntas; Aceitação: pelos professores,
colegas e equipe da escola, ou seja, relação com colegas, professores e demais
funcionários da escola, melhores amigos, quem o auxilia, quem ele busca. 4.
Aprendizagem: ganhos acadêmicos, emocionais e sociais, por exemplo, como é
realizada a avaliação desse aluno, principais recursos e dificuldades, etc. (BOOTH;
AINSCOW, 2000 apud KUBASKI, 2013, p. 24).

Além disso, é indispensável expor que o aluno com o TEA necessita de um ensino em
que possa aprender e ao mesmo tempo colaborar com os seus pares. Ou seja, é essencial que o
aluno com autismo aprenda junto com os seus colegas para que eles possam fazer trocas de
experiências. Todo esse trabalho integrado é importante para o desenvolvimento
sociocognitivo do aluno autista. Essa prática pedagógica colaborativa contribui positivamente
para inclusão do aluno com TEA, tendo assim, uma ativa participação, presença e
aprendizagem no âmbito escolar.
É interessante que os educadores planejem aulas significativas, agradáveis, que
“conectem” a atenção dos alunos, em especial do aluno com autismo, e assim consigam
eliminar as barreiras para a aprendizagem. Para questionar sobre esse assunto, menciona-se
Carvalho (2009, p. 60): “barreiras existem para todos, mas alguns requerem ajuda e apoio
para seu enfrentamento e superação”. Portanto, esses empecilhos na educação ocorrem e, às
vezes, parecem ser impossíveis de superá-los, mas com um trabalho coletivo dos profissionais
na escola é possível vencê-los. Para isso, é preciso investigar estímulos, assuntos que o aluno
goste e também conhecer o que ele já sabe.

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É importante, desse modo, o professor trabalhar interesses da turma, adequando o


conteúdo de acordo com as necessidades e potencialidades de cada aluno da turma, pois
favorece positivamente a inclusão do aluno com autismo, já que esses procedimentos são
primordiais para a participação, a aprendizagem e a presença desse aluno em sala de aula. A
partir de tudo isso, cabe destacar do quanto é fundamental o trabalho coletivo, no qual o aluno
com transtorno do espectro autista esteja inserido ativamente na sala de aula e o professor
forneça um ensino que auxilie positivamente o seu desenvolvimento sociocognitivo.

2.3.1 ESTRATÉGIAS DE ENSINO E MÉTODOS (TEACCH E ABA)

O método ABA (Análise do Comportamento Aplicada) para a correta e eficaz inclusão


da criança com TEA, tem por base os estudos da autora Lear (2004). Esse um termo vem,
segundo a autora, da “área científica do beahviarismo.” (LEAR, 2004, p.10) e serve para
observar, analisar e explicar a associação entre o ambiente, comportamento humano e
aprendizado.
A autora ressalta que o “beahviarismo concentra-se na análise objetiva do
comportamento observável e mensurável em oposição (...) à abordagem psicanalítica.” (op.cit.
2004, p.10). Com isso, o ABA é um termo que descreve uma abordagem científica podendo
ser utilizada para tratar o transtorno do TEA.
Lear explica que para ensinar crianças com autismo, o método ABA é usado como
base para aplicações pedagógicas, embora este método englobe várias outras aplicações e
observações. O currículo seguido no ambiente escolar depende de cada criança
particularmente, mas em geral é amplo, engloba habilidades teóricas, dos docentes, também
envolve linguagem, socialização, cuidados pessoais, motoras, brincadeiras, onde o
envolvimento com os entes familiares contribui para o sucesso da aplicação do método, que se
tornou uma terapia usada em todo o mundo, em especial nos países desenvolvidos, nas quais a
terapia faz parte da rotina dos pacientes que estão dentro do espectro.
Com relação ao método TEACCH (Treatmetand of Autitecand Related
Communication Handicapped Children) vem a ser um trabalho de intervenção terapeuta
baseado na determinação de objetivos definidos e direcionados aos comportamentos que se
quer mudar, com intuito de amenizar comportamentos indesejáveis (ARAÚJO, 2015, p.08).
Usando o referido método, é possível a organização e sistematização de tarefas, de modo que

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o aprendizado das crianças seja mais eficaz, ajudando-as a mudar seus comportamentos de
distração, resistência, mudança e falta de motivação.
Este método também ajuda a programar atividades favorecendo tempo, duração e
materiais, nas rotinas organizadas em quadros, painéis ou agendas. Quando uma criança
mostra desenvoltura em atividades, esta passa a fazer parte da rotina de modo sistemático.
Não somente na parte cognitiva, ensino noções básicas de atividades da vida diária (AVD) 8e
atividade da vida prática (AVP) 9possibilitando maior independência possível.

2.3.2 MODO COMO PAIS E PROFISSIONAIS LIDAM COM O AUTISMO

A família é extremamente importante, pois ajuda a incluir o filho autista num mundo
onde ele não se vê, onde não se encontra e onde acha difícil comunicar-se. O interesse dos
pais reflete nos filhos segurança, motivação e amenização de possíveis dificuldades. A
inclusão deve começar ainda em casa, aceitando o problema, estimulando as melhoras e
trabalhando diariamente para que o quadro autístico tenha o mínimo de estereotipias10 e
comprometimentos. É importante que a criança seja inserida num ambiente estimulador de
interação social, obviamente ultrapassando os limites do convívio familiar, o que pode
acentuar manias, excitação emocional e agressividade.
O grau de desenvolvimento do autista está diretamente ligado às questões de
estimulação, atendimento especializado e conhecimento adequado de como lidar com as
situações do seu cotidiano, ou seja, o autista precisa adquirir sua independência, através da
valorização de experiências habituais, de contato social, aprendendo habilidades pessoais e
domésticas. São as atitudes simples que terão um grande diferencial para a evolução do
quadro de autismo, pois tira a criança do isolamento e a influencia a interagir socialmente.
No tocante à rotina da criança, deve ser bem estruturada, pois a previsibilidade é
importante para que ela se mantenha sob controle e aceite novos conhecimentos. Quanto mais
baixo o nível de estruturação da criança, mais o ambiente terá de ser cuidadosamente
estruturado. Cada rotina deve ser percebida como útil para a vida do aluno. A ação

8Atividades da vida diária (AVD) são tarefas básicas de autocuidado, parecidas com as habilidades que
aprendemos na infância.
9
Atividades da Vida Prática (AVP) são atividades domiciliares, do cotidiano.
10
Estereotipias são movimentos de autoestimulação, muito comuns em pessoas com autismo, como por
exemplo, balançar as mãos, bater os pés, girar objetos ou o próprio corpo, estalar os dedos, fazer sons repetitivos,
etc..
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participativa dos pais representa um ponto positivo na organização da consciência do autista


sobre si mesmo e da consciência de que existem outras pessoas atuando junto a ele.
No caso de crianças extremamente ansiosas, os métodos como o TEACCH e o ABA,
têm diminuído significativamente o grau de irritação, ocasionado pela incapacidade de se
comunicar satisfatoriamente, sendo a família incluída na atuação psicopedagógico. Eles
devem ser utilizados tanto na escola quanto no ambiente familiar, lembrando que a forma de
aplicação deve ser a mesma, a fim de estabelecer o reforço na educação.
Assim, é importante ressaltar a participação dos familiares no tratamento do paciente
independente de qual seja a abordagem. Alguns programas são voltados não só para os
pacientes, como também para seus familiares, havendo uma interação entre ambos,
contribuindo como forma de apoio, entre família, paciente e sociedade. Assim como em
outros transtornos do desenvolvimento, crianças com TEA possuem necessidades
educacionais especiais, devido às condições clínicas, o comportamento cognitivo, a
linguagem e a adaptação social que apresentam.
Quando as necessidades educacionais de crianças autistas são atendidas de forma
respeitosa, poderão garantir que alcancem nível universitário, em especial àquelas que não
mostram deficiência intelectual. Quando há prejuízos cognitivos e comportamentais graves a
adaptação da criança autista em sala de aula regular se torna, muitas vezes, inviável. Por esse
motivo, dentre outros, a inclusão de muitas crianças autistas no contexto educacional
brasileiro tem ocasionado prejuízos mais que benefícios, tanto para os alunos quanto para a
equipe educacional.
Pelas leituras analisadas, essas dificuldades também são verificadas em outros países.
Estudos baseados em evidências citados por Doutor Cley11, mostram que crianças com TEA
onde na grande maioria dos casos observados e diagnosticados, não aprendem pelos métodos
tradicionais.
Com isso, os autores enfatizam que segundo a Organização das Nações Unidas, 70
milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo Autismo. Não significando dizer que os
autistas não consigam desempenhar seu papel social de modo satisfatório. Para entendermos
as crianças autistas, lembram-nos os autores que devemos “nos colocar no lugar do outro,

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Dr. Clay Brites é Doutorando em Ciências Médicas, é sócio Fundador da Neurosaber – Neurociências e
Educação e está à frente de Congressos Online como Conautismo 2015 e 2016 e Congresso Neurosaber
Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem, Com Alfabetização, entre outros.
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buscar a essência mais pura do ser humano, e resgatar a pobreza de se comover com as
diferenças.” (SILVA, et all, 2012, p.06).
Assim, embasadas nas palavras desses autores podemos então pensar como nós
educadores estamos direcionando nosso fazer pedagógico para podermos então, incluirmos
todas as crianças no âmbito educacional, independentemente de suas diferenças.
Com base no pensamento do estudioso Castilho (2018), nós educadores já devemos ter
nos deparado com algum aluno com deficiência em nossa prática educativa, em especial o
transtorno do espectro autista (TEA). Visto que a realidade escolar na atualidade garante a
todo acesso à educação, os professores devem repensar suas práticas pedagógicas.
Dessa forma, fato que se sabe, e a dificuldade de garantir uma educação inclusiva de
qualidade, tanto aos professores, quanto aos alunos, isso ocorre por vezes, tanto pela ausência
de recursos pedagógicos, quanto humanos. Educar um aluno com autismo sem um
profissional de apoio em uma sala de aula vem a ser desgastante para o professor e desumano
ao aluno, pois o mesmo necessita de intervenção pedagógica individualizada.
Castilho (2018) insiste que para que os professores tenham condições de incluir alunos
com autismo, precisam analisar suas práticas educacionais com bases teóricas, a respeito da
temática em estudo, a autora ressalta ainda que se os educadores tivessem “treino” científico,
embasados às práticas educacionais, as crianças serão bem atendidas e os objetivos
estabelecidos serão atingidos com êxito de forma correta. Para tal, esse preparo científico de
que é referido, adquire-se com o estudo eficiente de teorias que enfatizam a análise do
comportamento, como exemplo, a autora ressalta:

O estudo ABA (Análise do Comportamento Aplicada), um programa cujo objetivo


vem se tornar as metodologias de ensino sobre a análise do comportamento aplicada
de fácil aprendizado e mais acessível aos educadores e monitores que convivem com
crianças com necessidades educacionais tido autismo, pode fazer a diferença na vida
de uma criança com autismo. (CASTILHO, 2018, p.07, 08).

Pensando nas possibilidades, para ter êxito é necessário mudanças e união entre os
pais e os professores, para que dessa forma sejam trabalhadas as diferenças existentes com a
criança autista em sala de aula, portanto, é importante que os educadores saibam dos métodos
necessários para obter sucesso.

3. PERCURSO METODOLÓGICO

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Optamos por uma pesquisa qualitativa, que utiliza-se de um método de investigação


que enfoca o tema analisado buscando experiências e estudando-o de modo particular. Com
isso, nos proporcionou entender o tipo de pesquisa de forma eficaz e interpretar o tema
abordado. Como apregoa Malheiros (2011),

O trabalho qualitativo exige métodos rigorosos, que sejam capazes de explicitar que
o investigador chegou o mais perto possível do fenômeno, portanto, suas conclusões
não se dão na base de suas crenças individuais. (MALHEIROS, 2011, p.189).

Neste sentido, os resultados obtidos podem sofrer alterações, mas o pesquisador tenta
chegar ao máximo a uma conclusão coerente a partir da análise dos dados. Portanto, quando
aplicamos o método de observação, foi importante fazer um planejamento com antecedência,
para que dessa forma, tivéssemos bons resultados e uma compreensão melhor, da sistemática
da pesquisa.
A pesquisa foi realizada através de uma entrevista subjetiva com a professora dos
alunos autistas, em que foram feitas algumas perguntas sobre o convívio desses educandos em
seu entorno e sobre o processo de ensino-aprendizagem até então. Ao obter as respostas,
fizemos alguns apontamentos a partir de observações presenciais usando como instrumento o
diário de campo para as anotações pontuais desses alunos autistas no tocante à interação deles
com a professora e demais colegas de sala de aula e o relatório.
A professora regente da turma ensina há cerca de quinze anos na educação infantil,
tem o Magistério e está concluindo o curso superior de Licenciatura em Pedagogia. Leciona
em duas escolas, uma de rede particular, onde um de seus alunos é autista de grau severo e
outra de rede pública, cujo aluno é diagnosticado autista de grau leve. Os educandos foram
chamados de aluno A e B, cujo aluno A é autista de grau leve e o aluno B autista de grau
severo. Ambos têm 5 anos de idade e estão no infantil V.
As duas escolas onde foram feitas as observações são de cidades distintas – uma
localizada na cidade de Fagundes - Paraíba, de rede particular e a outra, no distrito de Galante,
na cidade de Campina Grande – Paraíba, de rede pública. As escolas escolhidas atende os
alunos desde o ensino infantil ao fundamental I.
Para chegar aos resultados da pesquisa proposta, analisamos as respostas da entrevista
realizada com a professora e os dados coletados e registrados no diário de campo e relatório.

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Com isso, foi feita uma apreciação detalhada de todo os dados para se chegar ao resultado,
que não é concluso.

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com os alunos A e B, de grau leve e severo, consecutivamente, é desenvolvido o


método ABA, que como mencionado nos fundamentos teóricos, são atividades lúdicas que
envolvem pareamento de cores, letras e números e também são envolvidas atividades com
movimentos de pinça, coordenação motora, psicomotricidade e alinhavos. Também é aplicado
o método TEACCH constantemente envolvendo a socialização com o todo, por meio de
imagens, fazendo parte da rotina família/escola, promovendo ações representadas por
sinalizações, ou seja, placas que facilitem para as crianças tenham um melhor entendimento
de linguagem e comunicação através de sinais.
No decorrer das atividades, o aluno A as realiza com sucesso, de forma que não
necessita cronometrar tempo. Já o aluno B necessita do tempo para observar o comportamento
em que ele se encontra, pois por ser uma criança muito hiperativa, muitas atividades acabam
não prendendo a atenção do mesmo, passando assim, por algumas dificuldades ao manusear
as atividades abordadas pela professora em sala de aula.
Os conteúdos são desenvolvidos em tempo menor do que com o aluno A, pois as
estereotipias não deixam o mesmo sentado por menos de 3 minutos, onde ele não participa da
terapia ocupacional, que ameniza os movimentos repetitivos, pois devido à família não
receber bem o diagnóstico do autismo, acaba não intervindo no desenvolvimento do filho.
Aqui, percebemos uma negação do transtorno por parte dos familiares, o que descontinua o
desenvolvimento do aluno, sendo a família parte importante do processo cognitivo do autista,
como elencamos nos estudos teóricos.
Contrariamente, observamos que a família do aluno A, aceita que o mesmo é autista,
porém não tem conhecimento sobre o assunto, a ponto de intervir para o uso das terapias que
o mesmo necessita para o seu desenvolvimento. Opostamente, o aluno B, tem família com
conhecimento do autismo, mas não aceita que o filho é autista.
Portanto, nossa pesquisa foi viável a compreender o assunto com determinações mais
aprofundadas e a partir da análise de casos reais, resultando em apontamentos que poderão

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ajudar as crianças autistas juntamente com a escola e a família, agregar sugestões para o
trabalho com a criança autista.
Obviamente, a família é parte fundamental nesse processo de ensino e aprendizagem
com o aluno com TEA, mas o papel do professor é essencial para o desenvolvimento das
habilidades das crianças autistas, tanto para a aprendizagem, como também para o contexto
social, onde os estímulos dependerão do grau (leve ou mais severo) de cada criança, fazendo
com que tenham avanços significativos, para assim, obter progresso na socialização e na
aprendizagem no decorrer dos anos letivos. Entendemos que quando a família se nega, o
professor deve se disponibilizar, preparando-se para as orientações necessárias e urgentes que
o problema encerra.
Um dos grandes instrumentos em sala de aula é a rotina diária, pois dessa forma, a
criança irá compreender melhor as atividades propostas pelo professor, trazendo assim, um
ambiente favorável para ambos. Desta forma, o docente deve buscar maneiras de trabalhar no
âmbito escolar e fazer atividades adequadas para que a criança autista desenvolva tanto a
coordenação motora, como também o ensino-aprendizagem, utilizando o método ABA, onde
o mesmo são atividades lúdicas que são cruciais para seu desenvolvimento.
É importante elaborar atividades que estimulem a audição e a visão. Aqui, sugerimos
algumas que utilizam materiais recicláveis para confeccionar chocalhos (Figura 1), usando
garrafas PETs com vários objetos e materiais sonoros (macarrão, água com glitter, arroz,
palitos de picolé, canudos, etc.) e fazer um bonito colorido nas garrafas do lado externo, isso
faz com que estimule a interação entre os colegas, além de explorar a visão e audição.

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FIGURA 1: Cocalhos com garrafas PETs

.
Fonte: FERREIRA, Shirley Nunes; NASCIMENTO, Simone do;
PAUFERRO, Ingrid Silva de. et.all. Compartihando saberes na
educação infantil. Disponível em:
<http://compartilhandosaberesdapos.blogspot.com/2013/06/atividad
es-para-o-bercario.html> Acesso em: 14 de junho de 2018.

É interessante usar atividades que estimulem a concentração, como jogos, brinquedos,


colagens, movimentos corporais (correr, pular, dançar, etc.), atividades de linguagem oral e
escrita como letras e imagens em velcro (Figura 2) podendo trabalhar as cores, formas,
raciocínio lógico, noção espacial e corporal.

FIGURA 2: Atividade em velcro, usando formas geométricas


e cores

Fonte: AVOSANI, Mara. Educação Especial. Disponível em:


<http://aeeufc2013maraavosaniespecial.blogspot.com/2013/10/ativid
ades-com-alfabeto-movel-para.html> Acesso em: 14 de junho de
2018.

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O alfabeto móvel (Figura 3), também é importante, pois possibilita que o professor
faça inúmeras intervenções de acordo com a necessidade de cada aluno autista e permite que a
criança realize atividades para identificar, nomear e ordenar letras formando palavra e tem o
objetivo de fazer com que elas visualizem as letras e, ao manipulá-las, familiarizem-se com o
formato delas.

FIGURA 3: Alfabeto móvel

Fonte: AVOSANI, Mara. Educação Especial. Disponível em:


<http://aeeufc2013maraavosaniespecial.blogspot.com/2013/10/atividades-com-alfabeto-
movel-para.html> Acesso em: 14 de junho de 2018.

Alguns exercícios de coordenação motora fina (Figura 4), também são importantes
para que a criança realize movimentos pelas mãos e dedos e também de sua ligação entre a
mão e o olho e a coordenação visomotora.

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FIGURA 4: Alinhavos com material perfurado

Fonte: EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO. Atividades de


coordenação motora. Disponível em:
<http://aeeufc2013maraavosaniespecial.blogspot.com/2013/10/
atividades-com-alfabeto-movel-para.html >Acesso em: 14 de
junho de 2018.

Esses exercícios ajudam as crianças a atrelarem sua atenção e desenvolvê-las de forma


prazerosa. Assim, o docente precisa planejar atividades capazes de contribuir para os alunos
autistas, buscando superar e solucionar as dificuldades presentes em sala de aula. É
importante que o professor busque novos conhecimentos na área, fazendo especializações,
participando de congressos relacionados ao assunto e aplicar seus conhecimentos adquiridos
na sala de aula junto aos alunos.
O papel da família da criança autista, como bastante elencado, também tem sua
contribuição, onde a mesma pode colaborar para que a criança desenvolva sua aprendizagem,
estimulando-as na superação de suas dificuldades. Deste modo, sempre deve existir um elo
entre família e escola, para que assim proporcione ao aluno o desenvolvimento de suas
capacidades emocional, social e da linguagem.

5. CONCLUSÕES

Ultimando a discussão (por enquanto), vimos que incluir o aluno autista em sala de
aula regular ainda passa por grandes desafios. É importante que a escola tenha interesse em
buscar sempre novos métodos e estratégias de ensino para os alunos autistas e, assim, a

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criança se envolva ao meio social. Ainda, oferecer suporte necessário para os docentes
trabalharem mais confiantes e preparados.
É preciso que a prática pedagógica inove a cada momento, para que dessa forma,
possa transmitir novas informações e atividades lúdicas para tornar o aprendizado mais
eficiente. Pudemos perceber que durante a observação feita em sala de aula com os dois
alunos autistas, o quanto é importante a inclusão escolar desses educandos e vimos que
colocar em prática não é um papel fácil, mas quando executado com amor, respeito e suporte
necessário, vale a pena e que depende também de vários aspectos para se tornar útil e válido.
Os resultados obtidos mostram que apesar dos professores buscarem sempre novos
conhecimentos para esse assunto, é notável que ainda existe muitas dificuldades. Com isso, os
docentes ainda não estão preparados para lidar com os alunos autistas, pois não tiveram
conhecimentos necessários em sua formação para assumir em prática tal papel. Outro ponto
que vimos durante a observação, é que é possível desenvolver alguns métodos de ensino como
o ABA e o TEACCH, para que os alunos desenvolvam seu aprendizado de forma eficaz.
Assim, podemos relatar que o aprendizado do aluno autista pode construir novos
caminhos e derrubar os obstáculos existentes, devendo ser sempre acompanhado pelo
professor e pela família, para que assim a criança tenha um grande enriquecimento em sua
aprendizagem. O docente deve estar sempre buscando se aprimorar, seja através de livros,
internet, congressos, especialização, enfim, meios que colaborem para o desenvolvimento de
aprendizado da criança.
Portanto, para que o aprendizado apresente o verdadeiro sentido, o professor precisa
problematizar os ensinamentos por meio de atividades concretas, visuais e auditiva, exercícios
de concentração e com significado, para assim, o aluno obter sempre novos conhecimentos e
de forma fácil e prazerosa de apreender o contexto e aprender os conteúdos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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atendimento psicopedagógico. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Bacharelado de
psicopedagogia do centro de educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
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CARVALHO, R.E. Removendo Barreiras para a Aprendizagem - Educação Inclusiva. 8.ed,


São Paulo: Saraiva, 2009.
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