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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

MELHORAMENTO GENÉTICO VISANDO À RESISTÊNCIA


A MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS

BREEDING AIMING MASTITIS RESISTANCE IN DAIRY CATTLE

Jardim, J.G.1*; Quirino, C.R.1; Pacheco, A.2 e Lima, G.R.S.1

1
Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal. Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro. UENF. Campos dos Goytacazes, RJ. Brasil. *jugazzoni@hotmail.com
2
Departamento de Zootecnia. Universidade Federal do Oeste do Pará. UFOPA. Santarém, PA. Brasil.

PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS ADDITIONAL KEYWORDS


Imunidade. Parâmetros genéticos. Immunity. Genetic parameters.

RESUMO
Com essa revisão, objetivou-se traçar a de predição, tornando o melhoramento genético
trajetória dos estudos sobre as características um componente de uma estratégia de longo prazo
físicas, ambientais e genéticas de resistência à para o aumento da resistência à mastite e melhoria
mastite. Uma característica complexa e multifatorial da qualidade do leite.
pode ser adquirida por traumas físicos, alterações
fisiológicas e metabólicas, microrganismos SUMMARY
patogênicos ambientais ou contagiosos e por
componentes genéticos envolvidos na resposta This review, aimed to trace the trajectory of
imune. As maiores perdas estão relacionadas à studies about the physical, environmental and
diminuição da produção e qualidade do leite, me- genetic characteristics of mastitis resistance. This
nores ganhos genéticos anuais e baixa intensidade complex and multifactorial disease can be
de seleção, sendo citada como a principal doença contracted by physical trauma, physiological and
da bovinocultura leiteira. metabolic changes, environmental or infectious
Diante disso, novos critérios de seleção foram pathogenic microorganisms and genetic
estabelecidos para aumentar a produção de leite components involved in the immune response. The
e a resistência à mastite, além da melhoria do greatest losses are related to decreased production
ambiente. Estudos genômicos têm sido recomen- and quality of milk, lower annual genetic gains and
dados quando há dificuldade na coleta de dados low intensity selection, cited as the main disease
fenotípicos e a herdabilidade da característica of dairy cattle.
avaliada é baixa.Além do mais, eles são utilizados Thus, new selection criteria were established
como ferramenta auxiliar ao melhoramento genético to increase milk production and mastitis resistance,
clássico para aumentar a resistência genética a besides improving the environment. Genomic
doenças e desenvolver soluções tecnológicas studies have been recommended when there are
inovadoras. Muitos trabalhos foram realizados difficulty in collecting phenotypic data and the
para identificar e estudar genes candidatos heritability of the studied characteristic is low.
envolvidos na resposta de resistência à mastite Therefore, they are used as an auxiliary tool in
que estão correlacionadas com lócus de caracte- classic animal breeding to increase the genetic
rísticas quantitativas (QTL - Quantitative Trait resistance to of disease and develop innovative
Loci) em programas de seleção assistida por technological solutions. Many studies have been
marcadores moleculares. Isto permite a seleção conducted to identify and study candidate genes
mais rápida e precisa de bovinos pelo seu valor involved in the mastitis resistance response that
genético genômico, estimado a partir de equações is correlated with the Quantitative Trait Loci (QTL)

Recibido: 20-2-14. Aceptado: 9-12-14. Arch. Zootec. 63(R):199-219. 2014.


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in selection programs assisted by molecular quirir produtos de qualidade, sem presença


markers. This can allow a faster and accurate de drogas e que não ofereçam risco à saúde
selection of cattle for their genomic breeding e ao meio ambiente (Mc Cartney, 2005). Os
value, which is estimated with prediction equations países escandinavos foram os primeiros a
making genetic improvement a component of a
considerar a saúde do úbere em seus obje-
long-term strategy for increasing mastitis
resistance and improving the quality of the milk.
tivos de seleção para gado de leite, a partir
dos anos 80 (Heringstad et al., 2000). Mais
recentemente nas últimas décadas, muitos
INTRODUÇÃO
outros países modificaram seus objetivos
Dentre todas as doenças que acometem de seleção, as principais razões por trás
o rebanho leiteiro e compromete a qualidade dessa mudança foram a busca pela maxi-
do leite, a mastite é que ocupa lugar de mização da rentabilidade e redução dos
destaque por possuir importância econô- custos de produção, juntamente com a
mica e para a saúde pública (Fagundes e deterioração da saúde e fertilidade das va-
Oliveira, 2004). Esta doença é dada pela cas leiteiras, em resposta a crescente
inflamação da glândula mamária que pode preocupação do consumidor com o bem-
ser causada por muitos fatores, sendo os estar animal e a qualidade dos alimentos
agentes infecciosos, principalmente as (Miglior et al., 2005).
bactérias, os mais importantes. A mastite O termo resistência a doenças impli-
pode ser classificada como clínica ou citamente confunde infecção (invasão por
subclínica. A mastite clínica apresenta sinais um patógeno ou parasita) com doença
evidentes como edema, aumento de tempe- (consequência negativa de ser infectado).
ratura, endurecimento, dor na glândula Resistência é mais bem compreendido a
mamária, grumos e pus no leite, mostrando partir de uma consideração ecológica da
alterações das características físicas do leite. interação entre hospedeiro e as espécies de
Na forma subclínica não se observam patógenos (Grenfell e Dobson, 1995), defi-
alterações macroscópicas e sim alterações nida como a capacidade do hospedeiro de
na composição do leite; portanto, não exercer algum grau de controle sobre o ciclo
apresenta sinais visíveis de inflamação da de vida do patógeno (Bishop e Stear, 2003;
glândula mamaria (Hansen et al., 2004). Bishop, 2012). Essa definição ampla abran-
Pode-se afirmar que a mastite subclínica ge as muitas maneiras que espécies
está presente em boa parte dos rebanhos hospedeiras podem ser mais resistentes (por
leiteiros, sendo detectada pela contagem exemplo, menor probabilidade de serem in-
direta ou indireta de células somáticas no fectadas, redução da proliferação do pató-
leite (Li et al., 2014 ). Ela pode ser causada geno uma vez infectado ou a transmissão da
por agentes oriundos do ambiente e/ou do infecção), e inerentemente também re-
próprio animal, determinando perdas ao conhece que a resistência é geralmente re-
produtor, tanto pela redução na produção lativa e não absoluta. Isso também implica
de leite das vacas quanto pelos gastos que os impactos da resistência sobre a
com medicamentos, principalmente, anti- população são alterados como um todo,
bióticos, na tentativa de controle da doença enquanto alguns atributos beneficiam o
(Lopes et al., 2013). Resíduos de antibióticos hospedeiro individual, outros (tais como a
no leite de consumo representam riscos à redução da transmissão da infecção)
saúde pública e interferem na produção dos beneficiam a população hospedeira.
derivados, inviabilizando muitas vezes a Tolerância é diferente de resistência, a
produção destes (Pinto et al., 2001), os tolerância pode ser definida como o impacto
quais caminham em sentido contrário ao sobre o desempenho de um determinado
desejo do consumidor, que intenciona ad- nível de infecção, ou seja, a regressão de

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desempenho em função da carga de existente e age da mesma maneira qualquer


patógenos. Já a resiliência pode ser definida que seja este agente patogênico. Por outro
como a produtividade de um animal diante lado, a imunidade adquirida é um processo
de uma infecção; a resistência implica ao de aprendizagem do sistema imune, voltado
hospedeiro uma influência deletéria sobre a ao combate de um agente patogênico único.
aptidão do patógeno, os hospedeiros com Por isso, requer um contato prévio com este
uma maior tolerância são aqueles capazes agente, de forma a desencadear no organis-
de manter uma maior aptidão quando a carga mo o processo de reconhecimento e
do patógeno aumenta (Doeschl-Wilson et eliminação do patógeno. Este contato pode
al., 2012). A suscetibilidade à infecção é ser uma infecção anterior, a presença do
uma característica controlada genetica- agente em outros pontos do organismo, ou
mente. Os animais que não estão infectados a vacinação contra o agente. Em conjunto,
são os mais resistentes à infecção (em ter- esses sistemas contribuem para uma defesa
mos de suscetibilidade à infecção por si só) notavelmente eficaz, garantindo que os
e, portanto, mais interessante ao melhorista. animais apresentem resistência às enfer-
Contudo, eles não apresentam um fenótipo midades (Tizard, 2008).
útil para avaliar a tolerância, apenas os A mastite caracteriza-se por uma
animais menos resistentes fornecem in- resposta inflamatória na glândula mamária,
formações sobre a tolerância. A tolerância, causada por alterações metabólicas e fisio-
por definição, foca nos animais menos re- lógicas, traumas, ou mais frequentemente
sistentes ao invés dos mais resistentes, por microrganismos patogênicos ambientais
apresentando características equivocadas ou contagiosos, cuja rapidez e eficácia de
dos animais ao melhorista (Bishop e resposta imune do hospedeiro contra o
Woolliams, 2014). patógeno constituem um fator crucial para
A genética desempenha um papel im- o estabelecimento, persistência e gravidade
portante na resistência à mastite, visto que da infecção. Estima-se que as perdas
em termos de rebanho algumas vacas, econômicas mundiais causadas pela doença
dividem o mesmo ambiente e manejo, rara- podem alcançar 35 bilhões de dólares por
mente se tornam infectadas, devido em gran- ano (Martins et al., 2011). Progressos
de parte dos casos, à variabilidade na profiláticos consideráveis são obtidos na
resposta imune do hospedeiro à infecção ação contra agentes contagiosos como
(Bishop, 2010). A resposta à resistência à Staphylococcus aureus e Streptococcus
mastite é uma característica complexa e os agalactiae, mas a mastite causada por
genes envolvidos na resposta imune têm microrganismos ambientais como Strepto-
sido indicados como fortes candidatos para coccus uberis e Escherichia coli é o princi-
determinar a resistência de animais (Ferens pal desafio para a indústria leiteira moder-
et al., 1998; Alluwaimi et al., 2003; Rambeaud na, parecendo assim que os meios con-
et al., 2003; Oviedo-Boyso et al., 2007; vencionais para prevenir a mastite podem
Fonseca et al., 2009). O sistema imunológico ser ineficientes (Santos, 2005). Esses fatores
é um mecanismo específico que um animal têm estimulado a procura por novas drogas,
tem para limitar infecções, sendo funda- protocolos terapêuticos e estratégias de
mental para a sobrevivência do animal e, por controle alternativas. Principalmente por-
isso, precisa atuar de forma eficiente. A que o uso de antibióticos e desinfetantes,
imunidade pode ser classificada em apesar de ter importante papel no controle
imunidade inata ou inespecífica, e a da mastite, não pode atuar por si só, sem
imunidade adquirida ou específica. A consorciar outros recursos como o manejo
imunidade inata independe de um contato ambiental e o estímulo da resposta imune
prévio com o agente patogênico, pois é pré- dos hospedeiros. Do ponto de vista do

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melhoramento genético, esses problemas defensivas como um mecanismo de oclu-


ainda estão relacionados com menores são relativamente eficiente, a roseta de
ganhos genéticos anuais, provocando au- Furtenberg, e ainda, proteínas bactericidas
mentos no intervalo de gerações e, ou, di- (Sordillo et al., 1997). Um mecanismo adicio-
minuição da intensidade de seleção. Nesse nal de defesa do teto é o seu revestimento
contexto, a genética é ferramenta impres- por uma camada de queratina (composta por
cindível para a melhoria das características células epiteliais descamadas, ácidos graxos
de importância econômica, como a de e proteínas catiônicas). Há evidências de
resistência a doenças ( Martins et al., 2012). que a queratina tenha função de adsorver as
Este artigo fornece uma visão abrangen- bactérias, prendendo-as e removendo-as
te da trajetória dos estudos sobre as carac- juntamente com parte da camada de
terísticas físicas, ambientais e genéticas de queratina durante o processo de ordenha.
resistência à mastite e assim contribui para Os ácidos graxos queratinizados (láurico,
a construção dessa nova concepção no mirístico e palminoleico) estão associados à
melhoramento genético animal. resistência as infecções intramamárias, agem
como bactericidas e bacteriostáticos,
FATORES QUE INFLUENCIAM O todavia, os ácidos esteárico, oleico e
DESENVOLVIMENTO DA RESIS- linoleico favorecem a suscetibilidade à
TÊNCIA NA GLÂNDULA MAMÁRIA mastite. Aos ácidos graxos queratinizados
estão ligados proteínas que causam lise em
A glândula mamária é um órgão comple- algumas células bacterianas Gram positi-
xo responsável pela secreção de leite vas (Paulrud, 2005). Além disso, as proteí-
necessário para alimentar o bezerro recém- nas catiônicas tem um efeito inibidor contra
nascido. Fatores imunológicos específicos alguns agentes patogênicos como S. aureus
e inatos associados ao úbere desempenham e S. agalactiae (Hibbitt e Benians, 1971),
um papel vital na proteção da glândula con- semelhante à de proteínas que foram isoladas
tra infecções e resistência a doenças. a partir de neutrófilos bovinos (Gennaro
Fatores associados ao manejo intenso das et al., 1983). No entanto, a eficácia
vacas podem afetar profundamente a antimicrobiana de queratina é limitada
imunidade da glândula mamária e da (Capuco et al., 1992), apesar da forte
capacidade do hospedeiro de resistir à proteção física e química no canal do teto,
mastite (Sordillo, 2005). existem várias maneiras pelas quais as
bactérias podem penetrar no mesmo e cau-
DEFESAS ANATÔMICAS sar infecção, por exemplo, a terapia incorreta
A glândula mamaria bovina é equipada de infusão intramamária ou por falhas de
com uma barreira anatômica não imune e regulagem da ordenhadeira (Nickerson,
uma infinidade de mecanismos de defesa 1990). Durante a ordenha, é comum que a
imuno-mediadas que incluem resposta queratina seja lavada com distensão do
imune inata e adaptativa (Borghesi e canal do teto (Garcia-Penarrubia, 1989).
Milcarek, 2007). Como parte do sistema Porque o esfíncter demora cerca de 2 horas,
imune inato, as barreiras físicas do úbere, para retornar a sua posição contraída, existe
incluindo a pele, o esfíncter do teto e a a possibilidade de agentes patogênicos
queratina, trabalham juntos para impedir a presentes na parte de fora entrar no canal do
entrada de bactérias (Thompson-Crispi et teto, causando danos para a queratina ou
al., 2014a). nas membranas que revestem o teto e podem
O esfíncter e o canal do teto são meca- ser mais suscetíveis à mastite (Erskine et al.,
nismos de defesa primários da glândula 1989; Allison et al., 1991). O formato do teto
mamária, os quais possuem propriedades tem uma moderada a alta herdabilidade. Ex-

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MELHORAMENTO DA RESISTÊNCIA A MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS

tremidades pontiagudas ou arredondadas proteger a glândula mamária contra in-


parecem ter maior resistência à infecções fecções, fazendo parte do sistema imune
intra mamárias e extremidades planas ou inato. As CS do leite consistem em vários
invertidas são menos resistentes. A Infusão tipos celulares, incluindo neutrófilos,
intramamária reduz os mecanismos de defesa macrófagos, linfócitos originados do
naturais do canal do teto por dilatar o mesmo, sangue que migram para o úbere e uma
por remover parcialmente ou integralmente menor percentagem de células epiteliais da
a queratina, levando em média 2-4 semanas glândula mamária. Quando bactérias ou outro
para se regenerar, e empurra os microrga- tipo de patógeno invadem o úbere de uma
nismos para a cisterna do teto. Uma solução vaca, ocorre de imediato uma resposta
para este problema seria a inserção parcial inflamatória a esta infecção. As células de
da agulha para dentro da extremidade do defesa do sangue são transportadas para a
teto, resultando numa maior eficácia do glândula mamária com objetivo de destruir
tratamento. Isto resulta na deposição do as bactérias, causando a mastite. Com isso,
antibiótico para o canal estriado. Além disso, a consequência direta é o aumento do núme-
durante a ordenha mecânica, os micror- ro de CS no leite. A contagem de células
ganismos presentes na extremidade do teto somáticas (CCS) é utilizada como um indi-
são impelidos para a cisterna através do cador da saúde do úbere e da qualidade do
ducto do teto. Este mecanismo é considera- leite (Li et al., 2014). Em uma glândula
do o principal mecanismo de propagação de mamária saudável em lactação, a CCS total
agentes patogênicos da mastite contagiosa é muitas vezes menor que 205 CS/ml de leite.
(Capuco et al., 1992; Sordillo et al., 1997). Durante uma infecção intramamária bac-
Fatores que afetam a integridade da camada teriana, no entanto, a CCS total pode au-
de queratina podem, portanto, afetar a mentar para mais de 106 CS/ml de leite dentro
suscetibilidade à mastite. de poucas horas (Oviedo-Boyso et al.,
As bactérias podem escapar dos meca- 2007). A CCS no leite é influenciada por
nismos de defesa naturais por inoculação vários fatores, como a espécie animal, o
direta na cisterna do teto através de infusão nível de produção de leite, estágio de
intramamária, pela multiplicação de colônias lactação, e também os fatores individuais e
de bactérias ao longo do canal (especial- ambientais, bem como práticas de manejo
mente após a ordenha), ou por propulsão (Rupp et al., 2000). A severidade e duração
pela flutuação do vácuo no final do teto da mastite estão relacionadas com a rapidez
durante a ordenha (Compton et al., 2007). da resposta migratória de leucócitos e a
Uma vez passada a barreira física do canal, atividade bactericida de CS no local da
patógenos invasores são confrontados com infecção, vacas capazes de mobilizar um
o sistema imunológico. Na maior parte dos grande número de células somáticas
tecidos, o sistema imunitário geralmente apresentam maior resistência à mastite
supera as bactérias. No entanto, na glândula (Hibbitt, 1983; Rainard e Riollet, 2003).
mamária, um número de fatores pode com- O sistema imune adaptativo utiliza di-
prometer a eficácia dos componentes versos receptores de antígeno específicos,
imunológicos, como indicado acima. linfócitos B e T para regular ou eliminar
um sinal provocado por eventos de
DEFESA CELULAR reconhecimento. Além disso, a resposta
O leite de todos os mamíferos contém imune adaptativa induzida tem a capacidade
diferentes tipos de células, cuja origem é o de estabelecer memória específica do
próprio organismo. As células somáticas antígeno para uma resposta rápida e au-
(CS) são um componente importante, natu- mentada por exposição subsequente ao
ralmente presente no leite, cuja função é mesmo antígeno (Iwasaki e Medzhitov,

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2010). Os vários componentes do sistema no tecido alvo. Já a eficácia da via sistêmica


imune que trabalham em colaboração, tanto depende da passagem da droga para o tecido
local como sistemicamente em uma tentati- mamário (Souza et al., 2009). Fatores
va de controlar patógenos causadores de inerentes ao animal e ao agente podem favo-
mastite específicos da glândula mamária, recer ou prejudicar o sucesso da terapia
mas a resposta depende do estágio da como a duração da infecção, a presença e
infecção e da natureza do patógeno, bem intensidade de edema, a CCS, o volume da
como a sua interação com a genética do mama, a produção diária de leite, o número
hospedeiro (Wellnitz e Bruckmaier, 2012). A de quartos infectados, o estágio de lactação,
interação entre os agentes patogênicos a idade, a frequência de ordenhas, a cepa
causadores de mastite e o sistema imune do bacteriana, a resistência a antimicrobianos,
hospedeiro é complexo, uma vez que ambos a carga bacteriana (Unidades Formadoras
têm a capacidade de co-evoluir para de Colônia/ml) e as alterações à palpação da
reconhecer, responder, e adaptar-se ao glândula entre outros (Gehring e Smith,
outro. Assim, patógenos microbianos 2006).
desenvolveram várias estratégias para alte- Patógenos que residem em comparti-
rar e evitar as defesas do hospedeiro para mentos não invasivos (leite e ductos) e não
sobreviver. É importante notar que o siste- causam a formação de abscessos, devem
ma imunitário do hospedeiro também é ser preferencialmente eliminados pela tera-
adaptativo e tem um grande arsenal para pia intramamária. Entretanto patógenos que
controlar ou eliminar a ameaça microbiana. habitam regiões mais profundas ou formam
Mesmo assim, é amplamente aceito que a abscessos, como Staphylococcus aureus e
suscetibilidade de indivíduos de uma dada Streptococcus uberis, a terapia sistêmica
espécie diferente para o mesmo patógeno pode ser indicada ( Erskine et al., 2003).
microbiano. Esta variabilidade na interação Deve-se considerar também, a possibilidade
patógeno-hospedeiro é controlada pela de terapias combinadas, as interações
constituição genética do hospedeiro, medicamentosas entre os fármacos, como
incluindo as respostas imunológicas inata e por exemplo, o efeito sinérgico entre penici-
adaptativa, em especial a memória imu- lina e o neomicina contra cepas de S. aureus
nológica adquirida, assim como a natureza isolados de animais com mastite (Barkema et
do agente patogênico microbiano (Hermann, al., 2006). Outro fator a ser considerado é a
2007). habilidade de certos patógenos de inter-
nalizar em células epiteliais mamárias, como
AUMENTO DA RESISTÊNCIA DOS S. aureus. S. uberis e S. dysgalactiae. Nestes
PATÓGENOS ÀS DROGAS casos, a utilização de antimicrobianos que
conseguem atravessar membranas celula-
Dentre as medidas adotadas para res e exercer seu efeito microbicida, como a
redução dos índices de infecção da glându- penicilina G é recomendável (Almeida et al.,
la mamária, está a adoção de medidas 2007). Dentre os principais antimicrobia-
higiênicas durante a ordenha, bem como a nos administrados ao rebanho leiteiro,
utilização de antibióticos no controle das encontram-se os â-lactâmicos (representa-
infecções intramamárias e na eliminação de dos principalmente pelas penicilinas e
prováveis fontes de infecção nas fazendas cefalosporinas) (Bruno et al., 2001), os
leiteiras (Erskine, 2000). Os antimicrobianos aminoglicosídeos, o cloranfenicol, as
utilizados no tratamento da mastite podem tetraciclinas e os macrolídeos (Schenck e
ser administrados por via sistêmica ou Callery, 1998). Estudo realizado no Brasil
intramamária. A via intramamária apresenta por Netto et al. (2005), aponta o grupo dos
a vantagem de atingir altas concentrações β-lactâmicos como o mais difundido entre

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os antibióticos utilizados no tratamento de são mais frequentes, limitando assim, a


infecções em vacas leiteiras na região Sul do escolha do antibiótico para o tratamento
País, representando 38, 22 % do total de das infecções causadas por este agente
antibióticos, seguido de aminoglicosídeos (Coelho et al., 2009). A resistência esta-
(25, 19 %), tetraciclinas (15, 41 %), ma- filocócica aos antibióticos betalactâmicos
crolídeos (7, 59 %) e cefalosporinas (4, 19 deve-se principalmente a dois mecanismos
%). Dentre os antimicrobianos utilizados distintos: a produção da enzima extracelular
para tratamento das infecções intra ma- betalactamase, codificada pelo gene blaZ,
márias, danofloxacina, enrofloxacina e geralmente alocado em plasmídeos, podendo
florfenicol foram aqueles que apresentaram também ser cromossomal, podendo ser cons-
maior efetividade in vitro frente aos isolados titutiva ou regulada pela presença do anti-
testados, fazendo destes uma opção de biótico, através de dois genes adjacentes,
tratamento das mastites ocasionadas por blaI e blaR1, onde o primeiro é um repressor
Staphylococcus coagulase negativa (San- da transcrição de blaZ, e o segundo, um
tos, 2011). O tratamento intramamário com anti-repressor (Lowy, 2003) e a produção de
antibióticos (cefalexina 200 mg + 250 mg penicillin binding protein ( PBP2a ou
neomicina) foi efetivo, 45 dias antes da data PBP2´), uma proteína ligante de penicilina
prevista do parto de novilhas, além de pre- de baixa afinidade, codificada pelo gene
venir altas CCS (Bastan et al., 2010). mecA (Kuroda et al., 2001). Seu mecanismo
A veiculação do antibiótico para o leite de ação consiste na inibição de enzimas com
depende de uma série de fatores: dose admi- função de transpeptidases, que atuam nas
nistrada, natureza do veículo utilizado (se etapas finais da formação da parede celular
aquoso ou oleoso), do tipo do antibiótico e das bactérias, conhecidas como PBP. A
de fatores intrínsecos ao animal tratado. expressão do gene mecA é constitutiva ou
Calcula-se que cerca de 30 a 80 % do antibió- induzida por antibióticos betalactâmicos,
tico aplicado diretamente na glândula como a oxacilina e cefoxitina (Lowy, 2003).
mamária passem da corrente sanguínea para O gene mecA induz resistência à oxacilina e,
o leite; geralmente, as preparações aquosas também, acarreta falhas terapêuticas
persistem por três dias; as oleosas são eli- quando outros ß-lactâmicos ou outras
minadas após cinco dias ou mais. Assim, classes de antibióticos são utilizadas (Moon
devem-se respeitar rigorosamente os perío- et al., 2007). A transferência horizontal do
dos de suspensão prescritos para cada tipo gene mecA em Staphylococcus spp.
de medicamento administrado no período contribui para a circulação mundial de clones
próximo à ordenha; caso contrário, todo o oxacilina e tem sido apontado como meca-
leite deve ser descartado (Tronco, 2008). No nismo comum de resistência a fármacos
entanto, o uso inadequado de antibióticos (Tramper-Stranders et al., 2007). Estudos
no tratamento da doença pode gerar o apontam o envolvimento do gene mecA
aparecimento de cepas resistentes e com- com a multirresistência bacteriana a
prometer a eficiência do tratamento (Barberio Staphylococcus aureus, sendo este gene
et al., 2002). Sempre que possível, o encontrado em 70 % das amostras colhi-
tratamento com agentes antimicrobianos das, além de 96, 6 % das amostras de
deve ser selecionado tendo em conta os Staphylococcus aureus foram detectadas a
resultados dos antibiogramas, que produção de betalactamases. 26, 6 % das
consistem em testes que determinam a amostras foram consideradas multirre-
sensibilidade dos agentes microbianos aos tentes para os de 4 antibióticos testados por
diferentes antibióticos (Costa, 2006). Pribul et al. (2011). Dentre os isolados, 33
Dentre os fármacos utilizados nas (28 %) foram resistentes à penicilina, 25
infecções estafilocócicas, os β-lactâmicos (21 %) à estreptomicina, 22 (18 %) à ampi-

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cilina e 17 (14 %) à tetraciclina. Verificaram- PARA RESISTÊNCIA À MASTITE


se índices de resistência inferiores a 5 %
para as cefalosporinas, gentamicina, CRITÉRIO DE SELEÇÃO PARA SAÚDE DO ÚBERE
novobiocina, cloranfenicol, nitrofurantoína, As vacas leiteiras especializadas são o
polimixina B e para as associações de produto de vários séculos de acasalamentos
sulfametoxazol e trimetoprim e de neomicina, e melhoramento genético com o objetivo de
bacitracina e tetraciclina (Santos, 2011). aumentar a produção de leite, e, em seguida,
A terapia da vaca seca com antibióticos melhorar os teores de gordura e de proteína
pode diminuir a incidência de infecções exis- (Santos, 2005). Nos últimos anos tem havido
tentes na secagem e reduz a incidência de um crescente interesse nos países europeus
novas infecções durante o período seco em ampliar os objetivos de seleção, incluindo
(Lents et al., 2007). Porém, deve-se estudar características de saúde e fertilidade (Miglior
qual droga utilizar e ficar atento para os et al., 2005). Um critério de seleção deve ser
antibióticos mais usados na fazenda não uma característica biologicamente relevan-
sejam os mais resistentes, diminuindo a te que é geneticamente bem correlacionada
eficiência no tratamento, geralmente por com a resistência à mastite, apresentar
subdosagem, má aplicação do medicamento variabilidade genética suficiente e ter
e tempo curto de tratamento. Níveis propriedades operacionais sendo de fácil
terapêuticos dos antibióticos na secagem mensuração em larga escala. A CCS é o
podem persistir em média 14 a 28 dias após critério mais usado para indicar a saúde do
a aplicação, ocorrendo, na maioria das vezes, úbere, pois mede a capacidade da vaca para
a incapacidade de proteger o úbere durante resistir à infecção por patógenos. Dados
todo o período seco (Petzer et al., 2009). de CCS são rotineiramente anotados e
O surgimento de resistência a antimi- armazenados em grandes bases de dados
crobianos em bactérias traz grandes obstá- em muitos países. Nos países Escandina-
culos a procedimentos médicos tanto em vos, como Suécia, Finlândia, Noruega e
humanos quanto em animais, resultando em Dinamarca, por exemplo, isso já é praticado
aumento das taxas de mortalidade e há mais de 20 anos, eles focam a mastite
morbidade na população e dos custos de clínica (MC) em seus critérios de seleção
tratamento de várias enfermidades (Padilha, para saúde do úbere e consideram a CCS
2004). A melhor forma de se controlar e (Heringstad et al., 2000). Heringstad et al.
prevenir a mastite no rebanho é realizar o (2007), avaliaram a resposta a seleção
tratamento dos animais em lactação na baseada em MC em um experimento iniciado
secagem, levando em consideração as boas em 1989, usando touros de inseminação
práticas de uso de antimicrobianos e boas artificial; depois de cinco gerações sele-
práticas de ordenha, através de um bom cionando essa única característica, o au-
manejo e revisão periódica dos equipa- tor relatou uma diminuição na frequência
mentos. O estado de saúde das vacas de MC de 15 % para menos de 5 %, de-
leiteiras deve ser controlado para que não monstrando que houve uma melhoria
constituam riscos para a saúde pública: o considerável na resistência a mastite
tratamento e a prevenção de doenças no fornecida pelos dados de MC. A CCS tem
rebanho devem ser feitos apenas com medi- uma herdabilidade mais elevada (0, 08-0, 19)
camentos veterinários autorizados e de do que a MC, permitindo o progresso
maneira que não afete negativamente a genético mais eficaz (Heringstad et al., 2003).
inocuidade e idoneidade do leite (ONU/ Além disso, a correlação genética entre CCS
FAO, 2009). e incidência de MC tem sido demonstrada
BASES DO MELHORAMENTO ANIMAL relativamente elevada (0, 6-0, 8) e indica que
o progresso pode ser feito na redução da

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 206.


MELHORAMENTO DA RESISTÊNCIA A MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS

MC, selecionando para a redução da CCS. condições tropicais. O uso de bovinos


(Heringstad et al., 2003, 2006; Nash et al., mestiços para a produção de leite, em siste-
2003; Zwald et al., 2006). Os casos clínicos ma a pasto, é uma opção comum entre os
de mastite também são tratados como uma produtores de leite brasileiros e em outras
característica de seleção no programa de regiões tropicais, cerca de 70 % do leite
melhoramento genético para a melhoria da produzido no Brasil provem de cruzamentos
saúde do úbere. Vacas com casos menos Holandês - Zebu (Madalena et al., 2012). A
frequentes e menos graves de mastite são maior parte dos trabalhos realizados para
selecionados como os pais para a próxima identificar e estudar genes envolvidos na
geração. A inclusão destes registros na resposta de resistência à mastite foi
avaliação e seleção de touros levou a uma conduzido em raças de origem européia; por
tendência genética reduzida para MC nesses isso, a resposta de animais zebuínos e
países. Infelizmente, herdabilidade desta mestiços, quando comparada com a de
característica é relativamente baixa (0, 01-0, animais europeus, ainda é pouco caracteri-
15), com maior contribuição genética obser- zada e entendida (Martins et al., 2011). A
vada na primeira lactação (Heringstad et al., maior resistência poderá ser útil nos
2003; Nash et al., 2003; Zwald et al., 2006). cruzamentos com raças mais especializadas
No entanto, estes métodos de seleção de e menos tolerantes ao ambiente de criação,
vacas e touros com filhas que mostram ou como doadoras de genes para produção
capacidade fenotípica de resistir à mastite de animais transgênicos (Pereira, 2012). No
tiveram um sucesso limitado. Isto é em parte Canadá, a Canadian Dairy Network (CDN),
devido à natureza complexa da doença, que através de avaliações genéticas oficiais
é causada por mais de 100 microrganismos criaram um índice de seleção genética para
diferentes, que diferem na maneira como as raças Holandesa, Jersey e Ayrshire, que
eles interagem com a resposta imunitária combina dados de mastite clínica e sub-
(Pighetti e Elliott, 2011). clínica. Mastite Clínica em vacas de primeira
No Brasil tem havido certa dificuldade lactação, em vacas multíparas e CCS nas
em obter dados sobre os índices de três primeiras lactações. A herdabilidade de
ocorrência de mastite e por isso centros de resistência à mastite foi estimada em 12 %,
pesquisa, indústrias e cooperativas, como indicando que a seleção genética é possível.
medida indireta de ocorrência de mastite Provas de touros para resistência à mastite
(Martins et al., 2011). A variação existente tiveram uma correlação desejável de 79 %
entre as raças europeias e zebuínas com a CCS, bem como correlações de 85 %
possibilita a identificação de característi- para mastite clínica na primeira lactação e 90
cas associadas à resistência e/ou tolerância % para lactações posteriores. A CCS
às doenças, aos parasitas, ao calor e à apresentou uma associação moderada
qualidade dos produtos. Tal resistência é desejável com mastite clínica nas primeiras
evidente em certas raças bovinas adapta- e subsequentes lactações de 44 % e 58 %,
das aos trópicos, como as zebuínas e seus respectivamente. A média de desempenho
mestiços (Pereira, 2012). As raças bovinas esperada nas três primeiras lactações das
leiteiras de origem europeia (Bos taurus) filhas associadas com o índice de resistência
são reconhecidamente mais produtivas e a mastite dos touros avaliados foi de 178,
também muito mais exigentes em termos de 226 e 292 mil CS/ml, respectivamente. Além
manejo e nutrição que as raças zebuínas disso, espera-se que 92 % das filhas na
(Bos indicus). Entretanto, os animais primeira lactação, não tenham mastite clíni-
zebuínos apresentam resistência e tolerância ca e essa percentagem diminua para 88 %
maior com relação às doenças e ao calor, nas lactações subsequentes. Portanto,
sendo, portanto, mais adaptadas às touros superiores à média da raça tiveram

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 207.


JARDIM, QUIRINO, PACHECO E LIMA

um índice de resistência à mastite maior ou rável em todo o mundo (Nicholas, 2005).


igual a 100 e espera-se que produzam filhas Para encontrar marcadores genéticos de
menos suscetíveis a mastite subclínica e resistência à mastite são necessárias
clínica (Doormaal e Beavers, 2014). sofisticadas ferra-mentas e técnicas de
A Seleção genética para CCS ou MC, têm biologia molecular, além de colaborações
herdabilidade baixa a moderada, tornando o entre organizações científicas, produtores
progresso genético relativamente lento e laticínios que permitam o acesso a carac-
comparado a seleção para produção de leite, terísticas feno-típicas (observáveis) para
uma característica altamente herdável (Nash associar a informação genotípica e poste-
et al., 2003), mas leva a um aumento da riormente realizar as associações entre estes
prevalência da doença na população devido dados através da Bioinformática.
a uma correlação genética positiva entre A busca de marcadores de DNA tem
produção de leite e mastite (Fleischer et al., procedido por dois caminhos: A seleção
2001). Sendo assim, é importante estabelecer indireta baseada no fenótipo e também a
paralelamente critérios de seleção que seleção direta baseada no genótipo que
aumentem a produção de leite e a resistência procura genes diretamente relacionados a
à mastite, além de melhoria do ambiente. característica de interesse. A inclusão de
características que estão correlacionadas
ABORDAGENS MOLECULARES PARA com locus de características quantitativas
RESISTÊNCIA À MASTITE (QTL – Quantitative Trait Loci) em progra-
mas de seleção assistida por marcadores
Abordagens moleculares são destina- moleculares vem permitindo a seleção mais
das a incrementar o melhoramento quando rápida e precisa de bovinos resistentes à
os valores de herdabilidade são baixos e a mastite, devido ao progresso limitado na
coleta de dados fenotípicos é difícil (Martins melhoria da saúde do úbere por meio carac-
et al., 2012). É possível melhorar a resistência terísticas indiretas utilizadas nos processos
genética para a maioria das doenças, embora de seleção convencionais. (Wiggans et al.,
obter fenótipos de resistência em condições 2011). Existem dois tipos de marcadores que
de campo pode ser um desafio, pela podem ser considerados: O primeiro quando
necessidade de ter animais suficientes para não há marcadores ligados. Eles estão próxi-
definir genótipos resistentes e mos do gene (ou QTL) no cromossomo e
economicamente viáveis, tornando essa alelos no gene marcador e são herdados
determinação logisticamente complexa e juntos. O segundo tipo de marcador é um
cara, o que prejudica a realização de polimorfismo funcional no gene que contro-
levantamentos e análises genéticas para la a variação da característica. Estes marca-
identificação e seleção de animais resisten- dores são chamados marcadores diretos.
tes (Davies et al., 2009). Por esta razão, Uma vez que o polimorfismo funcional é
características de resistência a doenças são conhecido é possível prever o efeito de
um alvo atraente para estudos genômicos. determinados alelos numa população. Mar-
Um grande obstáculo para a aplicação de cadores diretos são mais úteis do que mar-
seleção para resistência à doença é a cadores ligados para prever a variação
necessidade de exposição do animal a fenotípica da característica dentro da
patógenos ou parasitas, algumas vezes não população. No entanto, a variação em ca-
aceitável por motivos de bem-estar animal. racterísticas quantitativas, tais como a
Consequen-temente, há um forte incentivo resistência à mastite é controlada por vários
para a identificação de marcadores de DNA loci, cada um responsável por uma pequena
para resistência a doenças, o que tem esti- quantidade da variação global. Todos os
mulado um esforço de pesquisa conside- marcadores podem ser usados na seleção

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 208.


MELHORAMENTO DA RESISTÊNCIA A MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS

para a resistência à mastite empregando a acurácia na seleção dos reprodutores,


seleção assistida por marcadores (Sender et devido à predição do valor real da genética
al., 2013). do animal antes mesmo da expressão
A vantagem da abordagem genômica é a fenotípica em suas filhas através da
capacidade de selecionar os animais integração da informação genômica em
baseados em seu DNA sem a necessidade ferramentas estatísticas. Os benefícios mais
de expô-los a uma infecção intramamária em evidentes são a melhoria na eficiência para
um desafio imunológico, por exemplo seleção de características de baixa herda-
(Nicholas, 2005). Para isso é necessário obter bilidade, que possuem alto efeito ambiental,
uma população segregante (F2 ou superior) e assim respondem menos a seleção tradi-
resultante de um cruzamento entre duas cional. A possibilidade de selecionar os
populações que diferem na medida possível, animais numa fase precoce permite a
em nível de resistência, a partir de seleção definição de novas estratégias de melho-
divergente ou de raças diferentes e um con- ramento que visam impulsionar o progresso
junto de marcadores de DNA que cobrem genético e reduzir custos (König et al.,
todas as regiões cromossômicas. A variação 2009). Em comparação com os programas
genética aditiva para resistência a doenças convencionais, a seleção genômica tem o
é onipresente dentro e entre as populações. potencial de melhorar o equilíbrio de ganho
Ao considerar a seleção como um meio de genético alcançado entre características
explorar a variação genética de resistência funcionais, de produção e conformação.
as doenças é importante perceber que as Assim, os critérios de seleção mais
implicações de seleção podem ser mais complexos relacionados com a saúde
amplas do que apenas o seu efeito sobre à (resistência a doenças, distúrbios metabó-
população submetida a seleção (Nicholas, licos e reprodutivos), eficiência alimentar,
2005). Mais comuns são as varreduras do composição do leite, adaptação a diferentes
genoma realizadas dentro de raças ou ambientes e bem-estar animal estão sendo
populações em que os dados de desempenho promovidos pela sociedade para a inclusão
detalhados sobre a resistência a doenças em programas de melhoramento genético
estão disponíveis. Vários estudos desse (Boichard e Brochard, 2012).
tipo foram publicados (Rupp e Boichard, A seleção genômica foi implementada
2003; Lund et al., 2008; Sahana et al., 2013) em alguns países que utilizam a raça Holan-
e muitos outros estão em andamento. O desa nos programas de melhoramento (Pryce
resultado de varreduras do genoma para a e Daetwyler, 2012). Esta raça foi escolhida e
resistência é a identificação de QTL ou SNP a mais estudada para o desenvolvimento
(Single Nucleotide Polimorphism – desta metodologia, pois tem sido intensa-
Polimorfismo de nucleotídeo único) basea- mente selecionada por décadas fortalecendo
dos em preditores genômicos de resistência. as associações estatísticas entre os marca-
Caso contrário, a acurácia da seleção vai dores e QTL. Além disso, muitos programas
depender de cada desafio imunológico ou de melhoramento da raça holandesa foram
prevalência da doença contínua no campo, criados em todo o mundo, facilitando a
para permitir o cálculo de EBVs (Estimated constituição de grandes populações de
Breeding Values - Valores genéticos referência para utilização de genótipos,
preditos) em fenótipos de resistência melhorando ainda mais a acurácia das
expressos na diminuição da incidência de predições genômicas (Lund et al., 2011) . Em
doenças multifatoriais, como a mastite outras raças leiteiras, várias dificuldades
(Davies et al., 2009). têm impedido a integração da seleção
Dentro deste contexto, a Seleção genômica em programas de melhoramento,
Genômica surge como forma de aumentar a pois, geralmente os programas são menores

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 209.


JARDIM, QUIRINO, PACHECO E LIMA

do que os da raça Holandesa, o que torna CCS e MC, por exemplo, em BTA18 (mesmo
mais difícil obter grandes populações de loci), BTA11 e BTA14 (em locus diferentes).
referência. Algumas iniciativas foram cria- Em contraste, QTLs para CCS e MC no
das para utilização de genótipos entre os BTA9 e BTA11 estavam dentro de 20 cM um
países Nórdicos em parceria com o Inter- do outro em bovinos na Suécia (Klungland
Genomics, por exemplo, para a raça Pardo et al, 2001; Schulman et al., 2004). Uma das
Suíço em colaboração cms programas de limitações das abordagens baseadas em
melhoramento de gado leiteiro nórdicos na QTL é a necessidade de identificar loci
Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega associados com o fenótipo de interesse
(Jorjani et al., 2011). No Brasil, também foi (Cole et al., 2009; Hayes et al., 2010).
iniciado os trabalhos para o sequenciamento Os marcadores genéticos mais comu-
do genoma da raça Gir leiteiro visando o mente utilizados no passado foram os
desenvolvimento de marcadores molecula- microssatélites (Bishop et al., 1994, Kappes
res para utilização na seleção genética/ et al., 1997, Chu et al., 2005). Desde que as
genômica (Silva et al., 2011; Fonseca, 2014). novas ferramentas genéticas entraram em
A seleção genômica ampla já é utilizada em uso, os QTLs para resistência à mastite
programas de melhoramento na Alemanha, puderam ser detectados por varredura em
Irlanda, países escandinavos, França, Ho- todo o genoma. Usando esta nova ferramenta
landa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e genética é possível identificar 50 000 SNPs
Nova Zelândia (Sender et al., 2013). com microarranjo. A identificação de um
número grande de SNPs tem auxiliado nos
DETECÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE QTLS estudos de associação com o genoma para
Durante os últimos anos, muitos QTLs detectar alelos que estão relacionados com
que afetam a mastite foram identificados em a resistência à mastite. Isso permitiu a
bovinos. Detecção de QTL não requer descoberta de diferenças no DNA entre os
qualquer conhecimento prévio sobre os animais possibilitando conhecer seu valor
genes, mas exige informações sobre a genético genômico estimado (GEBV) para a
estrutura familiar adequada com os pais resistência à mastite. Estes GEBV são calcu-
heterozigotos para os QTLs e para o marca- lados para estimar os efeitos do SNP a partir
dor ligado, e progênie com informações de equações de predição, derivados a partir
fenotípicas e marcadas. Vários estudos de de uma população de referência. Os
associação do genoma têm sido realizados procedimentos estatísticos utilizados
para identificar QTLs associados à resis- podem estimar, no entanto, o efeito de
tência à mastite em gado leiteiro (Lund et al., haplótipos, para avaliar a relação entre SNPs
2007, 2008; Sodeland et al., 2011; Minozzi et e resistência à mastite. A partir desta
al., 2011; Meredith et al., 2012; Wijga et al., informação, calcula-se o valor genético
2012; Sahana et al., 2013). QTLs para CCS genômico e, se houver um amplo e preciso
foram encontrados em quase todos os banco de dados para as características de
cromossomos em Bos taurus autosome interesse, pode ser obtida elevada acurácia
(BTA) 1, 2, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 14, 15, 18, 20, e ganho genético (Schefers. e Weigel, 2012).
21, 23, 26 e 27 (Khatkar et al., 2004, 2005; Nenhum pedigree ou histórico familiar é
Minozzi et al., 2011; Meredith et al., 2012; necessário para estimar a resistência à
Wijga et al., 2012) e para MC nos mastite em um animal genotipado. As
cromossomos 2, 3, 6, 8, 9, 11, 14, 18 e 20 vantagens deste método são o baixo custo
(Klungland et al., 2001; Holmberg et al., da estimativa dos valores genéticos em
2004; Schulman et al., 2009; Mai et al., 2010; comparação com os métodos tradicionais,
Sodeland et al., 2011). Porém, poucos bem como a possibilidade de estimar a
cromossomos apresentam QTLs tanto para resistência à mastite para animais jovens.

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 210.


MELHORAMENTO DA RESISTÊNCIA A MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS

Este método de seleção não testa genes e resposta imunitária (Thompson-Crispi et


específicos, nem necessita identificar qual al., 2014a).
gene está influenciando a característica Durante os últimos 10 anos, os genes
(Bouquet e Juga, 2013). Informações sobre associados com a resposta imune têm sido
haplótipos associados com resistência à investigados para a presença de SNP
mastite são confidenciais, mas as empresas associados com características relaciona-
estão muito interessadas na implementação das com a resistência ou suscetibilidade à
desta tecnologia de marcadores em seus mastite, incluindo TLR4 (Pant et al., 2008),
atuais e futuros programas de melhoramento interleucina 10 (IL-10) (Verschoor et al.,
(Sender et al., 2013). 2009), osteopontina (Alain et al., 2009),
interleucina 8 (IL-8) e do seu receptor CXCR1
BUSCA POR GENES CANDIDATOS (Verbeke et al., 2012), CCL2 e o seu receptor
Genes candidatos são genes cuja função (Leyva-Baca et al., 2007), bem como uma
conhecida sugere um possível papel na variedade de outros genes (Pighetti et al.,
característica de interesse, tendo como ob- 2011). Sodeland et al. (2011), descobriram,
jetivo a identificação de um polimorfismo com base em um estudo de associação
funcional no gene que controla a variação genômica, SNPs altamente associado com
da característica. Para características mal MC, ambos próximos dos genes que
definidas, como a resistência à mastite, é codificam a IL-8 em BTA6 e os genes que
difícil selecionar genes candidatos que codificam para os dois receptores de IL-8
possam controlar a característica, devido sobre BTA2. Outras moléculas importantes
ao grande número de agentes patogênicos na defesa do hospedeiro contra agentes
e mecanismos fisiológicos que contribuem patogênicos causadores de mastite, como
para a variação observada. Apesar disso, β-defensinas foram identificadas e sua
Ogorevc et al. (2009) desenvolveram um complexa regulação genética está co-
extenso banco de dados de genes candida- meçando a ser compreendida (Meade et al.,
tos e marcadores genéticos para caracterís- 2014). Análise da secreção do gene
ticas relacionados a mastite usando dife- fosfoproteína 1 (SPP1) revelou quatro SNPs
rentes abordagens, incluindo QTL, estudos associados com a CCS EBV na terceira
de associação e genes candidatos (Hayes et lactação. Um SNP localizado na região
al., 2010). promotora do gene SPP1 foi significa-
Nos anos 30 foram identificados em ra- tivamente associado com CCS EBV em to-
tos, o gene Nramp I, atualmente chamado de das as três lactações em filhas de touros
Slc11a1, a partir de observações em gerações canadenses da raça Holandesa (Quirion et
segregantes de cruzamentos entre linhagens al., 2009). Os genes da Kappa-caseína (κ-
resistentes e suscetíveis (Nicholas, 2005). CN) e da ß-lactoglobulina (ß-LG) possuem
O gene BoLA (Bovine Lymphocyte Antigen) alelos e genótipos correlacionados positi-
tem sido amplamente estudado nos últimos vamente para maiores produções de leite,
20 anos em razão de sua influência sobre as bem como conteúdos de proteína, e obser-
características produtivas e às relaciona- va-se nestes genes candidatos característi-
das à saúde animal, localiza-se no Complexo cas desejáveis no rebanho, visando à
Principal de Histocompatibilidade (MHC – melhoria da qualidade e produtividade dos
Major Histocompatibility Complex) do constituintes do leite produzido pelos
genoma bovino e que são altamente animais (Martins et al., 2012). A viabilidade
polimórficos, estão envolvidos nos pro- de melhoramento para resistência baseada
cessos celulares de resistência ou sus- em um SNP ou uma combinação de SNP
cetibilidade à mastite (Rupp et al., 2007), depende do grau de variação de cada SNP
CCS (Pashmi et al., 2009; Chu et al., 2012), explicada na resistência à mastite. Uma vez

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 211.


JARDIM, QUIRINO, PACHECO E LIMA

que a mastite é uma característica genética touros apresentam uma quantidade de


complexa e poligênica, onde muitos genes anticorpos equilibrada e ótima resposta
são responsáveis pela resistência à mastite. imune mediada por células (Thompson-
No entanto, certos genes podem ter con- Crispi et al., 2014b). A resposta imune
tribuição mais benéfica do que outros, logo, adaptativa tem herdabilidade média de 0,
é importante que estes sejam elucidados. 25-0,35 (Heriazon et al., 2013), conside-
A Lactoferrina bovina (bLF) é um gene ravelmente maior do que as estimativas para
membro da família de transferrina, que resistência a mastite clínica ou subclínica.
desempenha um papel importante como A herdabilidade da resposta imune é
antibacteriano, anti-inflamatório, anti- semelhante ao que foi encontrado por
oxidante, antifúngico, antiviral e atividades Pritchard et al. (2013) para características
imunomoduladoras atuando na resposta de produção de leite (0, 14-0, 30), indicando
imune inata. Pode desempenhar um papel na que seria possível fazer ganho genético
resistência à mastite, através de mecanis- significativo, dependendo de como a saúde
mos de splicing alternativo, um mecanismo do úbere é ponderada dentro do índice de
celular para determinar a diversidade de seleção. A Semex Alliance utiliza essa
animais e regulação da expressão gênica tecnologia de alta resposta imune, denomi-
(Huang et al., 2011). Estudos recentes estão nado Immunity+™, as filhas de touros
começando a descobrir informações sobre Immunity+™ tiveram uma redução de 44 %
as influências epigenéticas em genes da na mastite em um grande rebanho em os
resposta imune de bovinos (Karrow et al., EUA, logo, as vacas com respostas imunes
2011), indicando que as alterações epige- adaptativas superiores, apresentaram me-
néticas estão envolvidas na regulação das nor ocorrência de mastite (Thompson-Crispi
respostas imunitárias tipo I e II de mamífe- et al., 2014b).
ros (Wilson et al., 2009), incluindo os perfis As soluções ideais para melhorar a
de citocina de vacas leiteiras durante o resistência à mastite sugeridas por
período de periparto, quando o risco de Thompson-Crispi et al. (2014b) seriam
mastite é maior (Paibomesai et al., 2013). provavelmente aquelas que incidem sobre
Modificações epigenéticas também têm um grande número de genes, usando
demonstrado desempenhar um papel nas informações de estudos de associação
respostas imunitárias inatas de bovinos genômica ampla (GWAS - Genome-wide
para estimulação do reconhecimento de association studies) ou seleção baseada em
lipopolissacarídeo (LPS), proteína que está valores genéticos de respostas imunes, que
associada com a produção de citocinas pró- levam em conta as interações genéticas
inflamatórias como TNF-α, IL-1β, IL-6 e IL- complexas entre os mecanismos de defesa a
8, normalmente associadas à mastite causa- inata e adaptativa do hospedeiro, sem a
da por E. coli. Além disso, microRNA foram necessidade de conhecer cada gene indivi-
encontrados para ser diferencialmente dualmente. Usando índices de seleção
expressos após o desafio com patógenos também oferece a vantagem de ajustar
causadores de mastite, sugerindo que o facilmente os pesos indicados para várias
microRNA tenha um papel na regulação da características. Estas duas abordagens
resposta imune do hospedeiro à mastite (Jin podem ser mais adequadas para ajudar a
et al., 2014). De fato, muitos estudos têm reduzir a incidência de mastite.
demonstrado que a resposta imunológica
de bovinos está sob controle genético e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
epigenético. Uma nova metodologia foi cria-
da para identificar indivíduos com alta O tratamento da mastite é a causa mais
resposta imune, ou seja, vacas, bezerros e comum de resíduos de antibióticos no leite,

Archivos de zootecnia vol. 63 (R), p. 212.


MELHORAMENTO DA RESISTÊNCIA A MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS

entrando em discussão a capacidade que associações de criadores, indústria,


esses resíduos apresentam, quando consu- instituições de pesquisa para que um núme-
midos, de induzir resistência a ro razoável de animais e raças sejam
antimicrobianos em humanos. A seleção genotipadas e características de difícil
genômica é o que há de mais moderno na mensuração possam ser selecionadas mais
área de genética animal. Os marcadores facilmente e incluídas nos objetivos de
moleculares já estão disponíveis para a seleção. Deve-se ressaltar, portanto, que
utilização na seleção de rebanhos em vários mesmo um programa de controle preventi-
países e algumas empresas já se interessam vo, não sendo a melhor e mais eficaz forma
em implementar esta tecnologia em seus de resolver problemas de mastite e qualidade
programas de melhoramento. Porém, para do leite no curto prazo, o melhoramento
que ganhos em acurácia na seleção de touros genético pode ser um componente de uma
com alto mérito genético sejam aumenta- estratégia de longo prazo para aumentar a
dos, deve haver uma boa colaboração das resistência à mastite e a qualidade do leite.

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